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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

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UNIDADE VIII - DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
 8.1 - Furto – Artigos 155 do Código Penal.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
 8.1.1 – Considerações iniciais:
Tem por finalidade a proteção da propriedade, posse e detenção legítima de coisa móvel.
 8.1.2 – Sujeitos do crime:
- Sujeito Ativo: qualquer pessoa, exceto o proprietário da coisa, que pratica o delito do art 345, exercício arbitrário das próprias razões; ou ainda, no caso do funcionário público, este comete peculato furto (art 312, 1º CP). Por fim, condômino, co-herdeiro ou sócia, a quem a legitimidade detém, configura furto de coisa comum (art 156).
- Sujeito Passivo: poderá ser qualquer  pessoa.
 8.1.3 – Tipo objetivo.
Apoderar-se, para si ou para outrem, de coisa alheia móvel, tirando-a de quem a detém (diminui o patrimônio), ou seja, deve haver um valor economicamente apreciável.
Havendo se coisa de ninguém (coisa que nunca teve dono), e a coisa abandonada (foi dispenhsada, pertenceu a alguém) não podem ser objeto material do delito.
Tratando-se de coisa perdida (portanto, alheia), o crime será de apropriação indébita alheia (art 168, §único, II CP).
Coisa pública, ar, luz, água do mar e dos rios, a priori, não podem ser objeto de furto, porém, quando destacados, aí podem, ex. areia de praia da obra do artista, a água encanada que vem do rio, a energia elétrica.
Por fim, deve ser coisa MÓVEL, porém seu conceito não usa de base o direito civil, BASTANDO QUE SEJA POSSÍVEL APREENDER A COISA OU  TRANSPORTAR SEM PERDER SUA IDENTIDADE (QUEBRAR).
CASO – Objetos deixados dentro da sepultura (ouro, jóias, aliança, dente de outro) ???? Primeiro corrente: art 210 ou art 211, do CP (Violação de sepultura - Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária: - Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. - Destruição, subtração ou ocultação de cadáver - Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele: - Pena - reclusão, de um a três anos, e multa), inexistindo furto, pois os objetos não pertencem a “alguém”. Segunda corrente, entende haver furto, por serem direitos pessoais dos hereiros, sendo absorvido o delito do art 211.
 8.1.4 – Tipo Subjetivo.
É o dolo, sendo essencial que o agente tenha a intenção de não devolver a coisa à vítima (animus rem sibi habendi – animus furandi), assim, subtraindo um bem com intuito de apenas usá-lo a logo devolve-lo será um indiferente penal (furto de uso – requisitos: intenção desde o início de devolver o bem, a coisa não deve ser consumível e sua restituição imediata e integral a vítima).
Furto famélico (saciar a fome): inexiste o delito face o estado de necessidade (art 23 CP).
 8.1.5 – Consumação e tentativa:
Existem 4 (quatro) correntes:
- contrectatio (contato): se consuma pelo simples contato entre o agente ativo e o objeto, dispensando o deslocamento.
- amotio (ou apreensão): dá-se a consumação quando o agente consegue o objeto subtraído, mesmo que num curto espaço de tempo.
- ablatio (deslocamento): dá-se a consumação quando o agente, depois de apoderar-se da coisa, consegue deslocá-la de um lugar a outro.
- ilatio : só ocorre quando o agente consegue levar o objeto até o lugar onde deseja, a lá ser mantido a salvo.
O STF e STJ se filiam a tese do AMOTIO.
A tentativa é possível, (ex. furtar o dinheiro do bolso da vítima, é crime??? Ou ainda vigilância (física e eletrônica) ??? CASO.
 8.1.6 – MAJORANTE (§1º - repouso noturno).
Não há critério especifico, sendo variável, se identificando conforme o local que costumeiramente a população se recolhe ao sono, sendo aplicada ainda que não esteja ninguém na residência ou que nem seja habitada, entendimento externado da exposição de motivos do CP
Por fim, ressalta-se que a presente causa aplica-se apenas a cabeça do artigo, e não suas qualificadoras, ficando apenas para valorização das circunstâncias judiciais (art 59).
 8.1.7 – Furto privilegiado ou mínimo (§2º).
Tem que ser primário, e o bem de valor insignificante (entendimento do STF, um salário mínimo – RT 657/323). Frise-se que não se confunde como pequeno prejuízo (furto privilegiado) com o prejuízo insignificante (exclui a tipicidade material, tornando atípico o fato).
Aplicação do privilegio aos crimes qualificados, o STF e o STJ entendem que é incompatível, pois além da gravidade, topograficamente indica que o legislador pretendeu aplicá-lo somente ao furto simples.
 8.1.8 – Furto equiparado (§ 3º - energia elétrica).
Equipara energia elétrica e outras (genética, mecânica, térmica, e a radioatividade) a bem móvel, desde que tenham valor econômico.
CASO – Subtração de sinal de televisão a cabo ??? A energia se consome, termina, se esgota, tanto que se todos fizessem o “gato no poste” o sistema entraria em colapso, enquanto que o sinal de televisão não, assim, não seria possível criar uma interpretação extensiva equiparando o sinal de televisão a energia, pois não há subtração de nada, nem diminuição do patrimônio alheio, deste modo, o fato é atípico (Cezar Roberto Bitencourt). A segunda corrente, entendo como crime, pois o sinal é uma espécie de energia, que tem valoração patrimonial, assim, existe crime (STJ, 5ª turma, HC 17.867-SP), sendo a corrente adota por Guilherme de Souza Nucci. Resolução, art 35 da Lei nº 8977/95, onde deixa claro que constitui ilícito, a captação indevida.
Mesmo caso aplica-se ao pulso telefônico.
OBS: não confundir furto de energia elétrica, praticado mediante ligação clandestina (“GATO”), com o crime de estelionato (art 171), que o agente altera o medidor de energia elétrica, para acusar resultado menor do que consumido.
 8.1.9 – Qualificadoras (§ 4º).
Pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa
 8.1.9.1 – Destruição ou rompimento de obstáculo (I).
Deve ser aplicada contra objetos exteriores ao que se pretende furtar (ex. aplicado contra o vidro do veículo para furtá-lo e crime simples, porém, se for para subtrair os bens do interior do veículo é qualificado).
A violência contra a coisa sempre deve ser empregada anteriormente à consumação do delito.
Trata-se de circunstância objetiva, sendo comunicáveis aos demais co-autores.
 8.1.9.2 – Abuso de confiança (II, 1ª parte).
Circunstância de caráter subjetivo, exigindo um especial vínculo com o sujeito passivo, sendo irrelevante, a simples relação de emprego ou de hospitalidade, devendo a coisa ingressar na esfera de disponibilidade do sujeito passivo em decorrência dessa confiança (ex. gerente da loja, empregada doméstica, etc).
 8.1.9.3 – Fraude (II, 2ª parte).
É o praticado meio enganoso, capaz de iludir a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na subtração. (ex. pessoa que finge ser da companhia telefônica e ingressa em sua residência e comete o delito)
 8.1.9.4 – Escalada (II, 3ª parte).
È o acesso ao local por meio anormal de uso, não sendo aplicado a qualificadora em obstáculo de pequena altura. Constituindo ato executório do crime, nunca preparatório.
 8.1.9.5 - Destreza (II,4ª parte).
É a capacidade do autor de fazer com que a vítima não perceba a subtração (ex. punguista). Não existe tentativa caso a vítima perceba, porém se terceiro perceber e o autor for preso, haverá tentativa de furto qualificado.
 8.1.9.6 – Emprego de chave falsa (III).
É todo instrumento, com ou sem forma de chave, que é utilizado para abrir fechaduras ou mecanismo análogo, facilitando a execução do furto (ex “micha”, grampos, prego, arame, etc). A chave verdadeira ou copiada representa furto simples.
 8.1.9.7 – Concurso de pessoas (IV).
Inimputável qualifica o crime, e o não identificado também, basta a participação, sendo necessário a adesão a conduta do outro agente.
No caso do crime quadrilha ou bando (art 288), aplica-se só esta em razão do bis in idem.
 
8.1.9.8 – Furto de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior (§5º).
Incluído pela Lei n° 9.426/96, tendo a pena de 3 (três) a 8 (oito) anos.
A pessoa que não teve participação (física ou moral) no furto, apenas foi contratada para levar o veículo não responde pelo crime, mas sim por receptação (art 180) ou favorecimento real (Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: - Pena - detenção, de um a seis meses, e multa).
É necessário o elemento subjetivo do tipo, que é saber efetivamente que o veículo será transportado para outro Estado ou país.
Tentativa é possível.
Sendo qualificado por esse tipo, as demais qualificadoras são usadas apenas na fase judicial de fixação de pena.
 8.1.10 – Ação Penal.
É pública incondicionada, com exceção do art 182 do CP (Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; e III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita).
 8.2 – Roubo 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
 8.2.1.2. Objetividade Jurídica.
Crime complexo, tutela o patrimônio (objeto jurídico imediato) e a integridade física, liberdade individual e vida da pessoa (objeto jurídico mediato).
 8.2.1.3. – Sujeitos.
Ativo: crime comum, qualquer pessoa
Passivo: titular da posse, propriedade e detenção (sujeito passivo primário) e a pessoa atingida pela violência ou grave ameaça (sujeito passivo secundário).
 8.2.1.4 – Tipo Objetivo.
1º - Conduta: subtrair com violência (lesões ou vias de fato – vis absoluta), 2º contra pessoa (possuidor, proprietário – mediato, ou terceiro que enfrente o agente - imediato), 3º ou Grave Ameaça (violência moral – vis compulsiva – palavras, gestos ou atos que aterrorizem a vítima), ou 4º redução da capacidade de resistência (embriaguez, drogas, hipnotismo, etc).
Objeto material: a pessoa e a coisa alheia móvel.
CASO ?? Roubo de uso ?? Não existe em razão da violência. Para uso de roubo ??? Três posições, é crime; outra, que afirma que fica absorvido pelo delito fim, apenas um roubo, ou, ainda, crime de constrangimento ilegal (Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa)
OBS: quando a violência é empregada contra a coisa: furto qualificado mediante destreza
 8.2.1.5 – Tipo Subjetivo.
Dolo, “para si ou para outrem”, posse definitiva.
 8.2.1.6 – Consumação e tentativa:
A consumação ocorrerá no momento que o agente ativo tornar-se possuidor da coisa mediante violência ou grave ameaça, sendo desnecessário que o bem saia da esfera de vigilância da vítima, ou de seu contato, neste caso, mesmo havendo a devolução do bem, após o flagrante, ainda existirá roubo consumado.
A posição contrária, que exige a posse tranqüila da coisa por parte do agente.
Um dos agentes foge com o produto subtraído, e o outro é preso, roubo consumado qualificado.
A tentativa ocorre quando impingido a violência ou grave ameaça, porém, o agente não consegue, por circunstâncias alheias a sua vontade, subtrair a coisa (gritos da vítima, alarme, chegada da polícia).
 8.2.2.1 – Roubo Impróprio (art 157, §1º CP).
O agente emprega a violência ou grave ameaça, logo depois de subtrair o objeto.
 8.2.2.2 – Tipo Subjetivo do Roubo Impróprio.
Dolo (elemento subjetivo do injusto), “a fim de assegurar a impunidade do crime ou detenção da coisa”
 
8.2.2.3 – Tentativa no Roubo Impróprio.
Duas posições: não é admitida (furto + crime contra a pessoa), e, em outra, admite a tentativa, sendo impedido de empregar a violência ou grave ameaça logo após a subtração (posição majoritária)
 8.2.3.1 – Roubo Qualificado (art 157, § 2º, CP).
- Emprego de arma (I):   Critério objetivo: está ligado ao maior perigo que oferece o meio executório. Assim, a idoniedade ofensiva é exigida para caracterizar a causa de aumento de pena (arma defeituosa ou descarregada)
                                   Critério subjetivo: esta ligado ao poder de intimidação da vítima, sendo que a Súmula 174 do STJ, revogada, aplicava este critério, hoje não mais.
Arma pode ser PRÓPRIA: é aquela fabricada para ferir ou matar (pistola, espingarda, granada, etc),ou IMPRÓPRIA, tem outra finalidade, mas pode ser usado como arma (faca, facão, machado, etc). Não constituem arma imprória, pedaço de pau, lâmina de barbear, fio de arame, etc.
O simples fato de ostentar a arma já qualifica o delito.
A ausência de apreensão da arma pode qualificar o delito, desde que haja outro meio de prova de sua existência e eficiência (p.ex disparos, ferimentos oriundos do disparo, etc).
- Concurso de pessoa (II): duas ou mais pessoas que participam do delito, não exigindo a presença de todos no momento. Não é necessário identificar os co-autores e particípes.
- Vítima em serviço de transporte de valores (III) – deve estar trazendo coisa de outrem, devendo ainda o autor ter ciência deste fato (elemento subjetivo do tipo).
- Veículo automotor que venha a ser transportado para outro estado ou exterior (IV) – deve ser o mesmo agente, caso contrário responde por roubo comum.
- Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade (V) – o seqüestro é absorvido pelo roubo qualificado (quer roubar, e leva a vítima a vários caixas eletrônicos, ficando em seu poder), porém, se ocorrer após ao subtração existirá o concurso formal ou material de crimes.
 8.2.3.2 – Roubo qualificado pela lesão corporal grave (art 157, § 3°, 1° parte).
Exige lesões graves ou gravíssimas (art 129, §1º e §2º do CP). Sendo crime qualificado pelo resultado  em que o roubo é punido a titulo de dolo e as lesões a título de culpa, porém, mesmo sendodolosa as lesões, o roubo será qualificado.
Esta espécie de roubo pode ser própria ou imprópria.
A lesão leve fica absorvida pelo roubo simples, na elementar “violência”.
OBS: Lesão grave + subtração tentada: duas posições, crime consumado (posição minoritária), crime tentado (posição majoritária).
 8.2.3.3 – Latrocínio (art 157, §3º, 2º parte – roubo seguido de morte).
Crime qualificado pelo resultado morte da vítima, a título de dolo ou culpa, consumando-se pelo resultado morte.
No caso em que a vítima sofreu lesões corporais graves, mas a intenção era matar, responde por tentativa
Hipóteses.
1º - homicídio consumado + subtração consumada = latrocínio consumado
2º - homicídio tentado + subtração tentada = latrocínio tentado (agiu com dolo de matar, responde por latrocínio, mesmo sem acertar ou ferir a vítima)
3º - homicídio tentado + subtração consumada = latrocínio consumado (jurisprudência majoritária) ou tentativa de homicídio qualificada com roubo (Hungria – minoritária)
4º - homicídio consumado + subtração tentada = latrocínio consumado (Súmula 610 STF, majoritário), ou homicídio qualificado e tentativa de roubo em concurso material (Hungria e Fragoso, minoritária).
No caso de ocorrer apenas uma subtração, porém, com várias mortes: existe um só delito (STJ), sendo usada as outras mortes no momento de fixar as circunstâncias judiciais (art 59), ou ainda, posição do STF que aplica o concurso formal.
Por fim, o crime é hediondo (Lei nº 8072/90)
 8.2.3.4 – Ação penal.
Pública Incondicionada
 8.2.4. – Extorsão – Art 158 do CP
 Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 3o  Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
 8.2.4.1 – Distinção com o roubo (art 157 do CP) e constrangimento ilegal (art 146 CP):
Neste caso é importante o comportamento da vítima, ou seja, a voluntariedade, já no roubo não, sendo que no roubo há subtração, na extorsão há tradição (entrega).
No roubo o mal é iminente e contemporâneo, JÁ NA EXTORSÃO O MAL E A VANTAGEM SÃO FUTUROS.
No constrangimento ilegal, exige-se uma vantagem, porém, não é patrimonial (econômica), ao contrário da extorsão, que DEVE SER PATRIMONIAL.
 8.2.4.2 – Objetividade jurídica:
Patrimônio (principal) e a vida ou a integridade física e psíquica (secundária).
 8.2.4.3 – Sujeitos:
Ativo: qualquer pessoa, porém, se for funcionário público, atuando em função do cargo, responde por concussão (Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa).
Passivo: qualquer pessoa, porém, pode ser várias, ex. um recai a violência, outro faz ou deixa de fazer alguma coisa e outro sofre o prejuízo patrimonial.
 8.2.4.4 – Tipo objetivo.
Constranger – obrigar, coagir, forçar a vítima, mediante violência ou grave ameaça, para que faça ou deixe de fazer alguma com fito patrimonial.
O critério para fixar a coação, deve ser feita pela condição “pessoal-subjetiva” da vítima (idade, instrução, etc), e não do homem médio.
A AMEAÇA pode ser justa ou injusta (chantagem para não revelar um segredo, ameaça de prisão por falso policial, ou ameaça de testemunhar em juízo), porém a VANTAGEM deve ser indevida (caso contrário será exercício arbitrário das próprias razões – art 345).
Objeto material: pode ser coisa móvel e imóvel (ex. transferir um apartamento).
Não há previsão no tipo da violência impróprio (uso de drogas, qualquer meio de vencer a resistência da vítima), assim, o tipo será outro, como constrangimento ilegal (art 146) ou estelionato (art 171).
 8.2.4.5 – Tipo Subjetivo.
Dolo, intenção de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, com fito de obter vantagem econômica.
 8.2.4.6 – Consumação e tentativa.
Por ser crime formal, não há necessidade de se obter o resultado, já estando consumado no momento que se exige a vantagem patrimonial (Súmula 96 STJ).
Tentativa é possível, desde que a vítima não faça o que se exige.
 8.2.4.7 – Causas de aumento de pena (art 158, § 1º, 2º e 3º).
§1º       - Participação de duas ou mais pessoas
- Uso de arma, nestes casos, aumenta-se de 1/3 a ½ a pena.
§ 2º - Lesão corporal grave ou morte aplica-se o art 157, §3º CP, sendo crime hediondo.
§ 3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima (seqüestro), e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, § 2o (Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos) §3o( reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990). (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
CASO : ANTES DA ALTERAÇÃO LEGISLATIVA - Sequestro relêmpago ???? após a subtração dos bens (carteira, dinheiro e cartões) da vítima, o agente do roubo, com fim de obter indevida vantagem, exige, mediante violência ou grave ameaça, que a vítima entrega a senhas dos cartões bancários, ficando a mesma privada, enquanto o agente saca os numerários. Haverá concurso material de crimes (art 157, §2º, V, e art 158, c/c, art 69, todos do CP). O agente praticou duas condutas autônomas e independentes.
 8.2.4.8 – Ação Penal.
Pública incondicionada
 8.2.5 – Extorsão mediante seqüestro – Art 159 CP
 Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
 8.2.5.1 – Considerações iniciais.
Trata-se de crime hediondo em todas as modalidades (forma simples ou qualificada). As penas foram alteradas pela Lei n. 8.072/90, que aumentou a pena privativa de liberdade de 6 (seis) a 12 (doze) anos para 8 (oito) a 15 (quinze) anos, eliminando a multa.
O caput do art. 159 do Código Penal trata da forma simples da extorsão mediante seqüestro: “seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”.
 8.2.5.2 -  Objetividade Jurídica
A principal é a inviolabilidade do patrimônio. A secundária é a tutela da liberdade de locomoção. Trata-se de crime complexo.
 8.2.5.3 –Sujeito
Sujeito ativo é qualquer pessoa.
Sujeito Passivo é qualquer pessoa. Admite-se a pluralidade de sujeitos passivos – um que é seqüestrado e o outro a quem se dirige a finalidade do agente de obter a vantagem.
 8.2.5.3 – Consumação e tentativa
O crime se consuma no momento do seqüestro, com a privação da  liberdade de locomoção da vítima. Trata-se, portanto, de crime formal, já que não exige o pagamento do resgate – considerado simples exaurimento. É delito permanente. É possível a prisão em flagrante a qualquer tempo, enquanto a vítima não for libertada (art. 303 do CPP).
A tentativa é possível quando, iniciado o ato de “seqüestrar”, os agentes não tiverem êxito na captura da vítima.
 8.2.5.4 -  Extorsão Mediante Seqüestro e Seqüestro e Cárcere Privado
O seqüestro do art. 148 do Código Penal é crime subsidiário. É a privação da liberdade de alguém mediante violência ou grave ameaça, desde que o fato não constitua crime mais grave.
 8.2.5.5 – Tipo Objetivo
O tipo traz a expressão “qualquer vantagem”.
CASO: Qual o seu alcance? : O Professor Damásio de Jesus entende que, para configuração da extorsão mediante seqüestro, a vantagem visada pode ser devida ou indevida, econômica ou não-econômica, uma vez que o Código Penal não especifica. A maioria da doutrina entende que se a vantagem visada for devida haverá concurso entre os crimes de seqüestro e exercício arbitrário das próprias razões. Só existe extorsão mediante seqüestro se a vantagem for indevida e necessariamente patrimonial.
OBS: Animal capturado para exigência de resgate não caracteriza o art. 159 do Código Penal, que exige como vítima “pessoa”, caracterizando apenas crime de extorsão (art 158).
 8.2.5.6 -  Formas Qualificadas
8.2.5.6.1 - . Art. 159, § 1.º, do Código Penal
A pena é de reclusão de 12 (doze) a 20 (vinte) anos, se:
• o seqüestro dura mais de 24 horas;
• a vítima tem menos de 18 anos;
• o crime é praticado por quadrilha.
CASO: Existirá dois crimes seqüestre e quadrilha ou bando ???? Se o crime for cometido por quadrilha ou bando, aplica-se a qualificadora do parágrafo em análise, ficando absorvido o delito de quadrilha ou bando previsto no art. 288 do Código Penal, que, segundo o Prof. Victor Gonçalves, “apesar de ser delito formal e normalmente autônomo em relação às infrações perpetradas pelos quadrilheiros, nesta hipótese constituiria inegável bis in idem”. Para o doutrinador Julio Fabbrini Mirabete, existe concurso material.
 8.2.5.6.2 - . Art. 159, §§ 2.º e 3.º, do Código Penal
A pena é de reclusão de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) anos, se resulta em lesão grave. E de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos, se resulta em morte.
Essas duas qualificadoras só se aplicam quando o resultado recair sobre a pessoa da vítima (seqüestrado).
A morte de outras pessoas constitui crime de homicídio autônomo em concurso com o crime do art. 159 do Código Penal.
As qualificadoras se aplicam tanto ao resultado doloso quanto ao resultado culposo. Só não será aplicada se o resultado for conseqüência de caso fortuito.
O reconhecimento de uma qualificadora mais grave afasta o reconhecimento de uma qualificadora menos grave.
 8.2.5.7 -  Delação Eficaz – Art. 159, § 4.º, do Código Penal
Se o crime for praticado em concurso (duas ou mais pessoas), o concorrente (co-autores e partícipes) que denunciar o fato à autoridade, facilitando a libertação da vítima, terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços).
O parágrafo foi inserido pela Lei dos Crimes Hediondos, alterada pela Lei n. 9.269/90. Trata-se de causa de diminuição de pena. Haverá a diminuição da pena se a delação efetivamente facilitar a libertação da vítima. Quanto maior a colaboração, maior será a redução da pena.
 8.3 - DA USURPAÇÃO
Alteração de limites
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;
Esbulho possessório
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
Supressão ou alteração de marca em animais
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
 8.4 -  DANO – ART. 163 DO CÓDIGO PENAL
 Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967)
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
 8.4.1 – Considerações Iniciais.
Dano é um crime contra o patrimônio no qual o agente não visa necessariamente à obtenção de lucro.
O tipo descreve no caput: “Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia. Pena: detenção de 1 a 6 meses, ou multa”.
Dano ou a simples composição em relação ao prejuízo, desde que homologado pelo juiz em audiência preliminar, gera a extinção da punibilidade do agente nos termos do art. 74, parágrafo  único, da Lei n. 9.099/95.
 8.4.2 -  Objeto Material
Objeto material é a coisa alheia (móvel ou imóvel).
 8.4.3 - Sujeito 
Sujeito ativo é qualquer pessoa, menos o proprietário. Responde pelo crime do art. 346 do Código Penal quem destrói coisa própria que se encontra em poder de terceiro em razão de contrato (ex.: aluguel, penhor etc.) ou de ordem judicial (ex.: juiz determina a penhora de um bem entregue ao depositário que não o devedor).
Se houver condômino da coisa e o bem for infungível, há crime; se o bem for fungível, só haverá crime se a conduta do agente superar sua cotaparte, pois só assim causará prejuízo ao outro.
Não há crime de dano culposo previsto pela legislação comum. No Código Penal Militar existe, por exemplo, policial desidioso que danifica sua arma.
Sujeito passivo é o titular do direito de propriedade.
 8.4.4 - Tipo Objetivo.
• Destruir: a coisa deixa de existir em sua individualidade; demolir, desfazer o objeto.
• Inutilizar: fazer com que o bem se torne inútil para as funções originárias.
• Deteriorar: qualquer outra forma de dano que não seja destruir ou inutilizar; estragar; causar modificação para pior.
A conduta de pichar caracteriza o crime do art. 65 do Código Ambiental (Lei n. 9.605/98), desde que atinja edificação ou monumento público.
Na conduta de fazer desaparecer o objeto alheio, o fato é atípico. Trata-se de uma lacuna das normas penais incriminadoras, pois não há adequação ao tipo do art. 163 do Código Penal.
A destruição do objeto material furtado é um post factum impunível.
 8.4.5 – Consumação e tentativa
A consumação tem lugar com o efetivo dano ao objeto material, total ou parcial, sendo indispensável a prova pericial no crime de dano.
A tentativa é admissível.
 8.4.6. Dano Qualificado – Art. 163, par. ún., do Código Penal
A pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
 8.4.6.1 -  Emprego de violência contra a pessoa ou grave ameaça
A qualificadora incide sobre o meio de execução. Se a violência ou grave ameaça é posterior ao dano,não se tem a qualificadora. Haverá concurso material se da violência resultar lesões, ainda que leves.
 8.4.6.2. -  Uso de explosivo ou substância inflamável, salvo se o fato constituir crime mais grave
O tipo traz uma subsidiariedade expressa; o crime de dano ficará absorvido se o fato constituir delito mais grave, como, por exemplo, crime de incêndio (art. 250 do CP), ou de explosão (art. 251 do CP).
 8.4.6.3 -. Contra o patrimônio da União, dos Estados, dos Municípios, da sociedade de economia mista ou concessionária de serviço público
Se o bem é particular e está locado ao Poder Público, o dano é simples, pois o patrimônio, no caso, é particular.
O preso que danifica a cela para fugir, para alguns doutrinadores, não comete crime de dano, pois este exige intenção específica de causar prejuízo à vítima. Para outros, incluindo-se o Professor Damásio de Jesus, há crime de dano, pois, para sua existência, basta que o agente tenha ciência de que causará prejuízo com sua conduta.
 8.4.6.4 -. Motivo egoístico ou se resulta prejuízo considerável à vítima
A intensidade do prejuízo será analisada de acordo com o patrimônio da vítima.
 8.4.7 -  Ação Penal – Art. 167 do Código Penal
No dano simples e no dano qualificado do inciso IV a ação penal é privada.
Nas demais formas de dano qualificado a ação penal é pública incondicionada.
Se o promotor denunciar por dano qualificado pelos incisos I, II ou III, e, no curso do processo, o juiz desclassificar o dano para simples, o processo deve ser anulado por ilegitimidade de parte.
  8.5 -  APROPRIAÇÃO INDÉBITA - ART. 168 do CÓDIGO PENAL
 Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
 
8.5.1 – Considerações Iniciais.
Trata-se de crime que se caracteriza pela quebra da confiança, porque a vítima entrega ao agente a posse desvigiada, acreditando que aquele lhe restituirá o bem quando pedido.
 8.5.2 -  Requisitos
• Que a vítima, por algum motivo, entregue ao agente um objeto, fazendo-o de forma livre, espontânea e consciente. Difere da extorsão, em que a entrega é feita em razão de violência ou grave ameaça, e do estelionato, caracterizado pela entrega de forma consciente, mas fruto de uma fraude (vítima mantida em erro). Na apropriação indébita, o agente recebe a posse lícita.
• Que o agente tenha a posse ou detenção desvigiada; se a posse for vigiada, o crime será o de furto. Posse vigiada é aquela em que não há autorização para a retirada do objeto da esfera de vigilância da vítima.
• Que o agente, ao receber o bem, esteja de boa-fé (não ter dolo de se apoderar do bem naquele momento). Porque, se há dolo antes do recebimento do bem, o crime é de estelionato.
Na dúvida, denuncia-se por apropriação indébita, pois, a boa-fé é presumida.
• Que, após estar na posse do bem, o agente inverta o seu ânimo em relação ao objeto, passando a se considerar e a se portar como se fosse dono.
O comportamento de dono pode se dar com o assenhoramento definitivo (apropriação indébita negativa de restituição) ou quando o agente dispõe do bem, vendendo-o, alugando-o (apropriação indébita propriamente dita).
 8.5.3 -  Observações Gerais
O funcionário público que se apropria de coisa pública, ou de coisa particular que se encontra sob a guarda da Administração, pratica o crime de Peculato (peculato-apropriação – art. 312 do CP).
A posse do todo (continente) entregue trancado não implica a posse do conteúdo. Ex.: alguém recebe um cofre trancado para transportá-lo e o arromba para se apropriar dos valores nele contidos. O agente pratica furto qualificado pelo rompimento de obstáculo.
A apropriação de uso não constitui crime pela ausência de ânimo de assenhoramento definitivo.
Duas exceções, quando o bem é recebido em razão de contrato de mútuo ou de depósito, porque os arts. 1.257 e 1.280 do CC estabelecem que nesses contratos a tradição transfere a propriedade e, assim, o sujeito não recebe a “posse de coisa alheia” – recebe na posição de dono e não de possuidor de coisa alheia.
A demora na restituição em que não se estipula prazo não configura o delito. Se houver prazo para a restituição, o delito configura-se após seu decurso.
Tem-se reconhecido crime único nas condutas de quem:
- estando obrigado a uma prestação conjunta, em várias ocasiões apropria-se do numerário de terceiro;
- sendo empregado, recebe dinheiro de várias pessoas e não o entrega ao patrão.
 8.5.4 - Causas de Aumento de Pena - Art. 168, § 1.º, do CP
A razão de ser do aumento é o motivo pelo qual a pessoa recebe a posse.
Aumenta-se a pena em 1/3, quando:
• Se o bem é recebido em razão de depósito necessário (art. 1.282 e 1.284 do CC):
− Legal: decorre de lei. Se o funcionário público recebe um bem em depósito necessário e dele se apropria, comete peculato, art. 312 do CP.
− Miserável: feito em razão de situações de calamidades como enchentes, desabamentos etc.
− Por equiparação: refere-se aos valores bagagens dos hóspedes em hotéis, pensões ou estabelecimentos congêneres.
• Se o agente recebe o objeto na qualidade de: tutor, curador, síndico, inventariante, testamenteiro, liqüidatário (figura que não existe mais em nosso sistema) ou depositário judicial.
• Se o agente recebe o objeto no desempenho de sua profissão, emprego ou ofício.
 8.5.6 -  Apropriação indébita previdenciária – art. 168 - A, §§ 1.º, 2º e 3º (Lei n. 9.983/2000)
“Deixar de repassar à Previdência Social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional. Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.”
Trata-se de modalidade de sonegação fiscal.
O § 2.º estabelece a extinção da punibilidadese o agente, antes do início da ação fiscal, espontaneamente, confessa, declara, paga e presta todas as informações que lhe forem solicitadas pela Previdência.
O § 3.º, inc. I, diz que, se o pagamento for feito após o início da ação fiscal (procedimento administrativo da Previdência, que visa apurar o valor devido) e antes do oferecimento da denúncia, o juiz poderá aplicar somente a pena de multa ou conceder o perdão judicial. A providência é cabível se o réu for primário e de bons antecedentes (inc. II do mesmo parágrafo).
 8.5.6 -  Apropriação de Coisa Havida Por Erro (caput) - Art. 169 do CP
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
 Caracteriza-se pela entrega da coisa pela vítima, que se encontra em erro, ao agente. Diferencia-se da apropriação indébita porque nessa a vítima não está em erro.
O erro pode se referir:
• à pessoa a quem deve ser entregue o objeto;
• ao próprio objeto;
• à existência da obrigação.
 8.5.6.1 0 . Extorsão – estelionato – apropriação de coisa havida por erro
Se a vítima entrega o bem mediante coação, há extorsão, art. 168 do CP.
Se a vítima entrega a coisa por estar em erro, pode ocorrer estelionato, art. 171 do CP, ou apropriação de coisa havida por erro, art. 169 do CP.
Nos três crimes a vítima entrega o objeto. A diferença encontra-se no erro da vítima, inexistente na extorsão, antecedente no estelionato e posterior na apropriação de coisa havida por erro.
No estelionato o agente sabe que a vítima está em erro antes de receber o bem porque cria uma situação de fraude para a induzir ou manter a pessoa neste imaginário (o agente recebe a coisa de má-fé).
Na apropriação de coisa havida por erro, o agente não percebe que recebeu o objeto por equívoco; posteriormente toma conhecimento do engano e decide não devolver o bem (o agente recebe a coisa de boa-fé).
 
8.5.7 -  Apropriação de tesouro e coisa achada - Art. 169, parágrafo único,I e II, do CP
Tipifica a conduta quem encontra o objeto (tesouro) no imóvel de terceiro e apodera-se do todo, sem entregar a quota parte do proprietário.
Tipifica a conduta de quem encontra coisa perdida e dela se apodera no total ou em parte, deixando de devolvê-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade no prazo de 15 dias.
A autoridade pode ser policial ou judiciária.
Coisa perdida é a que se extraviou do dono em local público ou aberto ao público. Coisa esquecida em local particular não eqüivale à coisa perdida.
O delito se consuma após os 15 dias que a lei estabelece para a devolução, salvo se antes disso o agente deixa clara sua intenção de não devolver. É um “crime a prazo”.
 8.5.8 – Considerações finais (crime privilegiado – art 170)
Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º.
 8.6 -  ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES  – ART. 171 do CP
 Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
 Difere-se pelo emprego de fraude, para manter ou induzir a vítima em erro convencendo-a a entregar seus pertences.
- Artifício é a utilização de algum aparato material para enganar (cheque, bilhete etc.).
- Ardil é a conversa enganosa. Pode ser citado, como exemplo de qualquer outra fraude, o silêncio.
“Caracteriza crime contra a economia popular: obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas, mediante especulações ou processos fraudulentos (‘pirâmide’, ‘bola de neve’, ‘cadeias’, ‘pichardismo’, e quaisquer outros meios equivalentes)” – art. 2.º, IX, da Lei n. 1.521/51.
 8.6.1. Sujeito 
Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Admite-se o concurso de pessoas em co-autoria quando um emprega a fraude e o outro obtém a indevida vantagem patrimonial.
Sujeito Passivo : qualquer pessoa, desde que determinada. Não se pode denunciar por estelionato quando as vítimas são indeterminadas. Em casos tais, pode se caracterizar crime contra a economia popular. Ex.: adulteração de balança. A vítima é a pessoa enganada que sofre o prejuízo material. Pode haver mais de uma (a que é enganada e a que sofre o prejuízo).
 8.6.2 – Tipo Objetivo
Provocar o equívoco da vítima (induzir em erro) ou manter o erro em que já incorre a vítima, independentemente de prévia conduta do agente. O emprego da fraude dever ser anterior à obtenção da vantagem ilícita.
 8.6.3 -  Consumação
O estelionato tem duplo resultado (prejuízo para a vítima e obtenção de vantagem pelo agente).
O crime é material, só se consuma com a efetiva obtenção da vantagem ilícita (não há a expressão “com o fim de”, típica dos crimes formais).
Se a vítima sofre o prejuízo, mas o agente não obtém a vantagem, o crime é tentado.
Tentativa é possível. Mas, se a fraude é meio inidôneo para enganar a vítima, o crime é impossível (por absoluta ineficácia do meio). A inidoneidade do meio deve ser analisada de acordo com as circunstâncias pessoais da vítima. Se o meio é idôneo, mas, acidentalmente, se mostrou ineficaz, há tentativa.
 8.6.4 -  Observações
O tráfico de influência, art. 332 do CP, é espécie de estelionato em que a fraude consiste em dizer o agente que, de alguma forma, irá influir em funcionário público para beneficiar a vítima – é delito específico em relação ao
art. 171 do CP.
Qualquer banca de jogo de azar é ilegal e o agente pratica a contravenção do art. 50 da LCP, exceto se há emprego de fraude com o fim de excluir a possibilidade de ganho – nesse caso tem-se estelionato.
Falsificação de documento público ou particular é crime, arts. 297 e 298 do CP.
CASO: Qual a responsabilização de quem falsifica documento para cometer estelionato? : Há divergência:
• Uma corrente entende que há concurso material entre falsificação de documento e estelionato (posição do STF antes de 1998). Não há absorção de um crime por outro porqueatingem bens jurídicos diversos, sendo também diversas as vítimas.
• Para o STJ, a falsificação se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. Ex.: se o agente falsifica um RG e o usa junto com o cheque da vítima, a potencialidade lesiva do falso persiste, pois o agente, após entregar o cheque (cometendo estelionato – art. 171, § 2.º, VI, do CP), continua com o RG da vítima, podendo vir a praticar outros crimes – não há absorção, o agente responderá pelos dois delitos.
• Outra corrente sustenta que o falso absorve o estelionato porque tem pena mais grave. Daí a regra do crime mais grave absorver o menos grave.
• Para uma outra corrente, ambos os crimes coexistem, mas em concurso formal.
CASO.: Que se entende por fraude bilateral?  Há fraude bilateral quando a vítima também age de má-fé.
: A doutrina se divide:
• Segundo Nelson Hungria não há crime, pois:  A lei não pode amparar a má-fé da vítima. − Se no cível a pessoa não pode pedir a reparação do dano, então também não há ilícito penal.
• Na visão de Magalhães Noronha, Mirabete e Damásio de Jesus existe estelionato, pois: − A lei não pode ignorar a má-fé do agente com a qual obteve uma vantagem ilegal (a boa-fé da vítima não é elementar do tipo). − O Direito Penal visa tutelar o interesse de toda a coletividade e não apenas o interesse particular da vítima.
 8.6.5 -  Privilégio – Art. 171, § 1.º, do CP
• Pequeno valor do prejuízo. Para o Prof. Damásio, não deve superar um salário-mínimo (STF). O valor do prejuízo deve ser apurado no momento de sua consumação por ser um delito instantâneo. No caso de tentativa, leva-se em conta o prejuízo que o agente pretendia causar à vítima.
• Que o agente seja primário.
As conseqüências são as mesmas do furto privilegiado, art. 155, § 2.º, do CP. Aplica-se às figuras do caput e do § 2.º, que não são qualificadoras.
Não se trata de faculdade, mas de direito do réu.
 8.6.6 -  Disposição de Coisa Alheia Como Própria – Art. 171, § 2.º, I, do CP
O fato consuma-se com o recebimento da vantagem.
Não é necessária a tradição ou inscrição no registro do objeto da venda.
A ciência do adquirente exclui o delito. O silêncio do agente a respeito da propriedade da coisa é imprescindível.
É admissível a tentativa.
Tem-se entendido que, se o agente está na posse ou na detenção do objeto material e o aliena, responde somente por apropriação indébita,  ficando absorvido o estelionato, a não ser que tenha agido com dolo ab initio, caso em que prevalece o estelionato.
 8.6.7 - Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria – Art. 171, § 2.º, II, do CP
A inalienabilidade pode ser legal, convencional ou testamentária. A simples promessa de venda não configura o delito. Consuma-se com a obtenção da vantagem.
A tentativa é admissível.
8.6.8  - Defraudação de Penhor – Art. 171, § 2.º, III, do CP
O sujeito ativo é somente o devedor do contrato de penhor. Consiste em defraudar o objeto material que constitui a garantia pignoratícia. Trata-se de crime material, exigindo-se a efetiva defraudação da garantia pignoratícia.
Consuma-se com a alienação, a ocultação, o desvio, a substituição, o consumo, o abandono etc. da coisa dada em garantia.
 8.6.9 -  Fraude na Entrega de Coisa
O sujeito ativo é aquele que tem a obrigação de entregar a coisa a alguém.
A ação incide sobre a qualidade ou a quantidade da substância.
Consuma-se com a tradição do objeto material.
Admite-se a tentativa.
 8.6.10 -  Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de Seguro – Art. 171, § 2.º, V, do CP
O sujeito ativo é o segurado, o sujeito passivo, o segurador.
Trata-se de crime próprio.
Nada impede que terceiro intervenha no comportamento típico, respondendo também pelo crime. Na hipótese de lesão causada no segurado, o terceiro responde por dois crimes: estelionato e lesão corporal.
É crime formal, basta que se realize a conduta, independentemente da obtenção da vantagem indevida.
Não é necessário que o autor do fato seja o beneficiário do contrato de seguro, pode ser que terceiro venha a receber o valor da indenização.
Admite-se a tentativa.
 8.6.11 - Fraude no Pagamento por Meio de Cheque – Art. 171, § 2.º, VI, do CP
“VI – emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento”
Emitir é preencher, assinar e colocar em circulação (entregar a alguém).
Súmula n. 521 do STF: “O foro competente para o processo e o julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.”
Súmula n. 48 do STJ: “Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar o crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque”.
Súmula n. 246 do STF: “Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheques sem fundos”.
Trata-se de crime doloso, não admite a modalidade culposa.
No caso de o agente emitir dolosamente um cheque sem fundos, mas, antes da consumação, se arrepender e depositar o valor, ocorre o arrependimento eficaz que exclui o crime.
O pagamento com cheque roubado caracteriza estelionato simples.
O desconto do cheque fora do prazo para apresentação descaracteriza o delito.
Se, após a consumação do delito e antes do recebimento da denúncia, o agente pagar o valor do cheque, incide o art. 16 do CP, que estabelece redução de pena de 1 a 2/3 – revogando a Súmula n. 554 do STF: “O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.”
O entendimento era no seguinte sentido: se o pagamento efetuado após a denúncia não obstava a ação penal, o pagamento efetuado antes da denúncia, impedia a ação penal.
Com a reforma penal de 1984, surgiu o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP), que impõe a redução da pena para a hipótese.
Na prática, porém, por questão de política criminal, a súmula continua sendo aplicada. O Prof. Damásio entende que não houve cancelamento. A reparação do dano feita após o recebimento da denúncia é mera atenuante genérica.
Frustrar o pagamento do cheque é o segundo núcleo do crime.
Caracteriza-se pela existência de fundos no momento da emissão e o posterior impedimento do recebimento do valor, p. ex., sustação de cheque, saque da garantia antes da apresentação do cheque etc.
 
8.6.11.1 -  Consumação
Quando o banco sacado se recusa a efetuar o pagamento – basta uma única recusa.
 8.6.11.2 - . Tentativa
A tentativa existe nas duas modalidades. Ex.: o agente atua com dolo, mas esquece que tem dinheiro na conta e o banco paga o cheque. O agente quis o estelionato, mas por circunstâncias alheias à sua vontade o crime não se consumou.
 8.6.11.3 -  Observação
O delito em estudo pressupõe que a emissão do cheque sem fundos tenha sido a fraude empregada pelo agente para induzir a vítima em erro e convencê-la a entregar o objeto. Não há crime quando o prejuízo preexiste em relação à emissão do cheque (ex.: empréstimo e posterior pagamento com cheque sem fundos).
Pela mesma razão, não há crime quando o cheque é entregue em substituição a outro título de crédito anteriormente emitido.
Se o agente encerra sua conta corrente, mas continua emitindo cheques que manteve em seu poder, configura o crime (art. 171, caput, do CP). É o estelionato do caput porque a fraude preexiste em relação à emissão do cheque.
Inexiste crime quando o cheque é emitido para pagamento de dívida de conduta ilícita (jogo, p. ex.).
No caso de cheque especial, só há crime se o cheque emitido superar o limite que o banco oferece ao correntista.
A natureza jurídica do cheque é de ordem de pagamento a vista.
Qualquer atitude que desconfigure essa natureza afasta o delito em análise. Ex.: cheque pré-datado, cheque dado como garantia etc.
 8.6.12 - Art. 171, § 3.º, do CP – Causa de aumento de pena
Aumenta-se a penaem 1/3:
• Se o estelionato é praticado contra entidade de direito público. A Súmula n. 24 do STF estipula: “Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da Previdência Social, a qualificadora do § 3.º do art. 171 do Código Penal”.
• Se é praticado contra entidade assistencial, beneficente ou contra instituto de economia popular. Porque o prejuízo não atinge apenas as entidades, mas todos os seus beneficiários.
 8.7 -  RECEPTAÇÃO – ART. 180 do CP
 Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Receptação qualificada(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.  (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
 Trata-se de crime acessório, cuja existência exige a prática de um delito antecedente. O tipo menciona “produto de crime” para a caracterização da receptação, portanto, aquele que tem sua conduta ligada a uma contravenção anterior não comete receptação.
A receptação é crime contra o patrimônio, porém, o crime antecedente  não precisa estar previsto no título dos crimes contra o patrimônio, mas é necessário que cause prejuízo a alguém (ex.: receber coisa produto de peculato).
A receptação é crime de ação pública incondicionada, independente da  espécie de ação do crime anterior.
Existe receptação de receptação, “e respondem pelo crime todos aqueles que, nas sucessivas negociações envolvendo o objeto, tenham ciência da origem espúria do bem. Desse modo, ainda que tenha ocorrido uma quebra na seqüência, haverá receptação; por ex.: o receptador A vende o objeto para B, que não sabe da origem ilícita e, por sua vez, vende-o a C, que tem ciência da origem espúria do objeto. É óbvio que nesse caso A e C respondem pela receptação, pois o objeto não deixa de ser produto de furto apenas porque B não sabia da sua procedência” (Victor Gonçalves).
 8.7.2 -  Art. 180, § 4.º, do CP
Trata-se de norma penal explicativa que impõe a autonomia da receptação, traçando duas regras: a receptação é punível ainda que desconhecido o autor do crime antecedente, ou isento o mesmo de pena.
São causas de isenção de pena que não atingem o delito de receptação:
• excludentes de culpabilidade (p. ex.: inimputabilidade);
• escusas absolutórias (art. 181 do CP).
Comete crime de receptação quem adquire objeto furtado por alienado mental, ou por alguém que subtraiu do ascendente, p. ex. De acordo com o disposto no art. 108 do CP, a extinção da punibilidade do crime anterior não atinge o delito que dele dependa, salvo duas exceções, abolitio criminis e anistia.
 8.7.3 - Sujeito
Sujeito Ativo: Pode ser praticado por qualquer pessoa, desde que não seja o autor, co-autor ou partícipe do delito antecedente.
O advogado não se exime do crime com o argumento de que está recebendo honorários advocatícios.
Sujeito Passivo: É a mesma vítima do crime antecedente.
O tipo não exige que a coisa seja alheia, no entanto o proprietário do objeto não comete receptação quando adquire o bem que lhe havia sido subtraído – porque não se pode ser sujeito ativo e passivo de um mesmo crime.
Tem-se como exceção o mútuo pignoratício – alguém toma um empréstimo e deixa com o credor uma garantia. Terceiro furta o objeto, sem qualquer participação do proprietário, e oferece a esse, que adquire com o intuito de favorecer-se. Há receptação porque o patrimônio do credor foi lesado com a perda da garantia.
 8.7.4 -  Objeto Material
A coisa deve ser produto de crime ainda que tenha sido modificado; p. ex.:furto de automóvel – há receptação mesmo que sejam adquiridas apenas algumas peças.
O instrumento do crime (arma, chave falsa etc.) não constitui objeto do crime de receptação, pois não é produto de crime.
P.:Imóvel pode ser objeto de receptação?
R.: A doutrina não é pacífica:
• Como a lei não exige que a coisa seja móvel, tal como faz em alguns delitos (p. ex.: art. 155 do CP), Mirabete e Fragoso entendem que pode ser objeto de receptação.
• Na opinião de Damásio de Jesus, Nelson Hungria e Magalhães Noronha, a palavra receptação pressupõe o deslocamento do objeto, tornando prescindível que o tipo especifique “coisa móvel; dessa forma, excluem a possibilidade de um imóvel ser objeto de receptação. É a posição do STF.
 8.7.5 -  Receptação Dolosa Simples – art. 180, caput, do CP
8.7.5.1 -  Receptação própria – art.180, caput, 1.ª parte, do CP
São cinco as condutas típicas:
• Adquirir: obter a propriedade a título oneroso ou gratuito.
• Receber: obter a posse (emprestar).
• Ocultar: esconder.
• Conduzir: estar na direção, no comando do veículo.
• Transportar: levar de um lugar para outro.
As duas últimas figuras foram introduzidas no CP pela Lei nº 9.426/96.
A receptação distingue-se do favorecimento real (art. 349 do CP) porque nesse o agente oculta o objeto material do crime pretendendo auxiliar o infrator; naquela, o fato é praticado em proveito próprio ou alheio, há intenção de lucro e não de favorecer o sujeito ativo do delito anterior.
À receptação dolosa aplica-se o privilégio previsto no § 2.º do art. 155 do CP, como dispõe a 2.ª parte do § 5.º do art. 180 do CP.
 8.7.5.2 -  Consumação
É delito material, consuma-se quando o agente adquire, recebe, oculta, conduz ou transporta, sendo que os três últimos núcleos tratam de crime permanente cuja consumação protrai-se no tempo, permitindo o flagrante a qualquer momento.
 8.7.5.3 - Tentativa
É possível.
 8.7.5.4 -  Elemento subjetivo
É o dolo direto, o agente deve ter efetivo conhecimento da origem ilícita do objeto, não basta a dúvida (o dolo eventual).
O dolo subseqüente não configura o delito, como no caso de o agente vir a descobrir posteriormente que a coisa por ele adquirida é produto de crime.
 
8.7.6.1 -  Receptação imprópria – art. 180, caput, 2.ª parte, do CP
A receptação imprópria consiste em influir para que terceiro, de boa-fé, adquira, receba ou oculte objeto produto de crime. Influir significa persuadir, convencer etc. A pessoa que influi chama-se intermediário, não pode ser o autor do delito antecedente e necessariamente tem de conhecer a origem espúria do bem, enquanto o terceiro (adquirente) deve desconhecer o fato.
Quem convenceum terceiro de má-fé é partícipe da receptação desse.
 
8.7.6.2 -  Consumação
Ocorre no exato instante em que o agente mantém contato com o terceiro de boa-fé, ainda que não o convença a adquirir, receber ou ocultar – crime formal. Assim, não se admite tentativa, pois ou o agente manteve contato com o terceiro configurando-se o crime ou não, tornando-se fato atípico.
 8.7.7 -  Causa de Aumento – Art. 180, § 6.º, do CP
É o antigo § 4.º, que cuidava de qualificadora, tendo sua natureza jurídica modificada pela Lei nº. 9.426/96, tratando-se agora de causa de aumento.
Se o objeto é produto de crime contra a União, Estado, Município, concessionária de serviço público ou sociedade de economia mista, a pena aplica-se em dobro. O agente deve saber que o produto do crime atingiu uma das entidades mencionadas. Se assim não fosse, haveria responsabilidade objetiva.
A figura do § 6.º só se aplica à receptação dolosa do caput.
 8.7.8 -  Receptação Qualificada – art. 180, § 1.º, CP
A pena é de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa se o crime é praticado por comerciante ou industrial no exercício de suas atividades, que deve saber da origem criminosa do bem. O nomem juris do delito está incorreto, pois trata-se de um tipo autônomo e próprio, já que só pode ser cometido por comerciante ou industrial.
Interpretação da expressão deve saber:
• Trata-se de dolo eventual (Celso Delmanto, Paulo José da Costa Júnior e Damásio de Jesus).
• Significa culpa (Nélson Hungria e Magalhães Noronha).
P.:Como punir o comerciante que sabe da procedência ilícita (dolo direto)?
R.: A questão não é pacífica, três posições:
• Alguns entendem que também incide a forma qualificada, uma vez que é conduta mais grave.
• O prof. Damásio defende a necessidade de aplicar o princípio da tipicidade plena, por isso o comerciante que “sabe” (dolo direto) só pode ser punido pela figura simples do caput. Enquanto o comerciante que “deve saber” responde pela forma qualificada do § 1º. Por essa interpretação a condenação torna-se injusta, pois a conduta mais grave terá pena menor.
• Outros afirmam que o “deve saber” é usado como elemento normativo do tipo; o juiz deve analisar, pelo ramo do comércio, se o comerciante tinha ou não a obrigação de saber da origem ilícita do bem.
 8.7.8. -  Art. 180, § 2.º, do CP
Para fins penais, considera-se comerciante aquele que exerce sua atividade de forma irregular ou clandestina, mesmo que em residência. É uma norma de extensão, pois explica o que se deve entender por “atividade comercial”.
 8.7.9 -  Receptação Culposa – Art. 180, § 3.º, do CP
Adquirir ou receber são os verbos do tipo, que excluiu a conduta “ocultar” por se tratar de hipótese reveladora de dolo. Os crimes culposos, em geral, têm o tipo aberto, a lei não descreve as condutas, cabendo ao juiz a análise do caso concreto. A receptação culposa é exceção, pois a lei descreve os parâmetros ensejadores da culpa:
• Desproporção entre o valor de mercado e o preço pago: deve haver uma desproporção considerável, que faça surgir no homem médio uma desconfiança.
• Natureza do objeto: certos objetos exigem maiores cuidados quando de sua aquisição. Ex.: armas de fogo– deve-se exigir o registro.
• Condição do ofertante: quando é pessoa desconhecida ou que não tem condições de possuir o objeto, como no caso do mendigo que oferece um relógio de ouro.
O tipo abrange o dolo eventual, mesmo tratando-se de modalidade culposa. Entende a doutrina e a jurisprudência que o dolo eventual não se adapta à hipótese do caput do art. 180 do CP, que pune apenas o dolo direto, enquadrando-se na receptação culposa prevista no § 3.º do artigo.
 8.7.9.1 -  Consumação
Quando a compra ou o recebimento se efetivam.
Não cabe tentativa, porque não se admite tentativa de crime culposo.
 8.7.10 – Perdão Judicial e minorantes- Art. 180, § 5.º, do CP
O parágrafo prevê o perdão judicial (na primeira parte) e a aplicação do § 2.º do art. 155 do CP – privilégio (na 2.ª parte). O perdão judicial somente é aplicado à receptação culposa, exigindo que:
• o agente seja primário;
• o juiz considere as circunstâncias.
Trata-se de direito subjetivo do réu e não faculdade do juiz em aplicá-lo – não obstante a expressão pode.
 8.8 -  DISPOSIÇÕES GERAIS
 Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
 Válidas para todos os crimes contra o patrimônio.
 8.8.1 -  Imunidades Absolutas – Art. 181 do CP
A conseqüência é a isenção de pena. Tem natureza jurídica de escusa absolutória; significa que subsiste o crime com todos os seus requisitos, excluindo-se apenas a punibilidade.
Em razão disso, a autoridade policial está impedida de instaurar inquérito policial.
 8.8.1.1. Hipóteses legais
• Se o crime é praticado em prejuízo do cônjuge na constância da sociedade conjugal.
Pouco importa o regime de bens do casamento. Leva-se em conta a data do fato, que deve ocorrer na constância do casamento. Se o fato delituoso ocorre antes do casamento não persiste o benefício. A separação de fato não
exclui a imunidade. A imunidade alcança ao concubino, se o fato ocorre durante a vida em comum (analogia in bonam partem). Não alcança os noivos, mesmo que venham a se casar.
• Se o crime é praticado em prejuízo de ascendente ou de descendente. Atinge qualquer grau de parentesco na linha reta. Não abrange o parentesco por afinidade.
A enumeração legal é taxativa.
A obrigação de reparação do dano não é excluída.
 8.8.2 -  Imunidades Relativas – Art. 182 do CP
Transformam o crime contra o patrimônio de ação penal pública incondicionada em condicionada à representação.
 8.8.2.1. Hipóteses legais
Se o crime é cometido em prejuízo:
• Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado. Se o fato ocorre após o divórcio não há qualquer imunidade.
• De irmão, sejam germanos ou unilaterais.
• De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita – deve ser na mesma residência e de forma não-transitória.
 8.8.3 – Vedação das Imunidades -  Art. 183 do CP
Prevê duas hipóteses em que fica vedada a aplicação das imunidades (absoluta e relativa):
• Nos crimes de roubo e de extorsão, ou, em geral, quando há emprego de violência ou grave ameaça (p. ex., esbulho possessório e dano qualificado pela violência ou grave ameaça).
• Ao terceiro que toma parte do crime. Exemplo: o filho, em companhia de terceiro, subtrai bens de seu pai. O terceiro responde por delito de furto qualificado pelo concurso de agentes.
• se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, tratando-se de inciso incluído pelo Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 2003)

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