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descobrir qual o menor segmento de reta de P ate´ uma reta de equac¸a˜o y = ax + 1 (com algum a 6= 0 fixado) que na˜o passe por P . Vamos fazeˆ-o de dois modos distintos, que esperamos que deˆem os mesmos resul- tados. Primeiro vamos usar nossa intuic¸a˜o, que diz que deve se tratar do segmento saindo de P que e´ ortogonal a` reta y = ax+1. Ou seja, pelo que aprendemos na Sec¸a˜o 2 do Cap´ıtulo 8, deve ser um ponto (x, ax+ 1) tal que: (ax+ 1)− 1 x− 2 = −1 a , pois o lado esquerdo e´ o ceoeficiente angular da reta contendo o segmento que sai de (2, 1). Enta˜o disso obtemos: x = 2 a2 + 1 e da´ı facilmente descobrimos o tamanho do segmento. Por outro lado podemos, via as te´cnicas de Ca´lculo, tentar descobrir o mı´nimo da func¸a˜o que mede a distaˆncia de P aos pontos da reta dada. Para na˜o cairmos numa derivada mais complicada, vamos modificar um pouco o problema, tentando minimizar a func¸a˜o que e´ o quadrado da distaˆncia de P a` reta, dara´ tambe´m o ponto que minimiza a pro´pria distaˆncia4 Essa func¸a˜o quadrado da distaˆncia e´ dada por: (x− 2)2 + (y − 1)2 = (x− 2)2 + (ax+ 1− 1)2 = = (a2 + 1)x2 − 4x+ 5. Enta˜o essa f(x) = (a2+1)x2−4x+5 tem derivada f ′(x) = 2(a2+1)x−4 e f ′(x) = 0 exatamente em x = 2 a2+1 , o mesmo ponto encontrado acima. E´ claro que f ′(x) < 0 para x < x = 2 a2+1 e f ′(x) > 0 para x > x = 2 a2+1 . Portanto pelo item i) da Afirmac¸a˜o 1.2 f tem mı´nimo local, que de fato e´ o global nesse ponto x. Agora vejamos um Exemplo mais interessante. Quero minimizar a distaˆncia entre P = (0, 7) e os pontos da para´bola y = x 2 2 . Usando a intuic¸a˜o geome´trica vou buscar esse ponto Q de mı´nima distaˆncia entre aqueles em que o segmento desde P e´ ortogonal a` tangente da para´bola em Q. Enta˜o, ja´ que conhec¸o as inclinac¸o˜es das tangentes a` parabola em (x, ax2) como sendo 2(x 2 ) = x, a ortogonalidade que busco e´ dada por: x2 2 − 7 x− 0 = −1 x , 4A Afirmac¸a˜o 2.1 do Cap´ıtulo 16 justificara´ rigorosamente o uso do quadrado da distaˆncia, ao inve´s da pro´pria distaˆncia, nos problemas de ma´ximos/mı´nimos. CAPI´TULO 11. APLICAC¸O˜ES DA PRIMEIRA E SEGUNDA DERIVADAS 143 ou seja, x · (x 2 2 − 6) = 0. A soluc¸a˜o x = 0, onde claramente ha´ ortogonalidade, e´ nitidamente um ponto de ma´ximo local da distaˆncia entre P = (0, 7) e a para´bola. Mas as soluc¸o˜es x = √ 12 e x = −√12 correspondera˜o, como veremos a seguir, a dois pontos de mı´nimos. A Figura a seguir mostra esses pontos de ortogonalidade. 5 -5 0 -10 -20 x 2 4-4 -2 -15 0 Figura: No gra´fico aparecem dois pontos onde ha´ ortogonalidade. Visto de outro modo, via a te´cnica do Ca´lculo, considero a func¸a˜o que e´ o quadrado da distaˆncia entre P = (0, 7) e a para´bola: (x− 0)2 + (y − 7)2 = x2 + (x 2 2 − 7)2 = = x4 4 − 6x2 + 49. A derivada de f(x) = x 4 4 − 6x2 + 49 e´ f ′(x) = x3 − 12x = x(x2 − 12). O zero da derivada em x = 0 corresponde a um ma´ximo local. Verificamos agora que os pontos x = √ 12 e x = −√12 sa˜o mı´nimos locais (e globais). Observe que se 0 < x < √ 12 temos x(x2 − 12) < 0, enquanto que se x > √12 temos x(x2− 12) > 0. Logo o item i) da Afirmac¸a˜o 1.2 diz que x = √12 e´ mı´nimo de f . Agora se x < −√12 temos x(x2− 12) > 0, enquanto que se −√12 < x < 0 temos x(x2 − 12) > 0. Logo o item i) da Afirmac¸a˜o 1.2 diz que x = −√12 e´ mı´nimo de f . A Afirmac¸a˜o 4.1 a seguir justifica o uso da noc¸a˜o de ortogonalidade nos problemas de ma´ximos/mı´nimos: 4. MI´NIMOS DE DISTAˆNCIAS E ORTOGONALIDADE 144 Afirmac¸a˜o 4.1. i) Se a distaˆncia entre um ponto P e o gra´fico de y = f(x) tem valor mı´nimo ou ma´ximo local PF > 0, onde F = (x, f(x)), enta˜o a reta tangente ao gra´fico de y = f(x) em F e´ ortogonal a` reta PF . ii) Sejam um gra´fico y = f(x) de uma f deriva´vel e uma reta r que na˜o intersecta esse gra´fico. Seja F ponto do gra´fico de y = f(x) tal que PF > 0 realiza um valor mı´nimo ou ma´ximo local da distaˆncia entre pontos do gra´fico e a reta r. Enta˜o a reta tangente ao gra´fico de y = f(x) em F e´ paralela a` reta r. Demonstrac¸a˜o. De i): Considere F = (x, f(x)) ponto que realiza valor minimo local ou valor ma´ximo local da distaˆncia ate´ um certo P = (x0, y0) que foi dado. Considere o c´ırculo C de raio PF centrado em P (lembro que PF > 0): C = { (x, y); (x− x0)2 + (y − y0)2 = PF 2 }. Vou fazer aqui a suposic¸a˜o5 de que, perto de F , tambe´m C seja gra´fico de uma func¸a˜o y = g(x); que de fato e´: y = g(x) = y0 + √ PF 2 − (x− x0)2, ∀x ∈ (−δ + x, x+ δ). Veja a Figura: P F x y Considere a func¸a˜o φ(x) := f(x)− g(x), ∀x ∈ (−δ + x, x+ δ). Suponha por absurdo que a reta tangente ao gra´fico de y = f(x) em F na˜o seja igual a` reta tangente a C em F (esta sim sabemos que e´ ortogonal a` reta PF ). Por exemplo, suponha por absurdo que f ′(x) > g′(x) (o caso < e´ completamente ana´logo). Enta˜o φ′(x) = f ′(x)− g′(x) > 0. 5que exigiria mais justificac¸a˜o CAPI´TULO 11. APLICAC¸O˜ES DA PRIMEIRA E SEGUNDA DERIVADAS 145 Como φ(x) = 0, a Afirmac¸a˜o 4.1 do Cap´ıtulo 10 da´ que, para um certo � > 0: φ(x) > 0, ∀x ∈ (x, x+ �) e φ(x) < 0, ∀x ∈ (x− �, x). Ora, mas enta˜o f(x) > g(x) ∀x ∈ (x, x+ �) e f(x) < g(x), ∀x ∈ (x− �, x). Enta˜o f(x)− y0 > g(x)− y0, ∀x ∈ (x, x+ �), e portanto ∀x ∈ (x, x+ �): √ (f(x)− y0)2 + (x− x0)2 > √ (g(x)− y0)2 + (x− x0)2 = PF 2, o que diz que F na˜o e´ ponto de ma´ximo local da distaˆncia de P = (x0, y0) ate´ o gra´fico de y = f(x). E do mesmo modo, obteremos ∀x ∈ (x− �, x): √ (f(x)− y0)2 + (x− x0)2 < √ (g(x)− y0)2 + (x− x0)2 = PF 2, o que diz que F na˜o e´ ponto de mı´nimo local da distaˆncia ate´ P = (xo, y0). Essa contradic¸a˜o com a escolha de F termina a prova do item i). Item ii): Sejam R ∈ r e F = (x, f(x)) tais que RF realizam valor mı´nimo local ou valor ma´ximo local da distaˆncia ate´ o gra´fico de y = f(x) e r. O racioc´ınio da prova do item i) aplicado a um c´ırculo centrado em R de raio RF > 0 dira´ que a reta tangente ao gra´fico de y = f(x) em F e´ ortogonal a` reta RF . Veja a Figura: R F Mas, por outro lado, o mesmo racioc´ınio agora aplicado a um c´ırculo agora cen- trado em F de raio RF > 0 dira´ que a reta r (que e´ sua pro´pria reta tangente) e´ ortogonal a` reta RF . Veja a Ffigura: 5. CONCAVIDADES DOS GRA´FICOS 146 R F Um fato ba´sico da geometria euclidiana diz que, se uma reta r1 e´ ortogonal a uma reta r2 e r2 e´ ortogonal a uma reta r3, enta˜o r1 e r3 sa˜o paralelas. Portanto a reta tangente ao gra´fico de y = f(x) em F e´ paralela a r. � Para concluir esta Sec¸a˜o, pensemos no caso da reta horizontal y = 0 e no gra´fico de y = 1 x , ∀x > 0. Como poder´ıamos definir a distaˆncia entre essas duas curvas ? Note que se dermos qualquer tamanho � > 0 existem pontos x� ∈ (y = 0) e z� ∈ (y = 1x) tais que x�z� = �. Basta tomarmos por exemplo x� := ( 1 � , 0) e z� := ( 1 � , �). Enta˜o seria natural dizer que a distaˆncia entre a reta horizontal y = 0 e o gra´fico de y = 1 x e´ zero ! Mas note que essa distaˆncia zero entre curvas nunca e´ realizada por pontos de y = 0 e de y = 1 x , ja´ que distaˆncia zero entre dois pontos significa que sa˜o o mesmo ponto e no entanto (y = 0) ∩ (y = 1 x ) = ∅. Outra maneira de ver que a distaˆncia zero entre essas curvas nunca e´ realizada por pontos de y = 0 e de y = 1 x e´ o item ii) da Afirmac¸a˜o 4.1, pois y′ = −1 x2 6= 0, ∀x > 0. 5. Concavidades dos gra´ficos Na Definic¸a˜o 5.1 a seguir so´ me interesso no comportamento da func¸a˜o pro´xima a cada um dos pontos de seu gra´fico. Definic¸a˜o 5.1. Diremos que uma func¸a˜o e´ localmente coˆncava para cima num ponto (x, f(x)) de seu gra´fico se existe um intervalo Ix centrado em x em que f(x) > ax+ b, ∀x