Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Um Curso de Ana´lise Vol 1 - Exerc´ıcios Resolvidos Anselmo B. Raposo Ju´nior Elivaldo Rodrigues Macedo Jose´ Antoˆnio Pires Ferreira Mara˜o Suma´rio Suma´rio 2 1 Sequeˆncias e Se´ries de Nu´meros Reais 1 2 Topologia da Reta 33 2 Cap´ıtulo 1 Sequeˆncias e Se´ries de Nu´meros Reais 1. Se lim xn = a enta˜o lim |xn| = |a|. Deˆ um contra-exemplo mostrando que a rec´ıproca e´ falsa, salvo quando a = 0. SOLUC¸A˜O: Uma vez que lim xn = a, temos que dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que |xn − a| < ε, (1.1) sempre que n > n0. Mas, ||xn| − |a|| ≤ |xn − a| (1.2) para todo n ∈ N e, consequentemente, de (1.1) e (1.2) segue que ||xn| − |a|| < ε, sempre que n > n0, ou seja, lim |xn| = |a|. Considere agora a sequeˆncia xn = (−1)n. Temos que lim |xn| = 1, mas a sequeˆncia (xn) e´ divergente pois possui duas subsequeˆncias que convergem para valores distintos, a saber, x2n−1 = −1 e x2n = 1. � 2. Seja lim xn = 0. Para cada n ponha yn = min {|x1| , |x2| , . . . , |xn|}. Prove que yn → 0. SOLUC¸A˜O: Suponha que yn na˜o converge para 0. Deste modo, existe ε > 0 tal que, para todo n ∈ N, |xn| > ε, contradizendo o fato de xn → 0. Logo yn → 0. � 3. Se lim x2n = a e lim x2n−1 = a, prove que lim xn = a. SOLUC¸A˜O: Uma vez que lim x2k = a e lim x2k−1 = a, dado ε > 0, existe k0 ∈ N tal que |x2k − a| < ε e |x2k−1 − a| < ε, (1.3) sempre que k > k0. Fac¸a n0 = 2k0 e seja n > n0. Se n ∈ N e´ par, existe k ∈ N tal que n = 2k. Uma vez que n > n0, temos que 2k > 2k0 e, consequentemente, k > k0. Portanto, de (1.3) segue que |xn − a| = |x2k − a| < ε. (1.4) 1 Por outro lado, se n e´ ı´mpar, enta˜o existe k ∈ N tal que n = 2k − 1. Como n > n0, temos que 2k > 2k − 1 > 2k0, isto e´, k > k0. Logo, de (1.3) segue que |xn − a| = |x2k−1 − a| < ε. (1.5) De (1.4) e (1.5) segue que para todo n ∈ N tal que n > n0 temos que |xn − a| < ε, ou seja, lim xn = a. � 4. Se N = N1 ∪ N2 ∪ · · · ∪ Nk e lim n∈N1 xn = lim n∈N2 xn = · · · = lim n∈Nk xn = a, enta˜o, lim xn = a. SOLUC¸A˜O: Para cada i = 1, . . . , k temos que lim n∈Ni xn = a, isto e´, dado ε > 0, existe n0i ∈ Ni tal que |xn − a| < ε sempre que n ∈ Ni e n > n0i. Fac¸a n0 = max {n01, . . . , n0k}. Deste modo, para todo n > n0 ∈ N, existe i ∈ {1, . . . k} tal que n ∈ Ni e, consequentemente, |xn − a| < ε, isto e´, lim xn = a. � 5. Deˆ um exemplo de uma sequeˆncia (xn) e uma decomposic¸a˜o N = N1 ∪ · · · ∪ Nk ∪ · · · de N como reunia˜o de uma infinidade de subconjuntos infinitos tais que, para todo k, a subsequeˆncia (xn)n∈Nk tenha limite a, mas na˜o se tem lim xn = a. [Sugesta˜o: Para cada k ∈ N seja Nk o conjunto dos nu´meros naturais da forma n = 2k−1 ·m, onde m e´ ı´mpar. Dado n ∈ Nk, ponha xn = 1 se n for o menor elemento de Nk e xn = 1 n , nos demais casos.] SOLUC¸A˜O: Para cada k ∈ N, seja Nk = { n ∈ N;n = 2k−1 ·m, m ı´mpar}. Se n ∈ N e´ ı´mpar, enta˜o n ∈ N1. Se n e´ par, enta˜o seja k − 1 o maior nu´mero natural tal que 2k−1 divide n. Neste caso, existe m ∈ N tal que n = 2k−1 ·m. Note que m deve ser ı´mpar, pois, caso contra´rio, n seria divis´ıvel por 2k, contrariando a maximalidade de k−1. Note ainda que, da unicidade da fatorac¸a˜o prima dos nu´meros naturais, segue que os subconjuntos Nk sa˜o dois a dois disjuntos. Logo N = ∞⋃ k=1 Nk. Dado n ∈ Nk, ponha xn = 1 se n for o menor elemento de Nk e xn = 1 n nos demais casos. Enta˜o lim n∈Nk xn = 0. Mas (xn)n∈N na˜o converge, pois se tomamos N′ = {n ∈ N; n e´ o menor elemento de Nk, para algum k ∈ N} , enta˜o lim n∈N′ xn = 1, isto e´, existem subsequeˆncias de (xn)n∈N que convergem para valores distintos. � 6. Se lim xn = a e lim (xn − yn) = 0 enta˜o lim yn e´ igual a a. 2 SOLUC¸A˜O: Uma vez que lim xn = a e lim (xn − yn) = 0 segue que, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que |xn − a| < ε 2 e |xn − yn| < ε 2 , sempre que n > n0. Deste modo, |yn − a| = |yn − xn + xn − a| ≤ |xn − yn|+ |xn − a| < ε 2 + ε 2 = ε, sempre que n > n0, isto e´, lim yn = a. � 7. Seja a 6= 0. Se lim yn a = 1 enta˜o lim yn e´ igual a a. SOLUC¸A˜O: Uma vez que lim yn a = 1, temos que, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que ∣∣∣yn a − 1 ∣∣∣ < ε|a| , sempre que n > n0. Mas ∣∣∣yn a − 1 ∣∣∣ = ∣∣∣∣1a (yn − a) ∣∣∣∣ = 1|a| |yn − a| e, consequentemente, sempre que n > n0, 1 |a| |yn − a| < ε |a| , ou seja, |yn − a| < ε e lim yn = a. � 8. Seja b 6= 0. se lim xn = a e lim xn yn = b enta˜o lim yn = a b . SOLUC¸A˜O: Temos que lim yn = lim xn( xn yn ) = lim xn lim xn yn = a b . � 9. Se lim xn = a 6= 0 e lim xnyn = b enta˜o lim yn = b a . SOLUC¸A˜O: Temos que lim yn = lim xnyn xn = lim xnyn lim xn = b a . � 3 10. Sejam k ∈ N e a > 0. Se a ≤ xn ≤ nk para todo n, enta˜o lim n√xn = 1. SOLUC¸A˜O: Com efeito, uma vez que lim n √ a = 1 = lim n √ nk e a ≤ xn ≤ nk para todo n, segue do Teorema do Confronto que lim n √ xn = 1. � 11. Use a desigualdade entre as me´dias aritme´tica e geome´trica dos n + 1 nu´meros 1 − 1 n , . . . , 1− 1 n , 1 e prove que a sequeˆncia ( 1− 1 n )n e´ crescente. Conclua que ( 1− 1 n )n ≥ 1 4 para todo n > 1. SOLUC¸A˜O: Da desigualdade entre as me´dias aritme´tica e geome´trica segue que( 1− 1 n ) + · · ·+ ( 1− 1 n ) + 1 n+ 1 = n ( 1− 1 n ) + 1 n− 1 = n− 1 + 1 n+ 1 = 1− 1 n+ 1 > n+1 √( 1− 1 n ) · · · ( 1− 1 n ) · 1 = n+1 √( 1− 1 n )n . Asim, n+1 √ xn+1 = n+1 √( 1− 1 n+ 1 )n+1 = 1− 1 n+ 1 > n+1 √( 1− 1 n )n = n+1 √ xn, ou seja, xn+1 > xn para todo n > 1. Para n = 2, temos que x2 = ( 1− 1 2 )2 = 1 4 . Uma vez que a sequeˆncia (xn)n∈N e´ crescente, temos, para todo n > 1, que xn ≥ x2, isto e´,( 1− 1 n )n ≥ 1 4 . � 11a. Sejam xn = ( 1 + 1 n )n e yn = ( 1− 1 n+ 1 )n+1 . Mostre que lim xnyn = 1 e deduza da´ı que lim ( 1− 1 n )n = e−1. 4 SOLUC¸A˜O: Temos que xnyn = ( 1 + 1 n )n · ( 1− 1 n+ 1 )n+1 = ( n+ 1 n )n · ( n n+ 1 )n+1 = n n+ 1 = (n+ 1)− 1 n+ 1 = ( 1− 1 n ) . Logo, lim xnyn = lim ( 1− 1 n ) = 1. Sabemos que e = lim ( 1 + 1 n )n = lim xn. Deste modo, lim ( 1− 1 n+ 1 )n+1 = lim yn = lim xnyn xn = lim xnyn lim xn = 1 e . Uma vez que o limite de uma sequeˆncia na˜o se altera se nela acrescentamos ou omitimos uma quantidade finita de termos segue que lim ( 1− 1 n )n = lim ( 1− 1 n+ 1 )n+1 = 1 e . � 12. Fazendo y = x 1 k e b = a 1 k na identidade yk − bk = (y − b) k∑ i=0 yibk−i−1 obtenha x − a =( x 1 k − a 1k ) k∑ i=0 x i k · a k−i−1k e use isso para provar que se lim xn = a > 0, enta˜o lim k√xn = k √ a. Conclua da´ı que lim (xn) r = ar para todo racional r. SOLUC¸A˜O: Fazendo y = x 1 k e b = a 1 k na identidade indicada temos que x− a = ( x 1 k − a 1k ) k∑ i=0 ( x 1 k )i ( a 1 k )k−i−1 = ( x 1 k − a 1k ) k∑ i=0 x i k · a k−i−1k . Sabemos que xn → a⇔ xn − a→ 0. Seja 0 < c < a. Do Teorema da Conservac¸a˜o do Sinal segue que existe n0 ∈ N tal que, para todo n > n0, tem-se xn > c. Deste modo, para n > n0, temos que xn − a = [ (xn) 1 k − a 1k ] k∑ i=0 (xn) i k · a k−i−1k ≥ [ (xn) 1 k − a 1k ] k∑ i=0 c i k · a k−i−1k ≥ 0. Fazendo K = k∑ i=0 c i k · a k−i−1k , temos que 0 ≤ (xn) 1 k − a 1k ≤ xn − a K , ∀ n > n0. 5 Uma vez que lim xn − a K = 1 K lim (xn − a) = 0, segue do Teorema do Confronto que lim [ (xn) 1 k − a 1k ] = 0, isto e´, lim k √ xn = k √ a. Seja agora r ∈ Q. Destemodo, existem inteiros j e k, com k 6= 0, tais que r = j k . Se j = 0, enta˜o, obviamente, lim (xn) r = ar. Se j > 0, enta˜o lim (xn) r = lim (xn) j k = lim (xn) 1 k · · · (xn) 1 k = [ lim (xn) j k ] · · · [ lim (xn) j k ] = a 1 k · · · a 1k = a jk = ar. Segue das propriedades operato´ras de limite de sequeˆncias que se lim xn = a enta˜o lim 1 xn = 1 a . Portanto o caso j < 0 reduz-se ao anterior se fizermos yn = 1 xn . � 13. Prove que, para todo r ∈ Q, tem-se lim n→∞ ( 1 + r n ) = er. [Sugesta˜o: Pelo Exerc´ıcio 11, basta considerar o caso em que r = p q > 0. Examine a subsequeˆncia onde n = p ·m. Para estes valores de n, tem-se ( 1 + r n )n = [( 1 + 1 qm )qm] p q . Use o Exerc´ıcio 12] SOLUC¸A˜O: O caso r = 0 e´ o´bvio. Do Exerc´ıcio 11 segue que e´ suficiente considerarmos o caso em r = p q > 0. Consideremos a subsequeˆncia (xpm)m∈N. Neste caso temos xpm = ( 1 + r pm )pm = ( 1 + p q 1 pm )pm = ( 1 + 1 qm ) pqm q = [( 1 + 1 qm )qm] p q = [( 1 + 1 qm )qm]r . Como lim m→∞ ( 1 + 1 qm )qm = e segue, do Exerc´ıcio 12, que lim m→∞ xpm = lim m→∞ [( 1 + 1 qm )qm]r = er. Para todo n ∈ N, temos que � 6 ( 1 + r n )n = n∑ k=0 ( n k )( r n )k = 1 + n∑ k=1 ( n k )( r n )k = 1 + n∑ k=1 n! k! (n− k)! ( r n )k = 1 + n! 1! (n− 1)! r n + n! 2! (n− 2)! ( r n )2 + · · ·+ n! n! (n− n)! ( r n )n = 1 + r + n (n− 1) 2! ( r n )2 + · · ·+ n (n− 1) · · · 2 · 1 n! ( r n )n = 1 + r + r2 2! ( 1− 1 n ) + · · ·+ r n n! ( 1− 1 n ) · · · ( 1− n− 1 n ) ≤ 1 + r + r 2 2! + · · ·+ r n n! < ∞∑ n=1 rn n! . O teste da raza˜o nos da´ que lim ∣∣∣∣rn+1/ (n+ 1)!rn/n! ∣∣∣∣ = lim rn+1(n+ 1)! n!rn = lim rn+ 1 = 0 e, consequentemente, a se´rie ∞∑ n=1 rn n! e´ absolutamente convergente e a sequeˆncia xn = ( 1 + r n )n e´ limitada. Observe que xn = 1 + r + r2 2! ( 1− 1 n ) + · · ·+ r n n! ( 1− 1 n ) · · · ( 1− n− 1 n ) < 1 + r + r2 2! ( 1− 1 n+ 1 ) + · · ·+ r n n! ( 1− 1 n+ 1 ) · · · ( 1− n− 1 n+ 1 ) < 1 + r + r2 2! ( 1− 1 n+ 1 ) + · · ·+ r n (n+ 1)! ( 1− 1 n+ 1 ) · · · ( 1− n n+ 1 ) = xn+1 Logo (xn) e´ uma sequeˆncia mono´tona. Deste modo, (xn) e´ uma sequeˆncia convergente e, portanto, lim n→∞ xn = lim m→∞ xpm = e r. 14. Seja a ≥ 0, b ≥ 0. Prove que lim n→∞ n √ an + bn = max {a, b}. SOLUC¸A˜O: Sem perda de geberalidade, suponha que seja b = max {a, b}. Deste modo, para todo n ∈ N, temos que n √ an + bn ≤ n √ bn + bn = n √ 2bn = b n √ 2 e n √ an + bn ≥ n √ bn = b. Mas, lim b = b = lim b n √ 2 e, portanto, segue do Teorema do Confronto que lim n √ an + bn = b = max {a, b}. � 7 15. Dada uma sequeˆncia (xn), um termo xp chama-se um “termo destacado” quando xp ≥ xn para todo n > p. Seja P = {p ∈ N; xp e´ destacado}. Se P = {p1 < p2 < · · · } for infinito, (xp)p∈P e´ uma subsequeˆncia na˜o-crescente de (xn). Se P for finito (em particula, vazio), mostre que existe uma subsequeˆncia crescente de (xn). Conclua que toda sequeˆncia possui uma subsequeˆncia mono´tona. SOLUC¸A˜O: Seja (xn)n∈N uma sequeˆncia nume´rica e seja P = {p ∈ N; xp e´ destacado}. Se P e´ um conjunto finito enta˜o existe p0 ∈ P tal que p0 e´ o maior elemento de P . Seja n1 ∈ N tal que n1 > p0. Como n1 /∈ P , xn1 na˜o e´ um termo destacado e, portanto, existe n2 ∈ N tal que n2 > n1 e xn2 > xn1 . Do mesmo modo, como n2 /∈ P , xn2 na˜o e´ um termo destacado e, portanto, existe n3 ∈ N tal que n3 > n2 e xn3 > xn2 . Procedendo deste modo, obtemos um conjunto infinito de ı´ndices N′ = {nk; k ∈ N} tal que xnk+1 > xnk , para todo k ∈ N. Logo, (xn)n∈N′ e´ uma subsequeˆncia crescente de (xn)n∈N. Se P for infinito, (xp)p∈P e´ uma subsequeˆncia na˜o-crescente de (xn). Em todo caso (xn)n∈N possui uma subsequeˆncia mono´tona, como quer´ıamos demonstrar. � 16. Seja (xn) uma sequeˆncia limitada. Se lim an = a e cada an e´ um valor de adereˆncia de (xn), enta˜o a e´ um valor de adereˆncia de (xn). SOLUC¸A˜O: Por hipo´tese, lim n→∞ an = a e, para todo n ∈ N, existe uma subsequeˆncia (xn,k)k∈N de (xn)n∈N tal que lim k→∞ xn,k = an. Assim, dado m ∈ N, existem nm, km ∈ N tais que |anm − a| < 1 2m e |xnm,km − anm | < 1 2m . Mas, |xnm,km − a| = |xnm,km − anm + anm − a| ≤ |anm − a|+ |xnm,km − anm | < 1 2m + 1 2m = 1 m . Logo a subsequeˆncia (xnm,km)m∈N converge para a e, consequentemente, a e´ um valor de adereˆncia de (xn). � 17. Sejam (xn) e (yn) sequeˆncias limitadas. Ponhamos a = lim inf xn, A = lim sup xn, b = lim inf yn e B = lim sup yn. Prove que a) lim sup (xn + yn) ≤ A+ B, lim inf (xn + yn) ≥ a+ b; b) lim sup (−xn) = −a, lim inf (−xn) = −A; c) lim sup (xn · yn) ≤ AB, lim inf (xn · yn) ≥ ab; valendo as duas u´ltimas desigualdades sob a hipo´tese de xn ≥ 0 e yn ≥ 0. Deˆ exemplos em que se tenham desigualdades estritas nas relac¸o˜es acima. 8 SOLUC¸A˜O: Para todo n ∈ N, sejam Xn = {xn, xn+1, . . .}, Yn = {yn, yn+1, . . .} e Zn = {xn + yn, xn+1 + yn+1, . . .}. Sejam ainda an = infXn, An = supXn, bn = inf Yn, Bn = supYn, cn = inf Zn e Cn = supZn. (a) Fixe n ∈ N. Se m ≥ n, xm ∈ Xn, ym ∈ Yn e, consequentemente, xm ≤ An, an ≤ xm, ym ≤ Bn, bn ≤ ym, para todo m ≥ n. Deste modo, xm + ym ≤ An + Bn e an + bn ≤ xm + ym, para todo m ≥ n e, assim, An +Bn e´ uma cota superior de Zn e an + bn e´ uma cota inferior de Zn. Da´ı Cn ≤ An + Bn e an + bn ≤ cn. Observe que as desigualdades acima sa˜o va´lidas para todo n ∈ N. Desta forma lim sup (xn + yn) = limCn ≤ lim (An + Bn) = A+ B e lim inf (xn + yn) = lim cn ≥ lim (an + bn) = a+ b. (b) Seja −Xn = {−xn,−xn+1, . . .}. Para todo m ≥ n vale xm ≥ an e, consequentemente, −xm ≤ −an, para todo m ≥ n. Logo −an e´ uma cota superior de −Xn. Afirmamos que deve ser −an = sup (−Xn). Com efeito, se −an na˜o fosse o supremo de −Xn deveria existir ε > 0 tal que −xm ≤ −an − ε, para todo m ≥ n. Assim, xm ≥ an + ε, para todo m ≥ n, ou seja, an + ε e´ uma cota inferior de Xn maior do que an, contrariando o fato de an ser o ı´nfimo de Xn. Portanto, lim sup (−xn) = lim (−an) = −a. De modo ana´logo segue que lim inf (−xn) = −A. (c) Uma vez que xn ≥ 0 e yn ≥ 0 para todo n ∈ N, temos que an ≥ 0 e bn ≥ 0 para todo n ∈ N. Fixe n ∈ N. Para todo m ≥ n, temos que 0 ≤ an ≤ xm e 0 ≤ bn ≤ xm. Logo, xmym ≥ anbn para todo m ≥ n e, portanto, anyn e´ uma cota inferior de XnYn = {xnyn, xn+1yn+1, . . .}. Fazendo dn = infXnYn segue que dn ≥ anbn. Assim, lim inf xnyn = lim dn ≥ lim anbn = ab. A outra desigualdade e´ obtida de modo ana´logo. � 18. Para cada n ∈ N, seja 0 ≤ tn ≤ 1. Se lim xn = lim yn = a, prove que lim [tnxn + (1− tn) yn] = a. SOLUC¸A˜O: Uma vez que lim xn = lim yn = a, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que |xn − a| < ε 3 e |yn − a| < ε 3 , 9 sempre que n > n0. Deste modo, |tnxn + (1− tn) yn − a| = |tn (xn − yn) + yn − a| ≤ tn |xn − yn|+ |yn − a| ≤ |xn − yn|+ |yn − a| = |xn − a+ a− yn|+ |yn − a| ≤ |xn − a|+ 2 |yn − a| < ε 3 + 2ε 3 = ε, sempre que n > n0, ou seja, lim [tnxn + (1− tn) yn] = a. � 19. Diz-se que uma sequeˆncia (xn) tem variac¸a˜o limitada quando a sequeˆncia (vn) dada por vn = n∑ i=1 |xi+1 − xi| e´ limitada. Prove que, nesse caso, (vn) converge. Prove tambe´m: a) Se (xn) tem variac¸a˜o limitada, enta˜o existe lim xn; b) Se |xn+2 − xn+1| ≤ c |xn+1 − xn| para todo n ∈ N com 0 ≤ c < 1, enta˜o (xn) tem variac¸a˜o limitada; c) (xn) tem variac¸a˜o limitadase, e somente se, xn = yn−zn onde (yn) e (zn) sa˜o sequeˆncias na˜o-decrescentes limitadas; d) Deˆ exemplo de uma sequeˆncia convergente que na˜o seja de variac¸a˜o limitada. SOLUC¸A˜O: Observe que vn+1 = n+1∑ i=1 |xi+1 − xi| = |xn+2 − xn+1|+ n∑ i=1 |xi+1 − xi| ≥ n∑ i=1 |xi+1 − xi| = vn. Logo, a sequeˆncia (vn) e´ mono´tona na˜o-decrescente e, portanto, se for limitada, sera´ tambe´m convergente. (a) Suponha que (xn) tem variac¸a˜o limitada. Enta˜o, como provado acima, a sequeˆncia (vn) e´ convergente e, consequentemente, (vn) e´ uma sequeˆncia de Cauchy. Deste modo, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que, sempre que m > n− 1 > n0, |vm − vn−1| = ∣∣∣∣ m∑ i=1 |xi+1 − xi| − n−1∑ i=1 |xi+1 − xi| ∣∣∣∣ = m∑ i=n |xi+1 − xi| < ε. Assim, |xm − xn| = ∣∣∣∣∣ m∑ i=n (xi+1 − xi) ∣∣∣∣∣ ≤ ε sempre que m,n ≥ n0. Logo, a sequeˆncia (xn) e´ uma sequeˆncia de Cauchy e e´, portanto, convergente. 10 (b) Se |xn+2 − xn+1| ≤ c |xn+1 − xn| para todo n ∈ N com 0 ≤ c < 1, enta˜o vn = |x2 − x1|+ |x3 − x2|+ |x4 − x3|+ · · ·+ |xn+1 − xn| ≤ |x2 − x1|+ c |x2 − x1|+ c |x3 − x2|+ · · ·+ c |xn − xn−1| ≤ |x2 − x1|+ c |x2 − x1|+ c2 |x2 − x1|+ · · ·+ c2 |xn−1 − xn−2| ≤ · · · ≤ |x2 − x1|+ c |x2 − x1|+ c2 |x2 − x1|+ · · ·+ cn−1 |x2 − x1| = |x2 − x1| n−1∑ i=0 ci ≤ |x2 − x1| ∞∑ i=0 ci = |x2 − x1| 1− c para todo n ∈ N e (xn) tem, portanto, variac¸a˜o limitada. (c) Defina y1 = x1 2 z1 = −x1 2 y2 = |x2 − x1|+ x2 2 z2 = |x2 − x1| − x2 2 y3 = |x3 − x2|+ |x2 − x1|+ x3 2 z3 = |x3 − x2|+ |x2 − x1| − x3 2 ... ... yn = 1 2 ( n−1∑ i=1 |xi+1 − xi|+ xn ) zn = 1 2 ( n−1∑ i=1 |xi+1 − xi| − xn ) = vn−1 + xn 2 = vn−1 − xn 2 . Note que, para todo n ∈ N, vale xn = yn − zn. Mostremos agora que as sequeˆncias (yn) e (zn) acima definidas sa˜o na˜o-decrescentes. Temos que yn+1 − yn = 1 2 ( n∑ i=1 |xi+1 − xi|+ xn+1 − n−1∑ i=1 |xi+1 − xi|+ xn ) = 1 2 ( |xn+1 − xn|+ n−1∑ i=1 |xi+1 + xi|+ xn+1 − n−1∑ i=1 |xi+1 − xi| − xn ) = 1 2 [|xn+1 − xi|+ (xn+1 − xn)] ≥ 0. De modo ana´logo, verificmos que (zn) e´ na˜o-decrescente. Logo, se (xn) tem varic¸a˜o limitada temos que tanto (xn) quanto (vn) sa˜o convergentes e, portanto, sa˜o tambe´m convergentes e, por conseguinte limitadas, as sequeˆncias (yn) e (zn). Por outro lado,se as sequeˆncias (yn) e (zn) sa˜o limitadas enta˜o,devido ao fato de serem mono´tonas segue que elas sa˜o convergentes. Como vn = yn+1 + zn+1 segue da´ı que (vn) e´ convergente e, consequentemente, limitada e, deste modo (xn) tem variac¸a˜o limitada. 11 (d) Considere a sequeˆncia (xn) dada por xn = (−1)n n . Temos que xn → 0, mas |xn+1 − xn| = ∣∣∣∣∣(−1) n+1 n+ 1 − (−1) n n ∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∣(−1) n+1 n+ 1 + (−1)n+1 n ∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣ 1n+ 1 + 1n ∣∣∣∣ ≥ 1n . Logo, vn ≥ n∑ i=1 1 n . Como a se´rie harmoˆnica diverge segue que (vn) e´ ilimitada e, consequentemente, (xn) na˜o possui variac¸a˜o limitada. � 20. Seja x1 = 1 e ponha xn+1 = 1 + 1 xn . Verifique |xn+2 − xn+1| ≤ 1 2 |xn+1 − xn|. Conclua que existe a = lim xn e determine a. SOLUC¸A˜O: Da definic¸a˜o da sequeˆncia segue que xn ≥ 1, para todo n ∈ N. Assim, para todo n ∈ N, |xn+2 − xn+1| = ∣∣∣∣1 + 1xn+1 − 1− 1 xn ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣ 1xn+1 − 1 xn ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣xn − xn+1xnxn+1 ∣∣∣∣ = |xn+1 − xn| xn ( 1 + 1 xn ) = |xn+1 − xn| xn + 1 ≤ |xn+1 − xn| 2 . Do Exerc´ıcio 19 segue que (xn) tem variac¸a˜o limitada e e´, portanto, uma sequeˆncia conver- gente. Seja a = lim n→∞ xn. Enta˜o a = lim n→∞ xn−1. Temos enta˜o que a = lim xn = lim ( 1− 1 xn−1 ) = 1− 1 lim xn−1 = 1− 1 a , isto e´, a satisfaz a igualdade a = 1− 1 a de onde extra´ımos a equac¸a˜o λ2 − λ+ 1 = 0 que possui como soluc¸a˜o a = 1 + √ 5 2 . Assim, lim xn = 1 + √ 5 2 . � 12 21. Ponha x1 = 1 e defina xn = 1 + √ xn. Mostre que a sequeˆncia (xn), assim obtida, e´ limitada. Determine a = lim xn. SOLUC¸A˜O: Mostremos, utilizando induc¸a˜o em n que xn < 3, para todo n ∈ N. Para n = 1 o resultado e´ o´bvio. Suponha a validade do resultado para n ∈ N e mostremos a validade do mesmo para n+ 1. Temos que xn+1 = 1 + √ xn < 1 + √ 3 < 1 + √ 4 = 3. Logo, a sequeˆncia (xn) e´ limitada. Novamente, utilizando induc¸a˜o, mostraremos que (xn) e´ uma sequeˆncia crescente, isto e´, que para todo n ∈ N xn+1 − xn > 0. Para n = 1 temos que x2 − x1 = 2− 1 = 1 > 0. Suponhamos a validade desta relac¸a˜o para n ∈ N e mostremos a validade da mesma para n+ 1. Temos que xn+2 − xn+1 = 1 +√xn+1 − 1−√xn = √xn+1 −√xn > 0, pois, da hipo´tese de induc¸a˜o, xn+1 > xn e, consequentemente, √ xn+1 > √ xn. Logo (xn) e´ uma sequeˆncia crescente. Conclu´ımos enta˜o que (xn) e´ uma sequeˆncia mono´tona limitdae, portanto, convergente. Seja a = lim n→∞ xn. Enta˜o a = lim n→∞ xn−1. Assim, a = lim n→∞ xn = lim n→∞ (1 + √ xn−1) = 1 + √ a. Logo a satisfaz a igualdade a = 1 + √ a, isto e´, a−√a− 1 = 0 Fazendo √ a = λ, obtemos λ2 − λ− 1 = 0, de onde obtemos λ = 1 + √ 5 2 . Consequentemente a = λ2 = ( 1 + √ 5 2 )2 = 3 + √ 5 2 . � 22. A fim de que a sequeˆncia (xn) na˜o possua subsequeˆncia convergente e´ necessa´rio e suficiente que lim |xn| = +∞. SOLUC¸A˜O: Se (xn) na˜o possui nenhuma subsequeˆncia convergente enta˜o toda subsequeˆncia de (xn) e´ ilimitada. Com efeito, se (xnk) e´ uma subsequeˆncia limitada de (xn) enta˜o, como toda sequeˆncia possui uma subsequeˆncia mono´tona (Exerc´ıcio 15), ter´ıamos que (xnk) teria uma subsequeˆncia mono´tona e limitada e, deste modo, tal sequeˆncia seria uma subsequeˆncia 13 convergente de (xn). Logo lim |xn| = +∞. Reciprocamente, se lim |xn| = +∞ enta˜o, dado A > 0, existe n0 ∈ N tal que, sempre que n > n0, |xn| > A. Portanto, se (xnk) e´ uma subsequeˆncia de (xn), enta˜o existe k0, tal que, nk0 ≥ n0 e, portanto |xnk | > A sempre que k > k0. Temos, portanto, que a subsequeˆncia (xnk) e´ ilimitada e, por conseguinte, divergente. � 23. Seja ϕ : N→ N uma sequeˆncia de nu´meros naturais. Prove que as seguintes afirmac¸o˜es sa˜o equivalentes: a) lim n→∞ ϕ (n) = +∞; b) Para todo k ∈ N, ϕ−1 (k) e´ um subconjunto finito de N; c) Para todo conjunto finito F ⊂ N, ϕ−1 (F ) e´ finito. Em particular, se ϕ : N→ N for injetiva, enta˜o lim n→∞ ϕ (n) = +∞. SOLUC¸A˜O: (a) ⇒ (b) : Suponha que lim n→∞ ϕ (n) = +∞ e seja k ∈ N. Enta˜o existe n0 ∈ N tal que xn > k, ∀n > n0. Logo ϕ−1 (k) ⊂ {n ∈ N; ϕ (n) ≤ k} ⊂ {1, 2, . . . , n0} e ϕ−1 (k) e´ um conjunto finito. (b)⇒ (c) : Suponha que, para todo k ∈ N, ϕ−1 (k) seja finito. Seja F = {k1 < · · · < kn} um subconjunto finito de N. Neste caso ϕ−1 (F ) = n⋃ i=1 ϕ−1 (ki) . Logo ϕ−1 (F ) uma unia˜o finita de conjuntos finitos e, consequentemente, ϕ−1 (F ) e´ finito. (c) ⇒ (a) : Suponha que para todo conjunto finito F ⊂ N, ϕ−1 (F ) seja finito. Para todo k ∈ N, seja Ik = {1, . . . , k}. Enta˜o ϕ−1 (Ik) e´ finito para todo k ∈ N. Fazendo n0 = maxϕ −1 (Ik), enta˜o, para todo n > n0, temos que ϕ (n) /∈ Ik, ou seja, ϕ (n) > k, ∀n > n0. Logo, lim n→∞ ϕ (n) = +∞. � 24. Seja (xn) uma sequeˆncia de nu´meros reais e suponha que ϕ : N → N cumpre uma (e portanto todas as) condic¸o˜es do exerc´ıcio anterior. Prove que se lim xn = a e yn = xϕ(n), enta˜o lim yn = a. Deˆ exemplo de ϕ : N → N sobrejetiva, tal que lim xn = a, mas na˜o vale lim yn = a, onde yn = xϕ(n). 14 SOLUC¸A˜O: Sejam (xn) uma sequeˆncia de nu´meros reais tal que lim xn = a, ϕ : N → N uma sequeˆncia de nu´meros naturais tal que limϕ (n) = +∞ e (yn) dada por yn = xϕ(n). Assim, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que |xn − a| < ε sempre que n > n0. Seja In0 = {1, . . . , n0}. Do exerc´ıcio anteriorsegue que ϕ−1 (In0) e´ um conjunto finito. Seja n1 = maxϕ −1 (In0). Deste modo, se n > n1 temos que ϕ (n) /∈ In0 , e, consequentemente, ϕ (n) > n0. Portanto, sempre que n > n1 |yn − a| = ∣∣xϕ(n) − a∣∣ < ε e lim yn = a. Considere (xn) definida por xn = 1 n . Enta˜o lim xn = 0. Seja ϕ : N→ N definida por ϕ (n) = { 1, se n e´ ı´mpar; n 2 , se n e´ par. Observe que ϕ e´ sobrejetiva. Fazendo yn = xϕ(n), observamos que a sequeˆncia assim definida e´ divergente, pois a subsequeˆncia (y2n−1)n∈N definida por y2n−1 = x1 = 1 converge para 1 emquanto a subsequeˆncia (y2n)n∈N definida por y2n = xn = 1 n converge para 0. � 25. Seja xn 6= 0 para todo n ∈ N. Se existirem n0 ∈ N e c ∈ R tais que 0 < ∣∣∣∣xn+1xn ∣∣∣∣ ≤ c < 1 para todo n > n0, enta˜o lim xn = 0. Se pore´m ∣∣∣∣xn+1xn ∣∣∣∣ ≥ c > 1 para todo n > n0, enta˜o lim |xn| = +∞. Como aplicac¸a˜o, reobtenha os Exemplos 21 e 22 e mostre que lim n! nn = 0. SOLUC¸A˜O: Seja xn 6= 0 para todo n ∈ N e suponha que existam n0 ∈ N e c ∈ R tais que 0 < ∣∣∣∣xn+1xn ∣∣∣∣ ≤ c < 1 para todo n > n0. Neste caso, 0 < |xn+1| ≤ c |xn| ≤ c2 |xn−1| ≤ · · · ≤ cn−n0 |xn0+1| . Uma vez lim n→∞ cn−n0 |xn0+1| = |xn0+1| lim n→∞ cn−n0 = 0, segue do Teorema do Confronto que lim |xn| = 0 e, consequentemente, lim xn = 0. Se pore´m∣∣∣∣xn+1xn ∣∣∣∣ ≥ c > 1 para todo n > n0, enta˜o |xn+1| ≥ c |xn| ≥ · · · ≥ cn−n0 |xn0+1| . Uma vez que lim n→∞ cn−n0 |xn0+1| = |xn0+1| lim n→∞ cn−n0 = +∞, segue novamente do Teorema do Confronto que lim |xn| = +∞. 15 Reobtenhamos agora os Exemplos 21 e 22. Exemplo 21. Seja a > 1. Enta˜o lim an n = +∞. Com efeito, ∣∣∣∣an+1/ (n+ 1)an/n ∣∣∣∣ = an+1n+ 1 · nan = a · nn+ 1 e, uma vez que lim a · n n+ 1 = a lim ( 1− 1 n+ 1 ) = a > 1, segue do Teorema da Conservac¸a˜o do Sinal que, se 1 < c < a, enta˜o existe n0 ∈ N tal que a · n n+ 1 ≥ c sempre que n > n0. Portanto, do que acabamos de provar segue que lim an n = +∞. � Exemplo 22. Para todo nu´mero real a > 0 tem-se lim n! an = +∞. Com efeito, ∣∣∣∣(n+ 1)!/an+1n!/an ∣∣∣∣ = (n+ 1)!an+1 · a n n! = n+ 1 a . Como N e´ ilimitado superiormente, existe n0 ∈ N tal que n0 + 1 > a. Da´ı, fazendo c = n0 + 1 a > 1 segue que ∣∣∣∣(n+ 1)!/an+1n!/an ∣∣∣∣ = n+ 1a > c, para todo n > n0. Logo, lim n! an = +∞. � Mostremos agora que lim n! nn = 0. De fato, ∣∣∣∣∣(n+ 1)!/ (n+ 1) n+1 n!/nn ∣∣∣∣∣ = (n+ 1)!(n+ 1)n+1 · n n n! = ( n n+ 1 )n = ( 1− 1 n+ 1 )n < ( 1− 1 n )n . Como lim ( 1− 1 n )n = 1 e < 1 segue do Teorema da Conservac¸a˜o do Sinal que, se 1 e < c < 1, enta˜o existe n0 ∈ N tal que ∣∣∣∣∣(n+ 1)!/ (n+ 1) n+1 n!/nn ∣∣∣∣∣ < c. Logo, lim n! nn = 0. � 16 26. Seja T um arranjo triangular de nu´meros na˜o-negativos, t11 t21 t22 t31 t32 t33 · · · · · · · · · · · · · · · · · · tn1 tn2 tn3 · · · tnn · · · · · · · · · · · · · · · · · · Fac¸a duas hipo´teses sobre o arranjo T . Primeira: cada linha tem soma igual a 1. Segunda: cada coluna tem limite zero: lim n→∞ tni = 0, para todo i ∈ N. Dada uma sequeˆncia convergente (xn), com lim xn = a, use o arranjo T para transforma´-la numa sequeˆncia (yn), com yn = tn1x1 + tn2x2 + · · ·+ tnnxn. Prove que lim yn = a. [Sugesta˜o: Considere inicialmente o caso a = 0. Dado ε > 0, existe p ∈ N tal que n > p ⇒ |xn| < ε 2 . Existe tambe´m A > 0, tal que |xn| < A para todo n. Em seguida, obtenha q ∈ N, tal que n > q ⇒ |tn1| < δ, |tn2| < δ, . . ., |tnp| < δ, onde δ = ε 2pA . Tome n0 = max {p, q}. Observe que n > n0 ⇒ |yn| ≤ tn1 |x1|+· · ·+tnp |xp|+· · ·+tnn |xn|, onde a soma das p primeiras parcelas na˜o excede ε 2 e a soma das n−p parcelas restantes na˜o supera (tn,p+1 + · · ·+ tnn) ε 2 . Logo |yn| < ε. O caso geral reduz-se imediatamente a este.] SOLUC¸A˜O: Consideremos incialmente o caso a = 0. Assim, dado ε > 0, existe p ∈ N > 0 tal que |xn| < ε 2 , sempre que n > p. Como (xn) e´ convergente, temos que e´ tambe´m limitada. Neste caso, existe A > 0 tal que |xn| < A, para todo n ∈ N. Uma vez que as sequeˆncias (tn1) ∞ n=1, (tn2) ∞ n=2, . . ., (tnp) ∞ n=p convergem para 0, tomando δ = ε 2pA , segue que existe q ∈ N tal que |tn1| < δ, |tn2| < δ, . . ., |tnp| < δ, sempre que n > q. Tome n0 = max {p, q}. Assim, |yn| = |tn1x1 + tn2x2 + · · ·+ tnnxn| ≤ tn1 |x1|+ tn2 |x2|+ · · ·+ tnp |xnp|+ tn,p+1 |xn,p+1|+ · · ·+ tnn |xn| ≤ tn1A+ tn2A+ · · ·+ tnpA+ tn,p+1 ε 2 + · · ·+ tnn ε 2 = A (tn1 + · · ·+ tnp) + ε 2 (tn,p+1 + · · ·+ tnn) ≤ Apδ + ε 2 = Ap ε 2Ap + ε 2 = ε, sempre que n > n0. Logo lim yn = 0. O caso geral reduz-se imediatemente a este, pois se xn → a 6= 0, enta˜o xn − a→ 0 e, portanto, do que acabamos de provar segue que 0 = lim [tn1 (x1 − a) + · · ·+ tnn (xn − a)] = lim (tn1x1 − tn1a+ · · ·+ tnnxn − tnna) = lim [tn1x1 + · · · tnnxn − a (tn1 + · · ·+ tnn)] = lim (tn1x1 + · · ·+ tnnxn − a) , 17 ou seja, lim (tn1x1 + · · ·+ tnnxn) = a. � 27. Se lim xn = a, pondo yn = x1 + · · ·+ xn n , tem-se ainda lim yn = a. [Sugesta˜o: Use o exerc´ıcio anterior.] SOLUC¸A˜O: Considere o seguinte arranjo triangular 1 1 2 1 2 1 3 1 3 1 3 · · · · · · · · · · · · · · · 1 n 1 n 1 n · · · 1 n · · · · · · · · · · · · · · · Temos qua cada linha deste arranjo tem soma igual a 1 e cada coluna tem limite zero. Deste modo, segue do exerc´ıcio anterior que a sequeˆncia (yn) dada por yn = x1 + · · ·+ xn n = 1 n x1 + · · ·+ 1 n xn tem limite a. � 28. Se lim xn = a e os xn sa˜o todos positivos, enta˜o lim n √ x1x2 · · · xn = a. [Sugesta˜o: Tome logar´ıtmos e reduza ao problema anterior.] Conclua que se an > 0 e lim an+1 an = a enta˜o lim n √ an = a. SOLUC¸A˜O I: Se a = 0, segue da desigualdade entre as me´dias aritme´tica e geome´trica que 0 ≤ n√x1x2 · · · xn ≤ x1 + x2 + · · ·+ xn n . Do exerc´ıcio anterior segue que lim x1 + x2 + · · ·+ xn n = 0 e, portanto, do Teorema do Confronto, segue que lim n √ x1x2 · · · xn = 0. Se a > 0, enta˜o uma vez que f (x) = log x e´ uma func¸a˜o cont´ınua que possui inversa cont´ınua segue xn → a⇔ log xn → log a. Deste modo log n √ x1x2 · · · xn = log (x1x2 · · · xn) 1 2 = 1 n log (x1x2 · · · xn) = 1 n (log x1 + log x2 + · · ·+ log xn) = log a. 18 Logo, lim n √ x1x2 · · · xn = a. Seja agora (an) uma sequeˆncia tal que an > 0 para todo n ∈ N e lim an+1 an = a. Fazendo x1 = a1 e xn+1 = an+1 an temos que a = lim n √ x1x2 · · · xn = lim n √ a1 a2 a1 · · · an an−1 = lim n √ an. � SOLUC¸A˜O II: Se a = 0, segue da desigualdade entre as me´dias aritme´tica e geome´trica que 0 ≤ n√x1x2 · · · xn ≤ x1 + x2 + · · ·+ xn n . Do exerc´ıcio anterior segue que lim x1 + x2 + · · ·+ xn n = 0 e, portanto, do Teorema do Confronto, segue que lim n √ x1x2 · · · xn = 0. Se a > 0 seja yn a me´dia harmoˆnica dos termos x1, . . . , xn, isto e´, yn = n 1 x1 + 1 x2 + · · ·+ 1 xn . Se (xn) converge para a enta˜o (1/xn) converge para 1 a . Deste modo, segue do Exerc´ıcio 27 que lim 1 x1 + 1 x2 + · · ·+ 1 xn n = a. Logo, lim yn = lim n 1 x1 + 1 x2 + · · ·+ 1 xn = lim 1 1 x1 + 1 x2 + · · ·+ 1 xn n = 1 lim 1 x1 + 1 x2 + · · ·+ 1 xn n = 1 1 a = a. Da desigualdade entre as me´dias harmoˆnica, geome´trica e aritme´tica temos que n 1 x1 + 1 x2 + · · ·+ 1 xn ≤ n√x1x2 · · · xn ≤ x1 + x2 + · · ·+ xn n 19 e do Teorema do Confronto segue o resultado. � 29. Seja yn > 0 para todo n ∈ N, com ∑ yn = +∞. Se lim xn yn = a enta˜o lim x1 + x2 + · · ·+ xn y1 + y2 + · · ·+ yn =a. SOLUC¸A˜O: Considere o arranjo triangular t11 t21 t22 t31 t32 t33 · · · · · · · · · · · · · · · · · · tn1 tn2 tn3 · · · tnn · · · · · · · · · · · · · · · · · · tal que tnj = yj y1 + y2 + · · ·+ yn , j = 1, . . . , n. Enta˜o, cada linha do arranjo tem soma igual a 1 e cada coluna tem limite zero. Portanto, segue do Exerc´ıcio 26 que lim x1 + x2 + · · ·+ xn y1 + y2 + · · ·+ yn = lim [ y1 y1 + y2 + · · ·+ yn x1 y1 + · · ·+ yn y1 + y2 + · · ·+ yn x1 yn ] = lim [ tn1 x1 y1 + tn2 x2 y2 + · · ·+ tnnxn yn ] = a. � 30. Se (yn) e´ crescente e lim yn = +∞, enta˜o lim xn+1 − xn yn+1 − yn = a ⇒ lim xn yn = a. (Use o Exerc´ıcio 29.) SOLUC¸A˜O: Fazendo v1 = x1 e vn+1 = xn+1 − xn, w1 = y1 e wn = yn+1 − yn, temos que lim vn wn = a. Do Exerc´ıcio 29 segue que a = lim vn wn = lim v1 + v2 + · · ·+ vn w1 + w2 + · · ·+ wn = lim xn − xn−1 + · · ·+ x2 − x1 + x1 yn − yn−1 + · · ·+ y2 − y1 + y1 = lim xn yn . � 31. lim n→∞ 1p + 2p + · · ·+ np np+1 = 1 p+ 1 . (Use o exerc´ıcio anterior) 20 SOLUC¸A˜O: Fazendo xn = 1 p + 2p + · · ·+ np e yn = np+1, temos que lim n→∞ xn+1 − xn yn+1 − yn = limn→∞ (n+ 1)p (n+ 1)p+1 − np+1 = limn→∞ (n+ 1)p p+1∑ k=1 ( p+1 k ) nk − np+1 = lim n→∞ (n+ 1)p p∑ k=1 ( p+1 k ) nk = lim n→∞ np ( 1 + 1 n )p np p∑ k=1 ( p+1 k ) nk−p = lim n→∞ ( 1 + 1 n )p p∑ k=1 ( p+1 k ) 1 np−k = lim n→∞ ( 1 + 1 n )p ( p+1 p ) + p−1∑ k=1 ( p+1 k ) 1 np−k = lim n→∞ ( 1 + 1 n )p ( p+1 p ) + p−1∑ k=1 ( p+1 k ) lim n→∞ 1 np−k = 1( p+1 p ) = 1 p+ 1 . Logo, do exerc´ıcio anterior segue que 1 p+ 1 = lim n→∞ xn+1 − xn yn+1 − yn = limn→∞ xn yn = lim n→∞ 1p + 2p + · · ·+ np np+1 . � 32. Para todo n ∈ N, tem-se 0 < e − ( 1 + 1 1! + 1 2! + · · ·+ 1 n! ) < 1 n!n . Conclua da´ı que o nu´mero e e´ irracional. SOLUC¸A˜O: Para todo n ∈ N temos que n! [ e− ( 1 + 1 1! + 1 2! + · · ·+ 1 n! )] = n! [ ∞∑ k=0 1 k! − n∑ k=0 1 k! ] = n! ∞∑ k=n+1 1 k! = ∞∑ k=n+1 n! k! . Se k > n, enta˜o n! k! = n! n! (n+ 1) (n+ 2) · · · (n+ (k − n)) = 1 (n+ 1) (n+ 2) · · · (n+ (k − n)) ≤ 1 (n+ 1)k−n . 21 Note que se k > n+ 1 enta˜o vale a desigualdade estrita. Deste modo n! [ e− ( 1 + 1 1! + 1 2! + · · ·+ 1 n! )] = ∞∑ k=n+1 n! k! < ∞∑ k=n+1 1 (n+ 1)k−n = 1 n+ 1 ∞∑ k=0 1 (n+ 1)k = 1 n+ 1 1 1− 1 n+ 1 = 1 n . Logo, e − ( 1 + 1 1! + 1 2! + · · ·+ 1 n! ) < 1 n!n . Supondo e racional segue que existem inteiros positivos p e q tais que e = p q . Note que devemos ter q > 1, pois, caso contra´rio, e seria um nu´mero inteiro tal que 2 < e < 3. Assim, do que provamos assima segue que 0 < p q − ( 1 + 1 1! + 1 2! + · · ·+ 1 q! ) < 1 q!q . Multiplicando todos os membros da desigualdade acima por q! segue que 0 < p (q − 1!)− q∑ k=0 q! k! < 1 q < 1 o que e´ um absurdo, pois o termo p (q − 1!)− q∑ k=0 q! k! ∈ Z. Logo e e´ irracional. � 33. lim n→∞ 1 n n √ (n+ 1) (n+ 2) · · · 2n = 4 e . (Use o final do Exerc´ıcio 28.) SOLUC¸A˜O: Fazendo an = (n+ 1) (n+ 2) · · · 2n nn = 2n! n!nn temos que lim n→∞ an+1 an = lim n→∞ (2n+ 2)! (n+ 1)! (n+ 1)n+1 · n!n n 2n! = lim n→∞ (2n+ 2) (2n+ 1)nn (n+ 1)n+2 = lim n→∞ 2nn (2n+ 1) (n+ 1)n+1 = lim n→∞ 2nn+1 ( 2 + 1 n ) nn+1 ( 1 + 1 n )n+1 = limn→∞ ( 4 + 2 n ) ( 1 + 1 n ) · ( 1 + 1 n )n = lim n→∞ ( 4 + 2 n ) lim n→∞ ( 1 + 1 n ) lim n→∞ ( 1 + 1 n )n+1 = 4e . 22 Do Exerc´ıcio 28 segue que lim n→∞ 1 n n √ (n+ 1) (n+ 2) · · · 2n = lim n→∞ n √ an = lim n→∞ an+1 an = 4 e . � 34. Prove que se definirmos an pela igualdade n! = n ne−nan, teremos lim n √ an = 1. SOLUC¸A˜O: Se an = n!en nn temos que lim an+1 an = lim (n+ 1)!en+1 (n+ 1)n+1 · n n n!en = lim nne (n+ 1)n = lim nne nn ( 1 + 1 n )n = e lim ( 1 + 1 n )n = e e = 1. Do Exerc´ıcio 28 segue que lim n √ an = lim an+1 an = 1. � 35. Sejam ∑ an e ∑ bn se´ries de termos positivos. Se ∑ bn = +∞ e existe n0 ∈ N tal que an+1 an ≥ bn+1 bn para todo n > n0 enta˜o ∑ an = +∞. SOLUC¸A˜O: Para todo n > n0 temos que bn = bn bn−1 bn−1 bn−2 · · · bn0+2 bn0+1 bn0+1 ≤ an an−1 an−1 an−2 · · · an0+2 an0+1 bn0+1 = bn0+1 an0+1 an. De ∞∑ n=1 bn = +∞ segue que ∞∑ n=n0+1 bn = +∞. Mas ∞∑ n=n0+1 bn ≤ ∞∑ n=n0+1 bn0+1 an0+1 an = bn0+1 an0+1 ∞∑ n=n0+1 an ≤ bn0+1 an0+1 ∞∑ n=1 an e, portanto, do teste de comparac¸a˜o segue que bn0+1 an0+1 ∞∑ n=1 an = +∞ e, consequentemente, ∞∑ n=1 an = +∞. � 36. Sejam ∑ an e ∑ bn se´ries de termos positivos. Se lim an bn = 0 e ∑ bn converge enta˜o ∑ an converge. Se lim an bn = c 6= 0, enta˜o ∑an coverge se, e somente se, ∑bn converge. 23 SOLUC¸A˜O: Se lim an bn = 0, enta˜o a sequeˆncia ( an bn ) n∈N e´ limitada e, consequentemente, existe K > 0 tal que an bn ≤ K, ∀n ∈ N ou seja, an ≤ Kbn, ∀n ∈ N. Deste modo, 0 < ∞∑ n=1 an ≤ ∞∑ n=1 Kbn = K ∞∑ n=1 bn < +∞ e, portanto, ∑ an e´ convergente. De modo ana´logo, se lim an bn = c 6= 0, enta˜o lim bn an = lim 1( an bn ) = 1 c e as sequeˆncias ( an bn ) n∈N e ( bn an ) n∈N sa˜o limitadas, isto e´, existem K,L > 0 tais que an bn ≤ K e bn an ≤ L, ∀n ∈ N, ou seja, an ≤ Kbn e bn ≤ Lan, ∀n ∈ N. Deste modo, 0 < ∞∑ n=1 an ≤ K ∞∑ n=1 bn ≤ KL ∞∑ n=1 an e, consequentemente, segue do teste de comparac¸a˜o que ∑ an coverge se, e somente se, ∑ bn converge. � 37. Para todo polinoˆmio p (x) de grau superior a 1, a se´rie ∑ 1 p (n) converge. SOLUC¸A˜O: Sabemos que se m > 1, enta˜o ∞∑ n=1 1 nm converge. Seja p (x) = a0+a1x+ · · ·+amxm um polinoˆmio de grau m > 1 tal que am > 0. Considerando a sequeˆncia xn = a0 nm + a1 nm−1 + · · ·+ am−1 n + am, temos que lim xn = am > 0. Seja 0 < c < am. Do Teorema da Conservac¸a˜o do Sinal segue que existe n0 ∈ N tal que a0 nm + a1 nm−1 + · · ·+ am−1 n + am > c, 24 para todo n > n0. Deste modo, ∞∑ n=1 ∣∣∣∣ 1p (n) ∣∣∣∣ = n0∑ n=1 ∣∣∣∣ 1p (n) ∣∣∣∣+ ∞∑ n=n0+1 ∣∣∣∣ 1p (n) ∣∣∣∣ = n0∑ n=1 ∣∣∣∣ 1p (n) ∣∣∣∣+ ∞∑ n=n0+1 1 nm ( a0 nm + a1 nm−1 + · · ·+ am−1 n + am ) < n0∑ n=1 ∣∣∣∣ 1p (n) ∣∣∣∣+ ∞∑ n=n0+1 1 cnm = n0∑ n=1 ∣∣∣∣ 1p (n) ∣∣∣∣+ 1c ∞∑ n=n0+1 1 nm < +∞. Assim, ∞∑ n=1 1 p (n) e´ absolutamente convergente e, portanto, convergente. Se am < 0, enta˜o ∞∑ n=1 1 p (n) = − ∞∑ n=1 1 −p (n) e, consequentemente, do que acabamos de mostrar segue o resultado. � 38. Se −1 < x < 1 e ( m n ) = m (m− 1) · · · (m− n+ 1) n! (1.6) enta˜o lim n→∞ ( m n ) xn = 0 para quaisquer m ∈ R e n ∈ N. SOLUC¸A˜O: Se m = 0, na˜o ha´ o que fazer. Se m ∈ N, enta˜o quando n ≥ m+ 1 temos que m (m− 1) · · · (m− n+ 1) n! = 0 pois o fator m − m = 0 fara´ parte do denominador neste caso. Se m /∈ N∪{0}, enta˜o o numerador de (1.6) nunca e´ zero. Assim, fazendo an = ( m n ) xn temos que lim n→∞ ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣ = limn→∞ ∣∣∣∣∣∣∣∣ (m n+ 1 ) xn+1( m n ) xn ∣∣∣∣∣∣∣∣ = lim n→∞ ∣∣∣∣m (m− 1) · · · (m− n+ 1) (m− n) xn+1(n+ 1)! · n!m (m− 1) · · · (m− n+ 1) xn ∣∣∣∣ = lim n→∞ ∣∣∣∣(m− n) xn+ 1 ∣∣∣∣ = limn→∞ ∣∣∣∣∣∣∣ (m n − 1 ) 1 + 1 n x ∣∣∣∣∣∣∣ = |x| < 1. Logo, do Exerc´ıcio 25 segue que lim n→∞ ( m n ) xn = 0. � 25 39. Se a sequeˆncia (an) e´ na˜o-crescente e lim an = 0, o mesmo ocorre com bn = a1 + · · ·+ an n . Conclua que, neste caso, a se´rie a1 − 1 2 (a1 + a2) + 1 3 (a1 + a2 + a3)− · · · e´ convergente. SOLUC¸A˜O: Uma vez que (an) e´ na˜o-crescente e lim an = 0, temos, para todo n ∈ N, que an ≥ 0 e an+1 ≤ an an+1 ≤ an−1 ... an+1 ≤ a1. Somando estas desigualdades membro a membro, obtemos que nan+1 ≤ a1 + · · ·+ an, e, portanto, an+1 ≤ a1 + · · ·+ an n = bn. Deste modo, bn+1 = a1 + · · ·+ an + an+1 n+ 1 = 1 n+ 1 [ n ( a1 + · · ·+ an n ) + an+1 ] = 1 n+ 1 (nbn + an+1) ≤ 1 n+ 1 (nbn + bn) = bn e, consequentemente, a sequeˆncia (bn) e´ mono´tona na˜o-crescente. Assim, do Teorema de Leibniz segue que a se´rie a1 − 1 2 (a1 + a2) + 1 3 (a1 + a2 + a3)− · · · = ∞∑ n=1 (−1)n−1 bn converge. � 40. Prove que, para todo a ∈ R, a se´rie a2+ a 2 1 + a2 + a2 (1 + a2)2 + · · · e´ convergente e calcule sua soma. SOLUC¸A˜O: Se a = 0, enta˜o a se´rie converge para 0. Se a 6= 0, enta˜o a se´rie em questa˜o e´ uma se´rie geome´trica com raza˜o 0 < r = 1 1 + a2 < 1 e, portanto, a2 + a2 1 + a2 + a2 (1 + a2)2 + · · · = a2 ∞∑ n=0 ( 1 1 + a2 )n = a2 1 1− 1 1 + a2 = 1 + a2. � 26 41. Para todo p ∈ N fixado, a se´rie ∑ 1 n (n+ 1) · · · (n+ p) converge. SOLUC¸A˜O: Considere o polinoˆmio P (x) = x (x+ 1) · · · (x+ p). Temos que, para todo p ∈ N, o grau de P (x) e´ maior do que 1. Portanto, segue do Exerc´ıcio 37 que ∑ 1 n (n+ 1) · · · (n+ p) = ∑ 1 P (n) converge. � 42. Se ∑ an converge e an > 0 enta˜o ∑ (an) 2 e ∑ an 1 + an convergem. SOLUC¸A˜O: Uma vez que ∑ an converge temos que lim an = 0. Portanto, existe n0 ∈ N tal que 0 < an < 1 para todo n > n0 e, neste caso, (an) 2 < an, para todo n > n0. Assim, ∞∑ n=1 (an) 2 = n0∑ n=1 (an) 2 + ∞∑ n=n0+1 (an) 2 < n0∑ n=1 (an) 2 + ∞∑ n=n0+1 an < +∞. Temos ainda que, para todo n ∈ N, 1 + an > 1 e, consequentemente, 1 1 + an < 1, ∀n ∈ N. Multiplicando ambos os membros desta desigualdade por an > 0, segue que an 1 + an < an, ∀n ∈ N. Logo, 0 < ∑ an 1 + an < ∑ an < +∞ e, do Teste de Comparac¸a˜o, segue a convergeˆncia de ∑ an 1 + an . � 43. Se ∑ (an) 2 converge enta˜o ∑an n converge. SOLUC¸A˜O: Uma vez que ∑ (an) 2 converge, segue que lim (an) 2 = lim |an| = 0. Sejam N1 = { n ∈ N; |an| ≤ 1 n } e N2 = { n ∈ N; |an| > 1 n } . Enta˜o |an| n ≤ 1 n2 , ∀n ∈ N1 e |an| n < (an) 2 , ∀n ∈ N2. 27 Deste modo, 0 ≤∑∞n=1 ∣∣∣ann ∣∣∣ = ∞∑ n=1 |an| n = ∑ n∈N1 |an| n + ∑ n∈N2 |an| n ≤ ∑ n∈N1 1 n2 + ∑ n∈N2 (an) 2 ≤∑∞n=1 1n2 +∑∞n=1 (an)2 < +∞. Logo, ∑an n e´ absolutamente convergente e, portanto, convergente. � 44. Se (an) e´ decrescente e ∑ an converge enta˜o limn · an = 0. SOLUC¸A˜O I: Uma vez que ∑ an e´ convergente temos que lim an = 0 e, como (an) e´ de- crescente, temos que an > an+1 > 0 para todo n ∈ N. Deste modo, denotando por (sn) a sequeˆncia das reduzidas de ∑ an, temos que 0 < na2n < an+1 + · · ·+ a2n < an+1 + · · ·+ a2n + · · · = s− sn, para todo n ∈ N. Assim, como lim (s− sn) = 0, segue do Teorema do Confronto que limna2n = 0 e, portanto, lim 2nan = 2 limnan = 0. Do mesmo modo, 0 < na2n−1 < an + · · ·+ a2n−1 < an + · · ·+ a2n−1 + · · · = s− sn−1, para todo n ∈ N. Assim, como lim (s− sn−1) = 0, segue do Teorema do Confronto que limna2n−1 = 0 e, portanto, lim (2n− 1) a2n−1 = 2 limna2n−1 − lim a2n−1 = 0. Do Exerc´ıcio 3 segue o resultado � SOLUC¸A˜O II: Uma vez que ∑ an e´ convergente temos que lim an = 0 e, como (an) e´ de- crescente, temos que an > an+1 > 0 para todo n ∈ N. Afirmamos que existe n0 ∈ N tal que an < 1 n , para todo n ≥ n0. Com efeito, se isto na˜o ocorresse, enta˜o, para todo n ∈ N ter´ıamos an ≥ 1 n e, consequentemente, ∑ an ≥ ∑ 1 n e da divergeˆncia da se´rie harmoˆnica seguiria, de acordo com o teste de comparac¸a˜o, a di- vergeˆncia da se´rie ∑ an, contradizendo o fato de esta se´rie ser convergente. Nestas condic¸o˜es afirmamos que existe ε > 0 tal que an ≤ 1 n1+ε para todo n ≥ n0. De fato, caso isso na˜o ocorresse, enta˜o dado ε > 0 ter´ıamos an > 1 n1+ε , para todo n ≥ n0. Fazendo ε→ 0, ter´ıamos enta˜o an ≥ 1 n , contradizendo o que provamos anteriormente. Logo, 0 < nan < 1 nε . 28 Como lim 1 nε = 0, o resultado segue do Teorema do confronto. � 45. Se (an) e´ decrescente e ∑ an = +∞, enta˜o lim n→∞ a1 + a3 + · · ·+ a2n−1 a2 + a4 + · · ·+ a2n = 1. SOLUC¸A˜O: Uma vez que (an) e´ decrescente e ∑ an = +∞ temos que an > 0, para todo n ∈ N. Com efeito, se existisse n0 ∈ N tal que an0 ≤ 0, enta˜o an < 0, para todo n > n0. Deste modo ∞∑ n=n0+1 an < 0 e, consequentemente, ∞∑ n=1 an = n0∑ n=1 an + ∞∑ n=n0+1 an < ∑n0 n=1an < +∞, o que e´ uma contradic¸a˜o. Temos ainda que ∞∑ n=1 an = ∞∑ n=1 a2n−1 + ∞∑ n=1 a2n (1.7) e, como ∑ an = +∞, segue que pelo menos uma das parcelas em (1.7) vale +∞. Se for ∞∑ n=1 a2n = +∞, enta˜o, como a2n−1 < a2n para todo n ∈ N, teremos que ∞∑ n=1 a2n−1 = +∞. Por outro lado, se ∞∑ n=1 a2n−1 = +∞, enta˜o, ∞∑ n=1 a2n+1 = −a1+ ∞∑ n=1 a2n−1 = +∞ e, como, a2n > a2n+1 para todo n ∈ N, teremos ∞∑ n=1 a2n = +∞. Logo, temos que ∞∑ n=1 a2n−1 = ∞∑ n=1 a2n = +∞. Observe agora que, para todo n ∈ N, temos que a1 + a3 + · · ·+ a2n−1 a2 + a4 + · · ·+ a2n > 1 e a3 + a5 + · · ·+ a2n−1 a2 + a4 + · · ·+ a2n < 1. Assim, 1 < a1 + a3 + · · ·+ a2n−1 a2 + a4 + · · ·+ a2n = a1 a2 + a4 + · · ·+ a2n + a3 + a5 + · · ·+ a2n−1 a2 + a4 + · · ·+ a2n < a1 a2 + a4 + · · ·+ a2n + 1. 29 Uma vez que lim a1 a2 + a4 + · · ·+ a2n = 0, segue do Teorema do Confronto que lim a1 + a3 + · · ·+ a2n−1 a2 + a4 + · · ·+ a2n = 1. � 46. Seja (an) uma sequeˆncia na˜o-crescente, com lim an = 0. A se´rie ∑ an converge se, e somente se, ∑ 2na2n converge. SOLUC¸A˜O: Uma vez que (an) e´ na˜o-crescente e lim an = 0, temos que an ≥ an+1 ≥ 0, para todo n ∈ N. Deste modo, supondo ∑an <∞ temos que ∞∑ n=1 an = a1 + a2 + (a3 + a4) + (a5 + a6 + a7 + a8) + · · · ≥ a2 + 2a4 + 4a8 + · · · = ∞∑ n=1 2n−1a2n. Logo, ∞∑ n=1 2na2n = 2 ∞∑ n=1 2n−1a2n ≤ 2 ∞∑ n=1 an <∞. (1.8) Por outro lado, supondo que ∑ 2na2n <∞, temos que ∞∑ n=1 an = a1 + (a2 + a3) + (a4 + a5 + a6 + a7) + · · · ≤ a1 + 2a2 + 4a4 + · · · = a1 + ∞∑ n=1 2na2n , ou seja, ∞∑ n=1 an ≤ a1 + ∞∑ n=1 2na2n <∞. (1.9) Logo, a se´rie ∑ an converge se, e somente se, ∑ 2na2n converge. � 47. Prove que o conjunto dos valores de adereˆncia da sequeˆncia xn = cos (n) e´ o intervalo fechado [−1, 1]. SOLUC¸A˜O: Da sobrejetividade da func¸a˜o cosseno segue que dado t ∈ [−1, 1], existe x ∈ R tal que cos x = t. Uma vez que o conjunto X = {2ppi + q; p, q ∈ Z} e´ denso na reta, segue que existem sequeˆncias (pn) e (qn) tais que lim (2pipn + qn) = x. Da continuidade e da paridade da func¸a˜o cosseno, temos que t = cos x = cos (lim 2pipn + qn) = lim cos (2pipn + qn) = lim cos qn = lim cos (|qn|) 30 e t e´ limite de uma subsequeˆncia de xn = cosn. � 48. Sejam a, b nu´meros reais positivos. Defina indutivamente as sequeˆncias (xn), (yn) pondo x1 = √ ab, y1 = a+ b 2 e xn+1 =√ xnyn, yn+1 = xn + yn 2 . Prove que (xn) e (yn) convergem para o mesmo limite, chamado a me´dia aritme´tico-geome´trica entre a e b. SOLUC¸A˜O: Afirmamos que xn ≤ yn, para todo n ∈ N. Com efeito, da desigualdade entre as me´dias aritme´tica e geome´trica segue que x1 = √ ab ≤ a+ b 2 = y1. e, de modo geral, xn+1 = √ xnyn ≤ xn + yn 2 = yn+1. Observe ainda que segue imediatamente deste fato que yn+1 = xn + yn 2 ≤ yn + yn 2 = yn e xn+1 = √ xnyn ≥ √xnxn = xn. para todo n ∈ N e, ale´m disso, 0 ≤ xn ≤ yn ≤ y1, para todo n ∈ N, ou seja, (xn) e (yn) sa˜o sequeˆncias mono´tonas limitadas e, portanto, convergentes. Sejam x = lim xn e y = lim yn. Enta˜o 2y = 2 lim yn+1 = 2 lim xn + yn 2 = lim xn + lim yn = x+ y, isto e´, x = y. � 49. Sejam a1 ≥ a2 ≥ · · · ≥ 0 e sn = a1 − a2 + · · ·+ (−1)n−1 an. Prove que a sequeˆncia (sn) e´ limitada e que lim sup sn − lim inf sn = lim an. SOLUC¸A˜O: A sequeˆncia (an) e´ mono´tona limitda e, portanto, convergente. Observe que, do fato de ser an ≥ an+1 e an ≥ 0, para todo n ∈ N, conclu´ımos que s2n−1 = a1 − a2 + · · ·+ a2n−3 − a2n−2 + a2n−1 = (a1 − a2) + · · ·+ (a2n−3 − a2n−2) + a2n−1 ≥ 0 e s2n = a1 − a2 + · · ·+ a2n−1 − a2n = (a1 − a2) + · · ·+ (a2n−1 − a2n) ≥ 0 31 Note ainda que s2n+1 − s2n−1 = −a2n + a2n+1 ≤ 0⇒ s2n−1 ≥ s2n+1 s2n+2 − s2n = a2n+1 − a2n+2 ≥ 0⇒ ssn+2 ≥ s2n s2n+2k+1 − s2n = a2n+1 − a2n+2 + · · ·+ a2n+2k−1 − a2n+2k + a2n+2k+1 = (a2n+1 − a2n+2) + · · ·+ (a2n+2k−1 − a2n+2k) + a2n+2k+1 ≥ 0⇒ s2n+2k+1 ≥ s2n. Logo, para todo n ∈ N tem-se s1 ≥ sn ≥ 0, ou seja (sn) e´ uma sequeˆncia limitada. Ale´m disso, por serem mono´tonas e limitadas, as sequeˆncias (s2n−1)n∈N e (s2n)n∈N sa˜o convergentes. Fazendo Sn = {sn, sn+1, . . .} temos que inf S2n−1 = inf {s2n−1, s2n, . . .} = s2n e supS2n−1 = sup {s2n−1, s2n, . . .} = s2n−1, inf S2n = inf {s2n, s2n+1, . . .} = s2n e supS2n = sup {s2n, s2n+1, . . .} = s2n+1 e, portanto, lim sup sn − lim inf sn = lim s2n−1 − lim s2n = lim s2n+1 − lim s2n = lim (s2n+1 − s2n) = lim a2n+1 = lim an. A u´ltima igualdade acima decorre do fato de a sequeˆncia (an) ser convergente. � 32 Cap´ıtulo 2 Topologia da Reta 1. Um conjunto A ⊂ R e´ aberto se, e somente se, cumpre a seguinte condic¸a˜o: “se uma sequeˆncia (xn) converge para um ponto a ∈ A, enta˜o xn ∈ A para todo n suficientemente grande. SOLUC¸A˜O: Suponha que A ⊂ R seja aberto e seja a ∈ A. Enta˜o existe ε > 0 tal que (a− ε, a+ ε) ⊂ A. Se (xn) e´ uma sequeˆncia que converge para a, enta˜o existe n0 ∈ N tal que xn ∈ (a− ε, a+ ε) ⊂ A, ∀n ≥ n0, ou seja, xn ∈ A para todo n suficientemente grande. Reciprocamente, suponha que A ⊂ R tem a propriedade de que se uma sequeˆncia (xn) converge para um ponto a ∈ A, enta˜o xn ∈ A para todo n suficientemente grande. Suponha, por absurdo, que A 6= int(A). Enta˜o existe a ∈ A tal que a /∈ int(A). Logo, a ∈ ∂A = ∂Ac e, consequentemente, a ∈ Ac. Deste modo, existe uma sequeˆncia (xn) de pontos de A c que converge para a. Por hipo´tese, segue que xn ∈ A para todo n suficientemente grande e, consequentemente, A ∩ Ac 6= ∅, o que e´ uma contradic¸a˜o. Portanto A = int(A) e A e´ aberto. � 2. Tem-se lim xn = a se, e somente se, para todo aberto A contendo o ponto a, existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ A. SOLUC¸A˜O: Suponha que lim xn = a e seja A um aberto que conte´m a. Enta˜o existe ε > 0 tal que (a− ε, a+ ε) ⊂ A. Deste modo, existe tambe´m n0 ∈ N tal que xn ∈ (a− ε, a+ ε) ⊂ A, sempre que n > n0, ou seja, existe n0 ∈ N tal que xn ∈ A sempre que n > n0. Reciproca- mente, suponha que dado um aberto A contendo o ponto a existe n0 ∈ N tal que xn ∈ A para todo n > n0. Enta˜o, dado ε > 0 o intervalo (a− ε, a+ ε) e´ um aberto que conte´m a e, portanto, existe n0 ∈ N tal que xn ∈ (a− ε, a+ ε) sempre que n > n0, isto e´, lim xn = a. � 3. Seja B ⊂ R aberto. Enta˜o, para todo x ∈ R, o conjunto x+ B = {x+ y; y ∈ B} 33 e´ aberto. Analogamente, se x 6= 0, enta˜o o conjunto x · B = {x · y; y ∈ B} e´ aberto. SOLUC¸A˜O: Seja I = (a, b) um intervalo aberto. Enta˜o dado x ∈ R o conjunto x + I e´ o intervalo aberto (a+ x, b+ x). Com efeito, d ∈ (a+ x, b+ x)⇒ a+ x < d < b+ x⇒ a < d− x < b ⇒ d− x ∈ (a, b) = I ⇒ d = x+ (d− x) ∈ x+ I ⇒ (a+ x, b+ x) ⊂ x+ I e, reciprocamente, d ∈ x+ I ⇒ d = x+ y, para algum y ∈ I ⇒ d− x = y ∈ I ⇒ a < d− x < b⇒ a+ x < d < b+ x⇒ d ∈ (a+ x, b+ x) ⇒ x+ I ⊂ (a+ x, b+ x) . Do mesmo modo, se x ∈ R, tal que x 6= 0, enta˜o x · I = { (ax, bx) , se x > 0, (bx, ax) , se x < 0. De fato, se x > 0, d ∈ (ax, bx)⇒ ax < d < bx⇒ a < d x < b⇒ d x ∈ I ⇒ d = x · d x ∈ x · I ⇒ (ax, bx) ⊂ x · I e, reciprocamente, d ∈ x · I ⇒ d = x · y, para algum y ∈ I ⇒ d x = y ∈ I ⇒ a < d x < b⇒ ax < d < bx⇒ d ∈ (ax, bx)⇒ x · I ⊂ (ax, bx) . O caso a < 0 e´ ana´logo. Se B ⊂ R e´ aberto, enta˜o existe uma sequeˆncia In de intervalos abertos dois a dois disjuntos tais que B = ∞⋃ n=1 In. Deste modo, x+ B = ∞⋃ n=1 (x+ In) x ·B = ∞⋃ n=1 (x · In) 34 e, como x + In e x · In sa˜o intervalos abertos para todo n ∈ N, segue que x + B e x · B sa˜o conjuntos abertos. � 4. Sejam A e B abertos. Enta˜o os conjuntos A+ B = {x+ y; x ∈ A, y ∈ B} e A ·B = {x · y; x ∈ A, y ∈ B} sa˜o abertos. SOLUC¸A˜O: Temos que A+ B = {x+ y; x ∈ A, y ∈ B} = ⋃ x∈A (x+ B) , A ·B = {x · y; x ∈ A, y ∈ B} = ⋃ x∈A (x ·B) . Do exerc´ıcio anterior segue que, para todo x ∈ A, x + B e x · B sa˜o conjuntos abertos e, consequentemente, A+ B e A · B sa˜o abertos. � 5. Para quaisquer X, Y ⊂ R, tem-se int (X ∩ Y ) = int (X) ∩ int (Y ) e int (X ∪ Y ) ⊃ int (X) ∪ int (Y ) . Deˆ um exemplo em que a inclusa˜o na˜o se reduza a uma igualdade. SOLUC¸A˜O: Temos que a ∈ int (X ∩ Y )⇔ ∃ ε > 0; (a− ε, a+ ε) ⊂ X ∩ Y ⇔ ∃ ε > 0; (a− ε, a+ ε) ⊂ X e (a− ε, a+ ε) ⊂ Y ⇔ a ∈ int (X) e a ∈ int (Y )⇔ a ∈ int (X) ∩ int (Y ) . Logo, todo elemento de int (X ∩ Y ) e´ tambe´m um elemento de int (X)∩ int (Y ) e vice-versa, ou seja, int (X ∩ Y ) = int (X) ∩ int (Y ) . Do mesmo modo, a ∈ int (X ∪ Y )⇒ ∃ ε > 0; (a− ε, a+ ε) ⊂ X ∪ Y ⇒ ∃ ε > 0; (a− ε, a+ ε) ⊂ X ou (a− ε, a+ ε) ⊂ Y ⇒ a ∈ int (X) ou a ∈ int (Y )⇒ a ∈ int (X) ∪ int (Y ) . Logo, todo elemento de int (X) ∪ int (Y ) e´ tambe´m um elemento de int (X ∪ Y ), ou seja, int (X ∪ Y ) ⊃ int (X) ∪ int (Y ) . Fazendo X = [0, 1] e Y = [1, 2], temos que X ∪ Y = [0, 2]. Assim, int (X ∪ Y ) = (0, 2) ) (0, 1) ∪ (1, 2) = int (X) ∪ int (Y ) . � 35 6. Se A ⊂ R e´ aberto e a ∈ A enta˜o A− {a} e´ aberto SOLUC¸A˜O I: Uma vez que A e´ aberto temos que Ac e´ fechado. Temos que x ∈ (A− {a})c ⇔ x /∈ A− {a} ⇔ x ∈ Ac ou x ∈ {a} ⇔ x ∈ Ac ∪ {a} , ou seja, (A− {a})c = Ac ∪ {a}. Logo (A− {a})c e´ fechado por ser a unia˜o de conjuntos fechados e, portanto, A− {a} e´ aberto. � SOLUC¸A˜O II: Seja x ∈ A − {a}. Enta˜o x ∈ A e x 6= a. Uma vez que A e´ aberto segue que existe δ > 0 tal que (x− δ, x+ δ) ⊂ A e, uma vez que x 6= a, |x− a| > 0. Seja ε = min {δ, |x− a|}. Enta˜o a /∈ (x− ε, x+ ε) ⊂ A e, consequentemente, (x− ε, x+ ε) ⊂ A− {a}. Logo, todo ponto de A− {a} e´ interior e este conjunto e´, portanto, aberto � SOLUC¸A˜O III: Seja I = (c, d) um intervalo aberto. Se a ∈ I, enta˜o I − {a} = (c, a) ∪ (a, d). Com efeito, x ∈ I − {a} ⇔ x ∈ I e x 6= a⇔ c < x < a < d ou c < a < x < d ⇔ x ∈ (c, a) ou x ∈ (a, d)⇔ x ∈ (c, a) ∪ (a, d) . Se A e´ aberto enta˜o podemos escrever A = ∞⋃ n=1 In, onde os conjuntos In sa˜o intervalos abertos dois a dois disjuntos. Se a ∈ A, enta˜o existe n0 ∈ N tal que a ∈ In0 e, consequentemente, A− {a} = ( n0−1⋃ n=1 In ) ∪ (In0 − {a}) ∪ ( ∞⋃ n=n0+1 In ) . Logo A− {a} e´ uma reunia˜o de conjuntos abertos e e´, portanto, aberto. � 7. Considere as func¸o˜es f, g, h : R → R dadas por f (x) = ax + b (a 6= 0), g (x) = x2 e h (x) = x3. Mostre que para cada A ⊂ R aberto, f−1(A), g−1 (A) e h−1 (A) sa˜o abertos. SOLUC¸A˜O: Seja A ⊂ R um conjunto aberto. Enta˜o existe uma sequeˆncia (In) de intervalos abertos dois a dois disjuntos tal que A = ∞⋃ n=1 In. Dada uma func¸a˜o ϕ : R → R temos que ϕ−1 (A) = ϕ−1 ( ∞⋃ n=1 In ) = ∞⋃ n=1 ϕ−1 (In). Logo, e´ suficiente mostrar que se I = (c, d) e´ um intervalo aberto, enta˜o f−1 (I), g−1 (I) e h−1 (I) sa˜o abertos. • f (x) = ax+ b, a 6= 0: Supondo a > 0, temos que x ∈ f−1 (I)⇔ f (x) ∈ I ⇔ c < ax+ b < d ⇔ c− b a < x < d− b a ⇔ x ∈ ( c− b a , d− b a ) , 36 ou seja, f−1 (I) = ( c− b a , d− b a ) . Analogamente, verifica-se que se a < 0, enta˜o f−1 (I) =( d− b a , c− b a ) . • g (x) = x2: Se c < d ≤ 0, enta˜o g−1 (I) = ∅. Se 0 ≤ c < d, enta˜o x ∈ g−1 (I)⇔ g (x) ∈ I ⇔ c < x2 < d⇔ √c < |x| < √ d ⇔ − √ d < x < −√c ou √c < x < √ d ⇔ x ∈ ( − √ d,−√c ) ∪ (√ c, √ d ) , ou seja g−1 (I) = ( −√d,−√c ) ∪ (√ c, √ d ) . Se c < 0 < d, enta˜o (c, d) = (c, 0)∪{0}∪ (0, d). Deste modo, g−1 (I) = g−1 ((c, 0)) ∪ g−1 (0) ∪ g−1 (0, d) = ∅ ∪ {0} ∪ ( − √ d, 0 ) ∪ ( 0, √ d ) = ( − √ d, √ d ) . • h (x) = x3: Temos que x ∈ h−1 (I)⇔ h (x) ∈ I ⇔ c < x3 < d ⇔ 3√c < x < 3 √ d⇔ x ∈ ( 3 √ c, 3 √ d ) , ou seja, h−1 (I) = ( 3 √ c, 3 √ d ) . � 8. No exerc´ıcio anterior, mostre que, para cada A ⊂ R aberto, f (A) e h (A) sa˜o abertos. Deˆ exemplo de A aberto tal que g (A) na˜o seja aberto. SOLUC¸A˜O: Seja A ⊂ R um conjunto aberto. Enta˜o existe uma sequeˆncia (In) de intervalos abertos dois a dois disjuntos tal que A = ∞⋃ n=1 In. Dada uma func¸a˜o ϕ : R → R temos que ϕ (A) = ϕ ( ∞⋃ n=1 In ) = ∞⋃ n=1 ϕ (In). Logo, e´ suficiente mostrar que se I = (c, d) e´ um intervalo aberto, enta˜o f (I) e h (I) sa˜o abertos. • f (x) = ax + b, a 6= 0: Supondo a > 0, temos que se y ∈ f (I) enta˜o existe x ∈ I tal que y = ax+ b. Mas x ∈ I ⇒ c < x < d⇒ ac < ax < ad ⇒ ac+ b < ax+ b = y < ad+ b⇒ y ∈ (ac+ b, ad+ b) , 37 ou seja, f (I) ⊂ (ac+ b, ad+ b). Por outro lado, y ∈ (ac+ b, ad+ b)⇒ ac+ b < y < ad+ b⇒ ac < y − b < ad ⇒ c < y − b a < d⇒ y − b a ∈ I ⇒ y = f ( y − b a ) ∈ f (I) , ou seja (ac+ b, ad+ b) ⊂ f (I). Logo, f (I) = (ac+ b, ad+ b) e´ aberto. O caso em que a < 0 e´ ana´logo. • h (x) = x3: Temos que se y ∈ h (I) enta˜o existe x ∈ I tal que y = x3. Mas x ∈ I ⇒ c < x < d⇒ c3 < x3 = y < d3 ⇒ y ∈ (c3, d3) , ou seja, h (I) ⊂ (c3, d3). Por outro lado, y ∈ (c3, d3)⇒ c3 < y < d3 ⇒ c < 3√y < d ⇒ 3√y ∈ I ⇒ y = f ( 3√y) ∈ f (I) , ou seja (c3, d3) ⊂ h (I). Logo, h (I) = (c3, d3) e´ aberto. Seja agora A = (−1, 1). Enta˜o g (A) = [0, 1). Com efeito, se y ∈ g ((−1, 1)) enta˜o existe x ∈ (−1, 1) tal que y = x2. Mas x ∈ (−1, 1)⇒ 0 ≤ |x| < 1⇒ 0 ≤ |x|2 = x2 = y < 1⇒ y ∈ [0, 1) , ou seja g ((−1, 1)) ⊂ [0, 1). Por outro lado, y ∈ [0, 1)⇒ 0 ≤ y < 1⇒ 0 ≤ √y < 1 ⇒ √y ∈ [0, 1) ⊂ (−1, 1)⇒ y = g (√y) ∈ g ((−1, 1)) , ou seja, [0, 1) ⊂ g ((−1, 1)). Logo, g ((−1, 1)) = [0, 1) na˜o e´ aberto. � 9 Toda colec¸a˜o de abertos na˜o-vazios, dois a dois disjuntos e´ eumera´vel. SOLUC¸A˜O: Seja {Aλ}λ∈Λ uma colec¸a˜o de conjuntos abertos dois a dois disjuntos. Do Teorema da Estrutura dos Abertos da Reta segue que, para todo λ ∈ Λ, existe uma sequeˆncia (Iλn) de intervalos abertos dois a dois disjuntos tal que Aλ = ∞⋃ n=1 Iλn . Deste modo, ⋃ λ∈Λ Aλ = ⋃ λ∈Λ ( ∞⋃ n=1 Iλn . ) Novamente, do Teorema da Estrutura dos Abertos da Reta segue que o conjunto de ı´ndices Λ e´ enumera´vel, pois, caso contra´rio o aberto ⋃ λ∈Λ Aλ seria escrito como uma unia˜o na˜o- enumera´vel de intervalos abertos disjuntos dois a dois. � 38 10. O conjunto dos valores de adereˆncia de uma sequeˆncia e´ um conjunto fechado. SOLUC¸A˜O: Seja (xn) uma sequeˆncia de nu´meros reais e seja X o conjunto dos seus valores de adereˆncia. Se a ∈ X, enta˜o existe uma sequeˆncia (an) de elementos de X tal que a = lim an. Do Exerc´ıcio 4.16 segue que existe uma subsequeˆncia de (xn) que converge para a, ou seja, a e´ tambe´m um valor de adereˆncia de (xn). Logo X ⊂ X e o resultado segue. � 11. Se X ⊂ F e F e´ fechado enta˜o X ⊂ F . SOLUC¸A˜O: Se a ∈ X enta˜o existe uma sequeˆncia (xn) de elementos de X tal que a = lim xn. Como X ⊂ F , segue que a sequeˆncia (xn) e´ tambe´m uma sequeˆncia de elementos de F que converge para a. Logo a ∈ F = F (pois F e´ fechado) e, portanto, X ⊂ F . � 12. Se lim xn = a e X = {x1, x2, . . . , xn, . . .} enta˜o X = X ∪ {a}. SOLUC¸A˜O: Se X e´ um conjunto finito enta˜o e´ fechado. Se X e´ infinito enta˜o X ′ = {a}. Com efeito, se existisse b ∈ X ′ tal que b 6= a, enta˜o tomando ε1 > 0 existiria n1 ∈ N tal que xn1 ∈ (b− ε1, b+ ε1) e xn1 6= b. Tomando ε2 = |xn1 − b| 2 , existiria n2 ∈ N tal que xn2 ∈ (b− ε2, b+ ε2) e xn2 6= b. Tomando ε3 = |xn2 − b| 22 existiria n3 ∈ N tal que xn3 ∈ (b− ε3, b+ ε3) e xn3 6= b. Procedendo desta forma, obtemos uma subsequeˆncia (xnk) de (xn) que converge para b contradizendo o fato de ser lim xn = a. Logo, como X = X ∪X ′ temos enta˜o que X = X ∪ {a}. � 13. O nu´mero 1 4 pertence ao Conjunto de Cantor SOLUC¸A˜O: Seja [ a 3k , a+ 1 3k ] um intervalo remanescente apo´s a retirada dos terc¸os me´dios na k-e´sima etapa de contruc¸a˜o do conjunto de Cantor. Temos que[ a 3k , a+ 1 3k ] = [ a 3k , a 3k + 1 3k+1 ] ∪ [ a 3k + 1 3k+1 , a+ 1 3k − 1 3k+1 ] ∪ [ a+ 1 3k − 1 3k+1 , a+ 1 3k ] Logo, na etapa seguinte de construc¸a˜o do conjunto de Cantor teremos que os intervalos remanescentes apo´s a retirada do terc¸o me´dio relativo ao intervalo [ a+ 1 3k − 1 3k+1 ] sera˜o os intervalos [ a 3k , a 3k + 1 3k+1 ] e [ a+ 1 3k − 1 3k+1 , a+ 1 3k ] . Provamos enta˜o que se p 3k e q 3k sa˜o extremos superior e inferior, respectivamente, de algum intervalo remanscente apo´s a k-e´sima etapa de contruc¸a˜o do conjunto de Cantor, enta˜o os valores p 3k − 1 3k+1 e q 3k + 1 3k+1 sera˜o, respectivamente, extremos inferior e superior de intervalos remanescentes apo´s as retiradas dos trec¸os me´dios na etapa seguinte da construc¸a˜o 39 do conjunto de Cantor. Uma vez que 1 3 e´ extremo superior de um intervalo remanescente na primeira etapa de construc¸a˜o do conjunto de Cantor temos que a sequeˆncia (xn) dada por x1 = 1 3 x2 = 1 3 − 1 32 x2 = 1 3 − 1 32 + 1 33 ... xn = n∑ k=1 (−1)k+1 3k ... e´ uma sequeˆncia de extremos do conjunto de Cantor. Temos que lim xn = ∞∑ n=1 (−1)n+1 3n = 1 3 ∞∑ n=0 (−1)n 3n = 1 3 · 1 1− ( −1 3 ) = 1 4 . Do fato de o conjunto de Cantor ser fechado segue o resultado. � 14. Sejam F , G conjuntos fechados disjuntos tais que F ∪ G seja um intervalo fechado (limitado ou na˜o). Enta˜o F = ∅ ou G = ∅. SOLUC¸A˜O: � 15. Seja E ⊂ R enumera´vel. Consiga uma sequeˆncia cujo conjunto dos valores de adereˆncia e´ E. Use este fato para mostrar que todo conjunto fechado F ⊂ R e´ o conjunto dos valores de adereˆncia de alguma sequeˆncia. [Sugesta˜o: Escreva N como reunia˜o enumera´vel de conjuntos infinitos disjuntos Ni. para cada n ∈ Ni fac¸a xn = i-e´simo elemento do conjunto E. Para a segunda parte use o Teorema 6.] SOLUC¸A˜O: � 40
Compartilhar