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Rito do Processo Cautelar

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Prof. Thyago Barreto Braga
Apresentação do rito do processo cautelar. Análise dos atos processuais: da petição inicial à sentença
1. Da petição Inicial
O art. 801 do CPC enumera os requisitos da petição inicial, individualizando-os: 
I - a autoridade judiciária, a que for dirigida;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido;
III - a lide e seu fundamento;
IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão;
V - as provas que serão produzidas.
Todavia, nem todos os requisitos da petição inicial estão individualizados nesta norma legal, razão por que há necessidade de integração daquela regra legal com o disposto art. 282 do CPC, que trata das petições iniciais em geral. Assim, ainda devem constar na petição inicial cautelar: 
a) Pedido e suas especificações;
b) Valor da causa;
c) Requerimento de citação do réu.
Isto posto, pode-se afirmar que os requisitos da petição inicial cautelar devem respeitar o art. 801 e o art. 282, ambos do CPC.
Por outro lado, chega-se à conclusão de que, sempre que houver lacuna legislativa referente ao processo cautelar, torna-se possível a sua integração através da utilização de normas referentes ao processo de conhecimento.
Assim sendo, passa-se a analisar todos os requisitos da petição inicial acima individualizados:
I – A autoridade judiciária, a que for dirigida;
 
Tratando-se de ação cautelar incidental, a autoridade judiciária será preventa, ou seja, será a mesma autoridade que já se revela responsável pela condução e julgamento do processo principal.
Tratando-se de ação cautelar preparatória, a autoridade judiciária será individualizada, por distribuição, entre aquelas que possuírem competência para julgar a demanda principal, a ser posteriormente proposta.
II – O nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido;
Trata-se de norma legal, cujo escopo é a atribuição de qualificativos a ambas as partes, com o propósito de individualizar autor e réu no meio social, possibilitando, ademais, os atos de citação e intimação, quando necessários.
Observação: Se a ação principal versar sobre direito real e houver processo cautelar proposto com a finalidade de constrição do bem imóvel, haverá necessidade de outorga uxória ou marital, salvo a hipótese de casamento celebrado no regime da separação absoluta de bens. Esta obrigatoriedade decorre do disposto no art. 10 do CPC:
“Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários.”
Cumpre destacar que a outorga uxória/marital possui natureza jurídica de pressuposto processual de validade, pois o processo somente poderá se desenvolver de forma válida, caso haja referida autorização. Caso contrário, eventual decisão judicial padecerá de nulidade.
Observação: Em regra, haverá coincidência entre as partes do processo cautelar e do processo principal. Entretanto, é possível que haja divergências, conforme exemplifica Marcus Vinícius Rios:
“É possível que na ação cautelar figurem pessoas que não participarão da ação principal. Por exemplo: ajuizada cautelar de produção antecipada de provas, preparatória de ação de indenização, em face de várias pessoas, colhida a prova, verifica-se que somente alguns dos réus foram responsáveis pelos danos.
Como a cautelar de produção antecipada não traz coerção para os demandados, é possível que o interessado proponha a ação cautelar contra apenas alguns dos réus da cautelar.
(...)
É também possível que na ação principal figurem pessoas que não participaram da cautelar, por não estarem diretamente relacionadas à situação de risco. Por exemplo: o credor ajuíza ação de cobrança contra vários devedores, mas postula o arresto cautelar de bens de apenas um deles, que esteja dilapidando o seu patrimônio.” (grifo nosso)
(Direito Processual Civil Esquematizado, 3ª edição, Editora Saraiva, 2013, p. 728)
Observação: Importante, todavia, destacar que, havendo medida cautelar liminar que enseje coerção para o réu (como, por exemplo, arresto, sequestro, busca e apreensão, etc), haverá a necessidade de que todos aqueles que sofreram a coerção sejam incluídos no polo passivo da ação principal, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de perda da eficácia da medida cautelar em relação àqueles que não foram incluídos no processo cautelar. 
III – A lide e seu fundamento;
Este inciso versa sobre a lide principal os fundamentos desta. Trata-se de requisito necessário apenas para as ações cautelares preparatórias, conforme disposto no art. 801, parágrafo único, do CPC. Corroborando o exposto, cita-se escólio de Daniel Amorim Assumpção Neves e Rodrigo da Cunha Lima Freire: 
“Por 'lide e seu fundamento', expressão utilizada no art. 801, III, do CPC, entende-se a indicação do objeto da ação principal, o que se exige em razão da instrumentalidade da ação cautelar. Naturalmente a exigência só é aplicável nas cautelares antecedentes, considerando-se que nas cautelares incidentais a ação principal já existe (...).” (grifo nosso)
(Código de Processo Civil para Concursos, Editora Jus Podium, 2010, pág. 898)
A principal função deste requisito é individualizar a competência do magistrado, que receberá a ação cautelar preparatória, senão vejamos exemplos:
a) O autor da cautelar preparatória de sequestro afirma, na petição inicial cautelar, que proporá ação de dissolução de sociedade com partilha de bens. Percebe-se, assim, que a competência para julgar a demanda cautelar será de um juiz de vara cível;
b) O autor da cautelar preparatória de sequestro afirma, na petição inicial cautelar, que proporá ação de divórcio com partilha de bens. Percebe-se, assim, que a competência para julgar a demanda cautelar será de um juiz da vara de família.
Afora a indicação do juízo competente, este requisito serve para que o juiz possa saber exatamente o que está sob risco, bem como se a medida cautelar postulada é ou não adequada para afastá-lo, pois, conforme sabido, o magistrado pode conceder medida cautelar distinta da que foi postulada, desde que se convença de sua utilidade (princípio da fungibilidade). 
Pergunta: A indicação da lide principal, feita na petição inicial da ação cautelar, vincular o autor? Ou ele pode propor ação principal diferente da que indicada na petição inicial cautelar?
Responde-se esta pergunta através de escólio de Marcus Vinícius Rios:
“A indicação tem, em regra, efeito vinculante, porque foi com base nela que o juiz examinou a tutela cautelar e a sua relação de acessoriedade e referibilidade para com a ação principal, tendo o réu se defendido levando em conta a pretensão que o autor disse que apresentaria em juízo. Assim, se ele ajuizar ação principal diferente da que foi indicada, a tutela cautelar concedida perderá eficácia.
No entanto, devem ser toleradas pequenas alterações, que não modifiquem a natureza ou objeto da pretensão, desde que se verifique que não houve má-fé, isto é, que não houve a intenção de prejudicar o direito de defesa do réu.” (grifo nosso)
(Direito Processual Civil Esquematizado, 3ª edição, Editora Saraiva, 2013, p. 729)
Considerando o ensinamento supra, cite-se exemplo: se o autor da ação cautelar de arresto afirma que proporá uma ação principal de execução com fulcro em cheque, mas acaba propondo uma ação monitória com base no mesmo título (porque verificou que o cheque havia perdido eficácia executiva em decorrência da prescrição), tem-se, no caso, uma pequena alteração no que tange à ação principal. Esta mudança, todavia, não fará cessar a eficácia da medida cautelar, afinal o arresto foi concedido em face da existência de dívida representada por título executivo extrajudicial, dívida esta, cujo pagamento poderá ser exigida através de execução ou através de uma ação monitória. 
IV – A exposição sumária do direitoameaçado e o receio da lesão;
A exposição sumária do direito corresponde ao fumus boni iuris, ou seja, à fumaça do bom direito, ao tempo em que o receio de lesão corresponde ao periculum in mora, isto é, ao perigo na demora. Ambos os requisitos são a causa de pedir de toda demanda cautelar.
Destaque-se, por oportuno, que a existência ou não da fumaça do bom direito e do perigo na demora constituirão o mérito da demanda cautelar, sendo que o julgamento – baseado em cognição vertical superficial (sumária) – não fará coisa julgada material, mas apenas formal.� E mais: lembrando-se da Teoria da Asserção, o juiz deve julgar da seguinte forma:
a) verificado, da simples leitura da petição inicial, que ambos os requisitos estão ausentes, o julgamento será de carência do direito de ação por ausência de interesse processual, afinal a ação cautelar não é necessária, tampouco útil.
b) verificado, através das provas produzidas, que ambos os requisitos estão ausentes, o caso será de julgamento de improcedência. 
V – As provas que serão produzidas;
Via de regra, as provas documentais são apresentadas juntamente com a petição inicial (art. 283 do CPC). Por outro lado, embora o autor já deva expor a sua pretensão de produzir outras provas (testemunhas, periciais, etc.) na petição inicial, não é necessário que o promovente as especifique, de forma minuciosa, nesse momento. Com efeito, não é necessário apresentar, na prefacial, rol testemunhas, tampouco apresentar quesitos periciais, o que será realizado posteriormente, em momento processual próprio que antecede a fase de instrução.
Ademais, as provas a serem produzidas na demanda cautelar são aquelas que devem tão apenas demonstrar apenas a fumaça do bom direito e não a própria existência do direito sob litigio, afinal a cognição exauriente somente será realizada nos autos do processo principal. Destarte, provas requeridas com a pretensão de provar a existência do próprio direito sob litígio devem ser indeferidas no âmbito do processo cautelar, conforme nos relembra Marcus Vinícius Rios:
“O art. 801, V, do CPC determina que o autor indique as provas que serão produzidas, não para demonstração definitiva do seu direito, mas para a comprovação sumária dos requisitos da tutela cautelar (...).
O juiz só deve deferir as provas necessárias para a verificação do fumus boni iuris e do periculum in mora. Na prática, é comum que, em processo cautelar, as partes queiram produzir provas para demonstrar o direito a ser discutido no processo principal, o que o juiz não deve admitir” (grifo nosso)
(Direito Processual Civil Esquematizado, 3ª edição, Editora Saraiva, 2013, p. 730)
VI – Pedido e suas especificações;
Toda petição inicial deve individualizar um pedido. No caso das cautelares, o pedido é sempre de concessão de uma tutela assecuratória, a qual deverá ser deferida através de medidas cautelares típicas ou atípicas. Conforme já visto, o juiz não está adstrito à medida cautelar requerida pela parte, pois, em face do princípio da fungibilidade, poderá conceder medida distinta, sem que esteja incorrendo em julgamento extra petita.
VII – Pedido de citação;
Ao receber a petição inicial, o juiz realiza um juízo prévio de admissibilidade do processo, ocasião em que verifica se estão presentes os requisitos do art. 801 e do art. 282, ambos do CPC, determinando, se necessário, eventuais emendas corretivas. Caso todos os requisitos da petição inicial estejam presentes, o juiz determina a citação do réu. 
Isto posto, é importante destacar que a citação válida produz todos efeitos discriminados no art. 219 do CPC, em especial a interrupção da prescrição, efeito também previsto no art. 202 do CC:
“Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.”
“Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:										I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;”
Cumpre destacar que a citação nos autos do processo cautelar interrompe o prazo prescricional referente à pretensão principal, conforme reconhecido pelo STJ:
“IV – PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO PELO DESPACHO QUE DETERMINOU A CITAÇÃO NA CAUTELAR.
1. A prescrição ocorre quando o titular do direito não exerce, no prazo legal, ação tendente a proteger tal direito. A inércia é o requisito essencial da prescrição.
2. O despacho do juiz que determina a citação na ação cautelar preparatória tem o condão de interromper o prazo prescricional referente à pretensão principal a ser futuramente exercida (Art. 202, I, do novo Código Civil).” 
(grifo nosso)
(REsp 822.914/RS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/06/2006, DJ 19/06/2006, p. 139)
Observação: ainda que o processo cautelar tenha sido extinto sem resolução de mérito, ainda assim haverá a interrupção da prescrição, afinal o ato de citação – na qualidade de ato jurídico perfeito – não foi anulado. Nesse sentido: 
“2. Nos termos do art. 219 do CPC, a citação válida, ainda que realizada em processo cautelar preparatório extinto sem julgamento do mérito, interrompe a prescrição. Neste caso, a pretensão cautelar confunde-se, em parte, com a pretensão da ação principal.” (grifo nosso) 
(REsp 1067911/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2009, DJe 03/09/2009)
Ante o exposto, imagine que determinado indivíduo possua o prazo de 05 (cinco) anos para propor ação indenizatória (tutela condenatória regida pela prescrição). Após o decurso de 04 (quatro) anos e 11 (onze) meses, o autor propõe uma ação cautelar preparatória da ação indenizatória, sendo a citação realizada naqueles autos, fato este que interrompe a prescrição, conforme visto acima.
Nesse exemplo, ainda que o processo principal (ação indenizatória) seja proposto após o decurso de 06 (seis) meses da citação do réu no processo cautelar, ainda assim não terá ocorrido a prescrição do pedido principal, podendo, quando muito, ocorrer a extinção do processo cautelar, sem resolução de mérito, por ofensa ao art. 808, inciso I, do CPC. Esta extinção, todavia, não anulará a citação outrora realizada (ato jurídico perfeito), razão por que não há se cogitar em prescrição da pretensão principal. 
VIII – Valor da Causa
Toda demanda deve possuir valor da causa. Este valor, via de regra, encontra-se regido pelo Princípio do Benefício Econômico Perseguido:
“1. A jurisprudência do STJ admite que o magistrado, mesmo sem provocação da parte, exerça juízo de controle sobre o valor da causa para adequá-lo ao proveito econômico pretendido (...).” (grifo nosso)
(REsp 1364429/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/04/2013, DJe 10/05/2013)
“O valor da causa deve corresponder ao benefício econômico pretendido com a demanda, ainda que declaratória.” (grifo nosso) 
(AgRg no AREsp 153.202/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/11/2012, DJe 18/12/2012)
“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÕES DECLARATÓRIAS. VALOR DA CAUSA. ARTIGOS 258 E 259, INCISO I, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. CORRESPONDÊNCIA AO CONTEÚDO ECONÔMICO.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que o valor da causa, ainda que se cuide de ação declaratória, deve corresponder ao do seu conteúdo econômico, assim considerado aquele referente ao benefício que se pretende obter com a demanda, conforme os ditames dos artigos 258 e 259, inciso I, do Código de Processo Civil.
2. Agravo regimental a que se nega provimento.” (grifo nosso) 
(AgRg no REsp 1104536/CE, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 05/02/2013, DJe 18/02/2013)
Realizada esse prévio esclarecimento, pode-se afirmar que o valorda causa da demanda cautelar não deve, necessariamente, coincidir com o valor da causa atribuído à demanda principal, afinal, em geral, os benefícios econômicos pretendidos em ambas as demandas são distintos: 
“Não há relação entre o valor atribuído à ação cautelar e o valor atribuído à principal, sendo certo que as tutelas jurisdicionais buscadas são distintas.”
(EDcl no REsp 1201184/DF, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 13/08/2013, DJe 27/08/2013)
“PROCESSUAL CIVIL. LICITAÇÃO. AÇÃO CAUTELAR. VALOR DA CAUSA. CORRESPONDÊNCIA COM O VALOR DA AÇÃO PRINCIPAL: DESNECESSIDADE. PRECEDENTES.
AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.” (grifo nosso)
(AgRg no AREsp 200.684/MG, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 28/08/2012, DJe 04/09/2012)
2. Da análise do pedido de medida cautelar requerido de forma liminar
Ao receber uma petição inicial apta a instaurar o processo cautelar, o juiz passará a analisar eventual pedido cautelar requerido de forma liminar pelo autor, podendo adotar uma das seguintes condutas:
a) determinar a citação do réu para que, após a oferta de resposta, possa apreciar a medida cautelar liminar sob contraditório (evidente que essa hipótese somente poderá ocorrer, se não se tratar de caso urgentíssimo capaz de causar prejuízo irremediável ao autor); 
b) deferir a medida cautelar através de decisão liminar inaudita altera parte, quando seguro de que os requisitos legais estão presentes (recurso de agravo de instrumento pelo réu em 10 dias);
c) indeferir a medida cautelar requerida liminarmente, quando seguro de que os requisitos legais não estão presentes (recurso de agravo de instrumento pelo autor em 10 dias);
d) estando em dúvida acerca do preenchimento dos requisitos legais, mas entendendo que poderá vencer o estado de incerteza através de prova oral, designar audiência de justificação� para a oitiva de testemunhas indicadas pelo autor;
e) estando em dúvida, mas percebendo que a não concessão da medida cautelar gerará um dano grave e irreversível ao autor, deve condicionar a decisão liminar à prestação de uma caução real ou fidejussória (contracautela)�;
A previsão de realização da audiência de justificação e de oferta de caução pelo promovente (contracautela) encontra-se no art. 804 do CPC:
“Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medida cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar que o requerente preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer.” (grifo nosso).
Observação: deferida a medida cautelar através de decisão liminar, abre-se a possibilidade de sua posterior substituição ou revogação, consoante previsto no art. 805 do CPC:
“Art. 805. A medida cautelar poderá ser substituída, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pela prestação de caução ou outra garantia menos gravosa para o requerido, sempre que adequada e suficiente para evitar a lesão ou repará-la integralmente.” (grifo nosso).
Conforme visto, a medida cautelar pode ser substituída de ofício pelo juiz (em geral, após tomar conhecimento de fatos novos, valendo-se, para tanto, do princípio da fungibilidade). Caso o juiz não substitua a medida cautelar de ofício, o réu poderá requerer a oferta de caução substitutiva� desde que esta providência se revele adequada e suficiente para resguardar os interesses do autor.�
O Superior Tribunal de Justiça já decidiu, inclusive, que a cautela substitutiva pode ser requerida para substituir medida cautelar deferida através de decisão liminar ou de sentença cautelar: 
“RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CAUÇÃO. PEDIDO DE CAUTELA SUBSTITUTIVA DEDUZIDO APÓS O JULGAMENTO DO MÉRITO DA AÇÃO CAUTELAR. POSSIBILIDADE.
O pedido de caução substitutiva, previsto no art. 805 do Código de Processo Civil, pode ser deduzido a partir do momento em que deferida a medida cautelar, seja liminarmente, seja pela sentença, confirmada por Acórdão.
Recurso Especial provido.” 
(REsp 1052565/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/12/2008, DJe 03/02/2009)
3. Da Contestação
Consoante dicção do art. 802 do CPC, o réu será citado para ofertar contestação no prazo de 05 (cinco) dias, a partir da juntada do mandado de citação ou do decurso do prazo do edital. Importante, todavia, registrar a aplicabilidade do art. 188 do CPC:
“Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.” (grifo nosso)
Observação: note-se que o prazo é 4x para contestar e 2x para recorrer (incidindo para qualquer recurso), não havendo previsão para a incidência de prazo diferenciando quando se tratar de apresentação de contrarrazões recursais.
Também deve incidir o prazo diferenciado para contestação, quando se tratar de vários réus (litisconsórcio passivo) que possuam advogados diferentes. Inteligência do art. 191 do CPC: 
“Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.” (grifo nosso)
Observação: nesse caso, contam-se todos os prazos em dobro, inclusive para ofertar contrarrazões.
Por fim, também é de se aplicar o disposto no art. 5º, § 5º, da Lei 1.060/50: 
“Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o Defensor Público, ou quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do processo, em ambas as Instâncias, contando-se-lhes em dobro todos os prazos”
Observação: nesse caso, todos os prazos são contados em dobro a favor dos defensores públicos, inclusive para ofertar contrarrazões. 
Por todo o exposto, podemos delimitar o seguinte quadro esquemático:
					CONTESTAÇÃO	RECURSO CONTRRRAZÕES
								(ex: Apelação)
Fazenda Pública (U/E/DF/M)		20 DIAS		30 DIAS		15 DIAS
Ministério Público			20 DIAS		30 DIAS		15 DIAS
Litisconsortes (art. 191/CPC)		10 DIAS		30 DIAS		30 DIAS
Defensoria Pública			10 DIAS		30 DIAS		30 DIAS
Em sede de contestação, o réu deve apresentar questões preliminares, as quais, via de regra, estão previstas no rol do art. 301 do CPC. Em defesa de mérito, deverá negar a existência da fumaça do bom direito e do perigo na demora. Não será o momento de discutir a inexistência do direito material, o que somente poderá ser realizado no processo principal. 
Observação: o prazo para ofertar contestação inicia-se da juntada do mandado (de intimação ou de citação) aos autos (art. 802, parágrafo único, do CPC), sendo importante apontar, mais uma vez, lição de Marcos Vinícius Rios: 
“(...) se o juiz deferiu a liminar antes da citação do réu, quando ela foi executada, ele deve ter tomado ciência do processo cautelar, da decisão liminar e de seu cumprimento; o prazo começará a correr da juntada do mandado liminar aos autos. Mas se ele não estava presente e não foi intimado do cumprimento do mandado liminar, o prazo só começará depois que ele for citado, e o mandado de citação for juntados aos autos”.
(Direito Processual Civil Esquematizado, 3ª edição, Editora Saraiva, 2013, p. 732)
Observação: a ausência de contestação ocasionará PRESUNÇÃO RELATIVA (nunca absoluta) de veracidade dos fatos narrados na petição inicial, salvo nas hipóteses em que a lei exclui esse efeito. Por essa razão, o juiz poderá julgar antecipadamente a demanda cautelar, dispensando a fase de instrução, caso esteja convencido do direito narrado na petição inicial. 
Observação: juntamente com a contestação, o réu poderá apresentar exceções (de suspeição, impedimento e de incompetência) e impugnações ao valor da causa, porém não poderá apresentar reconvenção. Se o réu desejar obter uma medida cautelar, deverá proporação principal ou ação cautelar próprias, mas jamais requerer proteção cautelar através de reconvenção à contestação. 
4. Da Fase de Instrução e da Sentença
Tratando-se da fase instrutória do processo cautelar, pode-se afirmar, desde logo, serem admissíveis todas as provas lícitas, sejam ou não expressamente previstas em lei. Entretanto, lembrando uma vez mais: o juiz somente deve deferir a produção das provas úteis e necessárias para a comprovação da fumaça do bom direito e do perigo na demora (mérito da demanda cautelar) e não para a comprovação da existência do direito, afinal a cognição vertical do processo cautelar é superficial.
A fase de instrução pode ser dispensada em duas hipótese:
a) no caso de produção unicamente de prova documental já constante nos autos;
b) no caso de revelia, quando o juiz acatando a presunção relativa de veracidade, entender não ser necessário produzir provas para o seu convencimento.
Via de regra, a sentença deve ser proferida no prazo impróprio de 10 (dez) dias, consoante previsto no art. 189, inciso II, do CPC. Entretanto, no caso de revelia do réu, dispensando a fase instrutória, o juiz sentenciará no prazo impróprio de 05 (cinco) dias ex vi do art. 803 do CPC: 
“Art. 803. Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido, como verdadeiros, os fatos alegados pelo requerente (arts. 285 e 319); caso em que o juiz decidirá dentro em 5 (cinco) dias.” 
O recurso contra a sentença é apelação cível, interponível no prazo de 15 dias, cujo efeito será unicamente devolutivo (art. 520, IV, CPC). Eventual pretensão de atribuição de efeito suspensivo ao recurso deverá ser requerida diretamente ao Tribunal de Justiça, na qualidade de medida cautelar (art. 800, parágrafo único, do CPC).
5. Da sentença que condena o autor da ação cautelar a indenizar os danos civis causados ao réu (art. 811 do CPC)
O autor beneficiado pela concessão de tutela cautelar deferida de forma liminar (ou seja, deferida antes da sentença), poderá ser responsabilizado pelos danos eventualmente causados à parte contrária, isto nos termos do art. 811 do CPC: 
“Art. 811. Sem prejuízo do disposto no art. 16, o requerente do procedimento cautelar responde ao requerido pelo prejuízo que lhe causar a execução da medida:
I - se a sentença no processo principal lhe for desfavorável;
II - se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não promover a citação do requerido dentro em 5 (cinco) dias;
III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos previstos no art. 808, deste Código;
IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor (art. 810).”
Cumpre observar que os incisos I, III e IV revelam hipóteses em que ocorreu a cessação da medida cautelar liminar, razão por que, caso verificado prejuízo ao réu, abre-se o dever indenizatório.
A hipótese do inciso II é controvertida, pois a demora de mais de 05 (cinco) dias na citação não é, por si só, caso de perda da eficácia da liminar. Acerca da controvérsia, lecionam Daniel Amorim Assumpção Neves e Rodrigo da Cunha Lima Freire: 
“Parcela da doutrina o entende por inaplicável, porque a ausência de promoção da citação do requerido em cinco dias não é causa de cessação dos efeitos da tutela cautelar, sendo, portanto, plenamente possível que o requerente se sagre vitorioso tanto na ação cautelar como na principal, não tendo sentido lógico nem jurídico em responsabilizá-lo pelos danos suportados pela parte contrária (...). Em sentido contrário, entende-se que a necessidade de citação no prazo de cinco dias decorre da excepcionalidade de concessão de tutela cautelar antes da oitiva do réu, com postergação do contraditório, o que criaria o direito de logo ser citado para a imedita tomada de providências a seu favor, em aplicação da regra da 'menor restrição possível' (...)” (grifo nosso)
(Código de Processo Civil para Concursos, Editora Jus Podium, 2010, pág. 908)
Em que pese à divergência na doutrina acerca da aplicabilidade ou não do art. 811, inciso II, do CPC, fato é que o dever indenizatório somente pode ser imposto, caso restem provados os danos ao réu. De qualquer forma, é importante destacar que a responsabilidade do autor é objetiva (independe de culpa), posto que baseada na teoria do risco-proveito, consoante firmado por Daniel Amorim e Rodrigo da Cunha:
“Trata-se da aplicação da teoria do risco-proveito, considerando-se que, se de um lado a obtenção e a efetivação de uma tutela cautelar são altamente proveitosas para a parte, por outro lado, os riscos pela concessão dessa tutela provisória concedida mediante cognição sumária são exclusivamente daquele que dela se aproveitou. Entendimento pacífico na doutrina aponta para a natureza objetiva dessa responsabilidade, de forma que o elemento culpa é totalmente estranho e irrelevante para a sua configuração.” (grifo nosso) 			 (Código de Processo Civil para Concursos, Editora Jus Podium, 2010, pág. 909)
Observação: a responsabilidade objetiva fulcrada no art. 811 do CPC não afasta eventual condenação do autor por litigância de má-fé (arts. 16, 17 e 18 do CPC).
Observação: O art. 811 do CPC imputa a obrigação do autor da demanda cautelar indenizar todos os danos suportados pelo réu, devendo o quantum indenizatório ser liquidado nos autos do procedimento cautelar, consoante art. 811, parágrafo único, do CPC, sem necessidade de instauração de processo autônomo de liquidação de sentença. 
Observação: ressalvada a posição pessoal deste professor no que tange à possibilidade de liquidação e execução da indenização nos autos do processo principal, quando configurada a hipótese do art. 811, inciso I, do CPC, haja vista o sincretismo processual� atualmente existente, o STJ entende que a liquidação do valor indenizatório, mesmo no caso de improcedência da demanda principal, deverá ocorrer nos autos do processo cautelar: 
“4. O requerente da medida cautelar responde ao requerido, caso a sentença do processo principal lhe seja desfavorável, pelo prejuízo decorrente de sua execução. Trata-se de responsabilidade processual objetiva, cuja liquidação é processada nos autos da própria cautelar.
5. A pretensão ao ressarcimento dos danos originados pela execução de medida de natureza cautelar nasce da sentença que julga improcedente o pedido deduzido no processo principal. Conquanto já causado o dano, o poder de exigir coercitivamente o cumprimento do dever jurídico de indenizar surge, por força de disposição legal expressa (art. 811, I, do CPC), tão somente com a prolação da sentença desfavorável na ação matriz.
6. O marco inicial da prescrição dessa pretensão, portanto, é o trânsito em julgado da sentença proferida no processo principal, e não a data em que foi efetivada a medida causadora do prejuízo.”
(REsp 1236874/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/12/2012, DJe 19/12/2012)
Bons estudos!
Prof. Thyago Barreto Braga
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�	Vale ressaltar, por oportuno, que, caso a sentença cautelar declare a prescrição ou decadência da pretensão principal, haverá coisa julgada material (art. 810 do CPC), pois o julgamento será proferido com base no art. 269, IV, do CPC.
�	A audiência de justificação não se confunde com a audiência de instrução. Com efeito, aquela audiência, via de regra, é realizada apenas com a presença do autor e de suas testemunhas, possuindo como finalidade a obtenção de provas que demonstrem a possibilidade de concessão da medida cautelar através de decisão liminar inaudita altera parte. A audiência de instrução, por sua vez, é realizada com a presença de ambas as partes, sob contraditório, com a finalidade de obtenção de provas que respaldem o julgamento da própria demanda cautelar. 
�	A ofertade caução para substituir a audiência de justificação pode decorrer de uma necessidade temporal, quando não houver tempo hábil para a realização daquela audiência, sob pena de prejuízo irremediável ao autor. Por outro lado, mesmo realizada a audiência de justificação, o juiz ainda poderá requerer a oferta de caução, se permanecer na dúvida acerca do direito do autor à obtenção de decisão liminar inaudita altera parte, bem como se entender que essa garantia é necessária para indenizar eventuais prejuízos causados ao réu.
�	Não confundir a contracautela exigida do autor (prevista no art. 804 do CPC) com a caução substitutiva ofertada pelo réu (art. 805 do CPC).
�	O réu pode requerer, por exemplo, que o juiz substitua o arresto sobre determinado bem imóvel pela caução em dinheiro. Nesse caso, a medida é adequada e suficiente para resguardar os interesses do autor da cautelar, ao tempo em que é menos gravosa para o requerido.
�	 Em face do sincretismo processual, a execução ocorre nos mesmos autos do processo em que a a decisão judicial foi proferida, ou seja, o processo judicial alberga, sucessivamente, um procedimento de conhecimento e um procedimento de execução, sem a necessidade de instauração de nova relação processual por ocasião da formulação da pretensão executória.

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