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Anotações histologia Sistema Digestório

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Resumo - Prova IV
Sistema Digestório:
O sistema digestório vai da boca ao ânus, sendo composto por diversos órgãos e glândulas anexas. Ele é dividido em segmentos, superior e inferior, distinguidos por conta da função. O digestório superior está envolvido na apreensão, trânsito e digestão do alimento, enquanto o inferior está envolvido na absorção dos nutrientes processados no sistema digestório superior. Refletem essas funções as mucosas que revestem cada um desses segmentos. Por exemplo, no superior, encontramos uma mucosa protetora, uma vez que o alimento é ingerido in natura, na cavidade oral e no esôfago; e também secretora, no estômago, para dar início à digestão. Já no segmento inferior, como a principal função é de absorção, a mucosa muda muito em relação ao segmento superior, passando a ser absortiva e apresentando vilosidades para aumentar a superfície de contato. Há, ainda, diferenças internas - nos intestinos grosso e delgado, por exemplo, as mucosas são diferentes, pois cada um deles é especializado em absorver diferentes substâncias. 
Sistema Digestório Superior:
*Cavidade Oral:
A cavidade oral é constituída por lábios, bochechas, gengivas, dentes e língua. Toda a cavidade oral é revestida por uma mucosa protetora, formada por um epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado, com pequenas regiões contendo queratinização. 
O lábio possui três regiões: uma externa, dita cutânea, que é a continuação da pele (epitélio pavimentoso estratificado queratinizado), onde encontramos pêlos, glândulas diversas e anexos da pele; a região interna, onde há a mucosa oral (epitélio não queratinizado) sem anexos cutâneos ou glândulas; e a região de transição entre a mucosa oral e cutânea, chamada região vermelha por ser altamente vascularizada. 
A gengiva também é formada por epitélio não queratinizado, exceto na região de borda livre, onde há contato com o dente, e, portanto, há atrito. Existe também o sulco gengival, que é o espaço entre o dente e a gengiva. 
A língua é um órgão muscular esquelético. Ela possui duas faces, uma voltada para o assoalho da cavidade oral e outra voltada para o teto da cavidade oral. A face voltada para o assoalho tem o revestimento da mucosa da cavidade oral – epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado sem maiores especializações. Já a face voltada para o teto possui uma série de especializações e sulcos, além de um aspecto áspero, dado em função de projeções da mucosa com localização e função específicas, as chamadas papilas linguais. Essas papilas possuem função de apreensão, fricção e paladar dos alimentos. 
OBS: Existem diversos tipos de papila. Dentre elas, destacam-se a papila foliada, que não é encontrada nos homens, apenas em animais como gatos, sendo importante para apreensão de alimentos; a papila fungiforme, localizada na periferia, e que pode apresentar corpúsculos gustativos; a papila filiforme, que possui função de fricção e não apresenta corpúsculos gustativos; e a papila circunvalada, no fundo da língua, próximo ao forâmen, a principal papila envolvida no paladar, sendo riquíssima em corpúsculos gustativos (e como ela é cercada por sulcos, os alimentos são banhados por mais tempo nos corpúsculos).
Algumas papilas apresentam corpúsculos gustativos, estruturas responsáveis pela apreensão do paladar. Os corpúsculos gustativos são um conjunto de células do epitélio ligadas a terminações nervosas e que estão em contato com a cavidade oral a partir de um sulco. As células que o formam são heterogêneas, unidas por junções de oclusão que permitem que a saliva não passe por entre elas, e apresentam microvilosidades, onde estão os receptores do paladar. Existem basicamente cinco tipos de receptores específicos para cada tipo de substância: receptor de doce, amargo, umami (aminoácidos - glutamato), azedo e sal. O contato da substância com cada um desses receptores é capaz de estimular a célula e induzir a liberação de um sinal que é carreado até o SNC. Inicialmente, esse sinal não é consciente, porém, com o tempo, há a associação no córtex entre o tipo de substância e o paladar. Além do paladar, esses receptores são importantes, pois são sinais da qualidade do alimento. 
OBS: esses receptores podem ser modulados por diversas substâncias, como a leptina, que torna o paladar doce menos sensível (alimentos doces são altamente energéticos), uma vez que está associada à sensação de saciedade. Por outro lado, endocanabinóides estimulam o paladar doce. Assim, a preferência por determinados alimentos pode decorrer da estimulação desses receptores. 
*Esôfago:
A partir do esôfago, a estrutura do sistema digestório permanece semelhante, de maneira geral. Todo o tubo possui estrutura formada por uma mucosa, que é constituída pelo epitélio de revestimento e, abaixo dela, a lâmina própria (tecido conjuntivo) que a sustenta e nutre. Em seguida, há uma camada muscular lisa, que é a muscular da mucosa, a qual delimita a mucosa do tecido conjuntivo que constitui a submucosa, onde há vasos e plexos nervosos. Abaixo da submucosa há uma camada muscular lisa, que é controlada pelo sistema nervoso autônomo. A camada muscular, em verdade, se divide em muscular interna e externa, ambas separadas por disposição das fibras musculares. Na camada interna, as fibras musculares estão em um sentido circular em torno do tubo, enquanto a externa elas se dispõem longitudinalmente ao tubo. A organização de ambas é importante para realização dos movimentos de peristaltismo que permitem a passagem do alimento ao longo do tubo. Mais externamente, há um tecido conjuntivo, chamado de adventícia, que fixa todo esse sistema na cavidade interna do corpo.
Embora todas as estruturas citadas sejam semelhantes ao longo do tubo, há particularidades em cada um dos segmentos, o que os caracteriza funcionalmente. No esôfago, por exemplo, há uma mucosa protetora - uma vez que nele ocorre o trânsito do alimento que ainda não foi digerido - bem como presença de glândulas mucosas - responsáveis por secretar muco que favorece o deslizamento do alimento. Além disso, este órgão sofre mudanças ao longo do seu trajeto: no inicio do esôfago, em contato com a faringe, ainda predomina a musculatura esquelética. Porém, conforme se caminha para o estômago, a musculatura esquelética desparece, e sobressai a musculatura lisa. A quantidade de glândulas mucosas também muda, sendo mais encontradas a partir do meio do esôfago. Por fim, na região de comunicação entre esôfago e estomago (cárdia), há uma espécie de esfíncter, que é, em verdade, um estreitamento da luz do esôfago, e não um anel muscular que de fato fecha a passagem para o estomago.
*Estômago:
O estômago é um órgão com formato curvo, com mucosa e submucosa pregueadas e uma parede muscular muito desenvolvida. Nesse sentido, ambas as camadas musculares interna e externa são modificadas, com fibras dispostas em várias direções, uma vez que há a necessidade de grandes movimentos para a digestão. Ainda, é um órgão dotado de mucosa secretora que é responsável por produzir o suco gástrico, rico em enzimas; HCl, que baixa o pH, permitindo o funcionamento das enzimas; e muco, o qual protege a mucosa do estômago do ambiente ácido e favorece o trânsito do alimento.
O estômago é composto por diversas regiões: a região de contato de estômago e esôfago é chamada de cárdia; a maior parte do estômago é chamada de corpo; a região mais superior é chamada de fundo; e a região de transição entre estômago e duodeno, é chamada de piloro, onde há um esfíncter. Nessas diferentes regiões, há modificação nas glândulas presentes, e na constituição de suas células. Na região da cárdia e piloro, há maior quantidade de células secretoras de muco em detrimento das células secretoras de HCl e enzimas que compõe o suco gástrico. Ao contrário, as células que secretam as enzimas do suco gástrico e HCl se concentram na região do corpo. Isso é importante, pois a probabilidade de ter a passagem de HCl para a mucosa do esôfago na cárdia seria grande, o que prejudicaria a estruturae o funcionamento deste órgão. Da mesma forma, o pH do duodeno é básico, de modo que se houvesse passagem de HCl para o duodeno, haveria alteração na absorção do quimo. Assim, a ausência de células secretoras na cárdia e no piloro funciona como uma proteção à mucosa também do esôfago e duodeno, respectivamente. 
Cárdia e Piloro:
Na região da cárdia, as glândulas possuem aspecto tubular e se abrem para a luz do órgão a partir das fossetas ou fovéolas. Possuem aspecto enovelado em sua porção mais basal, que está mais próxima da submucosa, e alta quantidade de células secretoras de muco na porção apical. Na região pilórica, há, também, glândulas com predominância de células secretoras de muco. O colo dessas glândulas é bem longo, e apenas se ramifica no fim.
OBS: As células mucosas presentes nessas regiões são importantes para a produção do muco, que é rico em HCO3-, como dito, para tamponar o pH ácido da mucosa estomacal. 
Corpo e Fundo:
As glândulas do corpo e fundo possuem colo pequeno e ramificação grande, e são compostas por células parietais, principais e endócrinas. 
As células parietais são células secretoras de HCl e do fator intrínseco. Para tal, elas apresentam grande quantidade de mitocôndrias e canalículos secretores - projeções da membrana no interior da célula que se fundem. As mitocôndrias cobrem o grande gasto energético com a produção do HCl, que ocorre no meio extracelular. Para tal, é necessária a liberação de H+, proveniente do HCO3- da respiração, e de Cl-, importado a partir do NaCl, o que se dá por transporte ativo – daí o gasto energético e as mitocôndrias. 
OBS: O HCO3- chega a partir dos vasos que estão na lâmina própria, que sobem até a porção apical da glândula, onde estão as células mucosas, permitindo a difusão do HCO3- no muco. Assim, o muco do corpo e do fundo do estômago possui um pH mais baixo justamente pela presença do HCO3-, favorecendo o tamponamento, na superfície da célula, do pH ácido estomacal. 
O fator intrínseco, também produzido pelas células parietais, auxilia na absorção da vitamina B12 (ácido fólico) que, em sua forma original, é de difícil absorção. O fator intrínseco se liga a vitamina B12, e este complexo segue para o intestino. Lá, ocorre a absorção e o transporte através do intestino delgado, especialmente o íleo, que possui receptores específicos para o complexo da vitamina B12 com o fator intrínseco. A célula do íleo dissocia a vitamina B12 do fator intrínseco, e a associa à outra proteína, para que caia na circulação em sua forma ativa. Uma das principais funções da vitamina B12 é funcionar como uma coenzima para a formação da Hb. 
Já as células principais ou zimogênicas (secretoras de enzimas inativas, que ficam armazenadas em grânulos zimogênicos) possuem grânulos zimogênicos que contêm pepsina – que age em pH ácido - e lipase gástrica em suas formas inativas. Além disso, também há a produção de leptina, que age tanto em órgãos digestórios, quanto no sistema nervoso, a fim de controlar a ingestão de alimentos. 
As células endócrinas, por sua vez, produzem cada uma um tipo de hormônio, como gastrina, grelina, glucagon A, somatostatina... Todos interferindo no metabolismo da digestão e no controle da apreensão de alimentos. A gastrina tem função de proteção da própria mucosa do estomago e estimula a secreção de HCl. 
OBS: na histologia, as células secretoras de muco são menores e possuem citoplasma bem claro; as células parietais são maiores, com citoplasma mais escuro e núcleo e nucléolo bem definido. As células principais, por sua vez, são menores que as parietais, com citoplasma mais intensamente corado e com presença de grânulos. Existem também as células entero-endócrinas, secretoras de hormônio, que não podem ser identificadas na coloração, mas também ficam na porção basal.
Sistema Digestório Inferior
O sistema digestório inferior é composto pelo intestino delgado - dividido em duodeno, jejuno e íleo - e intestino grosso - dividido em ceco, colo, reto e ânus. Sua principal função é a de absorção de água e nutrientes, e, diante disso, o tecido exibe diversas adaptações para otimizar essa função, desde dobras no próprio órgão, até pregueamento interno, aumento do tamanho do tubo, vilosidades e células com microvilosidades – embora mantenha a mesma organização do restante do tubo digestório.
*Intestino Delgado:
O intestino delgado possui a mesma organização do restante do tubo digestório: uma camada mucosa, lâmina própria, muscular da mucosa, submucosa (importante para o deslizamento da mucosa sobre a camada muscular), muscular e adventícia. A mucosa do intestino delgado apresenta vilosidades, em cujo fundo existem as criptas de Liberkuhn. Além disso, as células epiteliais da mucosa possuem microvilosidades, que são especializações de membrana. Ainda, há o pregueamento do intestino, que envolve a submucosa. Assim, tais adaptações funcionam no sentido de aumentar a superfície de contato com o alimento, promovendo maior eficiência na absorção. 
O intestino delgado possui características próprias no que se refere à circulação – ele possui circulação sanguínea e linfática. Isso ocorre porque parte do que é absorvido não pode ser transportado diretamente pelo sangue, como os lipídios, e são transportados pela linfa. Cada segmento do intestino delgado é altamente vascularizado, apresentando artérias que se ramificam nas vilosidades e nas criptas, ambas drenando para a mesma vênula. Os vasos linfáticos e seus capilares, por sua vez, terminam em um saco cego, consistindo em um sistema de drenagem. Eles estão presentes nas vilosidades, captando os nutrientes absorvidos pelas células epiteliais e transportando-os até o duto torácico. Além disso, há sempre um vaso linfático central que se ramifica quando há tecido linfoide associado à mucosa (MALT). Toda a árvore circulatória do intestino desemboca no sistema porta, ou seja, não cai diretamente na circulação sanguínea, até que por fim, chega ao fígado, e posteriormente, à circulação.
OBS: o tecido do intestino está em contato com o meio externo (alimentos), de modo que há uma microbiota enorme na luz do órgão. Em muitos casos ela age numa forma de simbiose, ou seja, é vantajosa para nós em termos de digestão e absorção. Mas por esse motivo, toda a lâmina própria do intestino é rica em células do sistema imune, a fim de proteger o órgão contra o meio externo. 
No que se refere à contração, o intestino possui fibras circulares e longitudinais importantes para o movimento ao longo do tubo. Primeiro, há a contração da camada circular, realizando uma constrição de volume, com a camada ajacente relaxada. Após isso, há uma contração da camada longitudinal, para que o bolo desça. Tal dinâmica de contração se caracteriza no movimento peristáltico, que permite o trânsito do alimento no intestino de segmento em segmento.
As regiões do intestino delgado possuem subespecializações. O intestino delgado como um todo é envolvido na absorção do alimento, porém, há sutilezas entre seus diferentes segmentos, sobretudo na mucosa e submucosa, de modo que podem ser separados de acordo com sua morfologia. O duodeno é a primeira porção do intestino, a qual recebe o bolo alimentar digerido pelo estômago, numa transição de pH acido para básico. Assim, a fim tanto de proteger a mucosa do duodeno, como favorecer o trânsito do bolo, a submucosa do duodeno é rica em glândulas mucosas de Brunner – característica que o distingue dos outros segmentos. Ainda, uma parte da digestão termina no duodeno, uma vez que nessa porção há a chegada do colédoco, trazendo secreções do pâncreas e vesícula biliar, envolvidas na digestão de lipídeos, principalmente. Consequentemente, as vilosidades do duodeno são mais curtas e largas. O segmento do intestino delgado seguinte é o jejuno, bastante longo e mais absortivo. Por isso, nele, encontram-se basicamente vilosidades longas com as criptas profundas, criando uma área eficaz de absorção. Por fim, a última porção do intestino delgado é o íleo, que possui vilosidades mais curtas.Uma característica crucial deste segmento é o desenvolvimento dos órgãos MALT, que formam as placas de Peyer - envolvida nas respostas imunes de antígenos encontradas na mucosa intestinal, onde se encontram células M.
Já no que se refere aos tipos celulares no intestino delgado, sua mucosa é uma das que mais se renovam. Há, basicamente, 4 tipos celulares no intestino – células secretoras de muco (caliciformes); enterócitos, que são células absortivas dispostas entre as células caliciformes; células de Paneth, que apresentam grânulos e encontram-se no fundo da cripta; e células enteroendócrinas. Essas quatro populações epiteliais que revestem a mucosa intestinal são derivadas de uma única célula tronco, que se localiza no fundo da cripta, e, à medida que se diferenciam, as células migram até o topo da vilosidade, onde, por fim, descamam. 
Os enterócitos possuem aspecto colunar e são as células responsáveis pela absorção dos alimentos, apresentando microvilosidades. Além das microvilosidades, os enterócitos apresentam todos os outros tipos de especializações de membrana, uma vez que são responsáveis pelo transporte de diversas substâncias para o meio intracelular, tais como aminoácidos, oligossacarídeos e lipídeos. 
As células de Paneth, por sua vez, possuem grânulos no citoplasma, sobretudo no polo apical, o que se reflete em sua função. Essas células secretam uma série de proteínas, como as lisozimas e defensinas - uma família de proteínas controladoras da microbiota, uma vez que há uma grande população bacteriana presente no intestino.Quando as bactérias entram em contato com a mucosa intestinal, os receptores TLR presentes nas células de Paneth são ativados, desencadeando a liberação de defensinas, de modo a controlar o número de bactérias em contato com o muco. Além disso, sob lesão, pode haver alteração da microbiota, aumentando seu número, e, nesse caso, a própria célula de Paneth emite sinais inflamatórios, levando à inflamação do intestino. Também foi proposto que tais células possuem um papel regulatório importante no nicho das células tronco intestinais, permitindo a homeostasia da cripta intestinal. 
As células enteroendócrinas possuem grânulos, igualmente às células de Paneth, porém em posições diferentes. Nas células de Paneth, os grânulos estão na posição apical, enquanto na célula enteroendocrina ficam na porção basal, uma vez que sua secreção é feita através da corrente sanguínea, funcionando como hormônios. Essas células secretam substâncias de função no controle da digestão, agindo na contração da vesícula biliar e consequente liberação da bile no duodeno, bem como sobre o pâncreas, promovendo secreção do suco pancreático no duodeno. 
*Intestino grosso:
No fim do intestino delgado há a junção íleo-cecal, uma fase de transição do intestino delgado para o grosso, onde as vilosidades praticamente desaparecem, uma vez que a principal absorção foi feita no intestino delgado. Assim, basicamente, no intestino grosso, há a absorção apenas de água e eletrólitos. Em sua mucosa, não há, portanto, as projeções das vilosidades, embora as criptas ainda estejam presentes. Ainda, nesse caso, o epitélio que reveste a mucosa e as glândulas possui grande quantidade de células caliciformes. A presença dessas células é importante, pois o muco que secretam, além de facilitar o trânsito do bolo fecal, protege a mucosa intestinal. 
No intestino grosso, ao contrário do delgado, entre os enterócitos há menos junções celulares, permitindo que haja um espaço paracelular (interdigitações) característico de epitélio que realiza reabsorção de água e eletrólitos. Além disso, o intestino grosso é rico em linfócitos na lâmina própria e em MALT, porém não possui placa de Peyer (característica do íleo). 
OBS: O cólo do intestino grosso tem uma característica peculiar - a tenia do colo. Existem duas camadas musculares: circular e longitudinal. A camada longitudinal está ao longo de todo o intestino, e, certas porções, elas migram para três pontos do colo, se acumulando mais nessas três regiões, formando a estrutura da tênia. 
O apêndice cecal, em humanos, é pouco desenvolvido, e possui revestimento epitelial rico em células caliciformes, além de linfócitos que permeiam toda a lâmina própria. Por fim, há transição da região do reto - última porção do intestino grosso - para o ânus. O reto apresenta a mesma organização da mucosa, e possui pregueações. Na região anal, como está em contato com a região mais externa, há a presença de um epitélio com características protetoras (epitélio pavimentoso estratificado, inicialmente não queratinizado).
Resumindo...
O esôfago é uma região basicamente de trânsito de alimento quase in natura, ou seja, só há o inicio de digestão enzimática e mecânica por conta da mastigação. A mucosa, portanto, tem um revestimento de proteção – epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. No que se refere a especializações, possui glândulas mucosas que se encontram tanto na mucosa quanto na submucosa, o que favorece a passagem do alimento. Já o estômago se caracteriza por ser o órgão de digestão, tanto por digestão mecânica (contração muscular) e química (secreção de enzimas), possuindo mucosa glandular, uma vez que realiza secreção. Nesse sentido, atuam as células mucosas, que possuem papel importante na proteção do epitélio das glândulas; células parietais, que secretam HCl e fator intrínseco (favorece a absorção de vitamina B12 pelas células do intestino); células principais, secretoras de pepsinogenio, possuindo, portanto, aspecto granular no polo apical e RER bem desenvolvido; células endócrinas. 
No intestino delgado, há a função principal de absorção de nutrientes. Por isso, possui diversas especializações, tais como pregas, vilosidades e microvilosidades em suas células. As criptas são o fundo das vilosidades. No intestino delgado encontram-se células secretoras de muco (caliciformes), que protegem a mucosa e facilitam o trânsito do alimento; os enterócitos, os quais apresentam microvilosidades e são responsáveis pela absorção; célula de Paneth, localizada no fundo da cripta, tem função de manter o controle das microbiotas a partir da secreção das defensinas, bem como funções de regular o nicho das células tronco; células enteroendócrinas, envolvidas na produção de hormônios que controlam a digestão. Os diferentes segmentos do intestino delgado têm especializações na submucosa que permitem diferenciá-los: no duodeno, glândulas mucosas de Brunner; e o íleo possui as placas de Peyer; o jejuno não possui nada disso. O intestino grosso, por sua vez, possui função de absorção de água e íons. Assim, como a maior parte de alimentos foi absorvido no intestino delgado, o intestino grosso não possui mais vilosidades, embora ainda possua cripta. As células em grande quantidade são células caliciformes, e podem apresentar também enterocitos e células de Paneth. Na região do colo, há as tênias do colo e saculações do tubo. No ceco e apêndice há muito tecido linfoide. 
OBS: uma é chamada de célula mucosa (estômago) e outra de caliciforme (intestino), por causa, basicamente, de seu formato. Na célula caliciforme, o muco é localizado no polo apical e o núcleo é basal, e essa organização garante à célula o aspecto caliciforme. Na célula mucosa, o muco fica mais distribuído, homogêneo, e a forma de secreção não é feita por uma vesícula só.
*Figado:
O fígado é um órgão do sistema digestório, organizado em pequenas unidades funcionais hexagonais chamadas lóbulos, constituídos por hepatócitos e envoltos por tecido conjuntivo, apresentando funções exócrinas e endócrinas. A função exócrina do fígado é a secreção da bile, enquanto sua função endócrina é a produção de diversas proteínas plasmáticas, como albumina e fatores de coagulação. Além disso, o fígado é importante porque absorve e metaboliza as substâncias absorvidas no trato digestório, sendo crucial para a detoxificação do organismo. 
Os nutrientes que são absorvidos no intestino, antes de cair na circulação, passam pelo fígado,que apresenta circulação peculiar: ela é dupla, sendo uma funcional e outra, nutritiva. Entrando pelo hilo, encontra-se a artéria hepática, que traz sangue oxigenado para o órgão, sendo considerada a porção nutritiva. Além dela, há também a porção funcional – dois terços de toda a circulação - constituída pela veia porta, que carreia o sangue desoxigenado, porém rico nos componentes absorvidos no intestino, para dentro do órgão. Artéria e veia percorrem o órgão, passando através dos diversos lóbulos, num espaço chamado espaço-porta, juntamente com o duto biliar, formando uma estrutura que se chama tríade-portal – e este tipo de morfologia é dita hexagonal clássica. O limite entre o espaço porta e o interior do lóbulo é dado por uma camada de hepatócitos chamada placa limitante. 
Tanto a artéria quanto a veia que entram pelo espaço-porta se ramificam até formar os capilares, chamados sinusóides, que seguem para dentro dos lóbulos. Nesses sinusóides, o sangue arterial e venoso são misturados e passam a circular juntos. Os sinusoides que adentram o lóbulo passam a percorrer ladeando os hepatócitos, os quis estão organizados cordonalmente. Esses pequenos vasos, tão numeroso no fígado, são tortuosos e possuem diâmetro maior que o habitual, o que faz com que o fluxo de sangue corra lentamente. Além disso, eles apresentam um aspecto fenestrado, com um revestimento endotelial descontinuo que permite a passagem livre de macromoléculas, sendo importante para a função do fígado.
OBS: A bile é produzida no centro do lóbulo, pelos hepatócitos, e excretada para a vesícula biliar através dos dutos, fazendo o caminho inverso ao do sangue, no sentido centro-periferia. 
Dentro dos lóbulos, o sangue desemboca numa veia central, que desembocará, por fim, na veia hepática, que sai do fígado. Assim, o sangue segue no sentido periferia-centro, dentro do lóbulo. Assim, os hepatócitos da periferia recebem aporte maior de oxigênio em relação aos hepatócitos centrais, de modo que as células ficam expostas a um gradiente de oxigênio e se criam três zonas: periportal, central e intermediária. Essa diferença na oxigenação implica em metabolismo diferente entre os hepatócitos e leva, por fim, a uma diferença funcional. Essa característica acabou gerando um novo tipo de classificação para os lóbulos, diferente da hexagonal clássica, levando-se em conta aspectos funcionais. Assim, surgiu o conceito do ácino-hepático, que nada mais é que uma classificação dos lóbulos que leva em conta sua função. Nela, o ácino vai de um espaço porta a outro. 
OBS: Existe outro tipo de classificação de lóbulo pouco usado, que é o lóbulo portal. Nele, o centro é o espaço porta e os limites, as veias centrais dos lóbulos adjacentes, de modo que o lóbulo forma um triângulo.
*Organização Celular do Lóbulo Hepático:
O lóbulo hepático, como já dito, é revestido externamente por tecido conjuntivo, que também está presente no espaço porta, sobretudo sob a forma de colágeno I e matriz. No interior do lóbulo, porém, o tecido conjuntivo é muito delicado e representado principalmente por fibras reticulares (colágeno III e fibronectina) que envolvem cada célula quase individualmente. Isso é importante para o contato das células com os sinusóides e para modificação de volume do órgão, uma vez que essas fibras são mais plásticas. 
Os hepatócitos são as principais células do fígado. Como já dito, elas se organizam em cordões que se intercalam aos sinusoides e, por isso, possuem um lado voltado para o sinusoide e outro, para outro hepatocito. A superfície voltada para o sinusoide é cheia de interdigitações ou microvilosidades que aumentam a superfície de contato que capta o material proveniente dos sinusoides. Já entre dois hepatocitos, há junções celulares de oclusão ou desmossomos, e uma estrutura chamada canalículo biliar, que é formada pela junção das invaginações das membranas dos dois hepatócitos. Através do canalículo biliar a bile é secretada e flui até o duto biliar. Os hepatócitos, de maneira geral, são células grandes, que podem ser binucleadas. São muito ricas em mitocôndrias e em retículo endoplasmático de ambos os tipos, dada sua função no metabolismo lipídico, além de glicogênio, que eles sintetizam e acumulam. 
OBS: Na região de transição entre canalículo e duto biliar, há uma área especializada, chamada de canal de Hering, onde estão presentes células progenitoras hepáticas – ou ovais - capazes de originar tanto os hepatócitos, quanto células de revestimento do duto biliar (cúbicas simples). Essa população, acredita-se, deriva de um progenitor ainda mais potente, que, em caso de lesões, seria ativada e daria origem às células ovais. 
Entre a célula endotelial do sinusoide e o hepatócito, há um espaço de circulação de macromoléculas, rico em fibras reticulares, chamado Espaço de Disse. Nele, as macromoléculas caminham no sentido da bile e desembocam no vaso linfático, no espaço porta. No Espaço de Disse há Células Estreladas Hepáticas ou células de Ito, uma célula mesenquimal que fica junto aos hepatócitos, sendo muito importantes para a homeostase do fígado. Essas células têm característica de acumular lipídios e vitamina A no seu citoplasma, em corpúsculos. Assim, ela é o principal sitio de armazenamento de vitamina A do rganismo, a qual ela capta e metaboliza muito facilmente. Ela também é importante na regeneração hepática, uma vez que secreta fatores tróficos ante a lesões, estimulando os hepatócitos a proliferarem. Ela, porém, possui também um “lado negro”. Quando há uma lesão no fígado, a célula estrelada é ativada, ativa também os hepatócitos, quase regeneram. Resolvida a lesão, essas células de Ito morrem ou voltam ao fenótipo inativado. Porém, quando há persistência da lesão, essa célula permanece ativada e muda de fenótipo, passando a secretar fibras, espessando o tecido conjuntivo do fígado e tornando-se prejudicial. Nesse último caso, ela se torna uma das principais mediadoras da cirrose hepática. 
OBS: Ao contrário do que se pode esperar, a ótima capacidade regenerativa do fígado não se deve à quantidade de células tronco nele presentes. Em geral, isso envolve características do próprio hepatócito adulto, que possui capacidade proliferativa quando ativado pelos fatores secretados pelas células estrelares. Quando esse processo não é suficiente ou é bloqueado, aí sim há ativação dos progenitores hepáticos na tentativa de regeneração do órgão.
Outra célula importante, presente na luz dos sinusoides em grandes quantidades e com grande capacidade de drenagem, é a Célula de Kupffer, que nada mais é que um macrófago tecidual, possuindo função de filtração dos antígenos eventualmente vindos do intestino.
*Vesícula Biliar:
A bile produzida no fígado segue para a vesícula biliar, uma estrutura simples com função de armazenamento da bile e absorção de água. A vesícula biliar apresenta mucosa constituída por um epitélio cilíndrico simples, apoiada no tecido conjuntivo que forma a lamina própria. A mucosa faz dobras, justamente por sua necessidade de relaxamento para o armazenamento. Não há submucosa, mas há parede muscular lisa e adventícia. 
*Pâncreas Exócrino:
O pâncreas é uma glândula que se localiza próximo ao duodeno, onde desemboca o duto comum, formado pelos dutos pancreático e biliar. Possui produção exócrina envolvida na digestão, sendo classificada como serosa – ou seja, fabricando proteínas. Sendo assim, as células que o constituem têm características próprias, apresentando grânulos de zimogênio na região apical e núcleo voltado para a região basal, além de ser rica em RE e Golgi. 
A porção que faz a secreção das enzimas produzidas pelo pâncreas é tubular e possui diversos segmentos - ácino, intermediário e exterior – e uma característica muito própria do pâncreas é que a porção tubular começa no ácino, ao contrario do que se vê em outras glândulas, onde as células do epitélio do duto aparecem somente após a terminação do acino. Essa célula, então, é chamada centroacinosa, epitelial e semelhante à da porção do dutoimediatamente adjacente. Assim, as enzimas são secretadas na luz do ácino e passam para o duto intercalado, que possui células importantes na finalização da secreção. Nele, há liberação de água e bicarbonato, que contribuem para modificar o pH o conteúdo do duodeno, adequando-o para ação das enzimas. Junto com o bicarbonato, há ainda a secreção de inibidores que não deixam as enzimas serem ativadas no duto. Por fim, o duto secretor é apenas para transporte.
*Glândulas anexas – Salivares:
A saliva é um fluido composto por água, muco, íons e várias proteínas, possuindo importância grande na homeostasia da cavidade oral, estando funcionalmente relacionada á digestão, controle microbiótico e imunidade, lubrificação e proteção, tanto mecânica quanto biológica. A saliva é produzida pelas glândulas salivares, que estão espalhadas por toda cavidade oral, sendo as principais a sublingual, parótida e submaxilar, glândulas ditas compostas - ou seja, com várias unidades funcionais e vários dutos – e que podem ser acinosas (unidade funcional redonda) ou túbulo-acinosas (unidade funcional com acino ligado a tubo). 
No geral, a glândula composta é envolta por uma cápsula conjuntiva que emite septos, que a divide em diversos lóbulos. Na região da periferia, encontram-se os ácinos, cuja porção secretora é formada pelas células secretoras e mioepiteliais, ligados aos dutos, que confluem e formam dutos maiores conforme vamos caminhando para o centro e fundo da glândula. O primeiro duto é o duto intercalado, que deságua no estriado, no intralobular, interlobar e lobar, que finalmente sai da glândula, nessa ordem – onde o nome reflete muito das funções e da localização desses dutos. Esses dutos ao revestidos por endotélio e, à medida que se tornam maiores, o revestimento epitelial fica mais complexo, passando de cúbico simples a estratificado duplo. 
As glândulas salivares se dividem de acordo com seu ácino. A parótida é serosa e possui acino seroso, muito parecido com o pancreático, exceto pelo fato de que não há célula centroacinosa, sendo responsável por produzir a maior parte das proteína da saliva. Já a sublingual, que secreta principalmente muco, possui ácino mucoso. Por fim, a submandibular possui ácino composto. Nesse caso, as células mucosas estão em contato com a luz do ácino e as serosas, na região basal, formando uma meia lua. Entre as duas há um espaço, um canalículo (apenas delimitado pelas membranas, sem revestimento), que permite a secreção das células serosas para a luz do ácino. Uma vez secretados, os produtos das glândulas elas caem nos dutos e seguem para fora, como já dito. 
A saliva produzida inicialmente possui característica isosmótica e é chamada saliva primária. Porem, conforme atravessa o duto estriado, ela muda sua composição. O nome estriado vem do aspecto morfológico, devido às estriações presentes na parte basal das células, que nada mais são que invaginações da membrana plasmática, intercaoadas com mitocôndrias. Este aspecto, logicamente, está relacionado á função do duto: bombeamento de íons e água, sobretudo cloreto de sódio. Assim, bombas presentes no duto fazem transporte ativo dos íons para o sangue novamente (antes ele vem do sangue para saliva, no ácino), tornando a saliva hiposmotica. Isso é importante para evitar a perda de íons através da saliva, causando desequilíbrio iônico.

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