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Aula 3 – A literatura grega antiga Homero e os gêneros literários da Antiguidade

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Cultura Clássica: contribuições linguísticas
Aula 3 – A literatura grega antiga: Homero e os gêneros literários da Antiguidade
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1. Identificar os traços literários de Homero em suas obras.
2. Reconhecer os gêneros literários da antiguidade grega.
3. Verificar as características da poesia épica, da lírica e da tragédia grega.
4. Relacionar a literatura latina de Virgílio, na Eneida, com a literatura homérica.
Nesta aula, vamos conhecer a maior e mais duradoura das muitas contribuições das culturas antigas, grega e romana, a literatura e a arte. Os gregos são os criadores dos modelos literários que ainda se desenvolvem no Ocidente: a poesia épica, a lírica e a tragédia. Em prosa e verso os gregos possuem o mérito de ter influenciado os rumos das letras ocidentais.
Nesta aula, surge o nome de Homero, pai das letras gregas e ocidentais, com suas famosíssimas obras, a Odisseia e a Ilíada, que chegarão a Roma, inaugurando a arte latina, com o mestre Virgílio, em Eneida. Vamos às letras antigas?
Nesta aula, vamos conhecer as maiores e mais duradouras das muitas contribuições das culturas greco-romanas antigas ao mundo moderno: a literatura e a arte.
Os gregos são os criadores dos modelos literários que ainda se desenvolvem no Ocidente: a poesia épica e lírica e a tragédia. Em prosa e verso, os gregos possuem o mérito de ter influenciado os rumos das letras ocidentais.
Nesta aula, surge o nome de Homero, pai das letras gregas e ocidentais, com suas famosíssimas obras, a Odisseia e a Ilíada, que chegarão a Roma, inaugurando a arte latina, com o mestre Virgílio, em Eneida.
A literatura grega de Homero: Odisseia e a Ilíada
Introdução
Segundo Jorge Piqué (2009), para entendermos a importância capital da obra homérica é preciso contextualizar as características mais relevantes das sociedades greco-latinas do período clássico:
O Legado Clássico, ou Herança Clássica, que recebemos da Antiguidade greco-latina poderia ser sintetizado em quatro grandes temas:
Os gregos e romanos criaram e aperfeiçoaram os maiores gêneros da literatura ocidental e influenciaram fortemente muitas literaturas posteriores, especialmente a partir do Renascimento.
Criaram sistemas políticos e jurídicos que desenvolveram os princípios da justiça, liberdade política e democracia.
A filosofia grega é o fundamento do pensamento ocidental; especialmente por meio de Platão e Aristóteles.
Suas artes plásticas (pintura, cerâmica, escultura) e arquitetura continuam a atrair a admiração depois de mais de 2.000 anos.
A obra “homeriana” da Odisseia e da Ilíada é o parâmetro do poema épico antigo, por causa de sua vinculação ás raízes primitivas e populares da Grécia Arcaica.
Os gregos narraram suas memórias ao longo dos tempos, de modo anônimo, até que o poeta e cantador Homero as colecionasse, fazendo também com que elas, citadas por filósofos e poetas, se tornassem obra escrita.
Por isso mesmo, a poesia épica possui os traços das narrativas de fundo histórico. Um ensaio previsto na obra do grande Heródoto, como ciência do discurso de fatos e da memória da civilização grega.
Os poemas homéricos possuem tom eloquente em seus versos (hexâmetros) e duração das vogais, como se tivessem sido feitos para serem falados em voz alta. Pois, até o período helenístico, a ritmação própria da poesia indicava que estavam associados à literatura e música, que depois do 3º século a.C. tomarão rumos diversos.
Nos festivais religiosos e nos folgedos populares estariam escondidas as suas raízes? Pela alta qualidade literária, Odisseia e Ilíada representavam a culminância de uma longa tradição de composições poéticas orais.
E, mesmo referindo-se em linhas gerais aos traços da sociedade micênica, estes poemas foram, provavelmente, compostos durante o século -VIII, no fim da Idade das Trevas. Para os gregos e também para nós, os dois mais importantes autores de epopeias (poemas em versos épicos) foram Homero (c. -750) e Hesíodo (c. -700).
Segundo Piquet (2008), pode-se dividir em três períodos o desenvolvimento literário na Grécia.
As obras da literatura grega antiga são datadas entre o séc. VIII a.C. e o séc. IV d. C., ou seja, aproximadamente 1200 anos de tradição literária ininterrupta. No curso nos concentraremos especificamente no período arcaico, quando foi composta a Ilíada.
Período Arcaico (séc. VIII-VI a.C.)
No período arcaico da história grega, surgem dois importantes gêneros literários, que terão continuidade até os dias de hoje, a poesia épica e a poesia lírica.
A Poesia Épica (séc. VIII a.C):  se conservam nela reminiscências que remontam à Guerra de Troia e à época micênica (séc. XII a.C.). É poesia épica a epopeia homérica, representada nos dois poemas, a Ilíada e Odisseia. Tradicionalmente vinculada à poesia épica está também a Teogonia, de Hesíodo, e seu poema didático, Os Trabalhos e os Dias.
A poesia "Lírica" (séc. VII e VI a.C.): Representada por autores como Alceu, Safo, Estesícoro, Alcmano, etc... Surge junto com a filosofia dos pré-socráticos (Tales, Heráclito, Parmênides, Demócrito, etc...). Estas são as primeiras obras em prosa, embora alguns filósofos também utilizassem a poesia. A poesia era a única forma de expressão literária.
Período Clássico (séc. V-IV a.C.)
Tradicionalmente, o período é delimitado por dois acontecimentos marcantes.
Se inicia em 480 a.C., com a vitória dos gregos sobre os persas.
E finaliza em 338 a.C., com Filipe da Macedônia, o pai de Alexandre, conquistando Atenas.
O chamado "Século de Péricles", quando Atenas é a mais importante cidade e grande centro cultural da Grécia. Temos nas letras o desenvolvimento do Teatro (tragédia), com os três grandes autores, Ésquilo, Sófocles, Eurípides, e da História, com Heródoto e Tucídides.
O séc. IV a.C: É quando surge a filosofia de Platão e Aristóteles, a Comédia chega ao seu ápice com Aristófanes e a Oratória ganha destaque com Ésquines e Demóstenes.
Período Helenístico (338 a.C - 30 a.C) e Greco-Romano
Inicia-se com a hegemonia macedônica sobre a Grécia, devido às conquistas de Alexandre, o Grande. Outros centros de atividade, como Alexandria e Pérgamo, substituem Atenas.
Novos gêneros são criados, como a novela. Roma conquista a Grécia e recebe sua influência, que retransmite para o mundo, especialmente nas regiões orientais. Autores como Apolodoro (mitógrafo), Menandro (comediógrafo), Calímaco (poeta lírico), são representativos dessa época.
A épica ressurge com Apolônio de Rodes, autor da Argonautica. É nesse período que, primeiro, o Velho Testamento é traduzido do hebraico para o grego e, mais tarde, o Novo Testamento é escrito em grego koiné, um dialeto derivado do grego ático.
Sobre o nome de Homero, não há consenso de que ele tenha realmente existido ou de que tenha escrito qualquer uma das duas epopeias, tradicionalmente chamadas de poemas homéricos. Para o historiólogo Heródoto (484-425 a.C.), Homero teria vivido 400 anos antes dele (Hdt. 2.53).
Os estudos recentes, porém, situam a data de composição da Ilíada e da Odisseia no fim da Idade das Trevas (c. -750) ou no início do Período Arcaico (-750/-713).
O uso predominante do dialeto iônico sugere que o autor dos poemas veio provavelmente da Iônia. Que ele era um aedo cego nascido especificamente em Quios ou em outro lugar da região e se chamava Homero, porém, não tem qualquer comprovação histórica.  
A autoria dos poemas homéricos que permanece ‘quaestio disputatae’ (discussão irresoluta), desde o Período Helenístico, pode ser resumida assim:
Qual dos poemas é o mais antigo?
Seria "Homero" o nome atribuído a algum poeta anônimo que organizou uma extensa e antiga tradição oral?
Teriam sido criadas a partir da união de vários poemas isolados?
Teria sido "Homero" um poeta genial que simplesmente se baseou em temas da tradição oral de diversas épocas?
Seriam a Ilíada e a Odisseia obras de um só poeta?
Seriam os dois poemas, como os conhecemos, modificações tardias dos poemas originalmente compostos?
É indiscutível, noentanto, sua influência sobre toda a literatura ocidental. A Eneida, de Virgílio (-30/-19), Os Lusíadas, de Camões (1572) e o Ulisses, de Joyce (1921) são apenas alguns dos numerosos exemplos de influência direta.
Os Gêneros Literários da Antiguidade Clássica Grega
Poesia épica
Cantada por gerações inumeráveis de poetas cantores, os ‘aedos’, discutida por Filósofos como Platão, a obra homérica representa uma potente memória da nação grega.
Naquele momento, a poesia grega não era o que atualmente chamamos de "poesia". Não havia rimas e sim uma estruturação do verso em sílabas longas e breves, de tal modo que a declamação adquiria uma musicalidade muito própria à língua grega.
E os versos eram sempre acompanhados de música, pois para os gregos a poesia e a música andavam sempre juntas.
• Homero (séc. VIII a.C.) - Ilíada, Odisseia.
• Hesíodo (c. 700 a.C.) - Teogonia, Os Trabalhos e os Dias.
A Odisseia
Segundo Janko, 1982, a Odisseia foi composta, possivelmente, entre 743 e 713 a.C., alguns anos depois da Ilíada. O título do poema deriva do nome do principal protagonista, Odisseu, herói grego mais conhecido entre nós pelo nome romano, Ulisses.
Enquanto a Ilíada é uma história de guerra, a Odisseia é basicamente uma história de viagens fantásticas. Nela, [Homero] relata as aventuras de Odisseu após a Guerra de Troia. Durante dez anos o herói tenta retornar a Ítaca, seu reino, onde o aguardam ansiosos o pai Laerte, a esposa Penélope e o filho Telêmaco; numerosas aventuras, porém, retardam sua volta. Em Ítaca, a esposa (Penélope) e o filho (Telêmaco) são constantemente pressionados por pretendentes ao trono e à esposa de Odisseu, tido como desaparecido.
O poema começa no vigésimo ano de sua partida para Troia (dez anos de guerra, mais dez anos de viagens), e as aventuras dos anos anteriores são contadas pelo próprio Odisseu. No final, é claro, Odisseu consegue retornar ao lar e à família, matar todos os pretendentes e recuperar seu reino.
A poesia lírica
Esta forma literária nasceu da fusão do poema épico com o instrumento que a acompanhava, a lira. As formas foram então se diversificando; variedades e novas técnicas surgiram, como: a ode, a elegia, os epitáfios, as canções, as baladas e outras mais que se desenvolveriam posteriormente como o soneto e o madrigal.
A primeira característica da poesia lírica é a maior liberdade quanto ao número de sílabas dos versos. Ela também foi de grande influência sobre a poesia dramática, que se apresentava com duplo caráter: épico e lírico (objetivo/subjetivo)
Hesíodo
Através de “Os Trabalhos e os Dias”, sabe-se que ele viveu em Ascra, na Beócia, no final do século - VIII ou início do século - VII (c. -700), período de crise agrícola e social. Filho de um imigrante de Cime, na Ásia Menor, que se tornou agricultor e vivia com dificuldade em uma pequena propriedade rural próxima do Monte Hélicon.
A exemplo do pai, Hesíodo viveu de sua pequena propriedade rural, mas parece ter recebido treinamento de rapsodo e, certamente, conhecia os poemas homéricos. Como os poemas homéricos, sua obra parece ser uma coletânea de mitos e tradições conservados oralmente — no caso, tradições da Beócia, região em que viveu. Hesíodo foi, no entanto, o primeiro a utilizar suas próprias experiências como tema de poesia e a cantar a vida simples do homem do campo.
Rapsodo
Rapsodo (em grego clássico ραψῳδός / rhapsôidós) é o nome dado a um artista popular ou cantor que, na antiga Grécia, ia de cidade em cidade recitando poemas (principalmente epopeias).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rapsodo
As características da Poesia Épica Latina
Virgílio
Uma epopeia por encomenda
Bucólicas (poema pastoril) e Geórgicas (poema agrícola) haviam dado fama a Virgílio. Por isso, o imperador Augusto encomendou-lhe a composição de um poema épico que cantasse a glória e o poder de Roma. Um poema que rivalizasse e, quiçá, superasse Homero, e também que cantasse, indiretamente, a grandeza de César Augusto. 
Assim, Virgílio elaborou um trabalho que, além de labor linguístico e conteúdo poético, é também propaganda política.
Eneida
Muitos dos episódios na Eneida, que narra um tempo mítico, têm uma correspondência síncrona com a atualidade de Augusto.
Por exemplo, o escudo de Eneias, simbolizando a batalha do Ácio, quando Otávio Augusto derrotou Marco Antônio em 36 a.C. e a previsão de Anquises, no Hades, sobre as glórias de Marcelo, filho de Otávia, irmã do imperador.
Composta por 12 cantos, num total de 9826 versos, a Eneida, a maior obra do poeta Virgílio (Publius Virgilius Maro, 70-19 a.C.) é considerada, simultaneamente, uma obra de tom mitológico e histórico.
Mitológico, porque narra a história do herói Eneias, utilizando-se de lendas tradicionais do povo romano.
Histórico, porque utiliza este argumento para exaltar Roma e Augusto, procurando valorizar tanto os feitos do imperador quanto os feitos mais remotos do seu povo.
Desta forma, o poeta conseguiu realizar a tarefa que Augusto lhe incumbira, compondo a epopeia latina por excelência, capaz de equiparar-se à Ilíada e à Odisseia, consagradas epopeias homéricas.
Todavia, esta não era a única preocupação da Eneida: Virgílio procurou retratar, também, os valores e virtudes que fundamentavam a sociedade latina, fazendo, assim, uma síntese das correntes de pensamento em difusão em Roma, e as práticas religiosas que prevaleceram de 44 a.C. a 14 d. C., época de Augusto, considerada a de maior prosperidade para a religião romana.
A Poesia Trágica Grega
Será iniciado com uma visão da peça trágica Medeia, na perspectiva de Pier Paolo Pasolini.
A poesia lírica na Grécia antiga
A poesia lírica foi a expressão literária mais marcante do Período Arcaico, ligada diretamente ao desenvolvimento social da pólis e ao florescimento cultural que acompanhou o processo de migração grega para a Ásia Ocidental e para as ilhas do Egeu.
A qualificação "lírica", usada até hoje, foi criada durante o Período Helenístico; na época clássica era correntemente usada a palavra "mélica" (gr. μελικn), que vem de μελος, "canto acompanhado de música", de onde se formou a palavra portuguesa melodia.
Recorria-se também com frequência à palavra "ode" (gr. wιδn), que significa canto. Havia dois tipos principais: a lírica monódica, declamada em geral pelo próprio poeta acompanhado pela música de um só instrumento (a lira, por exemplo); e a lírica coral, apresentada por um coro, com ou sem acompanhamento musical.
Os mais importantes viveram entre a primeira metade do século -VII e a primeira metade do século -V, nas primeiras décadas do Período Clássico. Segundo os eruditos alexandrinos, havia um cânone de nove poetas líricos, cujos nomes foram conservados pela Antologia Palatina (AP 9.571):
Álcman, Alceu, Safo, Estesícoro, Píndaro, Íbico, Anacreonte, Simônides, Baquílides
Muitos outros poetas importantes têm sido estudados e divulgados nos últimos anos, graças a descobertas papirológicas. Com exceção das odes triunfais de Píndaro e de Baquílides, no entanto, somente uns poucos poemas completos e outros tantos fragmentos chegaram até nós.
A Elegia
É uma das formas mais antigas. Conservou fortes ligações com a poesia épica, sua antecessora, e deve ter sido em sua origem um canto litúrgico acompanhado de música para, entre outras coisas, enterros e banquetes fúnebres. O metro utilizado era o dístico elegíaco. Havia vários tipos de poesia elegíaca:
a elegia guerreira,
a elegia amorosa,
a elegia moral e filosófica,
e a elegia gnômica.
O declamador era, em geral, acompanhado por um tocador de aulos. Entre os principais representantes estão Calino de Éfeso, Tirteu de Esparta, Mimnermo de Cólofon, Sólon de Atenas e Teógnis de Mégara.
O lambo
A poesia iâmbica é também bastante antiga e se caracterizava pelo tom pessoal, pela alegria de viver e pela sátira, o que a distancia significativamente da poesia épica. O acompanhamento habitual era também o aulos; esse gênero, no entanto, nem sempre era apresentadocom acompanhamento musical.
O metro mais usado era o trímetro iâmbico, embora nas sátiras em geral também se usasse o dístico elegíaco com certa frequência. Principais representantes: Arquíloco de Paros, Semônides de Amorgos e Hipônax de Éfeso. O mais antigo e o mais considerado pelos antigos foi Arquíloco.
A canção
A poesia cantada com acompanhamento musical, também conhecida por ode ligeira e mélica, muitas vezes se confunde com a própria denominação genérica "lírica monódica".
Os poetas mélicos cantavam principalmente o amor e os prazeres da vida e, além de cantar, tocavam geralmente também o bárbitos, instrumento semelhante à lira, mas com sete cordas ao invés de quatro.
A métrica desses poemas era muito variada e habitualmente característica de cada autor. Os versos eram agrupados em estrofes[1] e cada tipo de estrofe recebeu, em geral, o nome do poeta que a utilizava: sáfica (Safo de Lesbos), alcaica (Alceu de Mitilene), e anacreôntica (Anacreonte de Teos).
Elementos Essenciais da Tragédia Grega
Hybris
Sentimento que conduz os heróis da tragédia à violação da ordem estabelecida através de uma ação ou comportamento que se assume como um desafio aos poderes instituídos (leis dos deuses, leis da cidade, leis da família, leis da natureza).
Pathos
Sofrimento, progressivo, do(s) protagonista(s), imposto pelo Destino (Anankê) e executado pelas Parcas (Cloto, que presidia ao nascimento e sustinha o fuso na mão; Láquesis, que fiava os dias da vida e os seus acontecimentos; Átropos, a mais velha das três irmãs, que, com a sua tesoura fatal, cortava o fio da vida), como consequência da sua ousadia.
Ágon
Conflito (a alma da tragédia) que decorre da hybris desencadeada pelo(s) protagonista(s) e que se manifesta na luta contra os que zelam pela ordem estabelecida.
Anankê
É o Destino. Preside às Parcas e encontra-se acima dos próprios deuses, aos quais não é permitido desobedecer-lhe.
Peripécia
Segundo Aristóteles, "Peripécia é a mutação dos sucessos no contrário". Assim, poderemos considerar um acontecimento imprevisível que altera o normal rumo dos acontecimentos da ação dramática, ao contrário do que a situação até então poderia fazer esperar.  
Anagnórise (reconhecimento)
Segundo Aristóteles, "o reconhecimento, como indica o próprio significado da palavra, é a passagem do ignorar ao conhecer, que se faz para a amizade ou inimizade das personagens que estão destinadas para a dita ou a desdita." Aristóteles acrescenta: "A mais bela de todas as formas de reconhecimento é a que se dá juntamente com a peripécia, como, por exemplo, no Édipo." O reconhecimento pode ser a constatação de acontecimentos acidentais, trágicos, mas, quase sempre, se traduz na identificação de uma nova personagem, como acontece com a figura do Romeiro no Frei Luís de Sousa.
Catástrofe
Desenlace trágico, que deve ser indiciado desde o início, uma vez que resulta do conflito entre a hybris (desafio da personagem) e a anankê (destino), conflito que se desenvolve num crescendo de sofrimento (pathos) até ao clímax (ponto culminante). Segundo Aristóteles, a catástrofe "é uma ação perniciosa e dolorosa, como o são as mortes em cena, as dores veementes, os ferimentos e mais casos semelhantes."
Katharsis (Catarse)
Purificação das emoções e paixões (idênticas às das personagens), efeito que se pretende da tragédia, através do terror (phobos) e da piedade (eleos) que deve provocar nos espectadores.
A tragédia, a mais antiga obra literária representada por atores em espaço especializado, o teatro, é um dos mais importantes gêneros literários legados pela Grécia Antiga. Do século -IV em diante, a tragédia entrou em franco declínio e só iria recuperar parte de seu antigo esplendor dois milênios depois - mas as obras de Shakespeare (1564/1616), de Racine (1639/1699) e de outros autores são, na realidade, formas evoluídas da tragédia.
“Ter inventado a tragédia é um glorioso mérito, e esse mérito pertence aos gregos”. (ROMILLY, 1998)
O gênero trágico, em sua forma mais pura, só subsiste na obra dos três grandes poetas atenienses:
Ésquilo (-525/-456)
Sófocles (-496/-405)
Eurípides (-485/-406)
Das oitenta tragédias compostas por Ésquilo restam-nos, desgraçadamente, apenas sete; das cento e vinte de Sófocles, temos igualmente apenas sete; dentre as oitenta obras dramáticas de Eurípides, somente dezessete tragédias e um drama satírico sobreviveram.
Os Grandes Tragiógrafos Gregos
Uma divertida introdução à arte grega
Ésquilo
“Ésquilo foi o primeiro a elevar de um para dois o número dos atores; diminuiu a importância do coro e fez do diálogo protagonista.” (Aristóteles, Po. 1449 a.15)
O mais antigo dos poetas trágicos cuja obra chegou até nossos dias. Aristóteles sustentava que foi ele o verdadeiro criador da tragédia ática e, para os atenienses, era uma verdadeira instituição.
Embora somente tragédias inéditas fossem habitualmente admitidas nos festivais de Atenas, depois da morte de Ésquilo suas obras eram frequentemente reapresentadas — às custas da cidade — e chegaram a ser premiadas várias vezes nos concursos.
As mais importantes fontes de informações sobre a vida de Ésquilo são a ‘Vita anônima’. Sabe-se de certo apenas que nasceu em -525 em Elêusis, perto de Atenas, e que morreu em -456 na Sicília, em Gela.
Era provavelmente de família aristocrática e seu pai chamava-se Eufórion. Segundo a tradição, lutou contra os persas em Maratona (-490) e em Salamina (-480).
Já em vida, seu prestígio era grande. A tradição registra pelo menos duas e talvez três viagens à Sicília, sede de algumas das mais poderosas poleis da época, para apresentar suas peças: a primeira em -476/-475, a segunda provavelmente entre -471 e -456 e, com certeza, lá estava ele em -456, quando morreu.
Seu túmulo tornou-se local de peregrinação e, em meados do século -IV, uma estátua sua foi colocada no centro do teatro de Dioniso, em Atenas.
Ésquilo reduziu a primitiva importância do coro e acrescentou um segundo ator, tornando possível o diálogo entre os personagens e a ação dramática. É provável que tenha também introduzido aperfeiçoamentos no vestuário e nos cenários, a julgar pela dificuldade técnica de algumas de suas encenações.
Em As Rãs, comédia representada em -405, Aristófanes compara Ésquilo e Eurípides, com vantagem para o primeiro. Apesar do tom jocoso, várias características da obra esquiliana são reconhecidas e mencionadas. É um raro testemunho da impressão que o poeta causou naqueles que viveram (quase) em sua época.
Sófocles
Sófocles, o segundo dos poetas trágicos canônicos, foi ainda em vida o mais bem sucedido autor de tragédias do século -V. Consta que obteve o maior número de vitórias nos concursos dramáticos de Atenas.
Os atenienses veneravam Ésquilo e compreendiam apenas em parte Eurípides; mas amavam Sófocles apaixonadamente.
Desde sua primeira vitória, aos 28 anos, Sófocles foi festejado e homenageado como o maior dos poetas trágicos. De acordo com a tradição biográfica, participou ativamente da vida pública de Atenas.
Nasceu perto de Atenas, em Colono, por volta de -496; era de família abastada, mas não aristocrática; o pai chamava-se Sófilos. Viveu sempre em Atenas e lá morreu, nonagenário, em -406/-405.
Era bem apessoado e afável; consta que foi amigo de Péricles e de Heródoto e que Íofon, seu filho, e Áriston, seu neto, foram tragediógrafos de renome. Diz-se que, meses antes de sua morte, ao saber que Eurípides morrera, vestiu o coro de preto e, em lágrimas, deu ao público a notícia.
Características da obra
A poesia de Sófocles é simples e elegante, nobre mas sem pompa; algumas das mais belas linhas da poesia grega são de sua autoria.
O personagem sofocliano é um ser humano ideal, dotado dos mais elevados atributos humanos. Seu caráter, habilmente delineado pelo poeta, frequentemente contrasta com o de outros personagens. Como se costuma dizer, ao teocentrismo de Ésquilo opunha-se o antropocentrismo de Sófocles.
Das tragédias sobreviventes, apenas o Filoctetes pôde ser datado com precisão. Note-se queÉdipo Tirano é mais conhecida pela tradução incorreta, Édipo Rei.
Édipo Rei (mais corretamente: Édipo Tirano) — de Sófocles é, entre nós, a mais célebre e a mais representada das tragédias gregas. Tanto o filósofo Aristóteles, na Antiguidade, quanto os dramaturgos franceses do século XVII consideravam-na a mais bem construída das tragédias gregas.
A data exata desta tragédia de 1530 versos não é conhecida; estima-se a primeira apresentação entre -429 e -425. Sabe-se que Sófocles foi contemplado em segundo lugar no concurso dramático e que o primeiro lugar coube a um certo Filocles, possivelmente sobrinho de Ésquilo.
Na poderosa cidade de Tebas reinavam Édipo, o matador da Esfinge, e a rainha Jocasta. Diante de uma grave epidemia, o rei consulta o Oráculo de Delfos e descobre que a causa da peste é a presença na cidade do desconhecido assassino de Laio, rei anterior e primeiro marido de Jocasta.
Ao investigar a morte do antigo rei, ocorrida anos antes, Édipo acaba descobrindo que Laio era seu pai; que ele, Édipo, o havia matado e que estava, portanto, casado com a própria mãe. Jocasta, desesperada, se mata; Édipo cega a si mesmo e parte para o exílio.
Medeia
A tragédia Medeia foi representada pela primeira vez nas Dionísias Urbanas de -431, ano em que começou a Guerra do Peloponeso. Nesta tragédia, Eurípides nos transmitiu um dos mais interessantes e mais emocionantes retratos das forças antagônicas que governam a alma humana.
Medeia, a personagem principal, luta com todas as forças e todas as armas contra as adversidades que a acometem. Jasão e Medeia, expulsos de Iolco após a morte de Pélias, vivem agora em Corinto com seus dois filhos.
O rei de Corinto, Creonte, convence Jasão a abandonar Medeia e se casar com sua filha; para tanto, expulsa Medeia e os dois filhos da cidade. Egeu, rei de Atenas, concede asilo a Medeia, mas a feiticeira decide se vingar de Jasão. Primeiro, através de um ardil, mata Creonte e a filha dele; a seguir, mata os próprios filhos e foge, finalmente, em um carro alado cedido pelo deus Hélio, seu avô.
A imitação trágica
J.P. Vernant, em seus estudos sobre tragédia, diz que seu domínio próprio:
“situa-se nessa zona fronteiriça em que os atos humanos articulam-se com as potências divinas... pode bem continuar a escrever peças, inventando ele mesmo a trama segundo um modelo que crê conforme às obras de seus grandes predecessores...” , mas não haverá mais o especificamente trágico após essa época.
No século III a.C, Aristóteles, na Poética, texto cuja intenção é expor a essência da tragédia, irá defini-la como uma arte (téchne) entre muitas outras, e sendo a arte, imitação (mímesis), diz:
“... A tragédia é imitação de uma ação nobre e completa (práxeos spoudaías kaì teleías) tendo uma certa grandeza (mégethos)... 
A imitação de uma ação é mito (mýthos). Nomeio mito (mýthos) a síntese de ações (sýnthesin tôn pragmáton); nomeio caráter (éthe) as ações que permitem que qualifiquemos aqueles que agem; e afinal, digo que pensamento (diánoian) é o que nas palavras ditas traz um exposto ou exprime um conhecimento (gnómen)...”.
A palavra teatro tem derivação dos verbos theatrídzo (expor para todos verem, daí, expor em cena) e theáomai (contemplar). O substantivo theatós significa o que é visível, digno de ser contemplado.
Nesta aula, você:
- Compreendeu a criação da literatura grega antiga com a Odisseia e a Ilíada, de Homero, e a épica latina.
- Aprendeu os significados e as características principais da poesia lírica grega e latina.
- Analisou aspectos da tragédia na Grécia.

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