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Resultado de ações antrópicas sobre a vegetação de campo rupestre em canga no parque estadual serra do rola moça, mg

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RESULTADO DE AÇÕES ANTRÓPICAS SOBRE A VEGETAÇÃO DE 
CAMPO RUPESTRE EM CANGA NO PARQUE ESTADUAL SERRA DO 
ROLA MOÇA, MG 
 
Mateus Vinícius Pereira de Brito¹; Betânia Guedes de Souza²; Celma Ramos Lima³; Islaine Franciely Pinheiro de 
Azevedo4; Maria das Dores Magalhães Veloso5. 
 
¹,²,³Laboratório de Ecologia Vegetal – UNIMONTES, Montes Claros-MG. 
4,5Departamento de Biologia Geral – UNIMONTES, Montes Claros-MG. 
 
 
RESUMO: A formação vegetal rupestre sobre canga é caracterizada pela associação a afloramentos 
hematíticos como forma de substrato. Sua distribuição é frequente no Quadrilátero Ferrífero (QF) e 
abrange áreas de ambientes peculiares, apresentando alto grau de endemismo. Diante da 
importância da preservação desse ecossistema, o objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento 
da composição florística da formação de campo rupestre sobre canga em quatro áreas do Parque 
Estadual Serra do Rola Moça (PESRM), afim de avaliar as diferenças florísticas entre áreas 
conservadas e impactadas dessa formação. Foram alocadas 13 parcelas de 10 x 10m (100 m2), em 
cada uma das quatro áreas previamente selecionadas, sendo duas preservadas (B e E) e duas 
impactadas (A e C). Em cada uma dessas áreas foram amostradas as espécies lenhosas com 
diâmetro a altura do solo a partir de 1cm. Foram inventariados nas quatro áreas 3.255 indivíduos, 
distribuídos em 138 morfo-espécies. Nas duas áreas preservadas foram amostrados 2.433 indivíduos 
e 822 nas duas áreas impactadas. As áreas de estudo apresentaram diferenças em número de 
indivíduos amostrados, possivelmente como resultado das ações antrópicas ocorrentes nessa região. 
 
 
Palavras-chave: Campos Ferruginosos; Endemismo; Florística. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Os campos rupestres ferruginosos, também conhecidos como vegetação de canga 
(MORELATO e ROSA, 1991; SILVA, 1992), são formações herbáceo-arbustivas, sobre rochas 
ferruginosas (itabiríticas/jaspelíticas) cenozoicas, compostas por fragmentos de hematita 
cimentados por limonita (RIZZINI, 1979). No Brasil, este tipo de formação ocorre principalmente 
como ilhas de vegetação aberta na região do QF, em Minas Gerais e na Serra dos Carajás, no Pará. 
Essa distribuição em áreas restritas associada a importantes depósitos de minérios de ferro põe em 
ameaça esse ecossistema e o fato de ser a fisionomia menos estudada de Minas Gerais (JACOBI et 
al., 2007; JACOBI et. al., 2008) justifica a necessidade de intensificar os estudos dessa vegetação. 
Silva et al. (1986) destacam que nas duas regiões de ocorrência dessa fisionomia, devido ao caráter 
metalífero do solo – alta concentração de metais pesados, pobreza de nutrientes e baixa capacidade 
de retenção de água, a vegetação revela uma adaptação extraordinária a um cenário edáfico 
extremamente restritivo, ocasionando a formação de uma vegetação peculiar que leva a uma seleção 
rigorosa de indivíduos nesses ambientes, o que pode resultar na ocorrência de espécies endêmicas 
(SILVA e ROSA, 1990) e raras. De acordo com Schaefer et al. (2015) atividades de extração de 
bens minerais se estabeleceram nessa região do QF desde a época colonial, quando surgiram vilas e 
cidades como Mariana, Ouro Preto, Congonhas, Sabará, Nova Lima, entre outras, em virtude dessa 
riqueza mineral da região, que ainda hoje sofre os impactos de atividades degradantes da mineração. 
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento da composição florística da 
formação de campo rupestre sobre canga, afim de avaliar as diferenças florísticas entre áreas 
conservadas e impactadas dessa formação, e auxiliar no processo de preservação e recuperação 
dessas áreas. 
 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
 
Área de estudo 
O estudo foi realizado no PERSM, localizado na Cadeia do Espinhaço, na região centro-sul 
de Minas Gerais, (20º 00’26’’-20º 08’42’’S e 43º 96’ 74’’- 44º 06’ 62’’ W) (IBGE, 1976, 1977 e 
1986). O clima, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Cwa tropical de altitude, 
caracterizado por inverno seco e verão chuvoso (BRANDÃO, 1992; BRANDÃO et al., 1997). A 
temperatura média anual varia entre 18º-21ºC (BRANDÃO, 1992; VICENT, 2004). O regime 
pluviométrico apresenta variações de 1.300 - 2.100 mm de precipitação anual (VICENT, 2004). 
Com os meses de novembro, dezembro e janeiro sendo os mais chuvosos e junho, julho e agosto os 
meses mais secos (MEYER et al., 2004). 
 
Levantamento florístico 
No PESRM as atividades de levantamento da flora dos campos rupestres foram realizadas 
sobre os afloramentos ferruginosos amostrando apenas as áreas de Canga. Foram alocadas 13 
parcelas de 10 x 10m (100 m2), em cada uma das quatro áreas previamente selecionadas, sendo duas 
preservadas (B e E) e duas impactadas (A e C). Em cada uma dessas áreas foram amostradas as 
espécies lenhosas com diâmetro a altura do solo a partir de 1cm. Todo o material botânico 
(vegetativo e reprodutivo), foi coletado e tratado segundo as técnicas convencionais de 
herborização. O material está em processo de identificação por especialistas e em seguida será 
depositado no Herbário Montes Claros (MCMG), da Universidade Estadual de Montes Claros 
(UNIMONTES). As espécies identificadas foram classificadas em família, de acordo com o 
Angiosperm Phylogeny Group III (APG, 2009). 
 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 Nas quatro áreas amostradas foram inventariados 3.255 indivíduos, distribuídos em 138 
morfo-espécies. Nas duas áreas preservadas foram amostrados 2.433 indivíduos (1002 na área B, e 
1431 na área E) e 822 nas duas áreas impactadas (580 na área C e 242 na área A). Essa diferença 
alarmante de 1.611 indivíduos na amostragem entre as parcelas preservadas e impactadas, 
possivelmente, é o resultado das ações de antropização nesse ecossistema. 
Dentre as espécies amostradas e que já foram identificadas, temos: Acianthera teres (Lindl.) 
Borba (Orchidaceae), Arthrocereus glaziovii (K.Schum.) N.P. Taylor & Zappi (Cactaceae), 
Bifrenaria tyrianthina (Lodd. Ex Loudon) Rchb.f. (Orchidaceae), Eriope macrostachya Mart. Ex 
Benth (Lamiaceae), Erythroxylum sp. (Eritroxylaceae), Lippia sp. (Verbecaceae), Mimosa 
calodendron Mart. (Fabaceae), Stachytarpheta glabra Cham. (Verbecaceae), Lychnophora sp. 
(Asteraceae). A espécie encontrada A. glaziovii, pertencente à família Cactaceae é considerada 
endêmica dos campos rupestres sobre canga do QF (TAYLOR e ZAPPI, 2004) e encontra-se na 
Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais (MENDONÇA e 
LINS, 2000; IUCN, 2016) sob o status de criticamente em perigo (Figura 1). 
Existem hoje, apenas duas unidades de conservação de proteção integral que possuem 
campos rupestres ferruginosos sobre itabirito que são controladas pelo poder do Estado: a Estação 
Ecológica dos Fechos e o PERSM (IEF, 2008) que mesmo sobre regulamentação e legislação 
ambiental de proteção estão vulneráveis à ação antrópica degradante. 
A grande biodiversidade alfa e beta, o alto endemismo e a presença de muitas espécies 
ameaçadas na região do QF, citada por Jacobi et al., 2007, apontam a necessidade de identificação 
de áreas prioritárias e subsequente criação de um número maior de unidades de conservação 
contemplando diferentes áreas de campos rupestres ferruginosos. Posto que, atividades de 
mineração que são recorrentes nessa área de formação ferruginosa apresentam alto poder 
impactante e degradador, como foi evidenciado nesse estudo com a baixa amostragem de indivíduos 
na área impactada, os campos rupestres do QF demandam a necessidade de implantação de um 
sistema eficiente de projetos de recuperação de áreas degradadas que assegurem a restauração e 
preservação dessa rica, peculiar e biodiversa formação vegetal. 
 
 
CONCLUSÕESNas quatro áreas estudadas, foi possível observar diferenças na amostragem, onde a área 
preservada apresentou maior número de indivíduos quando comparada com a amostragem da área 
impactada, possivelmente devido às pressões antrópicas que acontecem nessa região de estudo. A 
lista de espécies amostradas nas duas áreas não foi acrescentada neste trabalho pois encontra-se em 
processo de identificação com especialistas. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À FAPEMIG pela bolsa de BIPDT da professora Maria das Dores Magalhães Veloso; ao 
Ministério Público Ambiental pelo apoio concedido; ao LEVE – Laboratório de Ecologia Vegetal, 
pelo apoio nas coletas de campo e à Unimontes pelo apoio logístico. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
APG III - THE ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP. An update of the Angiosperm Phylogeny 
Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of 
the Linnean Society, v. 161, n.20, p.105-121, 2009. 
 
BÜNGER, M. O. Myrtacea na Cadeia do Espinhaço: a flora do Parque Estadual do Itocolomi (Ouro 
Preto/Mariana) e uma análise das relações florísticas e da influência das variáveis geoclimáticas na 
distribuição das espécies. Dissertação (Mestrado), Instituto de Ciências Biológicas da Universidade 
Federal de Minas Gerais, 2011. 
 
BRANDÃO, M. Caracterização geomorfológica, climática, florística e faunística da Serra do Curral 
em Belo Horizonte, MG. Daphne, v. 2, p. 13-38, 1992. 
 
JACOBI, C. M.; CARMO, F.F.; VICENT, R.C.; STEHMANN, J. R. Plant communities on 
ironstone outcrops – a diverse and endangered Brazilian ecosystem. Biodiversity and 
Conservation, v. 16, n. 7, p. 2185-2200, 2007. 
 
JACOBI, C.M.; CARMO, F.F.; VINCENT, R.C.; Estudo fitossociológico de uma comunidade 
vegetal sobre canga como subsídio para a reabilitação de áreas mineradas no quadrilátero ferrífero, 
MG. Revista Árvore, Viçosa-MG, v. 32, n. 2, p. 345-353, 2008. 
 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Brasil. Carta IBGE 1:50.000, Folha SF-23-X-
A-III-1 (Rio Acima). 1976 e 1977. 
 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Brasil. Carta IBGE 1:50.000, Folha SF-23-Z-
C-VI-3 (Belo Horizonte). 1986. 
 
IEF – INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS. Parque Estadual Serra do Rola-Moça – Guia 
de turismo ecológico. Série Guias de Turismo, Parques Estaduais de Minas Gerais. São Paulo: 
Empresa das Artes, 2008. 
 
IUCN - INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE. The IUCN red list of 
threatened species. Disponível em < http://www.iucnredlist.org/details/40939/0 > Acesso em 13 de 
julho de 2016. 
 
MENDONÇA, M.P. LINS, L.V. 2000. Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas de Extinção da 
Flora de Minas Gerais. Biodiversitas e Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte. 157p., 2000. 
 
MEYER, S.T.; SILVA, A.F.; JÚNIOR, P.M.; MEIRA-NETO, J.A.A. Composição florística da 
vegetação arbórea de um trecho de floresta de galeria do Parque Estadual do Rola-Moça na Região 
Metropolitana de Belo Horizonte, MG, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v. 18, n. 4, p. 701-709, 
2004. 
 
MORELATO, P.C. ROSA, N.A. Caracterização de alguns tipos de vegetação na região amazônica, 
Serra dos Carajás, Pará, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 14, p. 1-14, 1991. 
 
RIZZINI, C.T. Tratado de Fitogeografia do Brasil. Editora da Universidade de São Paulo, Brasil. 
1979. 
 
SILVA, M.F.F. Distribuição de matais pesados na vegetação metalófila de Carajás. Acta Botanica 
Brasilica, v. 6, p. 107-122. 1992. 
 
 
SILVA, M.F.F.; MENEZES, N.L.; CALVALCANTE, P. & JOLY, C.A. Estudos botânicos: 
histórico, atualidades e perspectivas. Carajás: desafio político, ecologia e desenvolvimento. 
Brasiliense/CNPQ, São Paulo. p. 184-207. 1986. 
 
SILVA & ROSA, N.A. Estudos botânicos na área do projeto-ferro Carajás/Serra Norte. I. Aspectos 
fito-ecológicos dos campos rupestres. Sociedade Botânica do Brasil, Anais do XXXV Congresso 
Nacional de Botânica, Manaus, 1984. p. 367-379. 1990. 
 
SHAEFER, C.E.; CÂNDIDO, H.G.; CORRÊA, G.R.; PEREIRA, A.; NUNES, A.J.; SOUZA, O.F.; 
MARINS, A.; FILHO, E.F.; KER, J. C. Solos desenvolvidos sobre canga ferruginosa no Brasil: 
uma revisão crítica e papel ecológico de termiteiros. p. 77-102, 2015. 
 
TAYLOR, N.P.; ZAPPI, D.C. Cacti of Eastern Brazil. Royal Botanical Gardens, Kew, 511p., 2004. 
 
VINCENT, R.C. Florística, fitossociologia e relações entre a vegetação e o solo em área de campos 
ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerias. Tese de doutorado. Universidade de São 
Paulo, São Paulo, 145p., 2004. 
 
 
 
Figura 1: Arthrocereus glaziovii (K.Schum.) N.P. Taylor & Zappi, espécie endêmica do QF e 
ameaçada de extinção inventariada na área preservada dentro do PESRM.

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