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Resenha - Texto Rachando o Grupo

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Resenha: Rachando o grupo
Livro: Grupo: Afirmação de um simulado
O grupo surge como um recurso teórico- técnico ultrapassado, inadequado para as necessidades de hoje, que são as de espaços individualizados. 
Já em 1982, Saidón analisava através de uma pesquisa que o grupo era visto “como um recurso para tratar de pessoas de segunda categoria ou para que as atendam analistas de segunda categoria”. Assim como outros argumentos trazidos na psicologia, onde o grupo aparece, como um subgrupo, de tratamento mais barato e acessível á população com poucos recursos financeiros ou tratamento indicado para serviços públicos de saúde, pelas mesmas razões econômicas-financeiras, por atender mais gente em menos tempo. Outro argumento para as terapias grupais junto a população de baixa renda: é o fato de elas possibilitarem mecanismos de facilitação da comunicação e identificação entre os membros do grupo, já que estes circulam por códigos linguísticos semelhantes. 
O acontecimento de maio de 68 francês, traz consigo a ideia de ruptura, daquilo que não pode ser representado, que interrompe uma sucessão de fatos. Outra característica é que ele é datado, localizado, mas a fratura que ele produz pode irradiar em uma multiplicidade de outros acontecimentos ainda invisíveis, que esperavam a invenção de formas para sua atualização. Ele é regional, porque não funciona por generalização e universalização, mas por conexão, por contagio. Acrescentamos uma outra característica: não há sujeito no acontecimento, ninguém é seu autor exclusivo, as relações neste plano são públicas. Maio e 68 fez confluir uma série de correntes de pensamento, que se instituía a critica as formas de ser, de se organizar e viver. O que se colocava em processo era a emergência de outras formas de luta na produção de uma nova subjetividade. Colocando-se assim em analise certos modos de viver, de existir. 
É neste sentido que dizemos que o acontecimento de maio de 68foi um analisador, pois, ao irromper na história, ao produzir fraturas naquilo que estava cimentado, colocou em analise o que era uno, decompôs o que se apresentava como totalidade excludente_ política e desejo. 
Lourau afirma que “a análise institucional nasceu de uma crítica dos métodos de grupo centrados no grupo” (HESS,R.etal.,1988,p.167). A entrada da Psicossociologia americana, na França, durante as décadas de 50/60 desdobrou três grandes redes: a primeira que se aclimatou aos costumes e à cultura da francesa; a segunda, criticada pela psicanalise por seu enfoque conscientizador-adaptacionista; e a terceira, criticada pelos institucionalistas, por sua ideologia grupista de fechamento de análise sobre o próprio grupo. 
No diagrama da psicossociologia Francesa, encontramos linhas denominadas de acordo com seus estudiosos, tais como, linha E (Elton Mayo), M (moreno), L (Lewin) e C (Carl Rogers). Na linha E, o grupo se destaca como elemento propiciador das boas relações humanas, fundando a Psicossociologia Industrial. Logo, esta teoria cruza com a vinda da linha M: os procedimentos sociométricos. O grupo, aqui entra como configuração resultante de escolhas pessoais, segundo critérios de simpatia, antipatia e indiferença que quando respeitados, favoreciam a boa adaptação. Na linha L, o grupo é construído como objeto de pesquisa-ação, elemento importante de intervenção no campo social. 
Lewin criou o T-Group de diagnóstico, cuja a característica principal é o caráter não diretivo da experiência. O T-Group visa a realização de uma experiência de grupo que seja transformável em um conhecimento, o qual, por sua vez, transforme a própria experiência. É um trabalho de elaboração interna ao grupo enquanto tal. 
A linha C, pelo caráter não diretivo e pelo apelo a viver autenticamente cada situação, seja de aconselhamento psicológico, seja nos grupos de formação ou terapia. O grupo aparece como espaço propiciador de encontros entre pessoas, onde todos tem o livre direito a fala. 
No início dos anos 60, Lapassade aparece como um dos indicadores do movimento dos grupos na França, articulando grupos e organizações. Assim, aproximando-se da psicoterapia Institucional, que enfatizava a necessidade de analisar os efeitos institucionais sobre o funcionamento dos grupos. 
A psicossociologia americana, toma rumos próprios as condições Francesas, adaptando-se á sua cultura. Percebendo-se através da aplicação das técnicas de grupo ás situações, especialmente de formação. Desenhando um caráter clinico, marcado pela influência psicanalítica de muitos pesquisadores. Mostrando uma mistura de técnicas de grupo de base psicossociológica com aportes psicanalíticos. Esta orientação mais clínica do que experimental, vai contra a relação de tendências de desenvolvimento organizacional, adotado no pós-plano Marshall, tornando-se assim as intervenções de base psicossociológica menos predominantes. 
Os institucionalistas eram vários e, ainda que confluíssem em alguns pontos, se diferenciavam em muitos outros. Destaquemos o nome de François Tosquelles, psiquiatra espanhol que, durante a guerra civil em seu país, havia desenvolvido ações terapêuticas comunitárias. Tosquelles chega refugiado na França, e durante a segunda Guerra Mundial, desenvolve, no hospital de Saint-Alban, uma experiência que colocou em questão asa relações estabelecidas no hospital psiquiátrico. 
Em Saint-Alban, eram encontradas iniciativas cooperativistas, que proporcionava um campo propício a experimentações de outras formas de organização. A utilização de recursos tais como cooperativa de trabalho, jornal, grupo de pacientes e técnicos entre outras, mas especialmente a mistura de refugiados, camponeses e intelectuais, transformava o local de acolhida para refugiados, que em sua estadia ofereciam seus serviços aos pacientes e vice-versa. 
A intervenção grupalista de Tosquelles, visava nesta primeira fase da psicoterapia institucional a destecnocratização e deshierarquização do hospital-psiquiátrico, enquanto operador de uma psiquiatria clássica. Pretendendo- se humanizar os hospitais através do contato com a vida da população. Isso implicava descentralização e esvaziamento dos hospitais, através da criação de formas de atendimento distribuídas pelas cidades, coordenadas por um sistema de estruturas diferenciadas de acordo com as demandas. 
O caminho da desalienação do doente passava na criação de dispositivos que pudessem acionar a participação de todos na vida do hospital e implicassem questionamentos das concepções de doença mental, de modo que desenvolvesse críticas ao modo como o hospital e a psiquiatria estavam organizados. 
Uma das práticas trazidas dos Estados Unidos, foi o Psicodrama de Moreno que vai desempenhar um papel importante, assim como as técnicas de “psicoterapia ocupacional”. As técnicas grupais, tem como intuito transformar as relações sociais do hospital, buscando a criação de novas formas de organização, onde a separação entre os que cuidavam e os a serem cuidados fosse atenuada. Porém, a aqueles estudiosos como Bonnafé e Le Guillant, que acreditavam que este ambiente criado, traria ao doente o desejo de permanência naquele local, assim como uma dependência tendo em vista que não conseguira enfrentar a sociedade real. 
Na segunda fase da psicoterapia Institucional, encontramos a fase empírica, em torno de 1940, quando médicos psicoterapeutas procuravam modificar as relações entre médicos e pacientes, apoiados numa concepção de alienação vinda do marxismo, no pós-guerra. Nesta fase eram utilizadas técnicas grupais de orientação microssociológica, usadas como métodos de ressocialização dos doentes no interior do hospital. 
A segunda linha da psicoterapia institucional tem como destaque Felix Guattari, que foi convidado para desenvolver o comitê intra-hospitalar. A orientação de La Borde era caminhar no sentido de uma desagregação das relações aquele que trata/ aquele que é tratado, assim como das relações internas ao pessoal. Isso significa uma construção coletiva e permanente de dispositivos aptos a criarmodos de reapropriação de sentidos, favorecendo um processo de singularização na relação com o trabalho e a própria existência pessoal. 
A partir deste acontecimento, demarca-se uma análise institucional a psicoterapia institucional, já que está se restringia a ser uma” força exterior que coexistia pacificamente neste campo com o marxismo. A segunda demarcação se dá a partir dos “processos analíticos que não poderiam ser uma especialidade do campo da higiene mental. Este não era somente um novo conceito criado, mais uma nova proposta onde a analise não deveria ser propriedade de certas categorias, não estando confiada aos especialismos. Passando assim, a ser vista como como uma dimensão de toda experimentação social. Entretanto, várias questões e desafios teóricos-políticos se colocavam. Sendo necessário a criação de novas frentes institucionalistas: análise institucional; transversalidade; transferência e contratransferência institucional; analisador; grupo sujeito e grupo sujeitado. 
A análise Institucional deveria instaurar um espaço de formulação permanente da demanda inconsciente, da análise das instituições potencializadas pelos diferentes atores sociais. Afirmando que toda análise é institucional. Dentro desta perspectiva analítica, Guatarri implantara várias atividades em grupo, afim de descobrir como um grupo poderia tomar a palavra, sem reforçar os mecanismos alienantes que caracterizavam as coletividades nas sociedades industriais. 
Dentro da perspectiva de grupo sujeito e grupo sujeitado, abordado por Guatarri, podemos analisar que no grupo sujeito/grupo sujeitado a um dualismo e uma tentativa de superação das verticalidades opressoras e burocratizantes através do ativo grupo sujeitado. 
Para Deleuze, a análise institucional não se trata de uma aplicação da psicanálise aos fenômenos de grupo. Mas sim de constituir no grupo as condições de uma análise de desejo, sobre si mesmo e sobre os outros. 
Guatarri, em seu texto, A transversalidade(1964), refere-se a este terno dentro analise instrucional, o situando para aquém e além dos problemas de ajustamento de papéis e transmissão de informações, ele sinaliza criticamente o processo de constituição de subjetividade individualizadas, sujeitos-dados, grupos-dados sobre os quais interpretações reveladoras se dirigiam. Guatarri assinala que” o grupo sujeitado e grupo sujeito não deveriam ser considerados como mutuamente exclusivos”. O grupo não é um dado, é construção, desenho que se configura a cada situação. Os papéis, as identificações, as lideranças são efeitos de certo modo de produção do grupo. 
Em analise institucional instauraria um espaço permanente de formulação de demandas e de análise das instituições, atualizadas nos diversos campos da existência. Destacando as enunciações coletivas do desejo que se expressavam em um jogo de serialidade X Alternativa de sujeito. 
Freinet em 1961 funda o movimento da pedagogia institucional, inicia uma luta por uma escola popular que fosse ativa, onde a criança fosse sujeito de sua educação, como conteúdo que se articulassem as experiências de seu cotidiano. Sua proposta implicava na relação escola-trabalho-vida, não isolando estas esferas, nem hierarquizando o trabalho intelectual em detrimento do manual. 
O tema grupo, aqui se cruza e constitui terrenos onde a especificidade da área de atuação pedagogia, psiquiatria- não fica evidenciado tão quanto a questão do modo como “os grupos “são utilizados. Configurando o grupo como técnica e o grupo como dispositivo. 
Lapassade, interessava-se pelas questões da renovação pedagógica nas classes primarias e nos liceus. Ao mesmo tempo, que junto com seus colegas psicossociólogos, propagava uma visão mais política, especializada dos trabalhos grupais. A análise institucional emerge neste terreno e encontra sua dimensão intervencionista na socioanálise. Nela, contrariamente a sociologia das organizações, que toma por objeto de análise o estabelecimento que formula o pedido, serão as instituições os objetos da investigação. 
Isto impunha, entretanto, a criação de novas ferramentas, já que o pesquisador-analista, imerso no campo de intervenção, se recusava a ocupar o lugar do monitor dos Grupos-T, da mesma forma que recusava o lugar distante ocupado pelos psicanalistas. Neste campo o conceito de implicação é forjado pelas questões. 
O analista se matéria todo tempo, implicado com as instituições presentes/ausentes no campo de intervenção e de análise. Colocando em análise as relações observador/observado, analista/grupo-cliente, aparentemente resguardados pela neutralidade ou distância que era imposta pelo analista. 
A crítica aos grupos, volta-se contra o reducionismo político operado pelas propostas grupalistas até então existentes. Voltando-se contra o psicologismo, que remete o grupo no objeto a ser pensado/trabalhado como fonte das mudanças de comportamento, mais ou menos dirigidas. 
No âmbito da intervenção, é necessário dispositivos que promovam a fala, o encontro entre os membros do grupo-cliente. Segundo Lourau (1979), este dispositivo permitiria uma desinstitucionalização das relações estabelecidas, já que: a comunicação proposta desta forma tenderia a apagar as elações privilegiadas que se instauram eventualmente entre o pessoal analítico e o pessoal responsável pela fase de negociação do trabalho. 
A crítica de Lapassade, vem sobre o uso do grupo como técnica-em-si, deslocada do contexto institucional que o produziu. Neste sentido o grupo não seria nem bom, nem mau. Podendo- se analisar o aspecto não natural do grupo, resgatado pelos socioanalistas. 
Portanto, temos uma análise institucional difundida entre pensamentos de grandes estudiosos que buscavam contrapor a ideia de grupo institucionalizada não só no âmbito da psiquiatria, mas no social como um todo. 
 
Aluna: Aline Perez Zeghir Dias Moreira
Turma: 10° Período
Professor: Lélio

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