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direito trabalhista e legislação social

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD
Direito Trabalhista e 
Legislação Social
Livro-texto EaD
Natal/RN
2011
B436d Bellan, Rosana. 
 Direito trabalhista e legislação social / Rosana 
 Bellan. – Natal: Edunp, 2011. 
 300p. : il. ; 20 cm
 Ebook – Livro eletrônico disponível on-line.
 ISBN 978-85-61140-99-1
 1. Direito trabalhista. I. Título..
RN/UnP/SIB CDU 349.2
DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
Reitoria
Sâmela Soraya Gomes de Oliveira
Pró-Reitoria de Graduação e Ação Comunitária
Sandra Amaral de Araújo
Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação
Aarão Lyra
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
Coordenação Geral 
Barney Silveira Arruda
Coordenação Acadêmica
Luciana Lopes Xavier
Coordenação Pedagógica
Edilene Cândido da Silva
Design Instrucional
Priscilla Carla Silveira Menezes
Coordenação de Produção 
de Recursos Didáticos
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD
 Priscilla Carla Silveira Menezes 
Thalyta Mabel Nobre Barbosa 
Úrsula Andréa de Araújo Silva
Gravação e Edição de Vídeos
Daniel Rizzi
Coordenação de Logística
Helionara Lucena Nunes
Supervisão de Logística (Mossoró)
Fábio Pereira da Silva
Apoio Acadêmico 
Flávia Helena Miranda de Araújo 
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
 Úrsula Andréa de Araújo Silva
Assistente Administrativo 
Eliane Ferreira de Santana
Gibson Marcelo Galvão de Sousa 
Miriam Flávia Medeiros de Araújo
Ricardo Luiz Quirino da Silva 
Rosana Aparecida Bellan
Direito Trabalhista e 
Legislação Social
1a Edição
Natal/RN
2011
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS
Organização
Luciana Lopes Xavier
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Coordenação de Produção de Recursos Didáticos
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
Ilustração do Mascote
Lucio Masaaki Matsuno
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO
Delinea - Tecnologia Educacional
Coordenação Pedagógica
Margarete Lazzaris Kleis
Coordenação de Editoração
Charlie Anderson Olsen
Larissa Kleis Pereira
Coordenação de Revisão Gramatical e Normativa
Simone Regina Dias
Eduard Marquardt
Revisão Gramatical e Normativa
Sandra Spricigo
Coordenação de Diagramação
Alexandre Alves de Freitas Noronha
Diagramação
Regina C. Cortellini
Ilustrações
Alexandre Beck
ROSANA ApARecidA BeLLAN
Antes de iniciarmos a disciplina de Direito Trabalhista e 
Legislação Social, gostaria de me apresentar. Meu nome é Rosana, 
e sou graduada em Direito pela Universidade Federal de Santa 
Catarina (2004). 
Atuei no exercício da advocacia em 2005 e desde 2006 atuo no 
Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, onde fui nomeada 
para o cargo efetivo de Auditora Fiscal de Controle Externo. 
Em 2007, concluí o curso de especialização em Direito 
Processual pela Universidade do Amazonas. Sou apaixonada pelo 
Direito e por isso aceitei o desafio de escrever este livro-texto 
e apresentar a você as premissas e a aplicabilidade dos temas 
contemplados nesta importante disciplina.
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diReitO tRABALhiStA e LegiSLAçãO SOciAL
A disciplina de Direito do Trabalho tem uma importante 
função na sociedade, pois possui como objetivo estabelecer normas 
para regular a relação entre empregador e empregado. 
Você já se deu conta de que o ser humano passa 
aproximadamente um terço de sua vida trabalhando? Por isso, 
é de fundamental importância que existam regras claras e que 
garantam um mínimo de dignidade ao indivíduo nas suas relações 
de trabalho.
A fim de contrapor a superioridade jurídica decorrente do 
contrato de trabalho, o Direito Trabalhista procura conferir ao 
empregado uma superioridade jurídico-legalista. De fato, a grande 
maioria das normas trabalhistas é criada para proteger o empregado 
dos abusos que possam advir do poder capitalista do empregador. 
Nesse intuito, a Constituição Federal instituiu uma série de 
garantias e direitos mínimos, que devem ser respeitados pelo 
legislador ordinário, pelos aplicadores e principalmente pelos 
empregadores. 
Saiba, então, que nesta disciplina vamos tratar de importantes 
conceitos e aplicações do Direito do Trabalho. 
Vamos aos estudos! Desejo que faça ótimo proveito para sua 
formação ao longo da trajetória de nossa disciplina!
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M
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RI
OCapítulo 1 - Introdução ao direito do trabalho ......................................... 131.1 Contextualizando ........................................................................................................... 131.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 14
1.2.1 Origem e evolução do direito do trabalho ................................................. 14
1.2.2 Definições de direito do trabalho .................................................................. 22
1.2.3 Natureza jurídica .................................................................................................. 24
1.2.4 Fontes do direito do trabalho .......................................................................... 24
1.2.5 Interpretação e aplicação das normas trabalhistas ................................ 28
1.2.6 Princípios do direito do trabalho .................................................................... 35
1.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 42
1.4 Para saber mais ............................................................................................................... 43
1.5 Relembrando ................................................................................................................... 44
1.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................. 45
Onde encontrar ...................................................................................................................... 47
Capítulo 2 - Empregado e empregador ..................................................... 49
2.1 Contextualizando ........................................................................................................... 49
2.2.1 Empregado ............................................................................................................. 50
2.2.2 Espécies de trabalhadores ................................................................................ 58
2.2.3 Empregador ........................................................................................................... 65
2.2.4 Poder de direção do empregador .................................................................. 68
2.2.5 Relações de trabalho não empregatícias .................................................... 69
2.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 50
2.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 75
2.4 Para saber mais ............................................................................................................... 76
2.5 Relembrando ................................................................................................................... 77
2.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................. 77
Onde encontrar ...................................................................................................................... 79
Capítulo 3 - Contrato individual de trabalho, alteração,interrupção e suspensão do contrato ........................................................ 81
3.1 Contextualizando ........................................................................................................... 81
3.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 82
3.2.1 Contrato individual de trabalho ..................................................................... 82
3.2.2 Elementos do contrato individual de trabalho ......................................... 85
3.2.3 Características do contrato de trabalho ...................................................... 89
3.2.4 Forma do contrato de trabalho ....................................................................... 91
3.2.5 Duração do contrato de trabalho................................................................... 94
3.2.6 Alteração do contrato de trabalho ..............................................................105
3.2.7 Suspensão e interrupção do contrato de trabalho ................................108
3.3 Aplicando a teoria na prática ...................................................................................110
3.4 Para saber mais .............................................................................................................112
3.5 Relembrando .................................................................................................................112
3.6 Testando os seus conhecimentos ...........................................................................114
Onde encontrar ....................................................................................................................115
Capítulo 4 - Jornada de trabalho e remuneração .......................................................117
4.1 Contextualizando ..................................................................................................................................117
4.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................118
4.2.1 Jornada de trabalho ...................................................................................................................118
4.2.2 Intervalos para descanso..........................................................................................................136
4.2.3 Repouso semanal remunerado ..............................................................................................137
4.2.4 Férias ................................................................................................................................................140
4.2.5 Remuneração ...............................................................................................................................145
4.2.6 Equiparação salarial ...................................................................................................................148
4.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................150
4.4 Para saber mais ......................................................................................................................................151
4.5 Relembrando ..........................................................................................................................................152
4.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................154
Onde encontrar .............................................................................................................................................155
Capítulo 5 - Cessação do contrato de trabalho ...........................................................157
5.1 Contextualizando ..................................................................................................................................157
5.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................158
5.2.1 Cessação do contrato de trabalho ........................................................................................158
5.2.2 Aviso-prévio ..................................................................................................................................182
5.2.3 Indenização ..................................................................................................................................188
5.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................190
5.4 Para saber mais ......................................................................................................................................191
5.5 Relembrando ..........................................................................................................................................191
5.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................193
Onde encontrar .............................................................................................................................................194
Capítulo 6 - Estabilidade, FGTS, acidentes de trabalho, aposentadoria 
e retorno ao serviço .......................................................................................................197
6.1 Contextualizando ..................................................................................................................................197
6.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................198
6.2.1 Estabilidade ...................................................................................................................................198
6.2.2 FGTS .................................................................................................................................................207
6.2.3 Acidentes de trabalho ...............................................................................................................212
6.2.4 Aposentadoria..............................................................................................................................219
6.2.5 Retorno ao serviço ......................................................................................................................223
6.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................224
6.4 Para saber mais ......................................................................................................................................226
6.5 Relembrando ..........................................................................................................................................226
6.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................227
Onde encontrar .............................................................................................................................................228
Capítulo 7 - Organização sindical, convenções e acordos coletivos 
e justiça do trabalho ......................................................................................................231
7.1 Contextualizando ..................................................................................................................................231
7.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................232
7.2.1 Organização sindical ..................................................................................................................2327.2.2 Convenções e acordos coletivos ...........................................................................................249
7.2.3 Justiça do Trabalho .....................................................................................................................251
7.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................258
7.4 Para saber mais ......................................................................................................................................259
7.5 Relembrando ..........................................................................................................................................259
7.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................261
Onde encontrar .............................................................................................................................................262
Capítulo 8 - Tributação de impostos federais, estaduais e municipais .....................263
8.1 Contextualizando ..................................................................................................................................263
8.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................264
8.2.1 Tributos ..........................................................................................................................................264
8.2.2 Impostos federais .......................................................................................................................276
8.2.3 Impostos estaduais ...................................................................................................................285
8.2.4. Impostos municipais .................................................................................................................288
8.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................291
8.4 Para saber mais ......................................................................................................................................292
8.5 Relembrando ..........................................................................................................................................292
8.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................293
Onde encontrar .............................................................................................................................................294
Referências ....................................................................................................................297
Capítulo 1
13 Direito Trabalhista e Legislação Social
Introdução ao dIreIto do trabalho
CAPÍTULO 1
1.1 contextualizando
Neste primeiro capítulo destinado à introdução do direito trabalhista, 
você irá descobrir quando e como teve origem o direito do trabalho. 
Faremos uma abordagem histórica das formas de trabalho existentes desde 
o nascimento do homem na sociedade.
Inicialmente, você verificará que o direito laboral começou a despontar 
por pressão dos próprios empregados, que se organizaram e começaram a 
pleitear condições mais dignas de trabalho.
Na sequência, examinaremos o conceito do direito do trabalho e nessa 
análise é importante que você identifique o objeto de estudo da matéria. 
Dando continuidade, abordaremos as fontes do direito trabalhista. 
Examinar a fonte de um direito significa investigar a sua origem, ou seja, quais 
os fatos sociais ou jurídicos que fazem nascer o direito.
Trataremos também dos princípios aplicáveis à nossa disciplina. Você 
compreenderá que todas as matérias jurídicas estão baseadas em princípios, 
que podem ser conceituados como proposições genéricas que orientam o 
ordenamento jurídico. São meios de orientação do intérprete quando da 
aplicação das leis para solução dos conflitos sociais. 
Outras matérias relevantes abordadas neste capítulo dizem respeito à 
natureza jurídica e aos métodos de interpretação e aplicação desta disciplina.
Com base nisto, ao final do capítulo, você estará apto a:
Capítulo 1
14 Direito Trabalhista e Legislação Social
 • identificar a origem e a evolução histórica do direito do trabalho;
 • conceituar os princípios relativos ao direito trabalhista;
 • compreender os métodos de interpretação e aplicação das normas 
trabalhistas.
1.2 conhecendo a teoria
1.2.1 Origem e evolução do direito do trabalho
Podemos afirmar que toda energia empregada pelo homem com a 
finalidade produtiva constitui trabalho. Como o homem sempre teve que 
trabalhar para obter seus alimentos, podemos também afirmar que o trabalho 
é tão antigo quanto o homem. 
No decorrer da história, entretanto, o trabalho assumiu diversas formas, 
que serão explanadas a seguir. 
A palavra trabalho vem do latim tripalium, que 
era um instrumento de tortura de três paus 
ou uma canga que pesava sobre os animais 
(MARTINS, 2010, p. 4).
CURIOSIDADE
No momento que o homem se fixa a terra e passa a utilizar o sistema 
de trocas, ele deixa de trabalhar sozinho e utiliza a mão de obra de terceiros 
em seu benefício. Nessa oportunidade, surge a primeira importante forma de 
trabalho – a escravidão. 
trabalho escravo
Na Antiguidade, o escravo sequer era considerado pessoa, pois 
representava uma coisa, uma propriedade do seu senhorio. Não tinha qualquer 
direito, apenas a obrigação de trabalhar.
Capítulo 1
15 Direito Trabalhista e Legislação Social
Apesar de parecer absurdo aos nossos olhos, o serviço escravo era 
plenamente legítimo até meados do século 19, quando passou a ser 
condenado e proibido. 
No Brasil, somente foi abolido em 1888, com a chamada Lei Áurea. 
Figura 1 – Escravidão no Brasil
Fonte: Shizhao <www.everystockphoto.com> 
Ainda que outras formas semelhantes à 
escravidão persistam, de acordo com as leis 
atuais, a escravidão não mais existe no mundo 
contemporâneo, sendo que o último país a 
aboli-la foi a Mauritânia em 1981. No Brasil, 
submeter alguém a condição análoga de escravo 
é prática considerada crime pelo artigo 149 do 
Código Penal Brasileiro. 
SAIBA QUE
Servidão
Como um segundo momento, temos o sistema da servidão, que 
predominou na época feudal. O servo ficava preso a terra e entregava 
parte da produção ao senhor feudal (proprietário das terras) em troca de 
proteção militar.
Capítulo 1
16 Direito Trabalhista e Legislação Social
Diferentemente do escravo, ao servo eram reconhecidos alguns direitos, 
como o de contrair núpcias e constituir família, sendo considerado pessoa, e 
não uma propriedade do seu senhor. 
corporações de ofício
Um terceiro importante marco da história do trabalho foi o surgimento 
das corporações de ofício. O aumento da população e o extremo poder dos 
nobres sobre os servos levaram muitas pessoas dos campos para as cidades, 
gerando uma aglomeração de trabalhadores que se uniam em defesa de seus 
direitos, formando as chamadas corporações de ofício.
Saiba que as organizações nada mais eram do que grupos de produtores 
especializados em determinado ofício, que se organizavam de forma rígida, 
de modo a controlar o mercado e a concorrência, bem como garantir os 
privilégios dos mestres. 
Vamos ver como funcionavam as corporações?
Existiam três categorias de membros:
 • os mestres;
 • os companheiros;
 • os aprendizes. 
Os mestres eram os proprietários das oficinas. É possível compará-los aos 
empregadores de hoje.
Os aprendizes eram menores,com mínimo de 12 anos, que se submetiam 
às ordens do mestre com o objetivo de aprender algum ofício. Além de não 
receberem qualquer contraprestação, seus pais pagavam uma taxa ao mestre, a 
fim de que este os ensinasse um ofício. Quando o aprendiz adquiria conhecimentos 
considerados suficientes, poderia passar à categoria de companheiro. 
Por fim, os companheiros eram considerados trabalhadores qualificados 
e recebiam salário pelos serviços prestados aos mestres. Teoricamente, o 
companheiro poderia se tornar um mestre se fosse aprovado em uma prova 
chamada “obra mestra”. A prova, além de difícil, era muito cara, o que tornava 
quase impossível um companheiro passar à categoria de mestre.
Capítulo 1
17 Direito Trabalhista e Legislação Social
Aquele que já tinha atingido a condição de companheiro e se casasse com 
filha ou viúva do mestre atingia esta condição, independentemente da realização 
da prova. Também poderiam atingir o status de mestre, independentemente 
da realização da prova, os filhos do mestre (MARTINS, 2010).
Em meados do século 18, a ideologia de liberdade individual defendida 
pelos teóricos da Revolução Francesa tornou-se incompatível com as existentes 
corporações de ofício, ou com qualquer outra forma de trabalho que não 
respeitasse a livre vontade individual do homem. 
empregado
Apesar da existência das formas de trabalho já mencionadas, o que de fato 
marcou o surgimento dos primeiros direitos trabalhistas foi a Revolução Industrial, 
ocorrida no final do século 18, momento em que aparece o emprego remunerado.
Sabemos que, nessa época, a invenção e uso da máquina a vapor 
tirou inúmeros postos de trabalho, resultando em uma grande massa de 
desempregados. Porém, de outro lado, surgiu a necessidade de mão de obra 
qualificada para operar as referidas máquinas. Dessa forma, os trabalhadores 
com tal habilidade passaram a ser contratados, dando ensejo ao trabalho do 
empregado assalariado. 
revolução Francesa: ocorrida na França ao 
final do século 18, foi um movimento social e 
político que resultou na queda da monarquia e 
no estabelecimento da república naquele país. 
O lema da Revolução Francesa era “Liberdade, 
Igualdade e Fraternidade”, deixando claro 
o objetivo maior do movimento: assegurar 
direitos iguais a todos (MOTA, 2007).
revolução Industrial: momento histórico que teve início na Inglaterra, 
em meados do século 18, e aos poucos espalhou-se pelo mundo. 
Uma das características mais importantes da revolução industrial 
foi a substituição da força humana no trabalho pelas máquinas, 
possibilitada pela invenção do motor a vapor (IGLÉSIAS, 1982).
SAIBA QUE
Capítulo 1
18 Direito Trabalhista e Legislação Social
É importante entender que a ideologia do liberalismo proclamada por 
ocasião da Revolução Francesa era contra qualquer intervenção do Estado nas 
relações particulares. Assim, como não havia qualquer tipo de intervenção do 
Estado na relação entre trabalhador e patrão, muitos abusos acabavam existindo.
Geralmente, o trabalhador se submetia a duríssimas jornadas de trabalho, 
sem qualquer tipo de prevenção ou auxílio no caso de acidentes. Esta situação 
fez com que os empregados se unissem para reivindicar melhores condições 
de trabalho, fazendo surgir as primeiras leis com o objetivo de proteger o 
empregado contra os abusos do patrão.
Nas palavras do professor Sérgio Pinto Martins, nesse período começa
a haver a necessidade de intervenção estatal nas relações do 
trabalho, dados os abusos que vinham sendo cometidos, de modo 
geral, pelos empregadores, a ponto de serem exigidos serviços em 
jornadas excessivas para menores e mulheres, de mais de 16 horas 
por dia ou até o pôr-do-sol, pagando metade ou menos dos salários 
que eram pagos aos homens.
No princípio, verifica-se que o patrão era o proprietário da máquina, 
detendo os meios de produção, tendo, assim, o poder de direção 
em relação ao trabalhador. Isso já mostrava a desigualdade a que 
estava submetido o trabalhador, pois este não possuía nada. Havia, 
portanto, necessidade de maior proteção ao trabalhador, que se 
inseria desigualmente nessa relação (MARTINS, 2010, p. 6).
A partir daí, gradualmente vão sendo reconhecidos alguns direitos aos 
trabalhadores por meio de diversas leis. Mas foi no século 20 que eles passaram 
a ser reconhecidos constitucionalmente.
Figura 2 – Empregada em fábrica de aviões nos EUA na década de 1940 
Fonte: <www.everystockphoto.com>
Capítulo 1
19 Direito Trabalhista e Legislação Social
A primeira Constituição que reconheceu direitos trabalhistas em seu 
texto foi a do México, em 1917. Posteriormente, em 1919, a Constituição de 
Weimar (na Alemanha) também versou sobre o assunto. 
Em 1919, o Tratado de Versalhes previu a criação da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), com o objetivo de criar normas de proteção 
para as relações entre empregados e empregadores no âmbito internacional. 
evolução do direito do trabalho no Brasil
No Brasil, a Constituição de 1824, no seu art. 179, XXV, aboliu as corporações 
de ofício, privilegiando a liberdade de exercício de ofícios e profissões. 
Em 1888, por meio da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, foi 
abolida a escravatura. 
A primeira Constituição brasileira a tratar explicitamente de direitos 
dos trabalhadores foi a de 1934. O direito ao trabalho foi colocado na 
Constituição como um direito social fundamental do homem, enumerado 
no caput do art. 6º. Significativos direitos foram conferidos aos obreiros 
por esta Constituição, como a garantia à liberdade sindical (art. 120), 
o direito ao salário mínimo, à jornada de oito horas, repouso semanal 
remunerado, férias remuneradas e isonomia salarial entre homens e 
mulheres (art. 121, parágrafo 1º).
DEFINIÇÃO
A Constituição Federal é a lei superior do 
ordenamento jurídico brasileiro, de maneira 
que todas as demais leis existentes no país 
devem respeitar às normas nela inscritas. Leis 
infraconstitucionais são aquelas dispostas abaixo 
da Constituição e que devem obrigatoriamente respeitar às normas 
nela contidas. Este tipo de lei é elaborado por meio de um processo 
legislativo bem menos rigoroso do que o exigido para a elaboração 
da Constituição.
Capítulo 1
20 Direito Trabalhista e Legislação Social
Muitas leis infraconstitucionais trataram dos mais diversos assuntos 
relacionados ao direito do trabalho. Por este motivo, em 1943, foi editado o 
Decreto-Lei 5.452, que aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 
Observe, no entanto, que a CLT não criou novas leis, direitos e deveres 
em relação ao trabalho, mas somente teve como função reunir, ou consolidar, 
em um único documento, as leis já existentes. 
A atual Constituição Federal, 
proclamada em 5 de outubro de 1988, deu 
muita importância aos direitos trabalhistas, 
tratando-os de forma bastante detalhada 
nos arts. 7º a 11, dentro do título reservado 
aos direitos e garantias fundamentais. 
Conforme já mencionamos, a 
Constituição Federal é a Lei maior de 
nossa Nação. O seu atual art. 7º estabelece 
os direitos mínimos conferidos aos 
trabalhadores. Sendo assim, caso uma 
lei infraconstitucional venha a tratar das 
matérias ali previstas, deverá respeitar esses 
preceitos mínimos. Isto quer dizer que se a 
lei tiver por objetivo conferir mais direitos, 
ela poderá assim fazer. 
Como você deve imaginar, o que evidentemente não poderá é restringir 
os direitos estabelecidos no texto constitucional.
Apesar de não ser objeto de análise neste momento, consideramos 
oportuno transcrever o art. 7º na integralidade, a fim de permitir que você 
tenha uma visão geral do que será abordado ao longo dos capítulos seguintes. 
Confira.
Art. 7º São direitosdos trabalhadores urbanos e rurais, além de 
outros que visem à melhoria de sua condição social:
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou 
sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá 
indenização compensatória, dentre outros direitos;
Figura 3 – Carteira de trabalho brasileira
Fonte: <http://commons.wikimedia.org/>
Capítulo 1
21 Direito Trabalhista e Legislação Social
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III – fundo de garantia do tempo de serviço;
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz 
de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com 
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, 
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe 
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para 
qualquer fim;
V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou 
acordo coletivo;
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que 
percebem remuneração variável;
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou 
no valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua 
retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da 
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da 
empresa, conforme definido em lei;
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador 
de baixa renda nos termos da lei;
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas 
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de 
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção 
coletiva de trabalho; 
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos 
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, 
em cinqüenta por cento à do normal; 
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um 
terço a mais do que o salário normal;
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, 
com a duração de cento e vinte dias;
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante 
incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no 
mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas 
de saúde, higiene e segurança;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, 
insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV – aposentadoria;
Capítulo 1
22 Direito Trabalhista e Legislação Social
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o 
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de 
trabalho;
XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, 
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer 
em dolo ou culpa;
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações 
de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os 
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a 
extinção do contrato de trabalho;
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e 
de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e 
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e 
intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a 
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis 
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; 
XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo 
empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores 
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, 
XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência 
socialBRASIL, 1988). 
1.2.2 definições de direito do trabalho
Conforme afirmamos no início deste capítulo, toda energia empregada 
pelo homem, seja física ou intelectual, com finalidade produtiva é considerada 
trabalho. Mas fique atento: nem toda energia produtiva utilizada pelo homem 
é objeto do direito do trabalho. 
Este último, desde seu nascimento no auge da Revolução Industrial, veio 
para disciplinar a relação de trabalho subordinado – aquela existente entre 
empregado e empregador. 
É fundamental compreender que o empregador, como detentor dos 
meios de produção, encontra-se em uma posição de superioridade econômica 
em relação ao empregado. Sendo assim, você perceberá, no decorrer do 
estudo desta disciplina, que, com a finalidade de compensar a desproporção 
Capítulo 1
23 Direito Trabalhista e Legislação Social
econômica existente entre empregador e empregado, o direito do trabalho 
procura atribuir a este último uma relativa superioridade jurídica.
Ou seja, você poderá observar que as normas trabalhistas preocupam-se 
sempre com a proteção do trabalhador em prol do patrão. 
Desse modo, podemos conceituar o direito do trabalho como o ramo 
do Direito que disciplina as relações de trabalho subordinado, conferindo ao 
trabalhador medidas de proteção, a fim de assegurar-lhe melhores condições 
de trabalho e sociais em relação ao empregador.
CONCEITO
Sérgio Pinto Martins (2010, p. 16) nos apresenta 
o seguinte conceito: “direito do trabalho é o 
conjunto de princípios, regras e instituições 
atinentes à relação de trabalho subordinado e 
situações análogas, visando assegurar melhor 
condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as 
medidas de proteção que lhe são destinadas”.
A fim de esclarecer o conceito, afirma o autor: 
O Direito do Trabalho vai estudar uma espécie de trabalhador: o 
empregado, que é o trabalhador subordinado ao empregador, que 
não tem autonomia em seu mister. 
[...]
Com o emprego da expressão situações análogas, pretendemos 
tratar das situações que têm semelhança com o trabalho 
subordinado, mas que necessariamente não são iguais a ele. O 
trabalhador temporário e o empregado doméstico não deixam de 
ser subordinados. O trabalhador avulso não é subordinado, mas 
será estudado pelo Direito do Trabalho. 
[...]
O Direito do Trabalho tem por fundamento melhorar as condições 
de trabalho dos obreiros e também suas situais sociais, assegurando 
que o trabalhador possa prestar seus serviços num ambiente 
salubre, podendo, por meio de seu salário, ter uma vida digna para 
que possa desempenhar seu papel na sociedade (MARTINS, 2010, 
p. 16-17).
Capítulo 1
24 Direito Trabalhista e Legislação Social
1.2.3 Natureza jurídica
Para descobrirmos a natureza jurídica de um ramo do Direito precisamos 
entender suas características e enquadrá-lo no universo do próprio Direito.
Para você compreender melhor do que estamos tratando, é preciso 
saber que todo o Direito é dividido em dois grandes grupos: direito público 
e direito privado. 
A função do direito público é regular os interesses das entidades estatais 
e da sociedade considerada em um conjunto.
Já a função do direito privado é regular as relações que envolvem a 
pessoa considerada individualmente. O seu objetivo é garantir harmonia no 
convívio entre as pessoas. 
Como trabalhador e empregadornão são totalmente livres para estipular 
as cláusulas do contrato de trabalho, alguns estudiosos da matéria entendem 
que o direito trabalhista classifica-se como um ramo do direito público, já que 
a vontade das partes seria substituída pela vontade das normas estatais. 
Há, por outro lado, os que sustentam a tese de que o direito do trabalho 
enquadra-se no direito privado, pois apesar de existir um intervencionismo 
básico do Estado, que determina normas mínimas a serem respeitadas, há 
liberdade das partes em contratar. Assim, o direito do trabalho estabelece um 
regramento mínimo, nada impedindo que as partes convencionem melhores 
condições para ambas. 
Apesar da existência de posicionamentos divergentes, prevalece o 
entendimento de que o direito do trabalho possui natureza jurídica de 
direito privado. 
1.2.4 Fontes do direito do trabalho
Antes de prosseguirmos, vamos fazer um breve parêntese para explicar 
o que aqui queremos dizer com fonte.
Capítulo 1
25 Direito Trabalhista e Legislação Social
Como o próprio nome sugere, fonte é a expressão utilizada para designar 
a origem de alguma coisa. Portanto, estudar a fonte de um direito significa 
analisar de onde ele se origina, qual o seu ponto de partida. 
Em se tratando de direito do trabalho, suas fontes podem ser classificadas 
como materiais ou formais. 
Fontes materiais
Você pode estar se perguntando: mas o que são as fontes materiais? São 
fatos ou movimentos sociais que antecedem as normas, sejam elas contratuais 
ou legais. São situações pré-jurídicas que dão origem às normas. 
Como exemplo de fonte material do direito do trabalho, podemos citar 
as greves realizadas pelos trabalhadores em busca de melhores condições de 
trabalho.
Lembre-se que quando tratamos, no início do capítulo, sobre a evolução 
do direito do trabalho, verificamos que os abusos e as duríssimas jornadas a que 
eram submetidos os empregados no período da Revolução Industrial fizeram 
com que eles se unissem e pleiteassem condições mais dignas de trabalho, 
surgindo assim os primeiros direitos laborais. Perceba que tal situação nada 
mais é do que uma fonte material do direito do trabalho, pois se configurou 
em um acontecimento social que fez nascer normas prevendo melhores 
condições de trabalho para aquela época. 
Fontes formais
E as fontes formais? Bem, estas são representadas pela própria norma. 
É a exteriorização do direito por meio de leis, costumes, convenções, acordos 
coletivos etc. As fontes formais, por sua vez, podem ser classificadas em fontes 
formais autônomas e fontes formais heterônomas.
Capítulo 1
26 Direito Trabalhista e Legislação Social
No Direito, a expressão lei pode ser utilizada 
em sentido amplo ou em sentido estrito. Em 
seu sentido amplo, o termo pode dizer respeito 
à Constituição, às leis complementares, leis 
ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, 
decretos legislativos ou resoluções emanadas do 
Legislativo. Em sentido estrito, lei é apenas a Lei 
Ordinária. 
Neste livro-texto, quando afirmamos que a lei é fonte formal do 
direito do trabalho, estamos nos referindo à lei em sentido amplo. 
SAIBA QUE
Fontes formais autônomas 
São as produzidas diretamente pelos destinatários do direito, sem a 
interferência de agente externo. São formadas pela vontade dos próprios 
sujeitos da relação de emprego (empregado e empregador). Como exemplos, 
podemos citar os costumes, as convenções e os acordos coletivos de trabalho. 
Os costumes são práticas habituais e constantes que, por este motivo, 
são tidos por obrigatórios. 
A gratificação natalina, por exemplo, nasceu em razão de uma prática 
reiterada por parte dos empregadores. Todos os anos, era comum eles 
entregarem um valor como presente em razão do Natal. Com o passar do 
tempo, a gratificação natalina tornou-se compulsória e deu ensejo ao atual 
13º salário. 
Você pode observar que este é um bom exemplo de um direito consagrado 
em lei, mas que teve origem a partir da prática de um costume do empregador. 
As convenções e os acordos coletivos são importantes fontes autônomas 
do direito do trabalho, pois nascem da participação dos sindicatos nas 
negociações entre empregados e empregadores. 
As convenções coletivas são ajustes realizados entre sindicato dos 
empregadores (ou sindicato patronal) e sindicato dos trabalhadores (ou 
Capítulo 1
27 Direito Trabalhista e Legislação Social
sindicato profissional) sobre condições laborais de uma determinada 
categoria profissional. 
Já os acordos coletivos são ajustes firmados entre uma ou mais empresas 
e o sindicado dos trabalhadores, também com o objetivo de regular condições 
laborais daquela categoria profissional. 
Perceba que a diferença existente entre um acordo e uma convenção está 
no fato de que enquanto na convenção coletiva existe negociação entre dois 
ou mais sindicatos, no acordo a negociação ocorre entre empresa e sindicato.
Uma vez firmados, os acordos e as convenções coletivas tornam-se 
obrigatórios pelo prazo máximo de dois anos (art. 614, parágrafo 3º, da CLT). 
Conforme você pôde constatar, as convenções e os acordos coletivos de 
trabalho são fontes formais autônomas, pois surgem da negociação entre os 
próprios envolvidos na relação trabalhista, sem a necessidade de intermediação 
de terceiros estranhos àquela relação jurídica. 
Fontes formais heterônomas
São aquelas que necessitam de um terceiro, estranho à relação jurídica, para 
nascerem. São as formadas sem a participação direta dos destinatários do direito. 
Como fontes formais heterônomas, podemos citar a Constituição, as leis 
complementares e ordinárias, a medida provisória, a sentença normativa, os 
tratados e as convenções internacionais. 
Segundo afirmamos quando versamos sobre a evolução do direito do 
trabalho no Brasil, a Constituição Federal é a Lei superior de um ordenamento 
jurídico. Logo, todas as demais leis devem obediência a ela. Sendo assim, a 
mais importante fonte formal do direito do trabalho é a Constituição Federal. 
No âmbito infraconstitucional, existem várias leis que regulam as 
relações trabalhistas. A mais importante delas é a Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT).
Capítulo 1
28 Direito Trabalhista e Legislação Social
As sentenças normativas são decisões dos Tribunais Superiores do Trabalho 
(TST) no julgamento de dissídios coletivos (que são conflitos envolvendo uma 
categoria de profissionais). 
Os tratados e convenções internacionais são pactos firmados pelo Brasil 
com outras Nações. Eles ingressam no ordenamento jurídico brasileiro como 
lei infraconstitucional. 
LEMBRETE
As fontes formais heterônomas são assim 
chamadas porque necessitam da intermediação 
de terceiros para serem formadas. No caso da 
Constituição e das leis, temos a intervenção do 
Legislativo. No caso das sentenças normativas, 
temos a intervenção do Judiciário. 
1.2.5 interpretação e aplicação das normas trabalhistas
Podemos conceituar as normas como o conjunto de princípios e leis que 
regem uma matéria. 
Os princípios, como estudaremos 
a seguir, são proposições genéricas que 
servem para orientar a interpretação e 
aplicação do direito ao caso concreto. 
As leis, por sua vez são atos normativos 
abstratos, ou seja, são proposições 
genéricas e coercitivas (obrigatórias) 
aplicáveis a todos os sujeitos e situações, 
de forma indistinta.
Tanto os princípios quanto as leis, 
para serem aplicados às situações concretas, 
necessitam de interpretação. Isto ocorre 
porque o direito não é um comando exato 
e não consegue abarcar todas as situações 
da vida em sociedade, que é permeada das 
mais complexas e infinitas relações.
Figura 4 – Estátua da Justiça- Escultura
Fonte: <http://photos.fencer.com>
Capítulo 1
29 Direito Trabalhista e Legislação Social
Sabemos que as relações sociais vivem em constante mutação, e se a função 
do direito é gerir estas relações, ele também deve modificar-se constantemente. 
Segundo Delgado (2010), como o direito refere-se permanentemente à 
vida concreta das pessoas, é necessário que haja um constante exercício do 
operador jurídico, por meio de três operações específicas e combinadas:
 • a interpretação;
 • a integração;
 • a aplicação jurídica. 
No entendimento do autor citado (2010, p. 205), “interpretação é o 
processo analítico de compreensão e determinação do sentido e extensão da 
norma jurídica”.
Já integração é o processo utilizado para suprir eventuais lacunas normativas.
Por fim, aplicação é o processo de incidência e adaptação das normas 
jurídicas às situações concretas. 
Versaremos inicialmente sobre a operação de interpretação, conforme 
você acompanha na próxima seção.
interpretação das normas jurídicas trabalhistas
Conforme já mencionamos, interpretar uma norma significa tentar 
compreender e determinar o seu sentido e extensão. Para auxiliar esse 
processo de compreensão, foram criados alguns métodos, aplicáveis não só ao 
direito do trabalho, mas a todos os ramos do Direito. Traremos aqui os mais 
importantes métodos de interpretação das normas trabalhistas.
Para você, qual é o significado da palavra 
interpretar? Você já refletiu sobre o que implica 
o ato de interpretar? 
REFLEXÃO
Capítulo 1
30 Direito Trabalhista e Legislação Social
Se você pensou que interpretar é dar um sentido a alguma coisa, está 
correto. Toda vez que tiramos conclusões sobre o que alguém falou ou 
escreveu, estamos interpretando. Interpretar uma norma jurídica envolve um 
processo semelhante. 
A diferença é que alguns métodos foram criados pelos estudiosos do 
Direito a fim de organizar a forma de pensamento do intérprete. Vejamos 
alguns deles:
 • método gramatical ou literal: consiste em verificar o sentido literal 
das palavras colocadas no texto da norma;
 • método lógico ou racional: busca identificar o pensamento lógico e 
harmônico contido no texto normativo;
 • método teleológico ou finalístico: procura averiguar a finalidade 
buscada pelo legislador quando da elaboração da norma; 
 • método sistemático: busca o sentido de uma determinada norma 
considerando-a como parte de um sistema. Em outras palavras, 
interpreta-se a norma levando-se em conta todo o sistema jurídico 
em que ela está inserida, sem considerá-la de forma isolada;
 • método histórico: como o direito decorre de um processo evolutivo 
ocorrido na sociedade, ao interpretar a norma deve-se levar em 
consideração a evolução histórica dos fatos que deram origem a ela;
 • método autêntico: é a interpretação feita pelo próprio legislador, 
portanto, é também chamada de legal ou legislativa;
 • método sociológico: ao aplicar a lei, deve-se considerar os fins sociais 
a que ela se dirige. 
Embora existam vários métodos interpretativos, uma mesma norma 
pode comportar diversos sentidos. Por este motivo, cabe ao aplicador utilizar 
aquele que considere mais apropriado ao caso concreto. 
Você precisa ficar atento ao fato de que o direito trabalhista, apesar de se 
submeter às regras gerais de interpretação do direito, apresenta características 
Capítulo 1
31 Direito Trabalhista e Legislação Social
específicas, que lhe são próprias. Estas especificidades existem porque ele 
nasceu para proteger o sujeito mais fraco da relação jurídica. Assim, diante de 
mais de uma possibilidade de interpretação da norma, deve-se optar pela mais 
favorável ao empregado. 
O art. 620 da CLT demonstra esta tendência de interpretação do direito 
do trabalho quando afirma que as condições estabelecidas em convenção, se 
mais favoráveis ao empregado, prevalecerão sobre as estipuladas em acordo: 
“Art. 620. As condições estabelecidas em Convenção quando mais favoráveis, 
prevalecerão sobre as estipuladas em Acordo” (BRASIL, 1943).
Sendo assim, quando duas normas estiverem tratando do mesmo 
assunto, aquela que estabelecer condições mais favoráveis ao empregado 
prevalecerá sobre a outra. Isto acontece independentemente da hierarquia 
existente entre elas. 
PRATICANDO
Sabemos que a Constituição Federal dispõe 
em seu artigo 7º, inciso XVII, que as férias 
anuais devem ser pagas com pelo 1/3 a mais do 
salário normal. Se uma convenção coletiva vier 
a estabelecer que determinada categoria deve 
receber as férias com pelo menos ½ do salário normal, qual das 
normas prevalecerá?
E então, conseguiu responder? Perceba que, conforme estudamos, 
mesmo sendo a Constituição a lei maior do nosso sistema jurídico, a norma 
prevista na convenção prevalecerá sobre a estabelecida na Constituição. 
Assim, os empregados daquela categoria terão direito a receber as férias 
anuais com no mínimo ½ a mais do salário.
Isto ocorre porque o direito do trabalho tem por finalidade proteger o 
empregado, considerado a parte mais fraca em relação ao empregador. 
Perceba ainda que nesta situação utilizamos os métodos teleológico 
e sociológico de interpretação das normas, pois aplicamos a norma mais 
favorável em razão da finalidade social protetiva das normas trabalhistas. 
Capítulo 1
32 Direito Trabalhista e Legislação Social
É importante ficar claro que além dos métodos elencados, a interpretação 
das normas jurídicas exige do estudioso ou aplicador nunca perder de mente 
os princípios gerais do direito. Dentre eles, destacam-se na órbita trabalhista 
os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e dos valores 
sociais do trabalho. 
integração da norma trabalhista
Todos os dias ocorrem na sociedade os mais infinitos e complexos fatos. 
Em razão disso, é impossível ao direito preestabelecer regras para a solução de 
todos os conflitos que porventura venham surgir. 
Diante desta impossibilidade, temos as chamadas lacunas normativas, que 
nada mais são do que “falhas” na legislação. Em outras palavras, são espaços 
em branco, situações sem solução previamente definidas pelo legislador. 
Como os conflitos sociais precisam ser resolvidos, o direito criou métodos 
de integração da norma. 
Segundo Delgado (2010), integração comporta um conjunto de 
mecanismos voltados a assegurar o suprimento das lacunas apresentadas pelas 
fontes principais do sistema jurídico perante determinado caso concreto. 
Em outras palavras, são técnicas jurídicas com o objetivo de solucionar as 
falhas deixadas pela lei na solução das hipóteses concretas. 
O art. 8º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) autoriza o aplicador, 
na falta de disposição legal ou contratual, fazer uso da analogia, da equidade 
e dos princípios gerais.
Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, 
na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme 
o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros 
princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito 
do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito 
comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de 
classe ou particular prevaleça sobre o interesse público (BRASIL, 
1943, grifo nosso).
Vamos então compreender um pouco melhor o que significam os termos 
citados na lei e destacados por nós.
Capítulo 1
33 Direito Trabalhista e Legislação Social
 • Jurisprudência consiste na repetida aplicação de determinadas 
normas a um determinado caso concreto, por parte dos tribunais. São 
decisões anteriores que orientam decisões futuras. 
 • analogia significa aplicar, para uma situação fática não prevista 
em lei, uma norma existente para regular outrasituação fática 
semelhante à primeira. 
Vale a pena nos determos em um exemplo. Com o avanço da tecnologia 
digital, a datilografia foi substituída pela digitação. O artigo 72 da CLT 
estabelece que nos serviços permanentes de mecanografia, incluída aí a 
datilografia, deve-se fazer um período de repouso de dez minutos a cada 90 
minutos trabalhados. Apesar de a lei não incluir na redação do artigo o serviço 
do datilógrafo, o Tribunal Superior do Trabalho, utilizando a analogia, decidiu 
aplicar o artigo 72 também aos digitadores. 
Esse entendimento foi consagrado pelo TST por meio do enunciado de 
jurisprudência nº 346.
tSt enunciado nº 346 - res. 56/1996, dJ 28.06.1996 - Mantida - res. 
121/2003, dJ 19, 20 e 21.11.2003
digitador - Serviço de Mecanografia - analogia - Intervalos 
Intrajornada
Os digitadores, por aplicação analógica do Art. 72 da CLT, equiparam-
se aos trabalhadores nos serviços de mecanografia (datilografia, 
escrituração ou cálculo), razão pela qual têm direito a intervalos 
de descanso de dez (10) minutos a cada noventa (90) de trabalho 
consecutivo (TST, 1996).
 • equidade significa decidir de acordo com os critérios de justiça. A CLT prevê 
expressamente a utilização de equidade nos artigos 766 (trata dos dissídios 
coletivos) e 852-I, § 1º (que versa sobre o processo sumaríssimo). Vejamos: 
Art. 766 - Nos dissídios sobre estipulação de salários, serão estabelecidas 
condições que, assegurando justos salários aos trabalhadores, 
permitam também justa retribuição às empresas interessadas.
[...]
Art. 852-I. 
[...]
§ 1º O juízo adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa 
e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e as exigências do 
bem comum.
Capítulo 1
34 Direito Trabalhista e Legislação Social
Os princípios gerais de direito serão conceituados no próximo item, 
destinado ao exame dos princípios do direito do trabalho.
Aplicação das normas trabalhistas
Em regra, as leis (em seu sentido amplo) somente podem ser aplicadas 
quando vigentes. Uma lei é considerada vigente se tiver:
 • sido elaborada por órgão competente;
 • seguido fielmente os procedimentos legais de sua elaboração. 
Com exceção da lei delegada e da medida provisória, que são produzidas 
pelo presidente da República, as demais leis trabalhistas somente podem ser 
elaboradas pelo Poder Legislativo. 
Em suma, lei vigente é aquela que está apta a produzir seus efeitos. 
Com exceção das leis com vigência temporária, 
que são editadas para produzirem efeitos por 
determinado espaço de tempo, as demais leis 
vigem até que outra a revogue. Revogar significa 
tirar o efeito da lei, excluí-la do mundo jurídico.
SAIBA QUE
Para que você entenda melhor a vigência das normas legais trabalhistas, 
é preciso que compreenda que elas podem produzir efeitos quanto ao tempo 
e quanto ao espaço. 
Os efeitos das leis trabalhistas no tempo devem ser entendidos sob o ponto 
de vista do princípio da irretroatividade e do princípio da aplicação imediata:
 • em respeito ao princípio da irretroatividade, uma lei nova não pode 
ser aplicada aos contratos ou atos já finalizados. Esses contratos ou 
atos são considerados perfeitos sob o enfoque da lei vigente ao tempo 
em que foram realizados e por esta razão não devem ser modificados 
na ocasião de nova lei tratando do assunto;
Capítulo 1
35 Direito Trabalhista e Legislação Social
 • de acordo com o princípio da aplicação imediata, uma nova lei deve 
ser aplicada aos atos e contratos em curso, imediatamente a partir do 
momento em que entra em vigor. Mas atenção, só se aplica a lei nova 
quando o ato ou contrato ainda não tiver sido finalizado. 
Conforme as leis trabalhistas vigentes no país, após um ano 
de trabalho, o empregado tem direito a 30 dias de férias. Se a 
partir desse período de um ano, e antes que o empregado goze 
integralmente do tempo de repouso, entrar em vigor uma nova lei 
alterando a duração das férias de 30 para 35 dias, ele terá direito a 
gozar de 35 dias e não mais somente 30 dias. 
Veja que isto ocorre porque o gozo das férias ainda está em curso 
(não tinha finalizado), quando da entrada em vigor da nova lei, a 
qual deve ser aplicada imediatamente.
Quanto aos efeitos das leis trabalhistas no espaço, via de regra, em 
razão do princípio da territorialidade, aplicam-se as leis brasileiras a todos 
os que prestarem serviços no Brasil. Assim, tanto os estrangeiros quanto as 
empresas multinacionais devem se sujeitar as leis trabalhistas brasileiras 
quando executarem serviços no Brasil. 
1.2.6 princípios do direito do trabalho
Iniciamos agora um dos mais relevantes temas de estudo do Direito – 
os princípios. 
Fora da técnica jurídica, podemos conceituar princípios como valores, 
regras morais de conduta que orientam o comportamento das pessoas. 
Sob o enfoque jurídico, entretanto, os princípios podem ser considerados 
os alicerces de sustentação das normas legais, postulados valorativos que 
servem para guiar a aplicação do direito ao caso concreto. Fazendo uma 
metáfora, seriam os pilares de sustentação de um edifício. 
De acordo com Martins (2010), os princípios têm várias funções:
 • informadora;
 • normativa;
 • interpretativa. 
Capítulo 1
36 Direito Trabalhista e Legislação Social
Com função informadora, os princípios servem para orientar o 
legislador, fundamentando as normas legais e dando sustentáculo para o 
ordenamento jurídico. 
Na sua função normativa, os princípios oferecem meios para integração 
das normas em caso de lacunas legais. 
Quando estudamos sobre integração do direito 
do trabalho, falamos que uma das formas de 
suprir as omissões da lei seria a utilização dos 
princípios gerais do direito. Lembre-se que diante 
das lacunas legais, o artigo 8º da CLT autoriza o 
uso da analogia, da equidade, da jurisprudência 
e ainda dos princípios gerais do direito. 
SAIBA QUE
Por sua vez, a função interpretativa é de fundamental importância para 
o direito. Os princípios são verdadeiros assistentes do aplicador do direito, pois 
auxiliam na interpretação e na compreensão das normas legais. Logo, toda 
vez que tivermos dúvida na aplicação de uma lei, podemos nos valer deles.
E o que são os princípios gerais do direito?
Princípios gerais do direito são aqueles comuns a todos os ramos do 
Direito. Entre eles, podemos citar:
 • o princípio da dignidade da pessoa humana, trazido pela Constituição 
Federal como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito;
 • o princípio do valor social do trabalho, que nos informa que o trabalho 
deve cumprir uma função social;
 • o princípio do enriquecimento sem causa, pelo qual uma pessoa não 
poderá locupletar-se de outra, enriquecendo às suas custas;
 • os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, que definem que 
as nossas ações devem ser pautadas pelo bom senso, pela ponderação; 
Capítulo 1
37 Direito Trabalhista e Legislação Social
 • o princípio da boa-fé, segundo o qual as partes devem cumprir os 
tratos com lealdade recíproca. 
Vale ressaltar que os princípios aqui elencados não são os únicos comuns 
a todo o ordenamento jurídico, existindo também outros que podem ser 
aplicados de forma geral a diversos ramos do direito. Porém, eles não são 
objeto do nosso estudo neste momento. 
Ao lado dos princípios gerais, o direito do trabalho possui princípios 
próprios, voltados a regular a relação específica existente entre empregado e 
empregador. Os mais importantes são: 
 • princípio da proteção ou tutelar;
 • princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas;
 • princípio da continuidade da relação de emprego;
 • princípio da primazia da realidade;
 • princípio da inalterabilidade contratual lesiva;
 • princípio da intangibilidade salarial.Que tal agora analisarmos um a um os princípios enumerados?
princípio da proteção ou tutelar
Este princípio surgiu pela necessidade de se atenuar o desequilíbrio existente 
na relação entre empregado e empregador. Nasceu no intuito de proteger o 
empregado, considerado parte hipossuficiente na relação de emprego. 
O Estado, como detentor do poder de editar leis, impõe às partes 
contratantes regras formais que deverão ser cumpridas em detrimento da sua 
autonomia em contratar. O princípio da proteção existe como forma de impedir 
ou evitar a exploração do capital sobre o trabalho humano, possibilitando 
melhores condições de vida e bem-estar dos trabalhadores. 
O princípio da proteção deve orientar não só o aplicador do direito 
na interpretação e aplicação das leis. Deve também orientar o legislador 
no momento da elaboração das normas jurídicas. Para tanto, as novas leis 
devem procurar favorecer o obreiro, trazendo a ele melhores condições 
de vida. 
Capítulo 1
38 Direito Trabalhista e Legislação Social
Este princípio desdobra-se, ainda, em três outros:
 • o princípio in dubio pro operario;
 • o princípio da condição mais benéfica;
 • o princípio da aplicação da norma mais favorável.
O princípio In dubio pro operario informa ao aplicador que quando 
uma norma comportar duas ou mais interpretações, deve-se optar por aquela 
mais favorável ao empregado. Mas atenção, nunca afrontando a vontade da 
lei. Ele não se aplica quando o assunto é a produção de provas no processo 
trabalhista, pois cabe ao autor provar que o direito existe (fato constitutivo do 
direito), e ao réu cabe provar que aquele direito não existe (fato modificativo, 
extintivo ou impeditivo do direito).
O princípio da condição mais benéfica tem a ver com o direito adquirido 
resguardado na Constituição de 1988, em seu Art.5º, inciso XXXVI, pois 
garante ao trabalhador que nenhuma norma superveniente que prejudique 
um direito seu atingirá o que está disposto no contrato de trabalho ou 
convenção de trabalho que seja mais benéfica, sendo assim autorizada 
apenas a alteração in mellius que tenha o objetivo de uma condição social 
melhor para o trabalhador.
O princípio da aplicação da norma mais favorável ensina que devemos 
aplicar a norma mais favorável ao obreiro, independentemente da sua posição 
na hierarquia das normas. Este princípio deve estar presente no momento da 
elaboração, na verificação da hierarquia e no momento da interpretação. 
No momento da elaboração, tem por objetivo orientar o legislador à 
elaboração de normas que tragam melhores condições sociais ao trabalhador. 
Havendo mais de uma norma capaz de ser aplicada, deve-se optar 
por aquela que seja mais favorável ao empregado, não importando sua 
posição hierárquica. 
Capítulo 1
39 Direito Trabalhista e Legislação Social
LEMBRETE
Lembre-se do exemplo dado quando discutimos 
os métodos de interpretação da norma. 
Naquela ocasião, trouxemos a seguinte situação 
prática: se uma convenção coletiva estabelecer 
que determinada categoria de obreiros deve 
receber as férias com pelo menos ½ do salário normal, esta norma 
prevalecerá sobre a regra exposta no artigo 7º, inciso XVII, da 
Constituição Federal, pois, mesmo sendo a Constituição a lei maior 
de nosso sistema jurídico, a norma prevista na Convenção é mais 
favorável aos obreiros. 
Assim, os empregados daquela categoria terão direito a receber as 
férias anuais com no mínimo ½ a mais do salário. 
No momento da interpretação, havendo omissão ou uma situação dúplice 
(uma norma com dois sentidos), deve-se optar pelo sentido que confira mais 
direitos ao trabalhador. 
Mas aqui é preciso ressaltar que mesmo diante da utilização dos 
subprincípios do princípio da proteção, podem existir situações que demandam 
uma atenção maior do aplicador. 
Sendo assim, propomos a você a seguinte reflexão: se, em relação a 
determinada matéria trabalhista, um acordo coletivo trouxer em seu texto 
cláusulas favoráveis e desfavoráveis, e ao mesmo tempo existir uma lei 
contendo igualmente algumas regras favoráveis e outras menos benéficas ao 
trabalhador, qual delas deve ser aplicada? 
Para resolver controvérsias assim, o Direito lança mão de duas teorias: a 
do conglobamento e a da acumulação. Confira.
A teoria do conglobamento aplica-se à norma que no conjunto seja mais 
benéfica ao empregado. 
Já a teoria da acumulação aplica-se às duas normas, extraindo-se de cada 
uma delas o que for mais favorável ao empregado. 
Capítulo 1
40 Direito Trabalhista e Legislação Social
Via de regra, os tribunais brasileiros têm adotado a teoria do 
conglobamento, pois entendem que extrair regras de duas normas diferentes 
seria o mesmo que criar uma terceira norma, o que é vedado ao Judiciário. 
princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas
Por este princípio, fica vedado qualquer acordo realizado entre as partes 
que vise à renúncia de quaisquer dos direitos inerentes ao trabalhador. 
O art. 9º da CLT consagra a aplicação deste princípio dispondo: “Serão 
nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir 
ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.” 
(BRASIL, 1943) 
Em outras palavras, o objetivo deste princípio é evitar que o empregador 
induza ou obrigue o trabalhador a dispor de seus direitos contra sua vontade. 
princípio da continuidade da relação de emprego
Via de regra, os contratos devem ser pactuados por prazo indeterminado. 
Somente podem ser celebrados contratos por prazo determinado quando a lei 
assim autorize, matéria que estudaremos no capítulo 3. 
Este princípio foi reconhecido pelo Tribunal Superior do Trabalho, por 
meio da súmula 212:
tSt enunciado nº 212 - res. 14/1985, dJ 19.09.1985
Ônus da Prova - término do Contrato de trabalho - Princípio da 
Continuidade
O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando 
negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, 
pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui 
presunção favorável ao empregado (TST, 1996).
princípio da primazia da realidade
Mesmo diante da existência de um contrato escrito firmado entre as 
partes, para os efeitos probatórios mais valerá a verdade real dos fatos do que 
aquilo que foi pactuado pelos contraentes. Vale dizer que o fato concreto terá 
mais relevância do que as cláusulas previstas explicitamente em contrato escrito. 
Capítulo 1
41 Direito Trabalhista e Legislação Social
Trata-se de um princípio muito usado na seara trabalhista, pois tem a 
finalidade de impedir procedimentos fraudatórios praticados pelo empregador. 
Logo, de nada adianta estabelecer cláusulas escritas conferindo direitos e 
deixar de entregá-los na prática. 
princípio da intangibilidade do salário
Saiba você que o salário tem cunho alimentar. Tem a função de 
prover o trabalhador e sua família. O princípio da intangibilidade salarial 
garante ao trabalhador a impenhorabilidade de seu salário, bem como a 
irredutibilidade salarial. 
A Constituição Federal de 1988 (art. 7º, inciso VI), no intuito maior 
de preservar o emprego do obreiro, flexibilizou este princípio, prevendo 
a possibilidade de redução temporária de salário por meio de acordo ou 
convenção coletiva. 
Não obstante a regra da Constituição que 
permite a redução temporária dos salários 
por meio de acordo ou convenção coletiva de 
trabalho, a regra maior continua sendo a da 
irredutibilidade de salários. 
Logo, a redução somente é permitida por 
exceção, e ainda por prazo fixo de tempo, já 
que as convenções e acordos coletivos têm 
um prazo máximo de vigência de dois anos, conforme o art. 614, 
parágrafo 3º da CLT).
SAIBA QUE
Com isso,encerramos o conteúdo deste nosso primeiro capítulo.
Para que você possa fixar melhor tudo aquilo que foi estudado, que tal 
acompanhar um breve estudo de caso? Veja a seguir.
Capítulo 1
42 Direito Trabalhista e Legislação Social
1.3 Aplicando a teoria na prática
Segundo o art. 10, inciso II, alínea “b” do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias da Constituição Federal é garantida à empregada 
gestante a estabilidade provisória, desde a confirmação da gravidez até cinco 
meses após o parto.
Suponhamos que foi firmada uma convenção coletiva, entre o sindicato 
da categoria profissional X e o sindicato patronal Y, ajustando que a 
estabilidade provisória da gestante fosse de seis meses após o parto. Maria 
Rita, empregada pertencente à categoria profissional X, retornou da sua 
licença maternidade e, completados cinco meses após a realização do parto, 
foi demitida pela empresa em que trabalha (pertencente à categoria patronal 
do sindicato patronal Y) sem justa causa. 
Diante deste caso, Maria Rita procura você e solicita respostas a algumas 
questões. Você pode ajudá-la? Ela questiona:
1) O que é uma convenção coletiva? Ela é considerada fonte do direito 
do trabalho?
2) Eu, Maria Rita, posso ingressar com reclamação trabalhista requerendo 
retorno ao serviço, ou indenização do período correspondente, com 
fundamento no estabelecido na convenção coletiva mencionada? 
3) Qual princípio do direito do trabalho é utilizado para resolução 
deste caso?
Pois bem, para responder às questões práticas colocadas, vamos nos 
lembrar do que estudamos no decorrer deste primeiro capítulo?
A primeira resposta que você deve dar a Maria Rita é que uma convenção 
coletiva é um acordo realizado entre dois ou mais sindicatos, devendo 
necessariamente estar presentes pelo menos um sindicato de trabalhadores 
(categoria profissional) e um sindicato patronal (categoria econômica). Você 
ainda pode complementar a resposta lembrando que o objetivo da convenção é 
estipular condições de trabalho aplicáveis aos contratos individuais celebrados 
pelos sujeitos pertencentes a ambas as categorias.
Capítulo 1
43 Direito Trabalhista e Legislação Social
Além disso, deixe claro que as convenções coletivas são sim consideradas 
fontes do direito do trabalho. Mas lembre-se que, conforme você aprendeu, são 
fontes formais autônomas, porque, diferentemente das fontes heterônomas, 
têm a participação direta dos sujeitos envolvidos na relação de emprego. 
Para a segunda resposta, recorde que a Constituição Federal estabeleceu 
os direitos mínimos assegurados aos trabalhadores. Desde que resguardados 
estes direitos mínimos, nada impede que uma lei, um acordo ou convenção 
ou até um contrato particular celebrado entre as partes possa dispor de forma 
diversa, ampliando esses direitos. Se foi realizada uma convenção coletiva 
entre o sindicato patronal e sindicato de trabalhadores estabelecendo que a 
estabilidade da gestante deve ser de seis meses, ela passa a ser obrigatória. 
Logo, informe que Maria Rita pode sim ingressar com reclamação trabalhista 
para requerer a reintegração ou indenização do período correspondente.
E para responder à última questão, recorra ao que foi tratado acerca 
dos princípios do direito do trabalho. Fazendo isto, você irá perceber que 
o princípio do trabalho aplicável à questão de Maria Rita é o da proteção, 
somado ao subprincípio da norma mais favorável. Estes princípios nos ensinam 
que, diante de duas normas tratando do mesmo assunto, devemos optar pela 
aplicação da norma que confira maiores direitos ao trabalhador.
1.4 para saber mais
Filme: Daens, um grito de justiça
Direção: Stijn Coninx Ano: 1994
O cenário do filme é a cidade belga de Aalst no final do século 
11, para a qual o padre Daens é designado e onde se depara com 
todas as agruras da Revolução Industrial europeia, como o trabalho 
infantil, sem quaisquer medidas de higiene e segurança e com uma 
jornada extenuante. A morte de uma criança, durante o seu horário 
de trabalho, e outras situações relacionadas às referidas condições 
de trabalho levam o padre a buscar soluções, inclusive ingressando 
na política. 
Capítulo 1
44 Direito Trabalhista e Legislação Social
Filme: Germinal
Direção: Claude Berri Ano: 1993
Germinal se passa no norte da França no século 19 e caracteriza 
perfeitamente o processo de produção do trabalho do modelo 
capitalista, a expansão do chamado capital, mostrando de forma 
muito clara os opostos entre as necessidades humanas e as matérias. 
Retrata o processo de gestação e maturação de movimentos 
grevistas e de uma atitude mais ofensiva por parte dos trabalhadores 
das minas de carvão na França em relação à exploração de seus 
patrões. Mostra um cotidiano de miséria, maus-tratos, alcoolismo e 
uma rebelião que acaba em tragédia.
1.5 Relembrando
Neste capítulo, você aprendeu que:
 • o direito do trabalho teve origem durante a Revolução Industrial, 
quando os operadores das máquinas se uniram para pleitear condições 
mínimas de trabalho e proteção social em caso de acidentes. Até 
então, os trabalhadores laboravam durante longas jornadas, sem 
qualquer garantia social ou direito;
 • o direito do trabalho é o ramo do Direito que disciplina as relações 
de trabalho subordinado e tem por objetivo conferir ao trabalhador, 
considerado parte hipossuficiente, medidas de proteção e direitos sociais;
 • prevalece o entendimento de que o direito do trabalho tem natureza 
jurídica de direito privado;
 • estudar as fontes do direito do trabalho significa investigar de onde 
se originam os direitos trabalhistas;
 • as fontes do direito do trabalho podem ser materiais ou formais;
 • interpretar uma norma consiste em buscar o seu significado;
 • as lacunas do direito são omissões existentes no ordenamento 
jruídico. Para suprir essas omissões, podemos nos valer da analogia, 
da equidade e dos princípios gerais do direito;
Capítulo 1
45 Direito Trabalhista e Legislação Social
 • os princípios são postulados valorativos que servem para auxiliar a 
aplicação do direito ao caso concreto;
 • os princípios gerais do direito são aqueles comuns a todos os ramos 
do Direito;
 • ao lado dos princípios gerais, aplicam-se ao direito do trabalho 
princípios que lhe são próprios, voltados a regular a relação específica 
existente entre empregado e empregador;
 • os mais importantes princípios do direito do trabalho são: o da 
proteção ou tutelar, da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas, 
continuidade da relação de emprego, da primazia da realidade, da 
inalterabilidade contratual lesiva, intangibilidade salarial;
 • o princípio da proteção ou tutelar se desdobra em três outros 
princípios – o do in dubio pro operario, da condição mais benéfica e 
da aplicação da norma mais favorável.
1.6 testando os seus conhecimentos
1) A primeira Constituição brasileira a tratar explicitamente de direitos 
trabalhistas foi a de: 
a) 1822
b) 1891
c) 1934
d) 1988
2) São fontes formais autônomas do direito do trabalho: 
a) as convenções coletivas. 
b) as leis.
c) a Constituição Federal.
d) os costumes.
Capítulo 1
46 Direito Trabalhista e Legislação Social
3) Sobre os métodos de interpretação das normas trabalhistas, marque a 
alternativa incorreta.
a) Método autêntico é aquele que leva em consideração a interpretação 
feita pelo próprio legislador.
b) Método gramatical é aquele que verifica o sentido literal das palavras 
colocadas no texto.
c) Método teleológico é aquele que se preocupa em descobrir a finalidade 
pretendida pelo legislador quando da elaboração da norma.
d) Método sistemático é aquele que leva em consideração a evolução 
histórica dos fatos que deram

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