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Farmacologia (FAR 532) Clara L. Vianna Aula 8 ���� Farmacologia do sistema nervoso autônomo (03.05.12) � Algumas ações do SNA são: - Globo ocular: medirias (S) e miose (PS) - Pulmão: broncodilatação (S) e broncoconstricção (PS) - Ureteres e bexiga: retenção urinária (S) e relaxamento urinário (PS) - Genitália masculina: ejaculação (S) e ereção (PS) - Vasos sanguíneos periféricos: vasoconstricção (S) - Vasos sanguíneos centrais: vasodilatação (S) - Coração: taquicardia (S) e bradicardia (PS) - TGI: relaxamento da musculatura do TGI, contração dos esfíncteres (S) e contração da musculatura do TGI e relaxamento dos esfíncteres (PS). - Útero: relaxamento (S) É importante estar a par desses efeitos, pois ao utilizar fármacos que mimetizam esses sistemas, tais efeitos serão encontrados, farmacologicamente. � Como é sintetizada a noradrenalina? Ela possui um precursor, a tirosina; essa é captada nos botões terminais. Essa vai sofrer a ação de uma enzima denominada tirosina hidroxilase. Dando origem à levodopa. Essa L-dopa vai sofrer ação de uma enzima, convertendo-a em dopamina. Se esse neurônio fosse dopaminérgico, sofreria armazenamento; porém como ele é noradrenérgico, dentro desse neurônio haverá outra enzima (dopamina beta-hidroxilase) que converterá a dopamina em noradrenalina. Vai ocorrer uma despolarização, entrada de cálcio e previamente uma exocitose dessa substância na fenda sináptica. A noradrenalina, diferentemente da acetilcolina, precisa ser captada para dentro dos tecidos para sofrer metabolização; isso pode ocorrer de duas maneiras: tal pode ser captada por um tecido não neuronal (ou extraneuronal) e a enzima catecol o-metil-transferese vai metabolizar-la; processo denominado como CAPTAÇÃO 2. Ou ainda, a NOR pode sofrer a CAPTAÇÃO 1 ou RECAPTAÇÃO, através do transportador NET, que vai transportar tal para dentro do axoplasma para ser metabolizada pela MAO. A NOR que vai ser exocitada vai surtir efeito nos seus receptores pós-sinápticos, porém ela também tem receptores pré-sinápticos, dentre eles o alfa 2, que quando é ativado pela NOR, vai fazer uma inibição da sua própria liberação. Por isso tal receptor é um importante alvo farmacológico. A NOR, quando nivelada na glândula supra-renal, ela pode sofrer ação de uma enzima (feniletanolamina n-metil transferase), que vai transformar a NOR em ADR. Normalmente tal processo ocorre, nas células cromoafins. � A levodopa, dopamina, noradrenalina, adrenalina possuem um mesmo grupamento, denominada CATECOL; por isso tais substâncias são denominadas CATECOLAMINAS. � A NOR, quando for liberada vai se ligar aos seus receptores alfa (1,2) e beta (1,2,3). O beta 3 quase não é mencionado, pois a sua única ação é a lipólise e atualmente ainda não há nenhum fármaco cujo alvo farmacológico seja esse receptor. Na tabela abaixo, estão relacionados a localização dos receptores e suas respostas: - berotec, salbutamol: agonista beta 2 � Existem três tipos de simpaticomiméticos: ação direta, indireta e mista. - Direta: Estimulam diretamente os receptores; tal estímulo pode ser de maneira seletiva (só um tipo) ou de maneira não seletiva (todos os tipos). Dentre esse, há as catecolaminas (noradrenalina, epinefrina, noraepinefrina, isoproterenol e dobutamina – no qual essas suas últimas não são produzidas, mas são utilizadas na clínica), que possuem maior potência na sua ação farmacológica, por causa da sua alta afinidade com os receptores adrenérgicos; porém apresentam uma curta duração de efeito (meia-vida de 2 a 5 min), pois são metabolizados pela MAO e pela COMT e ainda por serem hidrossolúveis, não atravessam a barreira hematoencefálica. Já as não-catecolaminas (fenilefrina - alfa 1, terbutalina e salbutamol - beta 2) possuem menor potência que as catecolaminas, porém uma maior duração pela diminuição do metabolismo pelas enzimas MAO e COMT e ainda por terem uma maior lipossolubilidade e conseguirem atravessar a barreira hematoencefalica. - Mista: Além de ativarem os receptores, possuem a capacidade de liberar os neurotransmissores desses receptores (NOR). - Indireta: Possui somente a capacidade de liberar o neurotransmissor. No caso, seria a tiramina, que promove a liberação de NOR. Catecolaminas Utilizados por via parental, pois pela via oral já seriam metabolizados na parede instestinal; logo sua biodisponibilidade por tal via seria mínima. São eliminados predominantemente pelo rim, fazendo com que tenha que ser feito um ajuste posológico no caso de um indivíduo insuficiente renal. Abaixo, segue um esquema dos efeitos cardiovasculares dado pelas catecolaminas: Norepinefrina: - Percebe-se que com o uso desse, a RVP sobe; pois há ativação do receptor A1 nos vasos, provocando venoconstricção, aumentando a RVP, o retorno venoso e a pressão diastólica. - Fraca ativação no receptor B2 (somente em doses elevadas). - Ativa o receptor B1 no coração, que junto com a ativação no receptor A1, pela lei de “Frank- starling”, provocará um aumento na pressão arterial sistólica. Logo, a partir dessa informação, no experimento teria que mostrar uma FC elevada, porém por haver o estímulo do centro vasomotor pelo estiramento dos barorreceptores, haverá inibição do sistema simpático e estímulo do parasimpático no coração, demonstrando assim, uma diminuição na frequência cardíaca. Normalmente esse estímulo do parassimpático ocorre pelo nervo vago, que liberará acetilcolina (se liga ao receptor B2, provocando bradicardia). Logo, o que está sendo demonstrado no gráfico é uma BRADICARDIA REFLEXA (ação compensatória indireta). Obs.: Se previamente à norepinefrina for utilizado atropina, o que ocorrerá com o gráfico da FC¿ Como haverá o bloqueio de M2, por mais que tenha uma descarga de ACH, o receptor não estará livre, logo tal quadro de bradicardia não ser visto e a FC aumentará. Epinefrina: - Se liga a todos os receptores. - Utilizada fisiologicamente, leva a uma dilatação dos vasos; porém em grandes quantidades (exógena) pode levar a uma elevação da PA arterial. - Em doses baixas, possui a prevalência de se ligar aos receptores beta; logo, ao se ligar aos receptores beta 2 nos vasos, leva à uma vasodilatação, reduzindo a RVP e a pressão arterial diastólica. E como esse ativa beta 1, a pressão arterial sistólica estará elevada. A FC também aparecerá elevada pelo estímulo de B1 e por não ocorrer a bradicardia reflexa (pois a pressão arterial média não está sendo elevada a ponto de provocar um estímulo nos barorreceptores) - Em doses moderadas para altas, haverá aumento da RVP, pois a atividade de alfa prevalecerá à atividade de beta, nesse caso, alfa 1. Há também, consequentemente, elevação da pressão arterial diastólica e aumento da PA média. Aqui então pode ocorrer um caso de bradicardia reflexa, logo, o gráfico da epinefrina parecerá com o da norepinefrina. Isoproterenol: - É seletivo ao receptor beta, não se ligando ao alfa. - A RVP está bastante reduzida, pois não há o efeito antagônico pelo receptor alfa. Consequentemente, a PA diastólica também estará diminuída. - A FC estára elevada por causa do estímulo de B1 no coração e também, pois pode ocorrer uma TAQUICARDIA REFLEXA, já que a PAm está bastante reduzida, quase não haverá o estiramento dos barorrecptores, estimulando também o centro vasomotor, estimulando assim o sistema simpático e inibindo o parassimpático, logo haverá liberação de NOR. - É utilizada bastante como anti-asmático. 1. Epinefrina - Pode ser considerada um hiperglicemiante, pois há estímulo do receptor A2 no pâncreas, inibindo a secreção de insulina. Também há o estímulo de B2, aumentando a liberação de insulina; porém a inibição sempre prevalece ào estímulo.- No fígado, levará à glicogenólise e gliconeogênese, aumentando também a glicose no sangue, ressaltando mais ainda a ação hiperglicemiante. - Aumenta a liberação de glucagon ao estimular os receptores B2 nas células pancreáticas - No pulmão ao ativar o receptor beta, há a broncodilatação e no receptor alfa, ocorre a diminuição das secreções. Logo, reduz o brocoespasmo - Indicações clínicas: Parada cardíaca; reações alérgicas graves (choque anafilático); pode ser usada em associação com um anéstesico local pelo seu efeito vasoconstrictor, aumentando assim o tempo de ação desse anestésico e reduzindo a ocorrência dos efeitos adversos desse. 2. Norepinefrina: - O estímulo de A1, vai contribuir indiretamente no coração, no caso, com a bradicardia reflexa. - Há aumento da cronotropia por estímulo de B1. - Não possui quase nenhum efeito nos outros tecidos. - Indicações clínicas: Choque séptico e cardiogênico. 3. Isoproterenol – isoprenalina: 4. Dopamina: - Há aumento da taxa de filtração glomerular. - É utilizada em pacientes no qual se deseja o efeito inotrópico positivo, mas também o aumento do fluxo sanguíneo renal (para tratamento da oligúria desse). - Como as catecolaminas geram uma tolerância no organismo, essas vão precisar ter suas doses aumentadas. No caso da dopamina, pode começar à haver uma vasoconstricção generalizada; logo, ao invés de uma proteção renal, essa começa a gerar efeitos deletérios no rim. - Pode ser utilizado no caso de uma insuficiência cardíaca crônica refratária, choque cardiogênico, choque séptico, infarto agudo do miocárdio, etc. - Possui ação indireta no sistema simpático, pois leva à liberação de noreprinefrina. 5. Doputamina: - LEVO-doputamina: agonista; DEXTRO-doputamina: antagonista. - Quase não há uma alteração da RVP. - Prevalece muito mais o efeito inotrópico (aumento do débito cardíaco) do que o efeito cronotrópico. Logo, após uma cirurgia cardíaca, pode ser utilizado tal fármaco ao invés de uma isoprenalina, pois essa vai causar muito mais taquicardia que aquela. - Indicações clínicas: Insuficiencia cardíaca congestiva de baixo débito; choque cardiogênico; intoxicação por beta-bloqueadores, etc. Alguns efeitos colaterais das catecolaminas seriam: palpitações, taquicardias, tremores, hiperemias (mais esperados). Porém, caso apareça uma angina, tal fármaco terá que ser retirado ou ter suas doses reduzidas. Já no caso do efeito adverso de necrose local, tal ocorre muito mais com o uso da norepinefrina. Pode levar também a uma hemorragia cerebral, edema agudo de pulmão. Não-catecolaminas 1. Agonistas A1: 2. Agonistas A2: Por mais que seja um simpatimimético, pois se liga ao receptor alfa2, possui ação SIMPATICOLÍTICA. 2.1. Clonidina: Se liga ao A2 pré-sináptico e inibe a liberação de NOR; logo é usada clinicamente como anti-hipertensivo. Também pode ser utilizada no diagnóstico do feocromocitoma; pois como esse faz inibição do sistema simpático, caso esse seja dado ao paciente e na urina tenha demonstrado uma redução dos metabólitos adrenérgicos, esse não possui tal quadro, porém se tal demonstrar ainda aumento desses na urina, quer dizer que ele possui ainda outra fonte de liberação de catecolaminas, no caso, um feocromocitoma. Esse pode ainda ser utilizado na abstinência àos opióides e ao álcool, pois tal quadro apresenta tremores, taquicardia, sudorese; coisas que podem ser abrandadas com um inibidor do sistema simpático. Possui ainda uma potencialização analgésica, reduzindo o uso de opióides. 2.2. Metildopa: Precursor do verdadeiro fármaco (metilnoradrenalina), que é um metabólito da metildopa. Logo metildopa -> metildopamina -> metilnoradrenalina. Esse fármaco vai se ligar aos receptores A2, inibindo a liberação da NOR. Pode ser usada juntamente com a hidralazina para tratar a hipertensão gestacional Alguns efeitos colaterais dos agonistas alfa 2 são: sedação, depressão, xerostomia, disfunção sexual, efeito rebote (após um longo uso, a retirada desses medicamentos deve ser feita gradualmente, pois se não pode ocorrer tal efeito, no qual os sintomas sçao mais intensos do que antes do uso do medicamento), hipotensão ortrostática, retenção de líquidos, anemia hemolítica. 3. Agonistas B2 seletivos É importante ressaltar que os agonistas B2 não produzem NENHUMA ação antiinflamatória, somente a de broncodilatação! Para tratar tal, é necessário a associação com um glicocorticóide. Os fármacos utilizados por via inalatória possuem poucos efeitos adversos em relação àqueles utilizados pela via oral. Os principais efeitos adversos são: Tremores, nervosismo, insônia, taquicardia (pelo estímulo de B1 e B2, no caso do uso de doses elevadas). A ritrodina pode ser utilizada para prolongamento da gestação, no caso de uma paciente que apresenta uma hipersistolia uterina, que precisa relaxar sua musculatura uterina. Fármacos de ação indireta e mista 1. Indireta: NÃO é um fármaco, é um componente da alimentação, a tiramina. Está presente nos queijos, vinhos, cerveja; logo, alimentos fermentados ou defumados. Porém com essa ingesta, o nível de tiramina na circulação sistêmica é minimo; logo seus efeitos (como por exemplo, no sistema cardiovascular) quase não aparecem. Provoca o efluxo de noradrenalina para o axoplasma. Por mais que em indivíduos normais, esse não provoque muito efeito; em um indivíduo que estiver em uso de antidepressivos, fármacos para o parksonismo (inibidor da MAO, inibidor não seletivo da MAO), pode ocorrer a interação desses com a tiramina; logo, esse vai tirar a NOR das vesículas, jogando tal para o axoplasma, porém essa não vai ser metabolizada, pois a MAO está inibida. Vai ocorrer um aumento da NOR na fenda sináptica, gerando uma hipertensão GRAVE (HIPERTENSÃO POR QUEIJO E VINHO) e consequentemente uma hemorragia intracraniana. Logo, em pacientes em uso desses fármacos, haverá uma lista de alimentos que esse não poderá ingerir. 2. Mista: Efedrina e anfetamina (será mais discutida) 2.1. Anfetamina: Utilizado na segunda guerra mundial, para aumentar a resistência e reduzir a fadiga dos soldados. Posteriormente começou a ser utilizado clinicamente no tratamento da narcolepsia. Também foi utilizado como inibidor de apetite. A Ritalina (metilfenidato) é utilizada no déficit de atenção e hiperatividade. Esses, por serem de função mista, além de ativarem os receptores, também provocam liberação de NOR (em doses terapêuticas). Efeito da anfetamina: - Controle: dose mínima; há aguçamento dos passos e sua aprendizagem é aumentada. - Aumento da dose: há um maior aguçamento na aprendizagem, porém há o aparecimento de erros banais (algo que não cometeria sem o anfetamínico), há elevação da autoconfiança, idéias de suicídio. - Doses altas: Há liberação também de dopamina e serotonina, gerando uma estereotipia (tiques) e efeitos esquizofrênicos, respectivamente. - Doses tóxicas: óbito TRATAMENTO: Eliminação do fármaco com a acidificação da urina (Cloreto de amônio) No uso para a inibição de apetite, a curto prazo, funciona perfeitamente; porém ao parar de usar, há o EFEITO REBOTE, fazendo com que a pessoa coma muito mais que o necessário, engordando novamente. Caso seja utilizado novamente, irá emagrecer novamente, gerando o EFEITO SANFONA da anfetamina. Para o uso de tal, o IMC tinha que ser acima de 27
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