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livros analisados a sibila agustina bessa luís

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Livro Analisado: A Sibila 
 
Preparação: Prof. Menalton Braff 
 
A Autora: Agustina Bessa-Luís 
 
Nasceu em Vila Meã, região do Douro, em 1922. Este ambiente, onde 
passou a infância e a adolescência, vai marcar fortemente a obra da 
autora. Sua estréia em literatura deu-se aos 26 anos, mantendo, desde 
então, um ritmo de produção poucas vezes repetido em Portugal. 
 
Atualmente sua obra passa dos cinqüenta títulos publicados. 
 
Sua consagração como escritora chega com a publicação de A Sibila, em 
1954. 
 
Já ocupou os cargos mais elevados do cenário cultural de seu país, tendo 
sido agraciada com cerca de quinze prêmios da maior importância. 
Membro de diversas academias, inclusive a Academia Brasileira de Letras, 
como membro honorário. 
 
Sua obra constitui-se principalmente de romances, contos, ensaios, 
crônicas, viagens, teatro e obras juvenis. 
 
A respeito dela assim manifestou-se o crítico e historiador literário Óscar 
Lopes: 
 
"A vocação de facto excepcional de Agustina Bessa-Luís não é a do 
romance como figuração de um mundo social, psíquica ou esteticamente 
coeso, mas a de colher momentos surpreendente microrrigor e irradiação 
instrutiva, quer em percepções objectivas, quer em vivências 
interpessoais, quer em formas de sabedoria ancestral que, precisamente, 
ponham em causa qualquer forma de ordem ou inteligibilidade aceite; 
tudo nela aponta para um 'amor' que é transcendente a valores ou a 
evidências consagradas, e que parece um Dom peculiar de gineceu ou de 
intimidade feminina." 
 
 
A Obra 
 
A Sibila, publicado em 1954, é o romance com que a autora se consagrou 
como uma das maiores escritoras de Portugal. 
 
 
Personagens: 
 
Quina - Herdeira de uma rica propriedade, dedica a vida a ampliar os bens 
da família, pois tem "faro" inigualável para os negócios. Solteira, 
dominadora, mas doce, é a personagem que ocupa a maior extensão do 
romance. Intuição aguçada, é tida como uma espécie de profetisa, por 
isso a sibila. 
 
 
 
Francisco Teixeira - Patriarca da Casa da Vessada, de pequena estatura, 
belo, uma de suas principais características é o fato de ser 
incorrigivelmente mulherengo. É o pai de Quina e seus irmãos, estróina e 
simpática, deixa os negócios da fazenda aos cuidados de Maria, a esposa 
que escolheu em situação insólita quando ela era ainda uma criança. 
 
Maria da Encarnação - Esposa de Francisco Teixeira, mulher de grande 
poder de aglutinação familiar, mas por seus silêncios e sabedoria antiga. 
Dirige a família por mais de meio século. 
 
 
Estina - Irmã mais velha de Quina. Casa e acompanha o marido, que vai 
morar na cidade. Raramente volta a herdade. Tem uma filha louca, que 
morre em circunstâncias trágicas. 
 
 
Abel - Irmão de Quina. Vai morar na cidade. É ganancioso, está sempre 
pensando na herança, que um dia deverá ser distribuída. 
 
 
João - O irmão empobrecido. Leva vida modesta em um apartamento de 
classe média. Não se envolve nos problemas familiares. 
 
 
Germa - É Germana, a personagem com que se inicia e finda o romance. 
É a partir de seu ponto de vista que toda a história é "relembrada". Moça 
moderna, filha de Abel e sobrinha de Quina. Torna-se a herdeira da Casa 
da Vessada. 
 
 
Observação: 
 
É um romance centrado em três personagens femininas, extremamente 
fortes, que se sucedem na direção da Casa da Vessada, enquanto os 
homens dedicam-se a gastar o que elas amealham. 
 
 
Ambiente: 
 
A maior parte das cenas desenvolvem-se na Casa da Vessada, rica e 
secular herdade de camponeses afidalgados. Fica no interior de Portugal, 
com sua paisagem, seus costumes e linguajar, sua economia de uma 
fazenda e o povo que por ali circula. 
 
 
Tempo: 
 
O romance abrange três gerações. Começa com Maria da Encarnação 
ainda menina, seu crescimento, o casamento e a vinda dos filhos 
(quatro), o envelhecimento e a morte. Continua com Joaquina Augusta, a 
Quina: seu nascimento, crescimento, seus conflitos, sua juventude, 
amadurecimento, envelhecimento e morte. Finalmente, Germa, filha de 
Abel, que se vê crescendo, depois de ter iniciado já adulta o romance. 
Uma intelectual, solteira e independente. Assim inicia o parágrafo final do 
romance: "Eis Germa, eis a sua vez agora e o tempo de traduzir a voz da 
sua sibila." A ela, herdeira da Casa da Vessada, cumpre manter e dirigir a 
fazenda, preservar os costumes. 
 
Num sentido proustiano, pode-se dizer que é um romance a respeito do 
tempo, sua transcorrência, e da memória, que precisa ser resgatada. 
 
 
Ponto de vista: 
 
Escrito em terceira pessoa, dá a entender um narrador-personagem 
(Germa), mas que vai estar oculta em toda a narrativa. No fim do terceiro 
parágrafo do primeiro capítulo, encontra-se esta sugestão da autora: "E, 
bruscamente, Germa começou a falar de Quina." 
 
 
Efabulação: 
 
A Sibila não é um romance de conflito, no sentido mais tradicional. Trata-
se da história de três mulheres que se sucedem na direção de uma 
fazenda, a Casa da Vessada. A criação de tais personagem, suas 
biografias morais, eis a matéria de que se compõe boa parte do livro. 
 
Maria da Encarnação, casa com um homem (Francisco Teixeira) muito 
mais velho do que ela, sofre em silêncio todas as humilhações impostas 
por seu marido, que a ama, mas que não pode resistir ao assédio de 
muitas mulheres. Enquanto ela dirige os negócios da família, ele ocupa-se 
de gastar e se divertir. Dos quatro filhos do casal, a mãe tem nítida 
preferência por Estina, que, no entanto, casa e vai embora. Sua velhice é 
protegida por Quina, a filha quase enjeitada, que vai dar continuidade a 
esta gestão feminina dos negócios. Mantém-se solteira e exerce (Quina) 
uma influência muito grande sobre a família e a comunidade, mercê de 
sua fama de sibila. É conselheira para qualquer assunto, mesmo os 
econômicos. Torna-se íntima e confidente de uma condessa do lugar, 
mulher de gosto extravagante, mas respeitada pelos fazendeiros por 
causa de sua origem. Vive setenta e seis anos e então passa o bastão 
para as mãos de Germa, a terceira mulher a ocupar a função. Mas 
enquanto Maria e Quina eram de formação e temperamento rurais, Germa 
pode representar a modernização. Urbana e intelectual (artista), com 
formação superior, hábitos, pensamento e valores em tudo diferentes das 
suas antecessoras. 
 
 
Características: 
 
Assim se manifesta a crítica a seu respeito: 
 
 
"Extraordinária no pormenor, assombrosa no golpe de vista, 
verdadeiramente genial na observação." João Gaspar Simões. 
 
 
"Dickens, num de seus romances, reclamava casos concretos para a 
elaboração narrativa. Queria fatos, muitos fatos, sempre fatos. Na 
verdade a linha natural do romance é a que deriva dos fatos para as 
palavras. No caso particular de Agustina Bessa-Luís, essa linha se inverte: 
é o fluxo das palavras que traz os episódios romanescos, por um processo 
acumulativo." Josué Montello 
 
 
"Agustina Bessa-Luís (1923-) constitui-se num verdadeiro 'caso' como 
romancista. Dona de poderosa imaginação que tudo transfigura e 
subtiliza, introduziu na prosa portuguesa um clima romanesco à Proust ou 
à Kafka, em que as figuras humanas são reduzidas a símbolos mitológicos 
vivendo histórias fora do alcance do olhar humano." 
 
Massaud Moisés 
 
 
"Uma negatividade mais radical, nascida de um ainda mais profundo 
sentido de decadência na burguesia originariamente rural, e servido por 
uma extraordinária exuberância, algo indisciplinada, de evocações, 
pormenorizadas até à alucinação ou amplificadas até aos casos 
patologicamente mais significativos, eis o que informa os romances 
caudalosos de um dos mais originais ficcionistas de hoje, Agustina Bessa-
Luís." António José Saraiva e Óscar Lopes 
 
 
Em A Sibila, Agustina Bessa-Luís vai tecendo, com pequenos detalhes, aos 
poucos, um formidável painel da sabedoria popular portuguesa,seus usos 
e desejos, suas ambições e valores. São ditados populares, informações 
aparentemente destituídas de função na narrativa, como a lingüiça 
pendurada na cozinha para defumar, instantâneos quase que 
despropositados, com tudo isso a narrativa vai-se aos poucos 
amalgamando, até que o leitor sinta na língua o sabor da tradição popular 
portuguesa.

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