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1 Extinção da Punibilidade (art. 107, CP) Cometido um crime, nasce para o Estado o poder-dever de aplicar a punição ao responsável face ao monopólio da jurisdição. Assim, a Punibilidade não se confunde com o crime ou seus elementos, tampouco com a culpabilidade. A punibilidade ou ``jus puniendi`` é o dever- poder do Estado de aplicar a sanção penal e não deve ser confundido com o Poder de Polícia. Entretanto, há causas posteriores ao cometimento do crime que fulminam esse Poder do Estado, são as chamadas causas de extinção da punibilidade. Elas recaem sobre a pretensão punitiva (aplicação da pena) ou sobre a pretensão executória (cumprimento da pena). O artigo 107 do Código Penal elenca o rol das causas que extinguem a pretensão Estatal (ressalta-se que o rol NÂO é taxativo): I – Morte do Agente: obviamente, a morte do suposto criminoso frustra a possibilidade do Estado punir o responsável pela prática criminosa. A morte é comprovada nos autos pela Certidão de óbito (o documento que faz prova suficiente da morte é a certidão de óbito – documento lavrado pelo Oficial do Registro de Pessoas Naturais -, não sendo suficiente o mero atestado de óbito – documento lavrado pelo médico que atesta a morte do sujeito). Note-se, porém, que a morte não impede a responsabilização dos herdeiros do falecido nas esferas civil, tributária, trabalhista etc. Provada a morte, o inquérito será arquivado, o processo extinto e em caso de já haver condenação, extinção da pena. II – Anistia, graça ou indulto: são espécies de perdão soberano. 2 Anistia: concedida pelo Congresso Nacional, por meio de Lei. Pode ser concedida antes ou depois da condenação. Pode ainda estabelecer limites ao perdão ou requisitos para a sua obtenção. Extingue apenas os efeitos penais da condenação (pena e reincidência). Graça: concedido pelo Chefe do Executivo por meio de Decreto, sendo possível a delegação de tal competência ao Ministro da Justiça ou Advogado-Geral da União. É concedida após a condenação em caráter individual, dependendo de provocação do interessado. Sua extensão e requsitos serão previstos no próprio Decreto. Extingue apenas o efeito penal principal da condenação (a pena). Indulto: concedido pelo Chefe do Executivo por meio de Decreto, sendo possível a delegação de tal competência ao Ministro da Justiça ou Advogado-Geral da União. É concedido após a condenação em caráter coletivo, não dependendo de provocação do interessado. Sua extensão e requsitos serão previstos no próprio Decreto. Extingue apenas o efeito penal principal da condenação (a pena). Obs: em todos esses casos o fato típico não é atingido, sendo que a conduta continua sendo considerada pela legislação como crime, ou seja, tais institutos somente produzem efeitos para o passado. III – Pela retroatividade da lei que não considera o fato como criminoso. É o chamado ``abolitio criminis``, ou seja, a revogação do tipo penal. Nesse caso seus efeitos repercutem nos fatos passados e futuros, visto que a conduta deixa de ser considerada criminosa. Atinge somente os efeitos penais da condenação. IV – Prescrição, decadência e perempção. Ao reservar para si, de forma, exclusiva o exercício da jurisdição e do ``jus puniendi` o Estado se obrigou a fazê-lo dentro de um lapso temporal 3 razoável, visto que conforme já dito a justiça tardia não é nada além de flagrante injustiça. Assim surge o fundamento da prescrição e decadência, ambas causas de extinção da punibilidade decorrentes do decurso do prazo máximo dado ao Estado para aplicar a lei ao caso concreto, bem como de executar as penas por ele impostas. Prescrição da pretensão punitiva: considera o tempo entre o cometimento do crime e o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Em regra, é calculada com base na pena máxima prevista em abstrato no tipo penal. Algumas de suas modalidades (retroativa e superveniente consideram a pena aplicada na sentença). Prescrição da pretensão executória: considera o tempo entre o trãnsito em julgado da sentença penal condenatória e o início do cumprimento da pena. Considera a pena aplicada na sentença. O artigo 109, CP, elenca os prazos prescricionais, conforme a pena cominada ao crime. O prazo prescricional se sujeita a interrupções e suspensões. Em regra o início de sua contagem ocorre com a consumação do crime ou, no caso de tentativa, do último ato executório. A decadência é o decurso do prazo, em regra de 6 meses, concedido ao ofendido para exercer o direito de representação nos crimes de ação penal privada condicionada, bem como para oferecer queixa-crime nos crimes de ação penal privada. O prazo decadencial não sofre suspensão, tampouco interrupção. O marco inicial de sua contagem é o momento em que a vítima tomou conhecimento acerca da provável autoria do crime. Perempção ocorre nas seguintes hipóteses: a) Na ação penal privada, o autor deixa de comparecer a ato processual para o qual foi intimado; não requer a condenação do réu; deixa o 4 processo parado por mais de 30 dias, morre sem que qualquer sucessor se habilite no processo em 60 dias. b) Em se tratanto de pessoa jurídica, é extinta sem deixar sucessores. V – Pela renúncia ao direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação penal privada. Em regra, a renúncia ao direito de queixa deve ser manifestada de forma expressa (antes do oferecimento da mesma). Entretanto, há casos em que a mesma pode ser exercida de forma tácita (manutenção de relação de amizade com o autor do crime), bem como no caso de composição dos danos na esfera cível nos crimes de competência do juizado especial criminal. O perdão do aceito pelo ofendido ocorre quando a vítima perdoa o criminoso e este aceita tal perdão. Pode ser realizado no processo ou fora dele, em qualquer caso deverá ser aceito pelo autor do crime, que deverá, se desejar, recusá-lo no prazo de 3 dias, sob pena de aceitação tácita. VI – Pela retratação do agente, nos casos em que a lei admite. Há crimes em que a retratação do criminoso é admitida como causa de extinção da punibilidade. Ex: crimes de calúnia e difamação, falso testemunho. Tal efeito somente pode ser reconhecido nos casos em houver expressa previsão legal. IX – Pelo perdão judicial, nos casos de expressa previsão legal. Há crimes em que o próprio autor já é duramente punido pelas consequencias de sua conduta culposa. Como exemplo, pode-se citar o caso em que alguém dirigindo de forma imprudente dá causa a acidente automobilístico que resulta na morte do próprio filho. Nesses casos, extingue-se a punibilidade face à desnecessidade de mais uma punição ao ccriminoso. Somente é possível nos casos de expressa previsão legal: homicídio e lesão corporal culposa, por exemplo.
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