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Principios da Radioterapia

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ONCOLOGIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
PRINCÍPIOS DE RADIOTERAPIA 
 
 Radioterapia é o método de tratamento das neoplasias malignas que utiliza os efeitos das irradiações 
eletromagnéticas no controle da evolução dos tumores. É, portanto, uma das modalidades de tratamento do câncer, em 
que se faz uso de radiações ionizantes, tais como: raios-X, raios gama, elétrons, prótons, nêutrons; com a finalidade de 
erradicar completamente o tumor, sem ocasionar sequelas quer de ordem anatômica ou funcional para os órgãos ou 
tecidos normais da vizinhança. É um tipo de tratamento para patologias oncológicas que dura, na maioria das vezes, 
cerca de 2 meses (35 a 40 dias úteis), com retornos a cada 10 dias para a avaliação médica do resultado do tratamento. 
A radioterapia tem a finalidade curativa (que visa ao controle do tumor com doses radicais), paliativa (que visa à 
redução do tumor sem pretensão de controle) e remissiva (que visa o alívio de compressão de estruturas neurológicas, 
vias aéreas, vísceras ocas, controle de sangramento, prevenção de fraturas, etc.). 
 Os efeitos biológicos da radiação se fazem por deposição de energia. Estes efeitos ocorrem, de início, 
principalmente na molécula de água, produzindo fenômenos de quebra de molécula com liberação de íons (H2O – H+ 
OH
-
). Estes radicais reagem com componentes nobres da célula (as moléculas de RNA e DNA) produzindo alterações de 
menor e maior importância que podem ser letais à célula, impedindo a sua capacidade de divisão. O efeito da radiação 
guarda relação íntima com as diversas fases do ciclo celular, sendo a fase de mitose e o final da fase G2 de sensibilidade 
maior. 
 Os efeitos indesejáveis que acontecem com o decorrer ou após os tratamentos radioterápicos são dependentes 
da dose, do volume e o tecido irradiado. Os tecidos de proliferação rápida (que é uma característica das células 
tumorais) – como o hematopoiético e o epitelial – são os principais acometidos pela radiação (e pela quimioterapia), 
causando as seguintes complicações: leucopenia, mucosite, dermatite actínica e alopecia. Deve-se atentar para tumores 
de cabeça e pescoço, onde é muito comum e bastante relatado quadros de xerostomia em pacientes submetidos à 
radioterapia devido ao acometimento da glândula parótida. Outra consequência da radiação focada na cabeça e pescoço 
é a irradiação das papilas gustativas e, com isso, a alteração do paladar (todo alimento passa a ter um gosto salgado), 
que, somada à anorexia da própria patologia, aumentam os transtornos ao paciente. Os tecidos orgânicos normais 
(íntegros) apresentam uma limitação quanto à radiação que for fornecida: observa-se que, no caso de lesões cancerosas 
abdominais, os rins apresentam limite de radiação de 3000 cGy (centiGray), o fígado apresente limite de 2400 cGy e 
medula com limite de 4000 cGy. O intestino delgado, por sua vez, é uma estrutura bastante sensível e de difícil 
isolamento quando se diz respeito à radioterapia. Em casos de radiação da cavidade abdominal, é comum que aconteça 
o aumento do peristaltismo, com consequente diarreia e sangramento retal. Os doentes, nestes casos, passam a 
apresentar desidratação e desnutrição severa. É necessário, portanto, a confecção de blocos de chumbo que protejam 
as áreas sensíveis e desviem o feixe radioativo apenas para a lesão. 
 
HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA RADIOTERAPIA 
 A radioterapia não difere das demais modalidades médicas quanto a sua origem. Teve inicio na base do 
empirismo, pois não se dispunha de conhecimentos de Física Médica e Radiobiologia. Os erros físicos e biológicos 
oriundos da falta de tais conhecimentos muitas vezes causaram danos aos pacientes. Os principais parâmetros de 
avaliação do tratamento eram as manifestações cutâneas que alguns pacientes apresentavam como resposta ao 
tratamento (hiperemia, eritema, descamação seca ou úmida, ulceração, etc.). Com isso, na época em que se iniciou o 
uso da radiação para fins terapêuticos, o aparelho disponível não tinha um poder penetrante, afetando apenas a pele e, 
por causa disso, concluiu-se que a dose máxima tolerável era aquela que gerava eritemas acentuados na pele do 
paciente. Contudo, na maioria das vezes, esse eritema não correspondia à dose de radiação tumoricida e, em 
consequencia disto, ocorriam as recidivas por subdosagem ou a necrose da pele por super dosagem. 
 Contudo, a radioterapia vem evoluindo muito desde a descoberta dos raios X por Roentgen, da radioatividade 
por Becquerel e o primeiro elemento radioativo – o rádio – pelo casal Curie. As principais fontes de radiação são os 
aparelhos de R-X para terapia superficial e semiprofunda e os isótopos radioativos, emissores de irradiação gama 
(Cobalto
60
, Césio
137
, Irídio
192
, Rádio
226
 e Iodo
125
). A partir da década de 50, foram desenvolvidos equipamentos 
denominados de “alta energia”, como as bombas de alta energia de Cobalto ou de Césio, descobertas que muito 
ajudaram na evolução da radioterapia. 
 A evolução progressiva da física médica e da eletrônica permitiu o desenvolvimento de equipamentos para 
obtenção de irradiações (fótons e elétrons) de alto poder de penetração nos tecidos; são os aceleradores lineares de 
partículas, dotadas de sistemas comandados para o posicionamento dos pacientes e direcionamento do feixe de 
irradiação por mais pontos de entrada. A irradiação com elétrons (irradiação corpuscular) pode ser obtida com emissores 
de elétrons (partícula beta) e também pelos aceleradores lineares com produção de elétrons. 
 A evolução da física médica e da radiobiologia nos permite, atualmente, uma forma mais orientada e direcionada 
de radioterapia por meio dos mais variados tipos de tratamento. Além disso, permite conhecer três fenômenos distintos 
que acontecem quando há interação entre a radiação e a matéria. Dentre eles, temos: 
Arlindo Ugulino Netto. 
ONCOLOGIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ONCOLOGIA 
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 O fenômeno físico, em que duas fases são observadas: (1) a fase de excitação, em que o elétron é excitado e 
passa de uma camada de energia mais interna para uma mais externa; e (2) uma fase de ionização, em que é 
o elétron é ejetado da eletrosfera e passa a funcionar como um radical livre, que interage e altera a forma 
molecular do tumor. 
 No fenômeno químico, observamos a quebra da molécula da água em íons de hidrogênio e radicais de 
hidroxidrila (ou o inverso). Pode haver a recombinação dessas moléculas para formar H2O novamente ou pode 
acontecer do aparecimento do composto H2O2 (peróxido de hidrogênio ou água oxigenada), substancia 
altamente oxidante que, ao se combinar com substancias do tumor, modificaria sua constituição molecular e, 
consequentemente, alteraria as etapas da divisão celular. Os radicais gerados, os íons e o agente oxidante 
poderão ainda se combinar com substâncias importantes das células tumorais como o RNA, DNA e enzimas, 
fazendo com que ocorram modificações na estrutura nuclear e enzimática das células que compõe o tumor. 
 No fenômeno biológico, podemos observar as seguintes fases: (1) morte imediata da célula, devido à 
absorção de grande quantidade de partículas radioativas nas células, ocasionando a destruição de todos os 
constituintes celulares (esta fase não ocorre em finalidade terapêutica, mas apenas em acidentes nucleares); (2) 
atraso do crescimento celular, devido aos danos maciços no citoplasma; (3) alterações da motilidade 
celular, devido ao impacto que ocorre nos centros motores; (4) supressão da reprodução celular, devido à 
destruição do centríolo celular (responsável pela formação do fuso celular, importante componente durante a 
divisão celular); (5) anomalias abortivas da divisão celular, devido à destruição de grande quantidade de 
cromatina nuclear; (6) má formação hereditária, devido à lesão própria que ocorre no segmento do DNA. Trata-
se de um evento importante, principalmente, para pessoas que trabalham com materialradioativo e pode passar 
para gerações subsequentes. 
 
OBS
1
: Na época em que não se tinha conhecimento desses fenômenos, os profissionais de saúde trabalhavam com o 
rádio-226 protegido por uma caixa de platina, que barrava a disseminação da radiação secundária deste elemento. 
Algumas vezes, contudo, ocorria um vazamento dessas cápsulas e o Rádio se transformava em radon, um gás 
altamente tóxico, o que causou a morte de um grande número de técnicos. O Rádio foi então substituído pelo Césio, 
principalmente devido à meia vida longa do rádio (que é de 1622 anos, isto é, um tubo com 10mg de rádio demoraria 
1622 anos para chegar a 5mg). Para a maior segurança desses técnicos, o Césio foi substituído pelo Cobalto (com meia 
vida de 5 anos). Atualmente, utilizam-se alguns equipamentos com os quais o médico nem entra em contato por ser 
guiado por controles remotos. 
 
ESQUEMA DE TRATAMENTO POR RADIOTERAPIA 
Diante destes conhecimentos preliminares, a instituição de um esquema de tratamento por radiação, está na 
dependência da associação de vários fatores relacionados diretamente com o paciente, com o tumor, com o tipo de 
material radioativo ou equipamento a ser utilizado. 
No que diz respeito ao doente, temos que considerar o seu estado geral e a idade, principalmente. Em relação 
ao tumor, sua localização, tipo histológico e o estadiamento da doença. Na dependência do tipo histológico, a resposta à 
radiação se fará satisfatória ou não. 
Existem tumores sensíveis e tumores resistentes ao efeito da radiação. Daí o conceito de radiosensibilidade e 
radiocurabilidade. Nem sempre os tumores sensíveis são os tumores curáveis, da mesma forma, nem sempre os 
tumores resistentes são os tumores incuráveis. Em 1912, dois pesquisadores Franceses chamados Bergonié e 
Tribondeau, estudando cobaias de laboratório, observam que as células germinativas eram altamente sensíveis à 
radiação. Com isso, estudaram a fundo os resultados de suas pesquisas e formularam um postulado sobre a 
sensibilidade dos tumores, que diz o seguinte: “Quanto mais primitiva for a célula, mais sensível ela é ao efeito da 
radiação e quanto mais diferenciada mais resistente ela é ao efeito da radiação”. Por conta deste postulado, várias 
classificações quanto ao grau de sensibilidade dos tumores foram propostas e a mais aceita é a classificação de 
Desjardin que, em ordem decrescente de sensibilidade, temos: 
1. Linfócitos maduros (ver OBS²). 
2. Polimorfonucleares 
3. Células epiteliais (ver OBS³) 
4. Células endoteliais dos vasos, pleura e peritônio. 
5. Célula muscular. 
6. Ossos 
7. Célula nervosa (ver OBS
4
) 
 
OBS²: Há dois tipos de linfomas clássicos (Hodgkin e não-Hodgkin). Apesar de serem da mesma linhagem histológica, o 
comportamento é diferente, pois biologicamente são distintos. O linfoma de Hodgkin é radiocurável, ao passo em que o 
não-Hodgkin é não-curável, apesar de serem da mesma linhagem histológica (tecido linfoide). 
OBS³: O tumor basocelular de pele é curável por tratamento cirúrgico com radioterapia adjuvante. As lesões iniciais de 
carcinoma epidermoide de prega vocal e de colo do útero são curáveis, tanto pela radiação quanto pela ressecção 
cirúrgica. No entanto, apesar de serem da mesma origem histológica (tecido epitelial), o carcinoma epidermoide do 
esôfago e do pulmão não é curável. Conclui-se que, além da característica histológica tumoral, o tratamento depende da 
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biologia e do comportamento tumoral em cada órgão. Em geral, os tumores de células epiteliais são de média 
sensibilidade. 
OBS
4
: A maioria dos tumores do sistema nervoso central são radiorresistentes. Contudo, o medulobastoma, que não 
tem cura, apresenta sensibilidade ao efeito da radiação. 
OBS
5
: Nem sempre os tumores radiossensíveis são curáveis, do mesmo modo que, os tumores radiorresistentes nem 
sempre são incuráveis. Algumas vezes, o médico depara com o mesmo caso clínico de dois pacientes, inclusive com o 
mesmo estadiamento, mas com respostas diferentes. A resposta ao tratamento depende, quase sempre, da resposta 
imunológica do paciente. 
 
FONTES DE RADIAÇÃO 
 Elementos radioativos naturais: Radio-226, em forma de tubos e agulhas. Não é mais utilizado atualmente, 
mas foi amplamente utilizado na época de ouro da radioterapia. 
 Elementos radioativos artificiais: há uma gama de aparelhos radioativos artificiais, que não somente são 
utilizados na radioterapia, mas também na medicina de uma maneira geral. 
o Cobalto-60 (Co
60
): em forma de tubos, agulhas ou fontes para unidades de cobalto. 
o Césio-137 (Cs
137
): em forma de tubos, agulhas ou fontes para unidades de césio. Tem meia vida de 30 
anos. 
o Estrôncio-90 (Sr
90
): em forma de placas oftalmológicas e dermatológicas, para os tratamentos com 
radiação beta (betaterapia) e em forma de coloide. Tem meia vida de 29 dias. 
o Estrôncio-89 (Sr
89
): em forma de solução que serve para tratar metástase óssea disseminada. 
o Ouro-198 (Au
198
): em forma de sementes ou coloide. 
o Iodo-131 (I
131
): em forma de coloide. Foi utilizado por muito tempo pra realização de cintilografia, 
principalmente, para tireoide. Atualmente, é utilizado para o tratamento de câncer de tireoide. Tem meia 
vida de 8 dias. 
o Iodo-125 (I
125
): em forma de sementes. Existe, para o tratamento de câncer de próstata, a implantação 
permanente de semente de iodo. 
o Irídium-192 (Ir
192
): em forma de fios, fontes e sementes. 
 Aparelhos produtores de radiação 
o Aparelhos de radioterapia superficial e semi-profunda, cuja energia oscila entre 50KV e 400KV, 
chamados também de radioterapia convencional ou Ortovoltagem. 
o Aceleradores de partículas (mega voltagem), cuja energia oscila entre 1MEV e 50MEV (milhões de 
eletronvolts). Dentre estes aparelhos de alta energia temos: 
 Aparelho de Van-der-Graaf: foi o primeiro tipo de 
acelerador a ser desenvolvido. 
 Betatron: aparelho que não teve uma boa aceitação 
comercial. 
 Ciclotron: existe ainda na forma experimental que usa 
radiação através de nêutrons rápidos. A blindagem 
utilizada para a construção de uma sala para suportar este 
tipo de acelerador deveria apresentar cerca de 5m de 
concreto, não sendo viável o seu custo operacional (que é 
cerca de U$ 200.000.000,00). Não há perda de energia em 
calor: toda a energia que entra é transformada em 
radiação. 
 Acelerador linear: são braços robóticos que se 
movimentam sob controle de um profissional médico. A sua 
tecnologia é bastante avançada e de alto custo. 
 
MODALIDADES DE RADIOTERAPIA 
 Existem duas formas básicas de aplicação de radioterapia: a teleterapia e a braquiterapia. Contudo, o 
tratamento do câncer deve ser encarado de forma multidisciplinar: cirurgia, quimioterapia, radioterapia, fisioterapia, 
imunoterapia, etc. 
 Na teleterapia, a fonte de irradiação produz um feixe de raios que é emitido pelo equipamento à distancia 
variável de 1 a 100 cm do paciente e é dirigida ao tumor. Os principais aparelhos são os de R-X convencional, os 
aceleradores lineares e as bombas de cobalto. 
Na teleterapia, isto é, radioterapia a distancia, o doente fica na mesa do equipamento, com uma certa distância 
da fonte utilizada, como as unidades de cobalto ou acelerador linear. A teleterapia pode ser convencional ou 
Radioterapia de Alta Precisão, onde tratamentos sofisticados como Radioterapia Conformacional ou por 
estereotaxia, são utilizados em algumas patologias, como tumores cerebrais de pequeno tamanho (até 4cm), 
alterações vasculares cerebrais, em tumores da próstata, reto etc., usando meios auxiliares de imagem, como 
CT, Ressonância Magnética, PET-CT e sistemas de planejamento tridimensional, computadorizado. No Hospital 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ONCOLOGIA 
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Sírio Libanês de São Paulo, já é de uso terapêutico a radioterapia em quarta dimensão que, em tempo real, se 
obtém a imagem do tumor e a evoluçãode seu tratamento. 
A teleterapia, em resumo, pode se apresentar das seguintes formas: (1) radioterapia convencional, através dos 
aceleradores lineares ou do cobalto; (2) a radioterapia de alta precisão, conhecida como conformacional-3D 
(tridimensional); (3) radiocirurgia por estereotaxia; (4) readioterapia guiada por imagem em tempo real 
(radioterapia em 4D); (5) radioterapia robótica. 
 
 Na braquiterapia (do grego, braqui = curto), o isótopo radioativo emissor gama é colocado em contato direto com 
o tumor (intracavitário ou intersticial). É usada no tratamento dos tumores mais acessíveis ao radioterapeuta, 
como as neoplasias malignas do colo de útero, boca e pele. Atualmente, os isótopos mais usados neste tipo de 
tratamento são o Césio-137 e o Irídio-192. A braquiterapia tem a vantagem de irradiar o tumor com doses 
tumoricidas, dando proteção aos órgãos e estruturas que o envolvem, pela absorção progressiva da irradiação 
emitida com o aumento da distancia da fonte. Com a sofisticação das técnicas, consegue-se o acesso da 
braquiterapia a tumores situados profundamente, como próstata, bexiga, pulmão e rinofaringe. 
A braquiterapia pode ser de baixa taxa de dose (LDR) ou de alta taxa de dose (HDR). Até 1996, o Hospital 
Napoleão Laureano fez uso da braquiterapia com baixa taxa de dose, em que se utiliza Radio-226, Césio-137 e 
Cobalto-60. Na alta taxa de dose, se utiliza Iridium-192. A braquiterapia é basicamente uma monoterapia para 
câncer de próstata e de colo uterino. 
 
OBS
6
: Doses de radiação. O conceito de dose é a quantidade de radiação a ser administrada ao paciente com a 
finalidade de destruir o tumor. A unidade física para isto é o cGy (centiGray), que significa a dose de radiação a ser 
absorvida no tecido. Quando medida no ar, a unidade é o roetgen e quando medida em outro material (água, por 
exemplo), a unidade é o próprio Gray. É medida em quantidade de energia depositada no meio pelo feixe de irradiação: 
1 gray corresponde à joule/Kg do material. Os isótopos radioativos são medidos quanto à sua atividade: número de 
átomos desintegrado por segundo. 
OBS
7
: Algumas patologias apresentam um determinado tempo ideal de tratamento radioterápico, isto é, tempo 
necessário para destruir o tumor. No caso de câncer de colo uterino, o tempo ideal é de 52 dias. Epidemiologicamente, a 
cada dia que se passe após esses 52 dias, há uma perda de 1% de chances de sobrevida. Uma das principais causas 
de afastamento de data limite de tratamento por radioterapia são as alterações hemodinâmicas, principalmente, 
contagem de hemoglobina e leucócitos. Quando o nível de Hb é menos que 10g/dL, é necessário realizar uma 
recuperação das condições hemodinâmicas do indivíduo. 
OBS
8
: No tratamento radioterápico, é comum o termo área de sombra para designar aquela periferia que margeia a 
lesão (sendo este o foco) que geralmente é irradiada de forma não-terapêutica, uma vez que, estaria sadia, 
teoricamente. Quanto mais direcionado for o foco da irradiação, menor a área de sombra e melhor seria para o paciente, 
uma vez que se estaria evitando a irradiação de áreas normais, evitando, assim, eventuais mutações. 
 
MODALIDADES DE TRATAMENTO RADIOTERÁPICO 
 O tratamento do câncer é estabelecido por planos terapêuticos, com o uso isolado ou com a associação 
multidisciplinar da cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e imunoterapia. As associações terapêuticas são 
baseadas principalmente no tipo, na localização, forma de disseminação, estadiamento clínico e patológico do tumor. 
Conforme o objetivo dos resultados, a radioterapia em especial, tem a finalidade curativa (que visa ao controle 
do tumor com altas doses radicais), paliativa (que visa à redução do tumor sem pretensão de controle) e remissiva (que 
visa ao alívio da compressão de estruturas neurológicas, vias aéreas, vísceras ocas, controle de sangramento, 
prevenção de fraturas, etc.). 
 Radioterapia radical (curativa): é a forma de radiação que tem por finalidade erradicar de vez o tumor, gerando 
a cura. O câncer tem cura em mais de 70% dos casos quando diagnosticado precocemente. 
 Paliativa: favorece a regressão do tumor e diminuição dos sintomas, o que prolonga a vida do paciente e 
proporciona o seu conforto físico e bem estar. Representa mais de 70% dos tratamentos radioterápicos no 
Brasil, onde o diagnóstico de câncer é, na maioria das vezes, feito tardiamente. Isto porque ainda existe uma 
cultura de esconder a doença. 
 Pré-operatória: tem a finalidade de diminuir o volume tumoral e tornar móveis tumores fixos, facilitando o 
acesso do cirurgião para a abordagem terapêutica. 
 Radioterapia complementar: complementa um tratamento previamente instituído, sendo utilizado, portanto, no 
pós-operatório e pós-quimioterapia. 
 Radioterapia profilática: é feita, por exemplo, na irradiação do SNC de crianças portadoras de leucemia linfoide 
aguda, com finalidade de impedir o aparecimento da chamada meningite leucêmica. O tratamento da leucemia é 
feito por quimioterapia. Contudo, para evitar o acometimento do SNC durante a fase de remissão clínica e 
hematológica, a radioterapia é feita para evitar o surgimento de sintomas. 
 Radioterapia intra-operatória: muito comum nos anos 80 e que está voltando à ativa. É bastante utilizada para 
o tratamento de tumor de estômago. 
 
 
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EFEITOS DE IRRADIAÇÃO 
 As diferenças de respostas entre o tecido normal e o tecido tumoral dependem de fatores como velocidade de 
crescimento, tipo do tumor, grau de indiferenciação, tamanho do tumor, oxigenação do tecido tumoral, entre outros. Esta 
diferença de resposta com menor efeito lesivo da radiação sobre as células tumorais – comparada aos efeitos nos 
tecidos normais – constitui o que chamamos ganho terapêutico. 
 Conforme o grau de resposta das neoplasias à irradiação, podemos classificá-las em neoplasias de alta, média e 
baixa radiossensibilidade. 
 Tumores radiossensíveis: linfomas de Hodgkin e não-Hodgkin, os tumores da infância (tumor de Wilms), o tumor 
de Ewing, os seminomas, etc. 
 Tumores de média sensibilidade: carcinomas epidermoides e adenocarcinomas. 
 Tumores de baixa radiossensibilidade: sarcomas e melanomas. 
 
PLANEJAMENTO RADIOTERÁPICO 
 Representa as atividades do médico radioterapeuta e do físico em irradiações, juntamente com a avaliação do 
caso clínico em sintonia com o cirurgião e o oncologista clínico. 
 A localização e a extensão confirmadas e presumidas da doença são determinantes. Os recursos da 
propedêutica devem minimizar erros de avaliação. São definidos: área a ser irradiada, dose, o numero de campos de 
entrada do feixe, uso de filtros de compensação, proteções e limites de dose. A simulação é o passo seguinte, antes de 
se iniciar o tratamento do paciente. 
 
EFEITOS BIOLÓGICOS DA IRRADIAÇÃO 
 Os efeitos biológicos da radiação se fazem por deposição de energia. Estes efeitos ocorrem, de início, 
principalmente na molécula de água, produzindo fenômenos de quebra de molécula com liberação de íons (H2O – H+ 
OH
-
). Estes radicais reagem com componentes nobres da célula (as moléculas de RNA e DNA) produzindo alterações de 
menor e maior importância que podem ser letais à célula, impedindo a sua capacidade de divisão. O efeito da radiação 
guarda relação íntima com as diversas fases do ciclo celular, sendo a fase de mitose e o final da fase G2 de sensibilidade 
maior. 
 
EFEITOS COLATERAIS DAS IRRADIAÇÕES 
 Os paraefeitos indesejáveis que acontecem com o decorrer ou após os tratamentos radioterápicos são 
dependentes da dose, do volume e do tecido irradiado. Os tecidos de proliferação rápida – como o hematopoiético e o 
epitelial – são os responsáveis pelas complicações agudas: leucopenia, mucosite e dermatite actínica que são 
reversíveis com o término do tratamento. 
Os efeitos colaterais tardios dependem da resposta tardia das células aos efeitos da irradiação, do 
comprometimentovascular da microcirculação dos tecidos irradiados e de outros efeitos, como o trauma (contuso, 
cirúrgico e infeccioso). São genericamente chamados de fibrose ou necrose por irradiação, podendo cursar com 
formação de estenoses e fístulas. 
 
PRINCIPAIS INDICAÇÕES CLÍNICAS AO TRATAMENTO RADIOTERÁPICO 
 Câncer de pele. Nos carcinomas basocelular e espinocelular, como opção de tratamento nos tumores iniciais (T1 
e T2), com resultados iguais à cirurgia e bons resultados cosméticos. É contraindicada nos tumores de membros 
inferiores, sobre úlceras e cicatrizes de queimaduras. O tratamento radioterápico é indicado no sarcoma de 
Kaposi e na micose fungoide. 
 Câncer do colo do útero. Associado à cirurgia nos Estádios Clínicos (EC) I e IIa. Tratamento exclusivo nos EC 
IIIa e IIIb, com intenção curativa. No EC IV, como forma de tratamento paliativo. 
 Câncer de mama. Nos EC I e II, no tratamento conservador, associado à cirurgia. Adjuvante à cirurgia, EC III 
operável, combinado à quimioterapia. Indicado como tratamento paliativo nas recidivas, metástases ósseas e 
cerebrais. 
 Câncer de pulmão. Nos tumores inoperáveis e irressecáveis. Adjuvante na cirurgia, nos tumores operáveis. 
 Câncer do trato gastrintestinal. No câncer de esôfago, como tratamento exclusivo ou associado à cirurgia; no 
câncer de reto, associado à cirurgia e no câncer do canal anal, associado à quimioterapia. 
 
Além das lesões cancerígenas mais graves previamente citadas, a radioterapia ainda pode ser utilizada no 
tratamento de várias lesões benignas. 
 Papilomas e queloides por meio de beta-terapia. 
 Pterigio. É um tipo de carnosidade que nasce na cerótica. Apresenta crescimento gradual e avança até a área da 
córnea. Ocorre um quadro irritativo severo na região ocular que piora diante da claridade e poeira. É feito a beta-
terapia. 
 Herpes Zoster. 
 Doença de Peyronie. É a deposição de fibroblastos em cima do corpo cavernoso do pênis. Paciente jovem com 
esta doença não apresentar ereção devido ao quadro doloroso intenso quando estimulado. O tratamento pode 
ser feito por infiltração de corticoide e, em casos mais rebeldes que não são responsivos ao tratamento 
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farmacológico adequado, lança mão de radioterapia, visando proteger os testículos para evitar a infertilidade do 
paciente. 
 Adenoma hipofisário. Depois de ter sido realizada uma curetagem do tumor, a radiação é feita para evitar o 
crescimento do tumor. 
 Exoftlamia do hipertireoidismo. 
 Bursites, principalmente da articulação escapulo-umeral. 
 
OBS
9
: Cerca de 2/3 dos tumores malignos apresentarão indicação de radioterapia para pelo menos uma das fases da 
doença. 
OBS
10
: Hemangioma ósseo ocorre quando estruturas tuberculares se formam nos ossos vertebrais. Não apresenta 
tratamento cirúrgico. Sua principal consequência clínica é o caráter de dor localizada. A radioterapia funciona como 
esclerosante. A dose de radiação é a mesma que se faz quando ocorre metástase óssea. Faz-se irradiação do paciente 
em 20 sessões e, geralmente, não há lesão isolada (ocorre comprometimento, em geral, de 3 a 4 vértebras).

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