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www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 1 APELAÇÃO 1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS. A apelação, na regra geral, é o recurso cabível nos casos em que forem proferidas sentenças judiciais que julguem o mérito ou que possuam caráter definitivo. Desta forma, NÃO é cabível o recurso de apelação para atacar os despachos de mero expediente, inclusive pelo fato de eles serem sempre irrecorríveis, e, via de regra, também NÃO é cabível a apela- ção para atacar decisões interlocutórias. Todavia, em algumas situações, pode-se perceber que a apelação acaba assumindo uma natureza residual, pois, em alguns casos de decisões interlocutórias proferidas pelo juiz singular, em que NÃO seja hipótese de Recurso em Sentido Estrito, poderá ser passível de impugnação por meio da apelação. Explicando melhor, pode-se afirmar que as decisões interlocutórias são classificadas da seguinte forma: Decisões interlocutórias simples – são todas aquelas que se visam decidir questões incidentais que surjam antes da sentença de mérito e que NÃO acarretam a extinção do processo, ou de algum procedimento. Para este tipo de decisão interlocutória será cabível apenas o RESE, se houver hipótese específica de cabimento deste recurso. Já se NÃO houver hipótese de RESE para atacar este tipo de decisão interlocutória ela será simplesmente irrecorrível. Ou seja, para este tipo de decisão interlocutória NUNCA será possível a apresentação do recurso de apelação. Ex. A decisão que concede a liberdade provisória é uma decisão interlocutória simples e para atacar esta decisão é possível a apresentação do RESE com fundamento no art. 581, V, do CPP. Entretanto se a decisão do juiz for de negar a liberdade provisória NÃO haverá a possibilidade de ingressar com RESE, nem de forma residual com a apelação, sendo a decisão irrecorrível. O que a parte poderá fazer é impugnar a decisão por meio do Habeas Corpus, que não é um recurso. Decisões interlocutórias mistas – estas se subdividem da seguinte forma: • Decisões interlocutórias mistas terminativas – são aquelas decisões interlocutórias que acarretam a extinção do processo ou de um procedimento. São também chamadas pela doutrina como decisões definitivas. Ex. Decisão que não recebe a denúncia ou queixa. Decisões interlocutórias mistas não-terminativas – são aquelas que extinguem uma etapa do procedimento, mas não acarretam a extinção do processo. São também chamadas pela doutrina como decisões com força de definitiva. Ex. Decisão que pronúncia o réu no rito do tribunal do júri. Pois bem, SOMENTE as decisões interlocutórias mistas terminativas ou não-terminativas é que poderão ser atacadas de forma RESIDUAL pela apelação, nos termos do art. 593, II do CPP. Logo, o candidato deve primeiro verificar se existe alguma hipótese de RESE para atacar as referidas decisões interlocutórias mistas terminativas ou não-terminativas, caso NÃO exista hipótese, será perfeitamente viável a interposição da apelação. Ex. A decisão que indefere o pedido de restituição de coisa apreendida é uma decisão interlocutória mista não terminativa, tendo em vista que extingue o procedimento de www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 2 restituição de coisa apreendida, mas não acarreta a extinção do processo. Neste caso, como não existe uma hipótese específica de cabimento de RESE no art. 581 é possível a utilização residual da apelação com fundamento no art. 593, II, do CPP. Fique atento, pois este caso já foi objeto de pergunta em alguns concursos públicos e pode ser objeto de uma questão na OAB. Vale lembrar, também, que o prazo de apelação é de cinco dias para a interposição e de oito dias para as razões ou contrarrazões nos termos dos arts. 593 e 600 do CPP, respectivamente, salvo nos caso de contravenções, quando o prazo para as razões ou contrarrazões será de três dias, conforme parte final do art. 600 do CPP. OBS.: Deve-se ter cuidado em relação à apelação no rito sumaríssimo, pois nos Juizados Especiais Criminais a apelação terá o prazo de 10 dias para a apresentação de razões e contrarrazões, nos exatos termos do art. 82, § 1º, da Lei 9099/95. No que se refere à contagem do prazo da apelação é bom ficar atento, pois diferentemente do Processo Civil, o prazo de apelação no Processo Penal começa a correr da data da intimação da sentença e não da juntada do mandado aos autos, caso esta tenha sido feita por oficial de justiça, nos termos da Súmula 710 do STF. Vale ressaltar, que a petição de interposição é sempre endereçada ao juiz do feito, aquele que proferiu a sentença. Já as razões da apelação serão endereçadas para o Tribunal competente respectivo. Cumpre elucidar, também, que somente se pode apelar sobre o que se pode entender, sobre o que é compreensível. No caso de o juiz proferir uma sentença condenatória, mas houver ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão em sua fundamentação, a primeira providência recursal será apresentar EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e NÃO a apelação. Os embargos de declaração são usados para que o juiz declare a sentença de uma forma inteligível, de forma que possa ser compreendida. Os embargos de declaração possuem os seguintes prazos: Embargos de Declaração - Rito Sumaríssimo – 5 dias (Juizados Especiais) art. 83, parágrafo 1º CPP. Embargos de Declaração – Rito Comum Ordinário e Sumário – 2 dias, art. 382 para atacar sentença e art. 619 CPP no caso de acórdão. 2. HIPÓTESES DE CABIMENTO DA APELAÇÃO. O rol de hipóteses de apelação estão constantes no art. 593 do CPP, sendo considerado pela doutrina e jurisprudência como meramente exemplificativo. Vale lembrar as hipóteses de cabimento da apelação do art. 593: A) SENTENÇAS DEFINITIVAS DE CONDENAÇÃO OU ABSOLVIÇÃO PROFE¬RIDAS POR JUIZ SINGULAR (ART. 593, I, CPP) Será cabível o recurso de apelação quando o juiz vir a proferir sentença condenando ou absolvendo o réu. Estes dois tipos de sentença são consideradas definitivas já que resolvem o mérito da causa. As disposições referentes às sentenças condenatórias e absolutórias estão www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 3 previstas no art. 386 e 387 do CPP, no caso de rito comum ordinário e sumário, bem como no art. 492, I e II, do CPP, no caso de rito do Tribunal do Júri. OBS.: A previsão constante do art. 593, § 4o do CPP, no sentido de que quando for cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra, somente vale para a apelação com fundamento no art. 593, I, do CPP, tendo em vista que, no caso de existir a hipótese do art. 593, II, do CPP, a apelação será considerada residual, como já foi explicado. B) DECISÕES DEFINITIVAS, OU COM FORÇA DE DEFINITIVAS, PROFERI¬DAS POR JUIZ SINGULAR NOS CASOS NÃO PREVISTOS NO CAPÍTULO AN¬TERIOR (ART. 593, II, CPP). Esta hipótese de apelação é chamada de residual, pois ocorre todas as vezes que o juiz resolver uma questão definitiva ou com força de definitiva e que não era caso de Recurso em Sentido Estrito, conforme já foi devidamente explicado. C) DECISÕES DO TRIBUNAL DO JÚRI, QUANDO (ART. 593, III, CPP): I. OCORRER NULIDADE POSTERIOR À PRONÚNCIA (ART. 593, III, A, CPP). Esta hipótese de apelação relaciona-se as nulidades relativas, tendo em vista que as nulidades absolutas podem ser alegadas em sede de apelação mesmo que tenham ocorrido ANTES da pronúncia. Quanto às espécies de nulidade, vale lembrar a seguinte diferenciação: Nulidade Absoluta – pode ser arguidaa qualquer tempo, a qualquer instante do processo, até em sede de segundo grau. Neste caso, poderá ser utilizada a apelação com base no art. 593, III, a, do CPP mesmo que a nulidade tenha ocorrido ANTES ou APÓS a pronúncia do réu. Ex. Incompetência para apreciar o mérito, como crime de latrocínio que acabou sendo processado pelo tribunal do júri. Ex. Impedimento ou suspeição do juiz, a qualquer tempo poderá argüir esta nulidade. Ex. Ausência de resposta à acusação, neste caso há o cerceamento de defesa, havendo o rompimento da ampla defesa e do contraditório. Nulidade Relativa – são arguíveis em tempo hábil ou irão gerar preclusão. Normalmente elas são alegadas na resposta à acusação, pois se não for questionada neste momento haverá preclusão. Assim, no caso de existirem nulidades relativas ocorridas após a pronúncia, deve a defesa argui-las na primeira oportunidade que tiver para falar nos autos, sob pena de preclusão. Caso a parte tenha alegado a nulidade relativa ocorrida posteriormente à pronúncia e seja proferida uma sentença, após a deliberação dos jurados, que não reconheça a ocorrência da referida nulidade, será cabível a apelação com fundamento no art. 593, III, a, do CPP. Apresentada a apelação com base no fundamento da nulidade processual, deverá ser pedida a invalidação do ato considerado nulo, ou seja, pede-se a anulação do feito em razão da nulidade, devendo haver a realização de um novo julgamento e com novos jurados, nos termos da Súmula 206 do STF. www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 4 II. FOR A SENTENÇA DO JUIZ-PRESIDENTE CONTRÁRIA À LEI EX¬PRESSA OU À DECISÃO DOS JURADOS (ART. 593, III, B, CPP). No tribunal do júri o juiz presidente está vinculado à decisão dos jurados em matéria de mérito, se os jurados decidiram uma coisa, o juiz não pode decidir de outra forma. Se isto ocorrer, será cabível apelação com base neste inciso. Ex. Os jurados decidiram que houve homicídio simples o juiz NÃO pode decidir que houve homicídio qualificado, sob pena de afronta a decisão dos jurados. Caso faça isto deverá ser apresentada apelação. Também será cabível a apelação com base nesta hipótese se a sentença do juiz presidente for contrária à lei expressa. Na apelação com base neste inciso deve-se pedir a retificação da sentença do juiz presidente pelo Tribunal, como bem prevê o § 1º, do art. 593 do CPP, na medida em que esta hipótese visa impugnar apenas sentença do juiz presidente do Tribunal do Júri. III. HOUVER ERRO OU INJUSTIÇA NO TOCANTE À APLICAÇÃO DA PENA OU DA MEDIDA DE SEGURANÇA (ART. 593, III, C, CPP). Nesta hipótese o juiz presidente, após a deliberação dos jurados, aplicou a pena de forma incorreta. Ou seja, houve um erro na quantidade da pena ou na qualidade da pena que deveria ter sido imposta ao condenado. Ex. Os jurados decidiram que o réu deve ser isento de pena em decorrência de erro de proibição e merece tratamento ambulatorial devendo ser aplicada medida de segurança, mas o juiz condenou o réu a pena privativa de liberdade. Ex. Os jurados condenaram o réu pelo crime de aborto, mas o juiz aplica o regime inicial de pena em fechado, mesmo a pena mínima sendo inferior a 4 anos. Na apelação com base neste inciso deve-se pedir a retificação da decisão pelo Tribunal, como bem prevê o §2º, do art. 593 do CPP. IV. FOR A DECISÃO DOS JURADOS MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS (ART. 593, III, D, CPP). Esta hipótese somente ocorrerá no caso de existir uma contradição gritante entre a decisão dos jurados e as provas trazidas aos autos. Ou seja, existe um completo descompasso entre a decisão dos jurados e as provas produzidas dentro do processo. Esta hipótese tem como razão de existir o fato de que a soberania dos veredictos no júri NÃO é tida de forma absoluta. Ex. Resta provado nos autos que o réu agiu em legítima defesa, entretanto, o conselho de sentença resolve condenar o réu. Na apelação com base neste inciso deve-se pedir a nulidade do feito, devendo haver a realização de um novo julgamento e com novos jurados, nos termos da Súmula 206 do STF e do art. 593, §3º, do CPP. Quanto a esta hipótese de cabimento, existe, ainda, a previsão do art. 593, §4º, do CPP, no sentido de que NÃO poderá ser usado este fundamento, novamente, em outra apelação e no mesmo processo. Ou seja, em outras palavras, esta hipótese de apelação somente é www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 5 cabível uma única vez, caso os jurados venham a decidir novamente de forma manifestamente contrária à prova dos autos, deverá ser respeitada a soberania dos veredictos e o critério da íntima convicção. OBS.: A maioria da doutrina entende que as hipóteses de apelação do rito do Tribunal do Júri são de fundamentação vinculada, ou seja, somente será cabível a apelação se houver o enquadramento do caso em alguma hipótese prevista no art. 593, III, do CPP. Esta conclusão é uma decorrência da Súmula 713 do STF, que determina que “o efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição”. OBS.: Parte da doutrina entende, também, que caso haja uma sentença do tribunal do júri que porventura NÃO venha a se enquadrar em umas das hipóteses do art. 593, III, do CPP, nada impede que seja fundamentada a apelação com base no art. 593, I, do CPP, como decorrência da ampla defesa e do contraditório e por não haver expressa disposição em contrário. Corrente a qual nos filiamos. OBS.: No caso de serem proferidas sentenças de impronúncia ou absolvição sumária a fundamentação da apelação será no art. 416 do CPP e NÃO no art. 593, III, do CPP, tendo em vista disposição legal expressa neste sentido. 3. ESTRUTURA DA APELAÇÃO. 3.1. Petição de Interposição. Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ (Regra Geral) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE________________________ (Crimes da Competência do Tribunal do Júri) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE _______________________ (Crimes de Competência de Juizado Especial Estadual) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE_____________________ (Crimes de Competência de Juizado Especial Federal) Processo número: (Nome do Recorrente), já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério Público/Querelante, às fls.____, por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável sentença de _________, conforme fls.____, interpor tempestivamente a presente APELAÇÃO ou CONTRARRAZÕES DA APELAÇÃO www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 6 com fundamento no art. 593, (indicar inciso)______ ou art. 416 (no caso de absolvição sumária ou impronúncia) ou art.600 (no caso de contrarrazões), do Código de Processo Penal. Requer que, após o recebimento destas, com as razões inclusas (na prova elas serão feitas juntas), ouvida a parte contrária,sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal, onde serão processados e provido o presente recurso. OU Requer que, após o recebimento destas, com as contrarrazões inclusas (na prova elas serão feitas juntas), sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal, onde serão processados e não provido o presente recurso. Termos em que, Pede deferimento. Comarca, data Advogado, OAB 3.2. Razões ou Contrarrazões da Apelação. Endereçamento: RAZÕES (OU CONTRARRAZÕES) DA APELAÇÃO RECORRENTE: RECORRIDO: PROCESSO NÚMERO: EGRÉGIO TRIBUNAL (TRIBUNAL DE JUSTIÇA OU TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL) COLENDA CÂMARA ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 1. Dos Fatos. Seja mais sucinto no resumo dos fatos e mais enfático no resumo do processo. Cita-se o mínimo necessário para os fatos e o máximo para o processo. Não precisa fazer dois pontos distintos, falar quando houve a publicação da sentença é fase processual, deve-se expor como se chegou até a sentença. No final dos fatos, é para, sem pular linhas, fazer um parágrafo com o seguinte teor: “A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos”. 2. Das Preliminares. Se for o caso deve-se alegar preliminares. Como já foi explicado existe uma sequência a ser seguida. Abra os artigos na seguinte sequência: 1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. 2º) Art. 109 CP – Prescrição 3º) Art. 564 CPP – Nulidades 4º) Art. 23 CP Causas de exclusão de ilicitude. 5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição liminar da peça acusatória. 3. Do Mérito. Fale logo do mérito, diga o que você quer. Deve-se dizer logo o porquê de você está atacando a sentença. O recurso é uma peça pesada para investir no mérito. Após falar do mérito você deve logo em seguida falar do direito, mencionando o direito pertinente ao caso e os artigos correlatos. 4. Do Pedido. Deve-se fazer um pedido principal de provimento do recurso e reforma da decisão e demais pedidos subsidiários possíveis. www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 7 Nas contrarrazões deve-se um pedido principal de não provimento do recurso e manutenção da decisão. Termos em que, Pede deferimento. Comarca, data Advogado, OAB DICA MUITO IMPORTANTE: Caso a apelação tenha sido feita pela parte acusatória a defesa seguirá a mesma linha. Na petição de interposição o nome será CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO, com fundamento no art. 600 do Código de Processo Penal. Em se tratando de crime do rito do Tribunal do Júri, logo na interposição, o apelante deve indicar a motivação de seu recurso, em consonância com a súmula 713 do STF. Ao apresentar suas razões, este estará adstrito à motivação indicada na interposição. Ou seja, no caso de apelação do Rito do Tribunal do Júri a apelação é de fundamentação vinculada e cabe nas hipóteses trazidas pelo art. 593, III, do CPP. Nos termos da Súmula 713 do STF. Súmula 713 STF – O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição. 4. CASOS PRÁTICOS CASO PRÁTICO RESOLVIDO Silvio Junior foi denunciado pela prática de homicídio qualificado por motivo fútil, nos moldes do art. 121, §2º, II do Código Penal. Recebida a peça inicial e citado o acusado, este apresentou resposta à acusação, sob a alegação de ter praticado o delito amparado pela excludente de ilicitude da legítima defesa, conforme art. 23, II, em combinação com o art. 25, ambos do mesmo diploma legal. Designada audiência de instrução e julgamento, foram ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa, bem como interrogado o acusado, todos corroborando no sentido de ter o agente agido em legítima defesa. Apreciada também a perícia tanatoscópica, foi indicado no laudo assinado por perito oficial que existiam indícios capazes de asseverar ter agido o pretenso acusado sob a excludente da ilicitude. Nos debates orais ocorridos após a audiência de instrução, a defesa sustentou a absolvição sumária, tese esta contrária ao parquet do caso que pugnou pela pronúncia do réu. Ao proferir sua decisão, o juiz rejeitou a tese de legítima defesa, manteve a qualificadora da denúncia, pronunciando o agente nos exatos termos da inicial. Após a fase do art. 422 do Código de Processo Penal, os autos foram remetidos ao Tribunal do Júri. Nos debates orais da segunda fase, o representante do Ministério www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 8 Público, verificando as provas constantes nos autos, pugnou pela absolvição do agente em virtude da manifesta causa de exclusão da ilicitude, tese esta também defendida pelo advogado de Sílvio. Após a votação, o Conselho de Sentença condenou o acusado pelo crime descrito na denúncia. Para garantir a soberania dos veredictos, o juiz, presidente do 30º Tribunal do Júri da Comarca Beta, após analisar as circunstâncias do art. 59 do Código Penal, condenou Sílvio pelo homicídio qualificado por motivo fútil, nos termos do art. 121, §2º, II do Código Penal e, após realizar todas as etapas da dosimetria da pena previstas nos termos do art. 68 do Código Penal, estabeleceu a pena de reclusão de 12 anos. Você, como advogado de Sílvio, é intimado no dia da prolatação da sentença. Inconformado com a referida decisão que condenou o seu cliente, redija a peça cabível, sustentando as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,0) PADRÃO DE RESPOSTA Endereçamento correto da peça de interposição (Valor: 0,25) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 30º TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA BETA Processo número: Indicação correta do dispositivo legal que dá ensejo à Apelação no rito do Júri - artigo 593, III, “d” do Código de Processo Penal (Valor: 0,7) Sílvio Junior, já qualificado nos autos do processo que lhe move o representante do Ministério Público, às fls.__, por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável sentença condenatória, conforme fls.__, interpor tempestivamente a presente APELAÇÃO com fundamento no art. 593, III, “d” do Código de Processo Penal. Conforme previsão na Súmula 713 do Supremo Tribunal Federal, interpõe o presente recurso em virtude de decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 9 Requer que, após o recebimento desta, com as razões inclusas, ouvida a parte contrária, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal, onde serão processados e provido o presente recurso. Estrutura correta (divisão das partes / indicação de local, data, assinatura) (Valor: 0,2) Termos em que, Pede deferimento. Comarca Beta, data. Advogado, OAB. Endereçamento correto das razões (Valor: 0,25) RAZÕES DA APELAÇÃO RECORRENTE: RECORRIDO: PROCESSO NÚMERO: EGRÉGIO TRIBUNAL COLENDA CÂMARA ÍNCLITOS DESEMBARGADORES Exposição dos fatos 1. Dos Fatos O recorrente foi condenado por ter supostamente cometido o crime homicídio qualificado por motivo fútil, com fundamento no art. 121, §2º, II do Código Penal a uma pena de 12 (doze) anos de reclusão. Consta nos autos que o agente atuou amparado pelo instituto da legítima defesa, excludente de ilicitudeprevista no art. 23, II em combinação com o art. 25, ambos do Código Penal, tese essa corroborada pelo depoimento das testemunhas de acusação, pelo interrogatório do acusado, bem como pelos indícios encontrados na perícia tanatoscópica realizada no corpo da vítima. Apesar de patente a excludente de ilicitude, na primeira fase do rito do júri, a defesa pugnou pela absolvição sumária do agente, tese contrária ao www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 10 representante do Ministério Público que requereu a pronúncia do acusado nos exatos termos da denúncia. O Juiz, analisando os autos, rejeitou a tese de legítima defesa, remetendo o processo para a apreciação pelo Conselho de Sentença, pronunciando o acusado por acreditar na existência de prova da materialidade do delito e indícios suficientes de autoria ou participação. Após a fase de diligência prevista no art. 422 do Código de Processo Penal, o processo foi submetido ao Conselho de Sentença, onde, nos debates orais, tanto a acusação quanto a defesa pugnaram pela absolvição do suposto autor do crime, em virtude da ocorrência da legítima defesa. Os jurados decidiram, de forma contrária à prova dos autos, pela condenação do agente, tendo o juiz, após análise dos arts. 59 e 68 do Código Penal, condenado a uma pena final de 12 anos de reclusão. Preliminares (Valor: 1,0) - Indicação da preliminar de legítima defesa, causa de exclusão da ilicitude do fato, nos termos do art. 23, II combinado com o art. 25, ambos do Código Penal. (Valor: 0,8) - Indicação da preliminar de falta de interesse de agir, nos termos do art. 395, II do Código de Processo Penal. (Valor: 0,2) 2. Das Preliminares Preliminarmente, cumpre mencionar a ocorrência manifesta da legítima defesa, causa de exclusão da ilicitude do fato, nos termos do art. 23, II, combinado com o art. 25, todos do Código Penal. Ainda em sede de preliminar, cumpre esclarecer que não há interesse de agir, faltando uma condição para o exercício da ação penal, nos termos do art. 395, II do Código de Processo Penal. Mérito (Valor: 1,5) - Desenvolvimento fundamentado acerca da existência da excludente da ilicitude da legítima defesa, nos termos dos arts. 23, II e 25, do Código Penal (Valor: 1,1). - Desenvolvimento fundamentado acerca da falta de interesse de agir, não havendo uma condição para o exercício da ação penal, nos moldes do art. 395, II do Código de Processo Penal. (Valor: 0,3) - Desenvolvimento acerca da condenação de forma contrária à prova constante nos autos (Valor: 0,1) www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 11 3. Do Mérito Cumpre esclarecer que, no caso concreto, resta configurada a excludente de ilicitude da legítima defesa, pela simples leitura das provas produzidas no decorrer do processo, razão pela qual o recorrente deveria ter sido absolvido e não condenado. Conforme ensina a melhor doutrina, percebe-se que todos os requisitos da legítima defesa estão presentes no caso concreto, nos exatos termos dos arts. 23, II e 25, ambos do Código Penal, já que ao longo da instrução probatória restou comprovado através de perícia, bem como de prova testemunhal e do interrogatório do acusado ter este agido amparado pela legítima defesa. Desta forma, presentes todos os requisitos da legítima defesa, a absolvição se impõe ao recorrente. Cumpre esclarecer, ainda, a falta de uma condição para o exercício da ação penal, qual seja, o interesse de agir. Ora, como o recorrente está amparado pela excludente da ilicitude do fato de legítima defesa, art. 23, II e art. 25, ambos do Código Penal, haverá a exclusão do crime, razão pela qual o processo penal não terá um fim útil, já que não será aplicada uma pena privativa de liberdade ao final do processo, restando configurada a falta de interesse de agir. Sendo assim, é visível a demonstração de erro na decisão dos jurados que condenou o agente, já que a instrução probatória demonstra o contrário da decisão do júri, razão pela qual os doutos desembargadores devem anular a decisão e remeter o réu a novo julgamento no intuito de garantir a ampla defesa. Pedidos (Valor: 1,0) - Anulação da sentença condenatória em virtude de decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos e realização de novo julgamento. (Valor: 1,0) 4. Dos Pedidos Diante do exposto, requer o recorrente, o provimento do recurso para sujeitar o réu a novo julgamento, no intuito de garantir a soberania dos veredictos, nos termos do art. 593, §3º do Código de Processo Penal. www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 12 OBS: Não caberia o pedido de anulação da instrução probatória porque a primeira fase do Tribunal do Júri findou quando a decisão de pronúncia precluiu sem a interposição de nenhum recurso. Estrutura correta (indicação de local, data, assinatura) (Valor: 0,1) Termos em que, Pede deferimento. Comarca Beta, data. Advogado, OAB CASO PRÁTICO PROPOSTO Caio apresentou queixa-crime contra Tício pelo crime de dano qualificado pelo fato de ter causado prejuízo considerável para a vítima, nos termos do art. 163, parágrafo único, IV, do Código Penal. Foi marcada audiência de instrução para o dia 01.02.2012, tendo o querelante, o querelado e seus respectivos patronos sido intimados regularmente, entretanto, não compareceram. O juiz, ao término da audiência de instrução, julgou a queixa procedente contra Tício e o condenou à pena de 8 meses de detenção, com direito à sursis. O advogado de Tício foi intimado da sentença para apresentar a peça processual cabível. Peça – APELAÇÃO, com fundamento no art. 593, I do Código de Processo Penal. Endereçamento – Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA ________ Razões: EGRÉGIO TRIBUNAL COLENDA CÂMARA ÍNCLITOS DESEMBARGADORES Preliminar: Alegar a existência de extinção da punibilidade pela perempção, com fundamento no art. 107, IV em combinação com o art. 60, III do CPP. Mérito: Alegar a tese de perempção em virtude de o querelante ter deixado de comparecer, sem justo motivo, a ato do processo a que deva estar presente, nos termos do art. 60, III, do Código de Processo Penal, havendo uma causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 107, IV, do Código Penal. www.cers.com.br OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 13 Pedidos - Principal: Provimento do recurso e reforma da decisão para decretar a extinção de punibilidade em virtude da perempção, nos termos do art. 107, IV do código Penal. - Subsidiário: Anulação da sentença e a consequente extinção do processo em virtude de causa extintiva de punibilidade, qual seja, a perempção, com fundamento no art. 107, IV em combinação com o art. 60, III do CPP. Não sendo acolhido o pedido de anulação da sentença, requer-se a aplicação da pena restritiva de direitos, nos termos do art. 44, I do CP.
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