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AP2 GABARITO Literatura Portuguesa I 2016 1

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Federal Fluminense
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ
Disciplina: Literatura Portuguesa I
Coordenador: Maria Lúcia Wiltshire de Oliveira
AP 2 – 2016. 1 - GABARITO
Aluno(a): _______________________________________________________
Polo: _______________________________ Matrícula ________________
Nota: _______________
Instruções:
Escreva à tinta (azul ou preta) e com a maior legibilidade possível. 
Não escreva em tópicos. 
Escreva as respostas em texto coerente e coeso, em registro linguístico compatível com o trabalho acadêmico formal.
Utilize o mínimo de 10 (dez) e o máximo de 15 (quinze) linhas para cada resposta. 
Devolva a folha de perguntas junto com as respostas. 
Boa prova!
Esta prova vai versar sobre testemunho e metamorfose, duas palavras que marcam os escritores estudados nas aulas 17, 18, 19 e 20.
Questão 1 – Jorge de Sena
Se testemunho é uma das palavras-chave para lermos Jorge de Sena, também o é transformação – ou metamorfose, que, no plural, dá título à mais conhecida obra do poeta. Metamorfoses (1963), junto com o livro Arte da música (1968), é paradigma seniano de escritas em (e para) transformações. Veja o que Sena escreveu sobre um quadro de Van Gogh e comente a sua inovadora arte poética. 
Não é no entanto uma cadeira aquilo
que era mobília pobre de um vazio quarto
onde a loucura foi piedade em excesso
por conta dos humanos que lá fora passam,
(…)
Não é, não foi, nem mais será cadeira:
Apenas o retrato concentrado e claro
de ter lá estado e de ter lá sido quem
a conheceu de olhá-la, como de assentar-se
no quarto exíguo que é só cor sem luz
e um caixote ao canto, onde assinou Vincent.
 
(SENA, Jorge de. Poesia II. Lisboa: Edições 70, 1988, pp. 115-116)
				A Cadeira Amarela, de Van Gogh.
				http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Vincent_Willem_van_Gogh_138.jpg
Resposta possível
A resposta deverá discutir o que é testemunho e o que é metamorfose em Jorge de Sena. Para isso deve se valer do fragmento do poema que, de modo eckfrástico, comenta uma obra de arte, A cadeira Amarela com a qual ele se identifica. No poema Sena flagra a transformação que Van Gogh faz de uma simples cadeira, tornando-a outra coisa: “Não é no entanto uma cadeira aquilo (…)”. Deixando de ser cadeira, ela ganha o estado de objeto que concentra todos os atos que a transformaram de cadeira em obra de arte pelo pintor que nela projetou muitos outros sentidos para além de um objeto no qual se senta: “Não é, não foi, nem mais será cadeira:/Apenas o retrato concentrado (…)” . Trata-se de uma representação intensa, forte, da própria alma do pintor dilacerado pela “piedade em excesso” pelos humanos. A cor amarela juntamente com o estado vazio da cadeira criam no espectador a sensação de que aquela cadeira ganhou alma e nos afronta, como num espelho.
Questão 2 – Maria Gabriela Llansol
Se na literatura portuguesa a viajem é representada como testemunho da grandeza ou da decadência da pátria, na escrita de Maria Gabriela Llansol ela adquire o sentido de rompimento com a lingua impostora e a entrada no território livre da imaginação onde todas as metamorfoses e desvios são possíveis. 
Veja o que a escritora diz no livro Finita e a partir daí comente o seu novo projeto de escrita iniciado com O livro das comunidades. 
Sinto-me como alguém que viaja em país estrangeiro, por não me sentir, de modo algum, ligada a uma nação. Na Bélgica, sinto-me menos em terra alheia talvez porque está explícito que nenhum laço de origem política me liga a este país. Sem país em parte alguma, salvo no vazio em que me dei a uma comum idade. Comum idade real por imaginária, e imaginária por verdadeira. 
(LLANSOL, Maria Gabriela. Finita. Lisboa: Assírio & Alvim, 2006, p. 72).
Resposta possível:
A resposta deverá comentar como tema da viagem aparece na obra de Llansol, de modo bastante diverso das representações do passado identificadas às viagens físicas marítimas e terrestres da pátria portuguesa, trazidas à tona, de Camões a Fernando Pessoa ou Sofia de Mello Breyner Andresen. Como vemos no fragmento, a escritora renega qualquer laço impostor representado pela ideia de nação e de língua nacional. Mas não se trata de negar apenas a sua nacionalidade mas de qualquer nacionalidade que sempre é aprisionante. Mesmo numa terra estrangeira, onde viveu e produziu boa parte da sua obra de rompimento, ela se diz “Sem país em parte alguma” porque rompeu com as “ficções” do patriotismo lusitano. Escolheu o vazio para então criar pela imaginação, não um país, mas uma comunidade (comum idade) mais significativa, mais “real” porque é “imaginária” e por isso mesmo “verdadeira” e não uma mentira de má fé com que os donos do poder manipulam os cidadãos em nome de valores patrióticos muitas vezes falsos. 
Questão 3 – José Saramago
Saramago aproxima as noções de viagem e de escrita em que o escritor é como o viajante que se exercita na recolha de elementos da realidade. Ele se inspira no modelo narrativo de Garrett, de onde extrai a epígrafe a seguir que abre Levantado do chão (1979), seu primeiro romance de caráter testemunhal. 
E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infância, à ignorância crapulosa [de crápula], à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? 
(GARRETT, Almeida. Viagens na minha terra. Rio de Janeiro: Editora Três, 1973.1973, p.36; reproduzido em SARAMAGO, José. Levantado do chão. São Paulo: Difel, 1982.)
Comente e ilustre o projeto literário de Saramago como testemunho de sua época, valendo-se de um e apenas um de seus romances. 
Resposta possível
Trata-se de uma pergunta que permite respostas diversas desde que o aluno considere um e apenas um dos romances de Saramago. Ao escolher o romance, a reposta deve mostrar o caráter testemunhal do autor contra a dominação dos ricos sobre os pobres, o que dá à sua obra, um tom fortemente ético de angajamento social. A dimensão política deve ser explorada no romance escolhido pelo aluno. Se o romance a comentar é o próprio Levantado do chão, a resposta deverá mostrar como se dá o conflito político no enredeo, que classes estão em oposição, como se dá a luta e a vitória, tendo por base as personagens que representam os vários polos em conflito. Se o romance é o Memorial do convento, a resposta deve mostrar as injustiças sociais cometidas pela classe dominante (o monarca D. João V e sua corte), os atos de opressão ao povo e as formas de luta usadas pelo trio de personagens libertárias, apesar de derrotadas.

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