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Apostila - Direito Penal

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DIREITO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB 2ª FASE 
 
DIREITO PENAL 
 
PROF. NIDAL AHMAD 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
2 
 
 ÍNDICE 
 
01 AULA INTRODUTÓRIA ...................................................................................................... 4 
02 DO FATO TÍPICO E CONDUTA ........................................................................................... 9 
03 DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ..................................................................................... 19 
04 DO CRIME DOLOSO E CULPOSO ..................................................................................... 25 
05 DA CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..................................................................................... 29 
06 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ........................................... 33 
07 CRIME IMPOSSÍVEL ....................................................................................................... 36 
08 ERRO DE TIPO ................................................................................................................ 38 
09 DESCRIMINANTES PUTATIVAS ...................................................................................... 42 
10 ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO E ERRO DE TIPO ACIDENTAL ................................ 45 
11 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (CRIME BAGATELA) E SÚMULA VINCULANTE Nº 24 
STF .................................................................................................................................. 48 
12 ESTADO DE NECESSIDADE ............................................................................................. 53 
13 LEGÍTIMA DEFESA .......................................................................................................... 57 
14 ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO ....... 63 
15 INIMPUTABILIDADE ...................................................................................................... 66 
16 FALTA DE POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE ..................................................... 68 
17 INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA .................................................................... 72 
18 DA DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO ..................................................................................... 75 
19 DA RENÚNCIA E DO PERDÃO ......................................................................................... 79 
20 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ....................................................................... 82 
20.1 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM ABSTRATO ....................................... 82 
20.2 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA ......................................... 82 
20.3 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA INTERCORRENTE OU SUPERVENIENTE À 
SENTENÇA CONDENATÓRIA ........................................................................................... 83 
21 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA .................................................................. 85 
22 CAUSAS SUSPENSIVAS E INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO ........................................ 87 
23 DA FIXAÇÃO DA PENA .................................................................................................... 97 
24 REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA ............................................................ 104 
25 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ............................................................................. 107 
26 DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA (SURSIS) ............................ 110 
27 CONCURSO DE PESSOAS .............................................................................................. 113 
28 CONCURSO DE CRIMES ................................................................................................ 126 
29 ERRO NA EXECUÇÃO (aberratio ictus) E RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO 
(aberratio criminis) ...................................................................................................... 132 
30 CRIMES CONTRA A PESSOA ......................................................................................... 135 
30.1 HOMICÍDIO .......................................................................................................... 135 
30.2 INDUZIMENTO AO SUICÍDIO ............................................................................... 138 
30.3 INFANTICÍDIO ..................................................................................................... 140 
30.4 ABORTO ................................................................................................................ 143 
30.5 LESÃO CORPORAL ................................................................................................ 145 
31 CRIMES CONTRA A HONRA .......................................................................................... 148 
31.1 CALÚNIA ............................................................................................................... 148 
31.2 DIFAMAÇÃO .......................................................................................................... 148 
31.3 INJÚRIA ................................................................................................................ 148 
32 FURTO ........................................................................................................................... 152 
33 ROUBO .......................................................................................................................... 157 
34 EXTORSÃO E EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO ........................................................ 162 
34.1 EXTORSÃO ............................................................................................................ 162 
34.2 EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO ..................................................................... 164 
35 DANO E APROPRIAÇÃO INDÉBITA ............................................................................... 167 
35.1 DANO .................................................................................................................... 167 
35.2 APROPRIAÇÃO INDÉBITA .................................................................................... 169 
36 ESTELIONATO E RECEPTAÇÃO ..................................................................................... 171 
36.1 ESTELIONATO ....................................................................................................... 171 
 
 
 
DIREITO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
3 
 
36.2 RECEPTAÇÃO ........................................................................................................ 173 
37 ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS ............................................................................................ 176 
38 CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL ...................................................................... 179 
38.1 ESTUPRO .............................................................................................................. 179 
38.2 ESTUPRO DE VULNERÁVEL ................................................................................... 181 
38.3 AÇÃO PENAL ......................................................................................................... 183 
39 PECULATO ..................................................................................................................... 185 
40 CONCUSSÃO E EXCESSO DE EXAÇÃO ........................................................................... 188 
40.1 CONCUSSÃO .........................................................................................................188 
40.2 EXCESSO DE EXAÇÃO ........................................................................................... 189 
41 CORRUPÇÃO PASSIVA .................................................................................................. 190 
42 PREVARICAÇÃO ............................................................................................................ 192 
43 CORRUPÇÃO ATIVA E DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA ...................................................... 193 
43.1 CORRUPÇÃO ATIVA .............................................................................................. 193 
43.2 DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA ................................................................................. 195 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
4 
 
 AULA INTRODUTÓRIA 
 
TEORIA DO CRIME 
 
De acordo com o seu conceito analítico, o crime constitui um fato típico, antijurídico 
(ilícito) e culpável. 
 
 
 
 
 
 
Nesse sentido, para fins de 2ª fase da OAB, focaremos o estudo nas causas 
excludentes da tipicidade, ilicitude e culpabilidade, destacando, ainda, algumas causas de exclusão de 
punibilidade. 
Todavia, antes de adentrar no estudo específico de cada excludente, convém uma 
visão geral acerca dos temas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01
13
FATO 
TÍPICO
ILÍCITO CULPÁVEL CRIME
 
 
 
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2ª Fase 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAUSAS EXCLUDENTES 
DE TIPICIDADE
QUANTO À 
CONDUTA
AUSÊNCIA DE DOLO E 
CULPA
COAÇÃO FÍSICA 
IRRESISTÍVEL
MOVIMENTOS 
REFLEXOS
ESTADO DE 
INCONSCIÊNCIA
NEXO CAUSAL
CAUSAS 
ABSOLUTAMENTE 
INDEPENDENTES
CAUSAS 
RELATIVAMENTE 
INDEPENDENTES
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E 
ARREPENDIMENTO EFICAZ
CRIME IMPOSSÍVEL
ERRO DE TIPO 
ESSENCIAL
DESCRIMINANTES 
PUTATIVAS
PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA
SÚMULA VINCULANTE 
24
 
 
 
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2ª Fase 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAUSAS 
EXCLUDENTES DE 
ILICITUDE
ESTADO DE 
NECESSIDADE
LEGÍTIMA DEFESA
ESTRITO 
CUMPRIMENTO DO 
DEVER LEGAL
EXERCÍCIO 
REGULAR DO 
DIREITO
 
 
 
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2ª Fase 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAUSAS 
EXCLUDENTES DE 
CULPABILIDADE
INIMPUTABILIDADE
Doença mental ou 
desenvolvimento mental 
completo ou retardado 
(art. 26 CP)
Embriaguez completa e 
involuntária decorrente 
de caso fortuito ou força 
maior (art. 28, § 1º CP)
Dependência ou 
intoxicação involuntária 
decorrente de uso de 
drogas (art. 45 Lei 
11343/2006)
Menoridade (art. 27 CP e 
228 CF/88)
FALTA DE 
POTENCIAL 
CONSCIÊNCIA DA 
ILICITUDE
Erro de Proibição (art. 
21 CP)
INEXIGIBILIDADE 
DE CONDUTA 
DIVERSA
Coação Moral 
Irresistível (art. 22 
CP)
Obediência 
Hierárquica (art. 22 
CP)
 
 
 
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2ª Fase 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALGUMAS CAUSAS DE EXTINÇÃO 
DA PUNIBILIDADE
Art. 107 CP
Prescrição (Arts. 109 a 117 CP)
Ressarcimento do dano no peculato 
culposo (art. 312, § 3º CP)
Pagamento do tributo ou contribuição 
social, inclusive acessórios
Ressarcimento do dano antes do 
recebimento da denúncia no crime de 
estelionato mediante emissão de 
cheque sem provisão de fundos (art. 
171, § 2º, VI – Súmula 554 STF)
 
 
 
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2ª Fase 
 
9 
 
1) DA TIPICIDADE 
 
 
 DO FATO TÍPICO E CONDUTA 
 
Fato típico é o que se amolda ao modelo legal da conduta proibida. É o fato 
que se enquadra no conjunto de elementos descritivos do delito contidos na lei penal. 
 
Faltando um dos elementos do fato típico a conduta passa a constituir um indiferente 
penal. É um fato atípico. 
2.1) CONDUTA 
A) CONCEITO 
CONDUTA é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada 
finalidade. 
B) AUSÊNCIA DE CONDUTA 
Para a caracterização da conduta, sob qualquer prisma, é indispensável a existência 
do binômio vontade e consciência. 
VONTADE é o querer ativo, apto a levar o ser humano a praticar um ato, livremente. 
O ato voluntário deve ser espontâneo, isto é, proceder de uma tendência própria e interior à vontade; se não, 
é coagido e forçado. 
02
13
ELEMENTOS 
DO FATO 
TÍPICO
CONDUTA
RESULTADO
NEXO DE 
CAUSALIDADE
TIPICIDADE
 
 
 
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2ª Fase 
 
10 
 
CONSCIÊNCIA é a possibilidade que o ser humano possui de separar o mundo que 
o cerca dos próprios atos, realizando um julgamento moral das suas atitudes. Significa ter noção clara da 
diferença existente entre realidade e ficção. 
Há ausência de ação, segundo a doutrina dominante, em três grupos de caso: 
a) Coação física irresistível (“vis absoluta”) 
Ocorre quando o sujeito pratica o movimento em consequência de força corporal 
exercida sobre ele. Quem atua obrigado por uma força irresistível não age voluntariamente. Neste caso, o 
agente é mero instrumento realizador da vontade do coator. 
Assim, não havendo vontade, não há conduta. Não havendo conduta, não há fato 
típico. Não havendo fato típico, não há crime. Logo, o fato praticado pelo coagido fisicamente é atípico. Não 
responde por nenhum crime. 
Diversa é a situação, contudo, quando se tratar de coação moral. 
Na coação moral, não há aplicação da força física, mas de ameaça ou intimidação, 
feita através da promessa de um mal, para que se determine o coato à realização do fato criminoso. O coagido 
poderá optar. 
No caso da coação moral, o fato é revestido de tipicidade, mas não é culpável, em 
face da inexigibilidade de conduta diversa. 
Portanto, existe o fato típico, pois a ação é juridicamente relevante, mas não se há 
falar em culpabilidade, aplicando-se a regra do art. 22, 1ª parte (causa de exclusão da culpabilidade). 
Em síntese: 
Coação física irresistível: causa de exclusão da tipicidade 
Coação moral irresistível: causa de exclusão da culpabilidade 
Coação moral resistível: atenuante (art. 65, III, “c”, CP) 
 
 
COAÇÃO FÍSICA 
IRRESISTÍVEL
Sujeito é forçado 
fisicamente a 
praticar o fato típico
CAUSA DE 
EXCLUSÃO DA 
TIPICIDADE
COAÇÃO MORAL 
IRRESISTÍVEL
Sujeito é ameaçado 
ou intimidado a 
praticar o fato típico
CAUSA DE 
EXCLUSÃO DA 
CULPABILIDADE
COAÇÃO MORAL 
RESISTÍVEL
Sujeito é ameaçado 
ou intimidado a 
praticar o fato típico, 
mas poderia resistir
ATENUANTE (ART. 
65, III, "C", CP)
 
 
 
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11 
 
b) Movimentos reflexos 
Os atos reflexos não dependem da vontade, uma vez que são reações motoras, 
secretórias ou fisiológicas, produzidas pela excitação de órgãos do corpo humano. 
 
Ex. tosse, espirro, etc. 
 
c) Estados de inconsciência 
Consciência “é o resultado da atividade das funções mentais. Não se trata de uma 
faculdade do psiquismo humano, mas do resultado do funcionamento de todas elas”. 
Quando essas funções mentais não funcionam adequadamente se diz que há estado 
de inconsciência, que é incompatível com a vontade, e sem vontade não há ação. 
A doutrina tem catalogado como exemplos de estados de inconsciência a hipnose, o 
sonambulismo a narcolepsia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VontadeConsciência
Conduta
Ação ou 
Omissão 
•Coação física 
irresistível
•Movimentos 
reflexos
Fato 
atípico
•Hipnose
•Sonambulismo
•Narcolepsia
Fato 
atípico
 
 
 
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2ª Fase 
 
12 
 
2.2) DA OMISSÃO E SUAS FORMAS 
I) CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS 
São os que se perfazem com a simples conduta negativa do sujeito, 
independentemente da produção de qualquer consequência posterior. A norma que os contém, ao 
invés de um mandamento negativo (não furtarás, p. ex.), determina um comportamento positivo. 
Então, o crime consiste em o sujeito amoldar a sua conduta à descrição legal por ter 
deixado de observar o mandamento proibitivo determinado pela norma. Ele não cumpre o dever de agir 
contido implicitamente na norma incriminadora. 
Nos crimes omissivos basta a abstenção, é suficiente a desobediência ao dever de 
agir para que o delito se consume. A OBRIGAÇÃO DO AGENTE É DE AGIR E NÃO DE EVITAR O 
RESULTADO. O resultado que eventualmente surgir dessa omissão será irrelevante para a consumação do 
crime, podendo apenas configurar uma majorante ou uma qualificadora. 
 
Ex: Omissão de socorro 
 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, 
à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão 
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
 
 
Ex: Abandono material 
 
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho 
menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) 
anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia 
judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, 
gravemente enfermo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior 
salário mínimo vigente no País. 
 
 
 
 
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13 
 
 
 
 
II) CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS POR OMISSÃO – Art. 13, § 2º 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente 
é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou 
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
(...) 
Relevância da omissão 
2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e 
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do 
resultado. 
 
 
 
 
Nos crimes omissivos impróprios, o agente não tem simplesmente a obrigação de 
agir, mas a OBRIGAÇÃO DE AGIR PARA EVITAR UM RESULTADO, isto é, deve agir com a finalidade de 
impedir a ocorrência de determinado evento. Nos crimes comissivos por omissão há, na verdade, um crime 
material, isto é, um crime de resultado. 
O Código Penal regulou expressamente as hipóteses em que o agente assume a 
condição de garantidor. 
C
R
IM
E
S
 O
M
IS
S
IV
O
S
 
P
R
Ó
P
R
IO
S
DEVER DE AGIR
NÃO TEM O DEVER DE 
IMPEDIR O RESULTADO
NÃO RESPONDE PELO 
RESULTADO
PODE CONFIGURAR 
MAJORANTE ou
QUALIFICADORA
EX: ART. 135, 
PARÁGRAFO ÚNICO, CP
NORMA PENAL 
ESPECÍFICA
DESCREVE CONDUTA 
OMISSIVA
EX: ART. 135 CP 
ART. 244 CP
MANDAMENTAL
CRIME DE MERA 
CONDUTA
NÃO ADMITE 
TENTATIVA
CONDUTA 
OMISSIVA
ART. 13, §2º CP RESULTADO
 
 
 
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14 
 
De fato, para que alguém responda por crime comissivo por omissão é 
preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado, previsto no artigo 13, § 2º: 
 
a) Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância 
 
É um dever legal, decorrente de lei, aliás, o próprio texto legal o diz. Dever esse que 
aparece numa série de situações, como, por exemplo, o dever de assistência que se devem mutuamente os 
cônjuges, que devem os pais aos filhos, etc. 
Nesses casos, se o sujeito, em virtude de sua abstenção, descumprindo o dever de 
agir, não busca evitar o resultado é considerado, pelo Direito Penal, como se o tivesse causado. 
 
Ex: Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores: 
I - dirigir-lhes a criação e educação; 
II - tê-los em sua companhia e guarda; 
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; 
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais 
não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; 
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após 
essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; 
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; 
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade 
e condição. 
 
Ex: Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: 
I - fidelidade recíproca; 
II - vida em comum, no domicílio conjugal; 
III - mútua assistência; 
IV - sustento, guarda e educação dos filhos; 
V - respeito e consideração mútuos. 
 
 
 
b) De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado 
 
A doutrina não fala mais em dever contratual, uma vez que a posição de garantidor 
pode advir de situações em que não existe relação jurídica entre as partes. O importante é que o sujeito 
se coloque em posição de garante da não-ocorrência do resultado, haja contrato ou não, como nas 
hipóteses em que voluntariamente assume encargo sem mandato ou função tutelar. 
 
 
 
 
 
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15 
 
Ex: 
- vizinha – filho 
- médico de plantão 
- engenheiro – defeito no prédio que desabou 
 
c) Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado 
 
Nesta hipótese, o sujeito, com o comportamento anterior, cria situação de perigo 
para bens jurídicos alheios penalmente tutelados, de sorte que, tendo criado o risco, fica obrigado a 
evitar que ele se degenere ou desenvolva para o dano ou lesão. 
Não importa que o tenha feito voluntariamente ou involuntariamente, dolosa ou 
culposamente; importa é que com sua ação ou omissão originou uma situação de risco ou agravou uma 
situação já existente. 
Nucci: Alguém joga outro na piscina, por ocasião de um trote acadêmico, sabendo 
que a vítima não sabe nadar. Fica obrigado a intervir, impedindo o resultado trágico, sob pena de responder 
por homicídio. 
 
 
 
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16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRIMES 
OMISSIVOS 
IMPRÓPRIOS
(Art. 13, §2º, CP)
NÃO HÁ NORMA 
ESPECÍFICA 
DESCREVENDO A 
OMISSÃO
DEVER DE AGIR 
+ 
IMPEDIR O 
RESULTADO
O DEVER DE AGIR 
INUMBE A QUEM
(Art. 13, §2º CP)
a) tenha por lei 
obrigação de 
cuidado, proteção 
ou vigilância
Ex: pais perante 
os filhos (art. 
1.634 CC);
mútua assistência 
entre os cônjuges 
(art. 1.566 CC)
b) de outra forma, 
assumiu a 
responsabilidade 
de impedir o 
resultado
Ex: médico 
plantonista; 
babá; 
diretora de escola 
c) com seu 
comportamento 
anterior, criou o 
risco da 
ocorrência do 
resultado.
Ex: trote 
acadêmico
RESPONDE PELO 
RESULTADO 
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CONDUTA
AÇÃO
OMISSÃO
CRIME 
OMISSIVO 
PRÓPRIO
Dever de 
agir
Norma penal 
específica
Descreve 
conduta 
omissiva
Mandamental
Crime de 
mera 
conduta
Não admite 
tentativa
Não responde 
pelo resultado
Qualificadora
Majorante
CRIME 
OMISSIVO 
IMPRÓPRIO
Não há norma 
específica 
descrevendo a 
omissão
Dever de agir 
+ 
impedir o 
resultado
Art. 13, 
§2º CP
a) Lei
b) 
Garantidor
c) Criação 
do Risco
Responde pelo 
resultado
 
 
 
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18 
 
QUESTÃO 2 - V EXAME OAB 
Joaquina, ao chegar à casa de sua filha, Esmeralda, deparou-se com seu genro, Adaílton, mantendo relações 
sexuais com sua neta, a menor F.M., de 12 anos de idade, fato ocorrido no dia 2 de janeiro de 2011. 
Transtornada com a situação, Joaquina foi à delegacia de polícia, onde registrou ocorrência do fato criminoso. 
Ao término do Inquérito Policial instaurado para apurar os fatos narrados, descobriu-se que Adaílton vinha 
mantendo relações sexuais com a referida menor desde novembro de 2010. Apurou-se, ainda, que Esmeralda, 
mãe de F.M., sabia de toda a situação e, apesar de ficar enojada, não comunicava o fato à polícia com receio 
de perder o marido que muito amava. 
Na condição de advogado(a) consultado(a) por Joaquina, avó da menor, responda aos itens a seguir, 
empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Adaílton praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,3) 
b) Esmeralda praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,5) 
c) Considerando que o Inquérito Policial já foi finalizado, deve a avó da menor oferecer queixa-crime? (Valor: 
0,45) 
 
QUESTÃO 04 – X EXAME OAB 
Erika e Ana Paula, jovens universitárias, resolvem passar o dia em uma praia paradisíaca e, de difícil acesso 
(feito através de uma trilha), bastante deserta e isolada, tão isolada que não há qualquer estabelecimento 
comercial no local e nem mesmo sinal de telefonia celular. As jovens chegam bastante cedo e, ao chegarem, 
percebem que além delas há somente um salva-vidas na praia. Ana Paula decide dar um mergulho no mar, 
que estava bastante calmo naquele dia. Erika, por sua vez, sem saber nadar, decide puxar assunto com o 
salva-vidas, Wilson, pois o achou muito bonito. Durante a conversa, Erika e Wilson percebem que têm vários 
interesses em comum e ficam encantados um pelo outro. Ocorre que, nesse intervalo de tempo, Wilson 
percebe que Ana Paula está se afogando. Instigado por Erika, Wilson decide não efetuar o salvamento, que 
era perfeitamente possível. Ana Paula, então, acaba morrendo afogada. 
Nesse sentido, atento(a) apenas ao caso narrado, indique a responsabilidade jurídico-penal de Erika e Wilson. 
(Valor: 1,25) 
O examinando deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do dispositivo 
legal não pontua. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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19 
 
 DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE (IMPORTANTE) – Art. 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
03
13
CONDUTA RESULTADO 
CONCAUSA INDEPENDENTE 
ABSOLUTAMENTE 
DEPENDENTE 
Por si só 
produziu o 
resultado 
Teve origem 
na conduta 
ABSOLUTAMENTE 
Não teve 
origem na 
conduta 
PREEXISTENTE 
CONCOMITANTE 
SUPERVENIENTE 
RELATIVAMENTE 
Teve origem 
na conduta 
PREEXISTENTE 
CONCOMITANTE 
SUPERVENIENTE 
RELATIVAMENTE 
Não teve 
origem na 
conduta 
 
 
 
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Pela própria denominação (nexo causal) é possível perceber que consiste no vínculo 
ou liame de causa e efeito entre a ação e o resultado do crime. 
Via de regra, a conduta do agente produz o resultado criminoso de forma direta. 
Trata-se de relação de causa (conduta) e efeito (resultado): Nexo de causalidade. 
Todavia, pode ocorrer que, aliada à conduta do agente, outra causa contribua para 
o resultado. É a chamada concausa. 
Esta “concausa” pode ser absolutamente independente ou relativamente 
independente, dependendo se teve ou não origem na conduta do agente. 
 
3.1) CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
I) CONCEITO 
São aquelas que têm origem totalmente diversa da conduta. O advérbio de 
intensidade “absolutamente” serve para designar que a causa não partiu da conduta, mas de fonte totalmente 
distinta. 
Além disso, por serem independentes, tais causas atuam como se tivessem por si 
sós produzido o resultado, situando-se fora da linha de desdobramento causal da conduta. 
Há, na verdade, uma quebra do nexo causal. 
II) ESPÉCIES DE CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
 
a) Preexistentes 
Existem antes de a conduta ser praticada e atuam independentemente de seu 
cometimento, de maneira que com ou sem a ação o resultado ocorreria do mesmo modo. 
 
Ex: “A” desfecha um tiro de revólver em “B”, que vem a falecer pouco depois, não 
em conseqüência dos ferimentos recebidos, mas porque antes ingerira veneno. 
 
b) Concomitantes 
São as causas que não têm nenhuma relação com a conduta e produzem o resultado 
independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que a ação é 
realizada. 
 
 
 
 
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Ex: “A” fere “B” no mesmo momento em que este vem a falecer exclusivamente 
por força de um ataque cardíaco. 
 
c) Supervenientes 
São causas que atuam após a conduta. 
 
Ex: “A” ministra veneno na alimentação de “B” que, quando está tomando a 
refeição, vem a falecer em consequência de um desabamento ou posterior atropelamento. 
 
III) CONSEQUÊNCIAS DAS CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
Quando a causa é absolutamente independente da conduta do sujeito, o problema 
é resolvido pelo caput do art. 13: Há exclusão da causalidade decorrente da conduta. Ou seja, o 
agente responde somente por aquilo que deu causa. 
Nos exemplos, a causa da morte não tem ligação alguma com o comportamento do 
agente. Em face disso, ele não responde pelo resultado morte, mas sim pelos atos praticados antes de sua 
produção. Isso porque ocorreu quebra do nexo causal. 
CUIDADO: Se o enunciado apontar dolo de lesão corporal, por exemplo, o agente 
responderá por aquilo que deu causa: lesão corporal (leve, grave ou gravíssima). 
 
 
QUESTÃO 03 – OAB – 2010-02 
Pedro, almejando a morte de José, contra ele efetua disparo de arma de fogo, acertando-o na região toráxica. 
José vem a falecer, entretanto, não em razão do disparo recebido, mas porque, com intenção suicida, havia 
ingerido dose letal de veneno momentos antes de sofrer a agressão, o que foi comprovado durante instrução 
processual. Ainda assim, Pedro foi pronunciado nos termos do previsto no artigo 121, “caput”, do Código 
Penal. 
Na condição de Advogado de Pedro: 
I. Indique o recurso cabível; 
II. O prazo de interposição; 
III. A argumentação visando à melhoria da situação jurídica do defendido. 
Indique, ainda, para todas as respostas, os respectivos dispositivos legais. 
 
 
 
 
 
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3.2) CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES 
 
I) CONCEITO 
Causa relativamente independente é a que, funcionando em face da conduta 
anterior, conduz-se como se por si só tivesse produzido o resultado. 
Como são causas independentes, produzem por si sós o resultado,não se situando 
dentro da linha de desdobramento causal da conduta. Por serem, no entanto, apenas relativamente 
independentes, encontram sua origem na própria conduta praticada pelo agente. 
Aqui não há, de regra, uma quebra do nexo causal, mas uma soma entre as causas, 
que, ao final, conduzem ao resultado lesivo. 
 
II) ESPÉCIES DE CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES 
 
a) Preexistentes 
São as que atuam antes da conduta. 
 
Ex: “A” desfere um golpe de faca na vítima, que é hemofílica e vem a morrer em 
face da conduta, somada à contribuição de seu peculiar estado fisiológico. No caso, o golpe isoladamente seria 
insuficiente para produzir o resultado fatal, de modo que a hemofilia atuou de forma independente, produzindo 
por si só o resultado. 
 
b) Concomitantes 
São as causas que atuam exatamente no instante em que a ação é realizada. 
 
Ex: considera-se o ataque à vítima, por meio de faca, que, no exato momento da 
agressão, sofre ataque cardíaco, vindo a falecer, apurando-se que a soma desses fatores (causas) produziu a 
morte, já que a agressão e o ataque cardíaco, considerados isoladamente, não teriam o condão do produzir o 
resultado morte. 
 
 
 
 
 
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c) Supervenientes 
São as causas que ocorrem depois da conduta praticada pelo agente. 
 
Ex. A vítima de um atentado é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo, 
por esse motivo, a falecer. A causa é independente, porque a morte foi provocada pelo acidente e não pelo 
atentado, mas essa independência é relativa, já que, se não fosse o ataque, a vítima não estaria na ambulância 
acidentada e não morreria. Tendo atuado posteriormente à conduta, denomina-se causa superveniente. 
 
III) CONSEQUÊNCIA DAS CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES 
 
No caso das causas preexistentes e concomitantes, como existe nexo causal, o 
agente responderá pelo resultado, a menos que não tenha concorrido para ele com dolo ou culpa. 
Na hipótese das causas supervenientes, embora exista nexo físico-naturalístico, 
a lei, por expressa disposição do art. 13, § 1º, que excepcionou a regra geral, manda desconsiderá-lo, não 
respondendo o agente jamais pelo resultado, mas tão-somente pelos fatos anteriores. 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, 
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa 
a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Superveniência de causa independente 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente 
independente exclui a imputação quando, por si só, 
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, 
imputam-se a quem os praticou. 
 
Durante uma grave discussão, ocorrida no serviço, Licurgo Moicano agrediu Coitinho Lelo com uma paulada 
na cabeça, com a intenção de matá-lo. Atendido com rapidez, Coitinho Lelo foi colocado dentro de uma 
ambulância que rumou para o Pronto Socorro Municipal. No trajeto, a ambulância capotou, vindo Coitinho Lelo 
a falecer em razão do acidente. Diante do fato e à luz do ordenamento jurídico penal, responda se Licurgo 
Moicano deve ser responsabilizado penalmente? Em caso afirmativo, indique qual o crime, empregando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
 
 
3.4) COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS E INFECÇÃO HOSPITALAR 
Se a causa superveniente está na linha do desdobramento físico ou anátomo-
patológico da ação, o resultado é atribuído ao agente. Trata-se de causa dependente. Não rompem, portanto, 
o nexo causal, e o agente responderá pelo resultado se o tiver causado por dolo ou culpa. 
 
 
 
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Tratando-se, contudo, de causa inesperada e inusitada, fato que somente as 
peculiaridades de cada caso concreto podem ditar, ficará rompido o nexo causal, passando a concausa a ser 
considerada superveniente relativamente independente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DO CRIME DOLOSO E CULPOSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
04
13
EVENTUAL 
PREVISÃO RESULTADO 
ASSUME O RISCO 
ACEITA RESULTADO 
DIRETO 
DOLO 
QUER RESULTADO 
MODALIDADES 
CONSCIENTE 
PREVISÃO RESULTADO 
considera QUE O RESULTADO 
NÃO VAI OCORRER 
Considera PODER EVITAR 
RESULTADO 
CULPA 
NEGLIGÊNCIA 
IMPRUDÊNCIA 
IMPERÍCIA 
 
 
 
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4.1) DO CRIME DOLOSO – Art. 18, I 
DOLO é a vontade consciente de praticar a conduta típica. 
I) ESPÉCIES DE DOLO 
a) Dolo direto 
No dolo direto o agente quer o resultado representado como fim de sua ação. A 
vontade do agente é dirigida à realização do fato típico. 
 
Ex: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção de matá-la. O dolo se 
projeta de forma direta no resultado morte. 
 
b) Dolo eventual 
Ocorre o dolo eventual quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, isto 
é, admite e aceita o risco de produzi-lo. 
O agente não quer o resultado, pois se assim fosse haveria dolo direto. Ele antevê 
o resultado e age. A vontade não se dirige ao resultado (o agente não quer o evento, mas sim à conduta, 
prevendo que esta pode produzir o resultado). Percebe que é possível causar o resultado e, não obstante, 
realiza o comportamento. Entre desistir da conduta e causar o resultado, prefere que este se produza. 
Sobre o dolo eventual, o Código Penal adota a teoria positiva do consentimento, 
segundo a qual o sujeito não leva em conta em conta a possibilidade do evento previsto, agindo e assumindo 
o risco de sua produção. 
 
4.2) DO CRIME CULPOSO – Art. 18, II 
I) CONCEITO 
O legislador limita-se a prever genericamente a ocorrência da culpa, sem defini-la. 
Com isso, para a adequação típica será necessário mais do que simples correspondência entre conduta e 
descrição típica. Torna-se imprescindível que se proceda a um juízo de valor sobre a conduta do agente no 
caso concreto, comparando-a com a que um homem de prudência média teria na mesma situação. 
Ex: homicídio culposo (art. 121, § 3º). 
Para resolver a questão da tipicidade do fato, não é suficiente o processo de 
adequação típica, uma vez que o tipo culposo não é precisamente definido em face da diversidade imensa das 
formas de conduta. O juiz, então, tem de estabelecer um critério para considerar típica a conduta: “toda ação 
 
 
 
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que, com um resultado suscetível de constituir o fato delituoso, não apresenta características do ‘cuidado a 
observar-se nas relações com os demais’, é ação típica do crime culposo”. 
É a denominada previsibilidade objetiva: é de se exigir a diligência necessária 
objetiva quando o resultado produzido era previsível para um homem comum, nas circunstâncias 
em que o sujeito realizou a conduta. O cuidado necessário deve ser objetivamente previsível. É 
típica a conduta que deixou de observar o cuidado necessário objetivamente previsível. 
 
II) MODALIDADES DE CULPA 
a) Imprudência 
É a prática de um fato perigoso. 
Ex. dirigir em alta velocidade em via movimentada. 
 
B) Negligência 
É a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado. 
Ex. deixar arma de fogo ao alcance de uma criança. 
 
c) Imperícia 
É a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. Consiste na incapacidade 
ou faltade conhecimento necessário para o exercício de determinado mister. 
Ex. médico que deixa de tomar as cautelas devidas de assepsia em uma sala de 
cirurgia, demonstrando sua nítida inaptidão para o exercício profissional, situação que provoca a morte do 
paciente. 
 
III) CULPA CONSCIENTE 
Na culpa consciente o resultado é previsto pelo sujeito, que espera levianamente 
que não ocorra ou que possa evitá-lo, confiando na sua atuação para impedir o resultado. É a chamada culpa 
com previsão. 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO 4 - 2010-03 
Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava seu automóvel 
tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal começa a discutir 
asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao automóvel. Muito assustada, 
Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do veículo, pois àquela velocidade não seria 
possível controlar o automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e 
refutando qualquer possibilidade de perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, em 
razão da velocidade empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelar três pessoas que estavam na 
calçada, vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e ouvidos 
Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, Caio foi denunciado pelo 
Ministério Público pela prática do crime de homicídio na modalidade de dolo eventual, três vezes em concurso 
formal. Recebida a denúncia pelo magistrado da vara criminal vinculada ao Tribunal do Júri da localidade e 
colhida a prova, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos exatos termos da inicial. 
Na qualidade de advogado de Caio, chamado aos debates orais, responda aos itens a seguir, empregando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual(is) argumento(s) poderia(m) ser deduzidos em favor de seu constituinte? (Valor: 0,4) 
b) Qual pedido deveria ser realizado? (Valor: 0,3) 
c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição deveria 
ser dirigida? (Valor: 0,3) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DA CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
5.1) DA CONSUMAÇÃO – Art. 14, I, CP 
I) CONCEITO 
Determina o artigo 14, I, do CP que o crime se diz consumado “quando nele se 
reúnem todos os elementos de sua definição legal”. 
É o tipo penal integralmente realizado, ou seja, quando o fato praticado pelo agente 
se enquadra no tipo abstrato. 
II) ITER CRIMINIS 
Há um caminho que o crime percorre, desde o momento em que germina, como 
idéia, no espírito do agente, até aquele em que se consuma no ato final. A esse itinerário que o crime percorre, 
desde o momento da concepção até aquele em ocorre a consumação, chama-se iter criminis e compõe-se de 
uma fase interna (cogitação) e de uma fase externa (atos preparatórios, executórios e consumação). 
Portanto, o Iter criminis é o conjunto de fases pelas quais passa o delito. É o caminho 
do crime. Compõe-se das seguintes etapas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Cogitação 
O primeiro momento do iter criminis é a chamada cogitatio. É na mente do ser 
humano que se inicia o movimento criminoso. É a elaboração mental da resolução criminosa que começa a 
ganhar forma, debatendo-se entre os motivos favoráveis e desfavoráveis, e desenvolve-se até a deliberação 
e propósito final, isto é, até que se firma a vontade cuja concretização constituirá o crime. 
A cogitação não constitui fato punível. 
05
13
a) COGITAÇÃO 
b) ATOS PREPARATÓRIOS 
c) EXECUÇÃO 
d) CONSUMAÇÃO 
 
 
 
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No entanto, há casos em que já constitui delito o desígnio ou propósito de vir a 
cometê-lo, como sucede com a conspiração, a incitação ao crime (art. 286), o bando ou quadrilha (art. 288), 
em que há o propósito delituoso, ou a intenção revelada de vir a praticá-lo. 
b) Atos preparatórios 
O passo seguinte é a preparação da ação delituosa que se constitui dos chamados 
atos preparatórios, que são externos ao agente, que passa da cogitação à ação objetiva: arma-se dos 
instrumentos necessárias à prática da infração penal, procura o local mais adequado ou a hora mais favorável 
para a realização do crime. 
É a fase de exteriorização da ideia do crime, através de atos, que começam a 
materializar a perseguição ao alvo idealizado. 
Assim, como exemplos de atos preparatórios, temos: 
a aquisição de arma para a prática de um homicídio ou a de uma chave falsa para o 
delito de furto; e o estudo do local onde se quer praticar o roubo. 
 
Os atos preparatórios também não são puníveis, salvo quando o legislador os define 
como atos executórios de outro delito autônomo. Nesses casos, o sujeito pratica crime não porque realizou 
atos preparatórios do crime que pretendia cometer no futuro, mas sim porque praticou atos executórios de 
outro delito. 
Ex. aquele que, desejando cometer uma falsidade, fabrica aparelho próprio para 
isso, responde pelo crime do art. 291 (petrechos para falsificação de moeda). É punido não porque realizou 
ato preparatório (a fabricação do instrumento) da falsidade futura, mas porque realizou a conduta descrita no 
dispositivo citado. 
 
c) Execução 
Dos atos preparatórios passa-se, naturalmente, aos atos executórios. Atos de 
execução são os dirigidos diretamente à prática do crime. 
É a fase da realização da conduta designada pelo núcleo da figura típica, constituída, 
como regra, de atos idôneos para chegar ao resultado, mas também daqueles que representarem atos 
imediatamente anteriores a estes, desde que se tenha certeza do plano concreto do autor. 
Ex. comprar um revólver para matar a vítima é apenas a preparação do crime de 
homicídio, embora dar tiros do ofendido signifique atos idôneos para chegar ao núcleo da figura típica “matar”. 
 
 
 
 
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d) Consumação 
É o momento de conclusão do delito, reunindo todos os elementos do tipo penal. 
 
5.2) DA TENTATIVA – Art. 14, II, CP 
I) CONCEITO 
TENTATIVA é a execução iniciada de um crime, que não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. 
É a não-consumação de um crime, cuja execução foi iniciada, por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. 
II) ELEMENTOS DA TENTATIVA 
A tentativa é a figura truncada de um crime. Deve possuir o que caracteriza o crime, 
menos a consumação. 
São elementos da tentativa: 
 
 
 
 
 
 
 
a) Início da execução do crime 
É bastante nebulosa a linha demarcatória que separa os atos preparatórios não 
puníveis dos atos de execução puníveis. 
O legislador, no art. 14, II, estabelece essa divisão ao fazer referência ao início da 
execução. Não obstante isso, a dúvida persiste, uma vez que o conteúdo de significado da mencionada 
expressão gera sérias divergências ao ser aplicado concretamente. 
O início da execução é invariavelmente constituído de atos que principiem a 
concretização do tipo penal. 
Para esta teoria, exige-se a existência de uma ação que penetre na fase executória 
do crime. Uma atividade que se dirija no sentido da realização de um tipo penal. 
a) Início da execução do crime 
b) não-consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente.DIREITO PENAL 
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A tentativa somente é punível a partir do momento em que a ação penetra na fase 
de execução. Só então se pode precisar a direção do atuar voluntário do agente no sentido de determinado 
tipo penal. 
 
b) Não consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente 
 
Iniciada a execução de um crime, ela pode ser interrompida por dois motivos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRIME CULPOSO 
CRIMES PRETERDOLOSOS 
CONTRAVENÇÕES PENAIS 
CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS 
CRIMES UNISSUBSISTENTES 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA 
ARREPENDIMENTO EFICAZ 
 
 
 
 
 
Crimes que NÃO admitem 
TENTATIVA 
 
 
 
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 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ – Art. 15 
 
6.1) CONCEITO 
A desistência voluntária consiste numa abstenção de atividade: o sujeito cessa 
o seu comportamento delituoso. 
Ex: ladrão, dentro da residência da vítima e prestes a subtrair-lhe valores, desiste 
de consumar o furto e se retira. 
 
O arrependimento eficaz ocorre entre o término dos atos executórios e a 
consumação. 
O agente, nesse caso, já fez tudo o que podia para atingir o resultado, mas 
resolve interferir para evitar a sua consumação. 
Assim, o arrependimento eficaz verifica-se quando o agente ultimou a fase executiva 
do delito e, desejando evitar o resultado, atua para impedi-lo. 
Ex: se estava tentando matar “A”, esgota toda sua potencialidade lesiva e depois 
leva a vítima ao hospital, que, submetida a uma intervenção cirúrgica, acaba sobrevivendo, responderá 
unicamente pelas lesões corporais causadas. 
 
6.2) CONSEQUÊNCIA 
Diz a última parte do artigo 15 que, não obstante a desistência voluntária e o 
arrependimento eficaz, o agente responde pelos atos já praticados. Desta forma, retiram a tipicidade 
dos atos somente com referência ao crime cuja execução o agente iniciou. 
Assim, se o ladrão, dentro da casa da vítima, desiste de consumar o furto, responde 
por violação de domicílio (art. 150). Se desiste de consumar o homicídio, responde por lesão corporal (art. 
129) se antes ferira a vítima. 
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz excluem a tipicidade da tentativa. 
Assim, nesses casos jamais o agente responderá pelo crime tentado, mas somente pelos atos 
até então praticados. 
 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz: não consumação do delito por força 
de conduta voluntária. 
 
Tentativa: não consumação do delito por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
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13
 
 
 
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Logo, são institutos incompatíveis. 
QUESTÃO 2 - IX EXAME 
Wilson, extremamente embriagado, discute com seu amigo Junior na calçada de um bar já vazio pelo avançado 
da hora. A discussão torna-se acalorada e, com intenção de matar, Wilson desfere quinze facadas em Junior, 
todas na altura do abdômen. Todavia, ao ver o amigo gritando de dor e esvaindo-se em sangue, Wilson, 
desesperado, pega um taxi para levar Junior ao hospital. Lá chegando, o socorro é eficiente e Junior consegue 
recuperar-se das graves lesões sofridas. 
Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens 
a seguir. 
A) É cabível responsabilizar Wilson por tentativa de homicídio? (Valor: 0,65) 
B) Caso Junior, mesmo tendo sido socorrido, não se recuperasse das lesões e viesse a falecer no dia seguinte 
aos fatos, qual seria a responsabilidade jurídico-penal de Wilson? (Valor: 0,60) 
 
Questão 03 - XII EXAME 
Félix, objetivando matar Paola, tenta desferir-lhe diversas facadas, sem, no entanto, acertar nenhuma. 
Ainda na tentativa de atingir a vítima, que continua a esquivar-se dos golpes, Félix, aproveitando-se do fato 
de que conseguiu segurar Paola pela manga da camisa, empunha a arma. No momento, então, que Félix 
movimenta seu braço para dar o golpe derradeiro, já quase atingindo o corpo da vítima com a faca, ele opta 
por não continuar e, em seguida, solta Paola, que sai correndo sem ter sofrido sequer um arranhão, 
apesar do susto. Nesse sentido, com base apenas nos dados fornecidos, poderá Félix ser responsabilizado 
por tentativa de homicídio? Justifique. (Valor: 1,25) 
A resposta que contenha apenas as expressões “sim” ou “não” não será pontuada, bem como a 
mera indicação de artigo legal ou a resposta que apresente teses contraditórias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INÍCIO EXECUÇÃO DO CRIME 
TENTATIVA 
NÃO CONSUMAÇÃO POR CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS À 
VONTADE 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA 
E 
ARREPENDIMENTO EFICAZ 
INÍCIO EXECUÇÃO DO CRIME 
NÃO CONSUMAÇÃO POR 
VONTADE PRÓPRIA 
RESPONDE PELOS ATOS 
PRATICADOS 
JAMAIS POR TENTATIVA!! 
 
 
 
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 CRIME IMPOSSÍVEL – Art. 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7.1) CONCEITO 
É a tentativa não punível, porque o agente se vale de meios absolutamente 
ineficazes ou volta-se contra objetos absolutamente impróprios, tornando impossível a consumação do crime. 
É uma causa de exclusão da tipicidade. 
 
 
7.2) DELITO IMPOSSÍVEL POR INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO 
Ocorre quando o meio empregado pelo agente, pela sua própria natureza, é 
absolutamente incapaz de produzir o resultado. 
Ex. o agente querendo matar a vítima mediante veneno, ministra açúcar na 
alimentação, supondo ser arsênico. 
 
 
Ex. pretender atirar na vítima com arma defeituosa. 
Obs: a ineficácia do meio, quando relativa, leva à tentativa e não ao crime 
impossível. 
07
13
CRIME IMPOSSÍVEL 
Ineficácia Absoluta do 
Meio 
 
Impropriedade 
Absoluta do 
Objeto 
 
FATO ATÍPICO 
NÃO CONSTITUI CRIME 
 
 
 
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Há ineficácia relativa do meio quando, não obstante eficaz à produção do resultado, 
este não ocorre por circunstâncias acidentais. É o caso do agente que pretende desfechar um tiro de revólver 
contra a vítima, mas a arma nega fogo. 
Ex: uma porção de açúcar é ineficaz para matar uma pessoa normal, mas apta a 
eliminar um diabético. 
7.3) DELITO IMPOSSÍVEL POR IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO MATERIAL 
Ocorre quando inexiste o objeto material sobre o qual deveria recair a conduta, 
ou quando, pela sua situação ou condição, torna impossível a produção do resultado visado pelo agente. 
A pessoa ou a coisa sobre que recai a conduta é absolutamente inidônea para a 
produção de algum resultado lesivo. 
 
Ex: “A”, pensando que seu desafeto está a dormir, desfere punhaladas, vindo a 
provar-se que já estava morto; 
Obs: a impropriedade não pode ser relativa, pois nesse caso haverá tentativa. 
Há impropriedade relativa do objeto quando: 
a) uma condição acidental do próprio objeto material neutraliza a eficiência do meio 
usado pelo agente; 
b) presente o objeto na fase inicial da conduta, vem a ausentar-se no instante do 
ataque: 
Ex: a cigarreira da vítima desvia o projétil; o agente dispara tiros de revólver no 
leito da vítima, que dele saíra segundos antes. 
 
QUESTÃO 3 – IX EXAME 
Mário está sendo processado por tentativa de homicídio uma vez que injetou substância venenosa em Luciano, 
com o objetivo de matá-lo.No curso do processo, uma amostra da referida substância foi recolhida para 
análise e enviada ao Instituto de Criminalística, ficando comprovado que, pelas condições de armazenamento 
e acondicionamento, a substância não fora hábil para produzir os efeitos a que estava destinada. Mesmo 
assim, arguindo que o magistrado não estava adstrito ao laudo, o Ministério Público pugnou pela pronúncia 
de Mário nos exatos termos da denúncia. 
Com base apenas nos fatos apresentados, responda justificadamente. 
A) O magistrado deveria pronunciar Mário, impronunciá-lo ou absolvê-lo sumariamente? (Valor: 0,65) 
B) Caso Mário fosse pronunciado, qual seria o recurso cabível, o prazo de interposição e a quem deveria ser 
endereçado? (Valor: 0,60) 
 
 
 
 
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 ERRO DE TIPO (IMPORTANTE) – Art. 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
08
13
Aberratio Criminis 
 
Exclusão FATO 
ATÍPICO 
 
DOLO 
 
ERRO DE 
TIPO 
Acidental 
 
Essencial 
 
art. 74, CP 
CULPA 
 
Erro do Objeto 
 
Erro Sobre Pessoa 
 
Aberratio Ictus 
 
art.20, § 3°, CP 
art. 73 CP 
Vencível 
 
Invencível 
 
EXCLUSÃO DO DOLO 
 
RESPONDE POR 
CULPA, SE TIVER 
PREVISÃO LEGAL 
 
 
 
 
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8.1) CONCEITO 
A figura típica (ou tipo legal) é composta de elementos específicos ou elementares. 
Em outras palavras, os “elementos constitutivos do tipo” tratam de cada componente que constitui o modelo 
legal de conduta proibida. 
Ex: No crime de homicídio temos os seguintes elementos: matar + alguém. O erro 
sobre qualquer desses elementos pode levar ao erro de tipo. 
O erro de tipo pode recair sobre uma circunstância qualificadora. 
Ex: No crime de lesão corporal seguida de aborto, o sujeito não responde por este 
crime se desconhecia o estado de gravidez da vítima. É que neste caso ele supõe inexistente uma circunstância 
do crime (o estado de gravidez da vítima), subsistindo o tipo fundamental doloso (lesão corporal leve). 
O erro de tipo sempre exclui o dolo, seja invencível ou vencível, podendo, no 
entanto, dependendo do caso concreto, levar à punição por crime culposo, se previsto em lei. 
8.2) ERRO DE TIPO ESSENCIAL 
É o erro que incide sobre as elementares e circunstâncias do tipo. 
Daí no nome erro essencial: incide sobre situação de tal importância para o tipo que, 
se o erro não existisse, o agente não teria cometido o crime, ou, pelo menos, não naquelas circunstâncias. 
Portanto, há erro de tipo essencial quando a falsa percepção da realidade impede o 
sujeito de compreender a natureza criminosa do fato. 
O erro de tipo essencial se subdivide em: INVENCÍVEL OU VENCÍVEL. 
 
A) INVENCÍVEL (OU ESCUSÁVEL) 
Ocorre quando não pode ser evitado pela normal diligência. Qualquer pessoa, 
empregando a diligência ordinária exigida pelo ordenamento jurídico, nas condições em que se viu o sujeito, 
incidiria em erro. 
Ex. o agente se embrenha em mata virgem e fechada, distante de qualquer centro 
urbano, com a intenção de caçar capivara. Pelas tantas, vislumbra um vulto se movimentando pela intensa 
vegetação. Supondo ser um animal, efetua um disparo. Atinge o alvo e constata, para sua surpresa, que 
abateu não um animal, mas um ser humano que, por coincidência, também caçava por ali. 
 
 
 
 
 
 
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O erro de tipo essencial invencível exclui o dolo e a culpa, pois o sujeito não 
age dolosa ou culposamente. 
 
B) ERRO VENCÍVEL (OU INESCUSÁVEL) 
 
Ocorre quando pode ser evitado pela diligência ordinária, resultando de imprudência 
ou negligência. Qualquer pessoa, empregando a prudência normal exigida pela ordem jurídica, não cometeria 
o erro em que incidiu o sujeito. 
É o erro evitável, indesculpável ou inescusável (cuidado: vencível = inescusável): 
poderia ter sido evitado se o agente empregasse mediana prudência. 
 
Ex. Suponha-se que o agente vá caçar em mata próxima a zona urbana, onde 
costumam passar pessoas, e efetua um disparo de arma de fogo contra um vulto pensando ser um animal, 
atingindo, na verdade, uma pessoa que passava pelo local, matando-a. No caso, não obstante ter se verificado 
o erro de tipo, o erro, pelas circunstâncias, não era plenamente justificável, porquanto o agente agiu com 
imprudência, sem o devido cuidado objetivo, devendo responder por homicídio culposo. 
 
 
O erro de tipo essencial vencível exclui o dolo, mas não a culpa, desde que 
previsto em lei o crime culposo. 
 
Enunciado VII OAB 
Larissa, senhora aposentada de 60 anos, estava na rodoviária de sua cidade quando foi abordada por um 
jovem simpático e bem vestido. O jovem pediu-lhe que levasse para a cidade de destino, uma caixa de 
medicamentos para um primo, que padecia de grave enfermidade. Inocente, e seguindo seus preceitos 
religiosos, a Sra. Larissa atende ao rapaz: pega a caixa, entra no ônibus e segue viagem. Chegando ao local 
da entrega, a senhora é abordada por policiais que, ao abrirem a caixa de remédios, verificam a existência de 
250 gramas de cocaína em seu interior. Atualmente, Larissa está sendo processada pelo crime de tráfico de 
entorpecente, previsto no art. 33 da lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006. 
Considerando a situação acima descrita e empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente, responda: qual a tese defensiva aplicável à Larissa? (valor: 1,25) 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO 1 - V EXAME 
Antônio, pai de um jovem hipossuficiente preso em flagrante delito, recebe de um serventuário do Poder 
Judiciário Estadual a informação de que Jorge, defensor público criminal com atribuição para representar o 
seu filho, solicitara a quantia de dois mil reais para defendê-lo adequadamente. Indignado, Antônio, sem 
averiguar a fundo a informação, mas confiando na palavra do serventuário, escreve um texto reproduzindo a 
acusação e o entrega ao juiz titular da vara criminal em que Jorge funciona como defensor público. Ao tomar 
conhecimento do ocorrido, Jorge apresenta uma gravação em vídeo da entrevista que fizera com o filho de 
Antônio, na qual fica evidenciado que jamais solicitara qualquer quantia para defendê-lo, e representa 
criminalmente pelo fato. O Ministério Público oferece denúncia perante o Juizado Especial Criminal, atribuindo 
a Antônio o cometimento do crime de calúnia, praticado contra funcionário público em razão de suas funções, 
nada mencionando acerca dos benefícios previstos na Lei 9.099/95. Designada Audiência de Instrução e 
Julgamento, recebida a denúncia, ouvidas as testemunhas, interrogado o réu e apresentadas as alegações 
orais pelo Ministério Público, na qual pugnou pela condenação na forma da inicial, o magistrado concede a 
palavra a Vossa Senhoria para apresentar alegações finais orais. 
Em relação à situação acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados 
e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) O Juizado Especial Criminal é competente para apreciar o fato em tela? (Valor: 0,30) 
b) Antônio faz jus a algum benefício da Lei 9.099/95? Em caso afirmativo, qual(is)? (Valor: 0,30) 
c) Antônio praticou crime? Em caso afirmativo, qual? Em caso negativo, por que razão? (Valor: 0,65) 
 
QUESTÃO 4 VI EXAME OAB 
Carlos Alberto, jovem recém-formado em Economia, foi contratado em janeiro de 2009 pela ABC Investimentos 
S.A., pessoa jurídica de direitoprivado que tem como atividade principal a captação de recursos financeiros 
de terceiros para aplicar no mercado de valores mobiliários, com a função de assistente direto do presidente 
da companhia, Augusto César. No primeiro mês de trabalho, Carlos Alberto foi informado de que sua função 
principal seria elaborar relatórios e portfólios da companhia a serem endereçados aos acionistas com o fim de 
informá-los acerca da situação financeira da ABC. Para tanto, Carlos Alberto baseava-se, exclusivamente, nos 
dados financeiros a ele fornecidos pelo presidente Augusto César. Em agosto de 2010, foi apurado, em 
auditoria contábil realizada nas finanças da ABC, que as informações mensalmente enviadas por Carlos Alberto 
aos acionistas da companhia eram falsas, haja vista que os relatórios alteravam a realidade sobre as finanças 
da companhia, sonegando informações capazes de revelar que a ABC estava em situação financeira 
periclitante. 
Considerando-se a situação acima descrita, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos 
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) É possível identificar qualquer responsabilidade penal de Augusto César? Se sim, qual(is) seria(m) a(s) 
conduta(s) típica(s) a ele atribuída(s)? (Valor 0,45) 
b) Caso Carlos Alberto fosse denunciado por qualquer crime praticado no exercício das suas funções enquanto 
assistente da presidência da ABC, que argumentos a defesa poderia apresentar para o caso? (Valor: 0,8) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DESCRIMINANTES PUTATIVAS – Art. 20, § 1º 
 
9.1) CONCEITO 
É a causa excludente da ilicitude erroneamente imaginada pelo agente. Ela não 
existe na realidade, mas o sujeito pensa que sim, porque está errado. Só existe, portanto, na mente, na 
imaginação do agente. Por essa razão, é também conhecida como descriminante imaginária ou erroneamente 
suposta. 
Logo, é possível que o sujeito, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias 
do caso concreto, suponha encontrar-se em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do 
dever legal ou em exercício regular do direito. Quando isso ocorre, aplica-se o disposto no art. 20, § 1º, 1ª 
parte. 
9.2) ESPÉCIES 
A) DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE TIPO 
É um erro de tipo essencial incidente sobre elementares de um tipo permissivo. Os 
tipos permissivos são aqueles que permitem a realização de condutas inicialmente proibidas. Compreendem 
os que descrevem as causas de exclusão da ilicitude. São espécies de tipo permissivo: 
 
 
 
 
 
 
 
Os tipos permissivos, do mesmo modo que os incriminadores (que descrevem 
crimes), são também compostos por elementos que, na verdade, são os seus requisitos. Assim, por exemplo, 
a legítima defesa possui os seguintes elementos: agressão injusta, atual ou iminente, a direito próprio ou 
alheio, moderação na repulsa e emprego dos meios necessários. 
Ocorrerá um erro de tipo permissivo quando o agente, erroneamente, imaginar uma 
situação de fato totalmente diversa da realidade, em que estão presentes os requisitos de uma causa de 
justificação. 
Os efeitos são os mesmos do erro de tipo, já que a descriminante putativa por erro 
de tipo não é outra coisa senão erro de tipo essencial incidente sobre tipo permissivo. 
09
13
a) LEGÍTIMA DEFESA 
b) ESTADO DE NECESSIDADE 
c) EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO 
d) ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL 
 
 
 
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Assim, se o erro for vencível, o agente responde por crime culposo, já que o dolo 
será excluído, da mesma forma como sucede com o erro de tipo propriamente dito; se o erro for inevitável, 
excluir-se-ão o dolo e a culpa e não haverá crime. 
Cuidando-se de erro invencível, há exclusão do dolo e culpa. 
Tratando-se de erro vencível, responde o sujeito por crime culposo, se prevista a 
modalidade culposa. Provando-se que o sujeito não foi diligente no verificar as circunstâncias do fato, responde 
por crime de homicídio culposo (art. 20, § 1º). 
 
 
 
 
 
 
B) DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE PROIBIÇÃO 
O agente tem perfeita noção de tudo o que está ocorrendo. Não há qualquer engano 
acerca da realidade. Não há erro sobre a situação de fato. Ele supõe que está diante da causa que exclui o 
crime, porque avalia equivocadamente a norma: pensa que esta permite, quando, na verdade, ela proíbe; 
imagina que age certo, quando está errado; supõe que o injusto é justo. 
O sujeito imagina estar em legítima defesa, estado de necessidade etc., porque 
supõe estar autorizado e legitimado pela norma a agir em determinada situação. 
Ex: uma pessoa de idade avançada recebe um violento tapa em seu rosto, desferido 
por um jovem atrevido. O idoso tem perfeita noção do que está acontecendo, sabe que seu agressor está 
desarmado e que o ataque cessou. Não existe, portanto, qualquer equívoco sobre a realidade concreta. Nessa 
situação, no entanto, imagina-se equivocadamente autorizado pelo ordenamento jurídico a matar aquele que 
o humilhou, atuando, assim, em legítima defesa de sua honra. 
Ocorre aqui uma descriminante (a legítima defesa é causa de exclusão da ilicitude) 
putativa (imaginária, já que não existe no mundo real) por erro de proibição (pensou que a conduta proibida 
fosse permitida). No exemplo dado, a descriminante, no caso a legítima defesa, foi putativa, pois só existe na 
mente do homicida, que imaginou que a lei lhe tivesse permitido matar. Essa equivocada suposição foi 
provocada por erro de proibição, isto, por erro sobre a ilicitude da conduta praticada. 
As consequências dessa descriminante putativa encontram-se no art. 21 do CP e são 
as mesmas do erro de proibição direto ou propriamente dito. 
ERRO INVENCÍVEL 
ERRO VENCÍVEL 
Responderá por CRIME CULPOSO 
Exclui o dolo e a culpa 
DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE TIPO 
 
 
 
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44 
 
O dolo não pode ser excluído, porque o engano incide sobre a culpabilidade e não 
sobre a conduta (por isso, erro de proibição). Se o erro for inevitável, o agente terá cometido um crime 
doloso, mas não responderá por ele; se evitável, responderá pelo crime doloso com pena diminuída de 1/6 
a 1/3. 
 
 
 
 
 
 
9.3) CONSEQUÊNCIAS 
Nosso CP, tendo adotado a teoria limitada da culpabilidade, disciplina o tema 
da seguinte forma: 
Quando o erro incide sobre os pressupostos de fato da excludente, trata-
se de erro de tipo, aplicando-se o disposto no art. 20, § 1º. 
Se invencível, há exclusão do dolo e da culpa. Exemplos acima. 
Se vencível, fica excluído o dolo, podendo o sujeito responder por crime culposo. 
(matar o vigia pensando ser o ladrão). 
Quando, entretanto, o erro do sujeito recai sobre os limites legais 
(normativos) da causa de justificação, aplicam-se os princípios do erro de proibição: se inevitável, 
há exclusão da culpabilidade; se evitável, não se exclui a culpabilidade, subsiste o crime doloso 
atenuando-se a pena (art. 21). 
QUESTÃO 1 VI EXAME OAB 
Ao chegar a um bar, Caio encontra Tício, um antigo desafeto que, certa vez, o havia ameaçado de morte. 
Após ingerir meio litro de uísque para tentar criar coragem de abordar Tício, Caio partiu em sua direção com 
a intenção de cumprimentá-lo. Ao aproximar-se de Tício, Caio observou que seu desafeto bruscamente pôs a 
mão por debaixo da camisa, momento em que achou que Tício estava prestes a sacar uma arma de fogo para 
vitimá-lo. Em razão disso, Caio imediatamente muniu-se de uma faca que estava sobre o balcão do bar e 
desferiu um golpe no abdome de Tício, o qual veio a falecer.Após análise do local por peritos do Instituto de 
Criminalística da Polícia Civil, descobriu-se que Tício estava tentando apenas pegar o maço de cigarros que 
estava no cós de sua calça. 
Considerando a situação acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados 
e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Levando-se em conta apenas os dados do enunciado, Caio praticou crime? Em caso positivo, qual? Em caso 
negativo, por que razão? (Valor: 0,65) 
b) Supondo que, nesse caso, Caio tivesse desferido 35 golpes na barriga de Tício, como deveria ser analisada 
a sua conduta sob a ótica do Direito Penal? (Valor: 0,6) 
ERRO INEVITÁVEL 
ERRO EVITÁVEL 
CRIME DOLOSO NÃO responderá 
CRIME DOLOSO Responderá com 
pena diminuída de 
1/6 a 1/3 
DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE PROIBIÇÃO 
 
 
 
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45 
 
Agente provocado 
pratica uma conduta por 
causa de um terceiro 
que o provoca. O 
agente provocado quem 
pratica o crime.
Ex: Agente 
provocador entrega 
veneno no copo para 
o agente provocado 
dar à vítima.
 ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO E ERRO DE TIPO ACIDENTAL 
 
10.1) ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO – Art. 20, § 2º 
 
Existe o erro provocado quando o sujeito a ele é induzido por conduta de terceiro. 
A provocação pode ser dolosa ou culposa. 
 
A posição do terceiro provocador é a seguinte: 
Responde pelo crime a título de dolo ou culpa, de acordo com o elemento subjetivo 
do induzimento. 
 
A posição do provocado é a seguinte: 
a) Tratando-se de erro invencível, não responde pelo crime cometido, quer a título 
de dolo, quer de culpa. 
b) Tratando-se de provocação de erro vencível, não responde pelo crime a título de 
dolo, subsistindo a modalidade culposa, se prevista na lei penal incriminadora. 
 
 
 
 
10
13
Erro 
provocado por 
terceiro
Terceiro 
provocador 
(autoria mediata)
Terceiro 
provocador 
responde pelo 
crime à título de 
dolo ou culpa
Provocado
Segue nas regras 
do erro de tipo
Se for invencível, o 
sujeito não responde 
pelo crime, seja a 
título de dolo ou culpa
Se for vencível, 
exclui-se o dolo e o 
sujeito responde por 
culpa, se houver 
previsão na 
modalidade culposa 
 
 
 
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46 
 
10.2) ERRO DE TIPO ACIDENTAL 
Incide sobre dados irrelevantes da conduta típica. Não impede o sujeito de 
compreender o caráter ilícito de seu comportamento. Mesmo que não existisse, ainda assim a conduta seria 
antijurídica. 
 
10.3) ERRO SOBRE OBJETO 
Há erro sobre objeto quando o sujeito supõe que sua conduta recai sobre 
determinada coisa, sendo que, na realidade, ela incide sobre outra. 
É o caso do sujeito subtrair farinha pensando ser açúcar. O erro é irrelevante, 
pois a tutela penal abrange a posse e a propriedade de qualquer coisa, pelo que o agente responde por 
furto. 
10.4) ERRO SOBRE PESSOA – Art. 20, § 3º 
Ocorre quando há erro de representação, em face do qual o sujeito atinge uma 
pessoa supondo tratar-se da que pretendia ofender. Ela pretende atingir certa pessoa, vindo a ofender 
outra inocente pensando tratar-se da primeira. 
Nos termos do art. 20, § 3º, 2ª parte, reza o seguinte: “Não se consideram, neste 
caso” (erro sobre pessoa), “as condições ou qualidades da vítima, senão as de pessoa contra quem o agente 
queria praticar o crime”. Significa que no tocante ao crime cometido pelo sujeito não devem ser 
considerados os dados subjetivos da vítima efetiva, mas sim esses dados em relação à vítima virtual 
(que o agente pretendia ofender). 
 
 
ERRO DE 
TIPO 
ACIDENTAL
Erro sobre 
o objeto
Erro sobre a 
pessoa 
Art. 20, §3º 
CP
Erro na 
execução 
(Aberratio 
Ictus)
Art. 73 CP
Resultado 
diverso do 
pretendido 
(Aberratio 
Criminis)
Art. 74 CP
 
 
 
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47 
 
Exs: 
a) O agente pretende cometer homicídio contra Pedro. Coloca-se de atalaia e, 
pressentindo a aproximação de um vulto e supondo tratar-se da vítima, atira e vem a matar o próprio pai. 
Sobre o fato não incide a agravante genérica prevista no art. 61, II, “e”, 1ª figura (ter cometido o crime contra 
ascendente). 
b) o agente pretende praticar um homicídio contra o próprio irmão. Põe-se de 
emboscada e, percebendo a aproximação de um vulto e o tomando pelo irmão, efetua disparos vindo a matar 
um terceiro. Sobre o fato incide a agravante do art. 61, II, “e”, 3ª figura (ter sido o crime cometido contra 
irmão). 
 
ERRO DE TIPO 
ACIDENTAL
O ERRO NÃO INFLUENCIA NA 
ESSÊNCIA DO CRIME, POIS 
MERAMENTE ACIDENTAL
ERRO SOBRE O OBJETO
SUJEITO ERRA O OBJETO O 
QUAL PRETENDE ATINGIR. 
RESPONDE PELO CRIME.
Ex: furto de bijuteria 
pensando ser de ouro; furto 
de farinha pensando ser 
açucar
ERRO SOBRE A PESSOA
SUJEITO ERRA A IDENTIDADE 
DA PESSOA. ATINGE UMA 
PESSOA SUPONDO TRATAR-
SE DE OUTRA A QUEM 
PRETENDIA OFENDER
Ex: sujeito quer matar o pai e 
acaba atingindo terceira 
pessoa; mãe, sob influência 
do estado puerperal, mata 
outra criança que não é o seu 
filho
A CONSEQUÊNCIA É QUE O 
SUJEITO RESPONDE COMO 
SE TIVESSE ATINGIDO A 
PESSOA VISADA (VIRTUAL)
CONSIDERAM-SE AS 
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS 
DA PESSOA VISADA 
(VIRTUAL)
 
 
 
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48 
 
 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (CRIME DE BAGATELA) E SÚMULA 
VINCULANTE Nº 24 STF 
 
11.1) Princípio da Insignificância 
Muitas vezes, condutas que coincidem com o tipo, do ponto de vista formal, não 
apresentam a menor relevância material. São condutas de pouco ou escasso significado lesivo, de forma que, 
nesses casos, tem aplicação o princípio da insignificância, pelo qual se permite excluir, de pronto, a tipicidade 
formal, porque, na realidade, o bem jurídico chegou a ser agravado e, portanto, não há injusto a ser 
desconsiderado. 
Ex: furto de produtos de higiene pessoal avaliados em R$ 2,65. Tentar subtrair uma 
caixinha de ovos. Subtrair apenas uma lata de sardinha, ou, ainda, na subtração, em supermercado, de simples 
escova de dentes o de um pano de prato, balas, doces, bombons ou pequenos enfeites de natal. 
Para se admitir o princípio da insignificância, além da irrelevância da ação do agente, 
é preciso que o valor da coisa subtraída seja irrisório. 
Sedimentou-se a orientação jurisprudencial no sentido de que a incidência do 
princípio da insignificância pressupõe a concomitância de quatro vetores: a) a mínima ofensividade da conduta 
do agente; b)nenhuma periculosidade social da ação; c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do 
comportamento e d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
 
 
 
 
11
13
P
R
IN
C
ÍP
IO
 D
A
 I
N
S
IG
N
IF
IC
Â
N
C
IA MÍNIMA OFENSIVIDADE DA 
CONDUTA DO AGENTE
NENHUMA PERICULOSIDADE 
SOCIAL
REDUZIDO GRAU DE 
REPROVABILIDADE DA 
CONDUTA
INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO 
JURÍDICA PROVOCADA 
 
 
 
DIREITO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
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QUESTÃO 4 – XI EXAME 
O Ministério Público ofereceu denúncia contra Lucile, imputando-lhe a prática da conduta descrita no Art. 155, 
caput, do CP. Narrou, a inicial acusatória, que no dia 18/10/2012 Lucile subtraiu, sem violência ou grave 
ameaça, de um grande estabelecimento comercial do ramo de venda de alimentos, dois litros de leite e uma 
sacola de verduras, o que totalizou a quantia de R$10,00 (dez reais). Todas as exigências legais foram 
satisfeitas: a denúncia foi recebida, foi oferecida suspensão condicional do processo e

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