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1 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Profª. Renata Orsi 1. DO PROCESSO JUDICIÁRIO DO TRABALHO: PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO TRABALHISTA (APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC). O Direito Processual do Trabalho corresponde ao conjunto de regras, princípios e instituições disciplinadoras do processo do trabalho, i.e., do instrumento por meio do qual são conciliados e julgados os conflitos individuais e coletivos pertinentes às relações de trabalho. Trata-se de ramo instrumental, pois suas regras não se bastam em si mesmas, mas constituem meio de realização do direito material. Compreende-se, hoje, como ramo autônomo do direito, vez que apresenta legislação, princípios, institutos, organização jurisdicional, didática e fins próprios. A índole “social” do direito do trabalho também se faz sentir no processo, vez que este também visa a corrigir desigualdades inerentes às partes da relação trabalhista mediante a proteção da parte mais fraca. Ademais, na maior parte de seus dissídios, lida com créditos de natureza alimentar – por isso, é mais célere, simples (menor refinamento técnico?) e eficaz do que o processo comum. Tanto é verdade que, por vezes, o processo civil abeberou-se do processo do trabalho em seus aspectos mais modernos, como veremos a seguir. Classificação dos conflitos ou dissídios trabalhistas: i. Individuais: envolvem interesses concretos de sujeitos determinados. ii. Coletivos: envolvem interesses abstratos de grupo ou categoria (indeterminação de sujeitos). 2 a. Natureza Jurídica – visam à aplicação ou interpretação de norma existente (e.g., ação de cumprimento) b. Natureza Econômica (de interesse) – visam à criação ou alteração de condições de trabalho (e.g.: reajuste salarial) Saliente-se que o número de indivíduos pouco importa para tal classificação (e.g., art. 842 da CLT – dissídio individual plúrimo). Art. 842, CLT - Sendo várias as reclamações e havendo identidade de matéria, poderão ser acumuladas num só processo, se se tratar de empregados da mesma empresa ou estabelecimento. Há questionamentos quanto à diferenciação de interesses de grupo ou de indivíduos determinados, já que todos os direitos trabalhistas apresentam um cunho social. Ex.: ação pleiteando reintegração de dirigente sindical. PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO Não há consenso quanto ao número de princípios do DPT – alguns autores falam em 20, outros em 3, outros em apenas 1. Ademais, muitos autores incluem entre eles princípios gerais do processo, e não específicos do direito processual do trabalho. Quanto aos princípios específicos, lição mais utilizada é a de Wagner Giglio: a. Princípios reais: protecionista, simplificação, jurisdição normativa e despersonalização do empregador; b. Princípios ideais (tendências do DPT): ultra ou extrapetição, iniciativa de ofício e coletivização de ações A. Princípios reais 1. Princípio da proteção 3 Único que é consenso na doutrina – também no direito instrumental do trabalho, o Estado tenta corrigir a desigualdade econômica entre as partes a partir da proteção jurídica do hipossuficiente (empregado). Isso porque também no processo o empregado está em situação de desvantagem – tem maior dificuldade para encontrar testemunhas, sofre mais com a delonga do processo, etc. Diversos exemplos: 1. Gratuidade do processo apenas para o empregado (art. 790, §3º, CLT) § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família ATENÇÃO: Hoje já há decisões dos tribunais pátrios reconhecendo a justiça gratuita ao empregador (incluindo TST), desde que comprovada a impossibilidade de recursos. Com a promulgação da LC nº 123/09, que alterou o art. 3º da Lei 1060//50, há discussões em doutrina e jurisprudência sobre se a concessão da justiça gratuita isenta o empregador também do pagamento do depósito recursal, ou apenas das custas. Acerca do benefício da justiça gratuita, importa ressaltar que este pode ser requerido em qualquer tempo ou grau de jurisdição. Porém, na fase recursal, deve o requerimento ser formulado no prazo alusivo ao recurso (OJ-SDI1-269, TST). Para a concessão do benefício, ademais, basta juntar declaração de pobreza ao processo, a qual pode ser firmada pelo próprio advogado, independentemente de mandato com poderes específicos – OJ-SDI1-331, TST. 2. Exigência de depósito recursal apenas para o empregador (art. 899, §4º da CLT). 4 ATENÇÃO: segundo entendimento majoritário da atual jurisprudência, o empregador doméstico também está sujeito ao depósito recursal. 3. Assistência jurídica gratuita obrigatória prestada pelo sindicato apenas ao empregado (Lei nº 5.584/70) 4. Inversão do ônus da prova: registros de controle de ponto do trabalhador em alegação de hora extra (Súm. 338), dispensa (Súm. 212), etc 2. Princípio da simplificação do procedimento Estando-se diante de verbas de natureza alimentar, o trabalhador deve recebê-las mais rapidamente – daí a necessidade de simplificar procedimentos. Atualmente, vem sendo buscado por outros ramos do processo. Peculiaridades: 5. Ius postulandi (art. 791 da CLT – não apenas o empregado, mas também o empregador). Art. 791, CLT - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. § 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se representar por intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. § 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado. § 3º - A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da parte representada. Dúvida: art. 133 da CF/88 estabelece que advogado é indispensável à administração da justiça. Porém, TST e STF já se pronunciaram no sentido de que não foi extinto o ius postulandi. 5 Atenção: conforme se verá a seguir com mais vagar, nos tribunais superiores (incluindo TST), exige-se a participação de advogado, vez que se trata de matéria estritamente jurídica. Veja-se, a respeito, a Súm. 425, TST: SUM-425, TST. JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. 6. Comunicações dos atos processuais feitas pelo correio, com presunção de recebimento em 48h SUM-16 NOTIFICAÇÃO Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário. 7. Oficial de justiça é também avaliador (faz penhora e avalia o bem) 8. Audiência una 9. Recursos só têm efeito devolutivo, não suspensivo – art. 899, CLT. 10. Art. 841: citação automática 2. Princípio da despersonalização (ou despersonificação) do empregador Como o empregador é empresa, na relação processual os bens perseguidossão os da atividade empresarial, e não dos sócios ou empresários. Corolário do conceito de empregador, do direito material. 3. Princípio da jurisdição normativa 6 Justiça do trabalho tem competência para estabelecer normas e condições de trabalho nos dissídios coletivos (ao contrário dos demais órgãos judiciários, que apenas analisam a aplicação do direito já vigente ao caso concreto). B) Princípios ideais 4. Princípio da ultra (além) ou extrapetição (fora do pedido) Possibilidade de o magistrado julgar fora ou além do pedido ou da causa de pedir. Em regra, vedada no processo civil (Art. 460, CPC: É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado). No processo trabalhista, há hipóteses expressas, e outras vêm sendo admitidas pela jurisprudência e doutrina. Hipóteses: 11. Art. 467 da CLT: pagamento das verbas incontroversas com acréscimo de 50% caso não pagas na primeira audiência Art. 467, CLT. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento. 12. Art. 496 da CLT: substituição da reintegração por indenização de estável Art. 496, CLT. Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida nos termos do artigo seguinte. SUM-396, TST. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO. CONCESSÃO DO SALÁRIO RELATIVO AO PERÍODO DE ESTABILI-DADE JÁ EXAURIDO. INEXISTÊNCIA DE JULGAMENTO "EXTRA PETITA" 7 I - Exaurido o período de estabilidade, são devidos ao empregado apenas os salários do período compreendido entre a data da despedida e o final do período de estabilidade, não lhe sendo assegurada a reintegração no emprego. II - Não há nulidade por julgamento “extra petita” da decisão que deferir salário quando o pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT. 13. Súm. 211 – juros e correção monetária são devidos ainda que não pedidos SUM-211, TST. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação. 14. Guias de seguro desemprego – obrigação de pagamento de indenização ao trabalhador caso não fornecidas (indenização correspondente aos valores do seguro desemprego). SUM-389, TST. SEGURO-DESEMPREGO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DIREITO À INDENIZAÇÃO POR NÃO LIBERAÇÃO DE GUIAS I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-fornecimento das guias do seguro-desemprego. II - O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização. 2. Princípio da iniciativa ex officio Exceção ao princípio do dispositivo (art. 262, CPC), corresponde à possibilidade de o magistrado iniciar o andamento processual (não confundir com impulso oficial, que é dever do magistrado): 15. Art. 39, CLT: procedimento de anotação de CTPS proveniente da SRTE Art. 39, CLT - Verificando-se que as alegações feitas pelo reclamado versam sobre a não existência de relação de emprego ou sendo impossível verificar essa condição pelos meios administrativos, será o processo encaminhado a Justiça do 8 Trabalho ficando, nesse caso, sobrestado o julgamento do auto de infração que houver sido lavrado. 16. Art. 878, CLT: execução trabalhista pode ser promovida de ofício pelo juiz Art. 878, CLT - A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior. 17. Art. 114, inciso VIII da CF/88: execução de ofício das contribuições das empresas sobre folha de salários (art. 195, I, a, CF/88) e dos segurados decorrentes das sentenças trabalhistas (art. 195, II, CF/88) Art. 114, CF/88. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir. 2. Princípio da coletivização das ações 17. Sindicato como substituto processual 18. ACP proposta pelo MPT 19. Mandado de segurança coletivo – L. 12016/09 Outros princípios aplicáveis ao processo do trabalho: • Devido Processo Legal; Contraditório; Acesso à Justiça; Juiz Natural; Motivação das decisões; Publicidade; Proibição de provas ilícitas; Dispositivo, Economia Processual • Oralidade e Imediatidade: predomínio da palavra falada sobre a escrita (petição verbal, contestação e razões finais em audiência). • Concentração: todos os atos se concentram na audiência (Art. 849, CLT) • Duplo Grau de Jurisdição: exceção para os procedimentos de alçada (valor da causa de até 2 s.m.). 9 • Celeridade: notável importância no processo do trabalho, dada natureza alimentar das verbas. • Identidade física do juiz: mesmo juiz que colhe as provas deve julgar. Anteriormente, era de difícil aplicação no processo do trabalho, por conta dos juízes classistas, que tinham alta rotatividade (Súm. 136 do TST e 222 do STF). Dúvidas sobre sua aplicação hoje. SUM-136, TST. JUIZ. IDENTIDADE FÍSICA Não se aplica às Varas do Trabalho o princípio da identidade física do juiz SUM-222, STF. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ - JUNTAS DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO DA JUSTIÇA DO TRABALHO - APLICAÇÃO O princípio da identidade física do juiz não é aplicável às Juntas de Conciliação e Julgamento da Justiça do Trabalho. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC Trata-se de método de integração, i.e., preenchimento de lacunas existentes no ordenamento, previsto no art. 769 da CLT: Art. 769, CLT - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. Dois requisitos, cumulativos: - Omissão da CLT (e da legislação processual trabalhista extravagante); - Compatibilidade. Especificamente no que concerne ao processo de execução, aplicam-se subsidiariamente as regas da Lei 6830/80 (Lei dos Executivos Fiscais): Art. 889, CLT - Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que 10 regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal. 2. DA JUSTIÇA DO TRABALHO: ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO Quando criada (década de 1920), a Justiça do Trabalho no Brasil fazia parte do Poder Executivo. Por tal razão, à época, não eram aplicadas as regras sobre prerrogativas de magistrados e competências da Justiça Comum. Ainda hoje, vemos resquícios de tal sistema na CLT (exemplo é a denominação da ação “inquérito para apuração de falta grave” – típica do Poder Executivo – ou a previsão contida no art. 707, j da CLT, que estabelece a obrigatoriedade de o Presidente do TST apresentar ao Ministro do Trabalho relatório das atividades do Tribunal e dos demaisórgãos da Justiça do Trabalho). Com a CF/46, a Justiça do Trabalho passa a integrar o Poder Judiciário e a contar com organização constitucional em três níveis, a qual se mantém nos dias atuais (art. 111, CF/88): • Tribunal Superior do Trabalho (TST) • Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) • Juízes ou Varas do Trabalho (anteriormente, Juntas de Conciliação e Julgamento) Características importantes da JT atual: 1. Não há divisão em entrâncias (como ocorre na Justiça Comum, em razão do maior número de processos). 2. Não há Varas especializadas. 3. Os tribunais são criados por Regiões, e não por Estado. 4. Desde 1999 (EC nº 24), não há mais representação classista na Justiça do Trabalho – permite-se, dessa maneira, maior independência aos sindicatos. 11 A. DAS VARAS DO TRABALHO (JUÍZES DO TRABALHO) Órgãos de 1º grau da Justiça do Trabalho – juízos monocráticos. Art. 116, CF/88. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular. Varas são criadas por lei ordinária federal, e podem ter jurisdição sobre várias cidades (desde que estejam a um raio máximo de 100 km e haja meios de acesso e comunicação entre elas - Lei nº 6.947/81). Onde não há Varas Especializadas, a jurisdição trabalhista é conferida aos juízes de direito, com recursos ao respectivo TRT (art. 112 da CF/88 e art. 668 da CLT): Art. 112, CF/88. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho Art. 668, CLT - Nas localidades não compreendidas na jurisdição das Juntas de Conciliação e Julgamento, os Juízos de Direito são os órgãos de administração da Justiça do Trabalho, com a jurisdição que lhes for determinada pela lei de organização judiciária local. Onde houver mais de um juiz de direito, a competência será determinada por lei estadual a um juiz cível. Caso lei estadual não disponha sobre o tema, será competente o juiz cível mais antigo. Importante, ainda, é a Súmula 10 do STJ: SÚMULA 10, STJ. INSTALADA A JUNTA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO, CESSA A COMPETENCIA DO JUIZ DE DIREITO EM MATERIA TRABALHISTA, INCLUSIVE PARA A EXECUÇÃO DAS SENTENÇAS POR ELE PROFERIDAS. Para criação de uma vara trabalhista, segundo a Lei nº 6.947/81, é preciso haver mais de 24.000 empregados no local ou terem sido ajuizadas 240 reclamações trabalhistas por ano, em 12 média, nos três últimos anos. A criação de vara adicional está condicionada à vara pré-existente julgar mais de 1.500 processos por ano. De dois em dois anos, o TST analisa propostas de criação de varas adicionais, encaminhando projeto de lei ao governo Segundo o art. 113 da CF/88: Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho Nesse sentido, também a CLT disciplinava que a jurisdição de cada Vara somente poderia ser alterada por lei federal. Entretanto, visando a uma maior celeridade da prestação jurisdicional trabalhista, desde 2003 (Lei 10.770/03), conferiu-se aos TRTs a competência de estabelecer a jurisdição das Varas do Trabalho. Isso permitiu reorganizar as Varas então existentes (muitas das quais inoperantes): Art. 28, L. 10.770/03. Cabe a cada Tribunal Regional do Trabalho, no âmbito de sua Região, mediante ato próprio, alterar e estabelecer a jurisdição das Varas do Trabalho, bem como transferir-lhes a sede de um Município para outro, de acordo com a necessidade de agilização da prestação jurisdicional trabalhista. As varas são integradas por um JUIZ, que ingressa na carreira como juiz substituto, mediante concurso público realizado pelo TRT respectivo (com validade de 2 anos e prorrogável por igual período), e é promovido por antiguidade e merecimento, alternadamente (art. 654, CLT). O juiz titular, segundo o art. 93, V, da CF/88, deverá residir na comarca, salvo autorização do tribunal (não há determinação quanto ao juiz substituto). Outras peculiaridades inseridas pelo art. 93 da CF/88: Art. 93, CF/88. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no 13 mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento, atendidas as seguintes normas: a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento; b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão. O juiz do trabalho, ainda, goza das garantias inerentes à magistratura (vitaliciedade – após dois anos de exercício da magistratura, só pode ser destituído por sentença judicial transitada em julgado –, inamovibilidade – só podendo ser removido por interesse público – e irredutibilidade de subsídios). Também se aplicam integralmente a ele as vedações constitucionais (proibição de cumulação de cargos, de dedicação à atividade político-partidária, de receber custas ou participação no processo, etc). Tais regras são estudadas pela Teoria Geral do Processo. B. TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO Competência • Julgamento de recursos ordinários (e corolários; e.g., embargos de declaração) + competência originária (dissídio coletivo, AR, MS, HC, CC). Art. 678, CLT - Aos Tribunais Regionais, quando divididos em Turmas, compete: 14 I - ao Tribunal Pleno, especialmente: a) processar, conciliar e julgar originariamente os dissídios coletivos; b) processar e julgar originariamente: 1) as revisões de sentenças normativas; 2) a extensão das decisões proferidas em dissídios coletivos; 3) os mandados de segurança; 4) as impugnações à investidura de vogais e seus suplentes nas Juntas de Conciliação e Julgamento; c) processar e julgar em última instância: 1) os recursos das multas impostas pelas Turmas; 2) as ações rescisórias das decisões das Juntas de Conciliação e Julgamento, dos juízes de direito investidos na jurisdição trabalhista, das Turmas e de seus próprios acórdãos; 3) os conflitos de jurisdição entre as suas Turmas, os juízes de direito investidos na jurisdição trabalhista, as Juntas de Conciliação e Julgamento, ou entre aqueles e estas; d) julgar em única ou última instâncias: 1) os processos e os recursos de natureza administrativa atinentes aos seus serviçosauxiliares e respectivos servidores; 2) as reclamações contra atos administrativos de seu presidente ou de qualquer de seus membros, assim como dos juízes de primeira instância e de seus funcionários. II - às Turmas: a) julgar os recursos ordinários previstos no art. 895, alínea a; b) julgar os agravos de petição e de instrumento, estes de decisões denegatórias de recursos de sua alçada; c) impor multas e demais penalidades relativas e atos de sua competência jurisdicional, e julgar os recursos interpostos das decisões das Juntas dos juízes de direito que as impuserem. Parágrafo único. Das decisões das Turmas não caberá recurso para o Tribunal Pleno, exceto no caso do item I, alínea "c", inciso 1, deste artigo. Art. 679, CLT - Aos Tribunais Regionais não divididos em Turmas, compete o julgamento das matérias a que se refere o artigo anterior, exceto a de que trata o inciso I da alínea c do Item I, como os conflitos de jurisdição entre Turmas Organização Até a CF/88, existiam apenas 9 TRTs, cada qual abrangendo determinada Região. 15 A CF/88, então, estabeleceu a obrigatoriedade de instituição de um tribunal por Estado – determinação injustificada, pois em muitos Estados o baixo volume de processos não justifica a instituição de um tribunal. Portanto, com a EC/45, essa determinação foi retirada da CF/88. Hoje, há 24 TRTs no Brasil (não têm TRT: Amapá – 8ª Região, Tocantins– 10ª Região, Roraima – 11ª Região, Acre – 14ª Região). • Justiça itinerante: Art. 115, §1º, CF/88: Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. • Câmaras Regionais (instituídas por deliberação do TRT): Art. 115, §2º, CF/88: Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. Composição: • Mínimo de 7 (sete) juízes; • Brasileiros (natos ou naturalizados): • 30 a 65 anos, pertencentes à respectiva Região (quando possível); • Promoção por antiguidade e merecimento, alternadamente (aplicadas todas as regras acima mencionadas); • Nomeação pelo Presidente da República, a partir de lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; • Observância do quinto constitucional (ambos: mais de dez anos de carreira, salvo se ninguém preencher tal condição; advogados: notório saber jurídico e reputação 16 ilibada). Lista tríplice é elaborada pelo Tribunal a partir de lista sêxtupla encaminhada pela OAB e pelo MPT. Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; II – os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento, alternadamente. Funcionamento • Tribunais com mais de 25 membros podem ter Órgão Especial, para exercício das competências do Pleno (composto por 11 a 25 membros, metade por antiguidade, metade por eleição do Pleno); • Pleno: delibera com metade mais um dos juízes + presidente • Turmas (Justiça comum: Câmaras): compostas por 5 juízes, funcionam com pelo menos 3. • Mesmo os tribunais de composição mínima podem ser organizados em turmas. Nesse caso, competência para julgar dissídios coletivos pode ser destinada a turma especializada (caso contrário, são julgados pelo Pleno). • O RI dos tribunais disporá sobre substituição de seus juízes C. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO Competência: Lei 7.701/88 17 • Recursos de revista, recursos ordinários e agravos de instrumento contra decisões de TRTs e dissídios coletivos de categorias organizadas em nível nacional, além de mandados de segurança, embargos opostos a suas decisões e ações rescisórias. Composição (art. 111-A, CF/88) • Na redação original da CF/88, TST era composto por 27 ministros, sendo 10 classistas. Com a extinção dos classistas, TST passou a ter apenas 17 ministros, mas a EC/45 restabeleceu o número de 27 ministros; • Brasileiros natos ou naturalizados (art. 12, §3º, CF/88) entre 35 e 65 anos; • Nomeação pelo Presidente da República, após aprovação prévia pela maioria absoluta do Senado Federal; • Respeitado quinto constitucional (6 ministros). Os juízes de carreira são escolhidos a partir de listra tríplice elaborada pelo próprio TST; • Não há sistema de promoção por antiguidade e merecimento; Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; II – os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. § 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho (...). • Órgãos: a. Tribunal Pleno b. Órgão Especial (desde 2007) c. Seção Especializada em Dissídios Coletivos 18 d. Seção Especializada em Dissídios Individuais (Subseções 1 e 2) e. Turmas • Pleno: integrado por todos os membros, funciona com pelo menos 14 ministros e delibera por maioria absoluta. Competência, em síntese: escolha e nomeação de ministros, eleição de cargos de direção, elaboração do RI, aprovação de tabela de custas e emolumentos, aprovação de Súmulas e homologação de precedentes da SDC, julgamento de incidentes de uniformização de jurisprudência. • Órgão Especial: composto por 14 ministros – 7 (sete) Ministros mais antigos, incluídos Presidente, Vice-Presidente e Corregedor-Geral, e por 7 (sete) Ministros eleitos pelo Tribunal Pleno. Funciona com pelo menos 8 ministros. Competência, em síntese: julgamento de MS contra membros do tribunal (ressalvada a competência das Seções Especializadas), de reclamações destinadas a preservar a competência dos órgãos do Tribunal, etc. • SBDI-I: composta por 14 ministros (funciona com pelo menos 8 ministros). Presidente + Vice + Corregedor + Presidentes das Turmas. Competência, em síntese: embargos de divergência; agravos e agravos regimentais interpostos em processos de sua competência. • SBDI-II: composta por 10 ministros (funciona com pelo menos 6 ministros). Presidente + Vice + Corregedor + 7 ministros. Competência, em síntese: 1. Originária a) ações rescisórias b) mandados de segurança contra atos praticados pelo Presidente do Tribunal ou por qualquer dos Ministros integrantes da SDI c) ações cautelares 2. Em única instância a) agravos e agravos regimentais interpostos em processos de sua competência 19 b) conflitos de competência em dissídios individuais 3. Em última instância a) RO contra decisões originárias dos TRT (em dissídio individual) b) agravos de instrumento interpostos contra despacho denegatório de recurso ordinário em processos de sua competência.• SDC: composta por 9 ministros (funciona com pelo menos 5 ministros). Presidente + Vice + Corregedor + 6 ministros mais antigos. Competência, em síntese: 1. Originária a) julgar, conciliar e homologar conciliações em dissídios coletivos que excedam a jurisdição dos TRT; b) estender ou rever suas próprias sentenças normativas; c) julgar ações rescisórias propostas contra suas sentenças normativas; d) julgar mandados de segurança contra atos praticados pelo Presidente do Tribunal ou por Ministro da SDC, em matéria coletiva; e) julgar conflitos de competência entre TRT em dissídio coletivo. 2. Em última instância a) RO de decisões dos TRT em dissídios coletivos; b) RO de decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho em ações rescisórias e mandados de segurança pertinentes a dissídios coletivos; c) embargos infringentes; d) embargos de declaração de seus acórdãos e agravos regimentais pertinentes aos dissídios coletivos; e) suspeições arguidas contra o Presidente e demais Ministros da SDC; e 20 f) agravos de instrumento interpostos contra despacho denegatório de recurso ordinário nos processos de sua competência. • Turmas: compostas por 3 ministros (hoje, há 8 turmas). Competência, em síntese: julgar RR; julgar agravos de instrumento dos despachos de Presidente de TRT que denegarem seguimento a recurso de revista; julgar agravos regimentais em última instância e julgar embargos de declaração opostos aos seus acórdãos. Ainda, podem-se citar os órgãos constantes do §2º do art. 111-A da CF/88 (OBS: ambos os órgãos contam com juízes de varas, do TRT e ministros do TST): § 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante (controle interno do Judiciário). D. ÓRGÃOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO i. Secretarias das varas Equivalem aos cartórios da Justiça Comum. Cada vara ou turma de tribunal possui uma secretaria, responsável por receber as petições, fazer autuações e demais serviços determinados pelo Juiz Titular. Referidas funções vêm previstas no art. 711 (secretarias das varas) e 719 (secretarias das turmas dos tribunais) da CLT. Art. 711, CLT - Compete à secretaria das Juntas: a) o recebimento, a autuação, o andamento, a guarda e a conservação dos processos e outros papéis que lhe forem encaminhados; b) a manutenção do protocolo de entrada e saída dos processos e demais papéis; c) o registro das decisões; 21 d) a informação, às partes interessadas e seus procuradores, do andamento dos respectivos processos, cuja consulta lhes facilitará; e) a abertura de vista dos processos às partes, na própria secretaria; f) a contagem das custas devidas pelas partes, nos respectivos processos; g) o fornecimento de certidões sobre o que constar dos livros ou do arquivamento da secretaria; h) a realização das penhoras e demais diligências processuais; i) o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo Presidente da Junta, para melhor execução dos serviços que lhe estão afetos. Art. 719, CLT - Competem à Secretaria dos Conselhos, além das atribuições estabelecidas no art. 711, para a secretaria das Juntas, mais as seguintes: a) a conclusão dos processos ao Presidente e sua remessa, depois de despachados, aos respectivos relatores; b) a organização e a manutenção de um fichário de jurisprudência do Conselho, para consulta dos interessados. Parágrafo único - No regimento interno dos Tribunais Regionais serão estabelecidas as demais atribuições, o funcionamento e a ordem dos trabalhos de suas secretarias. Responsável pela direção dos serviços é o diretor de Secretaria, servidor nomeado pelo Juiz Titular que receberá gratificação de função fixada em lei. Suas funções encontram-se no art. 712, CLT: Art. 712, CLT - Compete especialmente aos secretários das Juntas de Conciliação e Julgamento: a) superintender os trabalhos da secretaria, velando pela boa ordem do serviço; b) cumprir e fazer cumprir as ordens emanadas do Presidente e das autoridades superiores; c) submeter a despacho e assinatura do Presidente o expediente e os papéis que devam ser por ele despachados e assinados; d) abrir a correspondência oficial dirigida à Junta e ao seu Presidente, a cuja deliberação será submetida; e) tomar por termo as reclamações verbais nos casos de dissídios individuais; f) promover o rápido andamento dos processos, especialmente na fase de execução, e a pronta realização dos atos e diligências deprecadas pelas autoridades superiores; g) secretariar as audiências da Junta, lavrando as respectivas atas; h) subscrever as certidões e os termos processuais; i) dar aos litigantes ciência das reclamações e demais atos processuais de que devam ter conhecimento, assinando as respectivas notificações; 22 j) executar os demais trabalhos que lhe forem atribuídos pelo Presidente da Junta. Parágrafo único - Os serventuários que, sem motivo justificado, não realizarem os atos, dentro dos prazos fixados, serão descontados em seus vencimentos, em tantos dias quantos os do excesso. ii. Oficiais de justiça Têm por atribuição mais corriqueira a realização de citações nas execuções, podendo também notificar testemunhas, fazer citações em processos com problemas na localização das partes, etc. Na JT, o oficial de justiça é também avaliador, pois competente, na execução, para realizar a penhora do bem e já avaliá-lo (prescinde-se da figura do perito avaliador). Segundo o art. 721 da CLT, os oficiais de Justiça têm nove dias para cumprir o mandado, e dez dias para efetuar a avaliação, contados da penhora. Ademais, segundo o §5º desse mesmo artigo, na falta ou impedimento do Oficial de Justiça, o Juiz Titular poderá atribuir a realização do ato a qualquer serventuário. Art. 721, CLT - Incumbe aos Oficiais de Justiça e Oficiais de Justiça Avaliadores da Justiça do Trabalho a realização dos atos decorrentes da execução dos julgados das Juntas de Conciliação e Julgamento e dos Tribunais Regionais do Trabalho, que lhes forem cometidos pelos respectivos Presidentes. § 1º Para efeito de distribuição dos referidos atos, cada Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador funcionará perante uma Junta de Conciliação e Julgamento, salvo quando da existência, nos Tribunais Regionais do Trabalho, de órgão específico, destinado à distribuição de mandados judiciais. § 2º Nas localidades onde houver mais de uma Junta, respeitado o disposto no parágrafo anterior, a atribuição para o comprimento do ato deprecado ao Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador será transferida a outro Oficial, sempre que, após o decurso de 9 (nove) dias, sem razões que o justifiquem, não tiver sido cumprido o ato, sujeitando-se o serventuário às penalidades da lei. § 3º No caso de avaliação, terá o Oficial de Justiça Avaliador, para cumprimento da ato, o prazo previsto no art. 888. § 4º É facultado aos Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho cometer a qualquer Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador a realização dos atos de execução das decisões desses Tribunais. 23 § 5º Na falta ou impedimento do Oficialde Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador, o Presidente da Junta poderá atribuir a realização do ato a qualquer serventuário. iii. Distribuidores Responsáveis pela distribuição equitativa dos processos nos locais em que há mais de uma Vara. Também existe nos tribunais. O distribuidor é designado pelo Presidente do Tribunal Regional e tem por funções: Art. 714, CLT - Compete ao distribuidor: a) a distribuição, pela ordem rigorosa de entrada, e sucessivamente a cada Junta, dos feitos que, para esse fim, lhe forem apresentados pelos interessados; b) o fornecimento, aos interessados, do recibo correspondente a cada feito distribuído; c) a manutenção de 2 (dois) fichários dos feitos distribuídos, sendo um organizado pelos nomes dos reclamantes e o outro dos reclamados, ambos por ordem alfabética; d) o fornecimento a qualquer pessoa que o solicite, verbalmente ou por certidão, de informações sobre os feitos distribuídos; e) a baixa na distribuição dos feitos, quando isto lhe for determinado pelos Presidentes das Juntas, formando, com as fichas correspondentes, fichários à parte, cujos dados poderão ser consultados pelos interessados, mas não serão mencionados em certidões. OBS: Não se aplica mais a regra constante da alínea “a” do art. 714 – para evitar fraudes, a distribuição, hoje, é feita por sorteio. E. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO (MPT) O Ministério Público do Trabalho é órgão vinculado ao Ministério Público da União (juntamente com Ministério Público Federal, Ministério Público Militar e Ministério Público do DF e Territórios). A partir da CF/88, o Ministério Público adquire plena autonomia funcional, administrativa e financeira (art. 127, §§2º e 3º) – assim também o MPT. Como parte integrante do Ministério 24 Público da União, assim, todas as regras constitucionais e legais relativas a este órgão também lhe são aplicáveis. Sua atuação é correlata à da Justiça do Trabalho – atua na defesa dos interesses sociais e interesses individuais indisponíveis em controvérsias decorrentes da relação de trabalho – art. 114, CF/88 (atuação antes mais ampla é agora legitimada). Sua intervenção é justificada pelo interesse público. CARREIRA: Procurador do Trabalho Procurador Regional do Trabalho Subprocurador-Geral do Trabalho (atuam junto ao TST) Organização a. Procurador-Geral do Trabalho: Nomeado pelo PGR entre integrantes da instituição com mais de 35 anos de idade e 5 de carreira, eleitos em lista tríplice elaborada pelo Colégio de Procuradores, com mandato de 2 anos, permitida uma recondução. Na falta de membros com mais de 5 anos de carreira, poderá concorrer ao cargo quem tiver mais de 2 anos. O PGT nomeará o Vice-Procurador entre os Subprocuradores-Gerais. O PGT atua junto ao Plenário do TST; b. Colégio de Procuradores: presidido pelo PGT e integrado por todos os membros da carreira em exercício, responsável pela formação da lista tríplice para escolha do PGT e lista sêxtupla para quinto constitucional em TRTs e TST. c. Conselho Superior do MPT: órgão deliberativo que edita diretrizes gerais de atuação do MPT e de gestão de seu pessoal. Composto pelo PGT 25 + Vice + 4 Subprocuradores Gerais eleitos pelo Colégio de Procuradores (mandato: 2 anos) + 4 Subprocuradores Gerais eleitos por seus pares (mandato: 2 anos). d. Câmara de Coordenação e Revisão do MPT: órgão que promove interação e coordenação entre os órgãos integrantes do MPT. Composta por 3 Subprocuradores-Gerais (1 indicado pelo PGT e 2 pelo Conselho Superior); e. Corregedoria do MPT: órgão fiscalizador das atividades funcionais e da conduta dos membros. Corregedor é nomeado entre os Subprocuradores- Gerais, integrantes de lista tríplice votada no Conselho Superior, para mandato de 2 anos, renovável uma única vez. Princípios institucionais: Art. 127, CF/88. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. § 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. • Unidade: MPT é órgão único, submetido à direção de apenas um procurador-geral. A manifestação de um membro, portanto, é tida como manifestação de todo o órgão. • Indivisibilidade: decorre do princípio da unidade. Membros podem ser substituídos sem prejuízo da atuação comum, exatamente por comporem um único órgão; • Independência funcional: inexiste hierarquia funcional entre os membros do MP – podem atuar segundo os ditames da lei, do seu entendimento pessoal e da sua consciência. Membros do MPT têm garantias idênticas aos juízes do trabalho: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos. 26 ATUAÇÃO: 1. Atividades extrajudiciais (administrativas) 1. Fiscalização; 2. Procedimento Preparatório; 3. Instauração de inquérito civil público; 4. Realização de audiências conciliatórias; 5. Celebração de Termos de Ajustamento de Conduta – título executivo extrajudicial (L. 9958/00); 2. Atividades judiciais 1. Custos legis: emissão de pareceres, em qualquer face do processo trabalhista, sempre que solicitado pelo juiz ou por iniciativa própria, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção; participação de um Subprocurador-Geral nas sessões do TST, sendo-lhe assegurado direito de vista do processo. 2. Parte a. ACP (Lei nº 7347/85); b. Ações anulatórias de cláusulas de contrato, ACT e CCT que violem as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores (ex: contribuição assistencial cobrada de todos da categoria); c. Ações em defesa dos direitos e interesses trabalhistas dos menores, incapazes e índios; d. Ação Rescisória (Súm. 407, TST) 27 SUM-407 AÇÃO RESCISÓRIA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE "AD CAUSAM" PREVISTA NO ART. 487, III, "A" E "B", DO CPC. AS HIPÓTESES SÃO MERAMENTE EXEMPLIFICATIVAS A legitimidade "ad causam" do Ministério Público para propor ação rescisória, ainda que não tenha sido parte no processo que deu origem à decisão rescindenda, não está limitada às alíneas "a" e "b" do inciso III do art. 487 do CPC, uma vez que traduzem hipóteses meramente exemplificativas. Art. 487, CPC. Tem legitimidade para propor a ação: (...) III - o Ministério Público: a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção; b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei. e. Ajuizamento de dissídio coletivo em caso de greve que envolva serviço essencial, desde que haja perigo de lesão ao interesse público (§3º, art. 114, CF/88) Art. 114, CF/88. § 3º - Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito OBS: Segundo a OJ-SDI1-338 do TST, o MPT tem legitimidade para recorrer de decisão que declara a existência de vínculo empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública, sem a prévia aprovação em concurso público. Porém, não tem legitimidade para recorrer na defesa de interesse patrimonial privado, inclusive de empresas públicas e sociedades de economia mista (OJ-SDI1-237, TST). Ainda, o Ministério Público do Trabalho poderá atuar como árbitro em dissídios da competência da Justiça do Trabalho, quando assim solicitado pelas partesem litígio (art. 83, XI da LC nº 75/93). Também compete ao Ministério Público do Trabalho promover mandado de injunção, quando a competência for da Justiça do Trabalho. Veja-se, a respeito, o at. 83 da LC nº 75/93, que contempla outras importantes atribuições do MPT: 28 Art. 83 - Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho: I - promover as ações que lhes sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis trabalhistas; II - manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção; III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos; IV - propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores; V - propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho; VI - recorrer das decisões da Justiça do Trabalho quando entender necessário, tanto nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho; VII- funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando- se verbalmente sobre a matéria em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o direito de vista dos processos em julgamento, podendo solicitar as requisições e diligências que julgar convenientes; VIII - instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse público assim o exigir. IX - promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos processos, manifestando sua concordância ou discordância, em eventuais acordos firmados antes da homologação, resguardado o direito de recorrer em caso de violação à lei ou à Constituição Federal; X - promover mandado de injunção, quando a competência for da Justiça do Trabalho; 29 XI - atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de competência da Justiça do Trabalho; XII - requerer diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos processos e para a melhor solução das lides trabalhistas; XIII - intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de jurisdição da Justiça do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público, Estado estrangeiro ou organismo internacional. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO A. CONCEITO DE JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA Jurisdição: juris + diccio = poder-dever do Estado de dizer o direito nos casos concretos a ele submetidos. É una e indivisível, pois expressão do poder estatal – cada juiz ou tribunal é integralmente investido de jurisdição. Competência: é a medida da jurisdição – parcela da jurisdição atribuída a cada juiz pela lei ou pela Constituição. Espécies de competência: a. Material (ratione materiae): natureza da relação jurídica controvertida b. Territorial (ratione loci): local da relação controvertida c. Em razão da pessoa (ratione personae): qualidade das partes envolvidas no processo d. Funcional (ou hierárquica): função desempenhada por cada juiz ou tribunal e. Normativa: típica da JT, corresponde à possibilidade de criar condições de trabalho. 30 Referidas espécies podem ser classificadas como hipóteses de competência absoluta ou relativa: a. Absoluta: orientada pelo interesse público – improrrogável, deve ser pronunciada de ofício. No caso de incompetência absoluta, todos os atos decisórios são nulos, salvando- se apenas os demais atos, que serão aproveitados pelo juiz competente. b. Relativa: orientada pelo interesse das partes – prorrogável, conforme a ocorrência de determinados fatores (e.g., silêncio das partes). Incompetência não pode ser pronunciada de ofício pelo juiz – deve ser oposta exceção na primeira oportunidade que a parte tiver de se manifestar. De acordo com a classificação acima, temos que é absoluta a competência material, em razão das pessoas e funcional. Por outro lado, é relativa a competência territorial. B. COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO (EX RATIONE MATERIAE) Desde a EC nº 45/2004, tem sido alvo de freqüentes debates doutrinários, vez que tal emenda representou um sensível alargamento da competência da Justiça do Trabalho. Para o estudo da competência material da JT, vamos analisar cuidadosamente o art. 114 da CF/88: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 31 V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. § 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. § 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. § 3º - Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. I - Ações oriundas da relação de trabalho Antes da EC-45, a JT era competente para julgar apenas dissídios decorrentes da relação de emprego e outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho previstas em lei. Segundo a doutrina, a relação de trabalho é mais ampla do que a relação de emprego, na medida em que aquela se refere a qualquer forma de prestação de serviços e esta apenas à relação subordinada entre empregado e empregador, nos termos dos arts. 2º e 3º da CLT. Envolve, além da subordinação, a habitualidade, a pessoalidade e a onerosidade. Porém, evidentemente, essa não é a única forma de se trabalhar. A relação de trabalho é o gênero da qual a relação de emprego é a espécie. Há o trabalho eventual, o trabalho avulso, trabalho temporário, trabalho autônomo, estágio estudantil, trabalho voluntário – são todas relações jurídicas de trabalho em que não há a relação de emprego. 32 Todas ascontrovérsias envolvendo tais relações, portanto, hoje são analisadas exclusivamente pela JT – o que é muito mais coerente, dada a especialização dos magistrados e tribunais trabalhistas. OBS: Antes, outras relações de trabalho já eram julgadas pela JT, como a do empreiteiro operário ou artífice (art. 652, III, CLT) e do trabalhador avulso. Porém, era necessária expressa previsão legal para tanto. ------------ Relações de consumo A doutrina diverge sobre a competência da JT para julgar relações de consumo, pois o CDC (Código de Defesa do Consumidor) permite que a relação de consumo tenha por objeto a prestação pessoal de serviços (art. 3º, § 2º). Hoje, entretanto, prevalece entendimento de que a competência é da Justiça Comum. 1) Entes de direito público externo Quem são: Estados estrangeiros, por meio de suas embaixadas, ou Organizações Internacionais que contratem trabalhador no Brasil, e.g.. Problema: a tais entes, aplica-se o conceito do direito internacional público de imunidade de jurisdição – estão imunes à jurisdição do Estado brasileiro. Atualmente, entretanto, entende a jurisprudência que os tribunais pátrios são, sim, competentes para julgar Estados estrangeiros em questões trabalhistas – a imunidade absoluta de outrora foi convertida em relativa, para reconhecer que os atos de gestão dos entes internacionais estão sujeitos à jurisdição brasileira. Os atos de império (funções diplomáticas ou consulares), entretanto, continuam a gozar de tal imunidade. 33 Limite: ainda há imunidade de execução – embora possa julgar o caso, a JT não pode, e.g., penhorar bens do ente externo. A solução, aqui, deve ser buscada pelas vias diplomáticas. Em algumas decisões, entretanto, tem-se reconhecido a possibilidade de penhora de bens não afetos à administração diplomática (e.g., conta corrente destinada exclusivamente a fins de especulação). 2) Entes da administração pública direta e indireta Pelo texto do inciso I do art. 114 da CF/88, os funcionários públicos estariam abrangidos pela competência da JT – já que sua relação de trabalho justifica a atuação da JT. Porém, o STF, em ADIN proposta pela AJUFE em 2005, suspendeu liminarmente a eficácia dessa parte do dispositivo (decisão monocrática de Nelson Jobim), para excluir da apreciação pela JT de causas de servidores públicos estatutários. Portanto, hoje: a. Ações envolvendo servidores públicos estatutários: julgadas pela Justiça Comum (Federal ou Estadual, dependendo da competência); b. Reclamações envolvendo servidores celetistas: julgadas pela JT OBS: Importante, no tema, é a OJ-SDI1-138 do TST, que regula a competência da JT em face da instituição do regime jurídico único na Administração federal pela Lei nº 8.112/90: OJ-SDI1-138 COMPETÊNCIA RESIDUAL. REGIME JURÍDICO ÚNICO. LIMITAÇÃO DA EXECUÇÃO Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e vantagens previstos na legislação trabalhista referente a período anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido ajuizada após a edição da referida lei. A superveniência de regime estatutário em substituição ao celetista, mesmo após a sentença, limita a execução ao período celetista. II - ações que envolvam exercício do direito de greve 34 Antes da EC-45, a JT apenas era competente para julgar o dissídio coletivo de greve. Hoje, tem competência para julgar qualquer tipo de ação envolvendo a greve. Ex: ações possessórias, ações indenizatórias “pós-greve” (e.g., greve que causa danos ao patrimônio da empresa), etc. Existiam dúvidas sobre a amplitude de tal competência; porém, com a recente publicação da Súmula vinculante nº 23 do STF, a matéria tornou-se pacificada: Súmula Vinculante nº 23, STF: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. E a greve do servidor público? No MI 670/07, STF decidiu que se aplica aos servidores públicos a Lei de Greve (Lei 7.783/89). Porém, a competência ainda causa celeuma. Se a greve no serviço público for praticada por celetistas, a competência será da JT. Em se tratando do estatutário, será competência do juízo comum. Porém, a doutrina trabalhista questiona tal entendimento, afirmando que a JT estaria mais apta a julgar tais conflitos, dada sua especialidade. III - Ações envolvendo conflitos sindicais Aqui, também houve ampliação sensível da competência da JT. Incluem-se conflitos entre sindicatos envolvendo representatividade sindical, organização interna do sindicato, eventual conflito entre sindicato e trabalhadores (contra a cobrança de determinada contribuição ou contra a limitação de participação nas assembleias, e.g.) e ações que envolvem sindicatos e empregadores (se a empresa deixa de repassar a contribuição do sindicato). IV – Mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição 35 Mandado de segurança: remédio constitucional destinado a tutelar direito líquido e certo não amparado por HC ou HD – fazer cessar ou impedir abuso praticado por autoridade pública. Sempre que envolver matéria trabalhista, será julgado pela JT – ex: MS impetrado contra ato do juiz trabalhista no julgamento de uma causa ou contra auditor-fiscal do trabalho (atenção: não é o sujeito, e sim a natureza da matéria que determina a competência da JT); Habeas Corpus: remédio constitucional destinado a fazer cessar ou impedir ameaça ao direito de locomoção de alguém. Sempre que envolver matéria trabalhista, será julgado pela JT – ex: prisão do depositário infiel dos bens da empresa, determinada por juiz do trabalho. Habeas Data: remédio constitucional destinado a tomar conhecimento ou retificar as informações pessoais, constantes nos registros e bancos de dados de órgãos públicos. Sempre que envolver matéria trabalhista, será julgado pela JT – ex: negativa de informações por órgãos da JT, ou do MTE. V - Conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista Compete à própria JT resolver conflitos de competência: assim, se duas varas do trabalho (ou juízes de direito investidos na jurisdição trabalhista) se julgam incompetentes para a apreciação de determinada causa, quem solucionará o conflito será o TRT respectivo. O conflito será apreciado pelo TST quando suscitado entre TRTs, varas do trabalho e juízes de direito investido na jurisdição trabalhista vinculados a tribunais de diferentes regiões. EXCEÇÕES: conflito de competência entre órgãos de tribunais quando um deles não pertence à JT e nem está investido de jurisdição trabalhista – competência será do STJ (art. 105, I, d da CF/88) + conflito de competência entre tribunais superiores – competência será do STF (art. 102, I, o da CF/88). 36 ATENÇÃO: Não há conflito de competência entre órgãos que tenham relação hierárquica (ex.: TRT e Vara do Trabalho). Nesse sentido, a Súmula nº 420 do TST: SUM-420, TST. COMPETÊNCIA FUNCIONAL. CONFLITO NEGATIVO. TRT E VARA DO TRABALHO DE IDÊNTICA REGIÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO Não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada. VI - Ações de indenização por dano moral ou patrimonial decorrentes da relação de trabalho Mesmo anteriormente à EC-45, entendia-se que a JT era competente para julgar ações de indenização decorrentes da relação de emprego (e.g., alegação de assédio moral). Com a alteração constitucional, esse procedimento restou legitimado e ampliado para abarcar também as relações de trabalho. Veja-se a Súmula 392 doTST, que pacificou o tema: SUM-392 DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Nos termos do art. 114 da CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente para dirimir controvérsias referentes à indenização por dano moral, quando decorrente da relação de trabalho. Questão importante refere-se às ações de indenização decorrentes de acidentes de trabalho, que restou pacificada na Súmula Vinculante nº 22 do STF: Súmula Vinculante nº 22, STF: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional no 45/04. A Súmula consolida mudança de posicionamento na jurisprudência do STF, que sempre adotou o entendimento de que as ações de indenização envolvendo acidentes de trabalho eram de competência da justiça comum (Justiça Estadual – art. 109, I, CF/88). 37 Porém, com a promulgação da Súmula, hoje as ações propostas por empregados em relação a seus empregadores são de competência da JT, por força do art. 114 da CF/88 (apenas permanecem na Justiça Comum as ações dirigidas ao INSS). No que tange, de outra parte, às ações em trâmite, a Súmula determinou o envio à JT apenas daquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da EC-45. Exemplo de ação de indenização movida pelo empregado contra o empregador pode ser o pedido de pagamento de pensão mensal em decorrência do acidente. A esse respeito, ressalte que a OJ-SDI1-26 do TST já previa, mesmo antes da Súmula Vinculante do STF, a competência da JT para apreciar pedido de complementação de pensão postulada por viúva de ex-empregado. VII - Ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores Também representa ampliação sensível da competência. Penalidades administrativas são impostas às empresas pelos órgãos do MTE (SRTE e respectivos auditores-fiscais do trabalho). Todos os questionamentos relativos a essas penalidades (quer antes da declaração de subsistência do auto ou depois) serão endereçados à JT, inclusive a execução fiscal da dívida (CUIDADO: aqui também se aplica marco temporal da EC-45). Grande exemplo são MS para impedir depósito recursal, ações anulatórias de autos de infração por vício formal, etc. OBS: A respeito do MS para impedir depósito recursal, cf. a Súmula nº 424 do TST, que entendeu não recepcionado pela CF/88 o §1º do art. 636 da CLT: SUM-424, TST. RECURSO ADMINISTRATIVO. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILI-DADE. DEPÓSITO PRÉVIO DA MULTA 38 ADMINISTRATIVA. NÃO RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO § 1º DO ART. 636 DA CLT O §1º do art. 636 da CLT, que estabelece a exigência de prova do depósito prévio do valor da multa cominada em razão de autuação administrativa como pressuposto de admissibilidade de recurso administrativo, não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, ante a sua incompatibilidade com o inciso LV do art. 5º. VIII - execução, de ofício, de contribuições sociais Medida de economia processual, implementada já em 1998. Se a JT analisa causas envolvendo empregado e empregador, contribuintes obrigatórios da Previdência Social, é natural que incidam contribuições previdenciárias sobre suas decisões. Assim, está autorizada a executar, de ofício, contribuições das empresas incidentes sobre a folha de salários e dos trabalhadores. Problema: forma da execução favorece muito o INSS, que apenas deve concordar ou não com os cálculos apresentados no processo trabalhista. Ademais, por conta da possibilidade de este órgão ingressar com recurso da decisão do juiz que homologa os cálculos, o processo pode se estender. No caso de acordo, ainda, as partes vão discriminar quais as parcelas salariais e parcelas indenizatórias – se o INSS não concordar, provavelmente vai recorrer, e o processo que já estava, em tese, acabado continuará. IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Aparentemente, está fora de lugar, já que o inciso I já diz que compete à JT julgar ações oriundas da relação de trabalho, de maneira geral. Trata-se de resquício histórico do texto anterior, em que a competência básica da JT era julgar a relação de emprego – mas outros conflitos decorrentes da relação de trabalho poderiam ser inseridos na competência da JT, se previstos em lei (e.g., trabalhador avulso, trabalhador temporário). 39 C. COMPETÊNCIA TERRITORIAL (EX RATIONE LOCI) Uma vez identificada a competência material da Justiça do Trabalho, é preciso determinar o local de processamento da causa – daí a competência territorial, que encontra previsão no art. 651 da CLT: Art. 651, CLT - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. § 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. § 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário. § 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. Regra fundamental: competência se dá em razão do último local da prestação de serviços, ainda que a contratação tenha ocorrido em outro local. Hipóteses específicas: §1°: agente ou viajante comercial – competência é da Vara da localidade à qual está vinculado à empresa ou, na falta desta vinculação, vara da localidade em que ele tenha domicílio ou a mais próxima de seu domicílio. §2°: dissídios ocorridos no estrangeiro – competência da JT (desde que o empregado seja brasileiro e não haja tratado ou acordo internacional dispondo em contrário – independentemente 40 da nacionalidade do empregador), mas com aplicação da lei do local da prestação de serviços. Súmula 207, TST: SUM-207 CONFLITOS DE LEIS TRABALHISTAS NO ESPAÇO. PRINCÍPIO DA "LEX LOCI EXECUTIONIS" A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação. Doutrina e jurisprudência divergem quanto à Vara competente no Brasil; porém, prevalece o entendimento de que o trabalhador poderá escolher entre a Vara da localidade em que foi assinado o contrato, em que se situa a filial da empresa no Brasil ou de seu domicílio. Ainda, pode optar por ingressar com a ação diretamente no estrangeiro, se preferir. §3°: empregador que realiza atividades fora do local da contratação – no caso de empresa itinerante, empregado pode escolher foro para apresentação da reclamação trabalhista, se da celebração do contrato ou da última prestação de serviços (ex.: circo). Hoje também aplicado ao empregado que se desloca, e não apenas à empresa. OBS: Não se admite eleição de foro no direito do trabalho, pois norma do art. 651 é de ordem pública. D. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA (EX RATIONE PERSONAE)No direito processual do trabalho, a maior expressão dessa competência encontra-se no julgamento de Mandados de Segurança – já que a competência é determinada a partir da autoridade coatora. Assim: 1. MS impetrado contra auditor-fiscal do trabalho: Vara do Trabalho 2. MS impetrado contra juiz do trabalho (Vara ou TRT): TRT correspondente 3. MS impetrado contra Ministro do Trabalho ou ministro do TST: TST 41 OBS: Parte da doutrina associa a competência em relação às pessoas aos sujeitos das causas de competência da justiça do trabalho (assim, e.g., empregado e empregador, excluídos funcionários públicos). Tal entendimento, entretanto, não se coaduna com a acepção teórica da competência ex ratione personae, i.e., competência específica de julgamento determinada por força da qualidade do sujeito envolvido no conflito. E. COMPETÊNCIA FUNCIONAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO Para conhecer a fundo a competência funcional da Justiça do Trabalho, é preciso estudar os regimentos internos de seus tribunais. Portanto, apontaremos abaixo apenas os casos de competência funcional mais pedidos em concursos. • DISSÍDIOS COLETIVOS: competência originária do TRT ou do TST, dependendo da abrangência do conflito (abrangência da base territorial do sindicato envolvido). Será competência do Pleno ou, se houver, da Seção Especializada em Dissídios Coletivos. • INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA: competência originária do Pleno do TST. Destinado a pacificar determinada questão trabalhista, mediante promulgação de Súmula ou Orientação Jurisprudencial. • AÇÕES RESCISÓRIAS: competência originária do TRT ou do TST, dependendo da proveniência da decisão que será revista. Destinada a rever decisão já transitada em julgado. Como regra, compete ao pleno do TRT o julgamento de ação rescisória das decisões das Varas, dos juízes de direito investidos de jurisdição trabalhista, das turmas e de seus próprios acórdãos. No TST, compete à SBDI-2 ou à SDC julgar ações rescisórias propostas contra decisões de turmas do TST e de suas próprias decisões (a depender da natureza do conflito, se individual ou coletivo). 42 • MANDADOS DE SEGURANÇA E CONFLITOS DE COMPETÊNCIA: conforme regras acima mencionadas. • AÇÃO DE CUMPRIMENTO: competência da Vara do Trabalho. Ação destinada a compelir o empregador a cumprir determinada cláusula de convenção ou acordo coletivo. • AÇÃO CIVIL PÚBLICA: competência da Vara do Trabalho. Destinada a tutelar interesses transindividuais. F. COMPETÊNCIA NORMATIVA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Prerrogativa da Justiça do Trabalho de estabelecer novas condições de trabalho, no julgamento de dissídio coletivo do trabalho – em última análise, a JT exerce função legislativa (fato que costuma ser severamente criticado pela doutrina). Hoje, o poder normativo é regulado pelo §2º do art. 114 da CF/88: § 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas (sic), de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. O poder normativo é previsto pela primeira vez na CF/46, tendo por objetivo inibir a luta entre classes, em razão da proibição da greve. Nessa ocasião, atribui-se à lei a competência para estabelecer limites do poder normativo (a qual, entretanto, nunca foi promulgada). Atualmente, o poder normativo é criticado por enfraquecer a atuação do sindicato (que fica “acomodado” com a possibilidade de qualquer litígio ser resolvido pela JT). Por isso, houve nítida tentativa da EC 45/2004 em reduzir a amplitude de tal poder. Aspectos relevantes: 43 - Recusa à negociação coletiva ou arbitragem: dissídio só pode ser proposto após esgotadas todas as tentativas de solução negociada pelas partes. Deve-se demonstrar que houve tentativa de negociação infrutífera. Nesse sentido: Art. 616, CLT § 4º - Nenhum processo de dissídio coletivo de natureza econômica será admitido sem antes se esgotarem as medidas relativas à formalização da Convenção ou Acordo correspondente. - Comum acordo (pleonasmo?): partes devem chegar a um consenso para levar o dissídio à JT. Questionamentos em doutrina e jurisprudência sobre a constitucionalidade de tal dispositivo (violação ao acesso à justiça? – art. 5º, XXXV, CF/88) – ADIN pendente de julgamento no STF. Na prática, muitos tribunais têm simplesmente ignorado tal exigência – a ação de dissídio coletivo transforma-se em via arbitral institucional. - Respeito às disposições mínimas e às convencionadas anteriormente: disposições envolvendo direitos indisponíveis do trabalhador ou cláusulas já existentes no instrumento coletivo. Ademais, nos termos da Súm. 190 do TST, “ao julgar ou homologar ação coletiva ou acordo nela havido, o Tribunal Superior do Trabalho exerce o poder normativo constitucional, não podendo criar ou homologar condições de trabalho que o Supremo Tribunal Federal julgue iterativamente inconstitucionais”. A sentença normativa pode ser considerada uma fonte heterônoma de direito do trabalho, de natureza estatal. Questiona-se, porém, se se trata de ato jurisdicional ou legislativo (natureza jurídica). Segundo Carnelutti, a decisão normativa tem alma de lei e corpo de sentença – portanto, é dotada de natureza híbrida. Para outros autores, entretanto, tem natureza jurisdicional, já que depende de uma provocação, de uma pretensão resistida. 44 Problemas: - Vedação à atividade legislativa pelo Poder Judiciário, em razão da Separação de Poderes? Há limitação do conteúdo das sentenças normativas: poder normativo não pode ser exercido onde não houver previsão legal para tanto – só pode disciplinar o que já está previsto na lei (não pode, e.g., criar uma nova estabilidade, ou estabelecer a obrigação de a empresa avisar por escrito a dispensa do empregado (segundo entendimento do STF). Assim, o poder normativo atua no espaço em branco deixado pela lei – não poderá, jamais, contrariar a legislação em vigor, mas poderá complementá-la. Daí a CF/88 fazer menção à necessidade de se respeitarem “as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente”. Em outros países (e.g., México), JT pode interferir em questões relevantes da própria organização empresarial (como, e.g., no número de empregados). - Intuito de pacificação social Justificado quando o Estado tentava trazer o sindicato para junto de si e evitar as greves – e agora? Como hoje a greve é permitida, autores defendem a revogação do poder normativo. OBS: Não se reconhece o direito de o servidor público ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica para discutir reajustes salariais. Isso porque, segundo os artigos 37, caput e incisos X, XI, XII e XIII e 39, §3ª da CF/88, a Administração Pública direta, autárquica ou fundacional só pode conceder vantagem ou aumento de remuneração, a qualquer título, ao seu pessoal, mediante autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias e prévia dotação orçamentária, nos limites previstos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Nesse sentido, a OJ-SDC-5, TST: OJ-SDC-5. DISSÍDIO COLETIVO CONTRA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA. Aos servidores públicos não foi assegurado o direito ao reconhecimento de acordos e 45 convenções coletivos de trabalho, pelo que, por conseguinte, também não lhes é facultada a via do dissídio coletivo, à falta de previsão legal. Admite-se, tão somente, o ajuizamento de dissídio coletivo
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