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Introdução à Fisiopatologia OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 1. Definir e utilizar os termos-chave abordados neste capítulo. 2. Observar a importância dos conhecimentos obtidos em cursos científi- cos como pré-requisito básico para o aprendizado da fisiopatologia. 3. Comparar os termos “saúde” e “mal-estar” com o termo “doença” e discuti-los. 4. Estabelecer os três níveis de prevenção sobre os quais as intervenções estão baseadas. 5. Aprender a comunicar-se efetivamente com outros profissionais, utili- zando a terminologia fisiopatológica adequada. 6. Diferenciar as perspectivas fisiopatológicas nos contextos individual e populacional. 7. Descrever a importância das diferenças individuais de sexo, idade, raça, etnia, local e status socioeconômico na fisiopatologia. 8. Explicar a abordagem conceitual necessária para aprender as alterações gerais na saúde e aplicá-la para a compreensão de patologias específicas. 1 CARIE A. BRAUN & CINDY M. ANDERSON28 Fundamentos da fisiopatologia Muitos cursos proporcionam ao estudante o conhecimento básico necessário para entender a fisiopatologia. São cursos que, muitas vezes, incluem biologia, microbiologia, quími- ca e, até mesmo, física em seu currículo. A fundamentação desse conhecimento está direcionada ao estudo das células humanas, consequentemente, da estrutura e da função do corpo humano. O termo estrutura refere-se às partes que constituem o corpo humano, isto é, a como o corpo está or- ganizado.1 Função refere-se à ação ou ao trabalho das vá- rias estruturas do corpo.1 O que acontece quando a estrutura ou a função estão alteradas? O estudo da fisiopatologia está focado nessa questão, que é o próximo passo no estudo da saúde humana. DEFINIÇÃO DE FISIOPATOLOGIA A fisiopatologia é formalmente definida como a fisiologia de um estado de saúde alterado, mais especificamente, como as mudanças funcionais que acompanham lesões, síndro- mes ou doenças.1 Essa definição tem dois componentes crí- ticos. Primeiro, está baseada no conhecimento da fisiologia humana. Antes de mais nada, é preciso saber como alguma coisa funciona para depois tentar entender o que acontece- rá quando algo der errado. Assim, cada capítulo deste livro inclui uma revisão da fisiologia humana básica. Segundo, o ponto central da fisiopatologia são as mudanças funcionais do corpo. Isso está relacionado à forma como este reage a mudanças inesperadas e indesejadas. Cada capítulo destaca mudanças funcionais que podem ocorrer no corpo ao en- frentar alterações no estado de saúde. CIÊNCIAS RELACIONADAS A fisiopatologia não deve ser confundida com outras ciên- cias que também estudam as doenças. A patologia é o estu- do das mudanças estruturais e funcionais nas células e nos tecidos causadas por lesões.1 A fisiopatologia é basicamen- te uma combinação entre a patologia e a fisiologia, ou seja, refere-se ao estudo de mudanças estruturais e funcionais em nível celular e tecidual que podem causar impacto ao corpo inteiro. A histologia é um ramo da anatomia que estuda as características das células e dos tecidos que são discerníveis apenas por microscópio.1 A fisiopatologia é construída com base na compreensão da estrutura básica das células e dos tecidos. A morfologia é um ramo da biologia que lida com a forma e a estrutura de animais e plantas. Esta olha mais detalhadamente para como as células e os tecidos modifi- cam sua forma devido a uma doença.1 Frequentemente, os profissionais da área da saúde mostram-se preocupados com mudanças nas células e nos tecidos, pois precisam dessas in- formações para diagnosticar certas patologias. A microbio- logia é a seção da biologia que lida especificamente com o estudo das formas microscópicas de vida.1 O Capítulo 5 é dedicado às infecções humanas e a como certos microrga- nismos, chamados patógenos, entram no corpo, bem como às consequências dessas invasões. Essas e outras ciências es- tão integradas no estudo da fisiopatologia (Fig. 1.1). Pare e pense Você está saudável ou doente? Como você sabe? Quais caracterís- ticas descrevem alguém saudável? Quando uma pessoa pode ser considerada doente? O continuum saúde-doença Este livro está baseado em três princípios relacionados à saú- de e à doença: 1. Os termos saúde e doença estão em um continuum. Isso significa que saúde e doença não são duas categorias exclusivas. As pessoas se percebem em algum lugar ao longo de uma linha imaginária, na qual em um extremo está a saúde perfeita e no ou- tro a doença grave. 2. O continuum saúde-doença é uma entidade dinâ- mica, ou seja, as percepções individuais de saúde e de doença podem modificar-se dia a dia, mês a mês ou, até mesmo, ano a ano. 3. A saúde humana pode ser analisada não somente pela dimensão física, mas também pelo bem-estar espiritual, emocional e psicológico. Embora este livro esteja concentrado quase que exclu- sivamente na dimensão da saúde física, as outras dimensões também são importantes. Nesse sentido, o reconhecimento de que é necessário dar atenção a todas essas dimensões é o epítome de um cuidado de saúde holístico. SAÚDE Nenhum curso de fisiopatologia estaria completo sem uma discussão dos fatores que levam à compreensão da saúde e da doença. Saúde é a condição de sentir-se bem do corpo, da mente e do espírito.1 A saúde é geralmente medida pelo nível de ausência de doença ou dor física. É uma questão de percepção e medida; cada pessoa é capaz de julgar o seu estado de saúde e bem-estar. Mesmo quando doente, uma pessoa pode sentir-se “saudável” se os sintomas estiverem bem administrados e não ocorrerem complicações. Saúde pode referir-se ao equilíbrio da vida, também co- nhecido como homeostasia. A homeostasia é um estado de Fisiopatologia Biologia Histologia Anatomia Química Fisiologia Patologia Morfologia Microbiologia FIGURA 1.1 Ciências que apoiam a compreensão da fisiopatologia. FISIOPATOLOGIA 29 equilíbrio dinâmico mantido pelos mecanismos de regulação do organismo. A homeostasia representa o balanço constan- te, que depende da comunicação entre as células, os tecidos, os hormônios, os agentes químicos e os sistemas de órgãos do corpo. Cada um dos capítulos deste livro descreve de- talhadamente os mecanismos desenvolvidos pelos diversos sistemas para manter a homeostasia quando as variações aparecem. ENFERMIDADE Enfermidade é um estado resultante do sofrimento ou distresse.1 A enfermidade é geralmente julgada pela presen- ça de sintomas físicos, tais como a dor, embora a doença também possa representar distresse∗ emocional, psicoló- gico ou espiritual. Assim como a saúde, a doença é uma questão de percepção e medida, pois, mesmo na ausência de alguma doença fisicamente identificável, um indivíduo pode sentir-se mal, doente. DOENÇA O termo doença é empregado para descrever um defeito no funcionamento de algum tipo de célula, tecido, órgão ou sistema do corpo.1 Expressões como moléstia, enfermida- de, mal-estar e/ou síndrome também podem ser utilizadas como sinônimos de doença. Trata-se do resultado de uma alteração no funcionamento do corpo e representa um de- safio ao equilíbrio da homeostasia. O estudo das doenças é, obviamente, o foco principal deste texto. Em cada capítu- lo são apresentados os mecanismos pelos quais elas podem modificar o funcionamento de células, tecidos, órgãos ou sistemas, alterando o estado de saúde. As lesões, tais como o traumatismo craniano ou as fraturas ósseas, geralmente não são consideradas doenças, embora causem danos às funções celulares, de tecidos e de órgãos. Nesses casos, a doença si- ginifica o impacto resultante em tais funções. O impacto de uma doença pode oscilar entre levemente irritante até total- mente debilitante. A presença ou a ausência de uma doença é sempre definida por sinais e sintomas.Esses e outros termos relacionados às doenças serão discutidos mais adiante neste capítulo. As doenças geralmente podem ser identificadas por meio de uma série de testes laboratoriais e diagnósticos. Aprender sobre as doenças pode ser estimulante e, sem dúvida, é algo importante. Lembre-se de que o obje- tivo principal em entender as alterações no funcionamento corporal deve ser proporcionar um atendimento de melhor qualidade. Os profissionais da saúde devem preocupar-se com a pessoa, e não com a doença (Fig. 1.2). Ao conside- rar o paciente como uma pessoa, evita-se rotulá-lo como “o diabético” ou “o lesionado cerebral do quarto 202”. Em vez disso, os profissionais da saúde devem referir-se aos pacien- tes como “a pessoa que está com diabete” ou “o paciente com uma lesão craniana”. Tipos de prevenção às doenças O conhecimento sobre a doença é uma ferramenta útil para determinar os mecanismos de prevenção contra seu desen- volvimento. Quando o surgimento da doença não puder ser evitado, o foco deve ser direcionado para a prevenção das complicações e a promoção de uma boa saúde. Três níveis de prevenção são essenciais à função do profissional da saúde: 1. Prevenção primária. A prevenção primária im- pede a ocorrência de doenças. Um exemplo é usar capacete quando se anda de bicicleta para evitar lesões cerebrais. 2. Prevenção secundária. A prevenção secundária é a detecção, por meio de exames, e o tratamento logo no início da doença. Por exemplo, fazer o au- toexame mensal de mamas ou testículos para evitar o câncer (ver Cap. 7). 3. Prevenção terciária. A prevenção terciária con- siste na reabilitação do paciente após a detecção da doença. O foco principal é a prevenção das complicações ou da progressão da doença; por exemplo, fazer fisioterapia e terapia ocupacional para recuperar as funções motoras de pacien- tes que sofreram um acidente vascular cerebral (AVC) (ver Cap. 13). Pare e pense Quais são as atividades de prevenção primária que você normalmen- te realiza? Usando a terminologia fisiopatológica para comunicar-se A habilidade de comunicar-se adequadamente com os de- mais profissionais da área da saúde utilizando a terminolo- FIGURA 1.2 Em primeiro lugar, as pessoas. Um cuidador ouve seu pa- ciente. O foco deve ser o paciente, o problema de saúde é sempre secun- dário. (Adaptada de Carter PJ, Lewsen S Lippincottís Textook for Nursing Assistants: A Humanistic Approach to Caregiving. Philladelphia; Lippin- cott Williams & Wilkins, 2005.) ∗N. de T.: O termo estresse pode ser subdividido em dois tipos: eustresse e distresse. O eustresse é considerado bom, é aquele que motiva, que desafia as pessoas. Já o distresse refere-se a um tipo de estresse capaz de causar sofrimento e doença ao organismo. CARIE A. BRAUN & CINDY M. ANDERSON30 gia fisiopatológica é essencial para o estudo da fisiopatolo- gia. Os termos básicos são definidos nesta seção e servem como guia para todo o texto. A habilidade de utilizar ade- quadamente a terminologia da fisiopatologia pode facili- tar muito a comunicação com os profissionais das demais disciplinas da área da saúde. Por exemplo, uma atividade em comum entre vários profissionais da área é a documen- tação ou o registro dos dados dos pacientes. O prontuário médico normalmente contém o histórico detalhado desde o exame físico, as ordens médicas, os objetivos específicos e o plano de tratamento, as notas narrativas, os diários médicos e os resultados dos testes laboratoriais e de diagnóstico. O estudante das profissões da área da saúde deve ser capaz de examinar e compreender cada uma dessas seções a fim de conduzir suas atividades de forma adequada. Embora os detalhes específicos dependam do tipo de formação do es- tudante, a linguagem fisiopatológica não se modifica. Esses termos, discutidos adiante neste capítulo, serão utilizados durante toda a carreira do profissional da saúde. A Figura 1.3. ilustra as inter-relações entre eles. Quando se considera a alteração na saúde, a patogê- nese refere-se à origem e ao desenvolvimento da doença ou enfermidade. Em outras palavras, descreve como a doença começa, como prossegue e como se resolve. A patogênese explora os fatores relacionados à condição humana que pos- sibilitam o desenvolvimento da doença. Questões que ilus- tram a patogênese incluem: quais são os fatores de risco, ou vulnerabilidades, que aumentam as chances de desen- volvimento da doença? Exemplos de fatores de risco para doença coronariana (ver Cap. 13) são citados no Quadro 1.1. Quais são os fatores precipitantes, ou desencadean- tes, do início da doença? Exemplos de fatores que precipi- tam as crises de asma (ver Cap. 12) são citados no Quadro 1.2. Qual é a etiologia, ou causa, da doença? O que facili- tou a progressão da doença? Como ela se resolveu? O obje- tivo do estudo da patogênese das enfermidades geralmente é a prevenção da ocorrência de doenças ou enfermidades. Quando não for possível prevenir, a compreensão da pato- gênese de qualquer doença pode facilitar o diagnóstico rápi- do e a intervenção, a fim de evitar complicações e melhorar a qualidade de vida. Conforme já citado, a etiologia está focada na causa da doença. Patogênese é um termo mais amplo, relacionado ao Fisiopatologia Diagnóstico Tratamento/ Cuidados Patogênese Manifestações clínicas Mecanismos das doenças Sintomas Etiologia Sinais FIGURA 1.3 Mapa conceitual. Termos da fisiopatologia. QUADRO 1.1 Exemplos de fatores de risco A presença de um ou mais destes fatores de risco aumenta as chances de a pessoa desenvolver doença coronariana arterial: Níveis elevados de colesterol sanguíneo • Pressão arterial elevada • Tabagismo • História familiar/predisposição genética • Obesidade • Sedentarismo • QUADRO 1.2 Exemplos de fatores precipitantes de doenças Indivíduos com asma costumam mencionar que um ou mais dos fato- res a seguir precipitam ou aumentam a crise asmática: Exercícios • Tempo frio • Infecção nas vias aéreas superiores • Estresse • Poeira • Pólen • Escamas e pele descamada de animais • Mofo • FISIOPATOLOGIA 31 início e ao desenvolvimento da doença, enquanto a etiolo- gia é apenas um aspecto da patogênese. A etiologia pode ser caracterizada de diversas formas. Por exemplo, a etiologia de uma infecção geralmente pode ser atribuída a um pató- geno, ou organismo causador de doença, tal como o vírus. A etiologia do câncer pode ser a exposição a fatores am- bientais tais como radiações ionizantes, exposição excessiva ao sol ou tabagismo. Quando uma condição de saúde não tem etiologia clara, é denominada idiopática. Em muitos casos, a etiologia de uma alteração de saúde pode não ser bem compreendida ou ser multifatorial, isto é, quando vá- rios eventos contribuem para seu desenvolvimento. Doenças multifatoriais geralmente envolvem tanto fatores genéticos quanto ambientais. Algumas vezes a etiologia da doença pode ser um procedimento ambulatorial ou hospitalar. As doenças hos- pitalares ou nosocomiais são causadas pelo ambiente hospitalar. Por exemplo: uma criança é hospitalizada de- vido a uma fratura e contrai catapora enquanto está sendo tratada na unidade de terapia. Quando a criança entrou na instituição, não apresentava catapora, mas essa infecção respiratória foi transmitida a ela enquanto estava hospita- lizada. A infecção hospitalar ocorreu pelo infortúnio de se estar no lugar errado, na hora errada. Os profissionais da área da saúde têm a obrigação de prevenir a transmissão de doenças de um paciente para o outro. As enfermidades iatrogênicas são um resultado inadvertido do tratamento médico. Por exemplo: um paciente está com uma sonda uretral para prevenir a retenção urinária e desenvolve in- fecção urinária. A intenção foi boa, mas o resultado, ainda assim, foi umainfecção. Pare e pense As doenças hospitalares e as enfermidades iatrogênicas podem ser consideradas erros médicos? As manifestações clínicas são os sinais e sintomas apresentados pelo paciente que indicam a doença. Mais es- pecificamente, os sinais de uma doença são as manifesta- ções observáveis ou mensuráveis de uma condição alterada de saúde. Por exemplo, a presença de vesículas altas, claras e preenchidas por líquido nos lábios ou temperatura oral de 37,6˚C são os sinais de herpes simples (herpes labial). Os sinais geralmente são as manifestações que objetivamente podem ser vistas ou medidas pelo profissional da saúde. Os sintomas são indicações relatadas pela pessoa enferma que, muitas vezes, são consideradas manifestações subjetivas. Os sintomas de herpes podem incluir o formigamento ou des- conforto no local das vesículas ou uma sensação de cansaço ou letargia. Esses sintomas são difíceis de ser mensurados ou observados pelo profissional da saúde. As manifestações clínicas da doença podem ser previs- tas se o estudante entender claramente o processo fisiopa- tológico. Por exemplo, se um indivíduo está queimado pelo sol, a área afetada torna-se vermelha, edemaciada, quente e dolorida. A queimadura solar dispara uma reação inflama- tória (ver Cap. 3) que causa grande aumento no fluxo san- guíneo e movimento de líquidos para o local afetado. O au- mento no fluxo sanguíneo e o acúmulo de líquido causam a vermelhidão, o edema, o calor e a dor. O profissional da saúde tem a obrigação de se perguntar, continuamente: por que essa manifestação clínica está ocorrendo? O que está acontecendo no corpo que causa tal manifestação? É lógico que os procedimentos de tratamento devem ter como obje- tivo reduzir a alteração de saúde e aliviar as manifestações clínicas. No exemplo anterior, o tratamento deve ter como objetivo reduzir o fluxo sanguíneo e o acúmulo de líqui- do no local da queimadura, o que pode ser alcançado com a aplicação de gelo no local (o frio causa vasoconstrição); com a elevação da parte afetada do corpo (a gravidade irá reduzir o fluxo sanguíneo naquele local); e com compressão (a redução da área diminui o fluxo sanguíneo e o acúmulo de líquido no local). Algumas condições são completamente assintomá- ticas, ou seja, o indivíduo não apresenta nenhum sintoma mesmo que os testes laboratoriais ou outros tipos de tes- tes diagnósticos indiquem que a doença está presente. Por exemplo, uma mulher jovem se apresenta em uma clínica para um exame físico de rotina. Ela relata que não apresenta nenhum sinal ou sintoma de doença. Entretanto, seu esfre- gaço vaginal revela a presença de células anormais na cérvi- ce, sugerindo câncer cervical. Embora esteja assintomática, ela é diagnosticada com a doença. Testes de varredura, ou screening, tais como o Papanicolaou, a mamografia e a aferi- ção da pressão arterial, são procedimentos importantes para a detecção de doenças assintomáticas. Sinais e sintomas também podem ser diferenciados por serem locais ou sistêmicos. O termo local se refere a mani- festações no local exato da enfermidade, lesão ou infecção. Os exemplos são as manifestações de vermelhidão, edema, calor, contusões ou dor. Manifestações sistêmicas ocorrem por todo o corpo e não se restringem a determinadas regiões. Exemplos de manifestações sistêmicas são febre, letargia ou dor generalizada pelo corpo. As manifestações clínicas e as diversas condições de doenças podem ser categorizadas como agudas ou crôni- cas. Esses termos são definidos de acordo com o aspecto temporal. As manifestações ou enfermidades agudas ge- ralmente surgem de forma abrupta e duram por alguns dias ou meses. A gripe comum é um exemplo de enfermi- dade aguda. Ela apresenta um início claro e uma duração de cerca de 10 a 14 dias, seguida pela cura. Manifestações ou enfermidades crônicas geralmente são mais insidio- sas, com um início gradual, e com um período de dura- ção mais longo (geralmente seis meses ou mais). Muitas vezes, o indivíduo que apresenta uma doença crônica não apresenta sintomas. Muitas condições crônicas são carac- terizadas por remissões e exacerbações. As remissões são períodos livres de sintomas. As exacerbações são perío- dos em que os sintomas reaparecem e podem ser graves. Algumas condições são consideradas subagudas, ou seja, apresentam duração e gravidade intermediárias entre as agudas e as crônicas. CARIE A. BRAUN & CINDY M. ANDERSON32 Os provedores de cuidados de saúde geralmente agru- pam as manifestações clínicas apresentadas pelo paciente com resultados laboratoriais e outros testes para determinar o diagnóstico e, assim, dar um nome à condição alterada de saúde. Os diagnósticos estão muito frequentemente asso- ciados a diagnósticos médicos, como a pneumonia, o diabete ou a doença arterial coronariana. Porém, algumas categorias de profissionais da saúde, tais como os enfermeiros possuem seus próprios critérios de diagnóstico. Os diagnósticos de enfermagem, são diferenciados, pois estão baseados na reação do indivíduo à doença. Exemplos de diagnósticos de enfermagem incluem dor, alteração no equilíbrio hídrico e obstrução das vias aéreas2. Quando o conjunto de manifestações clínicas, testes laboratoriais e outros testes diagnósticos encaixa-se em um padrão previsto e reconhecível, o diagnóstico médico co- mumente pode referir-se a uma síndrome. A síndrome de Down, uma condição caracterizada por uma alteração cromossômica previsível (ver Cap. 6), características fa- ciais especiais, retardo mental e risco aumentado de doen- ças cardíacas e leucemia, é um exemplo de síndrome. O diagnóstico geralmente está associado a um prognóstico. O prognóstico consiste em uma previsão de como o indi- víduo prosseguirá durante a alteração de saúde. Um prog- nóstico excelente significa que as chances de o indivíduo superar a crise de saúde são grandes, e que ele reassumirá uma vida normal depois. Um prognóstico ruim prevê uma alta morbidade ou mortalidade (veja mais adiante no tex- to). O prognóstico está, com frequência, baseado em es- tatísticas, pois as taxas de sobrevivência de outras pessoas nas mesmas condições influenciam o desfecho previsto. Aqueles com um prognóstico menos favorável provavel- mente desenvolverão complicações, ou sequelas negati- vas, da doença. Saúde global As alterações de saúde são estudadas tanto no contexto in- dividual quanto na comunidade ou população em geral. A terminologia definida nas seções anteriores refere-se a como a doença é identificada e a como ela afeta o indivíduo. A epidemiologia é o estudo da doença nas populações.1 Esse método de estudo das doenças é importante por várias ra- zões, incluindo: 1. O reconhecimento de onde o problema de saúde é mais comum. 2. O reconhecimento de quem é mais afetado pelo problema de saúde. 3. A detecção do motivo pelo qual o problema de saú- de é tão prevalente naquela população. 4. A descoberta de uma forma de erradicação do pro- blema de saúde de determinada população. 5. A determinação de mecanismos para a redução da morbidade ou da baixa qualidade de vida nessa população. 6. A determinação da mortalidade, ou da taxa de mortalidade. 7. A orientação de intervenções de saúde pública para prevenir que o problema se espalhe ou se torne mais grave. O cuidado de saúde voltado para a população depen- de de referências estatísticas que guiem e direcionem as intervenções. A incidência refere-se à taxa de ocorrência de uma determinada condição de saúde em um determi- nado período de tempo. É, basicamente, a probabilidade de uma condição ocorrer em uma população. Por exem- plo, a incidência da síndrome de Down, ou seja, a chance de um indivíduo nascer com síndrome de Down, é de, aproximadamente, 1 em cada 800 a 1.000 nascidos vi- vos.2,3 A prevalênciaé a porcentagem da população que é afetada por uma determinada doença em um certo pe- ríodo de tempo. Por exemplo, a prevalência da síndrome de Down no Canadá é de 14,4 por 10 mil nascidos vivos. Nos Estados Unidos, a prevalência é de 12,2 por 10 mil nascidos vivos. Isso significa que aproximadamente 487 crianças nascem com essa síndrome no Canadá em um ano e que existem 350 mil pessoas vivendo com ela nos Estados Unidos. Uma condição é considerada endêmica quando sua incidência e prevalência são previsíveis e estáveis. Um aumento súbito na incidência de uma condição de saú- de em uma população é chamado epidemia, ou seja, sua incidência está acima da condição endêmica. Quando a epidemia se espalha pelos continentes, é considerada uma pandemia. Dados estatísticos serão fornecidos ao longo deste livro a fim de colocar em perspectiva a quantida- de e as características dos indivíduos mais afetados pelas condições de doença. Por exemplo, considere os dados es- TENDÊNCIAS A Organização Mundial da Saúde (OMS) produz um guia anual de estatísticas em saúde para os seus 192 Estados afiliados. Os Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Prevenção e Controle de Doenças), ou CDC, trazem informações específicas sobre doenças nos Estados Unidos. A lista de recursos no final deste capítulo apre- senta links para os sites da OMS e do CDC. No relatório da OMS de 2004, as principais causas de morte de crianças e adultos ao redor do mundo foram doenças cardiovasculares (29,3%), infecções (19,1%), câncer (12,5%) e lesões (9,1%). Encabeçando a lista de causas de mor- te em crianças com menos de 5 anos ao redor do mundo estão diar- reia, infecções respiratórias agudas, malária, sarampo, lesões e AIDS, nessa ordem. No mesmo relatório, verificou-se que, no Canadá e nos Estados Unidos, a taxa de mortalidade de crianças com menos de 5 anos é significativamente menor que no resto do mundo. As principais causas de morte infantil, nesses países, são diarreia, lesões e infecções respiratórias agudas.9 FISIOPATOLOGIA 33 tatísticos de um comunicado à imprensa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2005: a presença do câncer é alta e está aumentando ao redor do mundo. É a segun- da maior causa de morte. Provavelmente o câncer causará mais mortes ao redor do mundo do que as infecções (veja Tendências). Mais de 20 milhões de pessoas estão vivendo com câncer e 7 milhões morrem de câncer a cada ano. A incidência do câncer está aumentando tanto nos países de- senvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento, como resultado do aumento da exposição a fatores de risco, tais como cigarro, inatividade física, alimentação inadequada, algumas infecções e demais agentes causadores. O enve- lhecimento rápido da população também é um fator que contribui para esse quadro. O câncer é descrito pela OMS como uma condição pandêmica. Pare e pense Procure em um jornal notícias locais e mundiais sobre epidemias e pandemias. Que condição epidêmica está presente atualmente em sua região? Quais condições epidêmicas estão se manifestando ao redor do mundo? Existe alguma condição pandêmica? Diversidade humana e doenças Os profissionais da saúde devem estar preparados para tra- balhar de forma efetiva com os mais diversos indivíduos. Isso requer um respeito consciente pelas variações na saúde humana. A epidemiologia promove a compreensão de quais pessoas têm mais chances de serem afetadas por certas doen- ças, baseando-se em sexo, idade, raça, fatores locais, status socioeconômico e etnia. Essas diferenças serão apontadas ao longo deste livro no item “Tendências”. Reconhecer as dife- renças na incidência e prevalência de doenças, conforme os fatores citados, possibilita identificar quais pessoas apresen- tam maior risco de desenvolver determinada doença. Dessa forma, medidas de prevenção primária e secundária podem ser providenciadas. O respeito pela diversidade permite que o profissio- nal da saúde evite fazer comparações com o considerado homem-modelo normal, isto é, o homem branco com peso médio de 70 kg.4 Por exemplo, muitos estudos de caso sobre doença cardíaca e desenvolvimento de infarto do miocárdio (ataque cardíaco) descrevem um indivíduo do tipo A, obeso, empresário norte-americano de ascendência européia, com forte dor irradiando no peito e suor. Essa descrição repre- senta o homem branco comum, entretanto, a descrição de uma mulher seria muito diferente. Em geral, as mulheres descrevem náusea, dor aguda ao redor do peito e até mesmo dor abdominal.7 A variação de sexo muitas vezes causa atra- so no tratamento das mulheres, pois elas tendem a pensar que somente uma dor arrasadora, irradiando do peito é que constitui infarto do miocárdio. O conceito das diferenças hu- manas conforme sexo, raça ou etnia é relativamente novo, no entanto, a pesquisa nessa área vem crescendo exponencial- mente. O profissional da saúde deve manter-se a par dessas pesquisas e ficar atento às potenciais variações nas manifes- tações das patologias. Respeitar a diversidade também implica reconhecer as diferentes crenças em relação aos cuidados de saúde. Nem todos os pacientes acreditam nas mesmas coisas que os profissionais da saúde. Este livro possui sólidas raízes na biomedicina, o estudo científico e sistematizado dos pro- cessos biológicos, bem como na medicina ocidental.1 Vários pressupostos estão baseados na biomedicina, incluindo os seguintes: As doenças têm causas identificáveis, se a etiologia é • desconhecida é porque ainda não foi descoberta. A estrutura e a função do corpo estão baseadas em • estudos científicos sobre a biologia humana (p. ex., as células são os tijolos que formam os tecidos, órgãos e sistemas do corpo; o sangue viaja dentro dos vasos sanguíneos; o ar é transportado para os pulmões; e assim por diante). Se a causa puder ser resolvida, os sintomas desapare- • cerão e o indivíduo estará curado. Os pressupostos recém-descritos nem sempre são os predominantes. Muitas pessoas acreditam que campos de energia humana, espíritos, ancestrais e ícones religiosos de- sempenham um papel importante na saúde e na doença. Embora uma descrição completa de outras crenças de saúde não faça parte do objetivo deste livro, é importante ressaltar que indivíduos com outras visões de mundo têm diferentes crenças sobre o corpo humano e a fisiopatologia. Conceitos funcionais de saúde alterada A informação contida neste livro pode ser comparada a uma viagem. Como em toda viagem, há um mapa e um destino. A organização deste texto é como um mapa especial, baseado em conceitos funcionais de saúde alterada. Um conceito é definido como uma ideia abstrata generalizada a partir de um exemplo particular.1 Em outras palavras, o estudo con- ceitual de fisiopatologia agrupa os conhecimentos atuais so- bre saúde humana e doenças e os organiza em ideias úteis e significativas. Estas sempre representam alterações funcio- O projeto genoma humano foi fun- damental para o estímulo ao interesse pela pesquisa nas áreas da diversidade humana e das doenças. Pesquisas em andamento têm por objetivo determinar a variabilidade nas sequências-padrão de DNA entre as populações humanas da África, da Ásia e dos Estados Unidos.5 Esses estudos pretendem identificar regiões do DNA res- ponsáveis por doenças complexas, tais como câncer, diabete, doen- ças cardíacas e certos tipos de doenças mentais. As regiões do DNA permitirão a identificação das pessoas com mais probabilidade de desenvolver doenças complexas, com base na estrutura genética. Essas informações fornecerão novas pistas sobre os fatores huma- nos que aumentam o risco de desenvolvimento de doenças. NOTAS CIENTÍFICAS CARIE A. BRAUN & CINDY M. ANDERSON34 nais na saúde. O Quadro 1.3 lista as alterações funcionais nas quais este livro está baseado.A abordagem conceitual preconiza que, inicialmente, devem ser estudados os mecanismos gerais dos processos e, depois, sua aplicação a condições específicas. É impossível detalhar todas as patologias. A abordagem conceitual forne- ce ao aluno as ferramentas necessárias para compreender o que já é conhecido e para aplicar os conceitos ao que é des- conhecido. A aplicação do conhecimento é a meta a ser atin- gida. Ao aprender algo novo, o aluno deve, continuamente, descobrir como a fisiopatologia aplica-se a sua área específi- ca de cuidado de saúde. Resumo A fisiopatologia é o estudo dos mecanismos das doenças, com foco na fisiologia dos estados de saúde alterados, espe- cificamente as mudanças funcionais que acompanham uma lesão, síndrome ou doença. Aqueles que estudam fisiopatologia preocupam-se com a etiologia, a patogênese e as manifestações clínicas das doenças. Isso envolve a análise das mudanças em nível ce- lular, tecidual, de órgão e de sistemas corporais durante um estado alterado de saúde. Os profissionais da saúde agrupam sinais e sintomas (também chamados de manifestações clínicas) a fim de for- mular um diagnóstico ou dar um nome à doença. A partir disso, intervenções adequadas podem ser feitas, respeitando a diversidade humana, para que seja promovido um cuidado de saúde de alta qualidade e para que seja favorecida a otimi- zação das condições de saúde. A epidemiologia é a ciência que lida com o estudo das doenças em populações; os epidemiologistas identificam a incidência e a prevalência das doenças ao redor do mundo, incluindo a presença de condições endêmicas, epidêmicas e pandêmicas. O objetivo principal da compreensão das doenças é, efe- tivamente, a aplicação dos três níveis de prevenção, sempre que possível. Estudo de caso Kim é uma garota de 10 anos de idade que chegou à clínica de atendimento de urgência com uma história de 14 dias de nariz entupido, abundância de secreção nasal verde, febre, dor de cabeça genera- lizada (“toda a minha cabeça dói”), dor facial acima e abaixo dos olhos e fadiga. Ela relatou que sua irmã mais jovem recentemente havia tido uma gripe “feia”, mas que ninguém mais da família estava doente. Seu histórico médico descrevia sensibilidade a alergias sazonais, Kim vinha utilizando sua medicação anti- histamínica, o que não foi suficiente para bloquear a alergia sazonal. A mãe de Kim relatou que a menina era muito estressada e exigente consigo mesma. Kim disse que sua grande preocupação era perder o mu- sical da escola, no qual teria o papel principal, e que a estréia seria em dois dias. O exame físico revelou temperatura oral de 37,8oC. O clínico percutiu gen- tilmente acima e abaixo dos olhos dela e constatou que os seios nasais estavam inchados. As glândulas linfáticas ao redor do pescoço haviam aumentado e estavam inchadas. Kim foi submetida a uma radio- grafia para exame dos seios nasais. As radiografias revelaram acúmulo de líquido nos seios frontal e ma- xilar. Ela foi diagnosticada com sinusite relacionada a uma infecção persistente nas vias aéreas superiores. O tratamento prescrito consistiu em três semanas de antibióticos para infecção sinoidal. 1. Você descreveria Kim como saudável ou doente? Ex- plique. 2. Que fatores de risco contribuíram para o desenvolvi- mento da sinusite? 3. Qual a etiologia da sinusite de Kim? Poderia ser considerada uma condição hospitalar ou iatrogênica? Explique. 4. Identifique os sintomas relatados por Kim. 5. Identifique os sinais que conduziram ao diagnóstico de sinusite. 6. Você classificaria essa doença como aguda ou crônica? Explique. 7. Quais manifestações são locais e quais são sistêmicas? 8. Qual é o prognóstico de Kim? 9. Quais aspectos relacionados à diversidade humana e às doenças devem ser considerados em relação a Kim? 10. De quais dimensões adicionais do histórico de saúde você irá precisar para providenciar um tratamento de saúde holístico? QUADRO 1.3 Conceitos funcionais de saúde alterada Alterações básicas em células e tecidos Inflamação Imunidade Infecção Distúrbios genéticos e de desenvolvimento Alterações na proliferação e diferenciação celular Alterações nos equilíbrios líquido, eletrolítico e ácido-básico Alterações na transmissão neuronal Alterações nas funções sensoriais e na percepção da dor Alterações nos processos hormonais/metabólicos Alterações na ventilação e na difusão Alterações na perfusão tecidual Alterações na nutrição Alterações na eliminação Mudanças degenerativas/efeitos da idade/mobilidade prejudicada Processos patológicos complexos ou combinados FISIOPATOLOGIA 35 Teste prático 1. Você está esperando seu primeiro bebê e é informada de que a chance de ele nascer com uma anormalidade congênita é de 1 em 800. Essa estatística se refere a: a. Incidência b. Prevalência c. Epidemia d. Diagnóstico 2. Você percebe que há muito tempo não faz uma con- sulta médica e marca um exame de saúde de rotina. Ao dosar-se o colesterol sanguíneo, verifica-se que está dentro dos limites normais. Que nível de prevenção esse procedimento representa? a. Prevenção primária b. Prevenção secundária c. Prevenção terciária d. Nenhuma das alternativas está correta 3. Em seu exame de saúde, você descreve o seguinte: dor, letargia e desconforto abdominal vago. Tais elementos são considerados: a. Manifestações locais b. Manifestações sistêmicas c. Sinais d. Sintomas 4. O estudo das alterações de saúde causadas por lesões, doenças ou síndromes descreve qual das seguintes ciências? a. Patologia b. Fisiopatologia c. Fisiologia d. Morfologia 5. Um paciente quer saber o que causou sua doença. Essa informação é chamada de: a. Etiologia b. Patogênese c. Epidemiologia d. Infecção hospitalar DISCUSSÃO E APLICAÇÃO 1 O que eu sabia sobre fisiopatologia antes da leitura des- te capítulo? 2 Que conteúdos foram importantes em cursos anterio- res para a construção do meu conhecimento de fisiopa- tologia? 3 Como posso utilizar o que aprendi? RECURSOS World Health Organization Health Statistics. http://www.who.int Healthy People 2010, metas de saúde para os Estados Unidos. http://web.health.gov/healthypeople/ United States National Health Statistics. http://www.cdc.gov/nchs/ Canadian Health Statistics. http://www.statcan.ca/english/Pgdb/health.htm Informações específicas sobre saúde da mulher podem ser encontradas no site da Women’s Health Initiative: http://www.nhlbi.nih.gov/whi/ REFERÊNCIAS 1. Dirckx J, ed. Stedman’s Concise Medical Dictionary for the Health Professions. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins, 2001. 2. North American Nursing Diagnosis Association. Nursing diag- noses: definition and classification 2003–2004. Philadelphia, PA: NANDA International, 2003. 3. National Down Syndrome Society. Incidence of Down syndrome. Available at: http://www.ndss.org/content.cfm?fuseaction5InfoRes. Generalarticle&article527. Accessed August 10, 2004. 4. Health Canada. Congenital anomalies in Canada—a perinatal health report, 2002. Ottawa: Minister of Public Works and Go- vernment Services Canada, 2002. 5. Smith A, Winfrey M. (1998). Teaching pathophysiology from a multicultural perspective. Nurse Educ 1998;23(3):19–21. 6. Human Genome Program, US Department of Energy. Geno- mics and its impact on science and society: a 2003 primer; 2003. 7. Endoy M. CVD in women: risk factors and clinical presenta- tion. Am J Nurse Pract 2004;8(2):33–40. 8. World Health Organization. The 58th World Health Assembly adapts resolution on cancer prevention and control. Availa- ble at: http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2005/ pr_wha05/en/index.html. Accessed May 31, 2005. 9. World Health Organization. World Health Report: 2004. Chan- ging history. Geneva,Switzerland: WHO, 2004.
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