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O que é pesquisa? O primeiro passo para entender o que é a pesquisa científica e como podemos trabalhar para fazer essa pesquisa, é definir de maneira clara o significado da palavra pesquisa. A maioria das pessoas associa a palavra pesquisa com as experiências que temos em sala de aula, quando o professor sugere algum tema para realizar uma pesquisa sobre um assunto. O objetivo desse tipo de pesquisa é gerar um pequeno relatório em que devemos expor nosso entendimento sobre o assunto. Isso é o que deveria acontecer. Na verdade, o que acontece nessas pesquisas é que a maioria das pessoas faz uma consulta ao Oráculo (http://www.google.com.br), para encontrar material pronto sobre o objeto da pesquisa, para depois sair usando o conhecido CTRL+C e CTRL+V para criar uma verdadeira colcha de retalhos de conteúdo copiado e chamar o documento de pesquisa. Esse documento pode ser qualquer coisa, menos uma pesquisa! É fato que vivemos hoje na era em que as pessoas deturpam a citação de Lavoisier, em que ele diz “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma” para “Na internet nada se cria, tudo se copia”. Muito provavelmente você já ouviu essa expressão na sala de aula, ou pior, talvez já tenha citado essa frase depois de finalizar um projeto de “pesquisa”. Essa é uma praga dos dias modernos, em que as pessoas acabam caindo na tentação de aproveitar material pronto ao invés de desenvolver suas habilidades como pesquisador. Repare que a palavra desenvolver se encaixa muito bem nesse contexto, pois o objetivo das pesquisas desenvolvidas na sala de aula é exatamente esse, principalmente quando realizadas nos períodos iniciais de qualquer curso. Mas, afinal o que é uma pesquisa? A melhor definição de uma pesquisa é a de que essa é uma atividade ou tarefa que tem como objetivo oferecer respostas a um determinado problema proposto. Esse problema pode ser apresentado de diversas maneiras, sendo que nem todos os problemas podem ser objeto de estudo da pesquisa científica. A escolha do problema será abordado em mais detalhes na aula 02 desse módulo. Agora que já sabemos que o objetivo da pesquisa é oferecer respostas a problemas, fica fácil entender como a pesquisa científica pode ser importante até mesmo potencializando a empregabilidade ao final do seu curso. Sim, a pesquisa científica não se aplica apenas às pessoas com objetivo de seguir carreira acadêmica ou fazer mestrado e doutorado. Uma rápida consulta a qualquer especialista em recrutamento e carreira comprovará que um dos profissionais mais disputados no mercado, é aquele com capacidade de resolver problemas, ou mesmo determinar que o problema em questão não tem solução aparente. O desenvolvimento de habilidades que associam a pesquisa com a prática pode ser muito benéfica para a sua carreira fora da faculdade, e quanto antes esse saudável hábito começar, melhores são os resultados, pois na faculdade você pode cometer equívocos e trabalhar com o seu professor na resolução desses problemas na pesquisa. No mundo do trabalho, os equívocos associados à resolução dos problemas podem levar a perdas financeiras, que inevitavelmente acabam resultando em problemas ainda maiores. A matéria-prima de qualquer pesquisa, independente da área em que o pesquisador atue é a informação. A resolução do problema proposto pela pesquisa está diretamente relacionada com a análise das informações coletadas durante o processo de pesquisa, seja por meio de livros ou mesmo experimentos práticos. No primeiro momento as informações relacionadas com uma determinada pesquisa se apresentam de duas maneiras: • Informações existentes, mas desorganizadas • Informações inexistentes. Na maioria das vezes as pesquisas que vivenciamos na sala de aula se enquadram no primeiro tipo, em que o professor solicita uma pesquisa sobre um determinado tema, que pode ser facilmente encontrado em livros e web sites. Nos casos mais complexos temos as pesquisas que lidam com problemas de difícil solução e que não dispoem de informações em livros e na internet. Sendo assim, o pesquisador precisa trabalhar com dados e informações inéditas. Motivação da pesquisa As razões que levam uma pessoa a desenvolver uma pesquisa podem variar bastante. No meio acadêmico estamos mais acostumados a fazer uma pesquisa buscando a recompensa prometida pelo professor, seja em créditos extras na disciplina ou mesmo uma nota. Essa é a principal razão para o desenvolvimento de pesquisas, mas felizmente não é a única. Como forma de classificar as motivações que levam uma pessoa a fazer uma pesquisa, podemos dividir/organizar as pesquisas em duas grandes categorias que compreendem: • Pesquisas motivadas por razões intelectuais: Esse tipo de pesquisa é motivada apenas pela necessidade do pesquisador em adquirir conhecimento sobre o tema e problema propostos, sem a necessidade de aplicar o conhecimento ou resultados na solução de problemas práticos. • Pesquisa motivadas por razões de ordem prática: Aqui o pesquisador tem como motivação para realizar a pesquisa a solução de algum problema prático, que pode ser muito bem algo vivenciado na sua empresa ou emprego. Os resultados da pesquisa têm aplicação direta na resolução de algum problema do cotidiano do pesquisador ou empresa para a qual ele trabalha. O tipo de motivação que mais se encaixa no nosso cotidiano é a das razões intelectuais, pois nesse caso os problemas propostos nas pesquisas têm aplicação apenas teórica. Essa é a motivação mais frequente, mas não é a única. O que é necessário para se tornar um pesquisador? Depois de conhecer a definição da palavra pesquisa e de como podemos classificar as motivações que levam uma pessoa a fazer a pesquisa, podemos refletir sobre o perfil do pesquisador. Sim, conhecer o perfil do pesquisador ajuda a desenvolver as nossas habilidades de maneira semelhante às realizadas por um pesquisador. Podemos listar algumas qualidades desejáveis para um pesquisador: 1. Conhecimento do assunto pesquisado: O conhecimento na área em que a pesquisa está sendo desenvolvida é fundamental. Isso não significa dizer que o pesquisador precise conhecer as respostas para a maioria das perguntas e problemas propostos na pesquisa, mas sim estar relacionado à mesma área do conhecimento. Por melhor que um pesquisador seja, caso ele tenha conhecimento na área de saúde, dificilmente o mesmo pesquisador conseguirá desenvolver pesquisas na área de exatas. 2. Curiosidade: O senso de curiosidade é fundamental para qualquer pesquisador, para procurar informações e realizar experimentos que possam efetivamente alimentar de dados e informações a sua pesquisa. Sem esse senso de curiosidade, a pesquisa acaba sendo realizada apenas com informações simples e superficiais, sem aprofundamento. 3. Criatividade: Como o trabalho do pesquisador envolve a coleta de dados e informações sobre determinado assunto ou problema, o mesmo precisa de criatividade para formular a solução ou resolução dos problemas usando as informações disponíveis. Isso é de extrema importância para o processo de pesquisa, pois o simples fato de reunir as informações necessárias para a pesquisa não garante encontrar automaticamente a solução para os problemas, sendo essencial a criatividade para fazer as ligações e relações implícitas entre os dados. 4. Atitude autocorretiva: Nem sempre as soluções encontradas para os problemas propostos na pesquisa estão corretas ou são factíveis. Nesse ponto, o pesquisador precisa saber identificar os itens que são passíveis de correção, antes de formular o relatório final da pesquisa. 5. Imaginaçãodisciplinada: O uso da criatividade na formulação das soluções para os problemas deve estar restrita à área do conhecimento, sem extrapolar para soluções que pareçam fora da realidade ou que não possam ser aplicadas dentro do contexto do problema proposto. 6. Confiança na experiência: A confiança na apresentação dos resultados encontrados é fundamental para atribuir credibilidade à pesquisa, pois um pesquisador que não confie nos resultados da sua pesquisa já passa a impressão de que os resultados não são relevantes para o problema proposto. 7. Administração de recursos: Essa é uma qualidade pouco citada na maioria dos cursos e livros sobre pesquisa científica. O projeto de pesquisa pode demandar grandes quantidades de tempo e dinheiro para que a solução dos problemas propostos seja encontrada. O pesquisador precisa ter habilidades relacionadas com a gestão desses recursos, sejam eles materiais, financeiros ou mesmo o tempo da pesquisa. Isso ajuda a desenvolver a pesquisa dentro dos prazos estipulados pelo projeto e também otimizar os recursos financeiros envolvidos com a compra de livros, contratos de prestação de serviços e outros. 8. Perfil empreendedor: Aqui é possível fazer uma ligação com o perfil empreendedor abordado em outros módulos dos Estudos Dirigidos. A relação do empreendedorismo com a pesquisa científica pode não ser explícita, mas ao analisar as características do chamado perfil do empreendedor, podemos entender com clareza como o pesquisador e o empreendedor estão intimamente relacionados. O empreendedor é uma pessoa que tem como objetivo principal a realização de um projeto, sendo motivado a realizar esse projeto pela satisfação pessoal na conclusão do mesmo. É nessa motivação que reside a ligação entre o pesquisador e o empreendedor. Para conseguir realizar o seu projeto o empreendedor precisa fazer pesquisas, buscar recursos e trabalhar em equipe com outras pessoas. Essas são qualidades que o pesquisador precisa ter para conseguir desenvolver suas atividades na pesquisa. Essas são apenas algumas das qualidades do pesquisador que poderiam ser somadas a diversas outras como paciência e perseverança, mas para iniciar os nossos estudos sobre a pesquisa científica são suficientes por enquanto. Projeto de pesquisa Um elemento fundamental para qualquer iniciativa de pesquisa científica séria é o planejamento dos passos necessários para desenvolver a pesquisa em si, que é feito mediante a elaboração de um projeto de pesquisa. O projeto é importante para os casos em que essa pesquisa envolve diversos pesquisadores e longos períodos de tempo, pois caso não seja realizada de maneira adequada e cadenciada em prazos e metas, a pesquisa pode não resultar em conclusões ou soluções para os problemas propostos. O único tipo de caso em que um projeto mais elaborado pode ser dispensado quando o objetivo da pesquisa é de menor escala e os prazos são relativamente curtos. Por exemplo, os trabalhos de pesquisa que os professores passam em sala de aula, que na maioria das vezes sempre resultam em relatórios de pesquisa curtos. Esse é o tipo de situação em que um projeto é perfeitamente dispensável. Mas, quando o objetivo da pesquisa é desenvolver um artigo ou monografia para conclusão de um curso, a coisa muda de escala e complexidade. Nessas situações é de fundamental importância começar a trabalhar na pesquisa com o auxílio do projeto, baseado em cronograma e prazos. Apesar de abordar em maiores detalhes a elaboração de um projeto de pesquisa na aula 7 desse módulo, podemos antecipar algumas informações úteis para contextualizar melhor a pesquisa em si. Como forma de definir a pesquisa científica como um processo, podemos dizer que o projeto de pesquisa é o primeiro documento a ser criado depois das definições do problema e da hipótese a pesquisar. Sim, o projeto de pesquisa é um documento paralelo à pesquisa que deve guiar o pesquisador ou equipe em diversos aspectos do processo. Se fôssemos fazer uma analogia, ainda usando o módulo de Empreendedorismo dos Estudos Dirigidos como exemplo, o projeto de pesquisa está para o pesquisador como o plano de negócios está para um empreendedor. O projeto apresenta os passos necessários para conseguir chegar até o resultado final da pesquisa. O esboço básico de um projeto de pesquisa deve envolver os tópicos abordados na figura abaixo, que mostram o caminho até chegar no relatório de pesquisa, que pode muito bem ser uma monografia de conclusão do curso ou mesmo um artigo científico. Esses são os passos básicos do projeto, que podem e devem ser expandidos para abranger mais tópicos. Um bom projeto de pesquisa deve ser embasado em quatro elementos principais que são oriundos da teoria geral dos sistemas: • Processo • Eficiência • Prazos • Metas Os bons projetos de pesquisa devem ser criados com esses quatro elementos bem claros e destacados no projeto. Isso é um enorme benefício para o pesquisador ou equipe responsável, pois com os prazos e metas estabelecidas, fica mais fácil de mentalizar e projetar os passos necessários para alcançar essas metas. Além do roteiro da pesquisa, o projeto deve considerar o planejamento financeiro e recursos extras para a pesquisa. Esse é um tema delicado de tratar na pesquisa, pois a maioria das pessoas acaba ficando relutante na contratação de serviços ou compra de material para desenvolver a pesquisa. Por exemplo, durante a coleta de dados na pesquisa, o pesquisador pode se deparar com uma imensidão de dados, sem ter uma idéia clara sobre o que fazer com aquele material. Nesse ponto é interessante contratar os serviços de um estatístico para fazer a filtragem dos dados e encontrar as respostas dentro dos números. Esse é um dos motivos para que muitos cursos de graduação tenham estatística nas suas matrizes curriculares. Uma técnica simples de estatística como a regressão linear, pode fazer a diferença na resolução de problemas envolvendo grandes quantidades de dados. Caso você ainda não tenha estudado estatística, a regressão linear é uma técnica pela qual é possível analisar dados do passado para prever o futuro. Por exemplo, podemos relacionar a variação de temperatura de uma região com o consumo de energia no passado, para saber se no futuro será necessário maior ou menor quantidade de energia para uma região, com base na média de temperatura. Isso pode parecer óbvio, mas as aplicações desse tipo de análise são praticamente ilimitadas. O uso de um estatístico deve estar dentro do orçamento de uma pesquisa para encontrar esse tipo de informação dentro dos dados coletados. Caso você não queira usar um estatístico no seu projeto, é interessante redobrar a atenção nas aulas de estatística para não precisar colocar isso no orçamento. Na aula 7 falaremos em detalhes sobre a preparação e formulação de um projeto, com a elaboração de cronogramas e como fazer o planejamento financeiro de uma pesquisa. Agora é importante ter ciência da existência desse projeto de pesquisa, considerado como um guia para a pesquisa e para ajudar os participantes a alcançar as soluções para os problemas propostos. Pesquisa, pesquisador e projeto Para encerrar a primeira aula desse módulo sobre pesquisa científica, podemos fazer um breve resumo sobre as três definições apresentadas nessa aula. O primeiro ponto abordado foi a pesquisa em si, que é definida como uma atividade ou processo que busca oferecer respostas para um problema proposto. E para fazer essa pesquisa, entra em cena a figura do pesquisador, que é a pessoa responsável pela condução desse processo. Falamos sobre as diversas qualidades e requisitos necessários para ser um pesquisador, elencando os pontos importantes e relevantes desse papel. Por último, destacamos o projeto de pesquisa que deve guiar o processo como um todo, envolvendoo cronograma e planejamento geral da pesquisa. Esses são os três pilares da pesquisa que devem ser estudados ao longo desse módulo, para no final considerarmos a criação do relatório de pesquisa com os parâmetros necessários para o texto científico. Repare que em momento algum desse módulo referenciamos o uso ou relevância de aspectos relacionados com a formatação do conteúdo, como as normas da ABNT ou a melhor forma de fazer uma citação. Isso pode ser trabalhado quando a pesquisa estiver pronta, com os dados e informações sobre a resolução dos problemas propostos bem identificados e claros para o pesquisador. Com tudo isso pronto, a formatação do texto é a parte mais simples do processo, sendo o real desafio a condução da pesquisa. Na próxima aula começamos a trabalhar na seleção do problema para a pesquisa.
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