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Busca e Apreensão

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Prof. Thyago Barreto Braga
BUSCA E APREENSÃO
1. Classificação 
a) Medida cautelar típica, posto que expressamente prevista no CPC, precisamente nos art. 839 a 843 do código processual.
b) Quanto ao momento de requerimento, o arresto pode ser: preparatório ou incidental.
Observação: A busca e apreensão incidental pode ser requerida através de simples petição nos autos do processo principal já existente ou através de ação cautelar própria. 
c) Quanto ao objeto, a busca e apreensão pode ser real (de coisas, mas apenas de bens móveis) ou pessoal (de pessoas incapazes, sendo, no caso, os menores e/ou interditados). 
Observação: se a pessoa que possui capacidade está sofrendo uma restrição ilegal de sua liberdade, deve-se impetrar habeas corpus para restaurar o seu direito de ir e vir. 
Entretanto, no caso de incapazes, a pretensão é de que estes sejam devolvidos para a esfera jurídica do tutor (existência de tutela), do curador (existência de curatela) ou dos pais (existência de poder familiar), razão por que, nesses casos, deve-se propor medida cautelar de busca e apreensão.
d) medida cautelar (quando destinada a garantir o resultado útil do direito objeto do processo principal) ou medida satisfativa (a medida, por si só, já basta para satisfazer a pretensão do autor, sendo desnecessária a propositura de outra demanda. Ex: busca e apreensão de automóveis objeto de alienação fiduciária, de menores em prol de quem já detém a guarda dos mesmos etc). 
2. Finalidade
a) A localização de bens móveis ou de pessoas incapazes (1º momento);
b) A apreensão por ordem judicial, impedindo que o bem ou a pessoa sofram danos ou desapareçam (2º momento).
3. Definição
Considerando a classificação e finalidade da busca e apreensão (enquanto medida cautelar), pode-se construir a seguinte definição:
“A medida cautelar de busca e apreensão possui como finalidade a localização e consequente apreensão de bens móveis ou de pessoas incapazes para lhes resguardar contra danos ou impedir que estes desapareçam, tudo com vistas a garantir o resultado útil da jurisdição a ser ofertada no processo principal.”
4. Semelhanças e Diferenças entre arresto, sequestro e busca e apreensão
a) Semelhança: Todas as medidas típicas acima mencionadas possuem com finalidade a apreensão judicial de bens.
b) Diferenças: 
b.1) No arresto e no sequestro, não há necessidade de prévia procura dos bens a serem apreendidos, pois estes, via de regra, já estão localizados;
b.2) Na busca e apreensão, somente podem ser apreendidas pessoas incapazes e bens móveis;
b.3) No arresto e sequestro, pessoas não podem ser apreendidas, ao tempo em que os bens podem ser móveis ou imóveis. 
5. Dos requisitos legais (razões justificativas) da medida cautelar de busca e apreensão 
a) fumaça do bom direito (existência de interesse na preservação do objeto / pessoa como condição de efetivação do direito discutido no processo principal)
b) perigo na demora (fundado receio de danos ao objeto ou ao incapaz)
6. Procedimento
Art. 840 do CPC: Na petição inicial exporá o requerente as razões justificativas da medida e da ciência de estar a pessoa ou a coisa no lugar designado.
Art. 841 do CPC: A justificação prévia far-se-á em segredo de justiça, se for indispensável. Provado quanto baste o alegado, expedir-se-á o mandado que conterá:
I - a indicação da casa ou do lugar em que deve efetuar-se a diligência;
II - a descrição da pessoa ou da coisa procurada e o destino a Ihe dar;
III - a assinatura do juiz, de quem emanar a ordem.
Observação: no mandado judicial a ser cumprido, ainda deve constar quem será o eventual depositário do bem ou guardião do incapaz, consoante lembra Rinaldo Mouzalas:
“Em verdade, o objeto localizado e posteriormente apreendido, caso se trate de bem móvel, será depositado. Igualmente, poderá ser, também, administrado. Tendo a busca e apreensão como objeto pessoa, ela será entregue ao guardião (...) conforme determinação constante no mandado judicial.”
(Processo Civil – Volume Único, Salvador: Editora JusPodium, 4ª edição, revista, ampliada e atualizada, 2011, p. 1009)
Art. 842 do CPC: O mandado será cumprido por dois oficiais de justiça, um dos quais o lerá ao morador, intimando-o a abrir as portas.
Os oficiais de justiça poderão arrombar portas (externas e internas), gavetas, móveis e compartimentos durante a diligência, desde que necessário para encontrar o bem ou pessoa objeto da busca e apreensão (art. 842, § 1º, CPC).
Os oficiais de justiça sempre cumprirão a diligência acompanhados de 02 (duas) testemunhas (art. 842, § 2º, CPC).
No caso de ofensa a direito autoral, o juiz designará, para acompanharem os 02 (dois) oficiais de justiça, 02 (dois) peritos aos quais incumbirá confirmar a ocorrência da violação do direito antes de ser efetivada a apreensão dos bens (art. 842, § 3º, CPC).
Pergunta: E se o mandado de busca e apreensão for cumprido por apenas um oficial de justiça ou houver apenas um perito na ocasião?
Em que pese à ofensa à formalidade legal, pode-se defender a legalidade do ato praticado com fulcro no art. 244 do CPC, que prediz: Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. 
A norma legal acima positivou o princípio do pás de nulitté sans grief na seara do processo civil, ao consignar que não há nulidade sem prejuízo. 
Pergunta: E se houver resistência do réu, o oficial pode convocar a força policial sem prévia autorização do juiz? 
Não, se não constar no mandado a permissão de uso de força policial, os oficiais devem requisitá-la previamente ao magistrado, Nesse sentido, lecionam Daniel Amorim Assumpção Neves e Rodrigo da Cunha Lima Freire: 
“Havendo resistência, os oficiais poderão arrombar portas externas e internas, bem como móveis onde presumidamente esteja a pessoa ou coisa procurada, não sendo necessário a expressa permissão a esses atos constar do mandado. No mais das vezes, o oficial de justiça se vale do auxílio da força policial, que deverá se determinada expressamente pelo juiz no caso concreto.” (grifo nosso)
(Código de Processo Civil para Concursos, Editora Jus Podium, 2010, pág. 926)
Art. 843 do CPC. Finda a diligência, lavrarão os oficiais de justiça auto circunstanciado, assinando-o com as testemunhas.
Os oficiais não lavrarão simples certidão, porém auto circunstanciado, instrumento mais detalhado, onde farão constar todos os fatos ocorridos durante a diligência de busca e apreensão. Referido instrumento deverá ser assinado por ambos os oficiais, pelas duas testemunhas e pelos dois peritos, quando a presença destes for necessária. 
Observação final: Se no ato de busca e apreensão concedida de forma liminar, o réu já estiver presente, este será citado – no próprio ato – para apresentar contestação no prazo legal (a sua citação deverá constar no auto circunstanciado). Caso contrário, concretiza-se a busca e apreensão, porém o prazo de defesa somente iniciará após a citação real ou ficta do demandado. 
Bons estudos!
Prof. Thyago Barreto Braga
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E-mail: thyagobraga@hotmail.com

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