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ATENTADO[1: Por atentado, entende-se a própria alteração de fato praticada pela parte com a finalidade de induzir o juiz a erro, bem como a medida judicial cabível para combater referida alteração ilícita, havendo, no particular uma confusão terminológica]
1. Introdução
Trata-se de medida específica prevista nos artigos 879 a 881 do CPC, cuja finalidade é “recompor o cenário fático existente quando do ajuizamento da demanda que estava em curso, preservando a inalterabilidade e possibilitando inclusive o ressarcimento das perdas e danos consequentes” (Rinaldo Mouzalas, Processo Civil, Volume Único, Ed. Jus Podium, 4ª edição, pág. 1059).
Visando esclarecer a essência do instituto, cita-se lição de Marcus Vinícius Rios Gonçalves:
“O atentado é a ação que tem por fim coibir a inovação ilegal das circunstâncias materiais relativas a processo em curso, determinar a restauração do status quo ante e, ser for o caso, condenar quem a praticou a ressarcir os prejuízos provocados.[2: Restauração do status quo ante significa o desfazimento das alterações fáticas supervenientes, de tal modo que o cenário fático seja recomposto ao estado anterior (originário).]
Enquanto o processo estiver em curso, nenhuma das partes pode inovar, provocando alterações fáticas que, ou prejudiquem o julgamento do processo, ou impliquem em descumprimento de ordens judiciais.
Aquele que pratica o atentado pode ter por objetivo prejudicar a colheita de provas, impedir o cumprimento das determinações judiciais ou fazer justiça com as próprias mãos.” 
(grifo nosso)
(Direito Processual Esquematizado, Ed. Saraiva, 3ª ed, 2013, p. 751/752)
Isto posto, cumpre destacar haver certa controvérsia, na doutrina, acerca da possibilidade ou não de propositura da demanda de atentado, quando o ato ilegal criar uma situação irreversível, consoante nos lembra Daniel Amorim e Rodrigo da Cunha Lima Freire, ao citar posicionamentos antagônicos de Ovídio Baptista e de Abelha Rodrigues: [3: Exemplo de alteração fática irreversível: visando impedir a perícia judicial no local onde ocorreu acidente com considerável número de vítimas, o dono de uma boate (réu em demanda judicial) decide demolir o prédio. Evidente que a restauração fática, nesse caso, será impossível. ]
“Justamente por visar o restabelecimento da situação anterior, é correto o entendimento de não ser cabível o atentado quando o ato ilegal criar uma situação praticamente irreversível (Ovídio Baptista, Do processo, p. 547). A doutrina que, ainda assim defende o cabimento da ação de atentado com fundamento na possibilidade de o autor pedir a condenação em perdas e danos (Abelha Rodrigues, p. 699; Câmara, Lições, v. 3, p. 228) não convence (...)”
(Código de Processo Civil – CPC para Concursos. Ed. Jus Podium, 2010, p. 955)
Entendo, particularmente, que, mesmo quando a alteração ilícita não puder ser desfeita (quando irreversível), ainda assim caberá a propositura da demanda de atentado, pois será possível que a sentença:
a) Declare a alteração ilícita dos fatos, descortinando-se uma certeza jurídica a ser acobertada pela coisa julgada material. Esta certeza jurídica será importante para o juiz que vier a julgar a causa principal;[4: Consideremos o exemplo acima citado: se a demolição do prédio decorreu de força maior (um vendaval, por exemplo), o dono da boate não poderá ser responsabilizado por este fato, pois não agiu com o propósito de induzir o juiz a erro. Entretanto, poderá haver a necessidade de propositura da demanda de atentado, mesmo em se tratando de fato irreversível, para provar que a demolição foi praticada, de forma ilícita, pelo dono da boate. Nesse caso, haverá uma certeza jurídica do fato declarado pela sentença, sem prejuízo da imputação de responsabilidade civil pela alteração ilícita praticada.]
b) Condene o autor do atentado ao pagamento de verba indenizatória (art. 881, parágrafo único, do CPC)
Entendemos que, mesmo quando o desfazimento da alteração fática, não haverá impedimento para a propositura da ação de atentado, pois o desfazimento não é condição para a propositura da demanda, porém uma possível consequência do seu julgamento. 
2. Requisitos para a materialização do Atentado:
São requisitos para a configuração do atentado:
a) Situação nova criada por uma das partes em relação ao cenário fático de origem
Somente comete atentado (e por, conseguinte, terá legitimidade passiva, na demanda de atentado) quem for parte na causa principal.
Para além disso, é importante destacar que “antigos atos que vinham sendo praticados antes do ajuizamento da demanda originária não tem o condão de alterar o cenário fático, sendo incapazes de levar o órgão julgador a erro, pelo que não justificar o manejo da medida. Mais que isso. A alteração de fatos, que não tem o condão de influenciar o julgamento da demanda originária também não justifica a demanda de atentado. Somente aquele que podem influenciar o convencimento jurisdicional, se alterados (constituindo uma situação nova), é que justificam a utilização da demanda de atentado” (Rinaldo Mouzalas, Processo Civil...p. 1061/1062).
b) Cometimento de ato ilícito
Somente haverá atentado, se um das partes cometer ato ilícito em detrimento da outra. Se a inovação de fato qualificar-se como ato lícito, ou seja, como regular exercício de direito, não haverá se falar em atentado.
c) Alteração ilícita dos fatos materializada no decorrer de uma demanda judicial já proposta
Conforme ensina Marcus Vinícius Rios Gonçalves, é necessário que “a inovação se realize entre a citação do réu e o trânsito em julgado da sentença. Se ela ocorrer fora desse período, poderá enseja outra ação, mas não atentado. O processo em curso, pode ser de conhecimento, execução ou cautelar” (Direito Processual Civil Esquematizado...p. 752).
Registre-se que uma demanda judicial já se revela existente com a sua simples propositura, independentemente da citação do réu. Entretanto, pergunta-se: o atentado somente pode ocorrer após o momento de citação, conforme afirmado pelo autor acima?
Entendemos que não, pois a citação é ato formal destinado a dar conhecimento de determinada demanda ao réu, possibilitando-lhe o direito de defesa. Dúvidas não há de que, no momento da citação, já existe demanda judicial existente. Assim sendo, nosso posicionamento é o seguinte: 
Tratando-se de atentado praticado pelo autor, basta a propositura da demanda, vez que o promovente já possui noção de que a sua conduta de alteração dos fatos pode prejudicar o réu e levar o magistrado a erro;
Tratando-se de atentado praticado pelo réu, este deve ser citado, afinal – antes da citação – o réu não possuirá conhecimento de que a sua conduta poderá ser prejudicial ao autor e levar o juiz a erro.
Citemos alguns exemplos para sedimentar o conhecimento acerca do atentado:
A.1. Durante uma ação possessória, o réu – que detém a posse do imóvel – realiza benfeitorias necessárias, pois estas eram realmente imprescindíveis para a manutenção do imóvel. Desse modo, a alteração fática se qualifica regular exercício de direito (ato lícito, haja vista a inexistência do propósito de induzir o julgador a erro). Inexiste atentado nesse caso;
A.2. Considerando o exemplo acima, imagine que o réu tenha iniciado a realização de benfeitorias por ele qualificadas como necessárias, quando estas não eram realmente imprescindíveis. A sua finalidade, em verdade, era enganar o juiz (ato ilícito), com o propósito de ver declarado, a seu favor, o direito de retenção do imóvel. Hipótese de atentado![5: Art. 1.219 do Código Civil. “O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.”]
B.1. O autor da demanda de obrigação de fazer c/c pedido de indenização por danos materiais alega que o réu (seu vizinho) lhe causou prejuízo, pois, ao recolher águasda chuva, jogava-as em seu imóvel, prejudicando, portanto, toda a pintura deste. Promovida a demanda, o réu decide consertar as suas calhas como forma de reconhecimento do pedido autoral, promovendo assim um acordo judicial. Trata-se de ato lícito que não enseja o atentado.
B.2. O réu, ao tomar conhecimento da demanda judicial proposta em seu desfavor, decide consertar as calhas do seu imóvel e quebrar as calhas do vizinho, tirando fotos em seguida. Esta conduta ilícita visa induzir o juiz a erro, pois o réu agiu com o propósito de demonstrar que os danos suportados pelo autor decorreram de sua negligência com a manutenção do próprio imóvel. Trata-se de alteração de fato com o propósito de enganar o magistrado (ato ilícito). Hipótese de atentado!
Compreendida a essência do instituto, passemos a dissertar sobre a finalidade da demanda de atentado e sobre a sua controvertida natureza jurídica.
3. Finalidade e Natureza Jurídica do Atentado
A finalidade da ação de atentado é recompor a alteração de fato, quando possível, bem como possibilitar a condenação indenizatória decorrente da inovação ilícita praticada por uma das PARTES da causa principal.
Esta finalidade – que consiste no próprio objeto da demanda – pode ser aferida através do disposto no art. 881, caput e parágrafo único, do CPC:
“Art. 881. A sentença, que julgar procedente a ação, ordenará o restabelecimento do estado anterior (...).
Parágrafo Único. A sentença poderá condenar o réu a ressarcir à parte lesada as perdas e danos que sofreu em consequência do atentado.”
Importante destacar que a condenação indenizatória deverá ser postulada expressamente pela parte autora, sob pena de ofensa ao Princípio da Demanda, que impede que o juiz profira sentença fora dos limites do que lhe foi expressamente postulado.
Ante a finalidade do atentado, pode-se defender que a natureza jurídica do atentado não seria cautelar, porém satisfativa, pois: 
O atentado não exige o requisito do perigo na demora, indispensável para todas as medidas cautelares, pois não visa combater uma situação de risco incidente sobre a causa principal;
A sentença que determinar o restabelecimento do estado anterior e fixar verba indenizatória (constituindo, por conseguinte, título executivo judicial) fará coisa julgada material, o que não se coaduna com as sentenças que apreciam demandas cautelares (nas demandas cautelares, a coisa julgada material somente existirá quando a sentença declarar a decadência e a prescrição do direito. Inteligência do art. 810 c/c art. 269, inciso IV, ambos do CPC).
Corroborando a natureza satisfativa do atentado, transcreve-se escólio de Rinaldo Mouzalas:
“O atentando tem natureza satisfativa. A exemplo do que acontece com outras medidas até aqui estudadas, conquanto esteja previsto entre várias medidas cautelares não tem essa natureza. É que o direito em discussão na demanda principal não está necessariamente em risco. Busca-se apenas desfazer um ato ilegal praticado em desfavor de uma situação fática.
Poder-se-ia pensar que o atentado teria natureza acautelatória, porque a modificação do cenário fático poderia comprometer o direito de uma das partes litigantes na demanda originária. Não é bem assim. Primeiramente, porque a situação fática já poderia estar documentada. Outra, porque o atentado não tem o condão necessário de garantir a produção de provas, e sim de recomposição de uma situação fática originária.”
(Rinaldo Mouzalas, Processo Civil, Volume Único, Ed. Jus Podium, 4ª edição, pág. 1059).
Todavia, há doutrinadores que entendem que a natureza jurídica do atentado seria cautelar, a exemplo de Humberto Theodoro Júnior:
“A ação cautelar, na espécie, tem o objetivo de fazer prevalecer o dever que compete à parte de conservar inalterado o estado de coisas envolvido no litígio até a solução final do processo, para não inutilizar seus eventuais efeitos. Restaurando-se, destarte, o estado fático inicial, preserva-se a eficiência e utilidade da prestação jurisdicional de mérito, assegurando-lhe o objeto sobre que deve incidir”
(Humberto Thedoro Júnior. Curso de Direito processo civil, vol. 2, 20 ª ed., Rio de Janeior, Ed. Forense, 1997, p. 536)
Estabelecido o posicionamento divergente na doutrina, pergunta-se: Perfilhando o entendimento de que o atentado não é medida cautelar, por que este instituto estaria inserido no rol de medidas cautelares? 
Resposta: Para usufruir do rito procedimental próprio dos processos cautelares, conforme provado, ademais, pelo disposto no art. 880, caput, do CPC: A petição inicial será autuada em separado, observando-se, quanto ao procedimento, o disposto nos arts. 802 e 803.
4. Competência
Via de regra, as medidas cautelares devem ser postuladas perante o órgão em que a demanda principal estiver tramitando (afinal a demanda cautelar acessória deve seguir a demanda principal). Entretanto, justamente por não ser medida cautelar, é que a regra de competência para o atentado é diferente.
Com efeito, “a ação de atentando será processada e julgada pelo juiz que conheceu originariamente da causa principal, ainda que esta se encontre no tribunal.” (art. 880, parágrafo único, do CPC).
Seguem-se exemplos acerca da questão de competência: 
A.1.) A demanda indenizatória foi proposta perante a 1ª Vara Cível da Comarca da Capital. Citado, o réu promoveu alterações de fato com o intuito de induzir o juiz a erro e, assim, obter um julgamento de improcedência a seu favor. Nessa hipótese, a demanda de atentado será proposta perante a 1ª Vara Cível da Comarca da Capital.
Observação: Ambas as demandas tramitarão perante o mesmo juízo não por causa da característica da acessoriedade (afinal, entendemos que o atentado não é demanda cautelar), mas em decorrência da conexão entre as demandas. A conexão, por sua vez, gera a prevenção do juízo e, por conseguinte, a reunião dos processos perante a mesma autoridade judiciária.[6: A prevenção por acessoriedade (que ocorre entre demandas cautelares e demandas principais) não se confunde com a prevenção por conexão (que ocorre entre demandas principais).][7: Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir.][8: Art. 106 do CPC. “Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.”][9: Art. 105 do CPC. “Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente.”]
A.2) A demanda indenizatória já foi julgada e encontra-se em grau de recurso perante o Tribunal de Justiça, quando uma das partes comete atentado. Nesse caso, não haverá reunião dos processos no TJ, vez que o atentado deverá ser proposto perante o juízo de primeiro grau: 1ª Vara Cível da Comarca da Capital. Inteligência do art. 880, parágrafo único, do Código de Processo Civil.
5. Legitimidade para a propositura da Ação de Atentado
5.1. Legitimidade Ativa. 
O autor e o réu da demanda principal possuem legitimidade ativa para propor a demanda de atentado.
O terceiro interessado que, podendo afetado pelo julgamento da demanda principal, ou seja, podendo ser afetado pelos efeitos da coisa julgada material, também possui legitimidade ativa.
Imaginemos o seguinte exemplo para ilustrar a legitimidade ativa do terceiro interessado:
O autor promove ação indenizatória contra o réu, visando ao recebimento de valor indenizatório decorrente de abalroamento entre os seus veículos. O réu possui seguro veicular, razão por que a seguradora poderá ser afetada por eventual sentença condenatória, qualificando-se, portanto, como terceira interessada no julgamento da demanda. Imagine que, em sua contestação, o réu alegue que o sinistro decorreu da ausência de funcionamento do sistema de freios do carro do autor. Surpreendido com a declaração do promovido, o autor vai até a oficina onde o seu veículo encontra-se e pede que sejacolocado fluido de freio em seu automóvel, visando resguardar-se contra futura perícia judicial. Acaso a seguradora tome conhecimento desse fato (porque conhece o dono da oficina onde está o carro do autor), poderá promover ação de atentado na qualidade de terceira interessada.
Corroborando a possibilidade de propositura da demanda por terceiro interessado, segue, uma vez mais, lição de Rinaldo Mouzalas:
“Entretanto, não apenas o autor e o réu da demanda principal tem legitimidade para propor a medida de atentado. A legitimidade ativa é de qualquer pessoa que a coisa julgada da demanda principal possa prejudicar. Portanto, pode-se dizer que a legitimidade ativa será também, acaso existentes, dos assistentes e dos terceiros intervenientes” (grifo nosso)
(Rinaldo Mouzalas, Processo Civil, Volume Único, Ed. Jus Podium, 4ª edição, pág. 1061).
5.2. Legitimidade Passiva
A legitimidade passiva na demanda de atentado somente é imputável a quem seja PARTE da demanda principal e, ao mesmo tempo, seja responsável pela alteração ilícita dos fatos. Assim sendo, terceiros que não sejam parte não possuem legitimidade passiva, conforme reconhecido pelo STJ: 
“Processual civil. Ação de atentado. Denunciação à lide. Legitimidade passiva. CPC, art. 879.
I. - O atentado somente pode provir de quem figura no processo, com o dever de manter o status quo. Há, pois, de emanar de quem está na relação jurídica processual.
II. - Recurso especial não conhecido.”
(REsp 206935/ES, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/04/2004, DJ 24/05/2004, p. 255)
Observação: Acaso a alteração de fato seja promovida por quem NÃO É PARTE na causa principal, não cabe falar em atentado, porém em outras medidas judiciais porventura cabíveis, inclusive, de ordem penal, se for o caso. Se terceira pessoa, contudo, estiver promovendo alteração por ordem do autor ou do réu, estes é que terão legitimidade passiva, afinal, nesse caso, o terceiro será mero instrumento de execução do atentado.
6. Hipóteses de cabimento do Atentado
As hipóteses de cabimento do arresto encontram-se no art. 879 do CPC, que prediz verbo ad verbum:
“Art. 879. Comete atentado a parte que no curso do processo:
I – viola penhora, arresto, sequestro ou imissão na posse;
II – prossegue em obra embargada;
III – pratica outra qualquer inovação ilegal no estado de fato”
Conforme se observa do inciso III, o art. 879 do CPC introduziu um rol exemplificativo e não exaustivo, razão por que o legislador andou mal ao tentar enumerar as hipóteses de atentado nos incisos I e II. O melhor seria que a redação do artigo fosse a seguinte: Comete atentado a parte que, no curso do processo, promove a alteração de circunstâncias de fato com a finalidade de induzir o juiz a erro e, assim, prejudicar a colheita de provas ou impedir o cumprimento de determinações judiciais, para obter vantagem ilícita em detrimento do direito da parte adversa.
7. Efeitos da propositura e do julgamento do Atentado.
O principal efeito decorrente da propositura da demanda de atentado é a possibilidade de suspender o trâmite da causa principal. O fundamento da suspensão é o art. 265, inciso VI, alínea “b”, do CPC:
“Art. 265. Suspende-se o processo:
(...).
IV - QUANDO A SENTENÇA DE MÉRITO:
(...).
b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo”
Conforme se nota, quando pendente sentença de mérito é que a demanda poderá ser suspensa. Sentença não se confunde com acórdão. Por conseguinte, se a causa principal estiver em trâmite perante os tribunais pátrios, à espera de um acórdão, esta não poderá ser suspensa tão somente por causa da propositura da ação de atentado. 
Ante o julgamento da demanda de atentado, o legislador processual delimita as providências que podem ser adotadas na sentença de procedência:
“Art. 881. A sentença, que julgar procedente a ação, ordenará o restabelecimento do estado anterior, a suspensão da causa principal e a proibição de o réu falar nos autos até a purgação do atentado.
Parágrafo Único. A sentença poderá condenar o réu a ressarcir à parte lesada as perdas e danos que sofreu em consequência do atentado.”
Analisemos cada medida passível de ser adotada na sentença que julgar a demanda de atentado:
a) Determinar o restabelecimento do estado fático anterior 
Nesse caso, o capítulo da sentença será mandamental. Evidente que essa determinação somente será adotada se possível retornar ao status quo ante;
b) Proibição do réu falar nos autos principais até a purgação do atentado
Trata-se de medida coercitiva para compelir o réu a restabelecer o estado fático anterior. Entretanto, trata-se de medida inconstitucional por violar o princípio da ampla defesa e do contraditório, devendo o juiz se valer de outras medidas coercitivas, a exemplo da aplicação de multa cominatória (astreintes) com fulcro no art. 461, § 4º, do CPC.[10: A ampla defesa, via de regra, é garantia destinada ao réu. O contraditório é garantia mais abrangente, pois opera efeitos em prol do autor e do réu da demanda, afinal o autor se contrapõe aos fatos alegados pelo réu, ao tempo em que o réu se contrapõe aos fatos alegados pelo autor, ambos assim o fazendo através do contraditório. Nesse sentido, a impossibilidade de autor ou réu falarem nos autos principais viola, sim, as garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório.]
c) Condenação ao pagamento de quantia indenizatória
Nesse caso, o capítulo da sentença será condenatório. Ademais, somente poderá haver condenação indenizatória, se esta foi pedida pela autor.
d) Suspensão da causa principal
A suspensão não é medida a ser adotada na sentença, porém quando da propositura da demanda de atentado, sendo uma decorrência da aplicação do art. 265, inciso IV, “b”, do CPC, conforme visto acima. 
A duração da suspensão do processo cautelar poderá variar: (i) até o desfazimento da alteração de fato, se isto ocorrer antes da sentença na demanda do atentado; ou (ii) caso não haja o desfazimento, até a prolatação da sentença que julgar o atentado, afinal o processo principal não poderá ficar suspenso indefinitivamente, merecendo um ponto final através de julgamento. 
8. Procedimento cautelar aplicável ao processo de atentado
A) Petição inicial
Na petição inicial, o autor deverá explicitar os fatos que caracterizam o atentado, indicando, para tanto, as circunstâncias fáticas existentes antes e depois da propositura da causa principal.
B) Apensamento
Caso a causa principal ainda esteja tramitando perante o juízo originário, haverá o apensamento de ambas as demandas. Caso a demanda principal já esteja no TJ, ou em outras instâncias recursais, obviamente não haverá o apensamento entre os processos.
C) Possibilidade de determinação de emenda da petição inicial (aplicação do art. 284 do CPC)
D) Citação para contestação no prazo de 05 dias, sob pena de revelia (aplicação dos arts. 802 e 803 do CPC)
E) Possibilidade de realização de audiência de instrução, caso necessário
F) Sentença sujeita a recurso sem efeito suspensivo (Aplicação, nesse caso, de regra procedimental própria dos processos cautelares)
Observação: É possível a concessão de medida liminar no processo de atentado, consoante noticiado pela jurisprudência do STJ:
“PROCESSUAL CIVIL. DEMANDA CAUTELAR. ATENTADO. LIMINAR. CABIMENTO.[11: Observa-se que alguns julgados do STJ qualificam o atentado como demanda cautelar, apenas pelo fato deste se encontra no rol de medidas cautelares, mas sem debater sobre a sua real natureza jurídica, a qual é satisfativa, conforme defendido neste trabalho.]
(...).
2. "(...) A interpretação sistemática e teleológica dos arts. 796 a 812 e 880, CPC, torna cabível em tese a concessão de liminar na ação de atentado, até porque, entre as inovações ilegais que podem ocorrer nos casos concretos, no curso das demandas, muitas exigem providência do juiz incontinenti, sem a qual podem resultar danos irreparáveisà parte. Especialmente em se tratando de ato ilícito que altera o estado dos fatos da lide e que por isso mesmo pode dificultar a reparação dos danos a posteriori" (REsp 399.866/DF, Quarta, Turma, Rel. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 2.9.2002) 
3. A posição bem se amolda ao regime jurídico das tutelas de urgência, que se coaduna com as premissas de celeridade e de plenitude da entrega da atividade jurisdicional por meio de processo justo e équo, legitimado pela técnica de diferimento do contraditório em situações de perigo de dano irreversível, lastreado pelo fumus boni iuris.
4. Recurso Especial não provido.”
(REsp 1253641/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/05/2012, DJe 22/05/2012)
Aos amigos alunos, 
Bons estudos
Thyago Luis Barreto Braga

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