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Carreiras Públicas Superior Matéria: Direito Empresarial Professor: Marcello Iacomini Data: 25/09/2014 Aula: 3 Carreiras Públicas Superior Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Títulos de Crédito 2. Falência e Recuperação Judicial (Lei 11101/05) 1. Títulos de Crédito: São documentos necessários para o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado. São pedaços de papéis que relacionam débitos e créditos entre pessoas; Os papéis têm a característica de executividade (maneira que se tem para cobrar); Ao apresentar o título o devedor deve pagar. Permitem fomentar a atividade econômica sem ter dinheiro em mãos. Só emite quem quer e só recebe quem quer. Princípios Cambiados: Câmbio = título. Há 3 princípios norteadores: a) Cartularidade: Necessidade de estar de porte do título para invadir o patrimônio do devedor, ou seja, o credor deve estar de posse física do título para poder iniciar o processo judicial. b) Literalidade: Todas as relações precisam estar escritas no título para assegurar as pessoas que negociam o crédito. c) Autonomia: Se numa relação cambiária contiver um vício (defeito), este vício não contaminará as demais relações. Exemplo: 2 de 8 I. Nota Promissória: Estrutura: É uma promessa de pagamento efetuada pelo emitente em face do beneficiário, comprometendo-se a pagar determinada quantia em determinada data. Exemplo: Obs.: ao escrever atrás do título, vincula o negócio jurídico ao título e, quando este circula, pode discutir com o “C”. O crédito circula por meio do endosso. Endosso é o ato cambiário pelo qual o endossante transfere o seu crédito ao endossatário por meio de uma simples assinatura no verso do título (atrás do título). 3 de 8 A finalidade do endosso é transferir crédito, mas, como consequência, o endosso torna o endossante codevedor. O título fica mais forte cada vez que é endossado (vai adicionando mais devedores). O endosso pode ser de 2 espécies: Em preto: o endossante coloca o nome do endossatário; Em branco: o endossante simplesmente assina sem colocar o nome do endossatário. Depois de determinado o beneficiário, passa a circular ao portador. Endosso-mandato: Legitima um terceiro a cobrar; Procuração no próprio título; Transfere o título, mas não transfere o crédito. Endosso-caução: Entrega do título como garantia. O aval é o ato cambiário pelo qual o avalista garante o pagamento do título nas mesmas condições do avalizado (assinatura na frente do título). No intuito de não transformar os títulos de crédito em moeda, o legislador impõe que o nome do beneficiário deverá constar nos títulos, salvo cheque no valor inferior a R$ 100,00. II. Cheque (Lei 7357/85): Estrutura: Cheque é uma ordem de pagamento à vista efetuada pelo emitente em face do banco (sacado) em virtude de provisão que o emitente possui junto a instituição financeira, tendo como beneficiário determinada pessoa. O endosso parcial é nulo; o aval parcial é admitido. 4 de 8 Art. 32, Lei 7357/85: qualquer menção feita no cheque com a intenção de transformá- lo numa promessa de pagamento é considerada inválida. A lei proíbe que o banco possa endossar ou avalizar o cheque (art. 18, § 1º e art. 29). No entanto, o banco pode ser emitente de cheque administrativo (art. 9º). Cheque administrativo dá maior confiança para quem recebe. Prazos: O cheque é um título que possui vários prazos. O 1º prazo pertinente ao cheque é denominado prazo de apresentação ao banco sacado. O art. 33 da Lei 7357/85 impõe que o portador deverá apresentar o título ao banco em 30 dias quando sua emissão ocorrer no mesmo município em que deva ser pago; será de 60 dias, o prazo de apresentação, quando o cheque for emitido em município diverso do qual deva ser pago. O desrespeito a estes prazos acarreta na perda do direito de promover ação judicial contra os endossantes e respectivos avalistas (art. 47, II). 30 dias + 6 meses = prescrição; 60 dias + 6 meses = prescrição. Após o prazo de apresentação, o credor terá 6 meses para promover ação judicial contra o emitente. III. Duplicata Mercantil (Lei 5474/68): Estrutura: A duplicata mercantil é uma ordem de pagamento efetuada pelo sacador/vendedor em face do sacado/comprador devido a uma compra/venda mercantil ou prestação de serviços. 5 de 8 A duplicata mercantil só pode ser criada se houver uma compra/venda mercantil ou uma prestação de serviços (é um título que depende de uma causa). A emissão de duplicata mercantil é facultativa, mas o seu registro em livro é obrigatório (Livro de Registros de Duplicata Mercantil). A duplicata mercantil é uma exceção ao princípio da catularidade (não é necessário ter o título em mãos para promover a cobrança). 2. Falência e Recuperação Judicial (Lei 11101/05): Falência: É um processo judicial de execução coletiva do patrimônio do empresário ou da sociedade empresária. Finalidade: “Par conditio creditorum”: a falência serve para chamar todos os credores no mesmo local e dar um tratamento igualitário. Requisitos: a) Estar diante de um empresário (PF) ou sociedade empresária (PJ). Quem não for empresário ou sociedade empresária não pode falir (ex.: cooperativas, sociedade que não visam lucro, sociedade simples); No art. 2º da Lei 11101/05, o legislador, por motivos diversos, exclui algumas sociedades empresárias do processo falimentar e da recuperação judicial, são elas: I. Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista (ex.: Petrobrás, Correios); II. Bancos; Para as instituições financeiras existe um procedimento inicial próprio denominado Liquidação Extrajudicial de Instituição Financeira. Nesta liquidação, o BACEN nomeia um interventor que avaliará a situação financeira do banco e, se for constatado que o passivo da instituição atingir determinado valor, o interventor solicitará a falência do banco (Lei 6024/74). III. Seguradoras; Também possuem procedimento inicial próprio. 6 de 8 IV. Cooperativas de Crédito; V. Consórcios; VI. Sociedades Operadoras de Plano de Saúde; VII. Institutos de Previdência Privada. b) Ser insolvente; A insolvência para fins falimentares se caracteriza por uma das seguintes razões: I. Impontualidade (art. 94, I, 11101/05); O empresário é impontual quando não paga no vencimento título vencido cuja soma ultrapasse 40 salários mínimos. II. Execução frustrada (Art. 94, II, 11101/05); Se o empresário for acionado em uma ação judicial e não pagar, não depositar e não depositar bens à penhora é considerado insolvente. III. Atos de falência (Art. 94, III, “a” a “g”, 11101/05). São situações que, se ocorrerem, fazem presumir que o empresário é insolvente. c) Sentença judicial que decrete a falência; O processo falimentar se inicia com a sentença que decreta a falência e terá como principal objetivo arrecadar todos os bens que se encontram em poder do falido para que possam efetuar o pagamento dos credores. Quem arrecadará esses bens é o administrador judicial (art. 21, 11101/05). Pagamento: O legislador dividiu os créditos em: concursais (art. 83, 11101/05) e extraconcursais (art. 84, 11101/05). Os créditos concursais são aqueles que surgem antes da sentença de falência, já os extraconcursais surgem após a sentença de falência. Por uma questão administrativa, os créditos extraconcursais deverão ser pagos antes dos concursais. Créditos Concursais (ordem de pagamento): 7 de 8 I. Créditos trabalhistas até 150 salários mínimos (por trabalhador) e créditos de acidente de trabalho; II. Créditos com garantia real (bancos); São aqueles em que as partes vincularam determinado bem para servir de garantia aos credores (hipoteca); O crédito das instituições financeiras oriundos do chamado Adiantamento do Contrato de Câmbio (ACC) são devolvidos ao banco logo após o decreto de falência, desde que a massa falida possua esses recursos (art. 86, II, Lei 11101/05). III. Créditos fiscais; São créditos de origem tributária e créditos de origem não tributária, desde que incluídos na chamada Certidão da Dívida Ativa da Fazenda. O art. 186, CTN determina que os créditos da União devem ser pagos em 1º lugar, depois os créditos dos Estados e DF e, por fim, o crédito dos Municípios. IV. Créditos com privilégio especial (art. 964, CC); V. Créditos com privilégio geral (art. 965, CC); VI. Créditos quirografários; Créditos que não possuem nenhum tipo de garantia (comuns); Créditos trabalhistas que excederam 150 salários mínimos. VII. Multas contratuais; VIII. Créditos subordinados. Crédito do sócio em face da sociedade. Recuperação Judicial: É um meio legal posto à disposição do empresário para que este possa superar a sua crise econômico-financeira e, assim, afastar a sua possível falência. No Brasil, somente o empresário devedor poderá solicitar a sua recuperação judicial. Art. 198 e 199, Lei 11101/05: aqueles que estavam proibidos de requerer a concordata também estão proibidos de requerer a disposição judicial, salvo para as Companhias Aéreas. 8 de 8 Requisitos: I. Estar escrito na Junta Comercial por pelo menos dois anos; II. Não ser falido; Mesmo que solicitada a falência do empresário, ele poderá se defender apresentando o pedido de recuperação judicial. III. Não ter obtido o benefício nos últimos 5 anos; IV. Não ter sido condenado pela prática de crime falimentar, nem ter como acionista controlador ou administrador pessoas condenadas por esses crimes. Obs.: as microempresas e empresas de pequeno porte poderão solicitar o chamado “Plano Especial de Recuperação Judicial” (art. 70, 71 e 72, Lei 11101/05). O plano especial é mais célere, pois é o juiz que decidirá se o empresário tem ou não direito. O plano especial só obriga os credores quirografários e só pode ser solicitado de 8 em 8 anos. O plano de recuperação judicial é solicitado ao juiz competente que apenas avaliará se o empresário cumpre os requisitos legais listados acima. Obs.: o mérito da recuperação judicial não é mais atribuição do juiz, mas sim da competência dos credores. São os credores que decidirão se o empresário tem ou não direito à recuperação judicial. O plano de recuperação poderá negociar com todos os credores, salvo com a Fazenda Pública. Art. 68, Lei 11101/05: o empresário poderá prever o parcelamento da dívida tributária com a Fazenda Pública.
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