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DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA PENAL- Otavio Serra Negra

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TÍTULO IX
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
        Art. 286 CP- Incitar, publicamente, a prática de crime:
        Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
- Nomen Iuris: Incitação ao crime
Porque tal conduta foi elevada à categoria de crime? A mera, a pura, a simples incitação, independentemente de práticas futuras, o simples incitar é crime. Porque o legislador abriu um título próprio para tratar sobre isso. Então a paz, a tranquilidade pública é protegida pelo legislador. E por esses motivos, os crimes de incitação, a apologia e a associação criminosa são considerados crimes. 
- Tipicidade:
 Núcleo:
Incitar significa: provocar, açular.
Publicamente: perante um número indeterminado de pessoa.
Exemplo: estou numa praça, subo num banco, começo a incitar as pessoas que circulam nessa praça a praticarem furtos, roubos, etc.
O legislador pune esse tipo de conduta, não é um direito seu falar o que bem entende. Você não pode incitar a pratica de delito, que é diferente do direito opinião garantido constitucionalmente, você pode exercer um direito de opinião, o que você não pode e aí depende das palavras que você empregar, da forma que você empregar, determinar que alguém faça, provocar a prática.
No exemplo aconteceu perante um número indeterminado de pessoas. Se eu fizer exatamente a mesma coisa em sala de aula, não haveria crime, porque a conduta praticada seria perante um número determinado de pessoas, e ela tem que se dirigir a um número indeterminado.
Direito de Opinião: 
Ex.: marcha da maconha – consumir substancia entorpecente é crime. As pessoas estão lá, centenas, porque elas não respondem penalmente pelo 286?, porque elas não estão incitando a fumar, elas estão externando o seu pensamento sobre o consumo de drogas, acreditando elas que essa conduta deveria ser descriminalizada, estão exercendo o direito delas de opinião.
Incitar, publicamente, a prática de crime
Infração Penal é o gênero que se divide em 2 espécies: crime e contravenção.
O legislador empregou a espécie e não o gênero, logo, se houver incitação a prática de contravenção o fato é atípico.
Ex: incitar as pessoas a jogar o jogo do bicho. Jogo do bicho é uma contravenção penal que está prevista no Decreto 3688/41.
Sujeitos:
- Ativo- qualquer pessoa
- Passivo- a coletividade. Porque o bem jurídico tutelado é a paz pública, então obviamente por via de consequência o sujeito passivo não é somente pessoa determinada, mas todas as pessoas são vítimas desse delito. Porque a ideia do legislador é a seguinte: no momento em que alguém incita publicamente a pratica de crime você não sabe as consequências que isso pode tomar, pode ser um efeito cascata. Então todos nós somos atingidos a partir do momento em que é praticado esse crime.
- Consumação:
Se dá com a prática da incitação, no momento que incitou consumou. 
Pode se dar verbalmente, por escrito, panfletos, gestos. 
* Ocorrendo o resultado? 
Não há necessidade da ocorrência daquilo em que está se incitando. Ex.: eu em praça pública digo as pessoas praticaram saques em supermercados, no momento em que eu disser isso está consumado, mesmo que as pessoas que ouviram isso pensem: mais um louco. E se algum mongoloide gostar da ideia e vier a praticar o crime incitado, ele que responderá pelo crime, e a pessoa que incitou responde pela incitação em concurso material (somam-se as penas) com roubo, mas no roubo não sou executor, eu sou participe (porque eu induzi).
- Tentativa:
É possível. Salvo se for feita verbalmente.
ATENÇÃO: Desde que não seja feita verbalmente. Porque esse crime é um crime de ação livre, ele admite todas as formas.
Porque ou você diz e há a incitação e está consumado, ou você nada diz e não há.
- Ação Penal: Pública Incondicionada.
Obs.: Elemento subjetivo: esse crime só admite o dolo.
Se a incitação for de brincadeira não há crime, tem que ser doloso.
 Art. 287 CP - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime:
       Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
- Nomen Iuris: Apologia de crime ou criminoso
-Tipicidade:
- Núcleo:
Fazer: realizar
Apologia: enaltecer, elogiar
Fazer esse enaltecimento, essa apologia.
Aspecto Espacial: publicamente – perante um número indeterminado de pessoas. Se estivermos num número reservado de pessoas não há que se falar em crime, porque o bem jurídico tutelado é a paz pública.
Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime:
Pode ser uma coisa ou outra. 
Fato criminoso: tem que ser crime, não pode ser contravenção. Não pode ser um crime hipotético, tem que ser um crime que aconteceu. Ex.: você faz apologia do homicídio praticado por Darth Vaithen, isso não é apologia de crime, não é um crime fictício. Então apologia dos crimes praticados pelo Maníaco do Parque: O negócio é pegar as menininhas levar para o parque estuprar e depois matar. Isso é apologia. 
Autor de Crime: 
É crime e não pode ser contravenção.
O legislador diz autor, excluindo ao participe. Não haveria apologia se o enaltecimento fosse de participe, somente de quem executa, (autor ou coautor). Quando o legislador diz autor se estende ao coautor, porque coautoria é a pluralidade de autores.
Autor que exista, não fictício. Elogiar o Darth Vaithen tudo bem, mas o Marcola Líder do PCC ai sim tem crime.
Tem que o enaltecimento estar relacionado à pessoa enquanto criminosa. Porque ex.: o Marcola é um pai de família, se eu estivesse elogiando ele enquanto bom pai de família não haveria crime. 
- Sujeitos:
- Ativo: qualquer pessoa.
- Passivo: a coletividade
- Consumação:
Se verifica com a apologia, o enaltecimento, no momento em que é feito o elogio, independentemente das consequências que possam derivar disso. Independente de alguém achar interessando aquilo que estou dizendo e realizar.
Se alguém se espelhar e fizer? Aquele que fez responde pelo crime, e você que fez a apologia responde pela apologia e pelo crime na qualidade de participe do crime.
Este crime admite participação. O elogio é que é de autor e não de participe.
Então ...
Se eu enalteço alguém para as pessoas e algum debiloide gosta da ideia e se espelha na pessoa que estou enaltecendo e vem a praticar um homicídio. Eu respondo por autor do 287 e como participe do crime praticado por aquela pessoa, o homicídio.
Existe participação do delito do 287? Sim, existe. Então Juliana me induz a fazer o enaltecimento. Eu sou o autor do 287 e ela é participe. A questão da participação é somente de autor de crime, como elementar do dispositivo.
- Tentativa:
É possível, salvo se for feita verbalmente.
- Ação Penal: Pública Incondicionada.
        Art. 288 CP -  Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes:    
        Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.      
        Parágrafo único.  A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.
Esse delito foi alterado em 2013. E se chamava Quadrilha ou bando. Agora é associação criminosa. A quadrilha é quando a operação era na zona urbana e o bando na zona rural.
- Nomen iuris: Associação Criminosa
O legislador também em 2013 fez uma pequena alteração do dispositivo típico, antes o legislador dizia “associar-se mais de 3 pessoas”, agora é 3 ou mais.
- Tipicidade:
Núcleo:
Vínculo associativo: * estável * permanente
Associarem-se essa associação determina que tem que existir para eu ela ocorra, o que se chama vinculo associativo, para que haja esse vínculo associativo tem que haver estabilidade e permanência, ou seja, não é uma reunião de caráter eventual, ela é permanente, ela é estável. Pelo menos no momento em que ocorre a intenção é esta, o dolo é de estabilidade e de permanência.
Número mínimo: Associarem-se 3 ou + pessoas
O número mínimo é de 3. Significa que se houver uma associação de 2 pessoas não há o 288. Não existe número máximo.
Cometimento de crimes:
Associarem-se 3 ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes.
Não é umareunião, associação beneficente, não é uma associação de PTistas que provavelmente seria pra cometer crimes, mas quando eu digo política partidária precisa ser uma associação para o cometimento de crimes, não pode ser de contravenção. O legislador novamente empregou a espécie e não o gênero. 
Quando é que nós temos concurso de pessoas, associação criminosa, organização criminosa, máfia? Quando você pensa em reunião de pessoas, o legislador dá 3 tratamentos diversos, pode ser mero concurso de pessoas e pode ser uma associação criminosa. A diferença é que se é concurso de pessoas vai determinar uma agravante, uma causa de aumento de pena. Se for associação criminosa, é 288, é crime autônomo, que vai se somar ao crime que foi praticado.
Ex.: o roubo é praticado em concurso de pessoas, roubo com a pena aumentada de 1 terço. O roubo é praticado em associação criminosa, roubo em conc. material com o 288.
Então o simples fato de nós termos uma reunião de pessoas praticando crimes, tem que se perguntar qual o instituto que será melhor aplicado a essa reunião de pessoas. O simples concurso de pessoas, a associação criminosa, organização criminosa ou máfia. A nossa legislação não prevê de forma autônoma algo para organizações mafiosas, mas isso existe não no Brasil, mas estamos caminhando para isso.
Concurso de pessoas- Código Penal, parte geral
Quando a reunião das pessoas é em caráter eventual.
Ex.: Octavio diz a Juliana oi na rua e o que você acha de praticarmos alguns assaltos? Ela gosta da ideia, eles assaltam a menina na rua, e se despedem.
Associação Criminosa- art. 288 CP
Tem que ter vinculo associativo. As pessoas quando se reúnem, elas se reúnem com a intenção de que aquilo seja estável, permanente. Pode até se encerrar rapidamente, mas a intenção, o dolo é de estabilidade, de permanência, não há uma intenção de eventualidade. 
Ex: Octavio se volta pra juliana e pra Claudia e diz o que você acham de assaltarmos os bancos da Sumaré, elas dizem boa ideia e se reúnem para planejar tudo.
No momento que se formou essa reunião, ela foi alicerçada pela estabilidade e permanência, mesmo que ela seja depois rompida, não interessa porque o crime já se consumou.
Organização Criminosa- Lei autônoma
Tem aquilo que tem na associação criminosa, um algo a mais, a estrutura hierarquizada da relação. Uma org. criminosa é como se fosse uma empresa, só que a empresa do crime.
Então vejam a diferença, me volto pra Claudia e Juliana e vamos assaltar os bancos da Avenida Sumaré, vamos, nos reunimos e combinamos tudo. 
Eu sou o chefe do tráfico, a juliana é a gerente do tráfico, ela é a contadora e você é o aviãozinho. Aqui já temos algo a mais que uma mera associação, já temos uma estrutura toda montada de operação criminosa, delimitada a função de cada qual, profissional, com linha de comando. É uma empresa do crime.
A legislação Italiana separa as duas coisas, uma coisa é organização criminosa e outra é organização mafiosa.
O Brasil dá o tratamento igualitário, porque ainda não tem máfia.
O que determina uma organização ser criminosa é que já existe o entrelaçamento dela com o poder. Ela está ligada diretamente com o poder estabelecido. 
Na Itália temos juiz mafioso, promotor, policial, primeiro ministro mafioso. Ou seja, aquela organização não é meramente criminosa, ela já tem comandados dentro do estado que estão ligados a ela.
Associarem-se 3 ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes. Vamos pensar o seguinte, era um erro que existia na leg. Anterior e que o legislador moderno manteve. Assalto ao Banco Central de Fortaleza, várias pessoas se reuniram. Elas reúnem por furto qualificado na modalidade de escalada por terem feito um túnel. Em concurso com associação criminosa? O legislador cometeu um erro que foi mantido. Com o fim específico de cometer crimes, se for com o fim específico de cometer um único crime não há associação criminosa.
A finalidade tem que ser pra vários roubos, mesmo que só cometa um roubo.
Os 3 requisitos têm que estar preenchidos para que tenhamos este delito, se um único deles seja qual for não estiver caracterizado não há que se falar em associação criminosa, nós teremos concurso de pessoas, porque é uma progressão, concurso de pessoas, depois associação e depois organização.
- Sujeitos:	
- Ativo: qualquer pessoa (desde que esteja no número mínimo 3) em associação mínima.
* inimputável- ex.: eu, ju e clau formamos a associação para cometer crimes. Eu com 47 anos, clau com 28 e ju com 17. Temos associação criminosa? Sim, porque o legislador diz pessoas, pouco importando se é imputável ou inimputável, reconhecido ou não conhecido... sabe-se que a reunião foi de 3 pessoas.
- Passivo: a coletividade, como de todos os crimes deste título.
- Consumação: com a efetiva associação.
Vamos entender essa associação se materializando, ou seja, sendo efetiva:
Ex.: me volto para as duas e digo vocês topam assaltar os bancos da Avenida Sumaré? Elas toparam, só porque elas disseram sim, não temos a associação. Esta aceitação precisa se materializar com atos concretos que demonstrem a efetividade e a permanência, e não a mera aceitação. Elas se voltam para mim e dizem, mas precisamos marcar uma reunião para combinar tudo direitinho, quando, como, onde, então vai ser na minha casa... e elas vão. E lá nos reunimos e começamos a montar toda a estratégias dos assaltos futuros. Consumou-se o delito. Aqui nós temos a associação criminosa.
No dia seguinte as duas se voltam para mim e dizem que não querem mais, to de mal. Omo se dará a nossa responsabilização penal? 
Vamos pensar o seguinte: a pessoa morreu, ela não ressuscita. Consumou, dançou.
Nós nos reunimos, estabelecemos todo o planejamento, houve a efetiva associação, consumou-se o 288, nós já responderemos pelo 288, mas não fizemos mais nada, já respondemos pelo 288. Isso aqui não é concurso de pessoas que está ligado a realização do fato, não adianta eu me reunir ocasionalmente com ela e dizer que vamos assaltar a menina ali na frente e a gente muda de ideia, vamos responder por conc. De pessoas de que? De nada.
E se nós viessemos a realizar os assaltos? Responderemos pela associação em concurso com os assaltos.
- Tentativa: impossível
Não existe, porque ou você se associa e o crime está consumado ou não há associação.
A luz do inter criminis, onde está a associação? Nos atos preparatórios.
A ação criminosa na realidade é um ato preparatório, porque estamos preparando os assaltos ao banco. A rigor este fato deveria ser atípico. Não é atípico porque o legislador pegou um ato que é preparatório e elevou a categoria de crime consumado.
Ex: eu pego o picador de gelo, separo de manhã, e penso: vou matar a juliana. Tomo meu café, acaricio o gato, quando estou para sair eu penso: eu não vou matar ela não, mas eu já estava em ato preparatório não foi mera cogitação, porque eu separei a arma do crime, eu exteriorizei a vontade criminosa. Eu não respondo por nada, porque separar o picador de gelo não é um ato previsto na legislação criminal, esse ato preparatório é um fato atípico. Agora a associação criminosa tem previsão legal, então esse ato que é preparatório dos assaltos, o legislador já elevou a categoria de crime consumado. Aquilo que era ato preparatório ele jogou na consumação. Logo não há tentativa, não tem como ter a tentativa. Porque na realidade ele era ato preparatório na sua essência. E de ato preparatório passou a ser consumado. Então se não há a efetiva associação não há crime.
- Ação Penal: Pública Incondicionada.

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