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Módulo 3 – Recuperação Judicial e Extrajudicial

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25/06/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/15
 
Módulo 3 – Recuperação Judicial e Extrajudicial
 
1. Considerações gerais:
 
                Desde 1945, o sistema jurídico conviveu com a Lei de Falência e
Concordata  (LFC),  que  recebeu  poucas  modificações.  A  LFC  tornou­se
obsoleta  perante  o  dinamismo  dos  fatos  econômicos  e  suas  consequências
sociais. O direito concursal envelhece prematuramente e, por isso, necessita
de atualização sucessiva a curto prazo.
                                Quando  as  empresas  quebram,  as  fazendas  públicas  não
arrecadam, os credores não recebem e os empregados ficam desempregados,
por isso, o direito reclamava uma nova sistemática concursal.
                               A Lei de Recuperação de Empresas (LRE) não é propriamente
agente de transformação, mas um mecanismo legal de sintonia, dependendo
de  políticas  econômicas,  políticas  sociais,  labor  doutrinário,  compreensão
jurisprudencial  e  de  previsíveis  alterações  para  compatibilizar  o  mundo
econômico e o mundo jurídico em constante distonia.
                Deve­se distinguir a crise econômica, financeira e patrimonial da
empresa, embora uma desencadeia a outra.
                                A  crise  econômica  é  a  retração  considerável  nos  negócios
desenvolvidos pela sociedade empresária (ex. se os consumidores reduzirem
a  aquisição  de  produtos  ou  serviços,  o  empresário  varejista  pode  sofrer
queda  de  faturamento).  A  crise  financeira  revela­se  quando  a  sociedade
empresária  não  tem  caixa  para  honrar  seus  compromissos.  É  a  crise  de
liquidez  (as  vendas  podem  estar  crescendo  e  o  faturamento  satisfatório  e,
portanto, não existir crise econômica ­, mas a sociedade empresária pode ter
dificuldades de honrar suas obrigações, porque ainda não amortizou o capital
investido nos produtos mais novos, está endividada em moeda estrangeira e
foi surpreendida por uma crise cambial). A crise patrimonial, por sua vez, é a
insolvência, isto é, a insuficiência de bens do ativo para atender à satisfação
do passivo.
                Em geral, determinada sociedade empresária está em crise após a
manifestação  das  três  formas  pela  qual  se manifesta.  A  queda  das  vendas
acarreta falta de liquidez e, em seguida, insolvência.
                                Algumas  empresas,  porque  são  tecnicamente  atrasadas,
descapitalizadas ou possuem organização administrativa precária, devem ser
encerradas.  Assim,  a  recuperação  da  empresa  não  deve  ser  buscada  a
qualquer custo, pelo contrário, as más empresas devem falir.   
                                A  LRE  disciplina  as  recuperações  e  a  falência,  com  nítida
preferência  pela  primeira.  Da  leitura  de  seus  dispositivos  legais  conclui­se
que a falência só deve ser adotada em último caso.  
25/06/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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                                A  LRE  abre  dois  caminhos  para  o  devedor:  a  recuperação
extrajudicial, posteriormente homologada pelo juiz; e a recuperação judicial.
Em  ambas,  é  decisiva  a  intervenção  dos  credores,  concordando  ou
discordando, revendo propostas e sugerindo alternativas. Estabelece­se com
isso um processo dialético, sempre iniciado pelo devedor, mas que, em face
de  planos  alternativos  propostos  pelos  credores,  pode  acolher  ou  não  tais
propostas.
                A concordata preventiva não deixou de existir. É uma das formas
de recuperação empresarial, só que não condicionada a prazos e percentuais
legais,  vinculada  exclusivamente  ao  que  for  pactuado  entre  credores  e
devedor (art. 50, I, da LRE).   
                                São  características  das  recuperações:  flexibilização  dos
procedimentos  preventivos;  ampliação  da  participação  dos  credores;  maior
amplitude  nas  possibilidades  de  acordo  entre  credores  e  devedor;
manutenção do privilégio dos créditos  trabalhistas e acidentários; mitigação
da  função  jurisdicional;  adoção  de  novos  mecanismos  para  superação  das
crises  empresariais;  simplificação  dos  procedimentos;  e  reformulação  da
função administrativa.
                Os objetivos da recuperação extrajudicial e judicial são iguais:
saneamento  da  crise  econômico­financeira  e  patrimonial,  preservação  da
atividade econômica e dos postos de trabalho, bem como o atendimento aos
interesses dos credores.
 
2. Recuperação Judicial:
                Quem se encontra em crise econômico­financeira não pode mais
pleitear o favor legal da concordata preventiva. Contudo, o agente econômico
que  se  encontra  em  regime  de  concordata  preventiva  continuando
observando  as  regras  da  Lei  de  Falências,  se  não  optar  pelo  ingresso  no
sistema da recuperação judicial, ou seja, se possuir os requisitos necessários
para tal. O § 2º do art. 192 declara que a existência de pedido de concordata
anterior  à  Lei  de  Recuperação  de  Empresas  não  obsta  o  pedido  de
recuperação  judicial  pelo  devedor,  desde  que  este  não  tenha  deixado  de
cumprir  obrigação  da  concordata.  Os  créditos  submetidos  a  concordata
devem ser inscritos, por seu valor original, na recuperação judicial, abatidas
as parcelas pagas pelo concordatário.
                Nos processos de falência em andamento na data da vigência da
Lei de Recuperação de Empresas, não será possível a obtenção de concordata
suspensiva,  simplesmente  porque  esta  não  existe  mais,  como  alternativa
legal  à  falência.  Na  sistemática  da  Lei  de  Recuperação  de  Empresas,  a
recuperação judicial só é cabível em caráter preventivo da falência.
                Conforme o art. 198, os devedores que, nos termos da legislação
específica,  estão  proibidos  de  requerer  concordata  também  não  podem
postular nenhuma espécie de recuperação.
                Até a entrada em vigor da LRE, a antiga LF permanece em vigor
como  diploma  subsidiário  da  Lei  nº  6.024/74  referente  à  liquidação
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extrajudicial de  instituição  financeira, da Lei nº 9.514/97, do Decreto­lei nº
73/66 e do Decreto­lei 2.321/87.
                A LRE aplica­se às falências decretadas em sua vigência com base
no art. 162 (convolação de concordata preventiva em  falência) da atual Lei
de  Falências.  Ex.  Se  o  juiz  decretar  a  falência  do  devedor  que  postulou  a
concordata,  em  face  da  ocorrência  de  impedimentos,  da  falta  de  condições
para a concordata ou de  inexatidão documental, a  falência será regida pela
LRE.
                Da mesma forma, na concordata preventiva em curso com base
na lei anterior, a convolação em falência por falta de pagamento de parcela
da  concordata  (art.  175,  §  8º  da  LF)  determina  a  incidência  da  LRE.  Do
mesmo modo, quando na concordata preventiva, o juiz declarar a falência do
devedor. Claro que nesses casos assiste ao devedor o direito de agravar de
instrumento, mas sem efeito suspensivo.
                O CPC e o CPP são fontes subsidiárias da LRE, o primeiro por força
do art. 189, o segundo com base no art. 188, naquilo que forem compatíveis.
3. Processo da Recuperação Judicial:
                                O  processo  da  recuperação  judicial  se  divide  em  três  fases
distintas.  A  primeira,  que  pode  ser  chamada  de  fase  postulatória.  Ela  tem
início  com  a  petição  inicial  de  recuperação  judicial  e  se  encerra  com  o
despacho  judicial mandando  processar  o  pedido.  A  segunda  fase,pode  ser
chamada de deliberativa, após a verificação de crédito, discute­se e aprova­
se  um  plano  de  reorganização.  Tem  início  com  o  despacho  que  manda
processar  a  recuperação  judicial  e  se  conclui  com  a  decisão  concessiva  do
benefício.  A  terceira  fase  é  chamada  de  fase  de  execução,  compreende  a
fiscalização  do  cumprimento  do  plano  aprovado.  Começa  com  a  decisão
concessiva  da  recuperação  judicial  e  termina  com  a  sentença  de
encerramento do processo.
1)      3.1. Fase Postulatória
                A fase postulatória do processo de recuperação compreende, via
de regra, dois atos apenas: a petição inicial (com a instrução exigida por lei)
e o despacho do juiz mandando processar a recuperação. Se a  instrução do
pedido  não  tiver  observado  a  lei,  o  processo  poderá  ser  arrastado  pelo
período solicitado para apresentação de documentos ou por determinação do
juiz, para emendar a petição inicial.
                O MP não participa da fase postulatória. A lei prevê que ele será
intimado apenas se o juiz determinar o processamento do pedido ou decretar
a falência do requerente.
               Sujeito Ativo
Só  tem  legitimidade  ativa  para  o  processo  de  recuperação  judicial  quem  é
sujeito passivo do pedido de falência. A lei só defere a recuperação judicial a
quem pode falir.
                A recuperação judicial só tem lugar se o titular da empresa em
crise o quiser. Se credores, trabalhadores, sindicatos ou órgão governamental
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tiverem um plano  para  a  reorganização  da  atividade  econômica  em  estado
pré­falencial, não se poderá dar início ao processo de recuperação judicial se
o devedor não tiver interesse ou vontade de fazê­lo.
                                São  sujeitos  ativos  para  o  pedido  de  recuperação  judicial  o
empresário  individual  e  as  sociedades  empresárias.  As  sociedades  em
comum,  de  economia mista,  cooperativa  ou  simples  não  podem  pleitear  a
recuperação  judicial  porque  não  estão  sujeitas  à  falência.  Também  estão
excluídas do benefício as  instituições  financeiras,  integrantes do sistema de
distribuição  de  títulos  ou  valores  mobiliários  no  mercado  de  capitais,
corretoras  de  câmbio  (Lei  nº  6.024/74,  art.  53),  seguradoras  (Dec­lei  nº
73/66,  art.  26)  e  as  operadoras  de  planos  privados  de  assistência  à  saúde
(Lei nº 7.565/86, art. 187).  
Para  legitimar­se ao pedido de recuperação judicial não basta ser exercente
de  atividade  econômica  sujeito  à  falência.  A  sociedade  empresária  deve
atender a mais quatro requisitos cumulativamente (art. 48 da LRE):
1)            a)  não  ser  falido  e,  se  o  foi,  estejam  declaradas  extintas,  por  sentença
transitada  em  julgado,  as  responsabilidades  daí  decorrentes  (inciso  I).  A
recuperação  judicial  só  é  concedida  para  os  devedores  em  estado  de  pré­
falência, não é concedida para quem já teve a falência decretada. Ainda que
a  sociedade  empresária  tenha  títulos  protestados  ou  mesmo  a  falência
requerida,  ela  tem  o  direito  de  pleitear  a  recuperação  judicial,  desde  que
esteja em crise econômica, financeira ou patrimonial.  
  b) exercer regularmente suas atividades a mais de 2 anos. Esse requisito diz
respeito ao tempo mínimo de exploração da atividade econômica exigido. Não
concede a lei à recuperação judicial aos que exploram empresa há menos de
2 anos, por presumir que a importância desta para a economia local, regional
ou nacional ainda não se consolidou.
 
3)           c) não ter, há menos de 5 anos, obtido concessão de recuperação judicial.
Não tem legitimidade para o pedido de recuperação judicial o devedor que a
obteve  há  menos  de  5  anos,  porque  sugere  falta  de  competência  para
exploração  da  atividade  econômica.  Quando  se  trata  de  microempresa  ou
empresa de pequeno porte o prazo é de 8 anos.
 
4)      d)  não  ter  sido  condenado  ou  não  ter,  como  administrador  ou  sócio
controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta lei. A
lei  considera  que  o  controle  ou  a  administração  da  empresa  em  crise  por
criminoso é indicativo de uso indevido do instituto.
 
Sempre  que  a  sociedade  empresária  cumprir  os  requisitos  de  legitimação
para  o  pedido  de  recuperação  judicial,  admite  a  lei  que  o  sócio minoritário
também o requeira.
 
               Petição inicial:
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A lei determina que a petição  inicial do pedido de recuperação judicial
seja necessariamente instruída com certos elementos e documentos (art. 51
da LRE):
a)        exposição das causas. Em instrumento apartado, que deverá acompanhar a
petição  inicial,  a  sociedade  empresária  devedora  exporá  as  causas  de  seu
estado  de  pré­insolvência,  isto  é,  os  motivos  que  a  levaram  à  crise
patrimonial,  econômica  e  financeira.  A  lei  determina  que  a  exposição
mencione  as  causas  concretas,  ou  seja,  as  que  atingem  diretamente  a
sociedade requerente. Afirmações genéricas relativas a recessão da economia
mundial,  os  altos  juros  bancários  ou  a  redução  do  consumo  em  função  do
aumento  do  desemprego  não  são  suficientes  à  exposição  das  causas  que
justificam o pedido de recuperação judicial.
               
                Se as razões das dificuldades dizem respeito a má administração,
para  a  reorganização  da  empresa  será  necessário  substituí­los;  se  estão
ligadas  ao  atraso  tecnológico,  dependerá  de  recursos  necessários  à
modernização  do  estabelecimento  empresarial;  quando  decorrem
exclusivamente  da  conjuntura  econômica  desfavorável,  a  recuperação  pode
ocorrer com a simples prorrogação no vencimento de algumas obrigações ou
corte de custos. Para cada empresa caberá adotar solução diversa em função
da causa de sua crise. Entre as causas concretas mencionadas pela sociedade
e o seu plano de reorganização deve existir um liame lógico e tecnicamente
consistente.  
                                Entretanto,  o  juiz  não  adentra  no mérito  da  exposição  ao
despachar  o  pedido  de  recuperação  judicial.  Desde  que  apresentado  o
diagnóstico,  atende­se  à  lei.  Na  verdade,  a  veracidade  e  consistência  das
causas são condições necessárias para que os credores aprovem o plano de
recuperação.  
b)             A lei exige que a sociedade empresária devedora instrua sua petição inicial
com  os  seguintes  documentos:  balanço  patrimonial,  demonstração  de
resultados  acumulados,  demonstração  de  resultado  desde  último  exercício
social e relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção.
A  devedora  deve  apresentar  as  demonstrações  contábeis  dos  3  últimos
exercícios  (balanço  patrimonial,  demonstração  de  resultados  acumulados  e
demonstração  de  resultado)  e  um  especialmente  levantado  para  a
recuperação (Seg. Fábio Ulhoa com data de no máximo 30 dias anteriores à
petição inicial).
O  acesso  dos  credores  a  essas  demonstrações  contábeis  servem  de
suporte  à  análise  financeira  da  sociedade  devedora  pelos  profissionais  da
área.
A sociedade empresária deve elaborar a  relação de credores e apresentá­la
na  instrução  do  pedido  de  recuperação  judicial.  A  lista  deve  ser  nominal  e
abranger  as  obrigações  pecuniárias,  como  também  as  de  fazer  ou  de  dar.
Exige­se a indicação do endereço do credor e a discriminação de cada crédito
em função da natureza, classificação, valor atualizado, origem, condições de
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vencimento e indicação do respectivo registro contábil. A data da relação de
credores deve corresponder à da distribuição do pedido em juízo (ou do dia
anterior, se impossível).
c)            A  devedora  deve  instruir  a  petição  inicial  com  o  rol  completo  de  seus
empregados, discriminando as  respectivas  funções. A  relação deve  informar
os salários, indenizações e outras parcelas a que os empregados têm direito e
o  respectivo mês  em que  ocorreu  o  vencimento  da  obrigação  empregatícia
(competência).
 A sociedade devedora deve  instruir a petição  inicial de recuperação judicial
com  seus  atos  constitutivos  (contrato  social  ou  estatuto)  devidamente
atualizados.  Deve  constar  também  os  atos  societários  de  eleição  dos
administradores  (ata  do  conselho  de  administração,  da  assembleia  geral,
documento apartado subscrito pelos sócios da limitada etc). 
 
e)  Apresentação da relação dos bens do sócio majoritário da sociedade limitada
ou  do  acionista  controlador  da  anônima  e  de  seus  administradores.  A
finalidade é propiciar aos credores o exame de algumas hipóteses de outorga
de  garantias  reais  ou  fidejussórias  pelos  sócios,  acionista  controlador  ou
administradores da sociedade devedora. A mencionada relação, no entanto,
pode  ser  substituída  por  declaração  de  exercício  do  direito  constitucional  à
privacidade pelo sócio, controlador ou administrador (inviolabilidade da vida
privada –art. 5º, X, da CF). 
 
f)               Devem ser exibidos com a petição os extratos bancários que  informem o
saldo credor ou devedor existente nas diversas contas de depósito na data da
distribuição  do  pedido  de  recuperação  judicial.  Também  devem  ser
apresentados  os  extratos  relativos  a  quaisquer  aplicações  financeiras,
incluindo fundos de investimento e bolsas de valores. A finalidade é informar
aos  credores  o  montante  de  ativos  financeiros  que  a  sociedade  devedora
dispõe. 
 
g)           A petição  inicial  deve  ser  instruída  com    certidões  de  protesto  expedidas
pelos cartórios das comarcas onde a sociedade empresária mantém sua sede
e filiais. O conteúdo das certidões não facilita, dificulta ou impede o acesso ao
benefício.
 
h)    Para possibilitar aos credores e aos profissionais, a completa mensuração do
potencial de recuperação da devedora. Da relação é necessário que conste a
estimativa atualizada dos valores objeto de demanda.
 
A escrituração mercantil da requerente.
Depositada ou não em cartório,  a  escrituração deve  ficar  à disposição do
juízo e do administrador judicial. Qualquer interessado, mediante autorização
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do  juiz poderá consultá­la. Fica, portanto, suspenso o benefício do sigilo da
escrituração mercantil (art. 51, §§ 1º, 2º e 3º).  
              
Despacho de processamento e seus efeitos
  
A simples distribuição do pedido de recuperação judicial produz o efeito
de  suspender  a  tramitação  dos  pedidos  de  falência  ajuizados  contra  a
sociedade  requerente.  Verifica­se  a  suspensão  se  a  petição  inicial  da
recuperação estiver instruída na forma da lei. A previsão legal da suspensão
do pedido de falência pelos simples ajuizamento da recuperação judicial serve
para a concretização de fraude.
Se a sociedade devedora não apresentar a totalidade dos documentos e
elementos  indispensáveis  à  regular  instrução  do  pedido  de  recuperação
judicial, ela pode apresentar o pedido incompleto e requerer ao juiz que lhe
conceda  prazo  para  a  complementação.  Se  deferido  o  prazo,  fica­se  no
aguardo das providências pela sociedade devedora.
 
Estando  em  termos  a  petição  inicial,  o  juiz  proferirá  despacho
mandando processar a recuperação judicial.
O  despacho  que  determina  o  processamento  da  recuperação  judicial
não  se  confunde  com  o  despacho  inicial,  este  limita­se  a  determinar  a
autuação do processo  e  ou,  no máximo,  a  emenda da petição.  Enquanto  o
despacho de processamento  reconhece a  legitimidade da  requerente para o
pedido e a regularidade da instrução da petição inicial.
 
Do  mesmo  modo,  não  se  confunde  o  despacho  que  determina  o
processamento  da  recuperação  judicial  com  a  decisão  concessiva  do
benefício.  Esta  última  será  proferida,  depois  na  conclusão  da  fase
deliberativa,  caso  seja  confirmada  a  viabilidade  da  empresa  em  crise.
O despacho de processamento, por sua vez, embora produza já os efeitos de
suspensão  das  ações  e  execuções  contra  a  sociedade  requerente,  apenas
inaugura a fase de deliberação com a constituição dos órgãos específicos da
recuperação judicial.
O conteúdo e os efeitos do despacho de processamento da recuperação
estão previstos na  lei e são os seguintes (art. 52 da LRE): a) nomeação do
administrador judicial;
b) dispensa do requerente da exibição de certidões negativas para o exercício
de  suas  atividades  econômicas,  exceto  no  caso  de  contrato  com  o  Poder
Público  ou  para  o  recebimento  de  benefícios  ou  incentivos  fiscais  ou
creditícios;
c)suspensão  de  todas  as  ações  e  execuções  contra  o  devedor,  exceto  as
exceções da lei;
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d)  determinação  à  devedora  de  apresentação  de  contas  demonstrativas
mensais, sob pena de destituição de seus administradores;
e) ordenará a  intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às
Fazendas  Públicas  Federal  e  de  todos  os  Estados  e  Municípios  em  que  a
requerente estiver estabelecida.       
                Proferida a decisão, será feita a publicação de edital na imprensa
oficial  (art.  52,  §  1º),  contendo  um  resumo  do  pedido  e  da  decisão  que
defere  o  processamento  da  recuperação  judicial;  a  relação  nominal  dos
credores, em que se descrimine o valor atualizado e a classificação de cada
crédito; advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos (art. 7º,
§  1º,  da  lei),  e  para  que  os  credores  apresentem  objeção  ao  plano  de
recuperação judicial (art. 55 da lei).
                No despacho de processamento, o juiz pode determinar, a pedido
dos  credores,  a  convocação  da  assembleia  geral  de  credores  para  a
constituição  do  Comitê  de  Credores.  Nada  impede  que  o  juiz  convoque  a
assembleia ex officio.
                Deferido o processamento da recuperação, o devedor dela não
pode mais  desistir,  salvo  com  a  anuência  da  assembleia  geral  de  credores
(art. 52, § 4º).
                Nem todas as ações e execuções promovidas contra a sociedade
requerente  da  recuperação  judicial  se  suspendem.  Assim,  continuam  a
tramitar: a) ações de qualquer natureza (cível ou trabalhista) que demandam
quantias ilíquidas; b) reclamações trabalhistas; c) execuções fiscais, caso não
concedido o parcelamento na forma da lei específica a ser editada nos termos
do art.  155­A, §§ 3º e 4º,  do CTN; d)  execuções promovidas por  credores
absolutamente  não  sujeitos  à  recuperação  judicial  (isto  é,  pelos  bancos
titulares  de  crédito  derivado  de  antecipação  aos  exportadores  (ACC),
proprietário  fiduciário,  arrendador  mercantil  ou  o  vendedor  ou  promitente
vendedor de imóvel ou de bem com reserva de domínio).    
                É temporária a suspensão das ações e execuções em virtude do
despacho que manda processar o pedido de recuperação judicial. Cessa esse
efeito  quando  verificado  o  primeirodos  seguintes  fatos:  a)  aprovação  do
plano  de  recuperação  ou  b)  decurso  do  prazo  de  180  dias,  contados  do
deferimento do processamento da recuperação (art. 6º, § 4º). Desse modo, a
sociedade  empresária  requerente  como  seus  credores  têm  todo  o  interesse
em  agilizar  a  tramitação  do  processo.  Do  lado  da  devedora,  apenas  se  ela
obtiver a votação do plano de recuperação pela Assembleia dos Credores no
prazo de 180 dias conseguirá alcançar o objetivo pretendido com a medida de
recuperação judicial. Do lado dos credores, se retardarem injustificadamente
a apreciação do plano, expõem­se ao risco de nada receberem em razão da
provável  falência da  requerente, decorrente do prosseguimento dos pedidos
que se encontravam suspensos.
                Compete à devedora requerente informar a ordem de suspensão
dada  no  despacho  de  processamento  da  recuperação  judicial  aos  juízes
perante os quais tramitam as ações e execuções que deverão ser suspensas
(art. 52, § 3º).
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Na recuperação judicial:
                                O  comitê  é  órgão  facultativo  na  recuperação  judicial.  Sua
constituição  e  operacionalização  dependem  do  tamanho  da  atividade
econômica em crise. Ele deve existir apenas quando a sociedade empresária
devedora  explora  atividade  que  possa  absorver  as  despesas  com  o  órgão.
Quem decide se o órgão deve ou não existir são os credores da sociedade em
recuperação judicial, reunidos em assembleia.
                A principal competência do comitê é fiscal. Cabe aos membros
desse  órgão  fiscalizar  tanto  o  administrador  judicial  como  a  sociedade  em
recuperação  judicial,  antes  e  depois  de  concedida  esta.  Para  isso,  os
membros do comitê  têm  livre acesso às dependências, a escrituração e aos
documentos  da  sociedade  empresária.  Sempre  que  constar  qualquer
irregularidade,  o  comitê,  por  voto  da  maioria  dos  seus  membros,  deve
encaminhar ao juiz as providências que entender pertinentes.
                Além da competência fiscal, a que presta contas mensalmente, o
comitê  pode  eventualmente  exercer  outras:  elaboração  de  plano  de
recuperação alternativo ao apresentado pela sociedade empresária devedora
e  deliberação  sobre  as  alienações  de  bens  do  ativo  permanente  e  os
endividamentos necessários à continuação da atividade empresarial, quando
determinado  pelo  juiz  o  afastamento  dos  administradores  da  empresa  em
crise.
                Nas recuperações judiciais que não houver comitê, as atribuições
desse órgão são exercidas pelo administrador judicial.  
 
3. 2 Fase Deliberativa:
 
Verificação dos Créditos
                A fase de deliberação do processo de recuperação judicial inicia­se
com  o  despacho  de  processamento.  O  principal  objetivo  dessa  fase  é  a
votação  do  plano  de  recuperação  da  sociedade  empresária  devedora.  Para
que essa votação se realize, como providência preliminar, é  indispensável a
verificação dos créditos.
Na  falência,  a  verificação dos  créditos é  condição para a apuração do
passivo  a  ser  satisfeito  na  execução  concursal;  na  recuperação  judicial  sua
finalidade é restrita à legitimação para participar da Assembleia dos Credores
e no peso proporcional de seus votos.
A  verificação  dos  créditos  na  recuperação  judicial  é  feita  pelo
administrador  judicial  e  segue  o  mesmo  procedimento  estabelecido  para  a
falência.  
 
Objeção (art. 55) – Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao
plano de recuperação judicial no prazo de 30 dias contado da publicação da
relação  de  credores  do  §  2º  do  art.  7º  da  lei  (relação  de  credores
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apresentada  pelo  administrador  judicial).  Havendo  objeção  ao  plano  de
recuperação  judicial,  o  juiz  convocará  a  assembleia  geral  de  credores  para
deliberar sobre o plano de recuperação.  
                Os credores que impugnarem o plano têm o ônus de demonstrar
que sua materialização lhes causaria mais perdas que a outros credores, ou
mesmo a outras categorias de credores.
                               É sempre possível que a  fundamentação  tenha como base a
fraude no mecanismo de aprovação do plano, por exemplo, a prestação de
informações  falsas  ou  a  ocultação  de  dados  essenciais  relativos  à  empresa
em recuperação.
 
Impugnação  (art.  8º)  –  No  prazo  de  10  dias,  contado  da  publicação  da
relação  de  credores    apresentada  pelo  administrador  judicial,  o  Comitê,
qualquer credor, o devedor ou os seus sócios ou o Ministério Público podem
apresentar  impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência
de qualquer crédito ou manifestando­se contra a legitimidade, importância ou
classificação  de  crédito  relacionado.  A  impugnação  será  processada  nos
termos dos arts. 13 a 15 da lei.               
 
O Plano de Recuperação Judicial
A sociedade devedora deve apresentar o Plano de Recuperação Judicial
no prazo de 60 dias, contados da publicação do despacho de deferimento do
processamento (art. 53 da LRE).
                Depende exclusivamente do plano de recuperação a realização ou
não dos objetivos associados ao instituto, ou seja, a preservação da atividade
econômica e o cumprimento de sua função social.  
                               O plano de recuperação judicial deve  indicar pormenorizada e
fundamentadamente  o  meio  ou  meios  pelos  quais  a  sociedade  empresária
devedora  deverá  suportar  as  dificuldades  que  enfrenta.  A  consistência
econômica  do  plano  está  diretamente  relacionada  ao  adequado  diagnóstico
das  razões  da  crise  e  de  sua  natureza  (se  econômica,  financeira  ou
patrimonial) e à adequação dos remédios indicados para o caso.
No  tocante  à  alteração  das  obrigações  da  beneficiária,  a  lei  se
preocupou em estabelecer 4 balizas:
1ª) Os créditos trabalhistas e acidentários vencidos na data da apresentação
do pedido de  recuperação  judicial  devem ser pagos no prazo máximo de 1
ano  (art.  54).  Também  não  poderá  fixar  prazo  superior  a  30  dias  para  o
pagamento  dos  créditos  estritamente  salariais  vencidos  nos  3  meses
anteriores  ao  pedido.  O  limite  desse  pagamento  é  de  5  (cinco)  salários
mínimos por trabalhador (art. 54, parágrafo único);
2ª)  A  lei  prevê  a  possibilidade  de  parcelamento  do  crédito  fiscal  na  forma
autorizada  pelo  CTN.  Esse  diploma  legal  contempla,  em  seu  art.  155­A  e
parágrafos,  que  uma  lei  específica  a  ser  editada  disporá  sobre  o
parcelamento. Enquanto não  for editada essa norma, a  recuperação  judicial
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não  importará  nenhuma  mudança  no  perfil  do  passivo  fiscal  da  sociedade
requerente.
3ª)  Se  o  plano  prevê  a  alienação  de  bens  onerados  (hipotecados  ou
empenhados),  a  supressão  ou  substituição  da  garantia  real  depende  da
expressa aprovação do credor que a titulariza. Para a simples supressão ou
substituição de uma garantia  real,  é  suficiente que o plano  de  recuperação
judicial seja aprovado. Mesmo que o titular da garantia não tenha votado em
favor  do  plano,  sua  aprovação  basta  para  a  supressão  ou  substituição.  Se,
porém,  for  prevista  a  alienação do bem como meio de  recuperação  judicial
será indispensável a concordância do credor titular da garantia real. Se vier a
ser decretada a falência da sociedadedevedora, a garantia real suprimida ou
substituída  no  plano  de  recuperação  judicial  se  reestabelece  por  completo.
Entretanto, se o bem onerado for vendido, não ocorrerá o reestabelecimento
da  garantia.  Dessa    forma,  somente  a  alienação  da  coisa  hipotecada  ou
empenhada depende da  anuência  expressa  do  titular  da  garantia, mas não
sua mera supressão ou substituição.      
4ª)  Nos  créditos  em  moeda  estrangeira,  sua  conversão  para  a  moeda
nacional  (conversão  da  variação  cambial  como  parâmetro  de  indexação)
depende  de  expressa  concordância  do  titular  do  crédito.  Se  o  credor  de
obrigação  contratada  em  moeda  estrangeira  não  concordar,  o  plano  de
recuperação judicial não poderá prever sua conversão à moeda nacional por
critério diverso do contratado.
                Com exceção dos créditos acima mencionados, todos os demais
créditos  titularizados  contra  a  sociedade  requerente  da  recuperação  judicial
podem  ser  objeto  de  amplas  alterações  no  valor,  forma  de  pagamento,
condições de cumprimento da obrigação e etc.
 
O plano de recuperação judicial deve conter (art. 53, I, II e III):
a)           detalhamento dos meios de recuperação a ser empregados (art. 50), e seu
resumo;
b)      demonstração da viabilidade econômica; e
c)       laudo econômico­financeiro e de avaliação do ativo do devedor.
 
                O plano deve abordar a discriminação pormenorizada dos meios
de recuperação e a demonstração da viabilidade econômica. Além disso, ele
deve  vir  acompanhado  de  dois  laudos  subscritos  por  contador  ou  empresa
especializada: o de avaliação patrimonial e o econômico­financeiro. O  laudo
de  avaliação  patrimonial  diz  respeito  aos  bens  da  sociedade  devedora  que
compõem  o  ativo  indicado  no  balanço  levantado  especialmente  para  a
ocasião.  Trata­se  de mensuração  importante  na  verificação  da  consistência
das  demonstrações  contábeis  exibidas  pelo  requerente  da  recuperação
judicial. Deve abranger bens móveis,  imóveis, eventuais direitos suscetíveis
de apropriação contábil ou alienação (marcas, patentes e etc).
                Já o laudo econômico­financeiro é relativo ao potencial de geração
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de  negócios  da  empresa  em  crise.  Trata­se  de  mensuração  bem  mais
complexa  que  a  do  patrimônio  e  deve  processar­se,  basicamente,  pelo
modelo de fluxo de caixa descontado.
                Os credores podem elaborar planos alternativos, para apresentar
na  objeção  (se  pretender  discutir  a  viabilidade  do  plano  da  devedora)  ou
diretamente  na  Assembleia  dos  Credores.  O  Comitê,  caso  instalado,  ou  o
administrador judicial também tem legitimidade para apresentar à assembleia
plano alternativo de recuperação judicial. A lei não obriga, mas convém que
os planos alternativos atendam aos mesmos requisitos estabelecidos para o
plano da requerente, isto é, aborde os mesmos temas e indique, se houver,
as críticas aos laudos.   
                Cabe à Assembleia dos Credores, tendo vista o apresentado pela
devedora  e  eventual  proposta  alternativa  que  lhe  tenha  sido  submetida,
discutir  e  votar  o  plano  de  recuperação.  Novas  propostas  e  sugestões  de
aperfeiçoamento também podem ser levantadas na própria Assembleia pelos
credores presentes, cabendo ampla negociação entre os envolvidos.
                A lei estabelece quórum de deliberação qualificado para a votação
do plano de recuperação. A aprovação do plano de recuperação deve ocorrer
em todas as classes de credores: na classe II e III (titulares de créditos com
garantia  real  ou  privilégio  especial  e  titulares  de  créditos  quirografários  ou
com  privilégio  geral),  o  plano  deverá  ser  aprovado  por  credores  que
representem  mais  da  metade  do  valor  total  dos  créditos  presentes  e,
também, pela maioria  simples dos credores presentes; na classe  I, o plano
deverá  ser  aprovado  pela  maioria  simples  dos  credores  presentes,
independentemente do valor de seu crédito.   
                Se, por exemplo, numa das classes II ou III estiverem presentes à
Assembleia Manuel (cujo crédito é $ 31), Márcio ($10) e Evandro ($ 20), para
que o plano de recuperação seja aprovado nessa instância, será necessária a
concordância  de  Manuel  (que  sozinho  titulariza  a  maioria  dos  créditos
presentes  da  classe)  e  de  pelo menos mais  um  credor, Márcio  ou  Evandro
(para  que  se  verifique  também  a  maioria  dos  credores  presentes,
independentemente  do  valor  dos  seus  créditos).  Faltando  uma  ou  outra
condição,  o  plano  não  é  aprovado  nessa  classe  e,  por  conseqüência  está
rejeitado. 
 
                Não participa da votação do Plano de Recuperação Judicial  e não
integra, por isso, o quórum de deliberação, o credor cujo direito não for por
ele  afetado.  Se  houver mais  de  um  plano  em  votação,  e  apenas  um  deles
alterar o direito de determinado credor, ele participa apenas da votação deste
e não do outro. Essa exclusão da base de cálculo do quórum de deliberação
do plano justifica­se no pressuposto da lei de que o credor não atingido pela
proposta  de  reorganização  da  empresa  não  teria  nenhum  interesse  no
resultado da votação.
                A lei fornece ao juiz uma alternativa para aprovação do plano de
recuperação  judicial  que  não  obteve  aprovação  na  forma  com  base  no
quórum  qualificado  de  deliberação.  Trata­se  do  plano  que  recebeu
cumulativamente na Assembleia (art. 58, § 1º, I, II e III):
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a)            voto  favorável  de  mais  da  metade  do  total  dos  créditos  presentes,
independentemente das classes de seus titulares;
b)      aprovação do plano por duas das classes de credores ou, caso haja somente
duas classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos uma delas;
e
c)        na classe que rejeitou o plano, este tenha obtido o voto favorável de mais
de 1/3 (um terço) dos credores.
 
                Em suma, três podem ser os resultados da votação na assembleia: 1) aprovação do plano de
recuperação, por deliberação que atendeu ao quórum qualificado da lei; 2) apoio ao plano de recuperação,
por deliberação que quase atendeu a esse quórum qualificado; 3) rejeição de todos os planos discutidos.
No primeiro caso, o juiz limita­se a homologar a aprovação do plano pelos credores; no segundo, ele terá a
discricionariedade para  aprovar  ou não o  plano que quase  alcançou o quórum qualificado;  no  terceiro,
deve decretar a falência da sociedade requerente da recuperação judicial.    
  
Exercício resolvido:
Quais são as fases da recuperação judicial?
O processo da recuperação judicial se divide em três fases distintas. A primeira, que pode ser chamada de
fase postulatória. Ela tem início com a petição inicial de recuperação judicial e se encerra com o despacho
judicial  mandando  processar  o  pedido.  A  segunda  fase,  pode  ser  chamada  de  deliberativa,  após  a
verificação de crédito, discute­se e aprova­se um plano de reorganização. Tem início com o despacho que
manda processar a recuperação judicial e se conclui com a decisão concessiva do benefício. A terceira fase
é chamada de fase de execução, compreende a fiscalização do cumprimento do plano aprovado. Começa
com  a  decisão  concessiva  da  recuperação  judicial  e  termina  com  a  sentença  de  encerramento  do
processo.
 
Exercício 1:
Sobre a recuperação judicial, além do devedor não ser falido ou ter sentença de falência extinta,
também é necessário que:
A ­ não tenha obtidoconcessão de recuperação judicial nos últimos 05 anos. 
B ­ não ter sido condenado, ou não ter sócio condenado, a qualquer dos crimes previstos na Lei
11.101/2005. 
C ­ não ter obtido concessão de recuperação judicial por plano especial nos últimos 08 anos. 
D ­ Todas as alternativas acima, de forma cumulativa. 
E ­ nenhuma situação prevista nas alternativas acima será necessária. 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
A ­ ...........
B ­ ...........
C ­ ...........
D ­ ...........
Exercício 2:
25/06/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 14/15
Sobre a recuperação judicial:
A ­ em qualquer hipótese, somente o devedor poderá requerer a recuperação judicial. 
B ­ as obrigações assumidas anteriormente a recuperação judicial observarão novas condições de
cumprimento após o início da recuperação judicial. 
C ­ com a recuperação judicial cessam os direitos e privilégios dos credores com relação aos fiadores. 
D ­ todos os créditos existentes na data do pedido, estão sujeitos à recuperação judicial, mesmo aqueles
ainda não vencidos 
E ­ os créditos não vencidos na data do pedido não estão sujeitos à recuperação judicial.   
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
C ­ ..............
D ­ ..............
Exercício 3:
A respeito da recuperação extrajudicial assinale a alternativa CORRETA:
A ­ os credores trabalhistas, tributários, titulares de posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou
imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóveis cujos respectivos
contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, e de proprietário em contrato de
venda com reserva de domínio e o credor decorrente de adiantamento de contrato de câmbio para
exportação, não serão atingidos pelo plano de recuperação extrajudicial ; 
B ­ para simplesmente procurar seus credores e tentar encontrar, junto com eles, uma saída negociada
para a crise, o empresário ou sociedade empresária precisará atender aos requisitos da Lei para a
recuperação extrajudicial; 
C ­ não haverá qualquer requisito a ser preenchido pelo empresário e a sociedade empresária para
requerer a homologação do acordo de recuperação extrajudicial; 
D ­ a desistência da adesão ao plano por parte do credor poderá ocorrer a qualquer momento,
independentemente da distribuição do pedido de homologação;     
E ­ os credores trabalhistas, tributários, titulares de posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou
imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóveis cujos respectivos
contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, e de proprietário em contrato de
venda com reserva de domínio e o credor decorrente de adiantamento de contrato de câmbio para
exportação, serão atingidos pelo plano de recuperação extrajudicial ; 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A ­ ..................
Exercício 4:
Não são características das recuperações:
A ­ flexibilização dos procedimentos preventivos; 
B ­ ampliação da participação dos credores; 
C ­ maior amplitude nas possibilidades de acordo entre credores e devedor; 
D ­ manutenção do privilégio dos créditos trabalhistas e acidentários; 
E ­ impossibilidade da reformulação da função administrativa. 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
D ­ ...............
25/06/2015 UNIP ­ Universidade Paulista : DisciplinaOnline ­ Sistemas de conteúdo online para Alunos.
http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 15/15
E ­ ...............
Exercício 5:
A lei determina que a petição inicial do pedido de recuperação judicial deverá:
A ­ conter a exposição das causas em instrumento apartado, que deverá acompanhar a petição inicial; 
B ­ expor somente de forma genérica as causas do estado de pré­insolvência; 
C ­ ter apenas afirmações genéricas, como por exemplo, relativas à recessão mundial; 
D ­ conter o plano de reorganização, o qual não precisará ter um liame lógico e tecnicamente consistente;
E ­ ter apenas a alegação do requerente de redução do consumo em função do aumento do desemprego
para justificar o seu estado pré­falimentar. 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
E ­ ..................
A ­ ..................

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