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Aula 04 Émile Durkheim Educação e Sociologia

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Aspectos Antropológicos e Sociológicos da Educação
Aula 04 - Émile Durkheim: Educação e Sociologia
Ao final desta aula, você será capaz de:
escrever a concepção de educação elaborada por Émile Durkheim;
demonstrar porque o autor percebe a educação como instrumento de socialização;
discutir a ideia de que a educação deve servir para conformar o indivíduo a determinado meio moral.
Nesta aula, você vai entender a concepção de educação formulada por Durkheim e saber o que o levou a estudar a educação como um fato social, talvez o principal deles
A Educação
Na concepção de Durkheim, a educação tem um papel fundamental na preparação do indivíduo para a vida em sociedade. Por esse motivo, ele se dedicou a estudar a educação como um fato social.
Em Educação e Sociedade, Durkheim se propõe a fazer um exame crítico das definições de educação formuladas por diferentes e importantes pensadores dos fenômenos sociais. Assim, ao analisar as concepções de John Stuart Mill, Immanuel Kant e James Mill, o autor conclui que não existe uma educação ideal, pois se observarmos a história, a educação varia com o tempo e com as regiões.
De acordo com Émile Durkheim, “os sistemas educativos são o conjunto de práticas e instituições que se organizaram lentamente ao longo do tempo, que são solidárias com todas as outras instituições sociais e que as exprimem, que, por consequência, não podem ser mudadas mais facilmente do que a própria estrutura da sociedade”. (p. 46)
“É inútil pensarmos que podemos criar os nossos filhos como queremos. Há costumes com os quais temos de nos conformar; se os infringimos, eles vingam-se de nossos filhos. Estes, uma vez adultos, não se encontrarão em condições de viver no meio de seus contemporâneos, com os quais não estão em harmonia. Quer tenham sido criados com ideias muito arcaicas ou prematuras, não importa; tanto num caso como noutro, não são do seu tempo e, por conseguinte, não estão em condições de vida normal. Há pois, em cada momento do tempo, um tipo regulador de educação de que não nos podemos desligar sem chocar com as vivas resistências que reprimem as veleidades das dissidências”. (p. 47)
Movido pela sua convicção de que as sociedades evoluem e devem ser estudadas em determinado estágio de seu desenvolvimento, Durkheim utiliza como método de estudo a observação histórica para mostrar que os sistemas de educação têm poder coercitivo, pois, em cada momento há um tipo regulador de educação do qual os indivíduos não podem escapar sem resistências e que restringem os anseios daqueles que são discordantes.
Além de exercer coerção sobre os indivíduos, a educação também não é uma criação individual, pois os costumes e as ideias que determinam o tipo de educação reguladora, são produzidos pela coletividade e manifestam as suas necessidades.
Quando nascemos, a maior parte de seu conteúdo já está pronto, é fruto das gerações passadas. Segundo Durkheim, a partir de uma perspectiva histórica, pode-se perceber que a formação e o desenvolvimento dos sistemas de educação dependem da religião, da organização política, do grau de desenvolvimento das ciências, do estado da indústria etc. Só à luz das causas históricas eles se tornam compreensíveis.
Ao definir mais precisamente a educação, Durkheim conclui que há algumas condições para que ela realmente exista, ou seja, é necessário que haja uma geração de adultos, uma geração de jovens e, que a primeira exerça uma ação sobre a segunda.
O sistema educativo, em qualquer sociedade, possui duplo aspecto, ou seja, é, simultaneamente:
Uno
Porque se configura como a base comum. É composto pelos sentimentos, valores, ideias, práticas, que devem ser inculcados em todas as crianças, sem distinção, seja qual for a categoria social à qual pertençam. É, resumidamente, o que há de comum a todos.
Múltiplos
Depende dos meios, das classes sociais, das profissões.
Segundo Durkheim, cada sociedade formula determinado ideal de ser humano, ou seja, é a sociedade que determina o que esperar do indivíduo, seja do ponto de vista intelectual, físico ou moral. Em outras palavras, seremos aquilo que a sociedade espera que sejamos.
Assim, se até certo ponto esse ideal é o mesmo para todos os cidadãos, há um momento em que os indivíduos devem se diferenciar, segundo os meios sociais particulares em que estão inseridos.
Para o autor, a parte básica da educação é constituída por esse ideal, ao mesmo tempo, uno e diverso, que tem por função suscitar na criança:
1- Um certo número de estados físicos e mentais, que a sociedade à qual pertence considere indispensáveis a todos os seus membros;
2- Certos estados físicos e mentais, que o grupo social particular (casta, classe, família, profissão) considere indispensáveis a todos os que o formam.
É a sociedade, em seu conjunto, e cada meio social, em particular, que determinam o ideal a ser realizado.
Durkheim ressalta que a homogeneidade é importante, pois é a base onde os sistemas de educação específicos se fundamentarão. A educação a perpetua e reforça, fixando na criança certas similitudes essenciais, exigidas pela vida coletiva. 
É a heterogeneidade que torna a cooperação possível. A educação assegura a persistência dessa diversidade necessária, o que permite especializações. 
“Se a sociedade chegou a um grau de desenvolvimento em que as antigas divisões em castas e em classes não podem mais manter-se, prescreverá uma educação mais una em sua base. Se, no mesmo momento, o trabalho está mais diversificado, provocará nas crianças, sobre um primeiro fundo de ideias e de sentimentos comuns, uma mais rica diversidade de aptidões profissionais. Se vive em estado de guerra com as sociedades envolventes, esforça-se por formar os espíritos com base num modelo fortemente nacionalista; se a concorrência internacional toma uma forma mais pacífica, o tipo de educação que procurará realizar é mais geral e mais humano”. (2001, p. 52)
É necessário observar alguns temas importantes na teoria do autor, que foi fortemente influenciado pelo darwinismo social e, por isso, estava totalmente convencido de que, como os organismos, as sociedades também evoluíam. Segundo ele, as sociedades passariam do estágio mecânico para o estágio orgânico.
Sociedades mecânicas
As sociedades mecânicas eram sociedades simples, nas quais a divisão do trabalho ocorria através dos critérios de sexo e idade e, onde os indivíduos praticamente não se diferenciavam, compartilhando as mesmas crenças e regras morais, ligados por laços de parentescos. Contudo, na evolução, as sociedades foram se tornando mais complexas.
Sociedades orgânicas
O aumento no nível de desenvolvimento deu origem à exigência de maior especialização do trabalho. Os indivíduos deixaram de se identificar por meio da religião, das regras morais e dos costumes. Nas sociedades orgânicas o que aproxima os homens é a interdependência gerada pela especialização de funções. É a divisão do trabalho social que gera a coesão, a solidariedade social. 
Em sociedades com forte divisão do trabalho as relações sociais se baseiam na especialização de tarefas. Assim, a educação tem caráter duplo, pois, ensina aos novos membros valores, crenças e conhecimentos que devem ser gerais à massa da sociedade e, também, fornece conhecimentos específicos da área profissional em que a pessoa deverá atuar.
A formação que um futuro médico recebe é diferente daquela recebida pelo futuro engenheiro, que difere também da dispensada ao futuro advogado. Não podemos hoje, em nossa sociedade, conceber que só se formem ou engenheiros, ou advogados ou médicos. Advogados precisam dos serviços dos engenheiros, que precisam dos cuidados dos médicos e, assim por diante. 
É isso que garante a nossa coesão social: a especialização em uma área e o fato de ser leigo nas outras faz com que os profissionais de um campo dependam de outros profissionais. 
Durkheim utiliza o exemplo da paixão que ocorre entre o homem e a mulher que, por serem diferentes, se complementam, formando um todo.
Concepção de educaçãoconcebida por Durkheim:
“A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que ainda não estão maduras para a vida social. Tem por objeto suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, intelectuais e morais que lhe exigem a sociedade política no seu conjunto e o meio especial ao qual está particularmente destinada”.
Dessa definição podemos assumir que a educação é a socialização metódica das novas gerações. Cada membro da sociedade possui em si dois seres:
o ser individual, que se constitui dos estados mentais que dizem respeito apenas ao próprio indivíduo e à sua vida pessoal;
o ser coletivo, ou seja, o sistema de ideias, sentimentos, hábitos, que exprimem em cada indivíduo o grupo ou os grupos diferentes dos quais ele faz parte (crenças religiosas, crenças e práticas morais, tradições nacionais e profissionais, opiniões coletivas etc.).
O objetivo da educação é constituir o ser coletivo em cada um de nós, pois o ser social não nasce com o homem, não se apresenta na constituição humana primitiva, como também não resulta de nenhum desenvolvimento espontâneo.
Ao contrário, foi a sociedade, na medida em que se formou e se consolidou, que tirou de dentro de si essas grandes forças morais, diante das quais o indivíduo isolado sente a sua fraqueza e inferioridade.
A educação deve criar no homem um ser novo: o ser social.
Os indivíduos agem de acordo com as necessidades sociais e a sociedade impõe aos homens uma tirania muito forte. Mas, segundo Durkheim, os próprios homens desejam que isso ocorra porque o ser novo, que a ação coletiva cria em cada um de nós por intermédio da educação, representa o que há de melhor no homem, o que há de propriamente humano em nós.
Na verdade, o homem só é homem porque vive em sociedade. Para comprovar essa afirmação, Durkheim mostra o desenvolvimento da moral, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento da linguagem, coisas que só podem acontecer na vida em sociedade.
O Estado é a instituição social mais importante que tem influência sobre a educação, tendo mais peso que a família, segundo Durkheim. Não poderia ser de outra forma, dado o caráter coercitivo atribuído pelo autor à educação.
A importância do Estado cresce à medida que assume uma função coletiva e busca a educação da criança na sociedade em que vive. Caberia a esse órgão esclarecer os princípios essenciais, fazer com que sejam ensinados nas escolas, cuidar para que as crianças não os ignorem e os respeitem. 
Durkheim era taxativo e afirmava que tudo que é educação deve estar em certa medida submetido à ação do Estado.
Durkheim percebia a ausência de unidade moral em sua sociedade, e a presença de muitas concepções divergentes, por isso se preocupava com a escola e com os professores.
“A escola não pode ser pertença de um partido, e o professor falta aos seus deveres quando usa a autoridade de que dispõe para arrastar os seus alunos nos trilhos de seus próprios ideais, por mais justificados que lhe possam parecer” (2001, p. 61).
Para a ação educativa ser bem sucedida na transformação de um ser associal, como o bebê, em uma personagem bem definida que desempenhe um papel útil na sociedade, o educador deve agir como um hipnotizador. 
A criança, como o hipnotizado, está numa situação de passividade. Como a vontade infantil ainda é rudimentar, ela é facilmente sugestionável e acessível aos exemplos, e propensa à imitação. 
O professor exerce sobre seus alunos uma ascendência baseada na superioridade de sua cultura e de sua experiência. O educador deve ter, também, serenidade.
“Se professores e pais sentissem, de uma forma mais constante, que nada se pode passar diante da criança sem deixar nela alguma marca, que o moldar espírito e do seu caráter depende destes milhares de pequenas ações insensíveis que se produzem a cada instante e aos quais não prestamos atenção por causa da sua insignificante aparência, como zelariam mais pela sua linguagem e pela sua conduta! Seguramente, a educação não pode chegar a grandes resultados quando procede por safanões bruscos e intermitentes.” (2001, p.66)
Como o objetivo da educação é formar um ser novo, constrangendo o indivíduo e subjugando o egoísmo individual, não é possível formar o ser social através de brincadeiras e do prazer. 
É preciso então que o educador, com sua autoridade e sua ascendência moral, desperte o senso de dever na criança. 
Para isso, o professor deve acreditar e valorizar a sua missão, pois ele é a voz de uma grande pessoa moral: a sociedade.   
Síntese da Aula 04 – Émile Durkheim: Educação e Sociologia
Nesta aula você conheceu a concepção durkheimiana de Educação.
Analisou o ponto de vista do autor de que a Educação é um elemento de socialização.
Relacionou a definição de fato social com a ideia de educação.
Avaliou a importância da educação para a manutenção da moral social.

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