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Curso de Direito Processo Penal 00 Princípios Aplicáveis ao Processo Penal

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Direito Processual Penal – TRE/MG 
ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO 
 
 
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 78 
AULA DEMONSTRATIVA: PRINCÍPIOS 
APLICÁVEIS AO DIREITO PROCESSUAL PENAL. 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
 Apresentação e Cronograma 01 
I - Introdução 05 
II - Ne procedat iudex ex officio 06 
III - Devido Processo Legal 08 
IV - Da Presunção de Inocência 16 
V - Vedação às provas ilícitas 24 
VI - Obrigatoriedade de motivação das decisões 27 
VII - Publicidade 29 
VIII - Isonomia Processual ou par conditio 34 
IX - Duplo Grau de Jurisdição 35 
X - Do Juiz Natural e do Promotor Natural 37 
XI - Aplicação da Lei Processual no espaço 42 
XII - Aplicação da Lei Processual no tempo 47 
XIII - Disposições preliminares do CPP 
(Interpretação e Integração da Lei Processual) 
59 
Resumo da Aula 63 
Lista das questões 66 
Gabarito 77 
 
 
Olá, meus amigos! 
É com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo 
ESTRATÉGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir 
para a aprovação de vocês no concurso do TRIBUNAL REGIONAL 
ELEITORAL DE MINAS GERAIS. Aqui vamos estudar (E muito!) teoria e 
comentar exercícios sobre DIREITO PROCESSUAL PENAL, para o cargo 
de ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA. 
E aí, povo, preparados para receber mais de R$ 7.000,00 
mensais? 
A Banca que irá organizar o concurso (cujo edital ACABOU DE 
SAIR!) é a CONSULPLAN. 
Direito Processual Penal – TRE/MG 
ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO 
 
 
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 78 
Bom, está na hora de me apresentar a vocês, não é? 
Meu nome é Renan Araujo, tenho 25 anos, sou Defensor Público 
Federal desde 2010, titular do 16° Ofício Cível da Defensoria Pública da 
União no Rio de Janeiro. Antes, porém, fui servidor da Justiça Eleitoral 
(TRE-RJ), onde exerci o cargo de Técnico Judiciário, por dois anos. Sou 
Bacharel em Direito pela UNESA e pós-graduado em Direito Público pela 
Universidade Gama Filho. 
Disse a vocês minha idade propositalmente. Minha trajetória de vida 
está intimamente ligada aos Concursos Públicos. Desde o começo da 
Faculdade eu sabia que era isso que eu queria pra minha vida! E querem 
saber? Isso faz toda a diferença! Algumas pessoas me perguntam como 
consegui sucesso nos concursos em tão pouco tempo. Simples: Foco + 
Força de vontade + Disciplina. Não há fórmula mágica, não há ingrediente 
secreto! Basta querer e correr atrás do seu sonho! Acreditem em mim, 
isso funciona! 
Bom, como já adiantei, neste curso estudaremos todo o conteúdo 
de Direito Processual Penal previsto no Edital. Estudaremos teoria e 
vamos trabalhar também com exercícios comentados. 
Abaixo segue o plano de aulas do curso todo: 
 
Aula DEMONSTRATIVA – 29.10.12 
Princípios do Direito Processual Penal. Aplicação da Lei processual penal. 
Aula 01 – 06.11.12 
Inquérito Policial. 
Aula 02 – 13.11.12 
Ação Penal. 
Aula 03 – 20.11.12 
Jurisdição e Competência 
Aula 04 – 27.11.12 
Sujeitos do Processo Penal 
Direito Processual Penal – TRE/MG 
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Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO 
 
 
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 78 
Aula 05 – 04.12.12 
Provas (Parte I) 
Aula 06 – 11.12.12 
Provas (Parte II) 
Aula 07 - 19.12.12 
Da prisão, das medidas cautelares e da Liberdade Provisória (Parte I). 
Prisão temporária (Lei 7.960/89) 
Aula 08 - 04.01.13 
Da prisão, das medidas cautelares e da Liberdade Provisória (Parte II) 
Aula 09 – 11.01.13 
Atos e Prazos Processuais. Nulidades. Comunicação dos Atos Processuais 
(citações e intimações). 
Aula 10 – 18.01.13 
Da sentença e da coisa julgada. 
Aula 11 – 25.01.13 
Processo comum. Normas procedimentais para os processos perante o 
STF e o STJ (Lei 8.038/90). 
Aula 12 – 31.01.13 
Dos Recursos em geral. 
Aula 13 - 07.02.13 
Habeas Corpus e seu procedimento 
 
Conforme consta no edital, somente será exigida atualização 
legislativa em vigor até a data de publicação do edital, de forma que 
nosso curso está perfeitamente atualizado. Além disso, eventuais leis 
que entrarem em vigor posteriormente (durante o curso) não 
serão objeto de cobrança na prova. 
As aulas serão disponibilizadas no site conforme o cronograma 
apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questões que foram 
cobradas recentemente em concursos públicos. 
Direito Processual Penal – TRE/MG 
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Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO 
 
 
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 78 
A CONSULPLAN não é uma Banca que elabora muitas provas de 
concursos públicos, e quando elabora geralmente o faz para cargos que 
não exigem conhecimentos de Direito Processual Penal, de forma que 
existem pouquíssimas questões de Direito Processual Penal desta Banca. 
Contudo, a resolução de questões de outras Bancas, bem mais 
conceituadas, como CESPE, FCC e ESAF irá dar conta do recado! 
Caso você seja daqueles que tem na resolução de questões a 
maior arma para estudar, recomendo o curso de questões 
comentadas que será disponibilizado pelo site! 
Meu e-mail para contato é 
renanaraujo@estrategiaconcursos.com.br. 
Curtam minha página no FACEBOOK e recebam questões 
comentadas, dicas e outras ferramentas para qualquer concurseiro! 
https://www.facebook.com/prof.renanaraujo 
No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Teoria e exercícios comentados 
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I – INTRODUÇÃO 
 
O estudo de qualquer ramo do Direito, atualmente, se inicia 
necessariamente com o estudo das disposições constitucionais a ele 
referentes. Não é possível estudar Direito do Trabalho sem estudar os 
arts. 6° e 7°, por exemplo, ou estudar Direito Civil sem antes analisar o 
art. 5°, XXII. 
Esse movimento contemporâneo chamado Constitucionalização do 
Direito nos leva a isso. Todo o ordenamento jurídico está impregnado 
pela Constituição. 
Alguns de vocês talvez ainda não saibam, mas a Constituição é uma 
lei (assim como as demais), porém, uma lei de hierarquia superior a 
todas as outras. A Constituição Federal não é uma mera “Carta de 
recomendações”, mas uma lei, em seu sentido mais estrito, que prevê 
regras e princípios dotados de alto valor normativo (Eles estabelecem 
deveres de conduta, não apenas recomendações). 
Assim, no que se refere ao Direito Processual Penal não é diferente. 
Existem inúmeros dispositivos da Constituição Federal que se destinam à 
aplicação nesse ramo do Direito que vamos estudar. 
Mas porque isso, professor? Isso acontece porque o Poder 
Constituinte Originário (Aquele que elabora a Constituição) entende que 
algumas questões são de extrema relevância, e devem ser tratadas na Lei 
Máxima (Que é a Constituição), não deixando esse regramento ao 
legislador ordinário (Poder Legislativo). Desta maneira, ao elevar certas 
regras e princípios à Constituição, o Poder Constituinte deu a eles uma 
hierarquia mais elevada, de forma a garantir queo legislador 
infraconstitucional não venha a suprimi-los. 
Feita esta breve introdução, vamos passar à análise específica das 
disposições constitucionais aplicáveis ao Processo Penal. 
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II – PRINCÍPIO DO “NE PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO” OU DA 
INICIATIVA DAS PARTES OU DA INÉRCIA 
 
Alguns doutrinadores não consideram este um princípio do processo 
penal com base constitucional. Entretanto, é melhor pecarmos pelo 
excesso e estudarmos este também, pois há fatores que podem ser 
considerados para caracterizá-lo como um princípio de base 
constitucional. 
Este princípio diz que o Juiz não pode dar início ao processo penal, 
pois isto implicaria em violação da sua imparcialidade, já que, ao dar 
início ao processo, o Juiz já dá sinais de que irá condenar o réu. 
Antigamente, antes do advento da Constituição, havia o chamado 
procedimento judicialiforme, no qual o Juiz iniciava, de ofício (sem 
provocação), o processo penal das contravenções penais. 
Com o advento da nova Constituição esse procedimento não foi 
recepcionado (não tem mais vigência, pois contraria a nova Constituição). 
Um dos dispositivos constitucionais que dá base a esse entendimento é o 
art. 129, I da Constituição Federal: 
Art. 129. São funções institucionais do 
Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal 
pública, na forma da lei; 
 
Percebam que a Constituição estabelece como sendo privativa do MP 
a promoção da ação penal pública. Assim, diz-se que o MP é o “titular 
da ação penal pública”. 
Mas e a ação penal privada, professor? Mais à frente vocês verão 
que a ação penal privada é de titularidade do ofendido. Assim, o Juiz já 
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não poderia a ela dar início por sua própria natureza, já que a lei 
considera que, nesses casos, o interesse do ofendido em processar ou não 
o infrator se sobrepõe ao interesse do Estado na persecução penal. 
Este princípio é o alicerce máximo daquilo que se chama de sistema 
acusatório, que é o sistema adotado pelo nosso processo penal. No 
sistema acusatório existe uma figura que acusa e outra figura que julga, 
diferentemente do sistema inquisitivo, no qual acusador e julgador se 
confundem na mesma pessoa, o que gera imparcialidade do julgador, 
ofendendo inúmeros outros princípios. 
Entretanto, este princípio não impede que o Juiz determine a 
realização de diligências que entender necessárias para elucidar 
questão relevante para o deslinde do processo. Isso porque no 
Processo Penal, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, vigora o 
princípio da verdade real ou material, não da verdade formal. Assim, 
no processo penal não há presunção de veracidade das alegações da 
acusação em caso de ausência de manifestação em contrário pelo réu, 
pois o interesse público pela busca da efetiva verdade impede isto. 
Isto é matéria que, eventualmente, também cai na prova: 
(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE 
MANDADOS) 
A adoção do princípio da inércia no processo penal brasileiro não 
permite que o juiz determine, de ofício, diligências para dirimir 
dúvida sobre ponto relevante dos autos. 
ERRADA: Como nós vimos, embora vigore no Brasil o princípio da inércia 
(ne procedat iudex ex officio), isso não impede que o Magistrado 
determine a realização de diligências que repute necessárias à elucidação 
de algum fato, em razão do princípio da verdade real, que também 
vigora no processo penal. 
GABARITO: ERRADA 
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(CESPE – 2008 – PC-TO – DELEGADO DE POLÍCIA) 
Impera no processo penal o princípio da verdade real e não da 
verdade formal, próprio do processo civil, em que, se o réu não se 
defender, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor. 
CORRETA: Conforme estudamos, no processo penal vigora o princípio da 
verdade material, que, em resumo, determina que o Juiz deve buscar 
trazer para os autos do processo a verdade dos fatos, esclarecendo 
pontos obscuros, até mesmo através de diligências determinadas de 
ofício, sem que isso importe em quebra de sua parcialidade. 
GABARITO: CORRETA 
 
III – PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (DUE PROCESS OF 
LAW) 
 
 
Esse princípio é o que se pode chamar de base principal do Direito 
Processual brasileiro, pois todos os outros, de uma forma ou de outra, 
encontram nele seu fundamento. Este princípio está previsto no art. 5°, 
LIV da CRFB/88, nos seguintes termos: 
 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou 
de seus bens sem o devido processo legal; 
 
Assim, a Constituição estabelece que ninguém poderá sofrer privação 
de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um processo prévio, em 
que lhe seja assegurada toda a sorte de instrumentos de defesa. 
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Desta maneira, especificamente no processo penal, esse princípio 
norteia algumas regras, como o Direito que o acusado possui de ser 
ouvido pessoalmente (Sim, o interrogatório é um direito do réu), a fim de 
expor sua versão dos fatos, bem como o direito que o acusado possui de 
arrolar testemunhas, contradizer todas as provas e argumentos da 
acusação etc. Todos eles tiram seu fundamento do Princípio do Devido 
Processo Legal. 
A obediência ao rito previsto na Lei Processual (seja o rito ordinário 
ou outro), bem como às demais regras estabelecidas para o processo é 
que se chama de Devido Processo Legal em sentido formal. 
Entretanto, existe outra vertente deste princípio, denominada Devido 
Processo Legal em sentido material. Nessa última acepção, entende-se 
que o Devido Processo Legal só é efetivamente respeitado quando o 
Estado age de maneira razoável, proporcional e adequada na tutela dos 
interesses da sociedade e do acusado. 
Nesse sentido, o devido processo legal não estará sendo respeitado 
se o acusado ficar preso provisoriamente por 10 anos, aguardando 
julgamento. Sim, pois a prisão provisória possui natureza cautelar, não é 
cumprimento de pena. Desta maneira, o acusado não está ali pagando 
pelo que fez, pois ainda não foi julgado. Embora a lei não diga que há um 
prazo para o julgamento, essa demora do Judiciário aliada à prisão 
provisória do acusado, por tanto tempo, acaba por violar o devido 
processo legal, pois não é razoável manter preso por 10 anos alguém que 
sequer foi condenado. 
O princípio do Devido Processo Legal tem como corolários os 
postulados da Ampla Defesa e do Contraditório, ambos também previstos 
na Constituição Federal, em seu art. 5°, LV: 
 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são 
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assegurados o contraditório e ampla defesa, 
com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
Nesse diapasão, vamos analisar os Princípios do Contraditório e da 
Ampla Defesa em um tópico próprio: 
 
III.a) Dos postulados do contraditório e do ampla defesa 
 
O princípio do Contraditório estabelece que os litigantes em geral e, 
no nosso caso, os acusados, tem assegurado o direito de contradizer os 
argumentos trazidos pela parte contrária e as provas por ela produzidas. 
Isso, como disse, é uma decorrência lógica do devido processo legal, pois 
não se pode admitir que um processo no qual o acusado não pode se 
manifestar seja válido. 
Entretanto, este princípio sofre limitações, notadamente quando a 
decisão a ser tomada pelo Juiz não possa esperar a manifestação do 
acusado ou a ciência do acusado pode implicar a frustração da decisão. 
Exemplo: 
Imagine que o MP ajuíza ação penal em face de José, requerendo 
seja decretada sua prisão preventiva, com base na ocorrência de uma das 
circunstâncias previstas no art. 312 do CPP. O Juiz, ao receber a 
denúncia, verificando estarem presentes os requisitos que autorizam a 
decretação da prisão preventiva, a decretará sem ouvir o acusado, pois 
aguardar a manifestação deste acerca da prisão preventiva pode acarretar 
na frustração desta (fuga do acusado). 
 
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CUIDADO! No inquérito policial não há 
contraditório, pois ainda não se pode falar em 
“acusado”, mas apenas em “investigado” ou 
“indiciado”. Mais à frente vocês irão ver que o 
Inquérito Policial não visa à condenação do 
infrator, mas apenas à colheita de 
informações acerca da autoria e da 
materialidade do delito para subsidiar 
eventual ação penal pelo MP. Assim, como 
no IP ninguém está sendo acusado, não há 
contraditório. Exceção feita ao Inquérito para 
expulsão de estrangeiro, pois neste há acusado 
e culmina numa punição, nos termos do art. 
70, da lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro). 
 
Já o postulado da ampla defesa prevê que não basta dar ao acusado 
ciência das manifestações da acusação e facultar-lhe se manifestar, se 
não lhe forem dados instrumentos para isso. Ampla Defesa e 
Contraditório caminham juntas (até por isso estão no mesmo inciso da 
Constituição), e retiram seu fundamento no Devido Processo Legal. 
Entre os instrumentos para o exercício da defesa estão a previsão 
legal de recursos em face das decisões judiciais, direito à produção de 
provas, bem como a obrigação de que o Estado forneça assistência 
jurídica integral e gratuita, primordialmente através da Defensoria 
Pública. Vejamos: 
 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica 
integral e gratuita aos que comprovarem 
insuficiência de recursos; 
 
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Portanto, ao acusado que não possuir meios de pagar um advogado, 
deve ser garantida a defesa por um Defensor Público, ou, em não 
havendo sede da Defensoria Pública na comarca, ser nomeado um 
defensor dativo (advogado particular pago pelos cofres públicos), a fim de 
que lhe seja prestada defesa técnica. 
Além da defesa técnica, realizada por profissional habilitado 
(advogado particular ou Defensor Público), há também a autodefesa, 
que é realizada pelo próprio réu, especialmente quando do seu 
interrogatório, oportunidade na qual pode, ele mesmo, defender-se 
pessoalmente, sem a intermediação de procurador. Assim, se o Juiz 
recusar-se a interrogar o réu, por exemplo, estará violando o princípio da 
ampla defesa, por estar impedindo o réu de exercer sua autodefesa. 
Ao contrário da defesa técnica, que não pode faltar no processo 
criminal, sob pena de nulidade absoluta, o réu pode recusar-se a 
exercer a autodefesa, ficando em silêncio, por exemplo, pois o direito 
ao silêncio é um direito expressamente previsto ao réu. 
Este princípio não impede, porém, que o acusado sofra as 
consequências de sua inércia em relação aos atos processuais (não-
interposição de recursos, ausência injustificada de audiências, etc.). 
Entretanto, o princípio da ampla defesa se manifesta mais explicitamente 
quando o réu, embora citado, deixe de apresentar Resposta à Acusação. 
Nesse caso, dada a importância da peça de defesa, deverá o Juiz 
encaminhar os autos à Defensoria Pública, para que atue na qualidade de 
curador do acusado, ou, em não havendo Defensoria no local, nomear 
defensor dativo para que patrocine a defesa do acusado. 
Meus caros, este é um tema muito cobrado em provas, de forma que 
todo cuidado é pouco: 
(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE 
MANDADOS) 
Entende-se por devido processo legal a garantia do acusado de 
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não ser privado de sua liberdade em um processo que seguiu a 
forma estabelecida na lei; desse princípio deriva o fato de o 
descumprimento de qualquer formalidade pelo juiz ensejar a 
nulidade absoluta do processo, por ofensa a esse princípio. 
ERRADA: Tendo sido obedecido o procedimento previsto em lei, não há 
violação ao devido processo legal forma, podendo o acusado ser privado 
de sua liberdade e de seus bens. Além disso, o descumprimento de uma 
formalidade pelo Juiz só anulará o processo se trouxer prejuízo às partes, 
pelo princípio do pas de nullité sans grief. Sim, pois, imagine que o Juiz 
tenha negado ao acusado o direito de ouvir uma de suas testemunhas, 
mas ao final, tenha este sido absolvido. No caso, a atitude do 
magistrado, aparentemente violadora do devido processo legal, não 
trouxe qualquer prejuízo ao réu. 
GABARITO: ERRADA 
 
(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE 
MANDADOS) 
Não se admite, por caracterizar ofensa ao princípio do 
contraditório e do devido processo legal, a concessão de medidas 
judiciais inaudita altera parte no processo penal. 
ERRADA: Como estudamos, em alguns casos, o Juiz deverá decidir sem 
antes ouvir a outra parte (no caso, o acusado), pois a eficácia da decisão 
pode ficar prejudicada se este tomar ciência prévia da medida, de forma 
que isto não viola o princípio do devido processo legal. 
GABARITO: ERRADA 
 
(MPE-SP – 2006 – MPE-SP – PROMOTOR DE JUSTIÇA) 
Assinale a afirmação incorreta. 
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A) O direito à ampla defesa abrange a autodefesa. 
CORRETA: A autodefesa é uma das espécies de defesa de que o réu 
dispõe, sendo a outra a defesa técnica, que é aquela realizada por 
profissional do Direito devidamente habilitado. 
B) A retirada do réu da sala de audiência não precisa ser 
motivada pelo juiz. 
ERRADA: Como vimos, um dos princípios constitucionais do processo 
penal é a publicidade. Vimos, ainda, que essa publicidade pode ser 
restringida às partes e seus procuradores ou somente a estes últimos 
(art. 93, IX da CRFB/88). Entretanto, para queo Juiz determine a 
restrição da publicidade, em qualquer caso, deverá motivar, fundamentar 
sua decisão, sob pena de estar agindo arbitrariamente, violando o devido 
processo legal. 
C) O direito de o réu estar presente à produção da prova 
testemunhal decorre do direito à autodefesa. 
CORRETA: Conforme estudamos, a autodefesa é aquela exercida 
pessoalmente pelo réu. Assim, o direito que o réu possui de presenciar a 
produção de provas e se manifestar, se for o caso, decorre do direito à 
autodefesa. 
D) O direito à autodefesa é renunciável. 
CORRETA: Como disse a vocês, embora o direito à autodefesa deva ser 
garantido ao réu pelo Juiz, o réu não é obrigado a exercê-lo. 
Diferentemente do que ocorre no direito à defesa técnica, que é 
obrigatoriamente exercido, sob pena de nulidade. 
E) A retirada do réu da sala de audiência, quando sua presença ou 
atitude possa prejudicar a verdade do depoimento, não viola o 
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direito à autodefesa. 
CORRETA: De fato, estudamos que a publicidade pode ser restringida, 
em casos excepcionais. Um deles é quando a presença do réu é 
prejudicial ao processo, como no caso da questão. Nesse caso, 
prevalecerá o interesse público da busca da verdade em detrimento da 
autodefesa do réu que, LEMBREM-SE, DEVERÁ TER SEU PROCURADOR 
PRESENTE, pois a defesa técnica não pode ser restringida. 
GABARITO: LETRA B 
11 - (FCC – 2009 – MPE-SE – Técnico do MP – Área 
administrativa) 
A condenação de um réu sem defensor viola o princípio 
A) da oficialidade. 
ERRADA: Viola o princípio da ampla defesa e do contraditório, nos 
termos do art. 5°, LV da Constituição. 
B) da publicidade. 
ERRADA: Viola o princípio da ampla defesa e do contraditório, nos 
termos do art. 5°, LV da Constituição. 
C) do juiz natural. 
ERRADA: Viola o princípio da ampla defesa e do contraditório, nos 
termos do art. 5°, LV da Constituição. O Juiz Natural seria violado em 
caso de julgamento por Juiz casuisticamente escolhido para o caso. 
D) da verdade real. 
ERRADA: A verdade real é o princípio pelo qual no processo penal deve-
se buscar saber o que de fato ocorreu, a verdade real. O julgamento seu 
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defensor, portanto, não viola a verdade real, mas o princípio da ampla 
defesa e do contraditório, nos termos do art. 5°, LV da Constituição. 
E) do contraditório. 
CORRETA: O julgamento do acusado sem defensor viola o princípio do 
contraditório e da ampla defesa, até mais este do que aquele, pois é 
direito de todo acusado a ser defendido por profissional do Direito 
devidamente habilitado, inclusive Defensor Público, caso não tenha meios 
de arcar com as despesas de advogado particular, nos termos do art. 5°, 
LXXIV da Constituição. Essa é a chamada defesa técnica. 
GABARITO: LETRA E 
 
IV – PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO 
CULPABILIDADE 
 
A Presunção de inocência é o maior pilar de um Estado Democrático 
de Direito, pois, segundo este princípio, nenhuma pessoa pode ser 
considerada culpada (e sofrer as consequências disto) antes do trânsito 
em julgado se sentença penal condenatória. Nos termos do art. 5°, LVII 
da CRFB/88: 
 
LVII - ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
O que é trânsito em julgado de sentença penal condenatória? 
É a situação na qual a sentença proferida no processo criminal, 
condenando o réu, não pode mais ser modificada através de recurso. 
Assim, enquanto não houver uma sentença criminal condenatória 
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irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado e, portanto, 
não pode sofrer as conseqüências da condenação. 
Desse princípio decorre que o ônus (obrigação) da prova cabe ao 
acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde o começo, 
inocente, até que o acusador prove sua culpa. 
Em razão dele existe, ainda, o princípio do in dúbio pro reo ou favor 
rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na sentença), havendo 
dúvidas acerca da culpa ou não do acusado, deverá o Juiz decidir em 
favor deste, pois sua culpa não foi cabalmente comprovada. 
Resumindo, para vocês gravarem: O Processo Penal é um jogo no 
qual o acusado e o acusador tentam marcar pontos a seu favor, a fim de 
comprovarem suas teses. Só que o empate dá o título ao acusado!  
CUIDADO: Existem hipóteses em que o Juiz não decidirá de 
acordo com princípio do in dubio pro reo, mas pelo princípio do in 
dubio pro societate. Por exemplo, nas decisões de recebimento de 
denúncia ou queixa e na decisão de pronúncia, no processo de 
competência do Júri, o Juiz decide contrariamente ao réu (recebe a 
denúncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o réu no segundo) com 
base apenas em indícios de autoria e prova da materialidade. Ou seja, 
nesses casos, mesmo o Juiz tendo dúvidas quanto à culpabilidade do réu, 
deverá decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas 
decisões não há conseqüências para o réu, permitindo-se, apenas, que 
seja iniciado o processo ou a fase processual, na qual serão produzidas as 
provas necessárias à elucidação dos fatos. 
Desta maneira, sendo este um princípio de ordem Constitucional, 
deve a legislação infraconstitucional (especialmente o CPP) respeitá-lo, 
sob pena de violação à Constituição. Portanto, uma lei que dissesse, por 
exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentença em 
primeira instância seria inconstitucional, pois a Constituição afirma que o 
acusado ainda não é considerado culpado nessa hipótese. 
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CUIDADO, GALERA! A existência de 
prisões provisórias (prisões decretadas 
no curso do processo) não ofende a 
presunção de inocência, pois nesse caso 
não se trata de uma prisão como 
cumprimento de pena, mas sim de uma 
prisão cautelar, ou seja, para garantir que o 
processo penal seja devidamente instruído ou 
eventual sentença condenatória seja 
cumprida. Por exemplo: Se o réu está dando 
sinais de que vai fugir (tirou passaporte 
recentemente), e o Juiz decreta sua prisão 
preventiva, o faz não por considerá-lo 
culpado, mas para garantir que, caso seja 
condenado, cumpra a pena. Vocês verão mais 
sobre isso na aula sobre Prisão e Liberdade 
Provisória!  
 
Vou transcrever para vocês agora alguns pontos que são polêmicos e 
a respectiva posição dos Tribunais Superiores: 
 
 Processos criminais em curso e inquéritos policiais em 
face do acusado podem ser considerados maus 
antecedentes? Segundo o STJ não, pois em nenhum deles o 
acusado foi condenado de maneira irrecorrível, logo, não pode 
ser considerado culpado nem sofrer qualquer conseqüência em 
relação a eles; 
 Regressão de regime de cumprimento da pena – O STJ e 
o STFentendem que NÃO HÁ NECESSIDADE DE 
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CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que 
o preso sofra a regressão do regime de cumprimento de pena 
mais brando para o mais severo (do semiaberto para o 
fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha 
cometido crime doloso, ou falta grave, para que haja a 
regressão, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de 
Execuções Penais), não havendo necessidade, sequer, de que 
tenha havido condenação criminal ou administrativa. A 
Jurisprudência entende que esse artigo da LEP não ofende a 
Constituição; 
 Revogação do benefício da suspensão condicional do 
processo em razão do cometimento de crime – Prevê a Lei 
9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial 
ofensivo, pode ser o processo criminal suspenso por 
determinado, devendo o réu cumprir algumas obrigações 
durante este prazo (dentre elas, não cometer novo crime), 
findo o qual estará extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF 
e o STJ entendem que, descoberta a prática de crime pelo 
acusado beneficiado com a suspensão do processo, este 
benefício deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das 
condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da 
sentença condenatória do crime novo. 
Vamos resumir estas posições jurisprudenciais neste quadro: 
 
TEMA POSIÇÃO DOS TRIBUNAIS 
Processos criminais em curso e 
inquéritos policiais em face do 
acusado podem ser 
Segundo o STJ não, pois em 
nenhum deles o acusado foi 
condenado de maneira irrecorrível, 
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considerados maus 
antecedentes? 
logo, não pode ser considerado 
culpado nem sofrer qualquer 
consequência em relação a eles; 
Regressão de regime de 
cumprimento da pena pode ser 
realizada antes do trânsito em 
julgado? 
O STJ e o STF entendem que NÃO 
HÁ NECESSIDADE DE 
CONDENAÇÃO PENAL 
TRANSITADA EM JULGADO para 
que o preso sofra a regressão do 
regime de cumprimento de pena 
mais brando para o mais severo 
(do semiaberto para o fechado, por 
exemplo). 
Revogação do benefício da 
suspensão condicional do 
processo em razão do 
cometimento de crime deve ser 
realizada após o trânsito em 
julgado? 
O STF e o STJ entendem que, 
descoberta a prática de crime pelo 
acusado beneficiado com a 
suspensão do processo, este 
benefício deve ser revogado, por 
ter sido descumprida uma das 
condições, não havendo 
necessidade de trânsito em 
julgado da sentença 
condenatória do crime novo. 
 
É muito importante dar atenção especial ao estudo deste princípio, 
eis que é um dos mais cobrados nas provas. Vejam: 
 
(FCC – 2011 – NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO – ADVOGADO) 
A regra que, no processo penal, atribui à acusação, que apresenta 
a imputação em juízo através de denúncia ou de queixa- crime, o 
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ônus da prova é decorrência do princípio 
A) do contraditório. 
ERRADA: O contraditório determina a necessidade de dar-se ciência a 
uma parte quando a outra se manifestar no processo. 
B) do devido processo legal. 
ERRADA: O devido processo legal determina que o acusado só poderá 
ser condenado após ser adotado todo o procedimento previsto na lei 
processual, dentro de um processo conduzido por um Juiz devidamente 
investido na função jurisdicional e cuja competência tenha sido 
previamente definida por lei, 
C) do Promotor natural. 
ERRADA: O princípio do Promotor Natural determina que toda pessoa 
tem direito de ser acusada por um órgão do Estado cuja atribuição tenha 
sido previamente definida em lei. 
D) da ampla defesa. 
ERRADA: A ampla defesa significa que à parte acusada deve ser 
garantido o direito de produzir todas as provas que entender necessárias 
à comprovação de sua inocência, bem como de recorrer das decisões 
judiciais que lhe forem desfavoráveis, além do direito de ser patrocinado 
por profissional habilitado, inclusive Defensor Público, se não puder 
pagar, e de exercer, ele próprio, a autodefesa. 
E) da presunção de inocência. 
CORRETA: Da presunção de inocência (ou não-culpabilidade) decorre 
que aquele que acusa deverá provar suas alegações acusatórias, a fim de 
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demonstrar a culpa do acusado que, de início, é considerado inocente. 
GABARITO: LETRA E 
 
(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE 
MANDADOS) 
Os efeitos causados pelo princípio constitucional da presunção de 
inocência no ordenamento jurídico nacional incluem a inversão, 
no processo penal, do ônus da prova para o acusador. 
CORRETA: Da presunção de inocência (ou não-culpabilidade) decorre 
que aquele que acusa deverá provar suas alegações acusatórias, a fim de 
demonstrar a culpa do acusado que, de início, é considerado inocente. 
Assim, não cabe ao réu provar sua inocência, pois esta é presumida. 
GABARITO: CORRETA 
 
(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE 
MANDADOS) 
O princípio da inocência está expressamente previsto na 
Constituição Federal de 1988 e estabelece que todas as pessoas 
são inocentes até que se prove o contrário, razão pela qual se 
admite a prisão penal do réu após a produção de prova que 
demonstre sua culpa. 
ERRADA: Embora a questão afirme corretamente que o princípio da 
presunção de inocência está previsto na Constituição, erra ao afirmar que 
a mera produção de prova contrária ao réu possa autorizar sua prisão. A 
prisão do réu, como decorrência de sua culpa, só é admitida após o 
trânsito em julgado da sentença condenatória, nos termos do art. 5°, 
LVII da CRFB/88. 
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GABARITO: ERRADA 
 
(FGV – 2008 – TJ-MS – JUIZ DE DIREITO) 
Relativamente aos princípios processuais penais, é incorreto 
afirmar que: 
A) o princípio da presunção de inocência recomenda que em caso 
de dúvida o réu seja absolvido. 
CORRETA: Como vimos, a presunção de inocência norteia todo o 
desenvolvimento do processo, pois se considera o acusado inocente até 
que haja sentença penal condenatória irrecorrível. Assim, havendo 
dúvidas, deverá o réu ser absolvida, pelo princípio do favor rei, que 
decorre da presunção de inocência. 
B) o princípio da presunção de inocência recomenda que 
processos criminais em andamento não sejam considerados como 
maus antecedentes para efeito de fixação de pena. 
CORRETA: Como estudamos, o STF entende que Inquéritos e Processos 
criminais em curso não podem ser considerados maus antecedentes, 
pois, no primeiro caso, sequer há acusado, e no segundo ainda nãohouve decisão irrecorrível condenando o réu. 
C) os princípios do contraditório e da ampla defesa recomendam 
que a defesa técnica se manifeste depois da acusação e antes da 
decisão judicial, seja nas alegações finais escritas, seja nas 
alegações orais. 
CORRETA: Um dos baluartes da ampla defesa é do contraditório é o 
direito que a defesa possui de se manifestar após a acusação. Sim, pois 
se isso não fosse possível, a acusação poderia fazer alegações que não 
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poderiam ser refutadas pela defesa, o que implicaria em violação à ampla 
defesa e ao contraditório. 
D) o princípio do juiz natural não impede a atração por 
continência nos casos em que o co-réu possui foro por 
prerrogativa de função quando o réu deveria ser julgado por um 
juiz de direito de primeiro grau. 
CORRETA: Quando dois réus cometem um crime, e um deles possui 
prerrogativa de foro, conhecido também como foro privilegiado (direito 
de ser julgado perante determinado Tribunal, conforme o cargo 
ocupado), é possível que, por conveniência da instrução criminal, ambos 
sejam julgados conjuntamente pelo Tribunal perante o qual responde 
aquele que tem prerrogativa de foro. Isso não ofende o Juiz natural pois 
é uma possibilidade previamente e abstratamente prevista em lei. 
E) o princípio da vedação de provas ilícitas não é absoluto, sendo 
admissível que uma prova ilícita seja utilizada quando é a única 
disponível para a acusação e o crime imputado seja considerado 
hediondo. 
INCORRETA: De fato, a Jurisprudência tem admitido que a vedação a 
provas ilícitas não é absoluta, mas, ao contrário do que admite a 
questão, não pode ser relativizada em favor da acusação, mas somente 
em favor da defesa, quando esta prova for o único meio de se obter a 
absolvição do réu, em razão de estar em jogo o direito à liberdade do 
acusado. 
GABARITO: LETRA E 
 
V – PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS 
ILÍCITOS 
 
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No nosso sistema processual penal vige o princípio do livre 
convencimento motivado do Juiz, ou seja, o Juiz não está obrigado a 
decidir conforme determinada prova (confissão, por exemplo), podendo 
decidir da forma que entender, desde que fundamente sua decisão em 
alguma das provas produzidas nos autos do processo. 
Antigamente vigorava o sistema da prova tarifada, na qual as provas 
tinham “pesos” diferentes, sendo a confissão considerada a “rainha das 
provas”, ou seja, confessando o réu, o Juiz deveria condená-lo. Hoje não 
é assim. 
Para isso, às partes é conferido o direito de produzir as provas que 
entendam necessárias para convencer o Juiz a acatar sua tese. 
Entretanto, esse direito probatório não é ilimitado, encontrando limites 
nos direitos fundamentais previstos na Constituição. Essa limitação 
encontra-se no art. 5°, LVI da Constituição. Vejamos: 
 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas 
obtidas por meios ilícitos; 
 
Vejam que a Constituição é clara ao dizer que não se admitem no 
processo as provas que tenham sido obtidas por meios ilícitos. Mas o que 
seriam meios ilícitos? Seriam todos aqueles meios em que para a 
obtenção da prova tenha que ser violado um direito fundamental de 
alguém. POR EXEMPLO: 
Imagine que Joana, que processa José por calúnia, invada sua 
residência para obter documentos que comprovam a culpa de José no 
crime. Ora, embora os documentos comprovem a culpa de José, pelo 
modo como foram obtidos, não poderão ser utilizados no processo, pois 
decorrem de violação ao direito fundamental à inviolabilidade da 
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residência, previsto no art. 5°, XI da Constituição: 
 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, 
ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de 
flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação 
judicial; 
 
 
ATENÇÃO, MEU POVO! A Jurisprudência 
e Doutrina dominantes admitem a 
utilização de provas ilícitas quando 
esta for a única forma de se obter a 
absolvição do réu. Por exemplo: 
Imaginem que no exemplo dado lá atrás, 
José que invadisse a casa de Joana, atrás 
do único documento que pode provar sua 
inocência. Nesse caso, os Tribunais 
admitem a utilização da prova obtida por 
meio ilícito, pelo princípio da 
proporcionalidade, pois, embora tenha sido 
violado o direito fundamental à 
inviolabilidade do domicílio de Joana, 
estava em jogo, também, o direito 
fundamental à liberdade de José. 
 
Esse tema também é bastante cobrado, mas veremos mais sobre ele 
na aula sobre “Provas”. No entanto, segue uma questãozinha para não 
ficarmos sem exercitar: 
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(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE 
MANDADOS) 
O dispositivo constitucional que estabelece serem inadmissíveis 
as provas obtidas por meios ilícitos, bem como as restrições à 
prova criminal existentes na legislação processual penal, são 
exemplos de limitações ao alcance da verdade real. 
CORRETA: Como vimos, a verdade real é o princípio pelo qual deve 
haver um esforço no sentido de se obter a elucidação das questões a fim 
de que a verdade dos fatos seja alcançada. Entretanto, essa verdade não 
pode ser obtida a qualquer custo, encontrando limites na lei, 
notadamente quando a obtenção da prova possa ofender direitos 
fundamentais. 
GABARITO: CORRETA 
 
 
VI – PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA MOTIVAÇÃO DAS 
DECISÕES JUDICIAIS 
 
Este princípio está previsto no art. 93, IX da Constituição: 
 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do 
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o 
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes 
princípios: 
(...) 
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade, 
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podendo a lei limitar a presença, em determinados 
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou 
somente a estes, em casos nos quais a 
preservação do direito à intimidade do interessado 
no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação; 
 
Como vocês podem ver, é a própria Constituição quem determina 
que os atos decisórios proferidos pelo Juiz sejam fundamentados. Desta 
maneira, pode-se elevar esse princípio (motivação das decisões judiciais) 
à categoria de princípio constitucional, por ter merecido a atenção da Lei 
Máxima. 
Portanto, quando o Juiz indefere uma prova requerida, ou prolata a 
sentença, deve fundamentar seu ato,dizendo em que fundamento se 
baseia para indeferir a prova ou para tomar a decisão que tomou na 
sentença (condenando ou absolvendo). 
Esse princípio decorre da lógica do sistema jurídico pátrio, em que a 
transparência deve vigorar. Assim, a parte (seja o acusado ou o 
acusador) saberá exatamente o que se baseou o Juiz para proferir aquela 
decisão e, assim, poder examinar se o Magistrado agiu dentro da 
legalidade. 
Aliás, esse princípio guarda estrita relação com o princípio da 
Ampla Defesa, eis que a ausência de fundamentação ou a 
fundamentação deficiente de uma decisão dificulta e por vezes impede a 
sua impugnação, já que a parte prejudicada não tem elementos para 
combatê-lo, já que não sabe seus fundamentos. 
Alguns pontos controvertidos merecem destaque: 
 A decisão de recebimento da denúncia ou queixa, apesar 
de possuir forte carga decisória, não precisa ser 
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fundamentada, nos termos do CPP (STF entende que isso não 
fere a Constituição); 
 A fundamentação referida é constitucional – 
Fundamentação referida é aquela na qual um órgão do 
Judiciário se remete às razões expostas por outro órgão do 
Judiciário (Ex.: O Tribunal, ao julgar a apelação, mantendo a 
sentença, pode fundamentar sua decisão referindo-se aos 
argumentos expostos na sentença de primeira instância, sem 
necessidade de reproduzi-los no corpo do Acórdão). O STF 
entende que essa prática não viola o art. 93, IX da CRFB/88. 
Além disso, o STF já decidiu que não viola a Constituição 
sentença na qual o magistrado, no relatório, apenas se remete 
ao relatório feito pelo MP em suas alegações finais; 
 As decisões proferidas pelo Tribunal do Júri não são 
fundamentadas, pois os julgadores (jurados) não tem 
conhecimento técnico, proferindo seu voto conforme sua 
percepção de Justiça indicar. 
 
VII – PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 
 
 
Este princípio estabelece que os atos processuais e as decisões 
judiciais serão públicas, ou seja, de acesso livre a qualquer do povo. Essa 
é a regra prevista no art. 93, IX da CRFB/88: 
 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do 
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o 
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes 
princípios: 
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(...) 
IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade, 
podendo a lei limitar a presença, em determinados 
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou 
somente a estes, em casos nos quais a 
preservação do direito à intimidade do interessado 
no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação; 
 
Percebam que a Constituição determina que os julgamentos dos 
órgãos do Poder Judiciário serão públicos, mas entende-se “julgamentos” 
como qualquer ato processual. 
Entretanto, essa publicidade NÃO É ABSOLUTA, podendo sofrer 
restrição, quando a intimidade das partes ou interesse público exigir. A 
isso se chama de publicidade restrita. 
De fato, em alguns casos, a intimidade do ofendido deve ser 
preservada. Imaginem uma ação penal pelo crime de estupro. É natural 
que a vítima peça que o processo corra em segredo de Justiça, para evitar 
a exposição do fato, que, por si só, já lhe traz transtornos suficientes. 
Ainda, pode ser decretada a tramitação em segredo de Justiça quando 
houver interesse público que o justifique. 
Essa possibilidade de restrição está prevista, ainda, no art. 5°, LX da 
CRFB/88: 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos 
atos processuais quando a defesa da intimidade ou 
o interesse social o exigirem; 
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Ressalto a vocês que essa publicidade pode ser restringida apenas às 
partes e seus procuradores, ou somente a estes. O que isso significa? 
Que alguns atos podem não ser públicos nem mesmo para a outra parte! 
Sim! Imaginem que, numa audiência, a ofendida pelo crime de estupro 
não queira dar seu depoimento na presença do acusado. Nada mais 
natural. Assim, o Juiz poderá mandar que este se retire da sala, 
permanecendo, porém, o seu advogado. Aos procuradores das partes 
(advogado, membro do MP, etc.) nunca se pode negar publicidade 
dos atos processuais! Gravem isso! 
Essa impossibilidade de restrição da publicidade aos procuradores 
das partes é decorrência natural do princípio do contraditório e da ampla 
defesa, pois são os procuradores quem exercem a defesa técnica, não 
podendo ser privados do acesso a nenhum ato do processo, sob pena de 
nulidade. 
Por fim, vale registrar que no Tribunal do Júri (que tem regras muito 
específicas) o voto dos jurados é sigiloso, por expressa previsão 
constitucional, caracterizando-se em mais uma exceção ao princípio. Nos 
termos do art. 5° , XVIII da Constituição: 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, 
com a organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes 
dolosos contra a vida; 
 
Assim, nesse caso, não há publicidade do voto proferido pelo jurado, 
mas a sessão secreta onde ocorre o julgamento pelos jurados (depósito 
dos votos na urna) é acessível aos procuradores. 
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Vejam como isso vem sendo cobrado: 
(CESPE – 2008 – TJ-SE – JUIZ DE DIREITO) 
Os princípios constitucionais aplicáveis ao processo penal incluem 
A) a publicidade. 
CORRETA: O princípio da publicidade está expressamente previsto no 
art. 93, IX da Constituição Federal. 
B) a verdade real. 
ERRADA: A verdade real não é um princípio previsto 
constitucionalmente, embora seja um princípio do processo penal. 
C) a identidade física do juiz. 
ERRADA: A identidade física do Juiz é o princípio do processo penal 
segundo o qual o Juiz que presidiu a audiência de instrução e julgamento 
deverá proferir a sentença. Entretanto, não está previsto na Constituição. 
D) o favor rei. 
ERRADA: O favor rei ou favor libertatis, embora decorra logicamente do 
princípio da presunção de inocência, está previsto implicitamente no art. 
386, VII do CPP, mas não na Constituição Federal. 
E) a indisponibilidade. 
ERRADA: A indisponibilidade é o princípio pelo qual entende-se que o MP 
não pode dispor da Ação Penal, ou seja, havendo prova da materialidade 
do delito, e indícios de sua autoria, deverá o MP oferecer denúncia. Na 
Ação Penal Privada, ao contrário, vige o princípio da oportunidade, 
cabendo ao ofendido escolher se oferece ou não a queixa. Este princípio 
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não está expressamente previsto na Constituição. 
GABARITO: LETRA A 
 
(VUNESPE – 2008 – DPE-MS – DEFENSOR PÚBLICO) 
O princípio da publicidade 
A) não tem aplicabilidade no direito processual penal brasileiro, 
visto que não está previsto na Constituição Federal. 
ERRADA: O princípio da publicidade aplica-se ao processo penal, estando 
previsto no art. 93, IX da Constituição Federal. 
B) é aquele que garante à imprensa acesso a todas as 
informações processuais, em nome do interesse público. 
ERRADA: O princípio da publicidade não garante apenas à imprensa o 
acesso às informações do processo, mas a qualquer pessoa. 
C) é regra geral no sistema processual do tipo acusatório. 
CORRETA: No sistema acusatório, corolário do Estado Democrático de 
Direito, a publicidade deve imperar, dentre outros princípios 
democráticos, como o Juiz Natural, etc. No sistema inquisitivo, típico de 
Estados autoritários, vigoram princípios como o sigilo, Tribunal de 
exceção, etc. 
D) manifesta-se claramente nos atos praticados durante a feitura 
do inquérito policial, em razão da natureza inquisitiva da referida 
peça informativa. 
ERRADA: Estudaremos mais o Inquérito Policial na aula própria, mas já 
posso adiantar que o IP possui natureza inquisitiva, mas isso não é ilegal, 
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pois o Inquérito não visa a condenar ninguém, mas apenas à colheita de 
elementos de prova. Assim, o Inquérito Policial é predominantemente 
sigiloso. 
GABARITO: LETRA C 
 
VIII – PRINCÍPIO DA ISONOMIA PROCESSUAL ou PAR CONDITIO 
 
O princípio da isonomia processual decorre do princípio da isonomia, 
genericamente considerado, segundo o qual as pessoas são iguais 
perante a lei, sendo vedadas práticas discriminatórias. Está previsto no 
art. 5° da Constituição: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
 
No campo processual este princípio também irradia seus efeitos, 
devendo a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualitária, 
conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres. Por exemplo: Os prazos 
recursais devem ser os mesmos para acusação e defesa, o tempo para 
sustentação oral nas sessões de julgamento também devem ser idênticos, 
etc. 
Entretanto, é possível que a lei estabeleça algumas situações 
aparentemente anti-isonômicas, a fim de equilibrar as forças dentro do 
processo. Explico: Quando a lei estabelece que o MP possui prazo em 
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dobro para recorrer, não está ferindo o princípio da isonomia, mas está 
apenas corrigindo uma situação de desigualdade existente entre as 
partes. Imagine que o réu contrate um excelente advogado, que se 
dedicará exclusivamente ao seu processo. Ora, esse réu está em situação 
de vantagem perante o MP, pois o Promotor de Justiça tem vários outros 
processos para se concentrar, não podendo se dedicar exclusivamente a 
um ou alguns. Assim, essa regra, embora trate as partes de modo 
diferente, não viola a isonomia processual, pois apenas corrige uma 
situação de desigualdade entre as partes. 
Mas e se o réu for defendido por um Defensor Público? O 
Defensor Público também não possui vários outros processos para 
se dedicar? Sim, e é por isso que a lei estabelece que os Defensores 
Públicos também gozam da prerrogativa do prazo em dobro (Previsto na 
LC 80/94). 
 
IX – PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
 
Este princípio estabelece que as decisões judiciais devem estar 
sujeitas à revisão por outro órgão do Judiciário. Embora não esteja 
expresso na Constituição, grande parte dos doutrinadores o aceita 
como um princípio de índole constitucional, fundamentando sua tese nas 
regras de competência dos Tribunais estabelecidas na Constituição, o que 
deixaria implícito que toda decisão judicial deva estar sujeita a recurso, 
via de regra. 
Entretanto, mesmo aqueles que consideram ser este um princípio de 
índole constitucional entendem que há exceções, que são os casos de 
competência originária do STF, ações nas quais não cabe recurso da 
decisão de mérito (óbvio, pois o STF é a Corte Suprema do Brasil). Assim, 
essa exceção não anularia o fato de que se trata de um princípio 
constitucional, apenas não lhe permite ser absoluto. 
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O princípio da ampla defesa também é bastante citado como o 
fundamento da tese de que se trata de um princípio constitucional, pois a 
possibilidade de revisão da decisão judicial é circunstância necessária 
para que se garanta o respeito à ampla defesa, que restaria violada caso 
não se pudesse impugnar determinada decisão judicial. 
Este princípio norteia a legislação processual penal 
infraconstitucional, como por exemplo, pela inexigibilidade de preparo 
no recurso (preparo é o valor cobrado da parte para que interponha um 
recurso), bem como pela recente inovação legislativa que aboliu a 
previsão do art. 595 do CPP, que determinava que o réu devesse se 
recolher à prisão para apelar. Assim, entendeu-se, acertadamente, que o 
direito ao duplo grau de jurisdição e à ampla defesa não podem estar 
condicionados à prisão do réu. 
Vejam a aplicabilidade prática de se estudar este princípio: 
(FCC – 2009 – TJ-AP – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
A Constituição Federal NÃO prevê expressamente o princípio 
A) da publicidade. 
ERRADA: Possui previsão expressa no art. 93, IX da Constituição 
Federal. 
B) do duplo grau de jurisdição. 
CORRETA: O princípio do duplo grau de jurisdição, embora reconhecido 
pela Doutrina, não está expressamente previsto na CRFB/88, mas 
implícito nas regras definidoras de competência dos Tribunais e, ainda, 
por decorrência lógica do princípio da ampla defesa. 
C) do contraditório. 
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ERRADA: O princípio do contraditório está expressamente previsto no 
art. 5°, LV da Constituição. 
D) da presunção da inocência. 
ERRADA: O princípio da presunção de inocência (ou estado de inocência) 
tem previsão expressa no art. 5°, LVII da Constituição Federal. 
E) do juiz natural. 
ERRADA: Este princípio está expressamente previsto no art. 5°, LIII da 
Constituição Federal. 
GABARITO: LETRA B 
 
X – PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E DO PROMOTOR NATURAL 
 
A Constituição estabelece em seu art. 5°, LIII que: 
LIII - ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade 
competente; 
Assim, desse dispositivo constitucional podemos extrair os Princípios 
do Juiz Natural e do Promotor Natural. 
O princípio do Juiz Natural estabelece que toda pessoa tem direito de 
ser julgada por um órgãodo Poder Judiciário brasileiro, devidamente 
investido na função jurisdicional, cuja competência fora previamente 
definida. Assim, está vedada a formação de Tribunal ou Juízo de exceção, 
que são aqueles criados especificamente para o julgamento de um 
determinado caso. Isso não é tolerado no Brasil! 
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Porém, vocês não devem confundir Juízo ou Tribunal de 
exceção com varas especializadas. As varas especializadas são 
criadas para otimizar o trabalho do Judiciário, e sua competência 
é definida abstratamente, e não em razão de um fato isolado. O 
que este princípio impede é a manipulação das “regras do jogo” para se 
“escolher” o Juiz que irá julgar a causa. 
Assim, proposta a ação penal, ela será distribuída para um dos Juízes 
com competência para julgá-la. Por exemplo: Se na comarca existem 
cinco varas criminais, a ação será distribuída por sorteio a uma dessas 
varas, não podendo o Promotor escolher o Juiz de sua preferência. 
Já o princípio do Promotor Natural estabelece que toda pessoa tem 
direito de ser acusada pela autoridade competente. Assim, é vedada a 
designação pelo Procurador-Geral de Justiça de um Promotor para atuar 
especificamente num determinado caso. Isso seria simplesmente um 
acusador de exceção, alguém que não estava previamente definido como 
o Promotor (ou um dos Promotores) que poderia receber o caso, mas 
alguém que foi definido como o acusador de um réu após a prática do 
fato, cuja finalidade é fazer com que o acusado seja processado por 
alguém que possui determinada característica. 
EXEMPLO: Imagine que José é amigo do Procurador-Geral de Justiça 
do estado do Ceará. José vem a cometer um crime, cuja atribuição para 
acusá-lo é de um dos 10 Promotores Criminais da Comarca de Fortaleza. 
Entretanto, receoso de ser condenado, José conversa com seu amigo, o 
PGJ, que designa um Promotor de sua “confiança” para atuar no caso, a 
fim de que José não seja processado ou, então, seja requerida uma pena 
branda. O contrário também é verdadeiro. Sendo José inimigo do PGJ, 
este poderia, querendo se vingar, indicar um Promotor mais rigoroso para 
atuar em seu caso. Estas práticas são vedadas pelo Princípio do Promotor 
Natural. 
Entretanto, a definição de atribuições especializadas (Promotor para 
crimes ambientais, crimes contra a ordem financeira, etc.) não viola este 
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princípio, pois não se está estabelecendo uma atribuição casuística, 
apenas para determinado caso, mas uma atribuição abstrata, que se 
aplicará a todo e qualquer caso semelhante. 
Vejamos algumas questões relativas a este tema: 
(FCC – 2007 – MPU – ANALISTA PROCESSUAL) 
Dispõe o art. 5º, inciso XXXVII da Constituição da República 
Federativa do Brasil que "Não haverá juízo ou Tribunal de 
exceção; inciso LIII: “Ninguém será processado nem sentenciado 
senão pela autoridade competente". Tais disposições consagram 
o princípio 
A) da presunção de inocência. 
ERRADA: A presunção de inocência está prevista no art. 5°, VII da 
Constituição, não guardando qualquer relação com os incisos trazidos 
pela questão. 
B) da ampla defesa. 
ERRADA: A ampla defesa está prevista, juntamente com o contraditório, 
no art. 5°, LV da Constituição, e também não guarda relação com os 
trechos narrados pela questão. 
C) do devido processo legal. 
ERRADA: Embora o devido processo legal seja fundamento de todos os 
demais princípios processuais, não é o princípio especificamente aplicável 
às hipóteses trazidas, que se referem ao princípio do Juiz Natural. 
D) da dignidade. 
ERRADA: A dignidade da pessoa humana está prevista no art. 1°, III da 
Constituição, e é um dos fundamentos da República, mas não guarda 
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relação com os incisos mencionados. 
E) do juiz natural. 
CORRETA: O princípio do Juiz Natural está materializado nos dispositivos 
constitucionais citados, que vedam a formação de Juízo de exceção e que 
estabelecem ser direito de toda pessoa ser julgada por autoridade 
competente. 
GABARITO: LETRA E 
 
(TJ-SC – 2009 – TJ-SC – ANALISTA JURÍDICO) 
Segundo De Plácido e Silva, os “princípios jurídicos, sem dúvida, 
significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou 
de elementos vitais do próprio Direito. Indicam o alicerce do 
Direito.” (Vocabulário Jurídico. 28 ed. Rio de Janeiro: Editora 
Forense, 2009. p. 1091) 
 
Tendo em mira o trecho acima transcrito, mormente os seus 
conhecimentos sobre a matéria, julgue as proposições a seguir: 
 
I. Decorre do princípio da presunção de inocência a imputação do 
ônus da prova à acusação. 
CORRETA: Como nós estudamos, a presunção de inocência, ou estado 
de inocência, determina que o acusado é inocente até que haja sentença 
penal transitada em julgado contra si. Assim, o réu inicia o processo 
inocente, cabendo ao acusador comprovar sua culpa. 
II. Em razão do princípio da soberania dos veredictos, não pode o 
Tribunal reformar a decisão, apenas designar um novo júri. 
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CORRETA: A decisão proferida no Tribunal do Júri é soberana, cabendo 
recursos em poucas hipóteses e, no caso de o Tribunal verificar 
ilegalidade, deverá anular a decisão e determinar seja formado um novo 
júri, não podendo reformar a decisão. 
III. O Juiz deve ser designado previamente, por lei, sendo vedado 
o Tribunal de Exceção, conforme preleciona o princípio do Juiz 
Natural. 
CORRETA: O princípio do Juiz natural veda a formação de Tribunais ou 
Juízos de exceção, casuisticamente, para atender a determinada intenção 
de quem quer que seja. Assim, toda pessoa tem direito a ser processada 
e julgada por autoridade previamente definida em lei, nos termos do art. 
5°, LIII da CRFB/88. 
IV. De toda alegação fática ou de direito e das provas 
apresentadas tem o adverso o direito de se manifestar, tendo em 
vista o que preleciona o princípio do contraditório. 
CORRETA: O princípio do contraditório determina que às partes (tanto 
acusado quanto acusador) deva ser dada ciência dos fatos alegados e 
provas juntadas aos autos pela outra parte, abrindo-se-lhe prazo para 
contradita-los. 
A) Todas as proposições estão corretas. 
B) Todas as proposições estão incorretas. 
C) As proposições II, III e IV estão corretas. 
D) As proposições I, II e III estão corretas. 
E) As proposições I, III e IV estão corretas. 
GABARITO: LETRA A 
 
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XI – APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO 
 
O estudo da aplicabilidade da Lei Processual Penal está relacionadoà 
sua aptidão para produzir efeitos. Essa aptidão para produzir efeitos 
está ligada a dois fatores: espacial e temporal. 
Assim, a norma processual penal (como qualquer outra) vigora em 
determinado lugar e em determinado tempo. Nesse sentido, devemos 
analisar onde e quando a lei processual penal se aplica. 
O art. 1° do CPP diz o seguinte: 
 
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território 
brasileiro, por este Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da 
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os 
do Presidente da República, e dos ministros do Supremo 
Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, 
arts. 86, 89, § 2o, e 100); 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial 
(Constituição, art. 122, no 17); 
V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130 
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos 
processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que 
os regulam não dispuserem de modo diverso. 
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Assim, podemos perceber que o CPP adotou, como regra, o 
princípio da territorialidade. O que seria esse princípio? Esse 
princípio determina que a lei produzirá seus efeitos dentro do 
território nacional. Simples assim! 
Desta maneira, o CPP é a lei aplicável ao processo e julgamento das 
infrações penais no Brasil. As regras de aplicação da Lei Penal brasileira 
estão no Código Penal, mas isso não nos interessa aqui. O que nos 
interessa é o seguinte: Se for caso de aplicação da Lei Penal brasileira, as 
regras do processo serão aquelas previstas no CPP, em todo o território 
nacional. 
Portanto, não se admite a existência de Códigos Processuais 
estaduais, até porque compete privativamente à União legislar sobre 
direito processual, nos termos da Constituição Federal: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
 
Como disse a vocês, esta é a regra! Mas toda regra possui exceções. 
São elas: 
A) Tratados, convenções e regras de Direito Internacional - 
 Quando um determinado Estado (em sentido amplo, como 
sinônimo de País, Governo Soberano) exerce a Jurisdição (poder 
de dizer a quem pertence o direito no caso concreto), 
notadamente na seara do direito processual penal (exercício do 
ius puniendi), está exercendo sua soberania. Porém, é possível 
que esta soberania estatal fique afastada em algumas hipóteses, 
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nas quais o próprio Estado assim concorda. É o caso dos tratados 
e convenções, que são acordos firmados entre diversos países 
(pelo menos dois), nos quais se reconhece a lesividade de 
determinados crimes e se estabelece uma forma especial de julgá-
los. Desta maneira, quando o Brasil firma tratados no plano 
internacional, poderá afastar pontualmente (apenas para aquela 
hipótese) a aplicação da lei interna. É o que acontece com relação 
aos diplomatas, que são imunes à legislação brasileira (penal e 
processual penal), sendo julgados, pelos crimes que aqui cometer, 
em seu país de origem. Essa disposição está prevista na 
Convenção de Viena, que foi incorporada ao nosso ordenamento 
jurídico através do Decreto n° 56.435/65. 
B) Prerrogativas constitucionais do Presidente da República, 
dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do 
Presidente da República, e dos ministros do Supremo 
Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade 
(Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100) – Essa é a hipótese 
de não-aplicação da lei processual penal no território nacional 
relativa a crimes de responsabilidade, ou seja, trata-se de uma 
exceção de jurisdição política. O que é isso? Determinados 
crimes, relativos ao exercício da vida política, são chamados de 
crimes de responsabilidade. Quando um agente político 
(Presidente, Ministro de Estado, Ministro do STF) pratica uma 
determinada conduta, esta pode ser tanto um crime comum 
quanto um crime de responsabilidade (crime político). Nos crimes 
de responsabilidade não há previsão de sanções criminais (prisão, 
etc.), mas sanções políticas (perda do cargo, inelegibilidade 
temporária, etc.). Em ALGUNS CASOS destes, o CPP não será 
aplicado, sendo adotado um processo específico, geralmente de 
competência do Poder Legislativo. Vamos ver o que diz a 
Constituição: 
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Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da 
República nos crimes de responsabilidade, bem como os 
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e 
da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com 
aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 
02/09/99) 
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, 
os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho 
Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República 
e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
Vejam que a Constituição vai além do que prevê o CPP, 
aumentando as hipóteses de afastamento da aplicação da lei 
processual penal. Assim, ocorrendo a prática de crime de 
responsabilidade por algum daqueles agentes, naquelas 
circunstâncias previstas na Constituição e no CPP, não se aplicará 
o CPP, mas o Regimento Interno do Senado Federal. Aqui, trata-
se de exercício da Jurisdição pelo Poder Legislativo! Apenas a 
título de curiosidade (pois isso foge ao nosso objetivo aqui), os 
crimes de responsabilidade estão previstos no art. 2° do Decreto-
Lei n° 201/67 e na lei 1.079/50. Cuidado! Os artigos da 
Constituição mencionados no CPP estão desatualizados, 
pois o CPP foi editado quando vigorava a Constituição de 
1937! 
C) Processos de competência da Justiça Militar – Os crimes 
militares (que são definidos no art. 9° do Código Penal Militar) não 
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são submetidos a julgamento através do rito do CPP, mas, sendo 
de competência da Justiça Militar, aplica-se o Código de 
Processo Penal Militar. Os crimes militares podem ser próprios 
(aqueles que só estão previstos no COM), ou impróprios (estão 
previstos também no Código Penal, mas em determinadas 
circunstâncias são considerados militares. Por exemplo: Quando 
praticado por militar em serviço ou dentro de estabelecimento 
militar). Ocorrendo uma destas hipóteses, estaremos diante de 
crime militar, cuja competência para julgamento é da Justiça 
Militar, motivo pelo qual se afasta a aplicação

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