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Analista dos Tribunais e MP - Área Judiciária CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Tributário Professor: Caio Bartine Aulas: 15 a 18 | Data: 21/08/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 1. Legislação 2. Vigência da Norma Tributária 3. Aplicação da norma tributária 4. Integração e Interpretação Da Norma Tributária 5. Sujeitos da Obrigação Tributária 6. Solidariedade Tributária LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Art. 96 CTN Não é o simples conjunto de leis, mas sim um conjunto que engloba as leis, tratados e convenções internacionais, decretos e as normas complementares. CTN - Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. 1. Legislação a) Leis De acordo com o STF inexiste hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. *Função da lei complementar: Prevista no art. 146 da CF. CF/88 - Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. Página 2 de 16 d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) I - será opcional para o contribuinte; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) *Função da lei ordinária: STF fala que é aquela prevista no art. 97 CTN CTN- Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Importante: STF – inexiste vedação ao uso de lei delegada em matéria tributária. Lei delegada (art. 68 CF) é aquela onde o poder executivo avoca poderes para que ele crie determinada lei. Hoje a lei delegada foi substituída pela medida provisória. Página 3 de 16 CF/88 - Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. § 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. § 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda. A medida provisória não é uma lei, mas um ato normativo que possui força de lei. STF determina que a MP não é nenhuma exceção ao princípio da legalidade, pois ela faz parte da legislação tributária. Art. 62, parágrafo 2º. CF/88 - Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). MP pode instituir e majorar impostos. b) Tratados e convenções internacionais Tratados fazem parte da legislação tributária Após ratificação do tratado internacional pelo poder legislativo, o tratado terá força de lei ordinária. Terão a seguinte finalidade: * Evitar a bitributação sobre a renda entre países signatários; * Concessão de incentivos fiscais relativamente à importação e à exportação. Ex. GATT – Acordo Geral de Tarifas Aduaneira – é um tratado internacional vinculado à OMC (Organização Mundial do Comércio). O art. 4, parágrafo único da CF, diz que Brasil deve buscar uma integração econômica com os países da América Latina. Página 4 de 16 Ex.: ALALC (Acordo Latino Americano de Livre Comércio), que após o tratado de Montevidéu passou a se chamar ALADI (Aliança Latino Americana de Desenvolvimento Integrado). CF/88 - Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Este é um item importante para analisarmos o critério sobre o uso destes acordos internacionais e o que o STF tem aplicado. Neste sentido cabe a leitura das súmulas 20 e 71 STJ e a súmula 575 do STF, onde temos a utilização dos tratados internacionais em matéria tributária. Súmula 20 - STJ A MERCADORIA IMPORTADA DE PAIS SIGNATARIO DO GATT E ISENTA DO ICM, QUANDO CONTEMPLADO COM ESSE FAVOR O SIMILAR NACIONAL. Súmula 71- STJ O BACALHAU IMPORTADO DE PAIS SIGNATARIO DO GATT E ISENTO DO ICM. SÚMULA 575 - STF À MERCADORIA IMPORTADA DE PAÍS SIGNATÁRIO DO (GATT), OU MEMBRO DA (ALALC),ESTENDE-SE A ISENÇÃO DO IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS CONCEDIDA A SIMILAR NACIONAL. c) Decretos Há dois tipos de decreto: c.1. Decreto Executivo Aquele oriundo do poder executivo. Pode ser utilizado em matéria tributária, conforme art. 153, parágrafo 1º, e art. 177, parágrafo 4, I, B, CF CF/88 - Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. Art. 177. Constituem monopólio da União: § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) I - a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Página 5 de 16 b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) c.2) Decreto Legislativo Importante em matéria tributária para regular os efeito da medida provisória rejeitada pelo Congresso Nacional. Congresso tem um prazo de 60 dias (prorrogáveis por mais 60) para regular os efeitos de uma medida provisória rejeitada. Art. 62, parágrafos 3º e 11º da CF CF/88 - Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) O mais importante em matéria tributária é o decreto executivo. CTN trata de decretos no art. 99. CTN - Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei. d) Normas Complementares Fazem parte da expressão “legislação tributária”, só que essas normas servem como um complemento nas leis, tratados e dos decretos. Quais são as normas complementares? O art. 100 do CTN estabelece que as normas complementares compreendem: Atos administrativos normativos Ex.: regulamento, portaria, instrução normativa. Decisões de órgãos singulares e coletivos de jurisdição administrativa, cuja lei determine eficácia normativa Órgão singular: aquele cuja decisão se perfaz pela manifestação de vontade de uma única pessoa Ex.: decisão de um delegado da Receita Federal. Se a decisão tem força de lei temos um órgão singular Página 6 de 16 Órgão coletivo é aquele cuja competência depende da manifestação de mais de uma vontade. Ex.: decisão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF CTN - Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas - São os costumes, a chamada “praxe”; um ato tão repetido pela autoridade administrativa que acaba se revelando como uma lei. Convênio que entre si celebram a União, Estados, DF e Municípios Os convênios são acordos firmados entre os Secretários de Fazenda para a concessão de benefícios mútuos. Em se tratando de ICMS, o convênio acaba tendo um uso obrigatório para ratificação da isenção de ICMS conferida por um Estado. Ex. Estado de SP concede uma isenção de ICMS. Essa isenção só terá eficácia depois que for ratificada pelo convênio de um órgão do executivo chamado de CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária). Obrigação tributária, como visto na última aula, pode ser uma obrigação principal ou acessória. - Obrigação principal é ex lege , ou seja, decorre de lei em sentido estrito. - Obrigação acessória decorre da legislação tributária. 2. Vigência da Norma Tributária Começa a ser estudada a partir do art. 101 do CTN. Vigência é a aptidão para produção dos regulares efeitos. Obrigação tributaria Principal ex lege Acessória legislação tributária Página 7 de 16 a) Vigência no Tempo Observa quando uma norma tributária entra em vigor. a.1) Aplicabilidade da LINDB estabelece que, salvo disposição em contrário, a norma entra em vigor: - no território nacional: 45 dias - no exterior: 3 meses Essa norma se aplica à norma tributária? Não, pois a norma tributária deve observar o princípio da anterioridade (art. 150, III, “b” e “c”, CF) CF/88 - Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) a.2) Vigência das normas complementares em matéria tributária Art. 103, CTN. I - Os atos administrativos normativos, salvo disposição em contrário, entram em vigor na data de sua publicação. II- As decisões de órgãos singulares e coletivos, salvo disposição em contrário, entram em vigor após 30 dias contados da publicação; III – Os convênios, salvo disposição em contrário, entram em vigor na data neles previstas. CTN - Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor: I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação; II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista. b) Vigência no Espaço * Norma federal rege em todo território nacional; * Norma estadual vigora em âmbito regional (= respectivo Estado); * Norma municipal rege em âmbito local (=respectivo município). *Extraterritorialidade da norma tributária A norma tributária pode ser aplicada além dos limites territoriais? Art. 102, CTN – Sim! Há admissibilidade da extraterritorialidade em matéria tributária Ex.: rendimentos obtidos no exterior: a norma tributária relativa ao imposto de renda vai alcançar, inclusive, esses rendimentos.Página 8 de 16 Dependo do convênio que for aplicado, norma estadual/distrital/municipal pode ser aplicada fora do respectivo territórios. CTN - Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União. 3. Aplicação da Norma Tributária Art. 105 CTN: CTN - Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116. A norma tributária observa o princípio da irretroatividade (art. 150, III, “a”, CF): a lei tributária não se aplica a fatos ocorridos anteriormente a sua vigência. CF/88 – art. 150, III a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; *Regra geral: a lei a ser aplicada é aquela vigente na época da ocorrência do fato gerador. * Aplicabilidade da lei posterior ao FG Há, contudo, situações em que não aplicamos a lei da época do fato gerador, mas sim a lei posterior ao fato gerador. Isso ocorre nos seguintes casos: a) quando houver modificação nos critérios de apuração e arrecadação tributárias b) aumentos nos poderes de fiscalização c) quando a lei posterior conferir maiores garantias e privilégios do crédito tributário. Essas normas têm efeito “ex tunc”. *Aplicabilidade da lei tributária a fatos ocorridos anteriormente à sua vigência. Essas situações são chamadas de: retroatividade benéfica ou benigna. Os casos estão no art. 106, CTN. CTN - Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: Página 9 de 16 a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. A norma tributária só poderá retroagir para benefício do contribuinte. Poderá ser aplicada de forma retroativa: I) Em qualquer caso, quando for expressamente interpretativa, desde que não aplique sanções ao particular. II) Ato infracional transitado em julgado, cuja lei posterior deixe de definir como infração ou comine uma penalidade menos severa Ex.: contribuinte não paga o tributo no vencimento. É aplicada uma multa. Se essa multa não transitou em julgado (tem que ser pelo poder judiciário, pois tribunal administrativo não faz coisa julgada contra o particular) e a lei posterior passa a aplicar uma pena menos severa ou deixou de considerar tal crime contra infração, esta lei poderá ser aplicada de forma retroativa. 4. Integração e Interpretação Da Norma Tributária Interpretação A ciência que trata da interpretação da norma tributária é chamada de hermenêutica. Através desta se busca dar o verdadeiro sentido daquela norma Temos alguns métodos de interpretação: Interpretação literal ou gramatical Aquela que se sujeita apenas ao texto expresso. É a observância à letra fria da lei. É uma interpretação meramente gramatical. Interpretação Lógica Vai utilizar premissas verdadeiras e falsas. Ex.: o que é legal não pode ser ilegal. O que for inconstitucional, não será constitucional. Interpretação Axiológica Leva em consideração valores da sociedade, tais como ética, moral, justiça, boa-fé Método Teleológico Busca a finalidade da norma pelo legislador. Busca entender qual o fim almejado pelo legislador na criação daquela determinada norma. Método Histórico Vai levar em consideração fatos do passado para utilização no presente. Ex.: em matéria tributária, essa situação ocorreu com a situação de não incidência de IPVA sobre aeronaves e embarcações. O IPVA não incide nestes casos, pois o STF se baseou no sistema histórico. IPVA foi criado em 1985. Antes havia a taxa rodoviária única. Se o IPVA veio para substituir uma taxa rodoviária, ela incidia sobre veículos terrestres. Além disso, quem cuida do espaço aéreo e o mar territorial é a União. Dada esse critério histórico, STF entendeu que o IPVA não deveria incidir sobre aeronaves e embarcações. Sistemático Leva em consideração a funcionalidade da norma tributária junto ao sistema jurídico. O que o intérprete observa aqui como a norma funciona dentro do sistema. Atenção: toda interpretação da norma tributária deve estar em conformidade com a CF. Página 10 de 16 Além dos métodos de interpretação, temos o efeito da interpretação, que pode ser: Meramente declaratório Trata-se de uma interpretação que não cria nem extingue direitos e deveres. Ela apenas declara uma situação jurídica Extensivo A interpretação alcança outras situações jurídicas não abarcadas na literalidade da norma. Ex.: a imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “c,” “a” (já previamente transcrita), CF, quando dizemos que essa imunidade pode se estender à empresa pública e sociedade de economia mista enquanto prestadoras de serviço público. Aqui temos a extensão dos efeitos por causa do método interpretativo. Restritivo STF: toda interpretação possui efeitos restritivos. Em matéria tributária temos a aplicabilidade da interpretação literal (art. 111 CTN) para: - normas que tratem de suspensão e exclusão do crédito devem ser interpretadas literalmente, ou seja, seus efeitos sempre são restritivos. - Tudo que versa sobre outorga de isenção, interpreta-se literalmente - Dispensa de cumprimento das obrigações acessória CTN - Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; II - outorga de isenção; III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Utilização de normas de direito privado para interpretação de norma tributária Nós temos a observância de conceitos de institutos que são definidos pelo direito privado. Temos muitos conceitos que são dados pelo direito privado. Ex.: o direito privado define o que é posse, propriedade, acessão física, mercadoria, produto etc. O direito tributário não pode alterar o alcance e a forma dos institutos definidos pelo direito privado, com a finalidade de modificar a competência tributária. Ou seja, não pode vir uma norma tributária e dar novos conceitos para mercadoria, posse etc. Aquilo que já foi definido pela norma privada, o direito tributário não pode mudar. (art. 109 e 110, CTN). CTN - Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Integração Só posso falar de integração da norma tributária ante a ausência de lei. Tenho um fato, mas não tenho lei para regulamentá-lo. O art. 108 do CTN traz uma ordem de observância: CTN - Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributáriautilizará sucessivamente, na ordem indicada: Página 11 de 16 I - a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário; III - os princípios gerais de direito público; IV - a eqüidade. § 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. § 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Analogia Analogia é a aplicação de um fato semelhante a um caso concreto. O artigo 108, parágrafo 1º do CTN diz que a analogia não pode resultar na exigência de tributo não previsto em lei. Ou seja, não se pode tributar por analogia. Se não for possível integrar por analogia, passo para o próximo método: Princípios gerais de Direito Tributário Ex.: irretroatividade, vedação ao confisco, anterioridade etc. Princípios gerais de direito público Ex.: Razoabilidade, proporcionalidade, segurança jurídica etc. Se mesmo se utilizando princípios de direito público não for possível integrar passo para: Equidade Aplicação do senso de justiça na decisão judicial. Cuidado: art. 108, parágrafo 2º, CTN a equidade não pode resultar na dispensa do pagamento do tributo devido. 5. Sujeitos da Obrigação Jurídica Uma vez que a relação tributária é uma relação jurídica, tem-se um sujeito ativo e um passivo. Sujeito ativo É aquele que possui o dever de exigir o cumprimento da obrigação tributária. Segundo o CTN (a partir do art. 119) é aquele que figura com competência tributária, portanto, os entes federativos (U-E-M-DF). Porém, o STF entende que o sujeito ativo é aquele que exerce capacidade tributária ativa. Deste modo, quem pode figurar como sujeito ativo para o STF são: U-E-M-DF- Autarquias – Fundações Públicas. Qual posicionamento adotar para a prova? Dependerá do enunciado: Se o enunciado fizer qualquer alusão à jurisprudência ou se não disser nada= capacidade Se o enunciado disser: “de acordo com o CTN ou legislação tributária” = competência Sujeito passivo Aquele que tem o dever legal de cumprir com a obrigação tributária. De acordo com a legislação tributária, ele poderá ser: Contribuinte Aquele que realiza o fato gerador fazendo nascer a obrigação tributária (ele possui uma ralação direta com o fato gerador) Página 12 de 16 Ex.: norma estabelece que aquele que importar produtos deve recolher II. Se você importar, você está praticando a conduta descrita em lei, portanto será o contribuinte. É possível que aquele que pratica o fato gerador é impossibilitado de cumprir com a obrigação. (Ex.: pessoa morre. Acaba restando uma obrigação a cumprir. Em outros casos, mesmo o contribuinte direto podendo cumprir a obrigação, a lei indica um terceiro que deverá cumprir com esta. Surge assim a figura do “responsável”. Responsável E uma 3ª pessoa (PF ou PJ) indicada por lei para assumir um encargo tributário. Essa 3ª pessoa não realiza o fato gerador, mas ela possui um nexo de causalidade com a ocorrência do fato. Atenção: a responsabilidade tributária não se presume, pois toda responsabilidade decorre de lei. A lei não pode indicar “qualquer pessoa”, visto que esse 3º deve ter um nexo de causalidade/liame/vínculo com a ocorrência do fato. O responsável é aquele que possui uma relação indireta com a ocorrência do fato gerador. (Art. 121 e 122, CTN) CTN - Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto. Salário Trabalho Ex.: X trabalha numa empresa. A empresa por sua vez paga a ele um salário. X está a auferir renda, realizando o fato gerador do IR. Ele é, portanto, o contribuinte do IR. O fisco determina que empresa reter parte da renda na fonte e repassar diretamente ao fisco. A empresa é colocada como responsável. Por quê? Pois exigir da empresa facilita a fiscalização. FISCO X - empregado Empresa Página 13 de 16 Não confundir: sujeitos da obrigação tributária ≠ sujeitos da relação jurídico-processual tributária Os sujeitos da relação jurídico-processual tributária: será analisado quem é o autor e quem é o réu no processo tributário. Autor: sujeito ativo Réu: sujeito passivo Quando o Estado será sujeito ativo na relação processual? Em, ao menos, duas ocasiões: Quando o Estado propõe uma ação fiscal (Lei 6.830/80) Quando o Estado propõe uma medida cautelar fiscal (Lei 8.397/92) Nos demais casos, Estado vai figurar como sujeito passivo. 6. Solidariedade Tributária O instituto da solidariedade não foi criado pelo direito público, mas sim pelo direito privado. O direito privado trata da solidariedade entre os artigos 264 a 285 do Código Civil. Ocorre quando tenho uma pluralidade de pessoas vinculadas a um mesmo negócio jurídico. No direito privado, tenho a possibilidade de duas espécies de solidariedade: a) Ativa Pluralidade de credores (dois ou mais credores vinculados ao recebimento de uma obrigação); b) Passiva Pluralidade de devedores, vinculados ao cumprimento de uma mesma obrigação. Em matéria tributária, temos solidariedade ativa, passiva ou ambas? Solidariedade passiva. Pela regra geral, a solidariedade tributária é passiva, pois tenho 2 ou mais contribuintes vinculados ao cumprimento de uma mesma obrigação tributária. (Começa a ser estudada a partir do art. 124 do CTN). CTN - Art. 124. São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II - as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Posso ter em matéria tributária uma solidariedade tributária ativa? Em geral, não. Isso seria sinônimo de bi-tributação 2 entes instituindo tributos sobre o mesmo fato. Excepcionalmente, admite-se uma solidariedade tributária ativa, quando da instituição do imposto extraordinário de guerra (IEG) – art. 154, II, CF. O IEG pode adotar o mesmo fato gerador e a mesma base de cálculo que um imposto já previsto. CF/88 - Art. 154. A União poderá instituir: II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência Página 14 de 16 tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. Há espécies de solidariedade tributária passiva. Vamos a elas: Espécies Solidariedade de fato Existe quando 2 ou mais contribuintes possuírem interesse comum na relação jurídica e constitua o fato gerador. (Art. 124, I, CTN). CTN - Art. 124. São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II - as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Ex.: quando há 10 proprietários de um imóvel. Todos estes possuem interesse comum que é o imóvel. Logo, possuem também interesse comum nos débitos tributários deste imóvel. Solidariedade de direitos Decorre de expressa previsão de legal. Uma vez que exista solidariedade, o fisco pode exigir de qualquer um na relação, uma vez que todos se tornam devedoresprincipais. (inexiste co-devedor – todos são devedores principais). É por isso que a solidariedade tributária não comporta benefício de ordem - art. 124, parágrafo único do CTN. As convenções particulares não podem ser opostas à fazenda para modificação da responsabilidade tributária. (Art. 123, CTN) CTN - Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Efeitos Da Solidariedade (Art. 125 CTN) CTN - Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade: I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo; III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais. Temos 3 efeitos: a) Pagamento Página 15 de 16 Quando efetuado integralmente por um, desonera aos demais solidários. Poderá depois entrar com ação de regresso para cobrar posteriormente a quota dos demais b) Isenção/remissão Ambos são benefícios fiscais e, como todo benefício fiscal, a CF estabelece que só pode ser concedido mediante lei específica (podendo ser tanto lei ordinária, quanto lei complementar) A isenção está prevista entre os arts. 176 e 179 do CTN. Trata-se de dispensa legal do pagamento de um tributo. A remissão prevista no art. 172 do CTN é o perdão da dívida tributária. CTN - Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições de melhoria; II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão. Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. (Redação dada pela Lei Complementar nº 24, de 1975) Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão. § 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. A concessão tanto de isenção quanto de remissão podem ocorrer de 2 formas: *em caráter geral Esta desonerará todos os solidários indistintamente. * por meio de outorga pessoal Somente desonerará aquele que recebeu a outorga, permanecendo os demais solidários quanto a saldo remanescente. c) Interrupção da prescrição Página 16 de 16 Prescrição: perda do direito do fisco de cobrar judicialmente o crédito tributário. A interrupção da prescrição pode tanto favorecer como prejudicar os demais solidários. *causas de interrupção da prescrição Estas causas estação previstas no art. 174, parágrafo único do CTN (alterado pela LC 118/05) Despacho do Juiz quando da citação da execução fiscal Protesto Judicial Ato judicial que constitua o devedor em mora Ato, ainda que extrajudicial, que importe em confissão de dívida. CTN - Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.
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