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Aula07_RMN.pdf Aula Aula 0707 EspectroscopiaEspectroscopia de de Ressonância MagnRessonância Magnéética tica NuclearNuclear Prof. Dr. Valdemar Lacerda Júnior Origem da RMN Idéia Inicial - Físico Alemão Dr. C. Gorter Não conseguiu observar o fenômeno que ele havia previsto Setembro de 1937 - Dr. Isidor Rabi - Columbia University Janeiro de 1938 - 1o observação da RMN (LiCl) - Agradeceu Gorter no trabalho pela idéia. Rabi ganhou o Prêmio Nobel em 1944 Rabi e Gorter procuravam um método de medir momento magnético nuclear Sinal de RMN Edward Purcell MIT 14 de Dezembro de 1945 (Sábado) Parafina Felix Bloch Stanford Janeiro de 1946 H2O Prêmio Nobel 1952 Sinal do Hidrogênio da H2O 7.76 MHz Bloch, Hansen and Packard, Phys. Rev. 70, 474 (1946) RMN na Química 1950 Î Medidas mais refinadas em RMN foram realizadas. Î Warren Proctor e Fu Chun Yu (Stanford). Î NH4NO3 Dois sinais para o núcleo de N. Î Efeito atribuído aos elétrons em orbita em cada núcleo de N. Î Acabou o uso de RMN para medir µ Î Começou o uso em aplicações químicas RMN Moderna Richard Ernst (1964) Varian Associates Supercondutor Geração de sinal de radiofrequência Computador Transformada de Fourier Purcell e Bloch (1945) Campo de 0.2 T Atualmente 18.8 T (800 MHz) 21.1 T (900 MHz) RMN de Imagem Bloch Sinal de 1H do dedo Colocou o dedo na bobina de radiofrequência 1971 Raymond Damadian Medidas de tempo de relaxação de 1H da H2O em tecidos humanos (normais e com cancer) Paul Lauterbur (1972) Variação do Campo Magnético através do espaço. Gradiente de Campo Magnético Peter Mansfield (Nottingham) Microscopia de RMN em sólido Primeira imagem de um organismo humano vivo (1976) A RMN não apenas constitui o melhor e mais eficiente método de análise de compostos orgânicos (no sentido de que é o método capaz de fornecer sozinho o maior número de informações sobre a estrutura molecular, além de permitir recuperação integral da amostra) como também logo se tornou um método extremamente conveniente para observar o interior do corpo humano (as inofensivas ondas de rádio são muito penetrantes e atravessam facilmente grande parte de nosso corpo) num processo freqüentemente designado pela sigla inglesa MRI (Magnetic Resonance Imaging). Aula08_RMN.pdf Aula 08 Aula 08 EspectroscopiaEspectroscopia de Ressonância de Ressonância MagnMagnéética Nucleartica Nuclear Prof. Dr. Prof. Dr. ValdemarValdemar LacerdaLacerda JJúúniornior Espectroscopia Interação entre a matéria e a radiação eletromagnética Absorção ou emissão de energia Condição de Bohr ∆E = hν UV-Vis, IV, microondas, RMN Química orgânica, inorgânica, Física Química Teórica, Bioquímica Espectroscopia RMN Energia magnética do núcleo (Spin) Campo Magnético Externo (B0) Transições na região de rádio frequência ∆E = hν RMN Primeiro experimento de RMN - 1945 Descoberta do deslocamento Químico - 1949 Primeiro Espectrômetro Comercial - 1953 Aplicação Elucidação estrutural Interações moleculares Efeitos eletrônicos Propriedades do Núcleo Spin Nuclear (I) Momento Angular (L); Momento Magnético (µ) Spin (I) → momento angular nuclear (L) → momento magnético nuclear (µ) Descrição Matemática Momento angular eletrônico π22 1 )]1([ hIIL += I=número quântico Momento magnético eletrônico πµµ 22 1 )]1([ hIIB +−=ππµ 22 1 )]1([ 4 hII m eh +−= Momento magnético (µ) e Spin Nuclear (I) γ=µ L Razão µ/L Im h z π γµ 2 =hI πµγ 2= Razão Magnetogírica (γ) A razão magnetogírica contém toda a informação característica de cada núcleo. 1H 13C 26.7x107 rad.T-1s-1 6.7x107 rad.T-1s-1 γ13C/ γ1H = 0.25 B0=2.348T 1H 100 MHz 13C 25 MHz Propriedades MagnPropriedades Magnééticas dos Nticas dos Núúcleoscleos Você já está acostumado a considerar que o elétron está associado a um número quântico (o quarto número quântico) chamado “spin”, que pode assumir os valores +½ e –½. Dois elétrons em um mesmo orbital têm spins contrários, resultando em um spin total nulo. Prótons e nêutrons também têm spin e, nos núcleos dos átomos, os prótons podem se associar em pares de spins opostos, de forma semelhante ao que ocorre com os elétrons; o mesmo acontece com os nêutrons, de forma que o número de spin (I) resultante de um núcleo (soma de todos os spins individuais) é um número inteiro ou meio-inteiro (I = 0, 1/2, 1, 3/2, 2, 5/2, etc.). Se o número de spin de um núcleo for diferente de zero (I ≠ 0), então o núcleo apresenta um momento magnético, µ, que é o que permite a ocorrência do fenômeno da ressonância magnética nuclear. Núcleos com número de spin I = 0 não estão sujeitos à ressonância magnética nuclear, porque não apresentam momento magnético (µ = 0). Esta ausência de momento magnético só ocorre quando forem pares tanto o número de prótons como o número de nêutrons. representados na primeira coluna são núcleos com distribuição esférica de carga e são inativos: com número par de prótons e número par de nêutrons, têm número de spin I = 0; seu momento magnético é nulo (µ = 0) e eles não respondem aos campos magnéticos nem às radiofreqüências Os núcleos dos isótopos representados na segunda coluna são os mais importantes para nós: também têm distribuição esférica da carga, mas apresentam momento magnético, com número de spin I = ½. É possível também refazer a classificação para 3 tipos, da seguinte forma: 1) N° de prótons par e n° de nêutrons par: I = 0. 2) N° de massa ( = n° de prótons + n° de nêutrons) ímpar: I é meio-inteiro (1/2, 3/2, 5/2, etc.). 3) N° de nêutrons ímpar e n° de prótons ímpar: I é inteiro (1, 2, 3, etc.). Na tabela foram destacados (do tipo “2” acima) aqueles de I = ½, porque são esféricos e apresentam momento elétrico quadrupolar nulo ( εQ = 0). Em termos quantomecânicos, o número de spin I determina o número de orientações diferentes que o núcleo pode assumir em um campo magnético uniforme (2I + 1) Na ausência de um campo magnético externo, os núcleos de hidrogênio orientam-se ao acaso e os dois estados de spin possíveis (m = + ½ ou m = – ½) têm a mesma energia (são degenerados). A presença de um campo magnético externo faz com que cada núcleo assuma uma das duas orientações possíveis; essas duas orientações não correspondem mais à mesma energia potencial; a chamada “energia de magnetização” é dada pela expressão: Um núcleo de hidrogênio, no interior de um campo magnético B0, que esteja no estado de menor energia potencial (α, correspondendo a m = + ½), pode absorver um fóton de radiação eletromagnética e passar para o nível mais alto (β, correspondendo a m = – ½), desde que o fóton tenha uma energia igual a Eβ – Eα. Naturalmente, isto nos dá a relação entre o campo e a freqüência que pode ser absorvida: Para que o fenômeno da ressonância magnética nuclear (isto é, a absorção de energia radiante pelos núcleos imersos em um campo magnético) possa ser observada com relativa facilidade e traga boas informações sobre a estrutura molecular das substâncias, precisamos utilizar um campo magnético bem forte: A importância de se utilizar campos magnéticos bem fortes é tão grande que os maiores esforços para aperfeiçoar os aparelhos de RMN têm sido exatamente dirigidos no sentido de conseguir campos magnéticos cada vez mais fortes. Por qual razão é tão importante assim utilizar campos magnéticos fortes? Cálculo de Energia Envolvida na Transição Campo 21.13 T 1H ν=900 MHz ∆E = hν ∆E = 6.62x10-34 Js x 900x106 s-1 ∆E = 5.95x10-25J 13C ν=226.29 MHz ∆E = 6.62x10-34 Js x 226.29x106 s-1 ∆E = 1.49x10-25J 29Si ν=178.78 MHz ∆E = 6.62x10-34 Js x 178.78x106 s-1 ∆E = 1.18x10-25J Campo 7.04 T 1H ν=300 MHz ∆E = hν ∆E = 6.62x10-34 Js x 300x106 s-1 ∆E = 1.98x10-25J 13C ν=75 MHz ∆E = 6.62x10-34 Js x 75.43x106 s-1 ∆E = 4.99x10-26J 29Si ν=59.59 MHz ∆E = 6.62x10-34 Js x 59.59x106 s-1 ∆E = 3.94x10-26J O processo de absorO processo de absorççãoão Uma das principais diferenças que existe entre a absorção de energia na RMN e no infravermelho (ou ultravioleta) é o pequeno valor da diferença de energia entre os estados possíveis para um núcleo. O fóton da radiação eletromagnética de 100 MHz (onda de 3,00 m) tem uma energia de E = h ν = 6,626 × 10–34 J s × 100 × 106 s–1 = 6,626 × 10–26 J ou, em kJ/mol, EM = 6,626 × 10–26 × 10–3 × 6,02 × 1023 = 4,0 × 10–5 kJ/mol. compare este valor com o valor da energia do fóton de radiação infravermelha (≈ 20 kJ/mol) ou ultravioleta (≈ 600 kJ/mol). Você percebe então que Mesmo em campos magnéticos bem fortes, a diferença de energia entre os estados possíveis para os núcleos é muito pequena. A conseqüência principal disto é que o número de núcleos no estado de menor energia, em situação de equilíbrio, é apenas ligeiramente maior do que o número de núcleos no estado de maior energia. A relação entre esses números pode ser dada pela distribuição de Boltzmann Isto significa que para cada 100.000 núcleos no estado de menor energia, teremos 99.998 núcleos no estado de maior energia, a diferença entre os dois sendo de apenas 2 núcleos! Para a UV e IV a maioria das moléculas está em condições de absorver uma freqüência de radiação (pois essas moléculas estão no nível de energia mais baixo), mas para absorção de radiofreqüências a situação é completamente diferente: há quase o mesmo número de núcleos no estado de energia mais baixo e no mais alto, sendo muito pequeno o excesso de núcleos no nível mais baixo. A mesma freqüência que pode resultar em absorção de um fóton (promovendo a partícula do nível inferior para o nível superior de energia) pode também estimular (provocar) a queda de uma partícula do nível mais alto para o nível mais baixo, com emissão de um fóton: se o número de partículas em cada um dos dois níveis fosse o mesmo, não seria possível registrar nenhuma absorção, pois a probabilidade de ocorrer uma absorção seria igual à probabilidade de ocorrer uma emissão estimulada. Portanto, as partículas capazes de sofrer uma absorção observável são apenas aquelas que estão em excesso, isto é, Nα – Nβ ! As demais partículas que estão no nível mais baixo (cerca de metade do total) absorvem também, mas o efeito de sua absorção é neutralizado pela emissão do outro tanto de partículas que estão no nível mais alto, e nada se observa. Aula09_RMN.pdf Aula 09 Aula 09 Espectroscopia de Ressonância Espectroscopia de Ressonância MagnMagnéética Nucleartica Nuclear Prof. Dr. Prof. Dr. ValdemarValdemar LacerdaLacerda JJúúniornior O mO méétodo CWtodo CW O sinal da RMN é resultante da interação entre a magnetização resultante (M0 e M) de um conjunto de núcleos em um campo magnético B0 forte, e um campo oscilante de radio frequencia B1 Para se obter o espectro deve-se variar em pequena faixa seja a frequencia do oscilador seja o campo magnético B0, por isso chama-se varredura O mO méétodo Pulsado com FTtodo Pulsado com FT RMN pulsada Î Sequências de Pulso (variação da magnetização) Î FID (Free Induction Decay) Î Transformada (Domínio do tempo em frequência) Î Resolução (formas de melhorar a Resolução Digital) Uma sensibilidade maior é alcançada excitando- se todos os núcleos e coltando-se os sinais simultaneamente, e não seqüencialmente, como pelo CW Aplica-se um pulso curto (µs), e potente de rf ao longo do eixo x para produzir a gama de frequencias necessária a gerar o campo magnético giratório B1, a magnetização resultante M0 salta para o plano x-y. Isto acontece, porém, para todos os núcleos simultaneamente. A utilização de coordenadas de referência que estão girando na frequencia de Larmor ω0 permite eliminar a rotação do campo magnético B1 e o movimento de precessão O observador se movimenta juntamente com as coordenadas giratórias e não sente o movimento Sinal em RMNB0 X Y Z µ X Y Z B0 MZ X Y Z B0 µ Pulso de RF (B1) Pulso de RF (B1) X Y Z B0 MZ Pulso de Rádio Frequência (B1) Condição de Ressonância (∆E = hν) Espectrômetros de Onda Continua: a freqüência é variada de forma continua e linear. A amplitude da radiação é pequena: B1 é da ordem de miligauss; potência inferior a 1 W. Espectrômetros de Pulso: A amplitude da radiação é muito mais intensa: B1 da ordem 10-500 gauss, potência de centenas de kW. Aplicada durante curtos intervalos de tempo (pulso RF) 1- 100µs Aparelho de RMN Pulsado Princípio de Incerteza: pulso curto (pequena incerteza tempo), grande número de freqüências (grande incerteza) Pulso curto: f(t) - domínio do tempo F(ν) - domínio da frequência ( ) ∫ ∫ ∞ ∞− −= ∞ ∞− −= νπνν πνν dtiFtf dttitfF )2exp()()( )2exp()( X Y Z B0 MZ X Y Z B0 MZ Tempo t X Y Z B0 MZ FT X Y Z B0 MZ X Y Z B0 MZ Pulso de RF (B1) FID O processo de relaxaO processo de relaxaççãoão X Y Z B0 M0 X Y Z B0 M0 Tempo t Î Relaxação Spin-Rede (longitudinal); eixo-z; (T1) Î Relaxação Spin-Spin (transversal); plano xy; (T2) Relaxação de Spins Nucleares Variação da Magnetização M Ausência de B1; equilíbrio térmico (M0) eixo z Presença de B1; M ≠ M0 (direção e grandeza) Relaxação tende a tornar M = M0 Mz = M0 e Mx = My= 0 Mz, Mx e My tendem de modo exponencial aos valores de equilíbrio. Relaxação longitudinal ou spin-rede T1 – transferência de energia do núcleo de maior energia para moléculas mais próximas – não é um processo espontâneo T1 (Spin-rede) Î Recuperação de Mz → relaxação dos spins excitados por B1 Î Transferência de energia dos spins para outros graus de liberdade do meio. Î Tempo de relaxação Spin-Rede (redes cristalinas) Î Não é um fenômeno de emissão espontânea Î Resultado de campos magnéticos flutuantes de apropriada freqüência, com origem nos movimentos moleculares aleatórios da amostra. Relaxação transversa ou spin-spin T2 – transferência de energia de um núcleo para outro Aula10_RMN.pdf Aula 10 Aula 10 Espectroscopia de Ressonância Espectroscopia de Ressonância MagnMagnéética Nucleartica Nuclear Prof. Dr. Prof. Dr. ValdemarValdemar LacerdaLacerda JJúúniornior Sensibilidade e Receptividade de Núcleos em RMN A eficácia de um núcleo magnético como sonda em RMN depende de µ e de γ 2515,07107519,26 7102783,6 1 13 == x x H C γ γ Sensibilidade: Caracterizada pela intensidade do fenômeno em condições experimentais Abundância Natural: Fator importante para maioria dos núcleos 003701,0 %98,99 %37,0 01108,0 %98,99 %108,1 1 15 1 13 == == HAbundância NAbundância HAbundância CAbundância Receptividade: Abundância Isotópica vezes a sensibilidade 7102,2003701.0000006156.0.Re 410762,101108,00159,0.Re 15 13 −=−= −== xxNcep xxCcep Laboratório de RMN do DQ-FFCLRP Um equipamento de RMN moderno Preparação das amostras Î Nunca deixar particular sólidas na amostra (filtrar) Î Utilizar ± 0.7 mL de solvente (3 a 4 cm do tubo) Î Limpar bem tubo de RMN Î Retirar os gases da amostra (O2, CO2, N2) Î Diminui a largura de linha Retirada de gases Espectro de RMN 1H da Fenilacetona Quantos prótons temos? E Quantos sinais? Pelo que dissemos até agora, você pode ter ficado com a impressão de que todos os núcleos de 1H absorvem na mesma freqüência Se isto fosse verdade, a utilidade da RMN seria muito limitada, pois serviria apenas para saber se uma substância contém hidrogênio ou não Na realidade, os núcleos de 1H não se encontram livres no espaço, mas estão envolvidos por elétrons: os elétrons são cargas elétricas em movimento que, quando no interior de um campo magnético (B0), sofrem ação deste campo O campo magnético exerce sobre os elétrons uma força que tende a provocar um movimento circular do elétron; o movimento do elétron, por sua vez, gera um campo magnético Bi. O sentido da movimentação dos elétrons é tal que o campo magnético gerado (Bi) é oposto ao campo magnético aplicado (B0) no interior do círculo. O campo efetivo experimentado pelo núcleo é, portanto, igual à diferença B0 – Bi. Dizemos que o núcleo está sofrendo blindagem diamagnética pelos elétrons que o circundam. É comum também dizermos que os elétrons protegem o núcleo contra o campo magnético externo (pois fazem o campo magnético parecer menor para o núcleo). Observe, porém, que fora do círculo em que os elétrons se movimentam, o campo gerado pelo movimento dos elétrons pode ter o mesmo sentido do campo magnético aplicado (dependendo da posição). Um outro núcleo, vizinho, poderia sofrer um efeito de desproteção causado por esta movimentação Origem de δ E N Efeitos da Nuvem Eletrônica B0 Campo Induzido BI ∝ B0 BI = σB0 Núcleo Bloc. = B0 - BI Bloc. = B0 - σB0 = B0(1- σ) Tensor Blindagem Constante de Blindagem σ = ν = (γ/2π)B0 ν = (γ/2π)B0(1- σ) O efeito de proteção é uma função clara da densidade eletrônica em volta do núcleo: elementos mais eletronegativos na molécula tendem a fazer diminuir a densidade eletrônica em volta do núcleo de hidrogênio, deslocando sua absorção para freqüências maiores. Aula11_RMN.pdf Aula 11 Aula 11 Espectroscopia de Ressonância Espectroscopia de Ressonância MagnMagnéética Nucleartica Nuclear Prof. Dr. Prof. Dr. ValdemarValdemar LacerdaLacerda JJúúniornior você percebe que realmente a freqüência de absorção é uma função da vizinhança estrutural em que o hidrogênio se encontra. Mas você pode também observar um outro aspecto: todas essas freqüências são valores próximos a 100 MHz (100.000.000 Hz), e diferem umas das outras por apenas poucas dezenas de Hz. Não é possível medir freqüências de 100 MHz com precisão suficiente para observar essas diferenças (seria necessário fazer medidas com 9 – 12 algarismos significativos!), mas é possível medir com grande facilidade as diferenças entre as várias freqüências. Procedemos, então, da seguinte forma: ao traçar um espectro de RMN, introduzimos junto com a amostra uma referência, uma substância quimicamente estável que dê um sinal bem definido na RMN; medimos depois a diferença entre a freqüência de cada absorção e a freqüência de absorção da referência. Podemos interpretar, para compreender melhor, que νref seria a “freqüência do instrumento” (por exemplo, 100 MHz); as outras absorções que aparecem na figura seriam, neste caso, 100.000.113,1 Hz e 100.000.212,5 Hz. Como se vê, mesmo que fosse possível fazer essas medidas, seria impraticável trabalhar com esses números. Mas temos mais um problema: se traçássemos o mesmo espectro da figura em um aparelho de 300 MHz, os números seriam todos diferentes: 339,3 e 637,5 Hz. Seria muito problemático trabalhar com números diferentes de deslocamento químico para cada freqüência de instrumento que utilizássemos; felizmente, a razão entre esses valores e a freqüência do instrumento é constante, o que nos permite definir o deslocamento químico em partes por milhão, simbolizado por δ, que será sempre o mesmo valor para uma certa absorção, independentemente da freqüência do aparelho utilizado. Note que tanto a freqüência como os valores de δ são maiores à esquerda. Isto significa que os sinais mais à esquerda correspondem a núcleos com menor proteção. Observe também que 1 ppm corresponde a 60 Hz, como convém para um aparelho de 60 MHz. Examine agora as integrais, que são traçadas pelo aparelho (em uma segunda etapa do processo) e representam a área sob os picos: esta área é proporcional ao número de núcleos que deram origem àquela absorção No espectro, você vê que as integrais estão na proporção de 1:3; você pode deduzir daí a qual hidrogênio da molécula corresponde cada absorção? A este respeito, você pode desde já se habituar com a seguinte idéia: se um carbono estiver ligado a três hidrogênios (constituindo um grupo metila, CH3), os três hidrogênios são invariavelmente equivalentes uns aos outros. No esquema abaixo está representada uma projeção de Newman de um grupo CH3, em uma vizinhança qualquer: você percebe que, como os três átomos são hidrogênios, não há nenhuma razão para a molécula preferir uma ou outra conformação, de forma que a rotação livre em torno da ligação σ faz com que os três hidrogênios experimentem, na média, exatamente a mesma vizinhança. Já não se pode dizer o mesmo de dois hidrogênios de um grupo CH2: imagine, no esquema, um dos hidrogênios trocado por um outro grupo qualquer; as três conformações já não teriam necessariamente a mesma energia, e poderia haver preferência por uma ou outra, Fazendo com que os dois hidrogênios ficassem diferentes um do outro (experimentando diferentes vizinhanças). Assim, dependendo da estrutura, os dois hidrogênios de um grupo CH2 podem ser ou não equivalentes um ao outro. Aula12_RMN.pdf Aula 12 Aula 12 Espectroscopia de Ressonância Espectroscopia de Ressonância MagnMagnéética Nucleartica Nuclear Prof. Dr. Prof. Dr. ValdemarValdemar LacerdaLacerda JJúúniornior Efeitos do Solvente Interações soluto-solvente, afetam o deslocamento químico. Muito difícil quantificar esse efeito. Ligações de hidrogênio; Interações de van der Waals; Interações dipolo-dipolo, etc... Solvente Soluto CDCl3 (CD3)2SO Piridina-d Benzeno-d CF3COOD Acetona 2,17 2,12 2,00 1,62 2,41 Cloroformio 7,27 8,35 8,41 6,41 7,25 Dimetilsulfóxido 2,62 2,52 2,49 1,91 2,98 Cicloexano 1,43 1,42 1,38 1,40 1,47 Efeitos Anisotrópicos Provocado pela corrente dos elétrons π no sistema molecular C=C; C=O; C≡C C O B0 B0 C C B0 C CB0 Quando temos um anel de 6 membros rígido como ocorre em um sistema trans-decalínico, por exemplo, podemos perceber claramente que os hidrogênios equatoriais absorvem em freqüências maiores (estão, portanto, menos protegidos) do que os hidrogênios axiais. A diferença fica no entorno de 0,4 ppm, um valor suficientemente grande para permitir a resolução de muitos problemas de elucidação estrutural Quando o sistema é flexível (como ocorre com o anel de ciclo-hexano, por exemplo), porém, não se nota nenhuma diferença no deslocamento químico de hidrogênios axiais e equatoriais. Como pode ser isso? o que ocorre é que à temperatura ambiente o processo de absorção/emissão de energia pelo núcleo de 1H é um processo muito mais lento do que a interconversão entre as duas conformações cadeiras: enquanto o núcleo absorve/emite energia, um mesmo hidrogênio troca várias vezes de posição, entre equatorial e axial. O resultado é que a freqüência de absorção/emissão apresenta um valor que é a média entre os dois extremos possíveis. Aula13_RMN.pdf Aula 13 Aula 13 Espectroscopia de Ressonância Espectroscopia de Ressonância MagnMagnéética Nucleartica Nuclear Prof. Dr. Prof. Dr. ValdemarValdemar LacerdaLacerda JJúúniornior Os sinais espectrais na RMN em geral não são sinais simples como aqueles dos poucos espectros que mostramos até agora. É mais comum que o sinal de um certo hidrogênio apareça não como uma banda única, mas como duas, três ou várias bandas, como resultado do fenômeno do acoplamento spin- spin. Em essência, o acoplamento spin-spin resulta da influência que o campo magnético gerado por um núcleo exerce sobre um outro núcleo. Só podem provocar esses desdobramentos, portanto, os núcleos que tenham momento magnético diferente de zero. Isto é muito importante, pois sabemos assim que podemos ignorar os átomos de carbono e de oxigênio, pois os isótopos mais abundantes destes elementos têm µ = 0. Em outras palavras, ao analisar espectros de RMN de 1H de moléculas orgânicas comuns (contendo C, H, O), interessam-nos apenas os acoplamentos spin-spin de um átomo de hidrogênio com outros átomos de hidrogênio quando um hidrogênio está isolado, isto é, não tem nenhum hidrogênio vicinal: este hidrogênio absorve em uma única freqüência, e dizemos que seu sinal de absorção no espectro é um singleto, como mostrado na figura a A a presença de 1 hidrogênio vicinal faz com que o sinal do primeiro hidrogênio (aquele que absorve em 3,5 ppm; note bem que estamos examinando apenas este hidrogênio) se desdobre 1 vez, dando origem a 2 sinais de mesma intensidade, que chamamos de dubleto. Por qual razão ocorreu este desdobramento? o núcleo do hidrogênio vicinal (aquele que absorve em δ = 1,3 ppm) tem um momento magnético que pode ser visto como um campo magnético que, naturalmente, influencia a movimentação dos elétrons que estão ao seu redor (os elétrons da ligação σ C–H); esta movimentação, por sua vez, gera um campo magnético que influencia a movimentação dos elétrons da ligação C–C; novamente, esta movimentação influencia a movimentação dos elétrons da ligação C–H (3,5 ppm), resultando em que o núcleo do hidrogênio que absorveria em 3,5 ppm passe a absorver em uma freqüência um pouquinho diferente, pois o campo magnético que ele experimenta é um pouco afetado pelo campo magnético criado pelo outro núcleo de hidrogênio e transmitido através das ligações químicas. À primeira vista, esta argumentação parece levar à conclusão de que o sinal do hidrogênio que absorve em 3,5 ppm deveria mudar um pouco de lugar, mas deveria continuar a ser um singleto! Ocorre que há duas orientações possíveis para o momento magnético do outro núcleo; essas duas orientações são igualmente prováveis e resultam em campos magnéticos opostos: se uma orientação desloca o “singleto original” para uma freqüência mais alta, a outra deslocará para uma freqüência mais baixa, resultando assim em um dubleto um diagrama de chaves para um dubleto, juntamente com o significado da orientação do spin do hidrogênio vicinal. Observe que a separação entre os dois sinais do dubleto, medida em Hz, traduz a intensidade do acoplamento; este valor é comumente chamado de constante escalar de acoplamento, e é simbolizada pela letra J E quando há dois hidrogênios no carbono vizinho, como é que fica? E quando há três hidrogênios no carbono vizinho, como é que fica? Aula14_RMN.pdf Aula 14 Aula 14 Espectroscopia de Ressonância Espectroscopia de Ressonância MagnMagnéética Nucleartica Nuclear Prof. Dr. Prof. Dr. ValdemarValdemar LacerdaLacerda JJúúniornior 1 2 3 6α 4 5 7 8 6β CO2H OCCH3 O6a 11 12 1 8 1 . 1 9 7 2 1 7 0 . 2 4 2 2 8 2 . 7 9 7 5 5 4 . 0 1 8 9 4 8 . 6 7 7 4 4 5 . 1 3 5 0 3 6 . 6 6 9 4 3 2 . 2 0 6 5 3 1 . 9 1 3 7 2 4 . 3 4 7 7 2 1 . 1 5 3 9 (ppm) 020406080100120140160180 *** Current Data Parameters *** NAME : vljpd07a EXPNO : 15 PROCNO : 1 *** Acquisition Parameters *** BF1 : 125.7577390 MHz D[1] : 2.0000000 sec DATE_t : 08:50:47 DATE_d : Apr 08 2005 INSTRUM : spect NS : 2048 NUC1 : 13C O1 : 13441.48 Hz P[1] : 10.0 usec PROBHD :5 mm TBI 1H/2H/13C/31P PULPROG : zgpg30 RG : 2580.3000488 SW : 228.4755 ppm SW_h : 28735.632 Hz TD : 32768 TE : 300.0 K *** Processing Parameters *** GB : 0.0000000 LB : 1.00 Hz SI : 32768 *** 1D NMR Plot Parameters *** Height : 15.08 cm Width : 23.03 cm ppm_cm : 8.18 Hz_cm : 1029.29 AQ_time : 0.5701630 sec 8 2 . 7 9 0 6 4 8 . 6 5 6 4 4 5 . 1 2 1 0 3 2 . 2 0 6 5 3 1 . 9 2 0 6 2 4 . 3 4 0 7 2 1 . 1 5 3 9 (ppm) 051015202530354045505560657075808590 *** Current Data Parameters *** NAME : vljpd07a EXPNO : 16 PROCNO : 1 *** Acquisition Parameters *** BF1 : 125.7577390 MHz D[1] : 2.0000000 sec DATE_t : 09:35:13 DATE_d : Apr 08 2005 INSTRUM : spect NS : 1024 NUC1 : 13C O1 : 13441.48 Hz P[1] : 10.0 usec PROBHD :5 mm TBI 1H/2H/13C/31P PULPROG : dept135 RG : 14596.5000000 SW : 228.4755 ppm SW_h : 28735.632 Hz TD : 32768 TE : 300.0 K *** Processing Parameters *** GB : 0.0000000 LB : 1.00 Hz SI : 32768 *** 1D NMR Plot Parameters *** Height : 15.08 cm Width : 23.03 cm ppm_cm : 4.08 Hz_cm : 512.80 AQ_time : 0.5701630 sec
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