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Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 78 AULA DEMONSTRATIVA: PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO PROCESSUAL PENAL. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL SUMÁRIO PÁGINA Apresentação e Cronograma 01 I - Introdução 05 II - Ne procedat iudex ex officio 06 III - Devido Processo Legal 08 IV - Da Presunção de Inocência 16 V - Vedação às provas ilícitas 24 VI - Obrigatoriedade de motivação das decisões 27 VII - Publicidade 29 VIII - Isonomia Processual ou par conditio 34 IX - Duplo Grau de Jurisdição 35 X - Do Juiz Natural e do Promotor Natural 37 XI - Aplicação da Lei Processual no espaço 42 XII - Aplicação da Lei Processual no tempo 47 XIII - Disposições preliminares do CPP (Interpretação e Integração da Lei Processual) 59 Resumo da Aula 63 Lista das questões 66 Gabarito 77 Olá, meus amigos! É com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATÉGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprovação de vocês no concurso do TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS. Aqui vamos estudar (E muito!) teoria e comentar exercícios sobre DIREITO PROCESSUAL PENAL, para o cargo de ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA. E aí, povo, preparados para receber mais de R$ 7.000,00 mensais? A Banca que irá organizar o concurso (cujo edital ACABOU DE SAIR!) é a CONSULPLAN. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 78 Bom, está na hora de me apresentar a vocês, não é? Meu nome é Renan Araujo, tenho 25 anos, sou Defensor Público Federal desde 2010, titular do 16° Ofício Cível da Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro. Antes, porém, fui servidor da Justiça Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de Técnico Judiciário, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e pós-graduado em Direito Público pela Universidade Gama Filho. Disse a vocês minha idade propositalmente. Minha trajetória de vida está intimamente ligada aos Concursos Públicos. Desde o começo da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria pra minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferença! Algumas pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concursos em tão pouco tempo. Simples: Foco + Força de vontade + Disciplina. Não há fórmula mágica, não há ingrediente secreto! Basta querer e correr atrás do seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona! Bom, como já adiantei, neste curso estudaremos todo o conteúdo de Direito Processual Penal previsto no Edital. Estudaremos teoria e vamos trabalhar também com exercícios comentados. Abaixo segue o plano de aulas do curso todo: Aula DEMONSTRATIVA – 29.10.12 Princípios do Direito Processual Penal. Aplicação da Lei processual penal. Aula 01 – 06.11.12 Inquérito Policial. Aula 02 – 13.11.12 Ação Penal. Aula 03 – 20.11.12 Jurisdição e Competência Aula 04 – 27.11.12 Sujeitos do Processo Penal Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 78 Aula 05 – 04.12.12 Provas (Parte I) Aula 06 – 11.12.12 Provas (Parte II) Aula 07 - 19.12.12 Da prisão, das medidas cautelares e da Liberdade Provisória (Parte I). Prisão temporária (Lei 7.960/89) Aula 08 - 04.01.13 Da prisão, das medidas cautelares e da Liberdade Provisória (Parte II) Aula 09 – 11.01.13 Atos e Prazos Processuais. Nulidades. Comunicação dos Atos Processuais (citações e intimações). Aula 10 – 18.01.13 Da sentença e da coisa julgada. Aula 11 – 25.01.13 Processo comum. Normas procedimentais para os processos perante o STF e o STJ (Lei 8.038/90). Aula 12 – 31.01.13 Dos Recursos em geral. Aula 13 - 07.02.13 Habeas Corpus e seu procedimento Conforme consta no edital, somente será exigida atualização legislativa em vigor até a data de publicação do edital, de forma que nosso curso está perfeitamente atualizado. Além disso, eventuais leis que entrarem em vigor posteriormente (durante o curso) não serão objeto de cobrança na prova. As aulas serão disponibilizadas no site conforme o cronograma apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questões que foram cobradas recentemente em concursos públicos. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 78 A CONSULPLAN não é uma Banca que elabora muitas provas de concursos públicos, e quando elabora geralmente o faz para cargos que não exigem conhecimentos de Direito Processual Penal, de forma que existem pouquíssimas questões de Direito Processual Penal desta Banca. Contudo, a resolução de questões de outras Bancas, bem mais conceituadas, como CESPE, FCC e ESAF irá dar conta do recado! Caso você seja daqueles que tem na resolução de questões a maior arma para estudar, recomendo o curso de questões comentadas que será disponibilizado pelo site! Meu e-mail para contato é renanaraujo@estrategiaconcursos.com.br. Curtam minha página no FACEBOOK e recebam questões comentadas, dicas e outras ferramentas para qualquer concurseiro! https://www.facebook.com/prof.renanaraujo No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos! Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 78 I – INTRODUÇÃO O estudo de qualquer ramo do Direito, atualmente, se inicia necessariamente com o estudo das disposições constitucionais a ele referentes. Não é possível estudar Direito do Trabalho sem estudar os arts. 6° e 7°, por exemplo, ou estudar Direito Civil sem antes analisar o art. 5°, XXII. Esse movimento contemporâneo chamado Constitucionalização do Direito nos leva a isso. Todo o ordenamento jurídico está impregnado pela Constituição. Alguns de vocês talvez ainda não saibam, mas a Constituição é uma lei (assim como as demais), porém, uma lei de hierarquia superior a todas as outras. A Constituição Federal não é uma mera “Carta de recomendações”, mas uma lei, em seu sentido mais estrito, que prevê regras e princípios dotados de alto valor normativo (Eles estabelecem deveres de conduta, não apenas recomendações). Assim, no que se refere ao Direito Processual Penal não é diferente. Existem inúmeros dispositivos da Constituição Federal que se destinam à aplicação nesse ramo do Direito que vamos estudar. Mas porque isso, professor? Isso acontece porque o Poder Constituinte Originário (Aquele que elabora a Constituição) entende que algumas questões são de extrema relevância, e devem ser tratadas na Lei Máxima (Que é a Constituição), não deixando esse regramento ao legislador ordinário (Poder Legislativo). Desta maneira, ao elevar certas regras e princípios à Constituição, o Poder Constituinte deu a eles uma hierarquia mais elevada, de forma a garantir queo legislador infraconstitucional não venha a suprimi-los. Feita esta breve introdução, vamos passar à análise específica das disposições constitucionais aplicáveis ao Processo Penal. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 78 II – PRINCÍPIO DO “NE PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO” OU DA INICIATIVA DAS PARTES OU DA INÉRCIA Alguns doutrinadores não consideram este um princípio do processo penal com base constitucional. Entretanto, é melhor pecarmos pelo excesso e estudarmos este também, pois há fatores que podem ser considerados para caracterizá-lo como um princípio de base constitucional. Este princípio diz que o Juiz não pode dar início ao processo penal, pois isto implicaria em violação da sua imparcialidade, já que, ao dar início ao processo, o Juiz já dá sinais de que irá condenar o réu. Antigamente, antes do advento da Constituição, havia o chamado procedimento judicialiforme, no qual o Juiz iniciava, de ofício (sem provocação), o processo penal das contravenções penais. Com o advento da nova Constituição esse procedimento não foi recepcionado (não tem mais vigência, pois contraria a nova Constituição). Um dos dispositivos constitucionais que dá base a esse entendimento é o art. 129, I da Constituição Federal: Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; Percebam que a Constituição estabelece como sendo privativa do MP a promoção da ação penal pública. Assim, diz-se que o MP é o “titular da ação penal pública”. Mas e a ação penal privada, professor? Mais à frente vocês verão que a ação penal privada é de titularidade do ofendido. Assim, o Juiz já Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 78 não poderia a ela dar início por sua própria natureza, já que a lei considera que, nesses casos, o interesse do ofendido em processar ou não o infrator se sobrepõe ao interesse do Estado na persecução penal. Este princípio é o alicerce máximo daquilo que se chama de sistema acusatório, que é o sistema adotado pelo nosso processo penal. No sistema acusatório existe uma figura que acusa e outra figura que julga, diferentemente do sistema inquisitivo, no qual acusador e julgador se confundem na mesma pessoa, o que gera imparcialidade do julgador, ofendendo inúmeros outros princípios. Entretanto, este princípio não impede que o Juiz determine a realização de diligências que entender necessárias para elucidar questão relevante para o deslinde do processo. Isso porque no Processo Penal, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, vigora o princípio da verdade real ou material, não da verdade formal. Assim, no processo penal não há presunção de veracidade das alegações da acusação em caso de ausência de manifestação em contrário pelo réu, pois o interesse público pela busca da efetiva verdade impede isto. Isto é matéria que, eventualmente, também cai na prova: (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE MANDADOS) A adoção do princípio da inércia no processo penal brasileiro não permite que o juiz determine, de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante dos autos. ERRADA: Como nós vimos, embora vigore no Brasil o princípio da inércia (ne procedat iudex ex officio), isso não impede que o Magistrado determine a realização de diligências que repute necessárias à elucidação de algum fato, em razão do princípio da verdade real, que também vigora no processo penal. GABARITO: ERRADA Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 78 (CESPE – 2008 – PC-TO – DELEGADO DE POLÍCIA) Impera no processo penal o princípio da verdade real e não da verdade formal, próprio do processo civil, em que, se o réu não se defender, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor. CORRETA: Conforme estudamos, no processo penal vigora o princípio da verdade material, que, em resumo, determina que o Juiz deve buscar trazer para os autos do processo a verdade dos fatos, esclarecendo pontos obscuros, até mesmo através de diligências determinadas de ofício, sem que isso importe em quebra de sua parcialidade. GABARITO: CORRETA III – PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (DUE PROCESS OF LAW) Esse princípio é o que se pode chamar de base principal do Direito Processual brasileiro, pois todos os outros, de uma forma ou de outra, encontram nele seu fundamento. Este princípio está previsto no art. 5°, LIV da CRFB/88, nos seguintes termos: LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Assim, a Constituição estabelece que ninguém poderá sofrer privação de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um processo prévio, em que lhe seja assegurada toda a sorte de instrumentos de defesa. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 78 Desta maneira, especificamente no processo penal, esse princípio norteia algumas regras, como o Direito que o acusado possui de ser ouvido pessoalmente (Sim, o interrogatório é um direito do réu), a fim de expor sua versão dos fatos, bem como o direito que o acusado possui de arrolar testemunhas, contradizer todas as provas e argumentos da acusação etc. Todos eles tiram seu fundamento do Princípio do Devido Processo Legal. A obediência ao rito previsto na Lei Processual (seja o rito ordinário ou outro), bem como às demais regras estabelecidas para o processo é que se chama de Devido Processo Legal em sentido formal. Entretanto, existe outra vertente deste princípio, denominada Devido Processo Legal em sentido material. Nessa última acepção, entende-se que o Devido Processo Legal só é efetivamente respeitado quando o Estado age de maneira razoável, proporcional e adequada na tutela dos interesses da sociedade e do acusado. Nesse sentido, o devido processo legal não estará sendo respeitado se o acusado ficar preso provisoriamente por 10 anos, aguardando julgamento. Sim, pois a prisão provisória possui natureza cautelar, não é cumprimento de pena. Desta maneira, o acusado não está ali pagando pelo que fez, pois ainda não foi julgado. Embora a lei não diga que há um prazo para o julgamento, essa demora do Judiciário aliada à prisão provisória do acusado, por tanto tempo, acaba por violar o devido processo legal, pois não é razoável manter preso por 10 anos alguém que sequer foi condenado. O princípio do Devido Processo Legal tem como corolários os postulados da Ampla Defesa e do Contraditório, ambos também previstos na Constituição Federal, em seu art. 5°, LV: LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.brPágina 10 de 78 assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Nesse diapasão, vamos analisar os Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa em um tópico próprio: III.a) Dos postulados do contraditório e do ampla defesa O princípio do Contraditório estabelece que os litigantes em geral e, no nosso caso, os acusados, tem assegurado o direito de contradizer os argumentos trazidos pela parte contrária e as provas por ela produzidas. Isso, como disse, é uma decorrência lógica do devido processo legal, pois não se pode admitir que um processo no qual o acusado não pode se manifestar seja válido. Entretanto, este princípio sofre limitações, notadamente quando a decisão a ser tomada pelo Juiz não possa esperar a manifestação do acusado ou a ciência do acusado pode implicar a frustração da decisão. Exemplo: Imagine que o MP ajuíza ação penal em face de José, requerendo seja decretada sua prisão preventiva, com base na ocorrência de uma das circunstâncias previstas no art. 312 do CPP. O Juiz, ao receber a denúncia, verificando estarem presentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, a decretará sem ouvir o acusado, pois aguardar a manifestação deste acerca da prisão preventiva pode acarretar na frustração desta (fuga do acusado). Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 78 CUIDADO! No inquérito policial não há contraditório, pois ainda não se pode falar em “acusado”, mas apenas em “investigado” ou “indiciado”. Mais à frente vocês irão ver que o Inquérito Policial não visa à condenação do infrator, mas apenas à colheita de informações acerca da autoria e da materialidade do delito para subsidiar eventual ação penal pelo MP. Assim, como no IP ninguém está sendo acusado, não há contraditório. Exceção feita ao Inquérito para expulsão de estrangeiro, pois neste há acusado e culmina numa punição, nos termos do art. 70, da lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro). Já o postulado da ampla defesa prevê que não basta dar ao acusado ciência das manifestações da acusação e facultar-lhe se manifestar, se não lhe forem dados instrumentos para isso. Ampla Defesa e Contraditório caminham juntas (até por isso estão no mesmo inciso da Constituição), e retiram seu fundamento no Devido Processo Legal. Entre os instrumentos para o exercício da defesa estão a previsão legal de recursos em face das decisões judiciais, direito à produção de provas, bem como a obrigação de que o Estado forneça assistência jurídica integral e gratuita, primordialmente através da Defensoria Pública. Vejamos: LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 78 Portanto, ao acusado que não possuir meios de pagar um advogado, deve ser garantida a defesa por um Defensor Público, ou, em não havendo sede da Defensoria Pública na comarca, ser nomeado um defensor dativo (advogado particular pago pelos cofres públicos), a fim de que lhe seja prestada defesa técnica. Além da defesa técnica, realizada por profissional habilitado (advogado particular ou Defensor Público), há também a autodefesa, que é realizada pelo próprio réu, especialmente quando do seu interrogatório, oportunidade na qual pode, ele mesmo, defender-se pessoalmente, sem a intermediação de procurador. Assim, se o Juiz recusar-se a interrogar o réu, por exemplo, estará violando o princípio da ampla defesa, por estar impedindo o réu de exercer sua autodefesa. Ao contrário da defesa técnica, que não pode faltar no processo criminal, sob pena de nulidade absoluta, o réu pode recusar-se a exercer a autodefesa, ficando em silêncio, por exemplo, pois o direito ao silêncio é um direito expressamente previsto ao réu. Este princípio não impede, porém, que o acusado sofra as consequências de sua inércia em relação aos atos processuais (não- interposição de recursos, ausência injustificada de audiências, etc.). Entretanto, o princípio da ampla defesa se manifesta mais explicitamente quando o réu, embora citado, deixe de apresentar Resposta à Acusação. Nesse caso, dada a importância da peça de defesa, deverá o Juiz encaminhar os autos à Defensoria Pública, para que atue na qualidade de curador do acusado, ou, em não havendo Defensoria no local, nomear defensor dativo para que patrocine a defesa do acusado. Meus caros, este é um tema muito cobrado em provas, de forma que todo cuidado é pouco: (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE MANDADOS) Entende-se por devido processo legal a garantia do acusado de Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 78 não ser privado de sua liberdade em um processo que seguiu a forma estabelecida na lei; desse princípio deriva o fato de o descumprimento de qualquer formalidade pelo juiz ensejar a nulidade absoluta do processo, por ofensa a esse princípio. ERRADA: Tendo sido obedecido o procedimento previsto em lei, não há violação ao devido processo legal forma, podendo o acusado ser privado de sua liberdade e de seus bens. Além disso, o descumprimento de uma formalidade pelo Juiz só anulará o processo se trouxer prejuízo às partes, pelo princípio do pas de nullité sans grief. Sim, pois, imagine que o Juiz tenha negado ao acusado o direito de ouvir uma de suas testemunhas, mas ao final, tenha este sido absolvido. No caso, a atitude do magistrado, aparentemente violadora do devido processo legal, não trouxe qualquer prejuízo ao réu. GABARITO: ERRADA (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE MANDADOS) Não se admite, por caracterizar ofensa ao princípio do contraditório e do devido processo legal, a concessão de medidas judiciais inaudita altera parte no processo penal. ERRADA: Como estudamos, em alguns casos, o Juiz deverá decidir sem antes ouvir a outra parte (no caso, o acusado), pois a eficácia da decisão pode ficar prejudicada se este tomar ciência prévia da medida, de forma que isto não viola o princípio do devido processo legal. GABARITO: ERRADA (MPE-SP – 2006 – MPE-SP – PROMOTOR DE JUSTIÇA) Assinale a afirmação incorreta. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 78 A) O direito à ampla defesa abrange a autodefesa. CORRETA: A autodefesa é uma das espécies de defesa de que o réu dispõe, sendo a outra a defesa técnica, que é aquela realizada por profissional do Direito devidamente habilitado. B) A retirada do réu da sala de audiência não precisa ser motivada pelo juiz. ERRADA: Como vimos, um dos princípios constitucionais do processo penal é a publicidade. Vimos, ainda, que essa publicidade pode ser restringida às partes e seus procuradores ou somente a estes últimos (art. 93, IX da CRFB/88). Entretanto, para queo Juiz determine a restrição da publicidade, em qualquer caso, deverá motivar, fundamentar sua decisão, sob pena de estar agindo arbitrariamente, violando o devido processo legal. C) O direito de o réu estar presente à produção da prova testemunhal decorre do direito à autodefesa. CORRETA: Conforme estudamos, a autodefesa é aquela exercida pessoalmente pelo réu. Assim, o direito que o réu possui de presenciar a produção de provas e se manifestar, se for o caso, decorre do direito à autodefesa. D) O direito à autodefesa é renunciável. CORRETA: Como disse a vocês, embora o direito à autodefesa deva ser garantido ao réu pelo Juiz, o réu não é obrigado a exercê-lo. Diferentemente do que ocorre no direito à defesa técnica, que é obrigatoriamente exercido, sob pena de nulidade. E) A retirada do réu da sala de audiência, quando sua presença ou atitude possa prejudicar a verdade do depoimento, não viola o Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 78 direito à autodefesa. CORRETA: De fato, estudamos que a publicidade pode ser restringida, em casos excepcionais. Um deles é quando a presença do réu é prejudicial ao processo, como no caso da questão. Nesse caso, prevalecerá o interesse público da busca da verdade em detrimento da autodefesa do réu que, LEMBREM-SE, DEVERÁ TER SEU PROCURADOR PRESENTE, pois a defesa técnica não pode ser restringida. GABARITO: LETRA B 11 - (FCC – 2009 – MPE-SE – Técnico do MP – Área administrativa) A condenação de um réu sem defensor viola o princípio A) da oficialidade. ERRADA: Viola o princípio da ampla defesa e do contraditório, nos termos do art. 5°, LV da Constituição. B) da publicidade. ERRADA: Viola o princípio da ampla defesa e do contraditório, nos termos do art. 5°, LV da Constituição. C) do juiz natural. ERRADA: Viola o princípio da ampla defesa e do contraditório, nos termos do art. 5°, LV da Constituição. O Juiz Natural seria violado em caso de julgamento por Juiz casuisticamente escolhido para o caso. D) da verdade real. ERRADA: A verdade real é o princípio pelo qual no processo penal deve- se buscar saber o que de fato ocorreu, a verdade real. O julgamento seu Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 78 defensor, portanto, não viola a verdade real, mas o princípio da ampla defesa e do contraditório, nos termos do art. 5°, LV da Constituição. E) do contraditório. CORRETA: O julgamento do acusado sem defensor viola o princípio do contraditório e da ampla defesa, até mais este do que aquele, pois é direito de todo acusado a ser defendido por profissional do Direito devidamente habilitado, inclusive Defensor Público, caso não tenha meios de arcar com as despesas de advogado particular, nos termos do art. 5°, LXXIV da Constituição. Essa é a chamada defesa técnica. GABARITO: LETRA E IV – PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE A Presunção de inocência é o maior pilar de um Estado Democrático de Direito, pois, segundo este princípio, nenhuma pessoa pode ser considerada culpada (e sofrer as consequências disto) antes do trânsito em julgado se sentença penal condenatória. Nos termos do art. 5°, LVII da CRFB/88: LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; O que é trânsito em julgado de sentença penal condenatória? É a situação na qual a sentença proferida no processo criminal, condenando o réu, não pode mais ser modificada através de recurso. Assim, enquanto não houver uma sentença criminal condenatória Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 78 irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado e, portanto, não pode sofrer as conseqüências da condenação. Desse princípio decorre que o ônus (obrigação) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde o começo, inocente, até que o acusador prove sua culpa. Em razão dele existe, ainda, o princípio do in dúbio pro reo ou favor rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na sentença), havendo dúvidas acerca da culpa ou não do acusado, deverá o Juiz decidir em favor deste, pois sua culpa não foi cabalmente comprovada. Resumindo, para vocês gravarem: O Processo Penal é um jogo no qual o acusado e o acusador tentam marcar pontos a seu favor, a fim de comprovarem suas teses. Só que o empate dá o título ao acusado! CUIDADO: Existem hipóteses em que o Juiz não decidirá de acordo com princípio do in dubio pro reo, mas pelo princípio do in dubio pro societate. Por exemplo, nas decisões de recebimento de denúncia ou queixa e na decisão de pronúncia, no processo de competência do Júri, o Juiz decide contrariamente ao réu (recebe a denúncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o réu no segundo) com base apenas em indícios de autoria e prova da materialidade. Ou seja, nesses casos, mesmo o Juiz tendo dúvidas quanto à culpabilidade do réu, deverá decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas decisões não há conseqüências para o réu, permitindo-se, apenas, que seja iniciado o processo ou a fase processual, na qual serão produzidas as provas necessárias à elucidação dos fatos. Desta maneira, sendo este um princípio de ordem Constitucional, deve a legislação infraconstitucional (especialmente o CPP) respeitá-lo, sob pena de violação à Constituição. Portanto, uma lei que dissesse, por exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentença em primeira instância seria inconstitucional, pois a Constituição afirma que o acusado ainda não é considerado culpado nessa hipótese. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 78 CUIDADO, GALERA! A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no curso do processo) não ofende a presunção de inocência, pois nesse caso não se trata de uma prisão como cumprimento de pena, mas sim de uma prisão cautelar, ou seja, para garantir que o processo penal seja devidamente instruído ou eventual sentença condenatória seja cumprida. Por exemplo: Se o réu está dando sinais de que vai fugir (tirou passaporte recentemente), e o Juiz decreta sua prisão preventiva, o faz não por considerá-lo culpado, mas para garantir que, caso seja condenado, cumpra a pena. Vocês verão mais sobre isso na aula sobre Prisão e Liberdade Provisória! Vou transcrever para vocês agora alguns pontos que são polêmicos e a respectiva posição dos Tribunais Superiores: Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado podem ser considerados maus antecedentes? Segundo o STJ não, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de maneira irrecorrível, logo, não pode ser considerado culpado nem sofrer qualquer conseqüência em relação a eles; Regressão de regime de cumprimento da pena – O STJ e o STFentendem que NÃO HÁ NECESSIDADE DE Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 78 CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regressão do regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do semiaberto para o fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha cometido crime doloso, ou falta grave, para que haja a regressão, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de Execuções Penais), não havendo necessidade, sequer, de que tenha havido condenação criminal ou administrativa. A Jurisprudência entende que esse artigo da LEP não ofende a Constituição; Revogação do benefício da suspensão condicional do processo em razão do cometimento de crime – Prevê a Lei 9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial ofensivo, pode ser o processo criminal suspenso por determinado, devendo o réu cumprir algumas obrigações durante este prazo (dentre elas, não cometer novo crime), findo o qual estará extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF e o STJ entendem que, descoberta a prática de crime pelo acusado beneficiado com a suspensão do processo, este benefício deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da sentença condenatória do crime novo. Vamos resumir estas posições jurisprudenciais neste quadro: TEMA POSIÇÃO DOS TRIBUNAIS Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado podem ser Segundo o STJ não, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de maneira irrecorrível, Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 78 considerados maus antecedentes? logo, não pode ser considerado culpado nem sofrer qualquer consequência em relação a eles; Regressão de regime de cumprimento da pena pode ser realizada antes do trânsito em julgado? O STJ e o STF entendem que NÃO HÁ NECESSIDADE DE CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regressão do regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do semiaberto para o fechado, por exemplo). Revogação do benefício da suspensão condicional do processo em razão do cometimento de crime deve ser realizada após o trânsito em julgado? O STF e o STJ entendem que, descoberta a prática de crime pelo acusado beneficiado com a suspensão do processo, este benefício deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da sentença condenatória do crime novo. É muito importante dar atenção especial ao estudo deste princípio, eis que é um dos mais cobrados nas provas. Vejam: (FCC – 2011 – NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO – ADVOGADO) A regra que, no processo penal, atribui à acusação, que apresenta a imputação em juízo através de denúncia ou de queixa- crime, o Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 78 ônus da prova é decorrência do princípio A) do contraditório. ERRADA: O contraditório determina a necessidade de dar-se ciência a uma parte quando a outra se manifestar no processo. B) do devido processo legal. ERRADA: O devido processo legal determina que o acusado só poderá ser condenado após ser adotado todo o procedimento previsto na lei processual, dentro de um processo conduzido por um Juiz devidamente investido na função jurisdicional e cuja competência tenha sido previamente definida por lei, C) do Promotor natural. ERRADA: O princípio do Promotor Natural determina que toda pessoa tem direito de ser acusada por um órgão do Estado cuja atribuição tenha sido previamente definida em lei. D) da ampla defesa. ERRADA: A ampla defesa significa que à parte acusada deve ser garantido o direito de produzir todas as provas que entender necessárias à comprovação de sua inocência, bem como de recorrer das decisões judiciais que lhe forem desfavoráveis, além do direito de ser patrocinado por profissional habilitado, inclusive Defensor Público, se não puder pagar, e de exercer, ele próprio, a autodefesa. E) da presunção de inocência. CORRETA: Da presunção de inocência (ou não-culpabilidade) decorre que aquele que acusa deverá provar suas alegações acusatórias, a fim de Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 78 demonstrar a culpa do acusado que, de início, é considerado inocente. GABARITO: LETRA E (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE MANDADOS) Os efeitos causados pelo princípio constitucional da presunção de inocência no ordenamento jurídico nacional incluem a inversão, no processo penal, do ônus da prova para o acusador. CORRETA: Da presunção de inocência (ou não-culpabilidade) decorre que aquele que acusa deverá provar suas alegações acusatórias, a fim de demonstrar a culpa do acusado que, de início, é considerado inocente. Assim, não cabe ao réu provar sua inocência, pois esta é presumida. GABARITO: CORRETA (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE MANDADOS) O princípio da inocência está expressamente previsto na Constituição Federal de 1988 e estabelece que todas as pessoas são inocentes até que se prove o contrário, razão pela qual se admite a prisão penal do réu após a produção de prova que demonstre sua culpa. ERRADA: Embora a questão afirme corretamente que o princípio da presunção de inocência está previsto na Constituição, erra ao afirmar que a mera produção de prova contrária ao réu possa autorizar sua prisão. A prisão do réu, como decorrência de sua culpa, só é admitida após o trânsito em julgado da sentença condenatória, nos termos do art. 5°, LVII da CRFB/88. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 78 GABARITO: ERRADA (FGV – 2008 – TJ-MS – JUIZ DE DIREITO) Relativamente aos princípios processuais penais, é incorreto afirmar que: A) o princípio da presunção de inocência recomenda que em caso de dúvida o réu seja absolvido. CORRETA: Como vimos, a presunção de inocência norteia todo o desenvolvimento do processo, pois se considera o acusado inocente até que haja sentença penal condenatória irrecorrível. Assim, havendo dúvidas, deverá o réu ser absolvida, pelo princípio do favor rei, que decorre da presunção de inocência. B) o princípio da presunção de inocência recomenda que processos criminais em andamento não sejam considerados como maus antecedentes para efeito de fixação de pena. CORRETA: Como estudamos, o STF entende que Inquéritos e Processos criminais em curso não podem ser considerados maus antecedentes, pois, no primeiro caso, sequer há acusado, e no segundo ainda nãohouve decisão irrecorrível condenando o réu. C) os princípios do contraditório e da ampla defesa recomendam que a defesa técnica se manifeste depois da acusação e antes da decisão judicial, seja nas alegações finais escritas, seja nas alegações orais. CORRETA: Um dos baluartes da ampla defesa é do contraditório é o direito que a defesa possui de se manifestar após a acusação. Sim, pois se isso não fosse possível, a acusação poderia fazer alegações que não Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 78 poderiam ser refutadas pela defesa, o que implicaria em violação à ampla defesa e ao contraditório. D) o princípio do juiz natural não impede a atração por continência nos casos em que o co-réu possui foro por prerrogativa de função quando o réu deveria ser julgado por um juiz de direito de primeiro grau. CORRETA: Quando dois réus cometem um crime, e um deles possui prerrogativa de foro, conhecido também como foro privilegiado (direito de ser julgado perante determinado Tribunal, conforme o cargo ocupado), é possível que, por conveniência da instrução criminal, ambos sejam julgados conjuntamente pelo Tribunal perante o qual responde aquele que tem prerrogativa de foro. Isso não ofende o Juiz natural pois é uma possibilidade previamente e abstratamente prevista em lei. E) o princípio da vedação de provas ilícitas não é absoluto, sendo admissível que uma prova ilícita seja utilizada quando é a única disponível para a acusação e o crime imputado seja considerado hediondo. INCORRETA: De fato, a Jurisprudência tem admitido que a vedação a provas ilícitas não é absoluta, mas, ao contrário do que admite a questão, não pode ser relativizada em favor da acusação, mas somente em favor da defesa, quando esta prova for o único meio de se obter a absolvição do réu, em razão de estar em jogo o direito à liberdade do acusado. GABARITO: LETRA E V – PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 78 No nosso sistema processual penal vige o princípio do livre convencimento motivado do Juiz, ou seja, o Juiz não está obrigado a decidir conforme determinada prova (confissão, por exemplo), podendo decidir da forma que entender, desde que fundamente sua decisão em alguma das provas produzidas nos autos do processo. Antigamente vigorava o sistema da prova tarifada, na qual as provas tinham “pesos” diferentes, sendo a confissão considerada a “rainha das provas”, ou seja, confessando o réu, o Juiz deveria condená-lo. Hoje não é assim. Para isso, às partes é conferido o direito de produzir as provas que entendam necessárias para convencer o Juiz a acatar sua tese. Entretanto, esse direito probatório não é ilimitado, encontrando limites nos direitos fundamentais previstos na Constituição. Essa limitação encontra-se no art. 5°, LVI da Constituição. Vejamos: LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; Vejam que a Constituição é clara ao dizer que não se admitem no processo as provas que tenham sido obtidas por meios ilícitos. Mas o que seriam meios ilícitos? Seriam todos aqueles meios em que para a obtenção da prova tenha que ser violado um direito fundamental de alguém. POR EXEMPLO: Imagine que Joana, que processa José por calúnia, invada sua residência para obter documentos que comprovam a culpa de José no crime. Ora, embora os documentos comprovem a culpa de José, pelo modo como foram obtidos, não poderão ser utilizados no processo, pois decorrem de violação ao direito fundamental à inviolabilidade da Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 78 residência, previsto no art. 5°, XI da Constituição: XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; ATENÇÃO, MEU POVO! A Jurisprudência e Doutrina dominantes admitem a utilização de provas ilícitas quando esta for a única forma de se obter a absolvição do réu. Por exemplo: Imaginem que no exemplo dado lá atrás, José que invadisse a casa de Joana, atrás do único documento que pode provar sua inocência. Nesse caso, os Tribunais admitem a utilização da prova obtida por meio ilícito, pelo princípio da proporcionalidade, pois, embora tenha sido violado o direito fundamental à inviolabilidade do domicílio de Joana, estava em jogo, também, o direito fundamental à liberdade de José. Esse tema também é bastante cobrado, mas veremos mais sobre ele na aula sobre “Provas”. No entanto, segue uma questãozinha para não ficarmos sem exercitar: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 78 (CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE MANDADOS) O dispositivo constitucional que estabelece serem inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos, bem como as restrições à prova criminal existentes na legislação processual penal, são exemplos de limitações ao alcance da verdade real. CORRETA: Como vimos, a verdade real é o princípio pelo qual deve haver um esforço no sentido de se obter a elucidação das questões a fim de que a verdade dos fatos seja alcançada. Entretanto, essa verdade não pode ser obtida a qualquer custo, encontrando limites na lei, notadamente quando a obtenção da prova possa ofender direitos fundamentais. GABARITO: CORRETA VI – PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS Este princípio está previsto no art. 93, IX da Constituição: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 78 podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; Como vocês podem ver, é a própria Constituição quem determina que os atos decisórios proferidos pelo Juiz sejam fundamentados. Desta maneira, pode-se elevar esse princípio (motivação das decisões judiciais) à categoria de princípio constitucional, por ter merecido a atenção da Lei Máxima. Portanto, quando o Juiz indefere uma prova requerida, ou prolata a sentença, deve fundamentar seu ato,dizendo em que fundamento se baseia para indeferir a prova ou para tomar a decisão que tomou na sentença (condenando ou absolvendo). Esse princípio decorre da lógica do sistema jurídico pátrio, em que a transparência deve vigorar. Assim, a parte (seja o acusado ou o acusador) saberá exatamente o que se baseou o Juiz para proferir aquela decisão e, assim, poder examinar se o Magistrado agiu dentro da legalidade. Aliás, esse princípio guarda estrita relação com o princípio da Ampla Defesa, eis que a ausência de fundamentação ou a fundamentação deficiente de uma decisão dificulta e por vezes impede a sua impugnação, já que a parte prejudicada não tem elementos para combatê-lo, já que não sabe seus fundamentos. Alguns pontos controvertidos merecem destaque: A decisão de recebimento da denúncia ou queixa, apesar de possuir forte carga decisória, não precisa ser Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 78 fundamentada, nos termos do CPP (STF entende que isso não fere a Constituição); A fundamentação referida é constitucional – Fundamentação referida é aquela na qual um órgão do Judiciário se remete às razões expostas por outro órgão do Judiciário (Ex.: O Tribunal, ao julgar a apelação, mantendo a sentença, pode fundamentar sua decisão referindo-se aos argumentos expostos na sentença de primeira instância, sem necessidade de reproduzi-los no corpo do Acórdão). O STF entende que essa prática não viola o art. 93, IX da CRFB/88. Além disso, o STF já decidiu que não viola a Constituição sentença na qual o magistrado, no relatório, apenas se remete ao relatório feito pelo MP em suas alegações finais; As decisões proferidas pelo Tribunal do Júri não são fundamentadas, pois os julgadores (jurados) não tem conhecimento técnico, proferindo seu voto conforme sua percepção de Justiça indicar. VII – PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Este princípio estabelece que os atos processuais e as decisões judiciais serão públicas, ou seja, de acesso livre a qualquer do povo. Essa é a regra prevista no art. 93, IX da CRFB/88: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 78 (...) IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; Percebam que a Constituição determina que os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, mas entende-se “julgamentos” como qualquer ato processual. Entretanto, essa publicidade NÃO É ABSOLUTA, podendo sofrer restrição, quando a intimidade das partes ou interesse público exigir. A isso se chama de publicidade restrita. De fato, em alguns casos, a intimidade do ofendido deve ser preservada. Imaginem uma ação penal pelo crime de estupro. É natural que a vítima peça que o processo corra em segredo de Justiça, para evitar a exposição do fato, que, por si só, já lhe traz transtornos suficientes. Ainda, pode ser decretada a tramitação em segredo de Justiça quando houver interesse público que o justifique. Essa possibilidade de restrição está prevista, ainda, no art. 5°, LX da CRFB/88: LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 78 Ressalto a vocês que essa publicidade pode ser restringida apenas às partes e seus procuradores, ou somente a estes. O que isso significa? Que alguns atos podem não ser públicos nem mesmo para a outra parte! Sim! Imaginem que, numa audiência, a ofendida pelo crime de estupro não queira dar seu depoimento na presença do acusado. Nada mais natural. Assim, o Juiz poderá mandar que este se retire da sala, permanecendo, porém, o seu advogado. Aos procuradores das partes (advogado, membro do MP, etc.) nunca se pode negar publicidade dos atos processuais! Gravem isso! Essa impossibilidade de restrição da publicidade aos procuradores das partes é decorrência natural do princípio do contraditório e da ampla defesa, pois são os procuradores quem exercem a defesa técnica, não podendo ser privados do acesso a nenhum ato do processo, sob pena de nulidade. Por fim, vale registrar que no Tribunal do Júri (que tem regras muito específicas) o voto dos jurados é sigiloso, por expressa previsão constitucional, caracterizando-se em mais uma exceção ao princípio. Nos termos do art. 5° , XVIII da Constituição: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Assim, nesse caso, não há publicidade do voto proferido pelo jurado, mas a sessão secreta onde ocorre o julgamento pelos jurados (depósito dos votos na urna) é acessível aos procuradores. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 78 Vejam como isso vem sendo cobrado: (CESPE – 2008 – TJ-SE – JUIZ DE DIREITO) Os princípios constitucionais aplicáveis ao processo penal incluem A) a publicidade. CORRETA: O princípio da publicidade está expressamente previsto no art. 93, IX da Constituição Federal. B) a verdade real. ERRADA: A verdade real não é um princípio previsto constitucionalmente, embora seja um princípio do processo penal. C) a identidade física do juiz. ERRADA: A identidade física do Juiz é o princípio do processo penal segundo o qual o Juiz que presidiu a audiência de instrução e julgamento deverá proferir a sentença. Entretanto, não está previsto na Constituição. D) o favor rei. ERRADA: O favor rei ou favor libertatis, embora decorra logicamente do princípio da presunção de inocência, está previsto implicitamente no art. 386, VII do CPP, mas não na Constituição Federal. E) a indisponibilidade. ERRADA: A indisponibilidade é o princípio pelo qual entende-se que o MP não pode dispor da Ação Penal, ou seja, havendo prova da materialidade do delito, e indícios de sua autoria, deverá o MP oferecer denúncia. Na Ação Penal Privada, ao contrário, vige o princípio da oportunidade, cabendo ao ofendido escolher se oferece ou não a queixa. Este princípio Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.brPágina 33 de 78 não está expressamente previsto na Constituição. GABARITO: LETRA A (VUNESPE – 2008 – DPE-MS – DEFENSOR PÚBLICO) O princípio da publicidade A) não tem aplicabilidade no direito processual penal brasileiro, visto que não está previsto na Constituição Federal. ERRADA: O princípio da publicidade aplica-se ao processo penal, estando previsto no art. 93, IX da Constituição Federal. B) é aquele que garante à imprensa acesso a todas as informações processuais, em nome do interesse público. ERRADA: O princípio da publicidade não garante apenas à imprensa o acesso às informações do processo, mas a qualquer pessoa. C) é regra geral no sistema processual do tipo acusatório. CORRETA: No sistema acusatório, corolário do Estado Democrático de Direito, a publicidade deve imperar, dentre outros princípios democráticos, como o Juiz Natural, etc. No sistema inquisitivo, típico de Estados autoritários, vigoram princípios como o sigilo, Tribunal de exceção, etc. D) manifesta-se claramente nos atos praticados durante a feitura do inquérito policial, em razão da natureza inquisitiva da referida peça informativa. ERRADA: Estudaremos mais o Inquérito Policial na aula própria, mas já posso adiantar que o IP possui natureza inquisitiva, mas isso não é ilegal, Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 78 pois o Inquérito não visa a condenar ninguém, mas apenas à colheita de elementos de prova. Assim, o Inquérito Policial é predominantemente sigiloso. GABARITO: LETRA C VIII – PRINCÍPIO DA ISONOMIA PROCESSUAL ou PAR CONDITIO O princípio da isonomia processual decorre do princípio da isonomia, genericamente considerado, segundo o qual as pessoas são iguais perante a lei, sendo vedadas práticas discriminatórias. Está previsto no art. 5° da Constituição: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: No campo processual este princípio também irradia seus efeitos, devendo a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualitária, conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres. Por exemplo: Os prazos recursais devem ser os mesmos para acusação e defesa, o tempo para sustentação oral nas sessões de julgamento também devem ser idênticos, etc. Entretanto, é possível que a lei estabeleça algumas situações aparentemente anti-isonômicas, a fim de equilibrar as forças dentro do processo. Explico: Quando a lei estabelece que o MP possui prazo em Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 78 dobro para recorrer, não está ferindo o princípio da isonomia, mas está apenas corrigindo uma situação de desigualdade existente entre as partes. Imagine que o réu contrate um excelente advogado, que se dedicará exclusivamente ao seu processo. Ora, esse réu está em situação de vantagem perante o MP, pois o Promotor de Justiça tem vários outros processos para se concentrar, não podendo se dedicar exclusivamente a um ou alguns. Assim, essa regra, embora trate as partes de modo diferente, não viola a isonomia processual, pois apenas corrige uma situação de desigualdade entre as partes. Mas e se o réu for defendido por um Defensor Público? O Defensor Público também não possui vários outros processos para se dedicar? Sim, e é por isso que a lei estabelece que os Defensores Públicos também gozam da prerrogativa do prazo em dobro (Previsto na LC 80/94). IX – PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO Este princípio estabelece que as decisões judiciais devem estar sujeitas à revisão por outro órgão do Judiciário. Embora não esteja expresso na Constituição, grande parte dos doutrinadores o aceita como um princípio de índole constitucional, fundamentando sua tese nas regras de competência dos Tribunais estabelecidas na Constituição, o que deixaria implícito que toda decisão judicial deva estar sujeita a recurso, via de regra. Entretanto, mesmo aqueles que consideram ser este um princípio de índole constitucional entendem que há exceções, que são os casos de competência originária do STF, ações nas quais não cabe recurso da decisão de mérito (óbvio, pois o STF é a Corte Suprema do Brasil). Assim, essa exceção não anularia o fato de que se trata de um princípio constitucional, apenas não lhe permite ser absoluto. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 78 O princípio da ampla defesa também é bastante citado como o fundamento da tese de que se trata de um princípio constitucional, pois a possibilidade de revisão da decisão judicial é circunstância necessária para que se garanta o respeito à ampla defesa, que restaria violada caso não se pudesse impugnar determinada decisão judicial. Este princípio norteia a legislação processual penal infraconstitucional, como por exemplo, pela inexigibilidade de preparo no recurso (preparo é o valor cobrado da parte para que interponha um recurso), bem como pela recente inovação legislativa que aboliu a previsão do art. 595 do CPP, que determinava que o réu devesse se recolher à prisão para apelar. Assim, entendeu-se, acertadamente, que o direito ao duplo grau de jurisdição e à ampla defesa não podem estar condicionados à prisão do réu. Vejam a aplicabilidade prática de se estudar este princípio: (FCC – 2009 – TJ-AP – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) A Constituição Federal NÃO prevê expressamente o princípio A) da publicidade. ERRADA: Possui previsão expressa no art. 93, IX da Constituição Federal. B) do duplo grau de jurisdição. CORRETA: O princípio do duplo grau de jurisdição, embora reconhecido pela Doutrina, não está expressamente previsto na CRFB/88, mas implícito nas regras definidoras de competência dos Tribunais e, ainda, por decorrência lógica do princípio da ampla defesa. C) do contraditório. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 78 ERRADA: O princípio do contraditório está expressamente previsto no art. 5°, LV da Constituição. D) da presunção da inocência. ERRADA: O princípio da presunção de inocência (ou estado de inocência) tem previsão expressa no art. 5°, LVII da Constituição Federal. E) do juiz natural. ERRADA: Este princípio está expressamente previsto no art. 5°, LIII da Constituição Federal. GABARITO: LETRA B X – PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E DO PROMOTOR NATURAL A Constituição estabelece em seu art. 5°, LIII que: LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; Assim, desse dispositivo constitucional podemos extrair os Princípios do Juiz Natural e do Promotor Natural. O princípio do Juiz Natural estabelece que toda pessoa tem direito de ser julgada por um órgãodo Poder Judiciário brasileiro, devidamente investido na função jurisdicional, cuja competência fora previamente definida. Assim, está vedada a formação de Tribunal ou Juízo de exceção, que são aqueles criados especificamente para o julgamento de um determinado caso. Isso não é tolerado no Brasil! Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 78 Porém, vocês não devem confundir Juízo ou Tribunal de exceção com varas especializadas. As varas especializadas são criadas para otimizar o trabalho do Judiciário, e sua competência é definida abstratamente, e não em razão de um fato isolado. O que este princípio impede é a manipulação das “regras do jogo” para se “escolher” o Juiz que irá julgar a causa. Assim, proposta a ação penal, ela será distribuída para um dos Juízes com competência para julgá-la. Por exemplo: Se na comarca existem cinco varas criminais, a ação será distribuída por sorteio a uma dessas varas, não podendo o Promotor escolher o Juiz de sua preferência. Já o princípio do Promotor Natural estabelece que toda pessoa tem direito de ser acusada pela autoridade competente. Assim, é vedada a designação pelo Procurador-Geral de Justiça de um Promotor para atuar especificamente num determinado caso. Isso seria simplesmente um acusador de exceção, alguém que não estava previamente definido como o Promotor (ou um dos Promotores) que poderia receber o caso, mas alguém que foi definido como o acusador de um réu após a prática do fato, cuja finalidade é fazer com que o acusado seja processado por alguém que possui determinada característica. EXEMPLO: Imagine que José é amigo do Procurador-Geral de Justiça do estado do Ceará. José vem a cometer um crime, cuja atribuição para acusá-lo é de um dos 10 Promotores Criminais da Comarca de Fortaleza. Entretanto, receoso de ser condenado, José conversa com seu amigo, o PGJ, que designa um Promotor de sua “confiança” para atuar no caso, a fim de que José não seja processado ou, então, seja requerida uma pena branda. O contrário também é verdadeiro. Sendo José inimigo do PGJ, este poderia, querendo se vingar, indicar um Promotor mais rigoroso para atuar em seu caso. Estas práticas são vedadas pelo Princípio do Promotor Natural. Entretanto, a definição de atribuições especializadas (Promotor para crimes ambientais, crimes contra a ordem financeira, etc.) não viola este Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 78 princípio, pois não se está estabelecendo uma atribuição casuística, apenas para determinado caso, mas uma atribuição abstrata, que se aplicará a todo e qualquer caso semelhante. Vejamos algumas questões relativas a este tema: (FCC – 2007 – MPU – ANALISTA PROCESSUAL) Dispõe o art. 5º, inciso XXXVII da Constituição da República Federativa do Brasil que "Não haverá juízo ou Tribunal de exceção; inciso LIII: “Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente". Tais disposições consagram o princípio A) da presunção de inocência. ERRADA: A presunção de inocência está prevista no art. 5°, VII da Constituição, não guardando qualquer relação com os incisos trazidos pela questão. B) da ampla defesa. ERRADA: A ampla defesa está prevista, juntamente com o contraditório, no art. 5°, LV da Constituição, e também não guarda relação com os trechos narrados pela questão. C) do devido processo legal. ERRADA: Embora o devido processo legal seja fundamento de todos os demais princípios processuais, não é o princípio especificamente aplicável às hipóteses trazidas, que se referem ao princípio do Juiz Natural. D) da dignidade. ERRADA: A dignidade da pessoa humana está prevista no art. 1°, III da Constituição, e é um dos fundamentos da República, mas não guarda Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 78 relação com os incisos mencionados. E) do juiz natural. CORRETA: O princípio do Juiz Natural está materializado nos dispositivos constitucionais citados, que vedam a formação de Juízo de exceção e que estabelecem ser direito de toda pessoa ser julgada por autoridade competente. GABARITO: LETRA E (TJ-SC – 2009 – TJ-SC – ANALISTA JURÍDICO) Segundo De Plácido e Silva, os “princípios jurídicos, sem dúvida, significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de elementos vitais do próprio Direito. Indicam o alicerce do Direito.” (Vocabulário Jurídico. 28 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009. p. 1091) Tendo em mira o trecho acima transcrito, mormente os seus conhecimentos sobre a matéria, julgue as proposições a seguir: I. Decorre do princípio da presunção de inocência a imputação do ônus da prova à acusação. CORRETA: Como nós estudamos, a presunção de inocência, ou estado de inocência, determina que o acusado é inocente até que haja sentença penal transitada em julgado contra si. Assim, o réu inicia o processo inocente, cabendo ao acusador comprovar sua culpa. II. Em razão do princípio da soberania dos veredictos, não pode o Tribunal reformar a decisão, apenas designar um novo júri. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 78 CORRETA: A decisão proferida no Tribunal do Júri é soberana, cabendo recursos em poucas hipóteses e, no caso de o Tribunal verificar ilegalidade, deverá anular a decisão e determinar seja formado um novo júri, não podendo reformar a decisão. III. O Juiz deve ser designado previamente, por lei, sendo vedado o Tribunal de Exceção, conforme preleciona o princípio do Juiz Natural. CORRETA: O princípio do Juiz natural veda a formação de Tribunais ou Juízos de exceção, casuisticamente, para atender a determinada intenção de quem quer que seja. Assim, toda pessoa tem direito a ser processada e julgada por autoridade previamente definida em lei, nos termos do art. 5°, LIII da CRFB/88. IV. De toda alegação fática ou de direito e das provas apresentadas tem o adverso o direito de se manifestar, tendo em vista o que preleciona o princípio do contraditório. CORRETA: O princípio do contraditório determina que às partes (tanto acusado quanto acusador) deva ser dada ciência dos fatos alegados e provas juntadas aos autos pela outra parte, abrindo-se-lhe prazo para contradita-los. A) Todas as proposições estão corretas. B) Todas as proposições estão incorretas. C) As proposições II, III e IV estão corretas. D) As proposições I, II e III estão corretas. E) As proposições I, III e IV estão corretas. GABARITO: LETRA A Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 78 XI – APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO O estudo da aplicabilidade da Lei Processual Penal está relacionadoà sua aptidão para produzir efeitos. Essa aptidão para produzir efeitos está ligada a dois fatores: espacial e temporal. Assim, a norma processual penal (como qualquer outra) vigora em determinado lugar e em determinado tempo. Nesse sentido, devemos analisar onde e quando a lei processual penal se aplica. O art. 1° do CPP diz o seguinte: Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100); III - os processos da competência da Justiça Militar; IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130 Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 78 Assim, podemos perceber que o CPP adotou, como regra, o princípio da territorialidade. O que seria esse princípio? Esse princípio determina que a lei produzirá seus efeitos dentro do território nacional. Simples assim! Desta maneira, o CPP é a lei aplicável ao processo e julgamento das infrações penais no Brasil. As regras de aplicação da Lei Penal brasileira estão no Código Penal, mas isso não nos interessa aqui. O que nos interessa é o seguinte: Se for caso de aplicação da Lei Penal brasileira, as regras do processo serão aquelas previstas no CPP, em todo o território nacional. Portanto, não se admite a existência de Códigos Processuais estaduais, até porque compete privativamente à União legislar sobre direito processual, nos termos da Constituição Federal: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; Como disse a vocês, esta é a regra! Mas toda regra possui exceções. São elas: A) Tratados, convenções e regras de Direito Internacional - Quando um determinado Estado (em sentido amplo, como sinônimo de País, Governo Soberano) exerce a Jurisdição (poder de dizer a quem pertence o direito no caso concreto), notadamente na seara do direito processual penal (exercício do ius puniendi), está exercendo sua soberania. Porém, é possível que esta soberania estatal fique afastada em algumas hipóteses, Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 78 nas quais o próprio Estado assim concorda. É o caso dos tratados e convenções, que são acordos firmados entre diversos países (pelo menos dois), nos quais se reconhece a lesividade de determinados crimes e se estabelece uma forma especial de julgá- los. Desta maneira, quando o Brasil firma tratados no plano internacional, poderá afastar pontualmente (apenas para aquela hipótese) a aplicação da lei interna. É o que acontece com relação aos diplomatas, que são imunes à legislação brasileira (penal e processual penal), sendo julgados, pelos crimes que aqui cometer, em seu país de origem. Essa disposição está prevista na Convenção de Viena, que foi incorporada ao nosso ordenamento jurídico através do Decreto n° 56.435/65. B) Prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100) – Essa é a hipótese de não-aplicação da lei processual penal no território nacional relativa a crimes de responsabilidade, ou seja, trata-se de uma exceção de jurisdição política. O que é isso? Determinados crimes, relativos ao exercício da vida política, são chamados de crimes de responsabilidade. Quando um agente político (Presidente, Ministro de Estado, Ministro do STF) pratica uma determinada conduta, esta pode ser tanto um crime comum quanto um crime de responsabilidade (crime político). Nos crimes de responsabilidade não há previsão de sanções criminais (prisão, etc.), mas sanções políticas (perda do cargo, inelegibilidade temporária, etc.). Em ALGUNS CASOS destes, o CPP não será aplicado, sendo adotado um processo específico, geralmente de competência do Poder Legislativo. Vamos ver o que diz a Constituição: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 78 Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99) II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Vejam que a Constituição vai além do que prevê o CPP, aumentando as hipóteses de afastamento da aplicação da lei processual penal. Assim, ocorrendo a prática de crime de responsabilidade por algum daqueles agentes, naquelas circunstâncias previstas na Constituição e no CPP, não se aplicará o CPP, mas o Regimento Interno do Senado Federal. Aqui, trata- se de exercício da Jurisdição pelo Poder Legislativo! Apenas a título de curiosidade (pois isso foge ao nosso objetivo aqui), os crimes de responsabilidade estão previstos no art. 2° do Decreto- Lei n° 201/67 e na lei 1.079/50. Cuidado! Os artigos da Constituição mencionados no CPP estão desatualizados, pois o CPP foi editado quando vigorava a Constituição de 1937! C) Processos de competência da Justiça Militar – Os crimes militares (que são definidos no art. 9° do Código Penal Militar) não Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 78 são submetidos a julgamento através do rito do CPP, mas, sendo de competência da Justiça Militar, aplica-se o Código de Processo Penal Militar. Os crimes militares podem ser próprios (aqueles que só estão previstos no COM), ou impróprios (estão previstos também no Código Penal, mas em determinadas circunstâncias são considerados militares. Por exemplo: Quando praticado por militar em serviço ou dentro de estabelecimento militar). Ocorrendo uma destas hipóteses, estaremos diante de crime militar, cuja competência para julgamento é da Justiça Militar, motivo pelo qual se afasta a aplicação
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