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CURSO BÁSICO DE ATUALIZAÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 1ª EDIÇÃO O respectivo curso tem o objetivo de analisar e informar à todos as respectivas novidades, bem como as alterações entre o antigo Código de Processo Civil de 1973 e o Novo Código de Processo Civil de 2015 Autor: Wagner Constâncio Pereira de Freitas 1 Notas Preliminares Esse conteúdo foi escrito por Wagner Constâncio Pereira de Freitas e todos os Direitos autorais estão direcionados a ele, cujas eventuais vendas e plágios estão expressamente proibidos, SALVO AUTORIZAÇÃO EM CONTRÁRIO, tendo em vista que a distribuição gratuita é permitida. Portanto, deve-se ressaltar que havendo quaisquer distribuições, vendas e eventuais plágios não autorizados, o responsável estará sujeito à sanções de acordo com os termos da lei. O respectivo curso tem o objetivo de analisar e informar aos seus leitores as novidades, bem como as alterações entre o antigo Código de Processo Civil de 1973 e o Novo Código de Processo Civil de 2015 vigente a partir do mês de Março de 2016. Há muitas novidades e inovações, cujo intuito é meramente melhorar o trâmite processual e extinguir a morosidade da justiça. BELO HORIZONTE 2016 2 Sumário Capítulo I – Do Processo de Conhecimento.................................................06 1.1. CPC/2015 – Normas fundamentais e direito intertemporal – Parte Geral do Novo CPC....................................................................................................06 1.1.1. Simplificação Procedimental....................................................................06 1.1.2. Sincretismo Processual...........................................................................07 1.1.3. Estimulo à conciliação e mediação...........................................................07 1.1.4. Destaque para os princípios constitucionais e a valorização do contraditório e ampla defesa..............................................................................08 1.1.5. Modelo constitucional: Devido Processo legal x Justo Processo legal.....08 1.1.6. Diretrizes no novo CPC............................................................................09 1.1.7. Deveres do processo cooperativo............................................................09 1.1.8. Saneamento do processo........................................................................09 1.1.9. Aplicação da norma processual no tempo................................................10 1.1.10. Aplicação subsidiária e supletiva do CPC..............................................10 1.2. Condições da ação...................................................................................11 1.3. Intervenção de terceiros...........................................................................11 1.4. Categorias de interesses metaindividuais (transindividuais) art. 81 do CDC...................................................................................................................17 1.5. Competência.............................................................................................18 1.6. Atos processuais......................................................................................20 1.6.1. Atos das partes e pronunciamento do juiz................................................21 1.6.2. Prazos processuais x prazos não processuais.........................................24 3 1.6.3. Prazos para os litisconsortes...................................................................25 1.7. Tutela provisória.......................................................................................25 1.7.1. Tutela de evidência..................................................................................29 1.8. Negócios jurídicos processuais..............................................................30 1.9. Petição inicial............................................................................................33 1.10. Ordem dos atos processuais no procedimento ordinário...................35 1.10.1. Emenda à Petição inicial........................................................................35 1.10.2. Do pedido...............................................................................................36 1.10.3. Indeferimento da Petição inicial.............................................................36 1.11. Da improcedência liminar do pedido.....................................................38 1.12. Da audiência de conciliação..................................................................39 1.13. Da contestação e reconvenção..............................................................40 1.14. Sistema de provas no novo CPC...........................................................44 1.14.1. Da produção antecipada de provas........................................................47 1.15. Procedimento Comum – Fase decisória...............................................50 1.15.1. Fase postulatória...................................................................................50 1.15.2. Fase decisória........................................................................................51 1.15.3 Hipóteses de extinção sem resolução de mérito.....................................52 1.15.4. Elementos essenciais da sentença........................................................55 1.15.5. Remessa necessária.............................................................................57 1.15.6. Coisa julgada.........................................................................................58 1.15.7. Limites da coisa julgada.........................................................................58 4 Capítulo II – Do Processo de Execução..........................................................59 2.1. Processo de Execução: Inovações na tutela jurisdicional executiva...59 2.2. Disposições gerais do cumprimento de sentença.................................60 2.3. Títulos executivos judiciais.....................................................................62 2.4. Protesto de decisões judiciais transitadas em julgado.........................63 2.5. Recurso cabível contra qualquer decisão exarada no cumprimento de sentença e no processo de execução............................................................64 2.6. Impugnação ao cumprimento de sentença.............................................66 2.7. Mudança no cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública.........................69 2.8. Mudanças no cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de prestar alimentos.................................................................70 2.9. Do pagamento espontâneo pelo devedor..............................................72 2.10. Do cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de fazer e não fazer........................................................................72 2.11. Do cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de entrega de coisa........................................................................74 2.12. Responsabilidade Patrimonial pelo pagamento das dívidas que não possuem garantia real.....................................................................................75 2.13. Hipóteses de fraude à execução e os embargos de terceiros.............75 2.14. Indisponibilidade de ativos financeiros (BACENJUD).........................77 2.15. Do incidente de desconsideração da personalidade jurídica..............78 5Capítulo III - Dos processos nos tribunais e dos meios de impugnação das decisões judiciais............................................................................................81 3.1. Uniformização de Jurisprudência...........................................................81 3.2. Da ordem dos processos nos tribunais..................................................83 3.3. Incidente de assunção de competência..................................................91 3.4. Conflito de competência..........................................................................92 3.5. Ação rescisória.........................................................................................94 3.6. Incidente de resolução de demandas repetitivas...................................99 3.7. Reclamação.............................................................................................104 Capítulo IV - Disposições gerais dos Recursos..........................................107 6 Capítulo I – Do Processo do Conhecimento 1.1. CPC/2015 – Normas fundamentais e direito intertemporal – Parte Geral do Novo CPC Tem-se uma ruptura de um modelo de processo introduzido em 1973 com o Novo código de Processo Civil. Há, no entanto, a parte geral do Código de Processo Civil, que tem como método de resolução de conflitos, onde se realizam valores constitucionais, conforme o art. 1º do código, cujo objetivo é a simplificação e agilização. A ideia do legislador é que quanto mais simples o método, mais ágil se torna a resolução do mérito e há uma simplicidade em sua aplicação. De acordo com o art. 4º do NCPC, as partes tem o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Isso quer dizer que o legislador revela preocupação na fase de conhecimento e na satisfação. 1.1.1. Simplificação Procedimental Resposta do réu Tutela de urgência Harmonização dos prazos - Exceção; - Impugnação ao valor da causa; - Impugnação assistência judiciária - A contestação concentra toda matéria de defesa - Extinção do processo cautelar; - Processo sincrético. - 15 dias - 5 dias - Contagem em dias úteis 7 O novo CPC eliminou as defesas. No entanto, há somente a contestação e não mais a impugnação. Nela, o operador do Direito trará toda defesa, não tendo a necessidade de impugnar, ou seja, não existe peça de impugnação. Para realizar impugnação à contestação, deverá simplifica-la em peça única de defesa. No tocante aos prazos, houve uma simplificação, tendo em vista que os prazos dos recursos são uniformemente 15 dias e os outros prazos não urgentes, 5 dias. No que tange ao processo cautelar, o mesmo que havia previsão no antigo CPC de 1973 foi extinto com o novo código e houve um movimento sincrético. 1.1.2. Sincretismo Processual No antigo CPC de 1973, existia-se a cognição, execução e a cautelar. No novo CPC há o cumprimento de sentença, que por sua vez, consiste num processo sincrético. Há, no entanto, no novo CPC, processo de conhecimento e processo de execução apenas. O movimento sincrético no novo CPC é global, inexistindo petição autônoma para execução com pagamento de custas, honorários e sentença. No entanto, no novo CPC existe a tutela cautelar antecedente, cujo procedimento é que o pedido inicial será realizado apenas em uma simples petição, sem a necessidade do pagamento de novas custas. 1.1.3. Estimulo à conciliação e mediação No novo CPC no art. 3º §2º e 3º, estimula à conciliação e mediação de conflitos. Esse procedimento deverá ser estimulado por juízes, advogados, 8 defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. No tocante à conciliação, mediação, haverá petição inicial, concomitantemente citação do réu para comparecer na audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 dias ou 20 dias, conforme art. 334 do CPC. 1.1.4. Destaque para os princípios constitucionais e a valorização do contraditório e ampla defesa O novo CPC acata o contraditório democrático em seu art. 7º e 10º.. Quando se fala em contraditório democrático, tem-se a interpretação de que o processo deverá ter um diálogo, com a inclusão do juiz. No art. 9º do novo CPC, tem-se a valorização do contraditório substancial, em que não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida, excepcionalmente nos casos de tutela provisória de urgência e evidência. 1.1.5. Modelo constitucional: Devido Processo legal x Justo Processo legal Tem-se no novo CPC o modelo de justo processo legal. Há uma intrínseca diferença entre devido e justo processo legal. No devido processo legal, tem-se um contraditório formal, bem como garantia de audiência bilateral das partes e direito de informação e reação. Já no justo processo legal, há o contraditório substancial, democrático, bem como a garantia de participação democrática, o que permite a todos os sujeitos a possibilidade de influir, realmente, sobre a formação do provimento jurisdição e há o direito de influenciar. O art. 487 parágrafo único do NCPC diz que ressalvada a hipótese do §1º do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes 9 seja dada às partes oportunidade de manifestar-se. Isso quer dizer que não há prescrição e decadência sem que haja abertura de vista para as partes no processo. Se o juiz receber a petição inicial, tendo em vista a existência de prescrição e decadência, poderá, desde logo, indeferi-la liminarmente por questão de economia processual. O juiz não tem o dever de ouvir previamente. 1.1.6. Diretrizes no novo CPC Há uma cooperação entre as partes e o juiz e no contraditório democrático, há um debate dialético efetivo e decisões qualificativas. O incidente de desconsideração nos arts. 133-137 do NCPC, é um exemplo de debate dialético efetivo e nessa perspectiva, cria-se um processo cooperativo, que tem-se como prerrogativa a lealdade do juiz em não surpreender a parte, conforme o art. 5º e 6º do NCPC. 1.1.7. Deveres do processo cooperativo As partes não podem promover litigância temerária, sob pena de multa, conforme arts. 77,80,81,85 do CPC. No tocante ao juiz, todas as decisões serão fundamentadas, sob pena de nulidade, conforme art. 11 do NCPC. 1.1.8. Saneamento do processo Tem-se como prerrogativa, a delimitação consensual das partes questões de fato e de direito, conforme § 2º do art. 357. No entanto, há um saneamento cooperado, que por sua vez, consiste numa audiência para que este saneamento seja feito em cooperação, conforme o §3º do mesmo artigo, que por conseguinte trará uma decisão. A matéria nesse caso é complexa e, portanto, o rol de testemunhas deverá ser apresentado. 10 1.1.9. Aplicação da norma processual no tempo No art. 14 do NCPC, aduz que a norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada, bem como art. 1.046 diz que ao entrar em vigor este código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogado o antigo Código de Processo Civil de 1973. Neste sentido, a lei processual não retroagirá. A lei nova tem aplicação imediata aos feitos pendentes que, assim, passarão a ser regulados pelas disposições do novo CPC de 2015, preservados, por razão de segurança e estabilidade, os atosprocessuais já praticados e seus efeitos. Isso quer dizer que há a irretroatividade dos atos praticados antes da vigência do Novo Código de Processo Civil de acordo com o “Tempus regit Actum” (Teoria do isolamento dos atos processuais), bem como os enunciados nº 2, 3 e 7 do STJ. 1.1.10. Aplicação subsidiária e supletiva do CPC De acordo com o art. 15, na ausência de normas que regulem processos eleitorais trabalhistas ou administrativas, as disposições deste código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. Os prazos processuais serão contados em dias úteis, vedando os sábados, domingos e feriados, o que não torna o processo moroso. O novo CPC buscou equilibrar a garantia da duração razoável do processo com a segurança jurídica, tendo em vista a simplificação, a conciliação, os recursos, o contraditório, os precedentes e a qualidade nas decisões. 11 1.2. Condições da ação Tem-se o conceito de ação, jurisdição, que é o meio em que o processo atuará, ação e processo. Processo é um instrumento da ação. São condições da ação: a) Legitimidade ad causam: As partes deverão ter legitimidade para propor ação, conforme art. 18 do NCPC que diz: Art. 18: Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. b) Interesse de agir: É a necessidade de atuar na justiça. c) Possibilidade jurídica do pedido: Encontra-se abolida no novo código. Existia-se, no entanto, no antigo código de processo civil de 1973. Portanto, no Novo CPC há de se falar apenas em - Legitimidade ad causam - Interesse de agir 1.3. Intervenção de terceiros No tocante a esse tema, houve uma intrínseca modificação entre o novo e antigo código de processo civil. No que concerne ao litisconsórcio por exemplo, o mesmo poderá ser ativo, quando há pluralidade de autores passivo, quando há pluralidade de réus e misto, quando há pluralidade de autores e réus. Quanto a obrigatoriedade do litisconsórcio, haverá a obrigatoriedade necessária, de acordo com art. 114 do NCPC e facultativa. O art. 114 do NCPC diz: 12 Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes. Quanto aos efeitos do litisconsórcio, o mesmo poderá ser simples, quando os efeitos da sentença forem distintos para as partes e unitária, quando os efeitos da sentença serem idênticos, conforme art. 116 do NCPC que diz: Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes. No que diz respeito a intervenção de terceiros, no antigo CPC existiam as seguintes intervenções: a) Assistência; b) oposição; c) nomeação a autoria; d) denunciação da lide; e) Chamamento à autoria. Nomeação de autoria e denunciação da lide no novo CPC não está no rol de intervenção de terceiros, tendo em vista que foi incluída a desconsideração da personalidade jurídica e Amicus Curiae. Portanto, são causas de intervenção de terceiros no novo CPC: a) Assistência (simples e litisconsorcial, art. 19 a 124): Assistência simples o mesmo está correlacionado em 1 parte apenas; b) Denunciação da lide (art. 125 a 129): São dois processos reunidos em um só. É quando a parte garantidora do direito é chamada para atuar no processo, de ressarcir a obrigação; Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; 13 II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. § 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. § 2o Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131. Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu. Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado; II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso. 14 Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado. c) Chamamento ao processo (Vide arts. 130 a 132 do NCPC): Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento. Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses. Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar. ; 15 d) Incidente de desconsideração da personalidade jurídica (art. 133 a 137): É uma novidade no NCPC. Esse incidente permite em que o sócio da pessoa jurídica ser provocado para responder pela ação e concomitantemente às dívidas da respectiva sociedade jurídica. Vide art. 133 à 137 do NCPC que diz: Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. § 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei. § 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todasas fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. § 1o A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas. § 2o Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. § 3o A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2o. § 4o O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica. Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. 16 Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória. Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente. e) Amicus Curiae (art. 138): É um amigo do tribunal, da corte. É aquele terceiro, não sendo titular da relação jurídica, pode a requerimento das partes ou do juiz auxiliar a corte, juntando documentos, produzindo sustentação oral, etc. O mesmo é admissível em qualquer instância. As hipóteses de cabimento do amicus curiae são: a) Deve-se ter matéria relevante: Que neste sentido, será limitada apenas as pessoas interessadas; b) Especificidade do tema em julgamento: Muitas vezes o tema é específico e o juiz muitas vezes não possui elementos para julgar ; c) Repercussão social da controvérsia: Muitas vezes que a controvérsia possui uma grande relevância para a sociedade. Ex: Reajuste da poupança ou depósitos do FGTS. Art. 138 do NCPC: O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. 17 § 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3o. § 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae. § 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. A admissão do amicus curiae poderá ser em qualquer instância, como mencionado acima, principalmente nos interesses metaindividuais e transindividuais. As decisões judiciais, no entanto, são irrecorríveis, excepcionalmente nos casos de embargos de declaração e nos incidentes de demandas intempestivas. Pessoas naturais, jurídicas ou órgãos de entidade legislativa e da administração pública podem ser amicus curiae. A intervenção do amicus curiae não altera competência, tendo em vista que o juiz ou relator delimitarão os poderes de competência para o mesmo. Deve-se ressaltar que Amicus Curiae não é parte, mas colaborador. O assistente, no entanto, poderá recorrer, porém, o colaborador não poderá recorrer. 1.4. Categorias de interesses metaindividuais (transindividuais) art. 81 do CDC. São eles: a) Direitos e interesses difusos: Tem-se ausência de vinculo, indeterminação e indivisibilidade. São direitos coletivos, que por sua vez não tem relação jurídica, mas fática. Não há vínculo entre as partes, sendo que as pessoas são indeterminadas. É indivisível, pois os efeitos da decisão afetará à todos os integrantes do grupos 18 b) Direitos e interesses coletivos: Abrange interesses que afetam grupos, interesses e classes de pessoas. c) Direitos e interesses individuais homogêneos: Tem-se vinculo posterior, determinação e divisibilidade. São direitos individuais, que afetam pessoas específicas. No tocante a oposição como uma intervenção de terceiros no antigo CPC, a mesma tornou-se um procedimento especial, de acordo com art. 682 a 686 do NCPC. A oposição ocorre quando um terceiro disputa a propriedade da parte. Já a nomeação à autoria, também houve uma intrínseca alteração, tendo em vista que a mesma poderá ser alegada numa simples contestação. 1.5. Competência É a limitação de atuação de cada órgão jurisdicional. Tem-se em cada órgão o âmbito de atuação, que poderá ser encontrada na Constituição Federal, CDC e outros. Existe a competência: a) Relativa: Ligada aos interesses das partes, que poderá ser alterada pela conexão e continência. É uma competência geral de acordo com art. 46 do NCPC que diz: Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. § 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. § 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. 19 § 3o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. § 4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. § 5o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. No tocante a conexão e continência, a mesma se define nos arts 55 e 56 do NCPC que diz: Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. § 2o Aplica-se o disposto no caput: I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. § 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. b) Absoluta, sendo este tipo de competência, não poderá ser alterada, que por sua vez possui as seguintes caracteristicas: b.1) Material; 20 b.2) Pessoal; b.3) Territorial 1.6. Atos processuais Atos processuais são declarações de vontade que visam criar, modificar ou extinguir situações processuais durante a matéria processual (ônus, poderes, faculdades e deveres). A parte, no entanto, possui a faculdade de recorrer. Deve-se ter ciência o que praticar no processo, pois, poderá ter risco de punição através de multa. As multas no novo CPC correlacionando com o antigo, estão mais rigorosas. No tocante as respectivas invalidades de forma, a mesma é importante se porventura a forma for essencial para finalidade do ato e se houver desrespeito a ela, haverá, no entanto, a nulidade do ato. A incompetência absoluta, decorrente a critérios materiais e funcionais, é absoluto, podendo atribuir nulidade ao ato. Tem-se o critérioterritorial, que por sua vez é relativo. Neste sentido, sendo relativo, não há nulidade do ato. Deve- se ressaltar que a incompetência relativa não gera nulidade do ato, pois a mesma foi criada para atender, resguardar o interesse da parte. Para aferir a relevância da violação à forma processual, deve-se observar se há incompetência absoluta ou relativa. Havendo incompetência absoluta, há relevância à nulidade e tendo em vista a incompetência relativa, não haverá a nulidade, sendo esta irrelevante. É possível evitar a decretação de uma invalidade processual se porventura a finalidade do ato for atingida. Também, é possível conter a respectiva invalidade através da teoria dos atos processuais. Ato anulável x ato nulo, qual a terminologia correta? A terminologia correta é invalidade, verificando quais atos serão atingidos. 21 1.6.1. Atos das partes e pronunciamento do juiz Tem-se, no entanto, 5 pronunciamentos do juiz: a) Despacho; b) Sentença: É aquela que coloca fim a fase executiva, conforme art. 485 a 487 do CPC que diz: Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; VIII - homologar a desistência da ação; IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X - nos demais casos prescritos neste Código. § 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias. 22 § 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado. § 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. § 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. § 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença. § 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu. § 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. § 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito. § 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado. § 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito. Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; 23 II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; III - homologar: a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; b) a transação; c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se. Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485. c) Acórdão: Consiste numa decisão colegiada de tribunais; d) Decisões interlocutórias: Define-se como aquela que decide a questão processual por mérito sem colocar fim à atividade de conhecimento ou execução, questões processuais ou de mérito ao longo do procedimento, conforme art. 203 §2º que diz: Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. 24 § 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o. e) Decisões monocráticas. Os prazos para os atos processuais são contados em apenas dias úteis, tendo em vista que os mesmos não poderão ser contados na justiça do trabalho, nos juizados especiais, nos processos penais, etc. 1.6.2. Prazos processuais x prazos não processuais Os prazos processuais, aqueles interpostos para o advogado, são contados em dias úteis. Prazos não processuais, são aqueles que são relacionados à parte e para uma faculdade processual. Esses, por sua vez, são contados em dias corridos. No tocante as férias, no dia 19 de dezembro ao dia 21 de janeiro de cada ano, os prazos serão suspensos. O prazo praticado antes do termo inicial de sua contagem, passará ser tempestivo, de acordo com art. 219 e 220 do NCPC que diz: Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais. Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive. § 1o Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto no caput. § 2o Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de julgamento. 25 1.6.3. Prazos para os litisconsortes No tocante aos prazos dos litisconsortes para advogados, os mesmos serão em dobro se porventura os procuradores pertencerem a escritórios distintos. 1.7. Tutela provisória No NCPC existe adequação das espécies de tutelas às situações de riscos, que uma delas podem ser caracterizadas em tutela autossatisfativa, que no momento em que há decisão do juiz, ocorrerá a extinção do processo. Presume- se o risco de dano aos direitos da personalidade e risco de perecimento de direitos da personalidade. As tutelas provisórias se subdividem em: a) Tutelas de urgência; b) Tutelas de evidência. O processo cautelar no novo código de processo civil foram extintas. Por conseguinte, houve a criação da tutela antecipada concedida em procedimento antecedente, no intuito de atribuir um maior prazo ao réu para refletir se há a necessidade de ter mais ônus nos autos. Neste sentido, abre-se uma medida satisfativa. Tendo em vista essa questão, abre-se o prazo ao réu para interpor agravo de instrumento. Se a tutela for concedidae não for agravada, a mesma será estabilizada. A estabilização, passada 2 anos, induz a negativa na decisão. No tocante a acessoriedade, a mesma se manterá se porventura houver tutela cautelar concedida em procedimento antecedente. Os dispostos artigos 294 à 299 do NCPC diz: 26 Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.(A tutela de evidência não pode ser concedida em caráter antecedente) Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de custas. Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. (A questão do cabimento do agravo de instrumento e eventual preclusão, conforme art. 1.015 do NCPC) Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo. Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória. Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber. Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso. Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal. Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito. Sobre a tutela de urgência, o disposto artigo 300 e seguintes do NCPC diz: 27 Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se: I - a sentença lhe for desfavorável; II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias; III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor. Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre que possível. 28 No tocante a tutela antecipada requerida em caráter antecedente, o disposto arts. 303 e seguintes do NCPC diz: Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. § 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo: I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar; II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334; III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335. § 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito. § 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas custas processuais. § 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de indicar o valor da causa, que deve levar em consideração o pedido de tutela final. § 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do benefício previsto no caput deste artigo. 29 § 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito. Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso. § 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto. § 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput. § 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2o. § 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida. § 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1o. § 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo. 1.7.1. Tutela de evidência A tutela satisfativa não precisa ser fundada em urgência, mas, poderá se fundamentar em evidência, isto é, há uma provável razão do autor. O art. 311 do NCPC diz: 30 Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. 1.8. Negócios jurídicos processuais Esse é um novo procedimento do Código de Processo Civil. De acordo com o art. 139 e seguintes do código, há uma contratualizaçãono processo, desde haja respeitos aos princípios do respectivo código. O mesmo artigo diz: Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela duração razoável do processo; 31 III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias; IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular. 32 Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo- lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé. Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte. Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias. Também nos arts. 190 a 192 do NCPC diz: Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. 33 Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos processuais, quando for o caso. § 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados. § 2o Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário. Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua portuguesa. Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira somente poderá ser juntado aos autos quando acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado. 1.9. Petição inicial Petição inicial é a principal peça que dá origem ao processo e se reputa a principal apresentada pelo autor. A mesma traz requisitos, que de acordo com art. 319 e seguintes do NCPC diz: Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; 34 III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. § 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. No tocante as alterações, a primeira delas é a eliminação do requerimento de citação. Agora ele será implícito, pois, afinal, a citação é imprescindível para a continuidade do processo. Já a segunda, foi a declaração de existência de 35 união estável, seja para autor ou réu, conforme art. 319, II do NCPC. A terceira alteração, é que no novo CPC exigirá alguns dados que não são necessariamente de fácil acesso, porém, com garantias dadas ao autor. A quarta alteração, é que tem-se a opção pela realização de audiência de conciliação, sendo que deverá ter a vontade das partes, conforme art. 319 VII. Essa audiência será realizada antes do prazo de resposta do réu. 1.10. Ordem dos atos processuais no procedimento ordinário Deve-se ressaltar primeiramente que no novo código de Processo Civil o procedimento sumário deixou de existir, mantendo-se apenas o rito ordinário. No entanto, a ordem dos atos processuais neste respectivo rito, poderá se caracterizar: a) Petição inicial, que por conseguinte haverá: b) Despacho inaugural, que por conseguinte haverá: c) Citação para comparecer em audiência de conciliação e; d) Em caso de não haver acordo, haverá abertura do prazo para defesa em 15 dias úteis. 1.10.1. Emenda à Petição inicial O art. 321 do NCPC diz: Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preencheos requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. 36 Se o juiz verificar que não há os requisitos para propositura da petição inicial, por questão de economia processual, é obrigatório o mesmo abrir o prazo de 15 dias para o autor proceder a emenda à petição inicial. O juiz deverá indicar com precisão o que deve ser corrigido ou completado. 1.10.2. Do pedido O art. 322 do NCPC diz: Art. 322. O pedido deve ser certo. § 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. § 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé. Existia um vício no antigo CPC em que o pedido deveria ser certo e determinado. No entanto, o novo CPC corrigiu esse vício. 1.10.3. Indeferimento da Petição inicial O art. 330 inovou no tocante esse assunto. O mesmo diz: Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. § 1o Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; 37 II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. § 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. § 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados. Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. § 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. § 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334. § 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença. As novas hipóteses para inépcia da petição inicial estão no inciso II do §1º deste artigo, bem como o §2º, ou seja, se o pedido for indeterminado (genérico), em caso em que a lei assim não permite e se for pedida a revisão de uma dívida, mas não indica quanto reputa devidamente haverá a inépcia da petição inicial. 38 1.11. Da improcedência liminar do pedido. Estão descritos no art. 332 do NCPC que diz: Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. No tocante a improcedência liminar do pedido, será dispensada a fase instrutória e julgará liminarmente improcedente o pedido de acordo com os incisos do art. 332, independentemente da citação do réu. O juiz também julgará improcedente o pedido se porventura verificar a ocorrência de prescrição e decadência, conforme o §1º do art. 332. Os parágrafos seguintes dizem mais sobre a improcedência do pedido liminar, sendo: § 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241. § 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. § 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. 39 1.12. Da audiência de conciliação É uma outra inovação no Novo Código de Processo Civil, que por sua vez, se encontra no art. 334 do NCPC e seguintes que diz: Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. § 1o O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organização judiciária. § 2o Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes. § 3o A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado. § 4o A audiência não será realizada: I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II - quando não se admitir a autocomposição. § 5o O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. § 6o Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes. 40 § 7o A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei. § 8o O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado. § 9o As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos. § 10. A parte poderá constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir. § 11. A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença. § 12. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o início de uma e o início da seguinte. 1.13. Da contestação e reconvenção No tocante à contestação, a mesma se encontra a partir do art. 335 e seguintes do NCPC. O novo código unifica a defesa do réu, abrangendo a impugnação ao valor da causa, incompetência relativa e com o pedido de revogação da Justiça gratuita. A reconvenção também virá no bojo da contestação. Cabe ao réu alegar a convenção de arbitragem se não o fizer, entender-se-á renúncia de tal direito. Não cabe ao juiz julgar de ofício tal situação. Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: 41 I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I; III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos. § 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência. § 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de intimação da decisão que homologar a desistência. Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta e relativa; III - incorreção do valor da causa; IV - inépcia da petição inicial; V - perempção; VI - litispendência; VII - coisa julgada; 42 VIII - conexão; IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X - convenção de arbitragem; XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. § 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso. § 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. § 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. § 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8o. 43 Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. § 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. § 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico. § 1o A contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu houver sido citado por meio de carta precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo da causa. § 2o Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação ou a carta precatória será considerado prevento. § 3o Alegada a incompetência nos termos do caput, será suspensa a realização da audiência de conciliação ou de mediação, se tiver sido designada. § 4o Definida a competência, o juízo competente designará nova data para a audiência de conciliação ou de mediação. Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; 44 II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando: I - relativas a direito ou a fato superveniente; II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. 1.14. Sistema de provas no novo CPC Como via de regra, o autor possui autonomia em produzir provas aos autos e o réu em apenas alguns momentos, através da interposição de reconvenção, conforme art. 373 do NCPC. As disposições gerais no que concerne à prova estão elencados a partir do art. 369 e seguintes do NCPC. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz e caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. O juiz é o destinatário da prova e poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. Deve-se ressaltar que os fatos notórios, os fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária, bem como os fatos admitidos no processo como incontroversos, os fatos em cujo favor milita presunção legal de existência 45 ou veracidade não dependerão de prova no processo, conforme art. 374 do NCPC. Vide os arts. 369 à 380 do NCPC: Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz. Segundo dispositivos do código de processo civil, o juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento. Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias. Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento. Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo 46 nostermos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. § 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: I - recair sobre direito indisponível da parte; II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. § 4o A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada antes ou durante o processo. Art. 374. Não dependem de prova os fatos: I - notórios; II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - admitidos no processo como incontroversos; IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial. Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. Art. 377. A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto suspenderão o julgamento da causa no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea “b”, quando, 47 tendo sido requeridos antes da decisão de saneamento, a prova neles solicitada for imprescindível. Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória não devolvidas no prazo ou concedidas sem efeito suspensivo poderão ser juntadas aos autos a qualquer momento. Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade. Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova contra si própria, incumbe à parte: I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado; II - colaborar com o juízo na realização de inspeção judicial que for considerada necessária; III - praticar o ato que lhe for determinado. Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa: I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha conhecimento; II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder. Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumprimento, determinar, além da imposição de multa, outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias. 1.14.1. Da produção antecipada de provas A produção antecipada de prova encontra-se no art. 381 e seguintes do NCPC. A mesma será admitida nos casos em que haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação, bem como a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito e o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação. 48 O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção quando tiver por finalidade apenas a realização de documentação e não a prática de atos de apreensão. A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde esta deverá ser produzida ou do foro de domicílio do réu e não previne a competência do juízo para a ação que venha a ser proposta. Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair. O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara federal. Vide os artigos 381 à 383 do NCPC: Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação; II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação. § 1o O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção quando tiver por finalidade apenas a realização de documentação e não a prática de atos de apreensão. § 2o A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu. 49 § 3o A produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação que venha a ser proposta. § 4o O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara federal. § 5o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência de algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção. Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair. § 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter contencioso. § 2o O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem sobre as respectivas consequências jurídicas. § 3o Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua produção conjunta acarretar excessiva demora. § 4o Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário. Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante 1 (um) mês para extração de cópias e certidões pelos interessados. Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues ao promovente da medida. 50 1.15. Procedimento Comum – Fase decisória As obrigações como via de regra são resolvidas por via amigável, sem a necessidade de recorrer ao poder judiciário e em caso que não haja tal resolução, deve-se procurar o judiciário. Havendo ameaça de lesão, tem-se o direito de propor ação, que neste sentido, surgirá o processo, cujo objetivo é a resolução do respectivo litígio. No entanto, existem dois tipos de processos: a) Processo de conhecimento; b) Processo de execução. Deve-se ressaltar que no novo código de processo civil, houve a extinção do processo cautelar. Os conjuntos de atos que organizam um processo, é chamado de procedimento e portanto, tem-se o procedimento comum e especial. 1.15.1. Fase postulatória O processo se inicia a partir da fase postulatória e termina com o cumprimento de sentença. No entanto, a fase processual poderá se organizar em: a) Postulatória: Onde haverá os pedidos; b) Saneadora: Que organizará o processo; c) Instrutória; d) Decisória; e) Cumprimento de sentença 51 1.15.2. Fase decisória: Tem-se como fase decisória: a) Sentença: É o ato que coloca fim ao processo e está definida no art. 203 § 1º que diz: Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias
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