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O DESCOBRIMENTO DO BRASIL NOS TEXTOS DE 1500 A 1571

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REVISTA TARAIRIÚ – ISSN 2179-8168 
 
Campina Grande - PB, Ano VI – Vol.1 - Número 10 – Agosto de 2015 162 
 
 
O DESCOBRIMENTO DO BRASIL NOS TEXTOS DE 1500 A 
1571: UMA BREVE REVISÃO HISTORIOGRÁFICA 
 
 
André ESPÍNOLA1 
Flávio SOUSA2 
Lailton BARBOSA3 
Juvandi de Souza SANTOS4 
 
 
 
1
 Graduando em História, Campus III UEPB. 
2
 Graduando em História, Campus III UEPB. 
3
 Graduando em História, Campus III UEPB. 
4
 Prof. Pós Doutor, orientador. 
REVISTA TARAIRIÚ – ISSN 2179-8168 
 
Campina Grande - PB, Ano VI – Vol.1 - Número 10 – Agosto de 2015 163 
O DESCOBRIMENTO DO BRASIL NOS TEXTOS DE 1500 A 1571: UMA 
BREVE REVISÃO HISTORIOGRÁFICA 
 
 
RESUMO 
 
Muito se fala do “descobrimento” do Brasil, mas documentos históricos produzidos na época do 
novo achado são raros. A obra por nós trabalhada traz uma interessante coletânea com todos os 
documentos conhecidos sobre o tema. O primeiro são instruções de Vasco da Gama para Pedro 
Álvares Cabral. O segundo é a Relação da viagem da frota comandada por Pedro Álvares 
Cabral. O terceiro trata-se da tão conhecida carta de Pêro Vaz de Caminha para D. Manuel 
falando do achamento, e uma Carta do Mestre João para D. Manuel. Depois, uma série de 
documentos escritos após o regresso da frota de Pedro Álvares Cabral em 1501: cinco cartas de 
italianos (florentinos e venezianos) e uma carta de D. Manuel para os Reis Católicos de 
Espanha. O outro grupo de documentos é de natureza diversa dos que foram elaborados entre 
1502 e 1519 refletindo de perto o descobrimento/achamento. Por fim, o último conjunto de 
documentos é elaborado pelos cronistas, entre meados da primeira metade e o terceiro quartel 
do século XVI onde vários cronistas escreveram sobre o achamento do Brasil. Achamos 
pertinente, inclusive, explicar ao leitor a escolha da manutenção de certas expressões do 
português arcaico. A obra tem início com os textos de antes do “descobrimento” do Brasil, com a 
viagem de Pedro Álvares Cabral e as instruções e condições que fizeram com que sua frota 
aportasse em terras brasileiras. A missão era estabelecer posições fortes dos portugueses no 
comércio das especiarias com a Índia, rota que havia sido desvendada com a viagem de Vasco 
da Gama em 1498. Segundo Antônio Paulo Gama (2000), esta viagem ainda tem a importância 
de ter sido “a primeira navegação que uniu os quatro continentes da Terra, pois, tendo partido e 
regressado à Europa, chegou à Ásia, apoiando-se na América do Sul e na África, Ocidental e 
Oriental” (GAMA, 2000, p. 9). Desta feita, o estudo que apresentamos representa uma tentativa 
gigantesca em mostrarmos que os relatos iniciais do Brasil a partir de Cabral não podem e não 
deve ficar resumido a Carta de Caminha. Ao menos vinte e três documentos tratam do 
achamento do Brasil e, no geral, esses documentos são desconhecidos da população brasileira, 
restando-nos, enquanto educadores/pesquisadores, trazê-los a tona e clarear um pouco mais os 
estudos historiográficos acerca do Brasil no período das navegações marítimas. 
 
PALAVRAS CHAVE: Brasil colônia, Documentos e Navegação. 
 
Much is made of the "discovery" of Brazil, but historical documents produced at the time the new 
find are rare. The work for us brings crafted an interesting collection with all known documents on 
the subject. The first is Vasco da Gama's instructions to Pedro Alvares Cabral. The second is the 
fleet of the trip ratio commanded by Pedro Alvares Cabral. The third comes from the well-known 
letter of Pero Vaz de Caminha to Manuel speaking of achamento, and a Letter of Master John to 
Manuel. After a series of written documents after the return of Pedro Alvares Cabral fleet in 1501: 
five cards of Italians (Florentines and Venetiansand a letter from Manuel to the Catholic Kings of 
Spain. The other group of documents is the diverse nature of which were developed between 
1502 and 1519 close to reflecting the discovery / achamento. Finally, the last set of documents is 
prepared by the chroniclers, between the middle of the first half and the third quarter of the 
sixteenth century where several chroniclers wrote about the finding of Brazil. We find relevant 
even explain to the reader the choice of maintaining certain expressions of archaic 
Portuguese.The work begins with the text before the "discovery" of Brazil with the travel Pedro 
REVISTA TARAIRIÚ – ISSN 2179-8168 
 
Campina Grande - PB, Ano VI – Vol.1 - Número 10 – Agosto de 2015 164 
Alvares Cabral and the instructions and conditions that caused its fleet docked in Brazilian lands. 
The mission was to establish strong positions of the Portuguese in the spice trade with India route 
was unveiled with Vasco da Gama trip in 1498. According to Antonio Paulo Gama (2000), this trip 
still has the importance of being "the first navigation that united the four continents of the earth as 
they departed and returned to Europe, arrived in Asia, leaning in South America and Africa, East 
and West "(GAMMA, 2000, p. 9). This time, the study we present is a gigantic attempt to show 
that the initial reports of Brazil from Cabral can not and should not be summed up the Charter of 
walks. At least twenty-three documents deal with the finding of Brazil and, in general, these 
documents are unknown of the population, leaving us as educators / researchers, bring them to 
light and brighten a little historiographical studies about Brazil in period of maritime navigation. 
 
KEYWORDS: Brazil colony, Documents and Navigation. 
 
 
REVISTA TARAIRIÚ – ISSN 2179-8168 
 
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OS DOCUMENTOS 
 
Resumidamente passaremos a mostrar aos leitores uma síntese apurada dos 
documentos escritos sobre o descobrimento/achamento do Brasil e as notícias que ganharam o 
mundo sobre tal temática relevante, principalmente para a população brasileira contemporânea. 
 
AS INSTRUÇÕES DE VASCO DA GAMA PARA PEDRO ÁLVARES CABRAL 
 
Essas instruções datam do início de 1500, fornecidas por Vasco da Gama, que anos 
antes já havia navegado sobre as águas em que a frota de Cabral iria navegar. Constitui-se num 
roteiro que é o elo entre o processo de descobrimento do caminho marítimo para a Índia e o 
desencadeamento do processo que levaria ao achamento do Brasil. 
Sobre as instruções, de fato destacam-se: primeira a preocupação em evitar o 
desmantelamento da frota, mantendo-a unida, através de um sistema de comunicação específico 
entre as embarcações. A seguir vem instruções sobre as ilhas pelas quais as embarcações 
devem passar ou parar, dependendo da quantidade de suprimento disponível e o caminho a 
seguir. É aí, também, que Vasco da Gama diz para guinar 5 sobre a banda do sudoeste, 
possivelmente o que faria Cabral alcançar à costa brasileira. Ele tenta, também, criar pontos de 
encontro, caso um ou mais navios da frota percam-se uns dos outros6. 
 
RELAÇÃO DA VIAGEM DA FROTA COMANDADA POR PEDRO ÁLVARES CABRAL 
 
Documento, também conhecido como “Relação do piloto anônimo”, escrito por um autor 
anônimo7 faz a descrição da viagem da frota de Pedro Álvares Cabral, inclusive no próprio Brasil. 
No que consta em relação à viagem ao Brasil, o texto encontra-se em sintonia com o documento 
histórico mais conhecido do descobrimento, a carta de Pêro Vaz de Caminha. Antônio Paulo 
Gama o considera “o segundo documento presencial mais completo que possuímos a tratar do 
descobrimento do Brasil em 1500”. (GAMA, 2000, p. 13). 
O autor do documento vai apontando os dias exatos por onde a armada passa por 
pontos de referências, como a Ilha da Canária ou pela ilha de Cabo Verde. No dia 23 de março o 
autor do documento relata o desaparecimento de uma nau, da qual nunca maisse teve notícias. 
 
5
 Guinar – O mesmo que rumar, seguir. 
6
 Claramente percebe-se o elevado grau de desenvolvimento da arte náutica dos portugueses no 
período das Grandes Navegações Marítimas européia. 
7
 Possivelmente um dos capitães de um dos navios que compunha a frota de Cabral. 
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No capítulo seguinte, o autor descreve a chegada dos portugueses à nova terra e os 
primeiros contatos com os nativos. Desse momento, destaca-se a falta de entendimento mútuo 
entre os invasores e os nativos, nem por sinais, muito menos por fala. Em seguida, o autor narra 
a preparação e a primeira missa em solo brasileiro, sendo assistida por todos os que iam na 
armada. No dia seguinte, prosseguiu a troca cultural, também através do escambo, entre os dois 
povos desconhecidos. 
Ao final de seis dias assim, o autor resume suas primeiras impressões dos homens e 
mulheres indígenas: homens pardos e nus, barba rapada, rostos pintados, lábios furados etc.; as 
mulheres são belas de corpo, de cabelos compridos, andam do mesmo modo: sem vergonha. O 
autor também observa a moradia coletiva entre os índios, em casas de madeira, cobertas de 
folhas e de ramos de árvores, cada casa com cerca de 40 a 50 redes de algodão. Sobre a 
organização econômica, o autor nota que não trabalham com ferro nem outros metais e cortam a 
madeira com pedra. 
Nitidamente percebe-se nesses relatos que o autor anônimo esteve em solo brasileiro e 
vivenciou esse primeiro contato. 
 
CARTA DE PÊRO VAZ DE CAMINHA PARA D. MANUEL 
 
Sem dúvida, a Carta de Pêro Vaz de Caminha para o rei D. Manuel configura-se no 
documento histórico mais famoso do descobrimento do Brasil8. A carta faz uma relação diária do 
que ocorreu durante a chegada da frota de Cabral, permitindo-nos, com sua capacidade 
expressiva, visualizar o que aconteceu nesse primeiro encontro de duas culturas até então 
desconhecidas. O documento anônimo que trata da relação da viagem da frota de Pedro Álvares 
Cabral traz várias semelhanças com a Carta de Pêro Vaz de Caminha, narrando os mesmos 
fatos que os chamaram atenção, como os primeiros contatos, a descrição dos nativos, a primeira 
missa etc. 
Para além da narração dos primeiros dias dos portugueses na nova terra, a Carta de 
Caminha destaca-se pela relação inicial descrita entre os nativos e os visitantes, tentando 
absorver a novidade presente no contato entre duas civilizações que nunca antes tinham se 
conhecido e dando uma voz, um depoimento, ao menos do lado europeu da balança, sobre suas 
impressões. Na carta é possível observar momentos que marcariam a relação colonial entre as 
 
8
 A Carta de Caminha, a nosso ver, torna-se o mais famoso documento porque dentre os 23 documentos 
existentes sobre o descobrimento/achamento do Brasil, é o mais significativo. Possivelmente outros 
escrivães e capitães que estavam na frota de Cabral escreveram sobre o ocorrido, mas tais documentos 
se perderam. 
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duas partes e que funcionam como sólidos argumentos (tanto econômicos quanto culturais e 
religiosos) na tentativa de convencer o rei D. Manuel a efetivar a exploração da Terra de Vera 
Cruz em novas expedições. Outro momento é quando Caminha aponta a grande possibilidade 
de conversão dos nativos à fé católica, como se eles tivessem se mostrando bastante maleáveis 
nesse quesito, já que, segundo Caminha, não demonstraram ter crenças. Por fim, Caminha 
apela para o papel civilizador que os portugueses poderiam desempenhar nessa terra, como se 
tivessem fazendo um favor aos indígenas o fato de apresentar-lhes a sua civilização e o seu 
Deus. 
 
CARTA DE MESTRE JOÃO PARA D. MANUEL 
 
A Carta de Mestre João é o documento escrito pelo Espanhol João Faras, entre 28 de 
abril e 1 de maio de 1500, em um misto de espanhol e português quinhentista, dando ciência ao 
rei de Portugal, D. Manuel, acerca do "descobrimento". Mestre João Faras, bacharel em artes e 
medicina, médico e cirurgião do rei D. Manuel, é um personagem típico do humanismo ibérico 
envolvido com os descobrimentos e com o vasto universo de conhecimento da renascença 
europeia. Mestre João Faras foi quem realizou as primeiras observações astronômicas no 
território brasileiro. Portanto, foi importante personalidade que compunha a população da 
esquadra de Cabral. 
Este documento faz esclarecer ao rei questões essenciais para a localização da nova 
terra e demais questões náuticas. Os comentários a respeito do uso dos diversos instrumentos 
astronômicos e da arte de navegar demonstram como os portugueses detinham o que de mais 
avançado se sabia naquele tempo a respeito da ciência náutica. Descoberta pelo historiador 
Francisco Adolfo de Varnhagen, a carta foi publicada, pela primeira vez, em 1843. 
 
CARTA DE ITALIANOS 
 
Resumiremos as cartas escritas por viajantes e cronistas italianos no texto a seguir. 
Tais cartas foram escritas após a descoberta de Terra de Vera Cruz, a primeira foi 
escrita por Américo Vespúcio, tendo como destinatário Lorenzo di Piero Francesco Medici, em 
04 de junho de 1501, fala o sobre o que vem a ser descoberta da Terra de Vera Cruz, as cartas 
procuram fazer uma descrição desta nova terra ao italiano, por fazerem insistentes referências 
aos papagaios em seus escritos os italianos vieram a denominar inicialmente o Brasil como 
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Terra dos Papagaios, o principal objetivo de tais cartas era de informar aos italianos (em parte 
financiadores das atividades marítimas portuguesas) as riquezas que se resguardava no Brasil. 
 
CARTA DE D. MANUEL PARA OS REIS CATÓLICOS 
 
Datada de 28 de agosto de 1501, dois meses após a volta de Cabral a Lisboa, uma carta 
de Dom Manuel, rei de Portugal, deu conhecimento oficial à Espanha - e através dela a toda a 
Europa - do descobrimento da nova terra. 
Dom Manuel inicia desculpando-se pela demora e, em seguida se refere rapidamente ao 
descobrimento de Cabral, evitando dar maiores informações sobre as novas terras. Aqui, Dom 
Manuel esconde o jogo. Em março de 1501, cinco meses antes, mandara uma expedição 
reconhecer as novas terras e sabia, inclusive, que se tratava de um continente. Assim, o rei 
português quer evitar a cobiça dos soberanos espanhóis. 
No resto da extensa carta comenta a recepção de Cabral nas Índias, as riquezas que 
encontrou, as especiarias que trouxe, as lutas em que esteve empenhado. Mas sobre a 
‘descoberta’ do Brasil, que seria a razão principal do relato, nada mais. 
 
OUTROS DOCUMENTOS 
 
Ao todo cinco (05) documentos que descreve o que então se passou durante o 
‘descobrimento’ do Brasil que proporcionam importantes informações de como se passou e se 
deu a divulgação dos fatos até então ocorridos durante as expedições ao Brasil. 
O primeiro deles, a legenda do planisfério Português anônimo de 1502, chamado 
“O planisfério de Cantino” é uma das mais antigas cartas náuticas que representam os 
descobrimentos marítimos portugueses. É a mais importante obra da história cartográfica 
portuguesa, as informações contidas neste planisfério reuniram indicações resultantes das 
viagens de Pedro Álvares Cabral e Gonçalo Coelho. Nele se apresenta a forma do Brasil 
passado apenas 2 anos do seu achamento/descobrimento, sendo assim importante legado para 
a história do Brasil. 
 O chamado "Ato notarial de Valentim Fernandes"ou '"Certidão de Valentim Fernandes,” 
importante documento sobre a história dos primeiros anos do Brasil, de 20 de maio de 1503. 
Está entre os raros manuscritos que relatam, a partir de testemunhas, os primeiros contatos dos 
portugueses com os índios brasileiros. Foi elaborado em Lisboa pelo tabelião Valentim 
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Fernandes, após o regresso da expedição de 1501- 1502, enviada por Portugal a terra recém-
encontrada com o objetivo de explorar-lhe o litoral, e da qual participou Américo Vespúcio. 
A cópia de uma carta de El Rei de Portugal enviada ao rei de Castela acerca da viagem 
e sucesso da Índia é o primeiro texto impresso que se refere exclusivamente ao ‘descobrimento’ 
do Brasil é o panfleto anônimo, escrito em italiano, lembra-nos William Brooks Greenlee que a 
autenticidade desta carta é contestável, mas é o mais antigo relato impresso da viagem de 
Cabral hoje existente e contém as primeiras notícias impressas da ‘descoberta’ do Brasil. 
 
AS CRÔNICAS 
 
As crônicas portuguesas escritas até 1571, nas quais existem relatos sobre o 
descobrimento do Brasil, foram escritas a partir de relatos de testemunhas da época e também 
de interpretações dos autores que as escreveram a partir de documentos secundários. Contudo, 
as crônicas portuguesas foram muito apreciadas e só perdeu sua importância, a ponto de seus 
conteúdos se tornarem esquecidos, No século XIX, quando houve a publicação da Carta de Pero 
Vaz de Caminha, visto que o conteúdo da Carta de Caminha é bem mais rico e rigoroso registro, 
já que foi escrito por uma testemunha ocular dos descobrimentos portugueses, enquanto as 
crônicas eram registros de terceiros, por isso bem mais pobre e deficiente. Ao todo foram 
escritas cinco (05) crônicas que abordam direta ou indiretamente o achamento/descobrimento do 
Brasil. 
 Entre as crônicas portuguesas a que possivelmente pode ser a mais antiga a abordar a 
história portuguesa na Índia e, consequentemente, o achamento do Brasil, existe apenas 97 
capítulos restantes e não se sabe o titulo, nome do autor, entre outros dados, já que suas 
primeiras páginas foram perdidas, onde possivelmente estariam esses dados, o que é possível 
deduzir é apenas que ela foi escrita pouco depois de 1531. 
 A crônica de Gaspar Correia, que nasceu aproximadamente em 1492 viajou para a Índia 
em 1512. Em 1532 iniciou o escrito de cópias de crônicas de reis portugueses que encontrou na 
Índia e apontamentos que formavam pequenas crônicas do reinado de D. Manuel e D. João III, 
em outras crônicas posteriores, Gaspar Correia descreveu brevemente fatos da viajem de 
Cabral. Visto que D. João III manifestava interesse em escrever a História dos portugueses na 
Índia, o referido autor baseou-se em testemunhos orais de lembranças das pessoas que ouviram 
falar dos referidos assuntos e muitas vezes usavam noções de sua própria imaginação. 
Fernão Lopes Castanheda nasceu em Santarém, em 1528 viajou para Índia, onde 
permaneceu por dez anos. Ao retornar concluiu a primeira parte da sua História do 
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Campina Grande - PB, Ano VI – Vol.1 - Número 10 – Agosto de 2015 170 
descobrimento & conquista da Índia pelos Portugueses, onde recorreu ao maior número de 
fontes escritas e orais, reunindo um amplo panorama das realizações dos portugueses na Índia. 
Foi um cronista completo e rigoroso na transmissão das informações, com um elevado senso 
crítico. 
João de Barros nasceu em Viseu, em 1496, foi uma das figuras mais eminentes da 
cultura europeia do século XVI. Com a preocupação de enaltecer os feitos portugueses na Índia, 
levou o autor a não ter os devidos cuidados, apresentando explicações e interpretações 
pessoais, afetando muitas vezes o conhecimento do que realmente aconteceu no passado. Suas 
interpretações a partir da relação e de alguns testemunhos escritos ou orais eram muitas por 
vezes incorretas e até errôneas. 
Gaspar Correia escreveu entre 1532 e 1533, de forma detalhada, uma extensa história 
dos portugueses na Índia até 1550, Lendas da Índia, contudo, as informações recolhidas por 
Gaspar são deficientes, visto que as perspectivas apresentadas não são sustentáveis e 
contradizem registros em fonte mais confiáveis. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O fato é que poucas pessoas conhecem algum documento histórico da época do 
descobrimento que não seja a Carta de Pêro Vaz de Caminha, e muitos, inclusive, acreditam que 
este seja o único relato dos primeiros anos do descobrimento. A reunião desses documentos em 
um trabalho como este é de um valor historiográfico enorme, sobretudo para a historiografia 
brasileira e portuguesa. 
Os documentos como foram visto, referem-se ao período que vai do 
achamento/descobrimento do Brasil em 1500, até a década de 1570, mostrando a repercussão 
da notícia no continente Europeu, sobretudo entre os próprios portugueses, espanhóis e 
italianos, mostrando um pouco do jogo de interesses que vinha por trás das grandes atividades 
náuticas realizadas no período. Os relatos muitas vezes concentram-se nos mesmos fatos e 
acontecimentos, como as descrições físicas dos indígenas, os recursos naturais encontrados 
nessas primeiras expedições, tais como uma enormidade variedade de papagaios, abundância 
de água, comidas típicas como inhame. No entanto, essa recorrência não é enfadonha, muito 
pelo contrário, mostra uma multiplicidade de visões sobre o ‘descobrimento’ do Brasil, mas 
infelizmente, concentrada no lado da visão eurocêntrica, o que faz lamentarmos mais ainda a 
falta de uma compilação do tipo de narrativas indígenas sobre o mesmo acontecimento histórico. 
 
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REFERÊNCIA 
 
GAMA, Antônio Paulo. O descobrimento do Brasil nos textos de 1500 a 1571. Lisboa: 
Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.

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