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Introduc¸a˜o a` Hidra´ulica Experimental Jose G. Vasconcelos, Ph.D. Universidade de Bras´ılia Faculdade de Tecnologia Departmento de Engenharia Civil e Ambiental Bras´ılia, DF 12 de fevereiro de 2007 Resumo Este e´ um documento que visa ser um suporte aos alunos dos cursos de hidra´ulica experimental da Universidade de Bras´ılia na conduc¸a˜o dos estu- dos experimentais e na preparac¸a˜o dos relato´rios. Aqui sa˜o delineados os ensaios experimentais que sera˜o promovidos, incluindo a relevaˆncia desses no aˆmbito da hidra´ulica. O foco do curso e´ apoiar na compreensa˜o dos assuntos tratados em Hidra´ulica Teo´rica. A importaˆncia da Hidra´ulica Experimental e´ bem expressa na citac¸a˜o de Leonardo da Vinci, apresentada no Manual de Hidra´ulica de Azevedo Netto [7] – Se tens de lidar com a´gua consulta: primeiro e experieˆncia, depois a raza˜o. Uma introduc¸a˜o e´ feita no to´pico de erros experimentais e na propagac¸a˜o desses erros atrave´s dos ca´lculos. Tal e´ considerado de fundamental im- portaˆncia na compreensa˜o dos resultados experimentais e da confiabilidade dos mesmos. Suma´rio 1 Introduc¸a˜o 3 2 Erros experimentais 5 2.1 Definic¸o˜es preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.2 Lidando com erros experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.3 Algarismos significativos e erros . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.4 Propagac¸a˜o de erros experimentais . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.5 Representac¸a˜o gra´fica de resultados experimentais . . . . . . 10 2.6 Exerc´ıcio proposto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 3 Ensaio de perda de carga em condutos fechados 14 3.1 Relevaˆncia do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3.2 Objetivos do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio . . . . . . . . . . 15 3.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental . . . . . . . . . . . . . 16 3.5 Procedimentos experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 3.6 Ca´lculos requeridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3.7 Ana´lises e concluso˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3.8 Bibliografia recomendada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 4 Ensaio em orif´ıcios e bocais 20 4.1 Relevaˆncia do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 4.2 Objetivos do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 4.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio . . . . . . . . . . 21 4.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental . . . . . . . . . . . . . 21 4.5 Procedimentos experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 4.6 Ca´lculos requeridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 4.7 Ana´lises e concluso˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 4.8 Bibliografia recomendada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 5 Vertedores e Escoamento Permanente em Canais 25 5.1 Relevaˆncia do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 5.2 Objetivos do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 5.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio . . . . . . . . . . 27 1 5.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental . . . . . . . . . . . . . 27 5.5 Procedimentos experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 5.6 Ca´lculos requeridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 5.7 Ana´lises e concluso˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 5.8 Bibliografia recomendada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 6 Energia Especifica e Ressalto Hidra´ulico 32 6.1 Relevaˆncia do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 6.2 Objetivos do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 6.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio . . . . . . . . . . 33 6.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental . . . . . . . . . . . . . 33 6.5 Procedimentos experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 6.6 Ca´lculos requeridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 6.7 Ana´lises e concluso˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 6.8 Bibliografia recomendada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 7 Remanso em Canais 37 7.1 Relevaˆncia do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 7.2 Objetivos do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 7.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio . . . . . . . . . . 38 7.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental . . . . . . . . . . . . . 38 7.5 Procedimentos experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 7.6 Ca´lculos requeridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 7.7 Ana´lises e concluso˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 7.8 Bibliografia recomendada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 8 Associac¸a˜o de Bombas 42 8.1 Relevaˆncia do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 8.2 Objetivos do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 8.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio . . . . . . . . . . 43 8.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental . . . . . . . . . . . . . 43 8.5 Procedimentos experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 8.6 Ca´lculos requeridos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 8.7 Ana´lises e concluso˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 8.8 Bibliografia recomendada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 2 Cap´ıtulo 1 Introduc¸a˜o Conforme dito no resumo, apresenta-se aqui um documento que visa ser um suporte aos alunos dos cursos de hidra´ulica experimental da Universidade de Bras´ılia. O ide´ia que o documento sirva de apostila-base para os alunos de hidra´ulica experimental, e que sirva de roteiro para a execuc¸a˜o dos ensaios, coleta de dados, ana´lise dos resultados e a confecc¸a˜o do relato´rio final. Desde 2007, o curso de Hidra´ulica experimental foi estruturado em seis diferentes blocos, a saber: • Perda de Carga em Condutos fechados • Orif´ıcios e Bocais • Vertedores e Escoamento Uniforme em Canais • Energia Espec´ıfica e Ressalto Hidra´ulico • Remanso em Canais • Associac¸a˜o de Bombas Cada um dos blocos deve ser executado em uma sec¸a˜o de laborato´rio com 2 horas de durac¸a˜o. Os experimentos tentam cobrir uma parte signi- ficativa do que e´ discutido no curso de Hidra´ulica Teo´rica. Os seis exper- imentos abrangem essencialmente os escoamentos permanentes, tanto em regime pressurizado quanto em regime livre. A Figura 1.1 tenta colocar em perspectiva os diferentes campos da hidra´ulica cobertos pelo curso de Hidra´ulica Experimental: 3 Figura 1.1: Contextualizac¸a˜o dos ensaios propostos e dispon´ıveis para es- coamentos pressurizados e a` superf´ıcie livre no Laborato´rio de Hidra´ulica Pode ser percebido na Figura 1.1 a presenc¸a de treˆs ensaios experimentais que sa˜o do aˆmbito de hidra´ulica na˜o permanente ou transiente. Embora esses ensaios na˜o fac¸am parte do escopo normal do curso de graduac¸a˜o, eles podem ser realizados de acordo com a demanda das turmas. O pro´ximo cap´ıtulo trata de um assunto fundamental a` ana´lise dos resultados no laborato´rio de hidra´ulica, que e´ o levantamento de erros e propagac¸a˜o desses nos ca´lculos. Reiteramos a importaˆncia do mesmo, o pela mesma raza˜o a primeira semana do curso e´ dedicada a re-acostumar os alunos a considerarem erros experimentais tanto na representac¸a˜o quanto nos ca´lculos. 4 Cap´ıtulo 2 Erros experimentais Esse cap´ıtulo lida com a questa˜o dos erros experimentais, apresentando os tipos de erros experimentais, com a representac¸a˜o apropriada de resultados em termos de algarismos significativos, a propagac¸a˜o de erros experimentais atrave´s de ca´lculos e finalmente a representac¸a˜o gra´fica dos mesmos. Para a contextualizac¸a˜o do assunto em termos do conteu´do da Hidra´ulica Exper- imental, exemplos pra´ticosde ensaios sa˜o apresentados onde esses to´picos sa˜o abordados. 2.1 Definic¸o˜es preliminares Erros experimentais esta˜o presentes no dia-a-dia do trabalho experimental em Hidra´ulica. Exemplos sa˜o as medic¸o˜es de profundidade de escoamento, variac¸a˜o de peso e volume, medic¸a˜o de tempo, presso˜es, velocidades, entre outros. Com o uso difundido de computadores e modernas calculadoras, algue´m na˜o habituado a lidar com erros e impreciso˜es experimentais pode chegar a resultados de a´reas como 0, 2342465... m2 mesmo quando a precisa˜o dos instrumentos de medic¸a˜o sejam apenas de mil´ımetros. Quando dos ca´lculos de medidas experimentais esta˜o acompanhados da respectiva barra de erros experimentais tem-se uma noc¸a˜o clara de qua˜o preciso sa˜o os resultados. Isso por sua vez da´ um importante subs´ıdio na tomada de decisa˜o ou no dimensionamento de uma unidade hidra´ulica dada a incerteza associada ao valor usado no dimensionamento. Antes de seguirmos, e´ u´til apresentar algumas definic¸o˜es: • Erro humano: Erros humanos em experimentos decorrem da inabili- dade do experimentador de fazer uma leitura correta, seja por limitac¸a˜o na visa˜o, por tendeˆncia ou crite´rio erroˆneo na leitura. Erros humanos so´ podem ser percebidos com a mudanc¸a do experimentador por outro que tenha melhor capacidade de leitura ou que na˜o possua determi- nada tendeˆncia em fazer a leitura; 5 • Erros experimentais: Considera-se aqui como erro experimental a diferenc¸a entre o real valor de uma grandeza f´ısica (peso, a´rea, velocidade, etc.) e o respectivo valor dessa grandeza obtido atrave´s medic¸o˜es experi- mentais. Esses erros sa˜o resultados da soma dos erros sistema´ticos e dos erros aleato´rios associados a` medic¸a˜o; • Erros sistema´ticos: decorre de uma imperfeic¸a˜o no equipamento de medic¸a˜o ou no procedimento de medic¸a˜o que leva a um erro que sera´ obtido qualquer que seja a repetic¸a˜o feita na medic¸a˜o. Por exemplo, quando deseja-se medir o peso de um flu´ıdo com uma balanc¸a na˜o calibrada; • Erros aleato´rios: decorre da limitac¸a˜o do equipamento ou do proced- imento de medic¸a˜o que impede que medidas exatas sejam tomadas. Por exemplo, digamos que a crista de um determinado vertedor tenha uma altura em metros igual a 0.150045321.... Mas quando se dispo˜e apenas de uma re´gua milime´trica, pode-se esperar erros que chegam a metade da menor medida da re´gua, ou seja 0.0005 metro. A`s vezes, esses erros sa˜o referidos como erros de leitura. • Precisa˜o: De acordo com o diciona´rio eletroˆnico Aure´lio [2], uma definic¸a˜o de ”Precisa˜o”e´ ”regularidade ou exatida˜o na execuc¸a˜o”, de onde se conclui que uma medida precisa e´ aquela que, em sendo feita va´rias vezes, e´ regularmente obtida. Precisa˜o nas medic¸o˜es pressupo˜e que, por exemplo, em se repetindo va´rias vezes uma medic¸a˜o a variac¸a˜o da mesma em relac¸a˜o ao valor me´dio medido e´ baixa; • Acura´cia: E´ associado a auseˆncia de erros sistema´ticos. Novamente, de acordo com [2], ”Acura´cia”e´ a ”Propriedade de uma medida de uma grandeza f´ısica que foi obtida por instrumentos e processos isentos de erros sistema´ticos”. 2.2 Lidando com erros experimentais Quando da execuc¸a˜o de experimentos, o objetivo maior das medic¸o˜es e´ o de obter-se resultados os mais acurados poss´ıveis e com o grau de precisa˜o requerido pelo problema que deseja-se resolver. Por esse objetivo, e´ fun- damental que erros sistema´ticos sejam eliminados das medic¸o˜es e que os instrumentos de medic¸a˜o estejam compat´ıveis com o tipo de medic¸a˜o e com o grau de exatida˜o que a ana´lise requer. Em todo o caso, o cuidado e a atenc¸a˜o na execuc¸a˜o dos experimentos pode ajudar a reduzir a ocorreˆncia de erros nos experimentos. A eliminac¸a˜o de erros sistema´ticos pode ser conseguida com a pre´via calibrac¸a˜o dos instrumentos de medic¸a˜o a serem utilizados ou seguindo o procedimento de medic¸a˜o corretamente. Dando um exemplo simples, um 6 molinete para medic¸a˜o de velocidade de corrente que apresente erros sis- tema´ticos pode ser calibrado atrave´s da comparac¸a˜o de seus resultados com aquele obtidos com um veloc´ımetro Doppler Acu´stico (ADV) previamente aferido. A`s vezes e´ poss´ıvel que erros experimentais sejam eliminados ou re- duzidos com a mudanc¸a do procedimento experimental. Usando o exemplo acima, fazendo-se medic¸a˜o da velocidade diretamente com o ADV. Por outro lado, se o erro sistema´tico decorre da falha de alinhar o molinete com o fluxo de escoamento, o correc¸a˜o no alinhamento pode eliminar o erro sistema´tico. O problema dos erros sistema´ticos e´ que eles na˜o sa˜o facilmente perce- bidos, sendo poss´ıvel que esses erros sejam presentes e na˜o sejam percebidos a menos que os resultados sejam comparados com aqueles teoricamente es- perados. Nesse caso, diferentemente dos erros aleato´rios, a me´dia de diversas repetic¸o˜es das medic¸o˜es na˜o se aproxima dos resultados teoricamente esper- ados. Erros aleato´rios esta˜o associados a` precisa˜o dos instrumentos utilizados e ao nu´mero de repetic¸o˜es feitas na medic¸a˜o. Quando se promove apenas uma medic¸a˜o, o erro aleato´rio torna-se o erro da medic¸a˜o, que e´ metade da menor medida do instrumento. No caso da medida sem repetic¸a˜o de um comprimento ou profundidade por meio de uma re´gua milime´trica, o erro experimental e´ de 0, 5 mil´ımetro. Dado a limitac¸a˜o do tempo durante a execuc¸a˜o dos experimentos, na maioria das vezes na˜o sa˜o feitas repetic¸o˜es das medic¸o˜es experimentais. Conceitos de estat´ıstica devem ser introduzidos quando va´rias repetic¸o˜es das medic¸o˜es sa˜o feitas durante um experimento. Assumindo a na˜o ex- isteˆncia de erros sistema´ticos (instrumentos calibrados e procedimento cor- retamente executado), o resultado de N repetic¸o˜es de uma medic¸a˜o experi- mental e´ a me´dia aritme´tica entre elas, ou seja: x¯ = x1 + x2 + x3 + ...+ xN N = N∑ j=1 xj (2.1) Assumindo que o nu´mero de repetic¸o˜es das medidas seja suficientemente alto de forma que a distribuic¸a˜o dos desvios entre x¯−xj siga uma distribuic¸a˜o normal, o erro aleato´rio associado as medidas experimentais e´ dado por ∆x = σx√ N (2.2) Onde σx e´ o desvio padra˜o das amostras, ou seja: σx = √√√√ 1 N − 1 N∑ j=1 (xj − x¯)2 (2.3) Assim o nu´mero de repetic¸o˜es N tende a reduzir o tamanho do erro aleato´rio nas medic¸o˜es, embora seja por um fator de √ N . 7 Uma definic¸a˜o tambe´m u´til e´ a do erro relativo, que e´ expresso em termos do valor me´dio da medida experimental x¯ e do erro aleato´rio ∆x como (∆x)r = ∆x x¯ (2.4) Em resumo, no que tange aos erros experimentais, e´ importante consid- erar que: • Erros humanos devem ser eliminados atrave´s de uma execuc¸a˜o crite- riosa das medic¸o˜es do experimento, sob pena de ser necessa´rio repetir o experimento; • Quando suspeita-se da existeˆncia de erros sistema´ticos deve-se pro- ceder a uma calibrac¸a˜o do experimento e de uma revisa˜o dos procedi- mentos experimentais • Erros aleato´rios podem ser reduzidos com a execuc¸a˜o de repetic¸o˜es das leituras dos experimentos 2.3 Algarismos significativos e erros Da discussa˜o anterior, percebe-se que resultados experimentais devem ser expressos na forma de x¯+∆x. Contudo, uma pergunta formulada anterior- mente (ha´ sentido em representar o resultado de uma a´rea como 0, 2342465...) ainda na˜o foi respondida. Essencialmente, para responder essa pergunta, e´ necessa´rio relembrar o conceito de algarismos significativos. Como o leitor deve se recordar, o nu´mero 0, 234 e o nu´mero 0, 2342465 diferem num aspecto fundamental que e´ a precisa˜o. Imaginando um exemplo simples, a medic¸a˜o de uma profundidade usando uma re´gua centime´trica. Nesse experimentos, uma u´nica leitura de profundidade indicou uma profun- didade de 0.234 m. O u´ltimo nu´mero significativorepresenta uma estimativa de quantos mil´ımetros a profundidade excede 23 cent´ımetros. Porque apenas uma medic¸a˜o foi feita, o erro dessa estimativa e´ igual a metade da precisa˜o do instrumento de leitura, ou seja, 5 mil´ımetros. O resultado experimental seria expresso como 0.0234 ± 0.005. Se, por outro lado, a medic¸a˜o de pro- fundidade fosse feita com uma re´gua milime´trica com um Vernier acoplado, a precisa˜o das medidas seria de 0, 1 mil´ımetro, ou seja 100 vezes maior. Retomando o exemplo anterior, seria poss´ıvel medir uma profundidade de 0, 23425 ± 0, 00005. Finalmente, se mais repetic¸o˜es da leitura de profundi- dade fossem feitas, enta˜o a leitura seria a me´dia aritme´tica e o erro seria calculado como σx/ √ N . Em qualquer que seja o caso, o erro experimental incide no u´ltimo sig- nificativo, ou seja, nos mil´ımetros. Como consequ¨eˆncia, o erro experimental 8 deve ser expresso em apenas um nu´mero significativo, na˜o sendo correto rep- resentar erros experimentais (ou o resultado da propagac¸a˜o de erros experi- mentais) como ±0.00484... Tambe´m na˜o faz sentido representar o resultado experimental como 0, 2342465± 0.005 por que os u´ltimos nu´meros (...2465) sa˜o menores que erro experimental. Em suma, o nu´mero de algarismos significativos que deve ser usado na representac¸a˜o das medic¸o˜es experimentais esta´ sujeito a precisa˜o das medi- das feitas. Os erros experimentais (e as propagac¸o˜es dos erros) devem ser representados em apenas 1 algarismo significativo, sendo esse algarismo o limite da precisa˜o que os resultados experimentais devem ser representados. 2.4 Propagac¸a˜o de erros experimentais Frequ¨entemente diferentes tipos de medic¸a˜o experimentais sa˜o realizadas de forma a obter grandezas de interesse. Num exemplo simples, toma-se a medida de pressa˜o em 2 pontos P1 e P2 ao longo de um conduto fechado pressurizado de forma a obter a perda de energia Hf ao longo do mesmo. Deseja-se saber qual seria a forma correta de expressar a perda de energia ao longo desses dois pontos considerando os erros associados a cada uma das duas medidas experimentais e a independeˆncia das mesmas. Para responder essa pergunta, vamos recordar o conceito das se´ries de Taylor. Dada uma func¸a˜o multivariada q, que representa a grandeza ex- perimental (tal como a perda de carga entre dois pontos) que desejamos obter. Sejam dadas tambe´m m,n... que representam medic¸o˜es experimen- tais de grandezas independentes que sa˜o necessa´rias a` obtenc¸a˜o do valor de q. Sejam dados os erros associados a` cada uma das medidas experimentais, respectivamente ∆m,∆n, .... De acordo com [3] a representac¸a˜o da grandeza q em func¸a˜o das medidas experimentais enta˜o e´ dada por: pode ser dada em termos da expansa˜o em se´ries de Taylor: ∆q(m,n, ...) = √( ∂q ∂m ∆m )2 + ( ∂q ∂n ∆n )2 + ... (2.5) de forma que o erro seja limitado pelo valor: ∆q(m,n, ...) 6 ∣∣∣∣ ∂q∂m ∣∣∣∣∆m+ ∣∣∣∣ ∂q∂n ∣∣∣∣∆n+ ... (2.6) Essa regra se aplica a qualquer forma de operac¸o˜es com mais de uma medida experimental. No exemplo inicial, a a func¸a˜o q seria a perda de energia no conduto Hf , cujo valor me´dio e´ expresso em termos das medidas experimentais na forma: q(m,n, ...) = H¯f (P1, P2) = P¯1 − P¯2 (2.7) 9 As medidas P1 e P2 teˆm erros associados de ∆P1 e ∆P2 respectivamente, com valores das derivadas ∂Hf/∂P1 e ∂Hf/∂P2 respectivamente de 1 e −1. Assim, levando na equac¸a˜o 2.5, o erro de ∆Hf e´ expresso da seguinte forma: ∆Hf = √ (1.∆P1) 2 + (−1.∆P2)2 = √ (∆P1) 2 + (∆P2) 2 (2.8) Para terminar essa sec¸a˜o, tem-se outro exemplo: calcular o erro experi- mental da medida da vaza˜o de um canal, dadas as medic¸o˜es da velocidade V +∆V , da largura do canal L+∆L e da profundidade H +∆H. A vaza˜o me´dia do canal e´ dada por: Q¯ = H¯.L¯.V¯ (2.9) Para calcular a fo´rmula do erro associado ao valor de Q¯ calculamos primeiramente as derivadas parciais calculadas para os pontos H¯, L¯, V¯ ob- tendo ∂Q/∂H = L¯.V¯ , ∂Q/∂L = H¯.V¯ e ∂Q/∂V = H¯.L¯. Assim, intro- duzindo esses resultados na equac¸a˜o 2.5 tem-se: ∆Q(L,H, V ) = √( ∂Q ∂H ∆H )2 + ( ∂Q ∂L ∆L )2 + ( ∂Q ∂V ∆V )2 ∆Q(L,H, V ) = √( L¯.V¯∆H )2 + (H¯.V¯∆L)2 + (H¯.L¯∆V )2 (2.10) Expressando o erro relativo (∆Q)r tem-se: ∆Q(L,H, V )r = ∆Q(L,H, V ) H¯L¯V¯ = √( ∆H H¯ )2 + ( ∆L L¯ )2 + ( ∆V V¯ )2 (2.11) 2.5 Representac¸a˜o gra´fica de resultados experimen- tais Essa sec¸a˜o e´ particularmente direcionada a produc¸a˜o dos gra´ficos para a disciplina de hidra´ulica experimental. Os pontos a serem considerados no trac¸ado de gra´fico sa˜o os seguintes: 1. Erros experimentais devem estar apresentados nos gra´ficos na forma de barras de erros nos pontos. Citamos como exemplo a produc¸a˜o de um gra´fico de vaza˜o num canal Q em func¸a˜o da profundidade H. Cada par de coordenadas Q¯, H¯ define ponto experimental, mas as barras de erro ∆Q,∆H devem estar presentes acima e abaixo dos pontos. Caso as barras de erros sejam demasiadamente pequenas, deve-se explicar a auseˆncia delas na legenda da figura como ”as barras de erro sa˜o demasiado pequenas para aparecer no gra´fico”. 10 2. Os gra´ficos sera˜o feitos manualmente, em papel gra´fico apropriado, sem excec¸o˜es. Dessa forma, para determinadas situac¸o˜es, particularmente quando deseja-se comparac¸a˜o teo´rica com uma grandeza que obedec¸a a uma lei de poteˆncia da forma f(x) = a.xb (a e b constantes) e´ provavelmente mais conveniente utilizar gra´ficos bi-logaritmos. 3. As escalas do gra´fico devem ser escolhidas de forma a enfatizar e facil- itar a ana´lise dos resultados e a comparac¸a˜o com a previsa˜o teo´rica. 4. Lembre-se de adicionar t´ıtulos para o gra´fico, para os eixos do gra´fico (os nomes das varia´veis), e de numerar as escalas de forma a facilitar a leitura e compreensa˜o do mesmo. 5. Na˜o una os pontos experimentais, mas quando for requerido use o mesmo gra´fico com os pontos experimentais para representar a pre- visa˜o teo´rica de forma a permitir a comparac¸a˜o com os resultados de laborato´rio. 6. Adicione uma legenda no pe´ do gra´fico onde seja apresentado o nu´mero do gra´fico e o que ele representa de forma a facilitar a leitura e a compreensa˜o do leitor. Em diversas ocasio˜es sera´ necessa´rio a comparac¸a˜o dos resultados ex- perimentais e teo´ricos em termos das equac¸o˜es geradas pelos pontos exper- imentais contra aquelas previstas por fo´rmulas teo´ricas. Na grande maio- ria das vezes, as fo´rmulas teo´ricas sa˜o poteˆncias de uma varia´vel, do tipo f(x) = a.xb. Dessa forma, e´ de se esperar que se os pontos experimentais sa˜o representados num gra´fico bi-logaritmo com eixos log x e log f(x), eles fiquem aproximadamente alinhados, uma vez que log f(x) = log a+ b log x e´ a equac¸a˜o de uma reta de declividade b. A determinac¸a˜o dos valores experi- mentais das constantes a e b pode ser feita atrave´s de estimativas gra´ficas ou utilizando te´cnicas como o Me´todo dos Mı´nimos Quadrados. Recomenda-se consulta a` livros de Ca´lculo Nume´rico para refereˆncias acerca do Me´todo dos Mı´nimos Quadrados. 2.6 Exerc´ıcio proposto Nessa sec¸a˜o propomos um exerc´ıcio que visa testar os conceitos apresentados nesse cap´ıtulo. O exerc´ıcio representa uma situac¸a˜o real, onde foram coleta- dos dados para o ensaio de vertedores, com o objetivo de calibrar uma curva experimental de vaza˜o dos vertedores em func¸a˜o da carga nos mesmos, que e´ definida aqui de forma simplificada como sendo a profundidade a` montante do vertedor menos a altura da soleira do vertedor. 11 A fo´rmula teo´rica mais simples que e´ aplica´vel ao problema foi proposta por Francis em 1883, como sendo Q = 1.838.L.H1.5 (2.12) Onde Q e´ a vaza˜o do vertedor em m3/s L e´ a largura do vertedor em m e H e´ a carga em m. Essa equac¸a˜o desprezaefeitos com contrac¸o˜es laterais e velocidade de aproximac¸a˜o, mas e´ suficiente para os propo´sitos desse exerc´ıcio. Para diferentes valores de profundidade (e de cargaH, por consequ¨eˆncia) foi medido a velocidade de escoamento por meio de um molinete. A equac¸a˜o do molinete relaciona o nu´mero de rotac¸o˜es por segundo e a velocidade V , e e´ dada na figura 2.1. Para determinar a vaza˜o associada a essa medic¸a˜o de ve- locidade, multiplica-se essa velocidade pela a´rea transversal do escoamento. A a´rea de escoamento e´ definida como o produto dos valores da coluna ”Cota de Superf´ıcie”pela ”Largura do Canal”. A carga do vertedor, por sua vez, e´ definida como a diferenc¸a entre os valores da coluna ”Profundidade da Sec¸a˜o”e o valor da ”Cota da soleira do vertedor”. Com esses dados, fac¸a para cada um dos valores de leitura experimental fazendo a correspondente propagac¸a˜o dos erros experimentais: 1. A velocidade de rotac¸a˜o do molinete em rotac¸o˜es por segundo 2. Os valores de velocidade V de escoamento em m/s 3. As a´reas de escoamento A em m2 4. A vaza˜o Q de cada uma das leituras em m3/s 5. As cargas hidra´ulicas H nos vertedor Com esses dados obtidos, desenhe em um gra´fico bi-logaritmo os pontos experimentais de QxH com as respectivas barras de erro. Depois desenhe no mesmo gra´fico uma linha cont´ınua com a previsa˜o teo´rica de QxH dada pela equac¸a˜o de Francis. Compare os resultados e analise a aplicabilidade dessa equac¸a˜o aos dados coletados. Agora repita todas as etapas anteriores e trace um novo gra´fico con- siderando que o erro experimental da medic¸a˜o do tempo na˜o seja 1 segundo mas seja de dois segundos. Como variou a comparac¸a˜o entre a teoria e os dados experimentais? Voceˆ acredita que a equac¸a˜o de Francis seja aplica´vel ao problema? 12 Figura 2.1: Dados experimentais coletados durante um experimento de vertedores 13 Cap´ıtulo 3 Ensaio de perda de carga em condutos fechados Esse cap´ıtulo lida com experimentos em condutos fechados. Apesar desse tema ser tratado em Hidra´ulica Teo´rica apo´s os temas relacionados ao es- coamento em canais abertos, foi decidido coloca-lo como primeiro ensaio do curso de Hidra´ulica Experimental visto que a teoria requerida para a compreensa˜o e ana´lise dos resultados e´ coberta no curso de Fenoˆmenos de Transporte. Como nos cap´ıtulos subsequ¨entes que discutem os ensaios experimentais, esse cap´ıtulo e´ estruturado da seguinte forma: 1. Relevaˆncia do ensaio no to´pico de hidra´ulica 2. Objetivos do ensaio 3. Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio 4. Apresentac¸a˜o do aparato experimental 5. Procedimentos experimentais 6. Ca´lculos requeridos 7. Ana´lises e concluso˜es 3.1 Relevaˆncia do ensaio Condutos fechados para o transporte de a´gua esta˜o presentes na maior parte das obras civis. A grande vantagem pra´tica dessa alternativa sobre escoa- mento em canais e´ a maior flexibilidade do escoamento em regime pres- surizado. Escoamentos pressurizados sustentam-se tanto em presso˜es sub- atmosfe´ricas como no caso da pressa˜o ser bastante superior a`quela correspon- dente a` geratriz superior do conduto. Assim, a linha de energia pode ter in- clinac¸a˜o mais pronunciada que a declividade do terreno onde o conduto esta´ 14 assentado. E assim, em se dispondo de bastante pressa˜o, e´ poss´ıvel utilizar-se condutos com sec¸o˜es transversais relativamente pequenas para o transporte de uma dada vaza˜o em longas distaˆncias. Por outro lado, cuidado deve ser tomado nos casos onde ha´ variac¸a˜o de vaza˜o nos condutos ao longo do tempo, particularmente se essa variac¸a˜o acontece rapidamente. As presso˜es envolvi- das nessas condic¸o˜es, referidas tecnicamente como condic¸o˜es transientes de escoamento, podem exceder facilmente o limite de resisteˆncia do material, resultando em rupturas (por vezes explosivas) e/ou colapso dos condutos. Historicamente, a utilizac¸a˜o de condutos fechados pode ser trac¸ada desde 2000 a.C. em diversos pontos na regia˜o da Asia Menor em locais tais como a ilha de Creta e na Turquia [6]. As civilizac¸o˜es hititas, gregas, e sobretudo os romanos implantaram diversas obras hidra´ulicas que inclu´ıram o uso de condutos pressurizados. O advento da Idade Me´dia causa uma interrupc¸a˜o e por vezes ate´ o retrocesso nas obras de engenharia sanita´ria. Com o advento da idade moderna, condutos forc¸ados voltam a ser utilizados, como exemplificado no aqueduto de 24 km de extensa˜o que abastece o pala´cio de Versailles, constru´ıdo em 1664 na Franc¸a por Lu´ıs XIV. Atualmente a disponibilidade de diferentes tipos de condutos e conexo˜es, bombas hidra´ulicas, entre outros, tornou imensamente popular o uso de condutos fechados em projetos tanto de sistemas de abastecimento de a´gua quanto no projeto de de instalac¸o˜es hidra´ulicas prediais. Desse forma, e´ evidente a importaˆncia de observar-se experimentalmente as caracter´ısticas desse tipo de escoamento. As fo´rmulas de perda de carga sa˜o essenciais nesse contexto de forma que seja poss´ıvel determinar a quantidade necessa´ria de pressa˜o que sera´ capaz de transportar a necessa´ria vaza˜o pelos condutos. As fo´rmulas de perda de carga com base teo´rica geralmente sa˜o relacionadas a` carga cine´tica V 2 2g . Fo´rmulas experimentais em geral na˜o se baseiam no quadrado da velocidade, mas em outros valores baseados na ana´lise es- tat´ıstica de dados coletados em campo. 3.2 Objetivos do ensaio O objetivo desse ensaio e´ observar para diferentes condic¸o˜es de vaza˜o a perda de carga/energia resultante em condutos retos e em diferentes tipos de conexa˜o hidra´ulica. Promover em seguida a comparac¸a˜o dos resulta- dos obtidos experimentalmente de perda de carga com aqueles previstos em teoria. 3.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio A discussa˜o teo´rica deve incluir, mas na˜o limitar-se a apresentar: • Caracter´ısticas dos escoamentos pressurizados 15 • Definic¸o˜es das grandezas calculadas no experimento • Conceito, tipos e mecanismos de perdas de carga • Fo´rmulas de ca´lculo de perdas de carga com base teo´rica e emp´ıricas – limitac¸o˜es e aplicabilidade das mesmas. Em se apresentando equac¸o˜es, fazer definic¸a˜o apropriada das varia´veis e das unidades aplica´veis a cada uma delas. Tome por base o mesmo crite´rio que esse texto usa para apresentar equac¸o˜es. 3.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental Sera´ utilizado para esse ensaio experimental uma bancada que consiste em um circuito hidra´ulico fechado onde o escoamento pressurizado pode ser criado. A bancada consiste de : • Reservato´rio e bomba centr´ıfuga • Condutos de cobre de diferentes diaˆmetros • Conexo˜es hidra´ulicas tais como Teˆs, Curvas, Va´lvulas, etc. • Medidor de vaza˜o baseado num orif´ıcio calibrado, cuja • Manoˆmetros diferenciais com precisa˜o de 1/8 de polegada A vaza˜o no sistema e´ regulada por meio de uma va´lvula situada a` ju- sante do orif´ıcio de medic¸a˜o de vaza˜o. O orif´ıcio foi previamente calibrado para, em se sabendo a diferenc¸a de pressa˜o atrave´s do mesmo, seja poss´ıvel determinar-se a vaza˜o do sistema. A equac¸a˜o do orif´ıcio e´ Q = 0, 0835.H0,57 (3.1) Onde a vaza˜o Q e´ dada em Litros por segundo (L/s) e a diferenc¸a de pressa˜o atrave´s do orif´ıcio H deve ser informada em polegadas. 3.5 Procedimentos experimentais 1. Conectar as mangueiras de um dos manoˆmetros no medidor de orif´ıcio, para a medic¸a˜o da vaza˜o. Cuidado para evitar a admissa˜o de ar nas mangueiras 2. Conectar as mangueiras nos pontos onde ha´ interesse em medir as per- das de carga. Novamente e´ necessa´rio cuidado para evitar a admissa˜o de ar. 16 3. Ligar a bomba. Sempre garantir a unicidade do caminho da a´gua no circuito, regulando os va´rios registros (abertura ma´xima), fazendo toda a vaza˜o passar somente pelo tuboe pec¸as desejados. 4. Abrir o registro do circuito para permitir a passagem da a´gua pelo circuito. 5. Fazer a leitura em cada uma das colunas dos manoˆmetros diferenciais, reportando tambe´m o erro associado a cada uma das leituras. 6. Variar a vaza˜o do sistema e repetir o procedimento acima ate´ o total preenchimento da tabela de dados experimentais. 7. Reportar na folha de coleta de dados quaisquer observac¸o˜es dignas de relevaˆncia no transcurso do ensaio. A planilha de coleta de dados deve ser a que segue. 17 UnB - FT - ENC Hidra´ulica Experimental Prof. Jose´ Goes Vasconcelos Neto Planilha de Coleta de Dados para o Experimento 1 Perda de Carga em Condutos Fechados SEMESTRE: TURMA: DATA: Manoˆmetro 1 Manoˆmetro 2 Manoˆmetro 3 Manoˆmetro 4 Abertura H1(pol) H2(pol) H3(pol) H4(pol) H5(pol) H6(pol) H7(pol) H8(pol) 1 2 3 4 5 6 Comprimento do Tubo (m): Diaˆmetro do tubo (pol): 18 3.6 Ca´lculos requeridos 1. Vaza˜o para cada uma das aberturas 2. Perdas de carga experimentais 3. Perdas de carga teo´ricas (a) Coeficiente de fricc¸a˜o de Darcy-Weisbach f (b) Perda de carga pela fo´rmula universal (c) Perda de carga por uma fo´rmula emp´ırica - Justificar o uso e aplicabilidade da mesma (d) Perda de carga localizada e comprimento equivalente 4. Criar um gra´fico de perda de carga em func¸a˜o da vaza˜o para cada um dos tubos/pec¸as usadas no ensaio, e comparar graficamente os resultados experimentais e teo´ricos correspondentes. 5. Considerar erros experimentais e propagac¸a˜o dos erros na ana´lise 3.7 Ana´lises e concluso˜es • Analisar os resultados experimentais obtidos e como estes se comparam com as previso˜es teo´ricas. • Analisar qual a precisa˜o dos resultados obtidos em termos dos erros experimentais. • Julgar qual a melhor forma de ca´lculo de perda de cargas distribu´ıdas em condutos fechados. • Sugerir melhorias para o ensaio, procedimentos, etc. 3.8 Bibliografia recomendada • [7] Azevedo Netto, J. M. ”Manual de Hidra´ulica”, 1966 ou edic¸o˜es mais recentes • [5] Lencastre, A. ”Hidra´ulica Geral”, Hidroprojecto, 1983 • [8] Porto, R.M. ”Hidra´ulica Ba´sica”. EESC-USP, 2a Edic¸a˜o. Sa˜o Carlos, 2003 19 Cap´ıtulo 4 Ensaio em orif´ıcios e bocais Esse cap´ıtulo lida ensaios em orif´ıcios e bocais. Esse ensaio visa mostrar as caracter´ısticas desses dispositivos hidra´ulicos, bem como calcular os valores experimentais de coeficientes de descarga, de velocidade e contrac¸a˜o, bem como comparar esses valores com a previsa˜o teo´rica. 4.1 Relevaˆncia do ensaio O estudo de orif´ıcios e bocais datam desde o se´culo XVI com os experimentos de Evangelista Torricelli a respeito da velocidade dos jatos de a´gua formados quando eram feitos aberturas em reservato´rios de a´gua. A famosa lei de Torricelli e´ enunciada atualmente na forma V = √ gH (4.1) onde V e´ a velocidade do jato, g e´ acelerac¸a˜o da gravidade e H a altura de a´gua no reservato´rio. Figura 4.1: Esquema do experimento do jato feito por Torricelli E´ interessante que a expressa˜o encontrada experimentalmente por Tor- ricelli na˜o foi alcanc¸ada pela equac¸a˜o de Bernoulli, que surgiu cerca de 150 20 anos apo´s o experimento de Torricelli. Isso e´ um exemplo de um resul- tado emp´ırico que foi corroborado por uma formulac¸a˜o teo´rica totalmente independente. Orif´ıcios e bocais hoje teˆm aplicac¸o˜es que va˜o desde o esvaziamento de reservato´rios, bocais otimizados para combate a inceˆndios, medic¸a˜o de vaza˜o, fontes para abastecimento pu´blico de a´gua, entre outros. 4.2 Objetivos do ensaio Usando um orif´ıcio de parede delgada e um bocal, obter experimentalmente os coeficientes de velocidade, vaza˜o e contrac¸a˜o e comparar os valores obtidos com aqueles previstos em teoria. Obter tambe´m o coeficiente de velocidade pelo me´todo das trajeto´rias e verificar como os resultados esse me´todo se comparam com os outros resultados obtidos. 4.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio A discussa˜o teo´rica deve incluir, mas na˜o limitar-se a apresentar: • Tipos e aplicac¸o˜es de orif´ıcios e bocais • Definic¸o˜es dos coeficientes de vaza˜o, velocidade, e contrac¸a˜o • Paradoxo do aumento de vaza˜o em tubos curtos - Experieˆncia de Ven- turi • Me´todo da trajeto´ria para ca´lculo de Cv • Vaza˜o em orif´ıcios de pequenas e grandes dimenso˜es 4.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental O aparato experimental consiste em uma bancada Armfield composta por: • Reservato´rio elevado onde a´gua e´ acumulada com ponto na parede lateral para engate de diferentes orif´ıcios, com medidor de carga com precisa˜o de 1 mm; • Diferentes tipos de orif´ıcios e bocais; • Tanque inferior de a´rea 6262, 5 cm2 para acu´mulo da a´gua que passa pelo orif´ıcio; • Cuba de medic¸a˜o de vidro em vaso comunicante com o reservato´rio inferior tendo re´gua linime´trica para medir variac¸a˜o de altura, com precisa˜o de 0.1 mm. 21 • Par de re´guas ortogonais para medir coordenadas dos pontos inter- media´rios na trajeto´ria do jato. A re´gua horizontal com precisa˜o de 1 mm e a vertical com precisa˜o de 0.1 mm • Reservato´rio elevado onde a´gua e´ acumulada • Bomba centr´ıfuga que realimenta o circuito hidra´ulico • Cronoˆmetro para medic¸a˜o de tempo 4.5 Procedimentos experimentais 1. Medir a dimensa˜o do orif´ıcio circular, instala´-lo, tendo o cuidado de colocar primeiramente a borracha de vedac¸a˜o na sa´ıda do reservato´rio. Acionar a bomba d’a´gua do equipamento e a abertura do registro de entrada. 2. Ajustar o n´ıvel da a´gua do reservato´rio onde esta´ instalado o orif´ıcio, registrando o n´ıvel estabilizado na planilha de coleta (notar que a leitura deve ser feita na parte inferior do menisco). 3. Estabilizado o escoamento, medir a altura da a´gua (carga de veloci- dade) com o tubo de Pitot na sa´ıda do jato 4. Sabendo que a a´rea da base do reservato´rio onde o jato descarrega, cal- cular a vaza˜o pelo me´todo volume´trico, medindo o intervalo de tempo em que a a´gua causa uma determinada diferenc¸a de n´ıvel na cuba de medic¸a˜o 5. Determinar a trajeto´ria do jato atrave´s da obtenc¸a˜o das coordenadas X e Y de 5 pontos pertencentes a` trajeto´ria do jato. 6. Repetir os passos 2 a 5 para mais outras duas cargas distintas. 7. Medir as dimenso˜es do bocal coˆnico convergente. 8. Substituir o orif´ıcio de parede delgada pelo bocal e repetir os passos de 2 a 4 (apenas uma carga). A planilha de dados coletados deve ter o seguinte formato 22 UnB - FT - ENC Hidra´ulica Experimental Prof. Jose´ Goes Vasconcelos Neto Planilha de Coleta de Dados para o Experimento 2 Orif´ıcios e Bocais SEMESTRE: TURMA: DATA: Tabela 4.1: Ca´lculo de Cv medic¸a˜o direta e Cd pelo me´todo volume´trico do orif´ıcio Carga (mm) Pitot V 2/2g (mm) Nı´vel 1 (mm) Nı´vel 2 (mm) ∆Tempo (s) 1 2 3 Dorificio (mm): Tabela 4.2: Ca´lculo de Cv pelo me´todo das trajeto´rias Carga(mm) Coord. Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5 1 X (mm) 1 Y (mm) 2 X (mm) 2 Y (mm) 3 X (mm) 3 Y (mm) Tabela 4.3: Ca´lculo de Cv medic¸a˜o direta e Cd pelo me´todo volume´trico do bocal Carga (mm) Pitot V 2/2g (mm) Nı´vel 1 (mm) Nı´vel 2 (mm) ∆Tempo (s) 1 Dentrada,bocal (mm): Dsaida,bocal (mm): Hbocal (mm): 23 4.6 Ca´lculos requeridos 1. Velocidades medidas e teoricamente esperadas para cada carga dos orif´ıcios e bocais - ca´lculo do Cv pelo me´todo direto 2. Vazo˜es medidas e teoricamente esperadas para cada carga dos orif´ıcios e bocais - ca´lculo do Cd me´todo volume´trico 3. Calcular pelo me´todo das coordenadas o valor de Cv. Desenhar num gra´fico a trajeto´ria teo´rica e a medida 4. Considerar erros experimentais e propagac¸a˜o dos erros na ana´lise 4.7 Ana´lises e concluso˜es • Analisar os resultados experimentais obtidos e como estes se comparamcom as previso˜es teo´ricas. • Analisar qual a precisa˜o dos resultados obtidos em termos dos erros experimentais. • Quais principais fontes de imprecisa˜o no ensaio? • Ha´ alguma restric¸a˜o na aplicac¸a˜o dos valores tabelados dos coeficientes Cd, Cv e Cc para orif´ıcios com as dimenso˜es daqueles utilizados no ensaio? • Sugerir melhorias para o ensaio, procedimentos, etc. 4.8 Bibliografia recomendada • [7] Azevedo Netto, J. M. ”Manual de Hidra´ulica”, 1966 ou edic¸o˜es mais recentes • [8] Porto, R.M. ”Hidra´ulica Ba´sica”. EESC-USP, 2a Edic¸a˜o. Sa˜o Carlos, 2003 24 Cap´ıtulo 5 Vertedores e Escoamento Permanente em Canais Esse cap´ıtulo lida com dois primeiros experimentos acerca de escoamento a` superf´ıcie livre. O primeiro e´ o uso de vertedores como forma de medic¸a˜o de vaza˜o em canais, e o segundo e´ a aplicac¸a˜o de fo´rmulas de regime perma- nente para o escoamento em canais. Esses ensaios sa˜o fundamentais para a sedimentac¸a˜o dos conceitos mais ba´sicos em hidra´ulica de superf´ıcie livre. 5.1 Relevaˆncia do ensaio Canais esta˜o entre as primeiras descobertas do homem no planeta Terra. Sem que houvesse a irrigac¸a˜o em canais na˜o teria sido poss´ıvel o desen- volvimento de uma se´rie de civilizac¸o˜es, tais como os Sume´rios, nos vales dos rios Tigre e Eufrates, os Eg´ıpcios no rio Nilo, entre tantas outras civi- lizac¸o˜es. O uso de canais portanto remonta a` pre´-histo´ria da humanidade, va´rios mileˆnios atra´s. O uso da aquedutos a` gravidade para abastecimento humano em cidades tambe´m vem desde antes de 2.000 a.C. conforme descrito em [6]. Das civ- ilizac¸o˜es cla´ssicas antigas, os romanos foram os provavelmente os maiores construtores de canais, com obras tais como aquedutos apoiados em arcos, alguns dos quais ainda em operac¸a˜o va´rios se´culos apo´s sua conclusa˜o. Uma das tarefas mais fundamentais no operac¸a˜o de canais e´ a possi- bilidade de controle e medic¸a˜o de vazo˜es. Existe uma variedade de formas para desempenhar essas tarefas, mas uma das formas mais adotadas e´ o uso de Vertedores. Atrave´s de vertedores e´ poss´ıvel estabelecer-se uma relac¸a˜o direta entre carga hidra´ulica e a vaza˜o que esta´ passando por sobre o verte- dor, que facilita sobremaneira a tarefa de medic¸a˜o de vaza˜o. Ha´ uma grande variedade de vertedores dispon´ıveis, e nesse ensaio e´ utilizado um vertedor retangular de soleira delgada sem contrac¸o˜es laterais. O escoamento permanente e uniforme em canais comec¸ou a ser estudado 25 em 1775 por Chezy. Sendo o escoamento permanente, ou seja, desprovido de acelerac¸o˜es, ele propo˜e um equil´ıbrio de forc¸as entre o atrito das paredes Fa em sentido contra´rio ao escoamento e a componente longitudinal do peso causado pela gravidade Fg a` favor do escoamento. Assim Fa = fρV 2 8 Pm∆x (5.1) Fg = gρAm∆x sinα (5.2) Onde f e´ o fator de atrito func¸a˜o do nu´mero de Reynolds e da rugosi- dade do canal , ρ e´ o peso espec´ıfico da a´gua, Pm e´ o per´ımetro do canal preenchido por a´gua e sujeito ao atrito das paredes, Am e´ a a´rea transversal do escoamento (a´rea molhada), g e´ a gravidade, ∆x e´ o trecho longitudinal do canal onde esta´ sendo feito o balanc¸o de forc¸as e α e´ o aˆngulo da su- perf´ıcie livre do escoamento. Note-se que admite-se a invariaˆncia de Pm e Am ao longo de ∆x, consequ¨eˆncia da hipo´tese de escoamento uniforme e a resultante constaˆncia na a´rea e per´ımetro de escoamento ao longo do canal. Consequ¨entemente, a declividade da superf´ıcie livre e´ a mesma que a do leito do canal, e, sendo α suficientemente pequeno, enta˜o sinα = tanα = α. Denominando I = sinα e promovendo-se as necessa´rias simplificac¸o˜es, o balanc¸o Fa = Fg resulta na famosa equac¸a˜o de Chezy: V = C √ RhI (5.3) em que define-se o raio hidra´ulico Rh = Am/Pm e C = √ 8g/f . Outra equac¸a˜o bastante adotada no ca´lculo de escoamento em canais e´ a equac¸a˜o de Manning V = 1 n R 2/3 h √ I (5.4) 5.2 Objetivos do ensaio Esse ensaio tem dois objetivos principais • Fazer medic¸o˜es de carga num vertedor retangular de paredes delgadas em diversas condic¸o˜es de vaza˜o e derivar uma curva-chave para o verte- dor. Comparar a curva chave derivada com previso˜es teo´ricas que considerem ou na˜o a velocidade de aproximac¸a˜o no vertedor nas for- mulac¸o˜es • Tendo como objetivo a determinac¸a˜o o coeficiente de Manning n, sera˜o medidas a vaza˜o, e em treˆs pontos no canal os valores de Am e Pm (canal ja´ sem o vertedor). Com os dados coletados, calcular o valor experimental de n usando para o valor da declividade I tanto a de- clividade do fundo do canal quando a declividade da superf´ıcie livre. 26 Verificar qual das alternativas resulta em um valor mais pro´ximo ao valor teo´rico de n para o canal. 5.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio • Tipos e aplicac¸o˜es de vertedores • Conceito de curva-chave de vertedores • Distribuic¸a˜o de velocidades nas sec¸o˜es transversais de canais • Comparac¸a˜o entre a fo´rmula de Chezy e Manning para canais • Valores de n para canais com sec¸a˜o transversal composta 5.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental • Canal de 7.5 m de comprimento, com declividade ajusta´vel, fundo em chapa de ac¸o e paredes de vidro, alimentado por uma bomba com va´lvula reguladora de vaza˜o. • Pivot de rotac¸a˜o para modificac¸a˜o da declividade do canal localizado 6.9 m a` jusante do in´ıcio do canal. • Vertedor retangular de soleira delgada, de 15 cm de altura e largura de 30 cm • Micro-molinete de medic¸a˜o de vaza˜o • Re´gua linime´trica com Vernier acoplado e precisa˜o de 0.1 mm • Re´gua milime´trica para medic¸a˜o da largura do canal 5.5 Procedimentos experimentais 1. Parte A - Vertedor (a) Ajustar a declividade do canal para zero; (b) Registrar o n´ıvel da soleira do fundo do canal e checar a largura do canal nas sec¸o˜es a 1.0 m, 3.5 m e 6.0 m a jusante da entrada do canal; (c) Ligar a bomba, deixando que a a´gua verta. Desliga´-la e executar a leitura da soleira do vertedor, apo´s na˜o haver mais vaza˜o sobre a sua crista; 27 (d) Abrir o registro da bomba do canal para permitir uma vaza˜o pequena, certificando-se da perfeita aerac¸a˜o do vertedor enquanto das leituras (e) Registrar para cada carga no vertedor o valor da leitura de rotac¸a˜o do molinete em um minuto. Certifique-se da colocac¸a˜o deste a 60% da profundidade da sec¸a˜o transversal e paralelo a`s linhas de fluxo. O molinete sera´ posicionado na sec¸a˜o a 1.0 m do in´ıcio do canal. (f) Regulando a va´lvula de abertura para a bomba, repetir os passos de 4 e 5 acima para 5 novos valores maiores de vaza˜o. 2. Parte B - Escoamento permanente em canais (a) Desligar a bomba e remover o vertedor (b) Ajustar a declividade do canal para 1/300 (c) Religar a bomba, e medir as profundidades (cotas de superf´ıcie e fundo) nas sec¸o˜es a 1.0, 3.5 e 6.0 m a jusante do in´ıcio do canal. (d) Assumir para fins de ca´lculos que a vaza˜o nessas condic¸o˜es e´ a mesma que o canal teve na u´ltima das leituras com o Vertedor. Essa hipo´tese e´ va´lida uma vez que na˜o foi alterada a abertura da va´lvula (e) Desligar a bomba, alterar a declividade para 1/100 e repetir as leituras de profundidade nas sec¸o˜es 1.0, 3.5 e 6.0 metros. A planilha de dados coletados deve ter o seguinte formato 28 UnB - FT - ENC Hidra´ulica Experimental Prof. Jose´ Goes Vasconcelos Neto Planilha de Coleta de Dados para o Experimento 3 Vertedores - Escoamento permanente em canais SEMESTRE: TURMA: DATA: Tabela 5.1: Coleta de dados para curva-chave do Vertedor Leitura Cota Superf´ıcie Prof. molinete Carga Vert. Nr. Rotac¸a˜o ∆T Sec¸a˜o 1.0 m(mm) (mm) (mm) Molinete (s) 1 2 3 4 5 6 Largura canal sec¸a˜o 1.0 m: Largura canal sec¸a˜o 3.5 m: Largura canal sec¸a˜o 6.0 m: Cota fundo sec¸a˜o 1.0 m: Nr. Molinete/He´lice:Equac¸a˜o do molinete: Tabela 5.2: Coleta de dados para Escoamento Permanente em Canais Declividade canal 1/300 1/100 Sec¸a˜o 1.0 m 3.5 m 6.0 m 1.0 m 3.5 m 6.0 m Largura sec¸a˜o (m) Cota fundo canal (mm) Cota superf´ıcie canal (mm) 29 5.6 Ca´lculos requeridos 1. Vertedores (a) Obter os valores de velocidade e a´rea de escoamento para cada uma das condic¸o˜es testadas (b) Obter os valores de carga no vertedor e vaza˜o para cada condic¸a˜o testada (c) Usando um papel bi-logaritmo plotar os pontos Q,H e derivar a curva chave experimental (d) Calcular pela fo´rmula de Francis o valor de vaza˜o previsto para cada uma das cargas medidas experimentalmente. (e) Repetir o ca´lculo, agora usando a formulac¸a˜o de Kindsvater e Carter (f) No mesmo gra´fico desenhar (curvas cont´ınuas) os resultados das duas curvas teo´ricas anteriormente calculadas 2. Escoamento permanente em canais (a) Calcular para cada declividade os valores de Am, Pm e Rh (b) Assumindo escoamento uniforme, calcular o valor de n (c) Agora na˜o assumindo uniforme, proponha e calcule por uma forma mais aperfeic¸oada o valor de n (d) Calcule o valor teo´rico para n, considerando que a sec¸a˜o transver- sal e´ feita de diferentes materiais 5.7 Ana´lises e concluso˜es • Analisar os resultados experimentais obtidos e como estes se comparam com as previso˜es teo´ricas. • Analisar qual a precisa˜o dos resultados obtidos em termos dos erros experimentais. • Quais principais fontes de imprecisa˜o no ensaio? • Qual das fo´rmulas teo´ricas de vaza˜o em vertedores melhor se aprox- imou dos dados experimentais? Qual o erro associado em cada uma dessas fo´rmulas usadas na comparac¸a˜o? • Voceˆ acredita que a hipo´tese de escoamento uniforme e´ uma hipo´tese va´lida para o experimento? Porque? • Sugerir melhorias para o ensaio, procedimentos, etc. 30 5.8 Bibliografia recomendada • [7] Azevedo Netto, J. M. ”Manual de Hidra´ulica”, 1966 ou edic¸o˜es mais recentes • [8] Porto, R.M. ”Hidra´ulica Ba´sica”. EESC-USP, 2a Edic¸a˜o. Sa˜o Carlos, 2003 • [1] V. T. Chow ”Open-Channel Hydraulics”, International Edition, Ed. McGraw-Hill, Nova Iorque, EUA, 1973 • [4] F. M. Henderson ”Open Channel Flow”, Ed. Prentice-Hall, Upper Saddle River, Nova Jersey, EUA, 1966 31 Cap´ıtulo 6 Energia Especifica e Ressalto Hidra´ulico Esse cap´ıtulo continua no assunto de escoamento a` superf´ıcie livre, dessa vez abrangendo escoamentos rapidamente variados e suas caracter´ısticas. Va´rios conceitos fundamentais para a hidra´ulica de canais sa˜o vistos nesses ensaios, tais como regimes de escoamento sub-cr´ıticos e super-cr´ıticos, ener- gia espec´ıfica, conservac¸a˜o de momento linear e ressalto hidra´ulico. 6.1 Relevaˆncia do ensaio Escoamentos em canais, mesmo quando na˜o ha´ variac¸a˜o de vazo˜es, nem sempre sa˜o caracterizados por constaˆncia em paraˆmetros tais como a´rea da sec¸a˜o de escoamento e velocidade. Obsta´culos naturais, tais como corre- deiras, modificac¸o˜es bruscas de declividade, quedas d’a´gua, pilares de ponte, entre outros podem causar em um curto espac¸o mudanc¸as significativas no comportamento do escoamento. Esses tipos de condic¸o˜es de escoamento sa˜o tratadas no aˆmbito dos escoamentos permanentes rapidamente variados. Controlando essas condic¸o˜es de escoamento, existem dois conceitos que devem ser claramente compreendidos: • Energia Espec´ıfica: Mais propriamente denominado, e tambe´m con- hecido como carga espec´ıfica, e´ a soma das componentes da profundi- dade de a´gua H de uma sec¸a˜o com a carga cine´tica V 2/2g sendo V a velocidade me´dia. Difere da energia total por na˜o incluir a distaˆncia Z entre o fundo do canal e um datum de refereˆncia. • Conservac¸a˜o do momentum linear: Em havendo o equil´ıbrio de forc¸as em um trecho ha´ tambe´m a conservac¸a˜o do momentum (quan- tidade de movimento) linear na direc¸a˜o do escoamento, muito embora isso na˜o signifique necessariamente em conservac¸a˜o da energia. Um 32 exemplo disso e´ um ressalto hidra´ulico estaciona´rio, atrave´s do qual ha´ a conservac¸a˜o do momentum linear mas na˜o de energia. Do conceito de energia espec´ıfica e´ poss´ıvel derivar a conhecida hipe´rbole de Bakhmeteff, que indica que, para um mesmo n´ıvel de energia e vaza˜o, e´ poss´ıvel a existeˆncia de duas diferentes profundidades de escoamento, sendo uma super-cr´ıtica e outra sub-cr´ıtica. Esses tipos de regime de escoamento teˆm importaˆncia fundamental na compreensa˜o de como o controle de es- coamento em canais pode ser implementado. Ja´ a aplicac¸a˜o do conceito de conservac¸a˜o do momento linear permite o ca´lculo das alturas a montante e a jusante dos ressaltos hidra´ulicos, e assim a altura do mesmo. Ambos sa˜o conceitos essenciais no desenvolvimento de uma grande variedade de projetos hidra´ulicos. 6.2 Objetivos do ensaio Esse ensaio tem dois objetivos principais • Fazer medic¸o˜es que permitam o trac¸ado da hipe´rbole de Bakhmeteff para um canal miniatura, de forma a sedimentar o conceito de energia espec´ıfica e em que condic¸o˜es ela se conserva ao longo do escoamento em canais. • Medir as caracter´ısticas a` montante e a jusante de ressaltos hidra´ulicos de forma a obter a curva de forc¸a espec´ıfica, e comparar os valores medidos com os teoricamente esperados para as alturas dos ressaltos. 6.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio • Caracter´ısticas dos escoamentos sub e super-cr´ıticos • Discussa˜o sobre as caracter´ısticas da hipe´rbole de Bakhmeteff • Ca´lculo de perda de carga em ressaltos hidra´ulicos • Equac¸o˜es para determinar alturas conjugadas em ressaltos hidra´ulicos • Discussa˜o sobre as caracter´ısticas da curva de forc¸a espec´ıfica 6.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental A bancada de experimentos e´ uma bancada com um mini-canal Armfield, composto por: • Canal de aproximadamente 1.5 m de comprimento e aproximadamente 4 cm de largura com paredes de acr´ılico; 33 • Re´guas verticais com precisa˜o de 1 mm • Comporta a` montante do canal para ajustar profundidade do escoa- mento • Comporta de jusante para regular altura e posic¸a˜o do ressalto hidra´ulico • Bomba hidra´ulica para re-alimentac¸a˜o do circuito hidra´ulico 6.5 Procedimentos experimentais 1. Ajustar a comporta de montante para abertura de 2,0 cm e ajustar a vaza˜o de modo a obter uma carga constante na comporta de montante de aproximadamente 25,0 cm. 2. Ajustar a comporta de jusante de modo a obter um ressalto hidra´ulico na sec¸a˜o central do canal. 3. Registrar o n´ıvel do escoamento e a leitura do tubo de Pitot na sec¸a˜o do canal apo´s a comporta de montante e apo´s o ressalto. 4. Mantendo a mesma vaza˜o, elevar a comporta de montante em inter- valos regulares de 4 mm e repetir os passos 2 e 3 acima, ate´ na˜o haver mais ressalto. A planilha de dados coletados deve ter o seguinte formato: 34 UnB - FT - ENC Hidra´ulica Experimental Prof. Jose´ Goes Vasconcelos Neto Planilha de Coleta de Dados para o Experimento 4 Energia Espec´ıfica - Ressalto Hidra´ulico SEMESTRE: TURMA: DATA: Tabela 6.1: Coleta de dados para ensaio de energia espec´ıfica e ressalto hidra´ulico Abertura da Profundidade Montante Jusante Leitura comporta montante Tirante Pitot Tirante Pitot (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Largura canal (mm): 35 6.6 Ca´lculos requeridos 1. Determinar e tabelar h, A, V , Q, Ee, Fe e o nu´mero de Froude obtidos a montante e a jusante do ressalto, para cada abertura da comporta de montante. Sendo o escoamento permanente, adotar como vaza˜o o valor me´dio obtido pela multiplicac¸a˜o entre A.V tanto para montante quanto para jusante. Calcular o erro experimental nesse caso como ∆Q = σQ/ √ N como descrito no cap´ıtulo sobre propagac¸a˜o de erros. 2. Trac¸ar as curvas Eexh e Fexh 3.Determinar os valores cr´ıticos hc, Ee, c e Fc com base nas curvas trac¸adas e calcula´-los com as fo´rmulas teo´ricas. 4. Calcular a perda de carga ∆h atrave´s do ressalto hidra´ulico 5. Plotar os pontos experimentais h2/h1 x Froude e ∆h x h2/h1. Trac¸ar no mesmo gra´fico curvas cont´ınuas representando as previso˜es teo´ricas. 6.7 Ana´lises e concluso˜es • Analisar os resultados experimentais obtidos e como estes se comparam com as previso˜es teo´ricas. • Analisar qual a precisa˜o dos resultados obtidos em termos dos erros experimentais. • Quais principais fontes de imprecisa˜o no ensaio? • Como a hipe´rbole de Bakhmeteff se comparou com as previso˜es teo´ricas? E a curva de Forc¸a Espec´ıfica? Pode-se afirmar que, de fato, houve conservac¸a˜o do momentum linear? • Existe uma fonte importante de erros sistema´ticos no ensaio. Qual seria essa fonte? • Sugerir melhorias para o ensaio, procedimentos, etc. 6.8 Bibliografia recomendada • [7] Azevedo Netto, J. M. ”Manual de Hidra´ulica”, 1966 ou edic¸o˜es mais recentes • [8] Porto, R.M. ”Hidra´ulica Ba´sica”. EESC-USP, 2a Edic¸a˜o. Sa˜o Carlos, 2003 • [1] V. T. Chow ”Open-Channel Hydraulics”, International Edition, Ed. McGraw-Hill, Nova Iorque, EUA, 1973 36 Cap´ıtulo 7 Remanso em Canais Esse cap´ıtulo apresenta o u´ltimo ensaio obrigato´rio para o curso de graduac¸a˜o em engenharia civil e ambiental no aˆmbito de canais abertos. O ensaio de re- manso em canais exemplifica uma condic¸a˜o de escoamento bastante comum em canais, denominada escoamento gradualmente variado, caracter´ısticos em rios com barragens, calhas, canais de engenharia, etc. 7.1 Relevaˆncia do ensaio Escoamentos permanentes gradualmente variados sa˜o caracter´ısticos em rios com barramentos, nas proximidades de vertedores, em canais com descarga livre, entre outros dispositivos hidra´ulicos. Conforme o nome indica, ha´ uma variac¸a˜o gradual ao longo do eixo longitudinal do canal de paraˆmetros tais como velocidade e a´rea de escoamento, sem contudo haver variac¸a˜o na vaza˜o. A partir das equac¸o˜es de conservac¸a˜o do escoamento em canais, deriva-se a equac¸a˜o diferencial do movimento gradualmente variado: dh dx = So − Sf 1− Fr2 (7.1) onde h e´ a profundidade do escoamento, x coordenada longitudinal do canal, So declividade do leito do canal, Sf declividade da superf´ıcie livre do canal e Fr o nu´mero de Froude do escoamento. A partir dessa equac¸a˜o e´ poss´ıvel promover-se a classificac¸a˜o dos tipos de escoamento gradualmente variado em termos da profundidade do escoa- mento em relac¸a˜o ao tirante normal e cr´ıtico, e a declividade do canal. A compreensa˜o do escoamento gradualmente variado teˆm sua importaˆncia no fato de, em situac¸o˜es pra´ticas, muito poucos escoamentos serem de fato uniformes ao longo do espac¸o. Da´ı que o conhecimento das caracter´ısticas desse tipo de escoamento tornam-se necessa´rio para a execuc¸a˜o de um pro- jeto de canal adequado. 37 7.2 Objetivos do ensaio Esse ensaio tem por objetivo obter a curva de remanso no canal causada pelo posicionamento de um vertedor de soleira delgada e comparar esse resultado com previso˜es teo´ricas baseadas na equac¸a˜o diferencial do movimento grad- ualmente variado (equac¸a˜o 7.1). 7.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio • Derivac¸a˜o da equac¸a˜o 7.1 • Definic¸a˜o de tirante cr´ıtica e declividade cr´ıtica. • Classificac¸a˜o das curvas de remanso, com desenhos representativos (de- senhados a` ma˜o) 7.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental A bancada de experimentos e´ a mesma utilizado no ensaio de vertedores e escoamento permanente em canais, composta por: • Canal de 7.5 m de comprimento, com declividade ajusta´vel, fundo em chapa de ac¸o e paredes de vidro, alimentado por uma bomba com va´lvula reguladora de vaza˜o. • Pivot de rotac¸a˜o para modificac¸a˜o da declividade do canal localizado 6.9 m a` jusante do in´ıcio do canal. • Vertedor retangular de soleira delgada, de 15 cm de altura e largura de 30 cm • Micro-molinete de medic¸a˜o de vaza˜o • Re´gua linime´trica com Vernier acoplado e precisa˜o de 0.1 mm • Re´gua milime´trica para medic¸a˜o da largura do canal 7.5 Procedimentos experimentais 1. Colocar o canal em uma declividade de 1/300 2. Apo´s instalac¸a˜o do vertedor, iniciar a vaza˜o no canal e medir com o aux´ılio das re´guas a largura e a profundidade do escoamento na sec¸a˜o de 1.0 m 3. Medir o nu´mero de rotac¸o˜es no molinete nessa sec¸a˜o de forma a obter a vaza˜o do sistema 38 4. Certificar-se que a o vertedor esta´ trabalhando aerado 5. Iniciando na sec¸a˜o de 0.50 m e avanc¸ando a cada 0.50 m ate´ as prox- imidades do vertedor, medir a cota do fundo e a cota de superf´ıcie usando a re´gua linime´trica 6. A u´ltima medida devera´ ser usada para o ca´lculo da carga do vertedor. A planilha de dados coletados deve ter o seguinte formato 39 UnB - FT - ENC Hidra´ulica Experimental Prof. Jose´ Goes Vasconcelos Neto Planilha de Coleta de Dados para o Experimento 5 Escoamento gradualmente variado em canais SEMESTRE: TURMA: DATA: Tabela 7.1: Coleta de dados escoamento gradualmente variado em canais Sec¸a˜o de Distaˆncia Cotas (mm) Profundidade Leitura a montante(mm) Fundo Superf´ıcie da sec¸a˜o (mm) Largura canal sec¸a˜o 1.0 m: Cota fundo sec¸a˜o 1.0 m: Cota superf´ıcie sec¸a˜o 1.0 m: Nr. rotac¸o˜es do molinete: Tempo para rotac¸o˜es do molinete: Nr. Molinete/He´lice: Equac¸a˜o do molinete: 40 7.6 Ca´lculos requeridos 1. Calcule os valores de tirante normal e cr´ıtico para o escoamento no canal 2. Calcule a declividade cr´ıtica para o canal 3. Plote num gra´fico (com escala vertical exagerada para facilitar visual- izac¸a˜o) um datum horizontal, eixo inclinado que corresponde ao leito do canal, as profundidades normal e cr´ıtica (linhas cont´ınuas) e os valores medidos das profundidades (pontos). 4. Calcule o perfil de remanso para o problema. Diferentemente de to- dos os outros experimentos dessa disciplina, nesse ensaio permite-se o uso de resultados de planilha eletroˆnicas para o ca´lculo do perfil de remanso. 5. Plotar o perfil de remanso teo´rico (linha cont´ınua) no mesmo gra´fico onde foi plotado os pontos experimentais. 7.7 Ana´lises e concluso˜es • Analisar os resultados experimentais obtidos e como estes se comparam com as previso˜es teo´ricas. • Analisar qual a precisa˜o dos resultados obtidos em termos dos erros experimentais. • Quais principais fontes de imprecisa˜o no ensaio? • Explique tipo de perfil foi obtido nesse experimento? • Voceˆ julga que o me´todo para ca´lculo do perfil de remanso escolhido foi preciso o suficiente para representar os resultados experimentais? • Sugerir melhorias para o ensaio, procedimentos, etc. 7.8 Bibliografia recomendada • [7] Azevedo Netto, J. M. ”Manual de Hidra´ulica”, 1966 ou edic¸o˜es mais recentes • [8] Porto, R.M. ”Hidra´ulica Ba´sica”. EESC-USP, 2a Edic¸a˜o. Sa˜o Carlos, 2003 • [1] V. T. Chow ”Open-Channel Hydraulics”, International Edition, Ed. McGraw-Hill, Nova Iorque, EUA, 1973 41 Cap´ıtulo 8 Associac¸a˜o de Bombas No u´ltimo dos ensaios do semestre retoma-se o tema de escoamentos pressur- izados para discutir um tema com grande aplicac¸a˜o pra´tica, que sa˜o sistemas elevato´rios de a´gua. Tais sistemas esta˜o presentes em praticamente todos os edif´ıcios, em obras de irrigac¸a˜o e em sistemas de abastecimento de a´gua e coleta de esgotos sanita´rios. 8.1 Relevaˆncia do ensaio A necessidade de elevar-se a´gua de pontos baixos para locais mais altos e´ ta˜o antiga quanto o desenvolvimento da agricultura irrigada. Mas a primeira ma´quina hidra´ulica desenvolvida para elevar a´gua foi o famoso Parafuso de Arquimedes (Figura 8.1), usado ate´ os tempos de hoje em instalac¸o˜es que necessitam de elevar grandes vazo˜esde a´gua a relativamente pequenas alturas Figura 8.1: Parafuso de Arquimedes O advento das turbo-ma´quinas permitiu que novos tipos de ma´quinas 42 para elevar a´gua fossem desenvolvidos. Em particular, as bombas centr´ıfugas, que surgiram no se´culo XVII mas so´ foram aperfeic¸oadas e difundidas no final do se´culo XIX e in´ıcio do se´culo XX com o advento de motores ele´tricos e de combusta˜o interna. Contudo, muitas vezes as caracter´ısticas da demanda e altura de recalque a serem atendidas sa˜o tais que torna-se mais vantajoso o uso de associac¸o˜es de bombas. Os tipos mais comuns de associac¸o˜es sa˜o as associac¸o˜es em se´rie e em paralelo de bombas, embora ambos tipos possam ser usados simultane- amente a depender do problema. 8.2 Objetivos do ensaio O ensaio tem por objetivo criar associac¸o˜es em se´rie e em paralelo de duas bombas numa bancada experimental, de forma a estudar as caracter´ısticas e entender as diferenc¸as entre esses desses tipos de associac¸o˜es de bombas. Sera˜o medidos valores pressa˜o nas entradas e sa´ıdas das bombas e o torque do motor de forma a obter as curvas de H vs. Q das associac¸o˜es e as respectivas curva de eficieˆncia hidra´ulica η vs. Q. 8.3 Discussa˜o teo´rica a ser inclu´ıda no relato´rio • Classificac¸o˜es de turbo-bombas • Caracter´ısticas dos tipos de associac¸o˜es de bomba • Curvas caracter´ısticas de bombas • Curva de sistema e ponto de trabalho • Eficieˆncia total, ele´trica e hidra´ulica de bombas 8.4 Apresentac¸a˜o do aparato experimental Bancada de associac¸a˜o de bombas Armfield composta por • Reservato´rio de succ¸a˜o para alimentac¸a˜o de bombas • Duas bombas centr´ıfugas ideˆnticas alimentadas por um motor ele´trico de rotac¸a˜o varia´vel • Barrilete de recalque que permite associac¸o˜es em se´rie e em paralelos • Manoˆmetros nas entradas e sa´ıdas das bombas com preciso˜es de 0.2 m (apenas manoˆmetro 1) e 1.0 m (demais manoˆmetros) • Va´lvula de controle de vaza˜o 43 • Vertedor triangular de soleira delgada para medic¸a˜o de vaza˜o, em vaso comunicante com a uma cuba provida de com re´gua linime´trica para medic¸a˜o da carga do vertedor com precisa˜o de 0.1 mm • Torqu´ımetro acoplado ao motor para medic¸a˜o de poteˆncia mecaˆnica • Pesos para serem colocados no prato do torqu´ımetro 8.5 Procedimentos experimentais 1. Verificar se o n´ıvel da a´gua a montante do vertedor triangular encontra- se inicialmente na altura do ve´rtice deste. Zerar o Vernier tocando a ponta linime´trica na superf´ıcie da a´gua, na cuba de medic¸a˜o. 2. Fechar a va´lvula B e arranjar as demais va´lvulas do circuito de modo que as bombas funcionem em se´rie, isto e´, do tanque para a bomba 1, desta para a bomba 2 e desta para o reservato´rio novamente (quando a va´lvula B seja aberta). 3. Colocar em funcionamento a bomba em rotac¸a˜o de 2000 RPM, que deve ser mantida durante todo o experimento. 4. Ler as presso˜es na entrada e na sa´ıda da duas bombas 5. Colocar os pesos sobre o prato de alavanca do dinamoˆmetro ate´ atingir o equil´ıbrio. 6. Abrir totalmente a va´lvula B e esperar alguns instantes. 7. Verificar se a rotac¸a˜o da bomba continua em 2000 RPM. Isso pode variar a` medida que as vazo˜es sa˜o alteradas, o que requer correc¸a˜o 8. Ler as presso˜es na entrada e na sa´ıda das duas bombas. 9. Registrar a carga sobre o vertedor. 10. Repetir os passos de 7 a 9 para outras vazo˜es. 11. Arranjar as va´lvulas de modo que as bombas funcionem em paralelo e repetir os passos de 3 a 10. A planilha de dados coletados deve ter o seguinte formato 44 UnB - FT - ENC Hidra´ulica Experimental Prof. Jose´ Goes Vasconcelos Neto Planilha de Coleta de Dados para o Experimento 6 Associac¸a˜o de Bombas SEMESTRE: TURMA: DATA: Tabela 8.1: Coleta de dados para associac¸a˜o de bombas em se´rie Ponta Manoˆmetros (m) Massa sobre linime´trica Bomba 1 Bomba 2 o prato do (mm) Entrada Sa´ıda Entrada Sa´ıda torqu´ımetro (g) Tabela 8.2: Coleta de dados para associac¸a˜o de bombas em paralelo Ponta Manoˆmetros (m) Massa sobre linime´trica Bomba 1 Bomba 2 o prato do (mm) Entrada Sa´ıda Entrada Sa´ıda torqu´ımetro (g) 45 8.6 Ca´lculos requeridos 1. Calcule as alturas manome´tricas de cada umas das bombas em cada uma das associac¸o˜es 2. Calcule a vaza˜o para cada uma das bombas nas condic¸o˜es consideradas e para cada associac¸a˜o. Para o caso de bombas em paralelo assumir que a vaza˜o das bombas e´ igual 3. Calcular a poteˆncia hidra´ulica e mecaˆnica em cada uma das condic¸o˜es consideradas 4. Determinar a eficieˆncia hidra´ulica em cada condic¸a˜o considerada 5. Trac¸ar quatro gra´ficos (2 por associac¸a˜o) conforme descritos: (a) Plotar num gra´fico H vs. Q de cada uma das bombas e da as- sociac¸a˜o delas. Unir os pontos de cada curva com retas, fazendo distinc¸o˜es no tipo de linha das retas para facilitar a leitura. Na˜o esquecer de incluir a barra de erros nos gra´ficos. Fazer um gra´fico para a associac¸a˜o em se´rie e outro para a associac¸a˜o em paralelo. (b) Plotar em um mesmo gra´fico os pontos η vs. Q para cada uma das bombas da associac¸a˜o em se´rie (unindo-os com retas), e outro gra´fico ana´logo para a associac¸a˜o em paralelo 8.7 Ana´lises e concluso˜es • Analisar os resultados experimentais obtidos e como estes se comparam com as previso˜es teo´ricas. • Analisar qual a precisa˜o dos resultados obtidos em termos dos erros experimentais. • Quais principais fontes de imprecisa˜o no ensaio? • Qual tipo de associac¸a˜o apresentou melhor rendimento hidra´ulico? • O que poderia ser esperado dos valores de rendimento e de altura manome´trica caso tivessem sido usados valores maiores para o RPM das bombas? • Sugerir melhorias para o ensaio, procedimentos, etc. 46 8.8 Bibliografia recomendada • [7] Azevedo Netto, J. M. ”Manual de Hidra´ulica”, 1966 ou edic¸o˜es mais recentes • [8] Porto, R.M. ”Hidra´ulica Ba´sica”. EESC-USP, 2a Edic¸a˜o. Sa˜o Carlos, 2003 47 Refereˆncias Bibliogra´ficas [1] V. T. Chow. Open-Channel Hydraulics. Civil Engineering Series. Mc- Graw Hill, New York, international edition edition, 1973. [2] A. B. H. Ferreira. Novo Diciona´rio Eletroˆnico Aure´lio versa˜o 5.0. Posi- tivo Informa´tica Ltda., 2004. [3] C. Handscomb. The treatment of experimental errors. Lecture Notes, University of Cambridge - Department of Chemical Engineering, 2004. [4] F. M. Henderson. Open Channel Flow. Prentice Hall, Upper Saddle River, NJ, 1966. [5] A. Lencastre. Hidra´ulica Geral. Editora Hidroprojecto, Lisboa, 1983. [6] L. W. Mays. Introduction. In L. W. Mays, editor, Hydraulic Design Handbook, chapter 1, pages 1.1–1.35. McGraw-Hill, New York, 1999. [7] J. M. Azedevo Netto. Manual de Hidra´ulica. Editora Edgard Blucher, 4a. edition, 1966. [8] R. M. Porto. Hidra´ulica Ba´sica. EESC-USP, Sa˜o Paulo, 2a. edition, 2003. 48
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