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Práxis Educacional Revista indexada na seguinte base de dados: 1. Latindex - http://www.latindex.unam.mx/ 2. EDUBASE/FE/Unicamp - www.bibli.fae.unicamp.br/catal.html 3. Sumários de Revistas Brasileiras - http://www.sumarios.org/ Catalogação na Publicação: Elinei Carvalho Santana – CRB 5/1026 Campus Universitário – Caixa Postal 95 – Fone/fax: 77 3424-8716 Estrada do Bem-Querer, Km 04 – Módulo da Biblioteca, 1° andar 45083-900 – Vitória da Conquista-BA www.uesb.br/editora - editorauesb@yahoo.com.br – editora@uesb.br P929p Práxis Educacional/Revista do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – v. 5, n. 7, jan./jun. 2009 – Vitória da Conquista: Edições Uesb, 2009. Início: novembro de 2005. Periodicidade: Semestral, a partir do v. 4, n. 4. Numeração alterada. ISSN 1809-0249 1. Educação básica – Políticas – Periódicos. 2. Professores – Formação continuada – Periódicos. 3. Formação. I. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Departa- mento de Filosofia e Ciências Humanas. II. T. CDD: 372.81 dEPartamEnto dE FilosoFia E ciências Humanas (DFCH) Prof. Dr. Abel Rebouças São José Reitor Prof. Rui Macêdo Vice-Reitor Prof. Ms. Paulo Sérgio Cavalcanti Costa Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários Profª Cristiane Leal Santos Cruz Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Prof. Dr. João Diógenes Ferreira dos Santos Diretor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas Profª Drª Maria Iza Pinto de Amorim Leite Coordenadora do Grupo de Pesquisa Políticas Públicas, Gestão e Práxis Educacionais Jacinto Braz David Filho Diretor da Edições Uesb univErsidadE Estadual do sudoEstE da BaHia univErsidadE Estadual do sudoEstE da BaHia Práxis Educacional DOSSIÊ TEMÁTICO: Educação dE PEssoas JovEns, adultas E idosas ISSN 1809-0249 Práxis Educacional Vitória da Conquista v. 5, n. 7 p. 1-228 jul./dez. 2009 Copyright©2009 by Edições Uesb PRÁxIS EDuCaCIOnal Revista do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas (DFCH) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) v. 5, n.7 – jul./dez. 2009 COMITÊ EDITORIal Ms. Edna Furukawa Pimentel Drª Maria Iza Pinto de Amorim Leite (coordenadora) Ms. Nilma Margarida de Castro Crusoé Drª Sandra Márcia Campos Pereira Drª. Sheila Cristina Furtado Sales ORganIzaçãO DO DOSSIÊ TEMÁTICO Ms. José Jackson Reis dos Santos COnSElHO EDITORIal PERManEnTE Ms. Alday Oliveira Souza (Uesb), Drª Ana Cláudia Lemos Pacheco (Uesb/Uneb), Drª Ana Elizabeth Santos Alves (Uesb), Draª Ana Lúcia Castilhano de Araújo (Uesb), Ms. Ana Patrícia Dias (Uesb), Drª Andréa Ferreira Lago (Uneb), Drª Ane Carine Meurer (UFSM), Dr. Antônio Vital Menezes de Souza (Uneb), Drª Célia Tanajura Machado (Uesb), Ms. Claudia Vivien Carvalho de Oliveira Soares (Uesb), Ms. Cláudio Pinto Nunes (Uesb), Dr. Claus Dieter Stobäus (PUC/RS), Dr. Diógenes Cândido de Lima (Uesb), Drª Dora Leal Rosa (Ufba), Dr. Gaudêncio Frigotto (UERJ), Drª Ester Maria de Figueiredo Souza (Uesb), Drª Isabel Cristina de Jesus Brandão (Uesb), Dr. João Diógenes Ferreira dos Santos (Uesb), Dr. Jornandes Jesús Correia (Uesb), Dr. José Albertino Lordelo (Ufba), Ms. José Carlos Silveira Duarte (Uesb), Dr. José Claudinei Lombardi (Unicamp), Ms. José Jackson Reis dos Santos (Uesb), Dr. José Policarpo Júnior (UFPE), Drª Jussara Almeida Midlej Silva (Uesb), Drª Kátia Siqueira de Freitas (Ufba), Drª Leila Pio Mororó (Uesb), Drª Lianna de Melo Torres (UFS), Drª Lívia Diana Rocha Magalhães (Uesb), Drª Luci Mara Bertoni (Uesb), Dr. Luis Felipe Dias Lopes (UFSM), Dr. Marcelo Martins Barreira (Ufes), Dr. Marcelo Silva de Souza Ribeiro (Univasf), Drª Maria Neide Sobral da Silva (UFS), Drª Marta Maria de Araújo (UFRN), Drª Milene de Cássia Silveira Gusmão (Uesb), Drª Moema Maria Badaró Cartibani Midlej (Uneb), Ms. Nilma Margarida de Castro Crusoé (Uesb), Dr. Nivaldo Vieira de Santana (Uesb), Drª Noeli Valentina Weschenfelder (Unijuí), Dr. Oswaldo Alonso Rays (UFSM/Unifra), Dr. Paulo Sérgio Tumolo (UFSC), Dr. Reginaldo de Souza Silva (Uesb), Dr. Robert Evan Verhine (Ufba), Dr. Roberto Sidnei Alves Macedo (UFBA), Dr. Romualdo Luiz Portela de Oliveira (USP), Drª Roseli Rodrigues de Mello (Ufscar), Dr. Ruben de Oliveira Nascimento (UFU), Drª Sheila Cristina Furtado Sales (Uesb), Ms. Sílvia Regina Marques Jardim (Uesb), Drª Soraia Freaza Lôbo (Ufba), Drª Tânia Moura (UFA), Dr. Telmo Marcon (UPF), Drª Vera Lúcia Bueno Fartes (Ufba), Dr. Vicente de Paulo da Silva (UFU), Dr. Vicente de Paulo Rodrigues da Silva (UFCG), Ms.Zeneide Paiva Pereira Vieira (Uesb). COnSElHO EDITORIal DESTa EDIçãO Ms. Alday Oliveira Souza (Uesb), Drª Ana Elizabeth Santos Alves (Uesb), Ms. Cláudio Pinto Nunes (Uesb), Dr. Claus Dieter Stobäus (PUC/RS), Drª. Dora Leal Rosa (UFBA), Drª Ester Maria de Figueiredo Souza (Uesb), Ms. José Jackson Reis dos Santos (Uesb), Dr. Romualdo Luiz Portela de Oliveira (USP), Drª. Roseli Rodrigues de Mello (Ufscar), Drª. Sheila Cristina Furtado Sales (Uesb), Ms. Sílvia Regina Marques Jardim (Uesb), Drª. Tânia Moura (UFA). REVISTA PRÁXIS EDUCACIONAL UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB) Departamento de Filosofia e Ciências Humanas (DFCH) Caixa Postal 95 – Vitória da Conquista – BA. CEP: 45083-900 – Fone: (77) 3424-8652 E-mail: rpraxiseducacional@yahoo.com.br – htpp://www.uesb.br/editora SuMÁRIO Editorial Edna Furukawa Pimentel e Sheila Cristina Furtado Sales...............................8 Dossiê TEmático: Educação dE JovEns E adultos Educação de jovens e adultos: uma história de complexidade e tensões Marisa Narcizo Sampaio................................................................................13 O não-lugar da pessoa idosa na educação Rouseane da Silva Paula.................................................................................29 Formação de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais Tania Maria de Melo Moura..........................................................................45 O desafio das novas oportunidades educativas em Portugal Maria Rosa de Brito Simões dos Santos..........................................................73 Contributos para o estudo do desenvolvimento do adulto: reflexões em torno da generatividade Piedade Vaz Rebelo e Graciete Franco Borges..................................................97 artigos A trajetória da EJA no estado da Bahia: da suplência à aceleração Sheila Cristina Furtado Sales, Gicélia Aparecida Cotrim Costa e Jurenilda Prado Oliveira........................................................................................................115 As séries iniciais da educação de jovens e adultos em nível municipal e as políticas públicas implementadas – em busca de novos significados João Carlos Venâncio e Cristiano Amaral Garboggini Di Giorgi..................129 O percurso formativo dos professores/pesquisadores da EJA na contemporaneidade Edite Maria da Silva de Faria......................................................................151 (In)congruências na orientação metodológica dos professores: análise nas dimensões da prática educativa – (resultados comparativos numa amostra de professores de português, matemática e inglês Ana Paula Couceiro Figueira.......................................................................165 RElatos dE ExPEriências A educação matemática de jovens e adultos no ensino superior de administração: relato de experiência na Universidade Federal do Tocantins Helga Midori Iwamoto..................................................................................201A experiência de alfabetização de jovens e adultos do programa re-aprender no Conjunto Penal de Jequié – Bahia Fábio Mansano de Mello e Josinélia dos Santos Moreira...............................207 Periódicos Permutas.................................................................................217 Normas para publicação de trabalhos...................................................218 EDITORIal É com grande satisfação que apresentamos mais um número da revista Práxis Educacional. O prazer ainda é maior por incluir um dossiê sobre as políticas e práticas na Educação de Jovens e Adultos, pois entendemos que essa modalidade ainda se constitui como uma de nossas maiores dívidas sociais e sem dúvida um dos nossos maiores desafios no século XXI. O dossiê e os demais trabalhos publicados neste número, de certo modo, fortalecem ainda mais nosso compromisso com os sujeitos atuantes na EJA. Organizado pelo Prof. José Jackson Reis dos Santos, o dossiê conta com trabalhos de pesquisadores com os quais contactou em seu processo de doutoramento no Brasil e em Portugal. A revista Práxis Educacional – Dossiê Temático: Educação de Jovens e Adultos foi organizada da seguinte forma: os cinco primeiros textos compõem o dossiê temático, em seguida, quatro artigos que se articulam com os textos anteriores, seguidos de dois relatos de experiências que complementam as discussões. Marisa Narcizo Sampaio, Professora adjunta do Departamento de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com seu texto Educação de Jovens e Adultos: uma história de complexidade e tensões proporciona uma breve retrospectiva da trajetória da EJA do início do século passado até hoje, demonstrando as relações complexas entre as instâncias do Estado, as instituições não governamentais e os movimentos sociais, bem como os fatores políticos, sociais, ideológicos e econômicos que constituem essa história. A autora apresenta dois Edna Furukawa Pimentel e Sheila Cristina Furtado Sales8 momentos principais dessas relações em que o Estado atua ora como financiador de campanhas, ora como financiador de ações dos movimentos sociais e da sociedade civil, e como eles se alternam e se misturam até hoje. Afirma que essa complexidade continua presente, especialmente no que se refere à necessidade de dar continuidade à luta por educação de qualidade para todos e pela formação continuada de professores de EJA. Intitulado O Não-Lugar da Pessoa Idosa na Educação, o texto de Rouseane da Silva Paula, Professora Assistente da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, apresenta uma discussão sobre o processo de envelhecimento humano e sua relação com aspectos educacionais. Neste contexto, a autora afirma que a questão da velhice e do sofrimento simbólico perpassa também o discurso hegemônico que valoriza de forma exacerbada a juventude. Assim, a segregação sofrida pelos idosos, que têm seus direitos promulgados pelas políticas públicas, mas não efetivados, em especial, no que se refere ao direito à educação, continua a prevalecer. Isso significa que boa parte dos idosos brasileiros, por não ter tido acesso à educação formal, pouco poderá usufruir da cultura, do lazer e mesmo do esporte, uma vez que a educação nesses níveis – iniciais e básicos – é indispensável para a compreensão mínima do universo cultural que nos cerca. A partir de Boudieu (1983), Bauman (2005), Elias (2001) e outros, demonstra que o esfacelamento do Estado-Nação e o processo de exclusão dos indivíduos que se tornam inativos para o mundo do trabalho amplia o processo de segregação e de isolamento. Tânia Maria de Melo Moura, Professora Emérita da Universidade Federal de Alagoas, problematiza a temática sobre formação de educadores que atuam na EJA através do artigo Formação de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais. A autora sistematiza sua reflexão a partir de quatro pontos: a) discute a respeito do tratamento que o Estado Brasileiro vem dando à formação e à carreira dos professores da EJA ao longo do processo histórico, em relação às políticas públicas, ao arcabouço legal e ao currículo; b) aborda os “movimentos” que vêm emergindo, a partir da década de 1990, no sentido de dar um novo 9Editorial norte à modalidade; c) denuncia o “silêncio permitido” das instituições formadoras e das instituições mantenedoras da modalidade em torno da formação inicial e continuada; e d) pontua alguns desafios e perspectivas em torno da temática em estudo. Maria Rosa de Brito Simões dos Santos, Professora titular do Agrupamento de Escolas de Idanha-a-Nova, em Portugal, com o texto O Desafio das Novas Oportunidades Educativas em Portugal, explicita uma experiência pedagógica desenvolvida no âmbito da Educação e Formação de Adultos, a partir do ano de 2005. As “Novas Oportunidades” são voltadas especificamente para as pessoas jovens e adultas que procuram, por meio de processos formativos, elevar sua escolarização e qualificar-se profissionalmente. Neste trabalho, a autora mostra o que são as “Novas Oportunidades”, as suas principais características, suas finalidades e os objetivos, destacando, especialmente, alguns dos desafios curriculares para os profissionais envolvidos na referida experiência. Implementada no contexto português, esta merece um olhar atento e crítico no sentido de compreendê-la como uma possibilidade político-pedagógica no campo da educação de pessoas jovens e adultas. Piedade Vaz Rebelo, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e Graciete Franco Borges, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, finalizando o dossiê temático, discutem, em seu texto, uma das fases do desenvolvimento humano, a adultez. Apoiando-se, especialmente, em Erikson, as autoras verticalizam o conceito de generatividade, explicitando a abordagem da adultez como um contínuo do desenvolvimento humano, como tempos de permanentes aprendizagens. As autoras, numa perspectiva teórica e empírica, explicitam conhecimentos inerentes ao campo da pessoa adulta e de suas características, fase ainda pouco abordada no campo da psicologia do desenvolvimento. Dando seguimento, tem-se A Trajetória da EJA do Estado da Bahia: da Suplência à Aceleração, cuja autoria é de Sheila Cristina Furtado Sales, juntamente com Gicélia Aparecida Cotrim Costa e Jurenilda Prado Oliveira, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. O artigo é uma Edna Furukawa Pimentel e Sheila Cristina Furtado Sales10 tentativa de analisar as políticas educacionais adotadas pelo Governo da Bahia, nos anos 90, no que diz respeito ao ensino fundamental, séries iniciais, para pessoas jovens, adultas e idosas. O recorte temporal é no momento de passagem do Programa de Suplência de Educação Básica para o Programa de Aceleração I e II, com o objetivo de identificar os fatores que levaram à implantação dos Programas de Aceleração I e II, em 1998, no lugar do Programa de Suplência, apontando os benefícios da mudança, mas também os pontos negativos dessa transição. Os autores João Carlos Venâncio e Cristiano Amaral Garboggini Di Giorgi, da Faculdade de Tecnologia e Ciências da UNESP, campus de Presidente Prudente, contribuíram com o artigo As séries iniciais da educação jovens e adultos em nível municipal e as políticas públicas implementadas – em busca de novos significados, descrevendo as principais leis implementadas em nível Federal que oferecem suporte à manutenção e ao desenvolvimento das séries iniciais da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na tentativa de verificar se as leis implementadas em nível federal, mais especificamente a Constituição Federal, a LDBEN, as Diretrizes Curriculares Nacionaispara a EJA, o FUNDEF, o FUNDEB, o PNE e o PDE, têm oferecido suporte para o desenvolvimento da EJA. No texto O percurso formativo dos professores/pesquisadores da EJA na contemporaneidade, a autora, Edite Maria da Silva de Faria, da Universidade do Estado da Bahia, Campus XIV, levanta reflexões a respeito de como formar professores(as)/pesquisadores(as) da EJA comprometidos com o que ocorre no meio popular, no cotidiano das periferias das cidades, considerando que a trajetória dos alunos da EJA é marcada pela inserção precoce no mundo do trabalho e o acesso tardio ao processo de escolarização. Sinaliza também a respeito de alguns desafios do processo formativo dos professores da EJA dentro da contemporaneidade, pois as universidades, assim como e os centros de pesquisa e de formação, tornam-se um espaço fértil para fomentar discussões, proposições e práxis. Neste contexto, é fundamental produzir alternativas que deem visibilidade ao seu pensar, fazer e viver, tomando como ponto de partida suas trajetórias, saberes e concepções. 11Editorial O último artigo deste número é de Ana Paula Couceiro Figueira, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, tendo como título (in)Congruências na orientação metodológica dos professores: Análise nas dimensões da prática educativa. Revela parte dos resultados obtidos numa investigação realizada com professores de três disciplinas (Português, Matemática e Língua estrangeira, o Inglês), atuantes em dois ciclos (3º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário), em diferentes fases de carreira, da Região Centro de Portugal. O objetivo principal da autora foi o de analisar as epistemologias em torno de toda a atividade docente. Apresenta-se, dessa forma, dados importantes da prática no que se refere às (in)congruências das suas orientações metodológicas nas diversas dimensões da prática educativa. Em suas considerações finais, a autora afirma a existência de discrepâncias entre a forma e os conteúdos da preparação e as metodologias interativas, entre a formulação de intenções e a prática propriamente dita. Quanto aos relatos de experiência, o primeiro é de Helga Midori Iwamoto, da Universidade Federal do Tocantins, A educação matemática de jovens e adultos no ensino superior de administração: relato de experiência na universidade federal do Tocantins, no qual a autora apresenta contribuições no sentido de apontar caminhos para a prática da formação de administradores (de empresas, cooperativas e empreendimentos econômicos solidários em geral) através da Educação Matemática de Jovens e Adultos. Descreve, também, os percursos metodológicos percorridos por professores da área em geral e propõe inovações utilizando bibliografias de ensino médio e educação de jovens e adultos. Por fim, tem-se o relato dos autores Fábio Mansano de Mello, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Josinélia dos Santos Moreira, da Rede Municipal de Jequié, que apresentam o texto intitulado Uma experiência de alfabetização de jovens e adultos do Programa Re-aprender no conjunto penal de Jequié – Bahia. Os autores abordam a dimensão e as características do referido Programa para, em seguida, analisar seus desdobramentos. Ressaltam como pontos importantes, suas várias peculiaridades como, por exemplo, o espaço escolar, o material Edna Furukawa Pimentel e Sheila Cristina Furtado Sales12 pedagógico utilizado e as ações pedagógicas dos alfabetizadores. O diferencial desta experiência de alfabetização se refere à formação inicial e continuada dos educadores, ao planejamento e acompanhamento de suas práticas e aos desdobramentos em pesquisa específica sobre educação e trabalho no sistema prisional. Essa edição, composta por esse conjunto de textos, permitirá ao leitor aquilatar os desafios que sempre permearam a EJA, mas, ao mesmo tempo, reafirmar e renovar nossos compromissos com os sujeitos participantes da Educação de Jovens e Adultos. Ms. Edna Furukawa Pimentel e Drª Sheila Cristina Furtado Sales Professoras da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Pesquisadoras do Gepráxis EDuCaçãO DE JOVEnS E aDulTOS: uMa HISTÓRIa DE COMPlExIDaDE E TEnSÕES Marisa Narcizo Sampaio1 Resumo: A partir de pesquisa com o cotidiano de professoras de Educação de Jovens e Adultos (EJA) que atuam em municípios do interior de estados das regiões Norte e Nordeste, o artigo trata do contexto e da trajetória da EJA no Brasil, no século XX até nossos dias, discutindo as relações complexas entre Estado, instituições não governamentais, movimentos sociais e os fatores econômicos, ideológicos, políticos e sociais, que constituem essa história. São apresentados dois momentos principais dessas relações em que o Estado atua ora como financiador de campanhas, ora como financiador de ações dos movimentos sociais e da sociedade civil, e como eles se alternam e se misturam até hoje. Nos dias de hoje, essa complexidade continua presente e vivemos os mesmos desafios: a necessidade de dar continuidade à luta por educação de qualidade para todos e pela formação continuada de professores de EJA. Palavras-chave: Complexidade. Formação de Professores. História da EJA. 1 Professora adjunta do Departamento de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Doutora em Educação. E-mail: marisamns@gmail.com DOSSIÊ TEMÁTICO Educação de pessoas jovens, adultas e idosas Práxis Educacional Vitória da Conquista v. 5, n. 7 p. 13-27 jul./dez. 2009 Marisa Narcizo Sampaio14 1 Introdução O esforço de compreender melhor minha prática e seu contexto para tentar realizá-la de maneira mais satisfatória para mim mesma e para o coletivo das pessoas com quem trabalho, levou-me a estudar um pouco mais a trajetória da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. Uma busca permeada de incertezas, mostrou-me o quanto eu ainda precisava compreender a respeito desse fazer e de seu universo, o quanto está escondido, implícito e carecendo de reflexão. Neste artigo pretendo discutir como, em nosso país, a história da EJA se constitui em uma trama imbricada de relações entre Estado, fatores econômicos, ideológicos, políticos e sociais, instituições não governamentais e movimentos sociais. O estudo foi realizado como parte de uma pesquisa2 com o cotidiano da formação de professores de um projeto de alfabetização e escolarização de jovens e adultos que está presente no interior de estados das regiões Norte e Nordeste e que é financiado por uma instituição privada. O Projeto é gratuito para o público a que se destina, caracterizado, em sua maioria, por trabalhadores de vários setores, sem emprego fixo, mas principalmente ligados a atividades rurais de cultivo e extração, pesca, serviços domésticos, prestadores de serviços diversos, cuja renda mensal é menor que um salário mínimo; e por uma grande diversidade: adolescentes em situação de risco, quilombolas, grupos indígenas, idosos. Para diminuir a distância entre a coordenação do projeto, sediada no Rio de Janeiro, e as educadoras, foi instituída a escrita de registros diários da prática pedagógica desenvolvida nas salas de aula, que eram enviados e serviam de base para o planejamento de ações de formação continuada dessas educadoras. Nesses relatórios apareciam a prática das professoras; os desafios que encontravam; as atividades realizadas com os alunos e alunas; as falas e histórias de vida dos sujeitos envolvidos na EJA; o registro histórico do projeto, marcando datas, pessoas, lugares; os 2 Pesquisa de doutorado realizada sob orientação da Profª Drª Maria Teresa Esteban no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. 15Educação de jovens e adultos:Uma história de complexidade e tensões casos de alguns alunos e alunas que apresentavam especificidades mais marcantes e de que maneira eram tratados; as diversas experiências de organização do currículo; os diferentes projetos didáticos realizados nos Centros pelas turmas; o contexto, a cultura e as histórias dos diferentes locais onde o projeto se desenvolvia. Toda essa riqueza foi usada como material da pesquisa com o objetivo de compreender o diálogo que se constituía entre as educadoras do projeto e as aprendizagens que tinham com este diálogo. O estudo da trajetória da EJA foi fundamental para a compreensão da complexidade do contexto do projeto, a iniciativa de uma instituição privada em atender a um público que não era o seu preferencial, mas se constituía por uma diversidade de sujeitos das classes populares3 e por professoras também advindas em sua maioria dessas classes, aprendendo e ensinando em municípios com pouco acesso a equipamentos e infraestrutura sociais. Um contexto típico da EJA, como se percebe analisando sua trajetória, em que Estado e sociedade civil entram em parceria para oferecer projetos, mas não uma política pública estruturada e sistematizada visando o atendimento educacional a toda população que a ele tem direito. Sem pretender fazer aqui uma reconstituição histórica, tento trazer alguns elementos da trajetória político-pedagógica da EJA. A história da EJA é uma história de tensões entre diferentes projetos de sociedade e diferentes idéias sobre as finalidades da educação. O Estado sempre esteve por trás das iniciativas de EJA como incentivador e financiador. Para isso, contou com suas próprias forças e com a atuação da sociedade civil, seja por pessoas, instituições, grupos e associações que têm uma postura propositiva e se fazem protagonistas, propondo-se a resolver os 3 Tentei encontrar um conceito organizado para definir o termo classes populares, para explicitar e explicar a que e a quem estou me referindo ao utilizá-lo, para delimitar o significado e colaborar com o entendimento do texto e o meu posicionamento. Vasculhada uma bibliografia de autores que usam o termo e são próximos à linha de pensamento, não única nem fechada, dos estudos do cotidiano – principalmente Carlos Rodrigues Brandão e Victor Valla – encontrei muitas referências ao termo, mas nenhuma definição. Chego à conclusão de que a complexidade, a abrangência e os vários sentidos que o termo assume, dificultam a elaboração de um significado muito preciso e definitivo. Os autores consultados, quando se referem a classes populares, para falar de cultura popular e educação popular, referem-se ao povo, aos pobres, aos índios, aos negros, aos miseráveis, aos marginais, aos lavradores, aos trabalhadores em geral, empregados, subempregados e desempregados. Marisa Narcizo Sampaio16 seus próprios problemas, seja por instituições filantrópicas e assistencialistas, ligadas à idéia de que o adulto não alfabetizado é uma criança em termos de conhecimento e de entendimento do mundo que o cerca. A marca da história da EJA é a marca da relação de domínio e humilhação estabelecida historicamente entre a elite e as classes populares no Brasil, na concepção que as elites brasileiras têm de seu papel e de seu lugar no mundo e do lugar do povo. Uma concepção que nasce da relação entre conquistador e conquistado/índio/escravo, e perdura em muitos documentos oficiais que parecem tratar a EJA como um favor e não como o pagamento de uma dívida social e a institucionalização de um direito (CURY, 2000). Algo inferior, para cidadãos inferiores. Essa concepção fomenta o preconceito contra seu público: adulto analfabeto, considerado “incompetente, marginal, culturalmente inferior” (FÁVERO, 2004, p.15), que tem sido profundamente internalizado por estas pessoas que se julgam sem direito à educação. No contato com alunos e alunas de EJA do citado projeto, ouvi inúmeros depoimentos que demonstram uma auto- estima tão baixa que se consideram incapazes, repetindo sem crítica o perverso ditado: “papagaio velho não aprende a falar”. Paulo Freire (1983) explica que os adultos analfabetos, oprimidos na sua concepção, hospedam o opressor. Ele descreve a relação entre oprimidos e opressores como uma relação dialética de interdependência que sujeita o oprimido e faz com que ele carregue dentro de si a cultura da dominação. Algo como o expressado por uma aluna e registrado por sua professora em 10/06/2005: A dona Noêmia falou uma coisa que me chamou atenção: - Professora, eu acho muito bom essas apresentações [roda de leitura no dia anterior em homenagem a uma poeta local], mas pra que isso para nós que não entendemos, nem sabemos ler? O caráter de educação de segunda classe para as pessoas adultas das classes populares pode ser verificado ainda, atualmente, no que se refere ao financiamento. Inserida na proposta do Fundeb, que entrou em vigor a partir de julho de 2007, a EJA recebe sempre um valor por aluno 17Educação de jovens e adultos: Uma história de complexidade e tensões menor que o destinado ao Ensino Fundamental de crianças, podendo essa diferença, como no caso do Distrito Federal, chegar a menos da metade (BRASIL, 2009).4 Como expressão dessa história de relação de domínio, tensões e ambiguidades da EJA, até hoje ainda sobressai sua função supletiva compensatória (educação para pessoas que não tiveram o direito à escola antes da vida adulta) praticada por boa parte das instituições. Isso acontece a despeito da existência, hoje, de um discurso que se refere à EJA como direito à educação permanente para todos, intensificado a partir da década de 90 com a realização de conferências internacionais (em Jomtien, 1990 e em Hamburgo, 1997), que reiteraram a importância da EJA para todos os povos do mundo e da educação em geral, visando à participação dos cidadãos na sociedade do conhecimento e da informação. As visões de suplência e de direito à educação permanente, que podem ser percebidas como antagônicas, estão presentes no cotidiano das atividades de EJA e influenciam o trabalho realizado. Essa contradição, ambiguidade e complexidade são características da nossa sociedade. É a organização social brasileira que, embora tenha espaço para que alguns desenvolvam a educação permanente como forma de atualização de conhecimentos e aprendizagem durante toda vida, para outros, que não tiveram direito de acesso e permanência na escola, exige a atuação reparadora (CURY, 2000), no sentido de oferecer à população um direito que historicamente lhe foi negado. 2 Relações complexas: dois momentos Para tentar compreender melhor, é preciso ir à história da relação entre Estado e educação para as classes populares. Na década de 1930, a burguesia industrial se torna o ator fundamental do crescimento econômico e da colocação do país, mesmo que tardiamente, no cenário do capitalismo mundial. A urbanização e a necessidade de mão de obra minimamente qualificada nas indústrias provocou no Brasil uma espécie de reprodução de um movimento que os países mais ricos 4 Conforme Anexo I da Portaria Interministerial Nº 221 de 10 de março de 2009. Marisa Narcizo Sampaio18 tinham vivido mais de um século antes. A necessidade de ampliar a rede escolar fez o governo buscar novas diretrizes educacionais para o país (Constituição de 1934) e envidar esforços para diminuir o analfabetismo adulto. A industrialização não trouxe um projeto democrático. Ao contrário, foi imposta autoritariamente pelo Estado Novo, e a educação proposta estava harmonizada com este projeto. O investimento do Estado em configurar um campo industrial é também investimento na formação profissional da classe trabalhadora e, pela primeira vez, há um ordenamento nacionalda educação orientado pelo governo central. Os primeiros documentos oficiais de atenção à EJA eram uma resposta às necessidades do capital: mão de obra minimamente qualificada para atuar na indústria, maior controle social, além de diminuir os vergonhosos índices de analfabetismo (CURY, 2000). Celso Beisiegel (1974, p. 30-31) analisa a educação popular no estado de São Paulo e mostra como o sistema de relações econômicas, um modo de produzir bens e serviços, influenciou as “aspirações educacionais voltadas para a realização de expectativas de mobilidade social vertical compatíveis com as mudanças observadas na estrutura do mercado de trabalho.” O Estado incorporou estas idéias em suas ações públicas e expandiu o número de vagas no nível de ensino equivalente aos últimos anos do Ensino Fundamental, por exemplo. Dessa forma ele afirma que o Brasil constituiu dois sistemas paralelos de educação: [...] um deles conduzindo do ensino primário ao diploma de escolas superiores, através da freqüência ao ensino secundário, e um outro que se interrompe nos primeiros degraus de escolaridade. Aquele, desde o início, era entendido como o ensino destinado à preparação das ‘elites’; este, por oposição ao primeiro, aparece como educação para o ‘povo’. (BEISIEGEL, 1974, p. 32). Ressalto que esse autor usa a expressão educação popular para descrever a educação destinada às classes populares: “uma educação 19Educação de jovens e adultos: Uma história de complexidade e tensões concebida pelas ‘elites’ com vistas à preparação do ‘povo’ para a realização de certos fins” (BEISIEGEL, 1974, p.32). Essa é uma concepção diferente do conceito apresentado por Miguel Arroyo (2001), que define Educação Popular como um movimento organizado, um conceito, uma forma de fazer educação: “um dos movimentos mais questionadores do pensamento pedagógico (que) nasce e se movimenta de projetos de educação de jovens e adultos colados a movimentos populares nos campos e nas cidades, em toda América Latina” (ARROYO, 2001, p.10). Para Beisiegel, a oferta oficial de educação para o povo se adiantava às reivindicações populares, impulsionada pelo pensamento liberal, por questões econômicas e espelhada em influências estrangeiras, e porque havia um projeto do Estado: desencadear um processo “civilizador” na sociedade brasileira; delimitar o lugar das classes populares para sua função social; e atender a necessidades econômicas escolarizando para a atuação no mercado de trabalho que se modernizava. O pensamento que vai guiar e limitar as iniciativas de educação popular pelos governos é a idéia de que a educação forma as classes populares para transformá- las em elemento de produção. Nessa complexa trama entre economia, política e sociedade, o Estado sempre esteve por trás das ações de EJA, principalmente com o lançamento de campanhas e financiamento de projetos desenvolvidos por instituições diversas da sociedade. Essa tem sido a política oficial de educação para os adultos das classes populares, em que podem ser destacados dois momentos. Num primeiro momento, cujo cenário era composto no Brasil pelo fim da ditadura Vargas, o Estado, investido do caráter desenvolvimentista que vinha assumindo o governo federal no campo da educação e da preparação de recursos humanos, toma a frente com iniciativa e verbas e propõe, por exemplo, a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos, criada em 1947, com apoio da sociedade civil organizada. O aparecimento da UNESCO é um acontecimento representativo daquele contexto histórico, quando se tentava investir em educação, Marisa Narcizo Sampaio20 cultura e melhoria da qualidade de vida, em contraposição à imagem hedionda da humanidade mostrada na guerra. A Campanha tinha objetivos amplos, para além da alfabetização: levar a educação de base a todos os brasileiros nas cidades e nas áreas rurais, além de atuar na capacitação profissional e no desenvolvimento comunitário. Nesse contexto foram criadas também as leis regulamentando a ampliação do ensino primário, inclusive o primário supletivo para adolescentes e adultos, como forma de estender a educação elementar para as populações que não tiveram acesso a ela, mas que não resolveu a universalização do atendimento às classes populares. No final do primeiro governo Vargas, antes da criação dos sistemas de educação, foi criado o Fundo Nacional de Ensino para repasse de verbas aos estados visando o ensino básico primário de crianças e adultos. Fávero (2004, p. 22-23) explica que as práticas da EJA nesta época “tinham uma dimensão política, mas de acomodação, de adequação a um projeto social que se estabelecia na linha da manutenção das estruturas, modernizadas pela industrialização e pela urbanização dela decorrente.” Um segundo momento na relação entre Estado e sociedade no desenvolvimento da EJA no Brasil se caracteriza pela atuação organizada de movimentos sociais surgidos nos anos 50/60. O longo embate político-ideológico (de 1948 a 1961) em torno da LDB n° 4.024/61 foi campo fértil para o aparecimento de diversos movimentos sociais de cultura e de educação popular que se concretizam no início dos anos 60, consolidando um novo paradigma pedagógico para a EJA, tendo Paulo Freire como figura principal de um movimento que começa a perceber esta modalidade educativa sob o ponto de vista de seu público. Nesse momento, as iniciativas de alfabetização de adultos, o Movimento de Cultura Popular (MCP) da prefeitura do Recife; a Campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”, em Natal; a Campanha de Educação Popular (Ceplar), em João Pessoa; e o Movimento de Educação de Base (MEB), instituído pela CNBB, têm como palavra-chave a conscientização, e são financiadas pelo governo federal e por algumas prefeituras. Fundamentadas no espírito democrático, essas iniciativas pressionaram o 21Educação de jovens e adultos: Uma história de complexidade e tensões governo forçando o estabelecimento de uma organização nacional, para que deixassem de ser pontuais e tivessem uma articulação em todo o país. Elas defendiam a realização de uma Educação de Jovens e Adultos voltada à transformação social e não apenas à adaptação da população ao processo de modernização econômica e social baseado em modelo estrangeiro. Para Fávero (2004, p. 23), nesse período a EJA “remava contra a corrente”, pois tinha claro que era “um direito a ser concretizado, para que a população considerada analfabeta dele se apropriasse como passo primeiro e fundamental de um processo de libertação, na direção da construção de uma sociedade efetivamente democrática.” Com o golpe militar ocorrido no Brasil em 1964, as ações dos movimentos sociais são substituídas por campanhas de alfabetização de cunho mais conservador nos propósitos e assistencialistas nos procedimentos, com a distribuição de alimentos para os alunos e alunas. Novamente o Estado assume o papel de propor iniciativas, pressionado por questões econômicas e ideológicas relacionadas à idéia de educação como investimento no desenvolvimento do país. A criação do MOBRAL, em 1968, foi mais uma tentativa do Estado brasileiro, primeiro em forma de campanha e depois com estrutura de fundação, de lidar com a tensão social promovida pela negação histórica da educação para as classes populares e de atender a orientações da UNESCO, e tornou-se “o maior movimento de alfabetização de jovens e adultos já realizado no país, com inserção em praticamente todos os municípios brasileiros.” (FÁVERO, 2004, p.25). Os resultados, no entanto, foram bastante insatisfatórios relacionados especialmente à falta de continuidade de estudos para os alfabetizandos. Extinto em 1985, o MOBRAL foi substituído pela Fundação Educar, também extintaem 1990. Em termos legais, mesmo tendo se tornado um empreendimento do Estado na década de 1940, apenas em 1971 a EJA aparece pela primeira vez em capítulo específico de uma lei federal de educação (BRASIL, 1996). Também pela primeira vez aparece em lei a preocupação com a necessidade de qualificação dos profissionais que nela atuam. Em Marisa Narcizo Sampaio22 1988, a pressão popular por educação e escolas melhores e em maior quantidade levou a Constituição Federal a estender o direito à educação básica aos jovens e adultos como um dever do estado, afirmando sua obrigatoriedade e gratuidade. Esses momentos, ou formas de atuação do Estado, ora como financiador de campanhas, ora como financiador de ações dos movimentos sociais e da sociedade civil, se alternam e se misturam até hoje. Nessa história de tensão, percebe-se a atuação das instituições sociais ligadas ao empresariado, como a que promove o projeto objeto de estudo da pesquisa, ao lado do Estado brasileiro e dos sucessivos governos implementadores de políticas educacionais como instituição promotora de ações na área de EJA pautado pelas orientações dos governos e pelas necessidades do mercado que, em geral, impulsionam as políticas públicas. 3 Cenário atual Nos anos 90 foram realizadas as conferências internacionais de educação, e o Brasil assumiu compromisso com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, firmada em Jomtien, em 1990, com o propósito de reduzir as taxas de analfabetismo. Além da Declaração de Jomtien, destaca-se a V Conferência Internacional de Educação de Adultos, realizada em Hamburgo, em 1997, que reiterou a importância e a necessidade da EJA para todos. Foi também a época de início do Fórum Social Mundial e do Fórum Mundial de Educação discutindo e defendo essa mesma idéia. Esses eventos ajudaram a reacender o debate, e o governo da época respondeu, a partir de 1997, com um Programa que se chamou Alfabetização Solidária e propunha a parceria entre o próprio Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), empresas, universidades e prefeituras. Mais uma vez um chamado à sociedade civil para se engajar na concretização de ações de EJA. O atual governo iniciou sua atuação na área também com o espírito de campanha investindo verbas federais em projetos de 23Educação de jovens e adultos: Uma história de complexidade e tensões alfabetização executados pela iniciativa de diversas organizações, com diferentes propostas pedagógicas e pouco investimento na formação de professoras propondo-se a alfabetizar em poucos meses. Desde 2004 o Governo Federal vem trabalhando com o projeto Brasil Alfabetizado no qual Organizações Não Governamentais e prefeituras podem contratar professoras leigas que recebem uma rápida formação inicial. O aporte de verbas federais para diferentes e pontuais projetos que se propõem a alfabetizar em poucos meses, revela que a antiga visão de campanha ainda fundamenta a ação governamental e vai na contramão das resoluções e tratados assinados nos grandes encontros internacionais e do conceito de alfabetização, defendido pela UNESCO, que pressupõe a continuidade de estudos para dar uma base sólida e funcional para a aprendizagem da leitura e da escrita. Apenas em janeiro de 2007, após três anos de constantes críticas dos profissionais da área, foi realizada uma avaliação e um redirecionamento do Programa Brasil Alfabetizado levando o investimento público federal para os sistemas públicos estaduais e municipais e diminuindo consideravelmente o financiamento de Organizações Não Governamentais. Vivemos ainda, portanto, os mesmos desafios de sempre. Como resultado dessas ações pontuais e, porque não dizer, marginais, no sentido de estar à margem dos sistemas educacionais oficiais por muito tempo, o índice de analfabetismo funcional é alarmante, mais do que o dobro da taxa de analfabetismo: 27,8%5. Estas pessoas são aquelas que, em geral, passaram por algum projeto de alfabetização, em geral caracterizados pela transitoriedade, e conseguiram apenas iniciar a aprendizagem da leitura e da escrita, não sendo capazes, ainda, de dominá-las para seu uso cotidiano como ferramenta de trabalho. Com isso ainda se faz necessário que a EJA, além de ser a educação ao longo da vida para qualquer pessoa, função qualificadora, segundo Cury (2000), tenha em nosso país obrigatoriamente as funções reparadora e equalizadora. A função reparadora significa um avanço em relação à idéia de supletivo que sempre acompanhou a EJA com o sentido de resgatar um tempo 5 Indicadores do censo demográfico de 2000 e do censo escolar de 2000, INEP. Marisa Narcizo Sampaio24 perdido ou suprir uma carência de escolarização na chamada idade própria (um conceito impróprio, se levarmos em consideração o direito à educação em qualquer período da vida). O reconhecimento da educação como direito do cidadão e da cidadã ao longo de sua existência desloca a idéia de compensação para a de reparação de um direito que lhe foi negado. A função equalizadora da EJA diz respeito à possibilidade dos jovens e adultos voltarem a frequentar ou frequentarem pela primeira vez a escola. Cury (2000, p. 38) considera que a volta ao sistema educacional requer a abertura de “mais vagas para estes “novos” alunos e “novas” alunas, demandantes de uma nova oportunidade de equalização”. Hoje ainda carecemos de investimento público para oferta dessas vagas com a qualidade de ensino que toda a população tem direito. Uma qualidade que, entre outros elementos, está também relacionada à formação de professores e professoras para trabalhar com a EJA. Ao desprezar a EJA no sistema público e regular, o Estado cede espaço à inserção de outras instituições. No caso do projeto estudado, este é um dos seus diferenciais em relação a outros projetos de educação de adultos: intensa formação continuada das educadoras que nele atuam, além de ter nascido superando a idéia histórica de campanha, como um Projeto duradouro que possui Proposta Pedagógica, oferta de continuidade e espaço próprio para o seu desenvolvimento. Na história da EJA no Brasil a formação continuada de professoras não aparece como um aspecto importante, reafirmando sua consideração como modalidade menor, como apêndice do ensino regular para a qual tudo serve, bastando fazer algumas adaptações, e que, portanto, não tem necessidade de qualificar, preparar e formar continuamente profissionais para se dedicarem a ela. Fávero (2004, p. 27), que refaz o caminho desta história para dela tirar algumas lições, ressalta: “um capítulo dramático refere-se ao pessoal docente. Campanha após campanha, repõe-se o ‘voluntarismo’: pessoal malpreparado e malpago, insuficientemente assessorado.” Não pretendo fazer o discurso da falta e da culpabilização do professorado como responsável pela má qualidade da educação oferecida 25Educação de jovens e adultos: Uma história de complexidade e tensões no Brasil, já que fatores como condições de trabalho são cruciais para se avaliar essa situação, por outro lado, não se pode esquecer que o professor é o mediador entre o aluno e o conhecimento e responsável por essa relação de aquisição/construção. Esta tarefa impõe desafios permanentes aos docentes e isso quer dizer que o investimento na formação continuada é fundamental para que eles estejam permanentemente pensando sobre o seu fazer, buscando respostas, sempre provisórias, para as questões que a prática cotidiana traz. Na formação de professores e professoras para atuar na EJA há algumas especificidades em relação aos outros docentes necessárias ao trabalho com esse público jovem, adulto, trabalhador. Paulo Freire (1996) enfatiza o compromisso do professor com seu fazer e com seu aluno,um compromisso ético. As idéias de democracia, conscientização, transformação, diálogo, respeito ao aluno e de educação como intervenção na realidade estão pautadas nesse compromisso e sem ele não podem ser colocadas em prática. Ribeiro (1999) enfatiza o conhecimento das necessidades de aprendizagem características da idade adulta e da condição de trabalhadores e o desenvolvimento da capacidade de atuar com novas formas de organização do espaço-tempo escolar. Considero igualmente fundamental a necessidade de reconhecer que se trabalha com pessoas cujos direitos têm sido historicamente negados. Para isso é preciso: conhecer a história da EJA e a história das lutas do povo brasileiro em seus movimentos sociais; compreender que a marginalização deste público requer atenção especial à auto-estima e dá o tom de uma educação fora do padrão, que necessita de adequação da escola e do trabalho pedagógico do professor à vida e às necessidades do aluno adulto, que são diferentes da criança; reconhecer e valorizar os alunos como sujeitos, capazes não só de aprender, mas de administrar sua vida e sua sobrevivência pessoal e familiar, participar ativamente da comunidade com autonomia, sem vê-los como receptores passivos da assistência e do favor alheios; perceber que a proposta pedagógica praticada na sala de aula influencia diretamente no envolvimento dos alunos na aprendizagem e na superação de suas dificuldades, desafiando-os Marisa Narcizo Sampaio26 positivamente a aprender e incentivando-os a querer retornar todos os dias. Por isso, refazer esta história da EJA nunca é demais, é preciso conhecê-la para respeitar os sujeitos que nela sempre estiveram e estão envolvidos. EDuCaCIÓn DE JÓVEnES y aDulTOS: una HISTORIa DE COMPlEJIDaD E TEnSIOnES Resumen: A partir de la investigación con la actividad cotidiana de profesoras de Educación de Jóvenes y Adultos – EJA – que actúan en municipios del interior de estados de las regiones Norte y Noreste, este artículo trata de la trayectoria de la EJA en Brasil, durante el siglo XX y hasta nuestros días. Se discuten las relaciones complejas entre el Estado, las instituciones no gubernamentales, los movimientos sociales y los factores económicos, ideológicos, políticos y sociales que constituyen esa historia. Se presentan dos momentos principales de esas relaciones, cuando el Estado actúa en ciertos momentos como financiador de campañas de alfabetización, y cuando actúa como financiador de acciones de los movimientos sociales y de la sociedad civil. Se puede percibir como estos momentos se alternan y se mezclan hasta hoy. Actualmente esa complejidad todavía está presente y vivimos los mismos desafíos de siempre: la necesidad de dar continuidad a la lucha por una educación de calidad para todos y por la formación continuada de los profesores de Educación de Jóvenes y Adultos. Palabras-clave: Complejidad. Formación de Maestros. Historia de la Educación de Jóvenes y Adultos. Referências ARROYO, Miguel. A educação de jovens e adultos em tempos de exclusão. alfabetização e Cidadania, São Paulo: RAAB, n.11, p.9-20, abr. 2001. BEISIEGEL, Celso de Rui. Estado e educação popular: um estudo sobre educação de adultos. São Paulo: Pioneira, 1974. (Biblioteca Pioneira de Ciências Sociais). BRASIL. lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional nº. 9394/96. Brasília, 20 dez. 1996. 27Educação de jovens e adultos: Uma história de complexidade e tensões BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Mapa do analfabetismo no Brasil. Brasília, DF: MEC/ INEP, 2003. BRASIL. Ministério da Educação. Portaria Interministerial nº 221 de 10 de março de 2009. Brasília, DF: MEC/FNDE, 2009. CURY, Carlos Roberto Jamil. Parecer CEB 11/2000. In: SOARES, Leôncio. Educação de Jovens e adultos. Rio de Janeiro, 2002. FÁVERO, Osmar. Lições da história: avanços de sessenta anos e a relação com as políticas de negação de direitos que alimentam as condições de analfabetismo no Brasil. In: OLIVEIRA, I.B.; PAIVA J. (orgs.) Educação de Jovens e adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. ______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. RIBEIRO, Vera Masagão. A formação de educadores e a constituição da educação de jovens e adultos como campo pedagógico. Educação e Sociedade. Campinas, dez. 1999, vol.20, no.68, p.184-201. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 7 fev. 2005. Artigo recebido em: 07/07/09 Aprovado para publicação em: 20/08/09 DOSSIÊ TEMÁTICO Educação de pessoas jovens, adultas e idosas Práxis Educacional Vitória da Conquista v. 5, n. 7 p. 29-43 jul./dez. 2009 O nãO-lugaR Da PESSOa IDOSa na EDuCaçãO Rouseane da Silva Paula 1 Resumo: O envelhecimento crescente da população brasileira é tema do artigo que ora apresentamos. Neste discutimos a questão da velhice e o sofrimento simbólico fruto do discurso hegemônico que valoriza a juventude. Abordamos a segregação sofrida pelos idosos que têm seus direitos promulgados pelas políticas públicas, mas não efetivados, em especial, no que se refere ao direito à educação. Discorremos sobre o processo de exclusão dos indivíduos que se tornam inativos para o mundo do trabalho: os aposentados. A intenção principal deste trabalho de pesquisa, além de sistematizar subsídios sobre uma temática pouco explorada, é contribuir para a denúncia das injustiças e o anúncio de alternativas. O foco dos nossos estudos são as iniciativas no campo educacional, de natureza governamental, voltadas para a pessoa idosa. Este é um estudo de natureza descritiva e exploratória sobre as instituições públicas que atendem idosos, na cidade do Natal/RN. Após as primeiras visitas às instituições, estamos analisando os dados coletados através de um questionário aplicado nos dois centros de convivência, mantidos pelo Movimento de Integração e Orientação Social (MEIOS). Os dados da pesquisa mostraram a importância de conhecer o perfil das idosas como maneira de formular propostas educativas 1 Graduada em Pedagogia, Mestre em Educação e Doutoranda em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação, pela UFRN. Professora Assistente da UERN/CAMEAM. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa e Estudos sobre Educação de Jovens e Adultos (GEPEJA/ UERN). Pesquisadora do Grupo Interdisciplinar Norte e Nordeste de Estudos em Representações Sociais da UEPB. Linhas de pesquisa: Prática e Formação Docente; Educação de Adultos, Idosos e Envelhecimento Humano; Identidade e Representações Sociais. E-mail: rouseane.paula@gmail. com ou rouseanepaula@uern.br. Rouseane da Silva Paula30 eficazes. Ousamos ainda apontar a educação das novas gerações como via possível para a mudança efetiva de práticas e crenças que incitam a busca da juventude eterna. Palavras-Chave: Exclusão social. Educação. Idosos. 1 Introdução O envelhecimento é tema do artigo que ora apresentamos. Discutimos a questão da velhice e do sofrimento simbólico, frutos do discurso hegemônico que valoriza a juventude. A presente pesquisa dedica-se à investigação da efetivação das políticas públicas voltadas para a pessoa idosa, em especial no aspecto educacional. O universo de estudo desta pesquisa de natureza qualitativa descritiva é heterogêneo por compreender Centros de Convivência, Grupos de Convivência e Instituições de Longa Permanência para Idosos. Todavia, nosso foco será os idosos independentes que participam dos espaços de convivência. Nesta fase da vida humana, o envelhecimento biológico e todas as mudanças decorrentes e para alguns, a aposentadoria, apresentam- se como um desengajamento do ser social. Devido ao afastamentodas suas atividades é gerada uma fragilização de pertencimento no grupo, daí que, a partir do momento em que os limites se tornaram tênues, conforme afirma Bauman (2005), surge a necessidade de definir os contornos identitários. Quando a identidade perde as âncoras sociais que a faziam parecer natural, predeterminada e inegociável, mais importante se torna para os indivíduos que buscam desesperadamente um nós a quem pertencer. Esse processo de desengajamento acontece não apenas em relação ao mundo do trabalho, como no caso da aposentadoria, mas também na intimidade de suas casas, nas quais os idosos são isolados. A sociedade que enaltece a juventude descarta, muito facilmente, aqueles que recordam nossa finitude – os idosos. Elias (2001) destaca 31O não-lugar da pessoa idosa na educação o distanciamento, nas sociedades ocidentais, daquelas pessoas que estão envelhecendo e morrendo, por essas representarem nossa finitude. O processo civilizador afasta os moribundos e os velhos da convivência social. O autor menciona ainda a burocratização e higienização da morte. As pessoas não passam seus últimos momentos em casa, mas em unidades de terapia intensiva que não permitem o acesso dos familiares, devido ao risco de contaminação. O autor ainda trata do encobrimento e recalcamento da morte, isto é, da finitude irreparável da existência humana, como muito antigos, mas frisa que o modus operandi modificou- se ao transcorrer do tempo (ELIAS, 2001, p. 43). O Brasil configura entre os principais países emergentes da atualidade, além dele estão a África do Sul, Rússia, Índia e China. Esses juntos possuem 273 milhões de pessoas com 60 anos ou mais idade, o equivalente a 40,6% da população mundial de idosos. Em 2007, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) revelou a existência, no Brasil, de quase 20 milhões de idosos, correspondendo assim a 10,5% do total da população. Destes, 16,5 milhões viviam na área urbana e 3,4 milhões na área rural. O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é um fenômeno mundial. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas depois, este contingente alcançava 579 milhões de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de idosos por ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as projeções indicam que, em 2050, a população idosa será de 1,9 bilhão de pessoas [...] ou um quinto da população mundial. (EM 2050..., 2002). Discorremos sobre um adulto que é ignorado tanto pelas políticas previdenciárias e sanitárias quanto pelas educacionais. Longevo que não possui espaço para renovação e atualização dos seus conhecimentos, no âmbito público e estatal. A longevidade assim se torna um fenômeno que acontece no cotidiano de uma sociedade que alcança a conquista e não sabe o que fazer com seus velhos, o que é retratado, de maneira Rouseane da Silva Paula32 jocosa, no comentário infeliz de um parlamentar: “deixem os velhinhos morrerem em paz”2. Em 1994, é definida a Política Nacional do Idoso através da lei 8.842 que foi resultado das proposições da sociedade e dos movimentos sociais. O Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI) está vinculado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República através do Ministério da Justiça. Em 2002, é elaborado, pela ONU, um Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento. “A Organização das Nações Unidas (ONU) divide os idosos em três categorias: os pré-idosos (entre 55 e 64 anos); os idosos jovens (entre 65 e 79 anos[...]) e os idosos de idade avançada (com mais de 75 ou 80 anos)” (PREOCUPAÇÃO..., 2008). Apesar dessa demarcação servir de algum parâmetro, sabemos que a velhice é uma construção social, sou velho ou jovem em relação a alguém. Neste sentido afirma Bourdieu (1983, p. 113): [...] cada campo possui suas leis específicas de envelhecimento: para saber como se recortam as gerações é preciso conhecer as leis específicas do funcionamento do campo, os objetos de luta e as divisões operadas por esta luta. [...] o fato de falar dos jovens como se fossem uma unidade social, um grupo constituído, dotado de interesses comuns, e relacionar estes a uma idade definida biologicamente já constitui uma manipulação evidente. No entanto, a grande preocupação do governo é com o aumento das despesas devido à pressão que o enorme grupo de idosos promove sobre os fundos de pensões e serviços de saúde. De maneira que “muitas nações industrializadas passam a reformular os sistemas de seguridade social, aumentando a idade mínima para aposentadoria, elevando as contribuições dos trabalhadores à previdência e introduzindo o financiamento do setor privado” (PREOCUPAÇÃO..., 2008). 2 Darcy Ribeiro, político, na ocasião, e grande educador, no Congresso Brasileiro de Educação em São Paulo, 1989, usou a célebre frase “Deixem os velhinhos morrerem em paz” que Sérgio Haddad problematizou em um texto posteriormente. Quando Secretário Extraordinário de Educação, no Rio de Janeiro, durante o Governo Brizola, criou o Programa de Educação Juvenil (PEJ), em 1985, que atendia apenas a jovens de 15 a 25 anos. 33O não-lugar da pessoa idosa na educação Dentre as ações voltadas para o idoso no Estado do Rio Grande do Norte, destacamos a existência do Conselho Municipal e do Conselho Estadual do Idoso. O Conselho Estadual do Idoso foi criado pela lei 6.254/92. Trata-se de um órgão deliberativo incumbido de definir, orientar e controlar a Política Estadual de Atendimento à Pessoa Idosa, de defesa dos seus direitos e de valorização de seu papel social e cultural. No Estado do Rio Grande do Norte mapeamos alguns órgãos dedicados a este público, dentre eles, o Conselho Estadual do Idoso. Representam o governo neste conselho as seguintes secretarias: Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social (SETHAS), Secretaria da Educação e Cultura (SEEC); Segurança Pública e Defesa Social (SESED); Saúde Pública (SESAP), além da Secretaria de Justiça e Cidadania (SEJUC) e da Fundação José Augusto. Outra instituição pública que compõe o conselho é a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A sociedade civil participa através da Universidade Aberta à Terceira Idade (UNP/UNATI), Lar do Ancião Evangélico (LAE), Instituto Juvino Barreto, Associação Norte-Riograndense (ARPI), Conselho Regional de Serviço Social e Associação Inaraí. O Conselho Estadual do Idoso foi criado pela lei 6.254/1992. Trata-se de um órgão deliberativo incumbido de definir, orientar e controlar a Política Estadual de Atendimento à Pessoa Idosa, de defesa dos seus direitos e de valorização de seu papel social e cultural. [...] Existem hoje, no Rio Grande do Norte cerca de 300 mil idosos, pouco mais de 8% da população. (GOVERNADORA..., 2007). Na cidade do Natal, identificamos diversas ações voltadas para o idoso, dentre elas, os grupos de convivência do programa API- Conviver. Esse é financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e está inserido no Departamento de Proteção Social Básica. Visam prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Rouseane da Silva Paula34 No entanto, a prática revela que esses grupos partilham uma visão infantilizada do idoso e possuem muito mais a natureza assistencialista. Assim sendo, queremos em nossa investigação, sistematizar conhecimentos acerca deste idoso e suas demandas, como forma de aprimorar e cumprir efetivamente o papel educativo apresentado no Estatuto dos Idosos. Propomos os grupos de convivência como alternativa, superando a visão restrita do grupo de convivência como lazer, passatempoou terapia ocupacional, enquanto a proteção social básica defende os interesses do cidadão idoso, através da Delegacia dos Direitos da Mulher e das Minorias (CODDIM), do SOS Idoso e da Delegacia e Promotoria do Idoso. O Conselho Municipal do Idoso da cidade do Natal-RN foi instituído através da lei 5.129/99. Trata-se de um órgão permanente, deliberativo e consultivo que tem por finalidade zelar pelo cumprimento dos direitos da pessoa idosa, de acordo com o Estatuto do Idoso. O Conselho é composto por representação governamental - Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Secretaria Municipal de Educação (SME), Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social (SEMTAS), Secretaria de Transportes Urbanos (SETU), Secretaria Especial de Esporte e Lazer (SEL) - e não-governamental: ATIVA Juvino Barreto, Lar do Ancião Evangélico (LAE), Sociedade Espírita de Cultura e Assistência (SECA), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O Programa API-Conviver tem por objetivo prestar assistência ao idoso em 52 grupos de convivência, direcionando-os, juntamente com sua família, à rede integrada de proteção social, na perspectiva de viabilizar condições para o pleno exercício da cidadania. Seu público alvo são pessoas com idade igual ou superior a 60 anos associados aos grupos de convivências situados em diversas comunidades, parceiros do Programa de Atenção à Pessoa Idosa (API–Conviver) do município do Natal. O Programa atendeu a 1.870 idosos/semana no ano de 2008, meta fixa, determinada pelo convênio com o MDS e co-financiado pelo município de Natal através da SEMTAS (NATAL, 2008). 35O não-lugar da pessoa idosa na educação A cidade de Natal é subdividida em quatro zonas, de maneira que selecionamos um grupo de convivência de cada uma delas: na zona leste, o Grupo Nossa Senhora dos Navegantes, Comunidade Maruim; na zona oeste, o Grupo Associação Natalense da Terceira Idade (ANATI), Cidade da Esperança; na zona norte, o Grupo São Bartolomeu, Igapó, e na zona sul, o Grupo Esperança, Conjunto Pirangi. No momento, estamos na realização das entrevistas semi-estruturadas para conhecer as condições de vida desses idosos e sua inserção nas ações educativas promovidas (ou a ausência dessas) no município de Natal. Até o momento, em visita ao Conselho Municipal do Idoso, obtivemos a informação de que não há nenhuma ação desenvolvida pela Secretaria de Educação voltada, em exclusividade, para a pessoa idosa. De maneira que a investigação poderá assumir a natureza de denunciar a negligência ao Estatuto e à Política Nacional do Idoso. 2 Há lugar para o idoso na Educação de Jovens e adultos? A partir dos anos 80 é que identificamos iniciativas em relação a esse público. A de maior relevo foi a promulgação da Constituição Federal de 1988, na qual é garantida a obrigatoriedade, não somente a gratuidade, do ensino fundamental aos que a ele não tiveram acesso na idade própria, incluindo portanto, jovens e adultos. No que diz respeito à educação, o que encontramos é a Educação de Jovens e Adultos (EJA) com toda a sua precariedade quanto à oferta, à qualidade e à permanência. Quanto à oferta, podemos dizer que há a restrição desta modalidade por ser oferecida, em geral, apenas, no período noturno. No que toca à qualidade e à permanência, podemos apontar algumas fragilidades como: a juvenilização, os conflitos intergeracionais, a distorção idade/série, a condição precária de vida desses sujeitos mais uma vez excluídos. A entrada dos jovens e adolescentes na EJA é recente e o fenômeno da juvenilização demandaria outro tempo para estudo das suas especificidades, tanto que fizemos a opção de delimitar nosso estudo Rouseane da Silva Paula36 ao adulto maduro e ao idoso. Ao contrário dos jovens que frequentam a escola não por opção, mas por força da legislação vigente, os adultos e idosos buscam espaços para continuidade da sua educação por interesse próprio. Assim, deparamo-nos claramente com o desafio de pensarmos uma educação que não reduza o ser adulto às necessidades do mercado e apenas privilegie a capacitação técnico-científica do educando em detrimento aos conhecimentos necessários para a sua formação humana. Ser jovem, adulto ou velho não é apenas uma definição biológica, mas, pelas condições de vida, isso é definido a partir das experiências (trabalho, constituir família) e o que há em comum entre esses é o pertencimento às classes populares. Quanto a isso, Arroyo (2005) afirma que esses possuem uma identidade coletiva, são pobres, desempregados, participam da economia informal, negros, nos limites de sobrevivência, são jovens e adultos pertencentes às camadas populares. Neste grupo não há homogeneidade, por se constituírem pessoas, cidadãos, pais de família, trabalhadores, religiosos, homens e mulheres e, por conseguinte, um grupo que desafia a escola com sua diversidade cultural. A temática desta pesquisa nasceu das muitas indignações que temos como estudiosa e pesquisadora da EJA. Encontramo-nos implicados neste tema desde nossa primeira experiência docente com jovens e adultos, durante o Projeto Esperança, uma iniciativa de alfabetização do Estado do Rio Grande do Norte. Acerca da objetividade presente nas práticas subjetivas, destacamos que, no campo da educação, os idosos são segregados de maneira arbitrária, pois no que atualmente rege as políticas educacionais, nada há em específico para a pessoa idosa na LDB Nº 9.394/96 (BRASIL, 1996) ou nas Diretrizes Curriculares para Educação de Jovens e Adultos (BRASIL, 2000). Na EJA, o idoso, sujeito da nossa pesquisa, que está presente, mas não é o foco das ações educativas desenvolvidas, contabiliza como mais um, sem atendimento específico para as necessidades impostas pela sua dimensão biológica ou sócio-cultural. 37O não-lugar da pessoa idosa na educação No Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003) há uma junção, que é vista também no próprio título do Capítulo V, entre educação, lazer, cultura e esporte, como se fossem todos resumidos num único direito. Essa dissolução do direito à educação em meio a outros direitos parece ter a finalidade de ocultar a reduzida efetividade no que se refere às conquistas no âmbito educacional, obtidas pelo Estatuto. Sem acesso a programas de alfabetização ou educação fundamental, por exemplo, pouco se poderá usufruir a cultura, o lazer e mesmo o esporte, uma vez que a educação nesses níveis – iniciais e básicos – é indispensável para a compreensão mínima do universo cultural que nos cerca. O Art. 21 é bastante ilustrativo: O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados. § 1o – Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna. § 2o – Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido da preservação da memória e da identidade culturais. (BRASIL, 2003). Notamos, assim, que, no que se refere à educação, o Estatuto do Idoso apresenta, essencialmente, medidas paliativas, uma vez que não trata, em nenhum momento, do problema mais urgente que envolve a educação na velhice: o analfabetismo de grande parte dos idosos. As leis apresentadas em concomitância ao Estatuto possuem caráter superficial, não significando nenhuma conquista efetiva para a maioria da população. O adulto da EJA é concebido por educadores, legalistas e nos cursos de formação de professores como um sujeito universal, abstrato. Isso nos remete a um estereótipo de adulto, correspondente ao homemocidental, urbano, branco, pertencente às classes médias da população, daí que na EJA esse adulto seja uma contraposição a esse estereótipo. Rouseane da Silva Paula38 O campo, segundo Ortiz (1994), se define como o cenário onde se trava uma luta competitiva em torno de interesses específicos que caracterizam a área em questão. Nesta competição, os idosos estão em franca desvantagem devido à falta do capital valorizado dentro do campo educacional, numa perspectiva capitalista: a juventude. Na visão que concebe a escola como espaço para qualificar mão- de-obra para o mercado, os idosos estão a princípio, obviamente, descartados. Assim, contrariamente à educação permanente, encontramos a atuação reducionista da escola que limita sua função social à qualificação para o mercado de trabalho, deixando de lado aspectos que incluem o desenvolvimento pessoal e social dos sujeitos, marginalizando os idosos não produtivos para o mercado. A escolarização se volta para a relação educação-trabalho, numa visão pragmática, e muitas vezes, frustrante, de empregabilidade, de maneira que a escola é esvaziada da promoção humana, sua função primeira, bem como da produção e socialização de conhecimentos que interfiram na qualidade de vida. Essa exigência social apresenta-se mais fortemente na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Torna-se uma necessidade epistemológica, na perspectiva tanto do ensino quanto da aprendizagem, que o conhecimento adquirido pelos estudantes tenha significação e retorno qualitativo às suas vidas, às suas estratégias de sobrevivência. O adulto ou o idoso, ao buscar a escola, procura, dentre outras coisas, outro tipo de conhecimento, saberes que somem à sua vida. Neste sentido, Bourdieu (2008, p.164) afirma que a dialética das condições e dos habitus é o fundamento da alquimia que transforma a distribuição do capital, balanço de uma relação de forças, em sistema de diferenças percebidas, de propriedades distintivas. Pois, para conhecer, é preciso ir além dos discursos e identificar os aspectos posicionais decorrentes de sua inserção social, institucional, familiar, dentre outras. O discurso está circunstanciado e é imprescindível conhecer o campo ao qual ele pertence. Os indivíduos não apenas 39O não-lugar da pessoa idosa na educação constroem os sentidos para o mundo, mas procuram impor aos demais a verdade decorrente da sua atribuição de sentido. 3 Conclusões provisórias [...] acredito que as relações sociais seriam muito menos infelizes se as pessoas pelo menos dominassem os mecanismos que fazem com que contribuam para sua própria miséria. (BOURDIEU, 1983, p. 27). Esse é a intenção principal desde trabalho de pesquisa: além de sistematizar subsídios sobre uma temática pouco explorada, contribuir para a denúncia da violência simbólica e anunciar alternativas. Ressaltamos que simbólica não minimiza a agressão, diz antes respeito à forma velada e naturalizada de agredir. Quanto a isso, Bourdieu (2003, p. 46) argumenta que ao se entender simbólico como o oposto de real, de efetivo, há a suposição de que a violência simbólica seria uma violência meramente “espiritual” e sem efeitos reais. Essa distinção simplista ignora a objetividade da experiência subjetiva das relações de dominação. Em outras palavras, a partir da lógica capitalista, e essa, obviamente, se apresenta também no campo da educação, os idosos são segregados, de maneira arbitrária, pois no que atualmente rege as políticas educacionais, nada há em específico para a pessoa idosa. Nada há na LDB 9394/96 ou nas Diretrizes Curriculares para Educação de Jovens e Adultos (EJA). No município de Natal não há nenhuma iniciativa voltada a esses sujeitos de direito. Gradativamente se naturaliza a desumanização do humano, de maneira que não seria diferente em relação ao idoso, ao velho ou inativo que alguns tratam como “lixo humano”, o processo de exclusão dos indivíduos que se tornam inativos para o mundo do trabalho: os aposentados. Esses não tiveram acesso aos bens simbólicos, ao longo das suas vidas, durante o período laboral, e atualmente, são alijados desses bens de forma abrupta, ao comporem uma parcela da população que aumentou expressivamente. Rouseane da Silva Paula40 Conforme Bauman (2005): Eles realocam as pessoas e destroem as suas identidades sociais. Podem transformar-nos, de um dia para outro, em vagabundos sem teto, endereço fixo ou identidade. Podem retirar os nossos registros de identidade ou invalidar as identidades registradas. A conquista da longevidade nos trouxe novos problemas: além da sobrecarga na política previdenciária, concretiza-se a certeza da morte anunciada pelo convívio cotidiano com os idosos. De acordo com Elias (2001), em sua obra A solidão dos moribundos, o problema social da morte é especialmente difícil de resolver porque os vivos têm dificuldade em identificar-se com os que se encontram no fim da vida. A conquista contemporânea da velhice saudável, para muitos, deveria configurar como momento de ócio autêntico e de libertação, todavia, para muitos, torna-se um momento de extremo desencanto e depressão, pela falta de perspectivas frente ao futuro e até mesmo ao presente, devido à perda de parentes e de vínculos familiares. A velhice assemelha-se, diz o senso comum, a uma poupança bancária: depositarei ali, ao longo da vida, o que colherei no fim dos meus dias. Ser velho, semelhante a outras condições humanas está diretamente associado ao espaço social a que pertenço, assim é necessário ultrapassar a visão fenomenológica do envelhecimento e reconhecer a objetividade nas subjetividades, saber que as significações servem para orientar os comportamentos e práticas individuais e coletivas e isso constitui uma característica intrínseca das representações sociais. Numa sociedade que preza a produtividade e a juventude como padrão de beleza, a convivência com o envelhecimento não é nada amistosa. A juventude é concebida como capital social, do qual esses sujeitos são desprovidos, portanto, excluídos do campo educacional, cenário da nossa pesquisa, pela marcha inexorável do tempo, do envelhecimento. Antes de qualquer proposta é preciso conhecer quem é esse idoso que frequenta o espaço da escola e até mesmo o que não esteja 41O não-lugar da pessoa idosa na educação na escola, mas seja independente, em outras palavras, ainda não precise de ajuda para suas atividades cotidianas. Esse sujeito é um aprendiz em potencial, seja das novas tecnologias que constantemente os desafia ou de orientações sexuais contemporâneas. Os conflitos intergeracionais são fruto do distanciamento que a sociedade estabelece entre jovens e idosos, o que Elias (2001, p. 25) ilustra ao afirmar que nada é mais característico da atitude atual em relação à morte e ao próprio envelhecimento do que recalcar, nos planos individual e social, nossa finitude. Para o jovem isso não é muito diferente, estamos numa sociedade em que os mais velhos não são ouvidos, não são vistos e por consequência não são respeitados. Ser velho é estar à margem, enquanto, em outras organizações sociais, o ancião é visto como fonte de sabedoria. A geração fast-food não tem tempo disponível para escuta. Dessa forma, dentre algumas alternativas, faz-se necessário fomentar mudanças, por exemplo, no curso de Pedagogia, curso dedicado por excelência à formação de professores. Mudanças essas que contemplem, na formação desses educadores, a fundamentação necessária para trabalhar com uma sociedade que envelhece a passos largos, além de viabilizar maneiras de aproveitar as relações intergeracionais no espaço educativo, decorrentes da juvenilização da EJA, por exemplo. Só assim poderemos, efetivamente, ter políticas públicas
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