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Fundamentação foro da vítima caso modela produto capilar

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Fundamentação da problematização em sala – caso da modelo: produto capilar
Por Thiago JS Oliveira
	Primeiramente, é visível neste caso que há relação piamente consumerista, ou seja, é um fator a ser pensado pelo delinear do CDC, também.
	Ao debruçarmos por entre as complexas causalidades do CDC nos deparamos com um princípio que rege toda a estrutura processual civil em prol ao resguardo do consumidor, o princípio da facilitação da defesa do mesmo. Tamanhamente o é relevante que em visão expressa, o art. 6ª, VIII, CDC – “São direitos básicos do consumidor: VIII – a facilitação de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.”
	É clara a exposição do dispositivo acima declamado; o que se busca resguardar são os interesses do consumidor que já se encontra em condições desfavoráveis – acarretados por tal produto capitar.
	Quando se ressalva uma defesa de facilitação e assim possibilitando o acesso menos burocrático à justiça, todo um bloco deve-se movimentar para que tal conceito deixe sua fria pragmática doutrinária para ganhar foco concreto em âmbito real, portanto, há que existir, necessariamente, uma combinação (conexão) entre os direitos básicos do consumidor com as vias de execução da política nacional de defesa consumerista.
	Com isso, o simples deslocamento de um município à outro ou ainda a mera movimentação de um bairro a outro, ou a perda de um dia laboral, fere e desmotiva de plano o interesse da busca e resguardo do direito privado em assentir com o sofrido, e não somente, mas estamos diante do desrespeito a um princípio estrutural da relação de consumo.
	Frente a toda a exposição explanada quanto a facilitação da defesa na relação de consumo, pode-se considerar que também está abrangida um menor trabalho de locomoção da vítima, figurando o preposto do foro da mesma. Alguns operadores do direito clamam ser esta uma forma de foro privilegiado, mas ao analisarmos à fundo o disposto no CDC percebemos que o mesmo não se caracteriza, em respeito e atenção ao equilíbrio das partes litigantes e principalmente não gera um paternalismo pejorativo.
	A escolha do foro em prol da vítima não se destaca de um privilégio mas de um mero respeito à legislação, conforme se observa no art. 101, I, CDC – “Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas: I – a ação pode ser proposta no domicílio do autor.” Para tanto, a opção pelo foro em domicílio do autor é referente à fixação do art. 6º, VIII, CDC, de oferecer uma fácil busca por direitos feridos. É configurante desta, autor, a escolha do foro, não deflagrando o que dispõe o art. 94 CPC – “A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.”
	Em citação do estudioso Vicente Greco Filho, assim pode-se observar:
O inciso I do artigo comentado prevê regra de competência territorial ou de foro, admitindo, facultativamente, a propositura da ação no domicílio do autor, com derrogação do foro comum que é o do domicílio do réu. A escolha é do autor, não se excluindo, em caráter concorrente, as hipóteses do artigo 100 do Código de Processo Civil aplicáveis, como o local do ato ou do fato ou o local do cumprimento da obrigação. Escolhido um desses foros pelo autor, não terá procedência exceção declinatória. No caso de autor pessoa jurídica, poderá ela escolher o foro de sua sede (art. 100, IV, a), que é seu domicílio. Optando o autor pelo domicílio do réu, aplicam-se as regras do Código de Processo Civil, inclusive quanto à pluralidade de réus. (GRECO FILHO, 1991, p. 353)
	É visível que a intenção do legislador é abranger amplamente os direitos de reclamo em juízo dos plausíveis ferimentos ao consumidor e à relação consumerista em si. O conflito existente afirmado por muitos não condiz tanto com a real apresentação da problemática, pois o que se observa é o privilégio ao consumidor, analisado e abrangido em sua condição especifica e concreta. Também se faz óbvia a observação de que, se de fato acarretarmos a frieza doutrinaria, em casos de afronta aos direitos de consumo, seguindo a regra ampla do domicílio do réu, estará o juízo apenando duplamente a vítima, por estar transitando por condição não favorável e por ter que litigar no âmbito do seu ofensor.
	Assim, num primeiro vislumbre, é de se considerar que o CDC, quando entendeu necessária a adoção da regra de competência do domicílio do consumidor para solução dos litígios individuais de consumo, abraçou tal proteção para facilitação da defesa de direitos, como prerrogativa específica e não de caráter geral. Contudo, estando efetivamente inviabilizado o acesso do consumidor ao Poder Judiciário para postular, tanto ativa quanto passivamente na lide, o cenário muda totalmente, surgindo com isso o desequilíbrio entre as partes (fornecedor x consumidor), tão repudiada pelo Código de Defesa do Consumidor, permitindo certas facilitações ao consumidor.

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