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01. Peças de Liberdade

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OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
1 
PEÇAS DE LIBERDADE 
1. PRIMEIRO PASSO: IDENTIFICAR QUAL A PEÇA OU INSTITUTO O CASO CONCRETO 
APRESENTA OU REQUER. 
Antes de falar propriamente do relaxamento da prisão em flagrante, da liberdade provisória 
ou da revogação da preventiva ou da temporária, é importante fazer uma breve análise das peças 
que podem ser requeridas a qualquer momento da persecução criminal e daquelas que podem 
ser requeridas na fase pré-processual. 
Assim, o primeiro passo para qualquer candidato que está se preparando para uma segunda 
fase da OAB é saber identificar qual a peça prática ou instituto jurídico que a questão requer. Da 
mesma forma, a identificação das peças possíveis e aplicáveis a determinado caso concreto 
dependerá, se for essa a hipótese, da identificação da espécie de prisão cautelar a que se 
submete o indiciado ou réu. Por tal motivo, devemos ter especial atenção ao que segue. 
 
1.1. Peças práticas que podem ser requeridas A QUALQUER MOMENTO da 
persecução criminal 
 
I – Habeas Corpus (HC) 
 
Pode ser intentado a qualquer tempo: antes ou durante o inquérito policial, durante a 
instrução criminal ou fase recursal ou após o trânsito em julgado da sentença penal. O limite para 
sua utilização será o fim da aplicação da pena privativa de liberdade. 
Vale ressaltar que o Habeas Corpus não é uma peça privativa de advogado, sendo esta a razão 
de ele não ser tão cobrado em questões práticas da OAB. Entretanto, continua sendo um tema de 
suma importância para as questões dissertativas, razão pela qual ele será devidamente analisado 
no momento oportuno. 
 
II – Mandado de Segurança 
 
O mandado de segurança em matéria criminal é outra peça processual cabível em qualquer 
momento da persecução criminal, sendo mecanismo que visa, nos termos do art. 5º, inc. LXIX, da 
CF, proteger direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o 
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa 
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 
 
1.2. Peças práticas que podem ser requeridas na fase pré-processual 
 
Requerimento ao 
delegado de polícia 
É cabível quando se pretende diligências administrativas, cuja 
realização cabe ao delegado de polícia. Ex: Instauração de inquérito 
policial, arbitramento de fiança, exame de corpo de delito, realização 
 
 
 
 
 
 
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OAB XIII EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
2 
de acareações entre outros. 
Relaxamento da 
prisão em flagrante 
Cabível de prisão em flagrante ilegal. O pedido deve ser endereçado ao 
juiz 
Liberdade 
Provisória 
Cabível de prisão em flagrante legal. O pedido deve ser endereçado ao 
juiz. 
Revogação da 
Preventiva 
Quando o réu se encontra preso preventivamente e os pressupostos 
da preventiva desaparecem, é possível pleitear, junto ao juiz 
processante, a revogação da preventiva 
 
1.3. Tipos de prisões 
Outro tema de suma importância, que está relacionado com o relaxamento da prisão em 
flagrante, bem como com os demais institutos de liberdade, são os tipos de prisões existentes no 
nosso ordenamento jurídico. O relaxamento de prisão, por exemplo, é cabível quando houver 
uma prisão em flagrante ilegal. Portanto, dependendo do tipo de prisão existirá uma peça 
específica aplicável à hipótese. 
 
a) Prisão Pena 
A prisão pena somente ocorrerá APÓS o trânsito em julgado da sentença condenatória na 
qual foi aplicada uma pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos ao réu. Quando do 
cumprimento da pena privativa de liberdade, nos casos em que os réus estiveram presos durante 
o processo, em face da proibição do excesso, haverá o abatimento do tempo de prisão processual 
cumprido, ao que denominamos detração penal. 
 
b) Prisão Cautelar 
Existem três modalidades de prisão cautelar em nosso ordenamento jurídico. Chamamos de 
prisão cautelar toda e qualquer prisão que ANTECEDA o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória. 
Sabemos que a Constituição Federal de 1988 garante, no art. 5º, inc. LVII, a presunção de 
inocência ou presunção de não culpabilidade, mas, o fato de ser o réu presumidamente inocente 
não impede seja o mesmo, quando extremamente necessário, submetido à prisão. É, portanto, 
prisão processual, dependendo, como em qualquer medida cautelar, da presença do fumus boni 
juris e do periculum in mora (no processo penal, fumus comissi delicti e periculum libertatis). 
Quanto às espécies de prisão cautelar e respectivas peças cabíveis, podemos fazer a seguinte 
distinção: 
 
• Prisão em Flagrante - cabível tanto o pedido de RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
quanto a LIBERDADE PROVISÓRIA. O relaxamento da prisão será requerido se houver uma prisão 
em flagrante ilegal. Já a liberdade provisória se houver uma prisão em flagrante legal. 
• Prisão Preventiva - quando uma prisão preventiva é legalmente decretada, deve-se pleitear, no 
caso do desaparecimento dos motivos que antes a autorizaram, a REVOGAÇÃO DA PRISÃO 
PREVENTIVA. Se a prisão preventiva for ilegal (por ausência de fundamentação ou por 
fundamentação inidônea) deve a mesma ser atacada por meio de Habeas Corpus. Entretanto, se a 
preventiva for legalmente decretada e, em um momento posterior, passar a se configurar como 
prisão ilegal, seja a título de excesso de prazo ou alteração legislativa, poderá ser relaxada pelo 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
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juiz de ofício ou a requerimento, tornando-se desnecessária, muitas vezes, a impetração do writ. 
Mas, caso o juiz não a relaxe de ofício, o mesmo passa a se configurar como autoridade coatora, 
devendo-se impetrar Habeas Corpus no Tribunal. 
• Prisão Temporária - trata-se de prisão com prazo certo, somente permitida durante a fase de 
inquérito policial. Entretanto, somente o juiz pode decretá-la. Quando legalmente decretada, se, 
em momento anterior ao prazo final, desaparecerem os motivos, deve-se pedir a REVOGAÇÃO da 
prisão temporária. Se a prisão temporária for ilegal, deve ser atacada pela via do Habeas Corpus. 
 
ATENÇÃO: Verifica-se do disposto acima o quão importante será conhecer o tipo de prisão 
cautelar para identificar a peça processual cabível. Novamente: para um pedido de 
RELAXAMENTO de prisão ou de LIBERDADE PROVISÓRIA faz-se necessária uma prisão em 
flagrante; em caso de decretação de uma prisão preventiva ou prisão temporária será requerida a 
REVOGAÇÃO da preventiva ou da temporária. Relaxamento de prisão, liberdade provisória e 
revogação são medidas de contra cautela (cautelares de liberdade) e devem ser, SEMPRE, 
endereçadas ao juízo processante. 
Portanto, identificada a espécie de prisão cautelar e, em consequência, o pedido de liberdade 
cabível, devemos estar atentos às diferenças a seguir: 
 Relaxamento da Prisão em Flagrante - como só é cabível para flagrante ILEGAL 
(ilegalidade material ou formal), o que se discute é a legalidade da prisão em flagrante. Neste 
caso, deve-se demonstrar onde reside a ilegalidade, apontar a ilegalidade no caso concreto. A 
arguição é objetivo-normativa. 
 Liberdade Provisória – Lembre-se: serve para atacar flagrantes LÍCITOS. Quanto à 
legalidade do flagrante, ela é perfeita, não devendo ser discutida. O que se discute é a ausência de 
necessidade da manutenção da prisão e ausência dos pressupostos da preventiva. Neste caso, 
devem ser observados os arts. 312 e 313 do CPP, pois atualmente, seja por entendimento 
jurisprudencial dominante, seja em face das alterações implementadas no Código de Processo 
Penal pela Lei 12.403/2011, no caso de inexistiremos requisitos da prisão preventiva, consoante 
jurisprudência do STF e STJ, deve o juiz conceder ao preso, de ofício, a liberdade provisória, não 
sendo mais possível a manutenção do flagrante além da ciência formal do juiz (art. 310, CPP). A 
arguição, na liberdade provisória, caso haja necessidade de seu requerimento, é subjetivo-
normativa, o que será objeto de um dos tópicos a seguir. 
Sobre o cabimento das medidas liberatórias (relaxamento de prisão, liberdade provisória e 
revogação da preventiva e temporária) vejam o quadro sinótico ao final deste capítulo. 
OBS. 1: Prisões cautelares NÃO ofendem a Constituição Federal, desde que elas sejam 
decretadas nos limites da lei e quando estritamente necessárias. 
OBS. 2: Não mais existem as prisões decorrentes de pronúncia e de sentença 
condenatória recorrível, ambas banidas do ordenamento jurídico. Contudo, no momento da 
pronúncia (art. 413, § 3o, CPP), ou ainda no momento da sentença (art. 387, § 1o, CPP), o juiz poderá 
decretar a prisão preventiva, da mesma forma que em outros momentos processuais, caso 
estejam presentes os requisitos que a autorizem (art. 312, CPP). 
 
2. RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
2.1. Cabimento 
 
 
 
 
 
 
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Como já foi dito, o relaxamento da prisão em flagrante somente é cabível nos casos em que 
houver a decretação de uma prisão em flagrante de forma ilegal. Logo, é de suma importância 
que o candidato tenha um conhecimento sobre o instituto da prisão em flagrante e das possíveis 
ilegalidades que podem ocorrer neste tipo de prisão. 
Uma prisão em flagrante pode conter ilegalidades materiais ou formais. Ou seja, o flagrante, 
para ser lícito, deve observar requisitos materiais e formais, sob pena de ilegalidade da prisão em 
flagrante. 
2.2. Ilegalidade Material. 
A primeira hipótese de ilegalidade material na prisão em flagrante ocorre quando não estão 
presentes os requisitos autorizadores do flagrante delito, requisitos estes previstos nos artigos 
302 e 303 do CPP. A ilegalidade de ordem material se manifesta ANTES mesmo da lavratura do 
auto de prisão em flagrante. 
Vale transcrever o teor dos artigos 302 e 303 do CPP: 
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
I - está cometendo a infração penal; 
II - acaba de cometê-la; 
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação 
que faça presumir ser autor da infração; 
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir 
ser ele autor da infração. 
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar 
a permanência. 
 
ATENÇÃO! A doutrina entende que não seria cabível prisão em flagrante em crime 
habitual, seja porque o instante do flagrante não seria compatível com a prova da habitualidade, 
seja porque o art. 303 do CPP trata dos crimes permanentes e, como toda regra relacionada à 
prisão, deveria ter interpretação restritiva. Contudo, o STF entende possível o flagrante em crimes 
habituais, desde que no momento do flagrante sejam colhidas evidências da habitualidade. O 
grande exemplo é o exercício ilegal da medicina. Para a doutrina, contudo, neste caso específico, 
a prisão do “falso médico” somente poderia ocorrer pela falsidade documental, ideológica ou 
pelo uso de documento falso. 
 
Após ler os dispositivos supra, podemos concluir que o flagrante será materialmente ilegal 
quando houver, por exemplo, evidente inexistência material do fato, a conduta for 
flagrantemente atípica, ou, embora tendo o agente praticado um crime, já ter o mesmo saído do 
estado de flagrância a que aludem os arts. 302 e 303 do CPP. Também se configura ilegalidade 
material a hipótese de prova obtida por meio ilícito, como ocorre, por exemplo, no flagrante 
forjado. 
Para verificar se o agente se encontra em estado de flagrância, o art. 302 do CPP traz três 
modalidades de flagrante delito lícitas: 
Flagrante Próprio - Inciso I e II – ocorre quando alguém está cometendo, praticando ou 
desempenhando o delito e é preso em flagrante (art. 302, I, CPP). Ou ocorre quando o sujeito 
acaba de cometer a conduta delituosa, estando no mesmo local, nas mesmas circunstâncias 
indicativas da prática do delito (art. 302, II, CPP). 
 
 
 
 
 
 
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Assim, está em flagrante próprio ou real quem está cometendo a infração ou quem acabou de 
cometer a infração. 
 
Na primeira hipótese, o indivíduo está no curso do iter criminis, ou seja, está praticando os 
atos de execução que dele são dependentes. Na segunda hipótese, os atos de execução já haviam 
sido praticados, mas o indivíduo ainda é encontrado na cena do crime. No flagrante próprio ou 
real há certeza visual. 
Nos demais casos, a certeza visual é dispensável. 
Flagrante Impróprio - Inciso III – ocorre quando o agente é perseguido, logo após a prática do 
crime, pela autoridade policial, pela vítima ou por qualquer pessoa, ou seja, tem que haver 
perseguição, seja pela vítima, autoridade policial ou qualquer pessoa do povo. Caso não tenha 
perseguição não há que se falar em flagrante impróprio. 
Verificamos que a principal diferença entre o flagrante impróprio e o flagrante presumido 
está exatamente neste elemento volitivo, que se caracteriza pela vontade de perseguir. O CPP 
define perseguição no art. 290, §1º, devendo-se observar que a mesma deve ter início logo após, 
podendo durar o tempo que for necessário, desde que seja ININTERRUPTA. 
OBS. 1: Esta perseguição deve ser ininterrupta, não pode sofrer solução de continuidade. 
Caso a perseguição seja quebrada haverá a desconfiguração deste tipo de prisão em flagrante. 
Porém, a perseguição não precisa ser instantânea. Instantânea é uma perseguição iniciada no 
exato momento do delito. No flagrante impróprio está dispensada a certeza visual. Desta forma, a 
perseguição pode ter lapso temporal entre a prática do crime e a perseguição. O lapso temporal é 
casuístico e deve haver uma razoabilidade para a sua caracterização. Ex. Pessoa informa a amigos 
que foi assaltado há 15 minutos, os amigos se reúnem e resolvem prender o sujeito. Houve 
perseguição que não foi instantânea, porém, se for ininterrupta, dure o tempo que for, o 
indivíduo estará em flagrante. 
OBS. 2: A perseguição não precisa ser realizada pela mesma pessoa. Ex. Polícia Civil de 
um Estado persegue o criminoso, ao chegar em outro Estado os policiais locais poderão dar 
continuidade à perseguição. 
OBS. 3: Se a pessoa perseguida entra em uma residência, é possível que a autoridade 
policial entre no referido domicílio? A situação é controversa. Nos casos de flagrante delito de 
crimes ocorridos dentro do domicílio, é perfeitamente possível que a autoridade ou agente 
policial ingresse no mesmo sem maiores formalidades. Entretanto, se o crime tiver ocorrido fora 
do domicílio, com a perseguição do agente até que o mesmo ali ingresse, teremos as seguintes 
variantes: 
 
a) se o perseguido entrar na RESIDÊNCIA ALHEIA SEM AUTORIZAÇÃO DO MORADOR, o 
perseguidor poderá adentrar no domicílio para prendê-lo em flagrante sem problema, até 
porque terá ocorrido, no mínimo, o crime de violação de domicílio: 
 
APELAÇÃO - PENAL E PROCESSUAL PENAL - ROUBO MAJORADO - CRIME CONSUMADO - RESISTÊNCIA - 
VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO COM EMPREGO DE VIOLÊNCIA - CONDENAÇÃO - DOSIMETRIA DA PENA - 
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS FIXAÇÃO - EXACERBAÇÃO - MOTIVAÇÃO - REDUÇÃO DA REPRIMENDA - 
PROVIMENTO PARCIAL. 1. O roubo majorado se consumou porque os agentes obrigaram a vítima a ingressar no 
seu próprio veículo, ocasião que perdeu a disponibilidadesobre o mesmo. O que aconteceu quando os agentes 
atuaram com emprego de arma de fogo, fazendo com que fossem entregues a eles as chaves do veículo. 2. 
 
 
 
 
 
 
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Comete crime de resistência o agente que procurando evitar a sua prisão em flagrante atira contra os policiais. 3. 
Quem ingressa, durante perseguição policial para evitar a sua prisão em flagrante em casa alheia, fazendo uso de 
arma contra os moradores comete crime de violação de domicílio qualificado. 4. As circunstâncias judiciais que 
influenciam na fixação da pena base, dentro do poder discricionário do magistrado deverão ser claramente 
mencionadas com base nos elementos constantes nos autos. 5. A circunstância judicial não estando motivada não 
pode servir para exacerbar a pena base. Por esse motivo deve ser reduzida. (TJRJ - 0001827-78.2004.8.19.0203 
(2005.050.04864) – APELACAO - DES. AZEREDO DA SILVEIRA - Julgamento: 06/12/2005 - PRIMEIRA CAMARA 
CRIMINAL) 
 
b) Pergunta-se: se o PERSEGUIDO ADENTRA EM CASA ALHEIA, COM O CONSENTIMENTO DO 
MORADOR, que sabe que o mesmo se encontra fugindo da perseguição, o morador acabará 
incorrendo no crime de favorecimento pessoal (art. 348 do CP)? 
Deve-se fazer distinção entre uma prisão em cumprimento a um mandado judicial e uma 
prisão em flagrante na qual ocorre perseguição, da mesma forma que será importante observar 
se o fato (ingresso no domicílio) ocorreu durante o dia ou a noite. 
Nos casos de cumprimento de mandado judicial no qual a pessoa a ser presa se encontra em 
domicílio alheio, o morador será intimado a entregar o preso; e em caso de descumprimento, 
SENDO DIA, o executor do mandado convocará duas testemunhas e ingressará no recinto através 
do arrombamento das portas, efetuando a prisão (art. 293 do CPP): 
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em 
alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for 
obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força 
na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao 
morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo 
que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão. 
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à 
presença da autoridade, para que se proceda contra ele como for de direito. 
 
Neste caso (recusa do morador na permissão de acesso do executor do mandado em seu 
domicílio durante o dia), não havendo justificativa legal para a negativa, incorrerá o mesmo no 
crime de favorecimento supra indicado. Já na recusa durante o período noturno não há que se 
falar em favorecimento pessoal, entendendo a doutrina que o mesmo se encontra no exercício 
regular de direito. 
No caso de ingresso em casa alheia durante a perseguição, com o consentimento do 
morador, o posicionamento majoritário é o de que o estado de flagrância autoriza que os 
persecutores adentrem no domicílio, dia ou noite, independentemente de mandado, desde que a 
perseguição venha ocorrendo de forma ininterrupta. 
A hipótese é controversa, mormente diante do disposto do art. 294 do CPP, que indica a 
aplicação do teor do art. 293 acima transcrito aos casos de flagrância. Contudo, o posicionamento 
dominante, frente ao comando do art. 5o, inciso XI, da Constituição Federal, é o de que, no caso 
de perseguição que caracteriza estado de flagrância, o ingresso no domicílio para fins de prisão é 
perfeitamente possível. 
Neste sentido: 
CRIMINAL. HC. HOMICÍDIO QUALIFICADO. LIBERDADE PROVISÓRIA EM CRIME HEDIONDO. MATÉRIA NÃO-
DISCUTIDA EM 2º GRAU DE JURISDIÇÃO. NÃO-CONHECIMENTO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. FLAGRANTE 
IMPRÓPRIO OU QUASE-FLAGRANTE. PERSEGUIÇÃO CARACTERIZADA. NULIDADE DO AUTO. MERAS 
IRREGULARIDADES. ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E DENEGADA. I. Não se conhece de argumento relativo 
à possibilidade de concessão de liberdade provisória em crime hediondo, sob pena de indevida supressão de 
instância, na hipótese de não ter havido o seu exame em 2º grau de jurisdição. II. A perseguição pode ser 
caracterizada pelo patrulhamento e guarda, visando à prisão do autor do delito, pois a lei não explicita as 
 
 
 
 
 
 
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diligências que a caracterizam, sendo que a única exigência é referente ao início da perseguição, a qual deve se dar 
logo após a prática do fato. III. Não é ilegal a entrada em domicílio sem o consentimento do autor do delito, que é 
perseguido, logo após a prática do crime, pela autoridade policial, pois a própria Constituição Federal permite a 
entrada em casa alheia, mesmo contra a vontade do morador, para fins de prisão em flagrante. IV. Meras 
irregularidades ocorridas no auto de prisão em flagrante, que não podem ser consideradas essenciais, não 
autorizam, por si só, a revogação da custódia cautelar. V. Ordem parcialmente conhecida e denegada. (STJ. HC 
10899 / GO (Habeas Corpus 1999/0091473-2). Rel. Min. Gilson Dipp. Quinta Turma. J. 13/03/2001. DJ 23/04/2001 p. 
166 
 
Em sentido contrário: 
“Perseguir é rastrear; é estar no encalço de determinada pessoa; é seguir o caminho por ela tomado, para 
encontra-la. Procura, com posterior encontro, não se confunde com perseguição e consequente captura. Por esse 
motivo, a perseguição não há de ser desordenada, devendo ser entendida como a ação de procura e encalço dos 
meliantes, não a esmo ou aleatoriamente, mas possuindo-se como ponto de partida, rumo, itinerário, trajetória 
certos e definidos. Não quebra a continuidade a substituição ou alternância de perseguidores, desde que não haja 
interrupção na perseguição. Intentando o autor da infração homizar-se na própria casa ou em domicílio alheio, 
insta que se observe e acate o preceito do artigo 293 do Código de Processo, ex vi da remissão feita pelo artigo 
294.” (PEDROSO, Fernando de Almeida. Prisão em flagrante. Justitia. São Paulo, 56 (167), jul./set. 1994, p. 30) 
 
c) Pergunta-se: e se O PERSEGUIDO ADENTRAR NA SUA PRÓPRIA CASA, a polícia pode entrar 
sem mandado de prisão? 
A mesma situação indicada no item b será aplicável, salvo a incidência do crime de 
favorecimento pessoal, que somente poderia ser praticado pelo terceiro que lhe desse guarida. 
Em princípio, no interior da casa não está ocorrendo a prática de nenhum delito. Isso porque 
a jurisprudência entende que não configura o crime de violação de domicílio (CP, art. 150) se o 
agente entrou na casa somente para escapar à perseguição policial (TACrSP, RT 637/283; TJRS, RT 
768/674). 
HABEAS CORPUS - CONSTRANGIMENTO ILEGAL - ROUBO QUALIFICADO POR TRÊS VEZES - ESTADO DE 
FLAGRÂNCIA DEVIDAMENTE CARACTERIZADO - VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO NÃO CONFIGURADA ANTE O ESTADO 
FLAGRANCIAL - CURADOR A RÉU MENOR - NOMEAÇÃO ATENDIDA - LIBERDADE PROVISÓRIA CONCEDIDA AO 
SEGUNDO PACIENTE E A UM TERCEIRO CO-RÉU, POR NÃO TEREM TIDO QUALQUER PARTICIPAÇÃO NO CRIME - 
DIREITO NÃO EXTENSIVO AO PRIMEIRO PACIENTE E AO QUARTO CO-RÉU, POR CONFESSOS EM AMBAS AS FASES 
PROCESSUAIS - ORDEM DENEGADA. (...) 
2. Havendo perseguição imediata e ininterrupta a um dos autores do roubo, logo após a sua execução e, no 
prosseguimento das diligências, efetuada a prisão dos outros dois meliantes, inclusive na posse de uma parte da 
“res furtiva”, está caracterizado o estado de flagrância, não havendo que se cogitar em violação de domicílio, se 
os policiais, ato contínuo, percebem que um dos meliantes, em situação de flagrante delito” (art.5º, XI, da CF) se 
oculta no interior da sua residência, onde, inclusive, é encontrada a arma do crime e outraparte do produto da 
subtração, mediante violência. 
3. O réu menor, a quem foi nomeado curador, que não os policiais que efetuaram a prisão dos incriminados, ficou 
devidamente agasalhado pela respectiva exigência legal, não havendo que se falar em suspeição do curador, se 
não comprovada. Ademais disso, houvesse irregularidade, esta não se constituiria em nulidade, por não 
contaminar a ação penal. 
(TAPR - Segunda C. Criminal (extinto TA) - HCC 163391-8 - Santo Antônio da Platina - Rel.: Sonia Regina de Castro - 
Unânime - J. 23.11.2000) 
 
OBS. 4: É possível a captura em flagrante impróprio se a pessoa, ao ser capturada, está 
sem os objetos ou instrumentos do crime? A resposta é SIM. A jurisprudência já se posicionou no 
sentido de que o fato de o sujeito ser capturado sem nada nas mãos (sem os objetos do crime) 
não desconfigura o flagrante impróprio. A presença de objetos e instrumentos do crime é exigida 
para o flagrante presumido, no qual não ocorre perseguição. 
 
 
 
 
 
 
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Flagrante Presumido ou Ficto - Inciso IV – neste caso, não houve perseguição. 
A pessoa é encontrada com instrumentos que façam presumir ser ela a autora do crime. 
Trata-se muitas vezes de um encontro até mesmo casual, apesar de certas críticas doutrinárias. 
Não existe um lapso temporal formal para a ocorrência do flagrante presumido, devendo ser 
utilizado um critério de razoabilidade. Ex. Cidadão que é preso com moto roubada horas após o 
crime com a res furtiva presume-se que é o autor do roubo. 
 
DICAS! Em relação à Prisão em Flagrante vale lembrar as seguintes dicas: 
1ª) Não existe prisão em flagrante para averiguação. 
2ª) Não se prende em flagrante delito o condutor de veículo automotor que socorre vítima de 
acidente de trânsito, conforme art. 301 da Lei nº 9.503/1997 – Código de Trânsito Brasileiro. 
Vale lembrar o teor do referido artigo: 
“art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se 
imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.” 
Lembrando que a hipótese se aplica aos crimes de lesão corporal culposa ou homicídio 
culposo, ambos na condução de veículo automotor. Quando, num acidente de trânsito com 
vítima, ocorre também a omissão de socorro, o agente poderá ser preso em razão dela. 
3ª) Regra Geral: não cabe prisão em flagrante em infrações de menor potencial ofensivo. As 
infrações de menor potencial ofensivo estão previstas na Lei 9.099/1995. O art. 61 desta lei 
define como infrações de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes a 
que a lei comine pena máxima de até 2 anos, cumulada ou não com multa. Em regra, não cabe 
prisão em flagrante em infração de menor potencial ofensivo, devendo o delegado, neste 
caso, lavrar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), a ser imediatamente remetido ao 
Juizado Especial Criminal competente, acompanhado do suposto autor do fato e da vítima. 
No caso de impossibilidade de remessa imediata, será exigido do suposto autor do fato um 
termo de compromisso de comparecimento, não se impondo a prisão em flagrante. 
Vale lembrar o conteúdo do art. 69 da Lei 9099/1995: 
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado 
e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as 
requisições dos exames periciais necessários. 
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado 
ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, 
nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de 
cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. 
 
Entretanto, não se pode confundir a lavratura do auto de prisão em flagrante com a simples 
captura ou mesmo com a condução. 
A prisão em flagrante possui 4 etapas: Captura, Condução, Formalização (que ocorre na 
delegacia de polícia, tendo início com as oitivas, indicadas no art. 304 do CPP, e finalizando 
com a entrega da nota de culpa e remessa dos autos para ciência e análise do juízo). O que a 
Lei 9.099/95 impede é a lavratura do auto de prisão em flagrante (APF), e não a captura e a 
condução. Assim, caso determinado indivíduo seja encontrado em flagrante na prática de uma 
infração de menor potencial ofensivo, perfeitamente possível a captura, com a consequente 
condução do mesmo até a delegacia, onde será lavrado, via de regra, o termo circunstanciado 
e, se for o caso, o termo de compromisso. 
 
 
 
 
 
 
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Devemos nos lembrar, no entanto, que a recusa na assinatura do termo de compromisso 
implica na lavratura do flagrante pela infração praticada. 
Vamos a um exemplo: Imagine que Tício seja capturado em flagrante por um crime de lesão 
corporal leve, cuja pena máxima é inferior a 2 (dois) anos e, portanto, infração de menor 
potencial ofensivo. Conduzido até a delegacia de polícia, deverá a autoridade policial lavrar 
um termo circunstanciado e, não sendo possível a remessa imediata ao Juizado Especial 
Criminal competente, exigir do suposto autor do fato o termo de compromisso de 
comparecimento à audiência preliminar. Caso o “autor do fato” se recuse a assinar o termo de 
compromisso, o Delegado deverá autuá-lo em flagrante pela lesão corporal praticada, 
aplicando subsidiariamente os dispositivos referentes a liberdade provisória previstos no CPP. 
Mas, ATENÇÃO, SOMENTE A RECUSA NA ASSINATURA DO TERMO DE COMPROMISSO 
RESULTA NA AUTUAÇÃO EM FLAGRANTE, e não a recusa na assinatura do termo 
circunstanciado, que pode ser assinado a rogo por duas testemunhas. 
 
4ª) Não cabe prisão em flagrante em uso de entorpecentes (art. 28 da Lei 11.343/2006). 
No caso do usuário de drogas a lei veda totalmente a prisão em flagrante, ainda que o mesmo 
se recuse a assinar o termo de compromisso de que falamos na hipótese anterior. 
5ª) Existem certas pessoas que não podem ser presas em flagrante. 
Vale lembrar que não podem ser presas em flagrante delito, sob pena de ilegalidade material: 
 Presidente da República – o Presidente da República não pode ser preso em flagrante 
delito em hipótese alguma, conforme previsão expressa prevista no art. 86, § 3º, da CF/88. O que 
é possível é tão somente a prisão do Presidente, nas infrações penais comuns, após a sentença 
penal condenatória, valendo ressaltar que é necessário o trânsito em julgado da sentença. 
 Menores de 18 anos – os menores de 18 anos não podem ser presos em flagrante em 
hipótese alguma, pois não praticam crime, somente podendo submeter-se ao procedimento por 
ato infracional previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90). 
 
ATENÇÃO! O leitor candidato deve estar atento às nomenclaturas utilizadas em 
relação aos menores de idade. Não há prisão, e sim apreensão; não praticam crimes e sim ato 
infracional; também não são denunciados, eles são representados. 
 
 Representantes diplomáticos estrangeiros que estejam formalmente a serviço de seu 
país no Brasil – também não podem ser presos em flagrante delito os chefes de governo ou 
Estado estrangeiro e familiares, bem como os embaixadores e seus familiares. Trata-se da 
imunidade diplomática garantida pela Convenção de Viena, assinada em 1961 e promulgada em 
1965, em seu art. 29. 
 
 Juízes e promotores – não podem ser presos em flagrante delito, salvo em caso de crimes 
inafiançáveis, conforme art. 33, II, da Lei Complementar 35/79 – Lei Orgânica Magistratura 
Nacional e art. 40, III da Lei 8.625/93– Lei Orgânica Nacional do Ministério Público. Vale ressaltar 
que, conforme doutrina dominante, são os juízes e promotores ativos que não podem ser presos 
em flagrante de crimes afiançáveis. Além disso, o conceito de Promotor de Justiça é lato senso, 
referindo-se aos membros do Ministério Público, razão pela qual os Procuradores da República, 
por exemplo, também não podem ser presos em flagrante delito por crimes afiançáveis. 
 Vejamos o que dizem os dispositivos indicados (e um pouquinho mais): 
 
 
 
 
 
 
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Lei Complementar 35/79: 
Art. 33. são prerrogativas do Magistrado: 
II – não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do Órgão Especial competente para o 
julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata 
comunicação e apresentação do Magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado; 
III – ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado Maior, por ordem e à disposição do 
Tribunal ou do Órgão Especial competente, quando sujeito a prisão antes do julgamento final; 
Parágrafo único: quando, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte do 
Magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou 
Órgão Especial competente para o julgamento, a fim de que se prossiga na investigação. 
 
Lei 8.265/93: 
Art. 40 – Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, além de outras previstas 
na Lei Orgânica: 
III –ser preso somente por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em 
que a autoridade fará, no prazo máximo de vinte e quatro horas, a comunicação e a apresentação 
do membro do Ministério Público ao Procurador-Geral de Justiça; 
IV – ser processado e julgado originariamente pelo Tribunal de Justiça de seu Estado, nos crimes 
comuns e de responsabilidade, ressalvada a exceção de ordem constitucional; 
V – ser custodiado ou recolhido à prisão domiciliar ou à sala especial de Estado Maior, por ordem e 
à disposição do Tribunal competente, quando sujeito a prisão antes do julgamento final. 
Art. 41 – Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de sua função, 
além de outras prevista na Lei Orgânica: 
II – não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste artigo. 
(...) 
Parágrafo único – Quando no curso de investigação, houver indício da prática de infração penal por 
parte do membro do Ministério Público, a autoridade policial civil, ou militar, remeterá 
imediatamente, sob pena de responsabilidade, os respectivos autos ao Procurador-Geral de 
Justiça, a quem competirá dar prosseguimento à apuração. 
 
 Repare que magistrados e membros do Ministério Público também não podem ser 
investigados pelo delegado de polícia. Por tal motivo discute-se até mesmo se poderia o 
delegado de polícia lavrar o auto de prisão em flagrante naquelas hipóteses em que a mesma 
seria cabível, ou seja, nos crimes inafiançáveis (art. 323, CPP), ou se a lavratura do auto 
dependeria do Presidente do Tribunal competente (no caso dos magistrados) ou ainda do 
Procurador-Geral (no caso de membros do MP). 
 Assim, o entendimento majoritário é o de que, em caso de crime inafiançável praticado 
por juiz ou promotor, poderá ocorrer a prisão captura, mas a autoridade policial não pode lavrar o 
auto de prisão em flagrante, pois não tem atribuição para apurar delito praticado por membro do 
Ministério Público ou Magistrado. A atribuição de investigar eventual delito é de exclusiva atribuição 
do Procurador Geral de Justiça, para os membros do Ministério Público, e do Presidente do Tribunal, 
para os Magistrados. Por isso, imediatamente após a captura e condução de membro do MP, deve a 
autoridade policial comunicar o ocorrido ao Procurador-Geral de Justiça ou da República, e, no caso 
de magistrado, ao Presidente do Tribunal competente, providenciando a apresentação do eventual 
infrator para lavratura do auto de prisão em flagrante por uma dessas autoridades, as quais, 
analisando o caso concreto, lavrarão o auto. 
 
 
 Deputados e Senadores - não podem ser presos em flagrante, desde a expedição do 
diploma, por crimes afiançáveis, ou seja, somente podem ser presos em flagrante delito por 
 
 
 
 
 
 
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crimes inafiançáveis, conforme art. 53, § 2º, da Constituição Federal. Cumpre ressaltar que em 
relação ao deputado estadual, não existe pacificação doutrinária se este não pode ser preso em 
flagrante por crimes afiançáveis. Porém, a corrente doutrinária a qual nos filiamos é de que o 
Deputado Estadual também não pode ser preso em flagrante por crime afiançável, utilizando-se o 
princípio da simetria (art. 27, § 1º, CRFB). 
 
 Advogados - não podem ser presos em flagrante por crimes afiançáveis, que sejam 
cometidos no exercício da atividade profissional, ou seja, os advogados podem ser presos em 
flagrante por crime afiançáveis que não tiverem ligação com o exercício de sua atividade 
profissional, bem como no caso de cometimento de crimes inafiançáveis, conforme o art. 7º, § 3º, 
da Lei 8.906/94. Vale ressaltar que Advogado é quem está inscrito regularmente nos quadros da 
OAB, não se confundindo com o bacharel em direito ou o estagiário. 
 
 
FLAGRANTES FORJADO E PREPARADO SÃO FLAGRANTES MATERIALMENTE ILEGAIS, MOTIVO 
PELO QUAL CABÍVEL O RELAXAMENTO DE PRISÃO. 
 
Flagrante forjado - configura-se em fato inexistente. A conduta imputada ao preso jamais 
ocorreu, tendo sido forjada por quem o prendeu. No flagrante forjado pratica crime quem efetua 
a prisão, podendo-se identificar, no mínimo, a conduta de denunciação caluniosa. Trata-se de 
prova obtida por meio ilícito aplicando-se a hipótese a teoria da prova ilícita por derivação. 
 
Flagrante preparado ou provocado - Trata a Súmula 145, do Supremo Tribunal Federal, do 
chamado flagrante preparado ou provocado: 
Súmula 145 STF - “não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação”. 
Estamos diante do chamado delito de ensaio, delito de experiência ou delito putativo por 
obra do agente provocador. Ocorre quando alguém, podendo ou não tratar-se de policial, de 
forma absolutamente insidiosa, provoca o agente à prática de um crime, para, durante os atos de 
execução supostamente puníveis, efetuar sua prisão, evitando, assim, que o mesmo se consume. 
Nesta espécie de flagrante não há crime e a prisão será ilegal. 
Adotou o STF para a conhecida hipótese a teoria do crime impossível descrita no art. 17 do 
Código Penal. 
No flagrante preparado, o policial ou terceiro induz o agente a praticar o delito e, ao mesmo 
tempo, toma providências para evitar a consumação. 
Assim, no flagrante preparado o autor do fato age motivado por obra do provocador, sem o 
qual não haveria a prática daquela suposta conduta. E se a intenção do agente não é natural, uma 
vez que induzida pelo provocador, inexiste o crime. 
 
2.3. Ilegalidade Formal. 
Ocorre ilegalidade formal quando não são respeitadas as formalidades exigidas em lei para a 
personificação da prisão em flagrante. Desta forma, as ilegalidades formais podem ocorrer APÓS 
a lavratura do auto de prisão em flagrante, ou seja, qualquer ilegalidade que ocorrer antes deste 
momento será considerada ilegalidade material, conforme já foi explicado no item anterior. 
 
 
 
 
 
 
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São exemplos de ilegalidade formal no flagrante: erro na confecção do APF, não expediçãoda 
nota de culpa, não comunicação ao juiz e ao Ministério Público da ocorrência da prisão, ou ainda a 
não comunicação aos familiares ou pessoa indicada pelo preso, entre outros. 
Na prisão em flagrante é indispensável a legalidade formal, devendo-se observar alguns 
procedimentos. 
O primeiro procedimento é a lavratura do auto de prisão em flagrante. A regra geral é que ele 
seja lavrado na delegacia mais próxima do local da captura. Porém, pode ser que para o crime 
cometido exista uma delegacia especializada, estas são delegacias instituídas para cuidar de 
crimes específicos e, neste caso, pode haver a lavratura do auto de prisão em flagrante na 
delegacia especializada, ainda que o crime tenha sido cometido nas proximidades de outra 
delegacia não especializada, desde que não haja prejuízo temporal em sua condução ou atraso 
nos trâmites formalmente legais (art. 306 do CPP). São exemplos de delegacias especializadas a 
Delegacia de Homicídios, Delegacia de Entorpecentes e a Delegacia da Mulher, logo, o auto de 
prisão em flagrante pode ser formalizado nelas, ainda que não sejam as mais próximas do local 
que houve a captura. 
OBS.: São etapas do flagrante a captura, a condução, a formalização e a judicialização. 
 Captura – É o obstamento do agente delituoso em decorrência da prática delituosa, é, 
portanto, o ato de "segurar" o sujeito, impedindo sua fuga. Para a captura, será possível o 
emprego da força necessária para vencer a resistência do agente, inclusive, se for o caso, com o 
uso EXCEPCIONAL de algemas. Contudo, a utilização das algemas está adstrita aos termos da 
Súmula Vinculante nº 11. 
 Condução – procedimento através do qual o agente é levado à delegacia. De acordo com 
o art. 308 do CPP, o preso deve ser conduzido à delegacia mais próxima ao local da captura e, ali, 
apresentado à autoridade policial para a formalização do flagrante, etapa a seguir. 
 Formalização – A formalização do flagrante deverá ocorrer em sede policial, iniciando-se 
com as oitivas dos policiais condutores, testemunhas e do conduzido, com a posterior lavratura 
do auto de prisão em flagrante (art. 304 do CPP) e entrega da nota de culpa dentro de 24 horas 
contadas da captura (art. 306 § 2º. do CPP). Contudo, segundo entendimento doutrinário, o 
delegado deve providenciar a comunicação imediata do flagrante ao juiz, ao MP e à família do 
preso ou à pessoa por ele indicada, o que deve ocorrer antes da própria lavratura do APF. A partir 
da formalização poderão surgir os vícios formais. A regular lavratura do APF autoriza o 
recolhimento do preso ao cárcere, embora a fase ainda seja meramente administrativa. 
 DICA! É possível a lavratura do auto de prisão em flagrante sem que haja 
testemunhas presenciais do fato, desde que duas testemunhas que presenciaram a apresentação 
do preso ao Delegado e a leitura do APF ao preso assinem o auto de prisão em flagrante (art. 304, 
§ 3o., do CPP). Estas testemunhas são chamadas de testemunhas fedatárias ou quirografárias, que 
são espécies de um gênero, as testemunhas instrumentárias. Testemunhas instrumentárias são 
aquelas que validam, dão fé às diligências policiais e atos processuais. 
 
 Judicialização – Após a lavratura do auto de prisão em flagrante, deve o mesmo ser 
encaminhado ao juiz competente para análise e confirmação de sua legalidade, conforme 
prescreve o art. 306, § 1º do CPP. A remessa dos autos ao juiz competente deve ocorrer dentro de 
24 horas da captura. Além disso, caso o preso não informe possuir advogado, o delegado deverá 
providenciar a remessa de cópia dos autos também à Defensoria Pública nas mesmas 24 horas. Ao 
 
 
 
 
 
 
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receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá adotar uma das providências indicadas no art. 
310 do CPP. 
 
 
Assim, para e com a lavratura do APF, o delegado de polícia deverá adotar uma série de 
formalidades, sob pena de ilegalidade formal da prisão em flagrante, dentre elas: 
1) Expedição da nota de culpa (art. 306, § 2º, CPP) – a nota de culpa é o documento que indica ao 
preso o artigo em que se encontra incurso (o motivo da prisão), contendo o nome da 
autoridade policial, do condutor e das testemunhas, sendo um requisito formal para a 
legalidade do flagrante. Ela deve ser expedida dentro do prazo de 24 horas contadas do 
momento da captura, sob pena de a prisão se tornar ilegal. Caso não seja expedida e 
apresentada ao preso a nota de culpa dentro de 24 horas, a prisão em flagrante também será 
formalmente ilegal. A lei exige que o preso preste recibo da nota de culpa, isto é, o preso deve 
dar ciência da nota de culpa. Caso o preso não saiba ler/escrever, ou se recuse a dar ciência da 
nota de culpa, o delegado deverá ler o documento em voz alta, na presença de duas 
testemunhas que prestarão recibo na pessoa do preso, assinando a rogo. A nota de culpa 
configura-se verdadeira garantia constitucional, inserta no art. 5º, inc. LXIV, da CF/88. 
2) Comunicação imediata ao juiz competente, ao Ministério Público e à pessoa indicada pelo 
preso (art. 5º, inciso LXII, da CF/88 c/c art. 306, caput, CPP) – é um dever da autoridade policial. 
A comunicação à família ou à pessoa indicada pelo preso é um direito do preso e não um 
dever, pois o preso pode abrir mão do direito de comunicação, desde que seja de forma 
fundamentada, expressa, sendo obrigação do delegado reduzir a termo (Ex. preso tem mãe 
doente, neste caso pode pedir para mão do seu direito de comunicação a família para não 
causar maiores problemas). Atualmente, o art. 306 exige a comunicação imediata da prisão 
também ao Ministério Público, exigência antes apenas prevista como uma dedução lógica da 
titularidade do Ministério Público na ação penal pública incondicionada e na ação penal pública 
condicionada a representação do ofendido. 
Dentro de 24 horas contadas da captura, o delegado deverá enviar os autos do flagrante ao 
juiz competente, com cópia ao defensor público (Art. 306, § 1º, CPP), no caso de o preso em 
flagrante não possuir advogado constituído. Tal comunicação é um dever do delegado. 
Para estas formalidades, estes os dispositivos constitucionais pertinentes: 
Art. 5º da CF/88: 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao 
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório 
policial; 
E no Código de Processo Penal: 
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada. 
§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz 
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu 
advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. 
§ 2º No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela 
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. 
 
 
 
 
 
 
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DICA! Após a lavratura do auto de prisão em flagrante, o inquérito policial deve ser 
concluído nos prazos que a lei estabelece, sob pena de ilegalidade formal. Em relação aos prazos 
do inquérito policial, importante relembrar os seguintes prazos de conclusão: 
 
PRAZOS DO INQUÉRITO POLICIAL 
Regra geral (art. 10 do CPP) 
10 dias o réu preso 
30 diaso réu solto 
IP feito pela PF (Lei 5010\66) 
15 dias o réu preso 
30 dias o réu solto 
IP lei de drogas (Lei 11343\06) 
30 dias o réu preso 
90 dias o réu solto 
IP em crimes contra a economia popular (Lei 1521\51) 10 dias o réu preso ou solto 
IP Militar 
20 dias o réu preso 
40 dias o réu solto 
 
OBS.: Embora o Inquérito Policial esteja no CPP, a contagem do prazo quando o indiciado 
está preso, seja em flagrante, temporariamente ou preventivamente, é de prazo penal, ou seja, 
de direito penal (direito material). Assim, no prazo penal inclui-se o dia do início e exclui-se o do 
vencimento, não importando se o primeiro e o último dia caem ou não em dia útil. Conta-se o 
prazo, neste caso, na forma do art. 10 do CP. Mas, se o inquérito for de indiciado solto, a 
contagem do prazo se dará no modelo processual penal, e, diferentemente, a contagem exclui o 
dia de início e inclui o de vencimento, começando o prazo a correr a partir do primeiro dia útil 
subsequente; assim, se o primeiro ou o último dia cair em dia não útil, será prorrogado para o 
primeiro dia útil subsequente (art. 798 do CPP). 
OBS.: O inquérito policial somente poderá ser presidido por autoridade policial? Sim, em 
função do disposto no art. 144 § 1o., IV, e § 4o., da Constituição Federal, e, atualmente, na Lei 
12.830/2013, que dispõe: 
Art. 2o As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de 
polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. 
§ 1o Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação 
criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como 
objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais. 
 
Assim, o IP é presidido por delegado de carreira. Contudo, não podemos confundir inquérito 
policial (espécie) com investigação criminal (gênero). 
 
 
 
 
 
 
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Em casos específicos a investigação criminal pode ser presidida por outras autoridades, como 
nas hipóteses em que há competência por prerrogativa de função. Sobre a prerrogativa de 
função, veja o capítulo de competência. 
Há também os casos de investigação direta por Membro do Ministério Público. De acordo 
com jurisprudência do STF, pode o MP promover a colheita de determinados elementos de prova 
que demonstrem a existência da autoria e da materialidade de determinado delito, tendo em 
vista que ele é o detentor da ação penal, NÃO sendo inconstitucional a investigação realizada por 
membro do Ministério Público. É a adoção da teoria dos poderes implícitos. Neste sentido, o 
seguinte julgado: 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ALEGAÇÕES DE PROVA OBTIDA POR MEIO ILÍCITO, 
FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO DE PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA E EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. 
PODERES INVESTIGATÓRIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, 
IMPROVIDO. 
(...) 5. A denúncia pode ser fundamentada em peças de informação obtidas pelo órgão do MPF sem a necessidade 
do prévio inquérito policial, como já previa o Código de Processo Penal. Não há óbice a que o Ministério Público 
requisite esclarecimentos ou diligencie diretamente a obtenção da prova de modo a formar seu convencimento a 
respeito de determinado fato, aperfeiçoando a persecução penal, mormente em casos graves como o presente 
que envolvem a presença de policiais civis e militares na prática de crimes graves como o tráfico de substância 
entorpecente e a associação para fins de tráfico. 
6. É perfeitamente possível que o órgão do Ministério Público promova a colheita de determinados elementos de 
prova que demonstrem a existência da autoria e da materialidade de determinado delito, ainda que a título 
excepcional, como é a hipótese do caso em tela. Tal conclusão não significa retirar da Polícia Judiciária as 
atribuições previstas constitucionalmente, mas apenas harmonizar as normas constitucionais (arts. 129 e 144) de 
modo a compatibilizá-las para permitir não apenas a correta e regular apuração dos fatos supostamente 
delituosos, mas também a formação da opinio delicti. 
7. O art. 129, inciso I, da Constituição Federal, atribui ao parquet a privatividade na promoção da ação penal 
pública. Do seu turno, o Código de Processo Penal estabelece que o inquérito policial é dispensável, já que o 
Ministério Público pode embasar seu pedido em peças de informação que concretizem justa causa para a 
denúncia. 
8. Há princípio basilar da hermenêutica constitucional, a saber, o dos “poderes implícitos”, segundo o qual, 
quando a Constituição Federal concede os fins, dá os meios. Se a atividade fim - promoção da ação penal pública - 
foi outorgada ao parquet em foro de privatividade, não se concebe como não lhe oportunizar a colheita de prova 
para tanto, já que o CPP autoriza que “peças de informação” embasem a denúncia. (...) 
(STF. RE 468523 / SC. Relator (a): Min. ELLEN GRACIE. Segunda Turma. J. 01/12/2009. DJe-030 19-02-2010. EMENT 
VOL-02390-03 PP-00580. RT v. 99, n. 895, 2010, p. 536-544) 
 
Entretanto, também é pacífico o entendimento de que membro do Ministério Público NÃO 
poderá presidir inquérito policial, o que atualmente se extrai do comando legal do art. 2o. da Lei 
12.830/2013, antes indicado. 
 
DICA! Lembrar que não importa o horário em que o auto de prisão em flagrante (APF) foi 
lavrado, se for lavrado às 23h30min de hoje conta-se o dia de hoje, sendo desprezadas as frações 
de dia ou horas, o que interessa é a data de lavratura do APF para a conclusão do inquérito policial 
em que haja indiciado preso. Isso decorre do fato do prazo prisional caracterizar-se como um fato 
penal, uma vez privada a liberdade do indivíduo, a questão é de direito material, conforme acima 
indicado. 
OBS.: O prazo de conclusão do IP pode ser prorrogado por igual ou distinto período, porém 
a prorrogação do prazo de conclusão do IP, conforme jurisprudência, por si só, não autoriza a 
 
 
 
 
 
 
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manutenção da prisão. Ou seja, se houver necessidade de devolução dos autos de inquérito para 
a delegacia para a continuidade da investigação, a prisão deverá ser relaxada. 
É certo que, com a nova sistemática do art. 310 do CPP, que determina que, tão logo receba 
os autos da prisão em flagrante para análise de sua legalidade, deve o mesmo relaxar a prisão se 
ilegal, conceder liberdade provisória ou converter a prisão em preventiva (quando presentes os 
seus pressupostos), dificilmente permanecerá o indiciado preso em flagrante durante o tal prazo 
de 10 dias de que trata o art. 10 do CPP. Assim, se ele for colocado em liberdade, o prazo do 
inquérito passará a ser de 30 (trinta) dias; somente interessando os 10 (dez) dias para o inquérito 
se sua prisão preventiva houver sido decretada. 
Da mesma forma, quando houver um decreto de prisão temporária, o prazo do inquérito 
estará condicionado ao prazo daquela prisão. 
 
2.4. Outras informações importantes. 
a) Pessoa que está amparada por uma excludente de ilicitude e é presa em flagrante. 
Não há crime se a pessoa está amparada por excludentes de ilicitude, motivo pelo qual 
deverá ser concedida pelo juiz, ao tomar ciência do flagrante, a liberdade provisória de que trata a 
nova redação do art. 310, parágrafo único, do CPP. 
b) Outros tipos de flagrante delito e cabimento do pedido de relaxamento de prisão em 
flagrante. 
Como dito anteriormente, quando a hipótese é de flagrante forjado ou de flagrante 
provocado, a prisão é materialmente ilegal, da mesma forma que nas hipóteses em que decorre 
unicamentede prova obtida por meio ilícito. Ou ainda nas hipóteses em que a lei veda a lavratura 
do flagrante, como no uso de drogas e nos crimes culposos de trânsito. 
Já o flagrante esperado é totalmente válido. 
 
Lembrando: 
 Flagrante Forjado – ocorre quando o sujeito simplesmente não praticou crime algum, 
havendo uma simulação por parte da polícia ou de um particular com a intenção de incriminar 
outrem, efetuando-se a prisão em flagrante. Esta modalidade de flagrante é ilícita sendo cabível o 
pedido de relaxamento de prisão, pois há a criação de uma situação de flagrância que não existe. 
 Flagrante provocado – é aquele em que existe um agente provocador que instiga outrem 
a cometer um crime, sem que o mesmo saiba que está sendo vigiado por autoridade policial ou 
terceiro. Iniciados os atos de execução do crime efetua-se a prisão em flagrante. Esta modalidade 
de flagrante é ilícita sendo cabível o pedido de relaxamento de prisão, com base na Súmula 145 do 
STF. 
 
 OBS.: Cuidado com os crimes que possuem um tipo misto alternativo, com diversas 
possibilidades de conduta. Um claro exemplo disso é o tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/06). 
Reparem que, se o sujeito já está na posse das drogas e o agente provocador, polícia ou terceiro, 
instiga a venda da substância entorpecente para efetuar o flagrante não será possível a prisão em 
flagrante pela conduta “vender”, pois houve instigação para o cometimento do crime de tráfico 
de drogas na modalidade de venda. Entretanto, como o crime de tráfico de drogas é de ação 
múltipla, caso o agente tenha cometido outras ações, como manter em depósito a droga ou 
trazer consigo, será possível a prisão em flagrante por esta conduta, que se configura em delito 
 
 
 
 
 
 
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de caráter permanente, conforme entendimento pacífico dos tribunais superiores, neste sentido 
há a seguinte decisão do STJ referente a antiga lei de drogas mas que tem aplicação atual: 
 
HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. (ART. 12 DA LEI 6.368/76). FLAGRANTE PREPARADO. 
INOCORRÊNCIA. PENA-BASE FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. 3 ANOS. AUMENTO DE 1/3 PELA REINCIDÊNCIA. PENA 
CONCRETIZADA: 4 ANOS DE RECLUSÃO. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS FAVORÁVEIS. FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL 
FECHADO. IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 269/STJ. PRECEDENTES DESTA CORTE. WRIT 
PARCIALMENTE CONCEDIDO, PARA ESTABELECER O REGIME SEMI-ABERTO PARA O INÍCIO DO CUMPRIMENTO 
DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IMPOSTA AO PACIENTE. RESSALVA DO PONTO DE VISTA DO RELATOR. 
ORDEM CONCEDIDA EM PARTE. 
O tráfico ilícito de entorpecentes é um crime de ação múltipla, estando prevista no bojo do tipo penal a conduta 
ter em depósito, de modo que estando comprovado que o acusado mantinha as drogas em depósito antes da 
simulação de compra feita pelos agentes policiais, inviável o reconhecimento de crime impossível em razão de 
flagrante preparado. Precedentes do STJ e do STF. (...) 
(STJ. HC 101317 / SP (proc. 2008/0047689-0). Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho. Quinta Turma. J. 16/09/2008. 
DJe 28/10/2008) 
 
 Flagrante esperado – é uma modalidade de flagrante lícita e legal, pois neste caso sabe-se 
que o crime vai ser praticado e a autoridade, ou um terceiro, espera o cometimento do crime para 
efetuar a prisão em flagrante no momento em que se iniciam os atos de execução do crime, não 
havendo nenhuma instigação por parte da polícia ou do terceiro para a prática da conduta. 
 O flagrante esperado ocorre quando a polícia ou qualquer pessoa, por algum motivo, 
soube, de forma lícita, que em um determinado local alguém praticaria um crime. O flagrante 
esperado é reconhecido como plenamente lícito, válido, pois aquele que pretende efetuar a 
prisão apenas aguarda o momento correto para agir, sem qualquer participação na cadeia fática 
que levou ao resultado. Este flagrante é, portanto, legal, NÃO sendo cabível o relaxamento de 
prisão, salvo se existentes outras ilegalidades. 
 
 Flagrante retardado ou diferido - Da mesma forma, é a princípio lícito o flagrante 
retardado ou diferido, em que há o retardo no momento do flagrante para que se consiga um 
maior número de provas, ou outros elementos de investigação criminal, mas entende a 
jurisprudência dos Tribunais Superiores que deve ser mantida uma permanente vigilância nesta 
modalidade de flagrante. Trata-se, em verdade, de uma modalidade de flagrante esperado, que 
foi introduzida no ordenamento jurídico pela Lei 9.034/95, atualmente revogada pela Lei 
12.850/2013, que, hoje, prevê a ação controlada, na qual o flagrante retardado se desenvolve, em 
seu art. 8o. São, portanto, exemplos expressos desta modalidade de flagrante delito aqueles 
decorrentes do Art. 8º da Lei 12.850/2013 – atual Lei de Combate ao Crime Organizado e o Art. 53, 
§ 2º, da Lei 11.343/06 – Lei de Tóxicos. 
 OBS.: A atual sistemática da Lei 12.850/2013, em consonância com o que já estava 
disposto na Lei 11.343/06, exige a comunicação prévia do juiz e do Ministério Público quando do 
retardo do flagrante. Vejamos o que diz a nova lei de combate ao crime organizado: 
 
Art. 8o Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à 
ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e 
acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de 
provas e obtenção de informações. 
§ 1o O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz 
competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. 
§ 2o A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam 
indicar a operação a ser efetuada. 
 
 
 
 
 
 
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§ 3o Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público 
e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações. 
§ 4o Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada. 
 
 
 Logo, no flagrante esperado e no flagrante retardado, não é cabível o pedido de 
relaxamento da prisão em flagrante, pois não existe ilegalidade. Neste sentido, a seguinte decisão 
do STJ: 
 
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. FLAGRANTE PREPARADO. INEXISTÊNCIA. HIPÓTESE QUE CONFIGURA 
FLAGRANTE ESPERADO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO. DESCABIMENTO. SENTENÇA QUE 
ENCONTRA AMPARO NAS ACUSAÇÕES VAZADAS NO ADITAMENTO FEITO À DENÚNCIA. PENA-BASE. FIXAÇÃO 
ACIMA DO PATAMAR MÍNIMO. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. OBTENÇÃO DE LUCRO FÁCIL. CIRCUNSTÂNCIA 
INERENTE AO TIPO. VEDAÇÃO À PROGRESSÃO DE REGIME. INCONSTITUCIONALIDADE. 
1. Nos termos da Súmula nº 145⁄STF, “não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível 
a sua consumação”. 
2. No caso dos autos, a ação policial partiu de investigações efetivadas a partir do descobrimento da droga, dentro 
de um veículo responsável por entregar mercadorias – peças automobilísticas. O ora paciente foi reconhecido pela 
atendente da empresa transportadora como sendo o responsável pela remessa das peças e também da droga 
apreendida. 
3. De se ver que, a partir da interceptação da droga, a autoridade policial apenas acompanhou o restante da 
operação supostamente levada a efeito pelo ora paciente, até a chegada em sua residência, quando lhe foram 
entregues as encomendas – pelo funcionário da transportadora – e dada voz de prisão. Assim, inexiste flagrante 
preparado. A hipótese, como bem delineou o Tribunal de origem, caracteriza flagrante esperado. (...) 
(STJ. HC 83196 / GO. (proc. 2007/0113377-5). Rel. Min. OgFernandes. Sexta Turma. J. 30/06/2010. DJ e 09/08/2010) 
 
a) No pedido de relaxamento de prisão em flagrante não se discute o mérito da causa. 
No pedido de relaxamento de prisão em flagrante o que se discute é tão somente a 
ilegalidade da prisão em flagrante, não havendo discussão de mérito. Esta discussão será 
abordada na peça processual oportuna, como a resposta à acusação. 
 
b) Impossibilidade de prisão em flagrante para o crime de consumo de drogas. 
O consumo de drogas é considerado crime, consoante art. 28, da Lei 11.343/2006, porém esta 
conduta não mais admite a aplicação de pena privativa de liberdade, somente sendo a ela 
aplicável penas alternativas, como a restritiva de direito (art. 48, § 1o., da lei 11.343/2006). Por este 
motivo, a Lei de Tóxicos veda, expressamente, a prisão em flagrante do simples usuário (art. 48, § 
2o, da lei 11.343/2006), devendo o mesmo ser conduzido à sede policial apenas para se lavrar um 
termo circunstanciado de ocorrência – TCO. 
Neste sentido vale lembrar o teor do art. 48, § 2º, da Lei 11.343/2006: 
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos neste Título rege-se pelo 
disposto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo 
Penal e da Lei de Execução Penal. 
§ 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, 
devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, 
assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-
se as requisições dos exames e perícias necessários. 
 
 
 
 
 
 
 
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Além disso, o Juiz e o Delegado de Polícia, conforme orientação do STJ, devem observar o art. 
28 § 2º da Lei de Drogas para distinguir o consumo de drogas do tráfico, não sendo apenas a 
quantidade o critério preponderante para distinguir o tráfico de drogas do consumo. Neste caso, 
deverão ser levados em conta também a natureza da substância apreendida, o local e as 
condições em que se desenvolveu a ação, as circunstâncias sociais e pessoais, bem como a 
conduta e os antecedentes do agente. 
 
c) Prisão em flagrante em crimes culposos. 
Existe discussão sobre a possibilidade ou não de prisão em flagrante em crimes culposos. De 
acordo com posição majoritária, a prisão em flagrante poderia ocorrer, no entanto, não seria 
mantida. Seria lavrado o auto de prisão em flagrante, mas concedida a liberdade provisória ao 
preso, até porque não é, a princípio, possível decretar a prisão preventiva em crimes culposos. 
Ressalte-se que não há dúvida sobre a possibilidade de captura e condução. A dúvida se dá 
quanto à lavratura. É certo, entretanto, que, ainda que venha a ser lavrado o auto (APF), deverá a 
autoridade policial conceder liberdade provisória mediante fiança, ou representar para que o juiz 
a conceda, com ou sem fiança, já que incabível prisão preventiva em crimes culposos. 
Devemos lembrar que em crimes de lesão corporal culposa de trânsito ou homicídio culposo 
de trânsito está vedada a prisão em flagrante, embora a mesma possa ocorrer no caso de omissão 
de socorro (que é crime doloso). 
 
2.5. ESTRUTURA DO RELAXAMENTO DE PRISÃO 
Endereçamento 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE 
_________________________________ (Regra Geral) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE 
__________________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal). 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE 
_________________________ (Crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados)* 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE 
_________________________________ (Infrações de menor potencial ofensivo)* 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR 
CONTRA A MULHER DA COMARCA DE _________________________________ (em caso de violência doméstica contra 
a mulher) 
* Atenção: Em caso de Júri ou Juizado Especial Criminal Federal, a expressão "Comarca de..." deverá ser 
substituída por "Seção Judiciária de ...." 
-> Não precisa saltar 10 linhas efetivamente. 
Identificação do preso 
(Fazer parágrafo) Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da Cédula de Identidade número _______, 
expedida pela ____________, inscrito no Cadastro de Pessoa Física do Ministério da Fazenda sob o número 
________________, residência e domicílio, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa a este 
instrumento, vem muito respeitosamente à presença de Vossa Excelência, requerer o 
RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
Com fundamento no art. 5º, LXV da Constituição Federal, e art. 310, I, do Código de Processo Penal, pelos motivos de 
fato e de direito a seguir expostos: 
1. Dos Fatos 
2. Da (s) ilegalidade (s) da prisão em flagrante 
 
 
 
 
 
 
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Mostrar claramente as ilegalidade do flagrante e discorrer sobre essas ilegalidade. 
3. Da impossibilidade de decretação da prisão preventiva 
Como existe a possibilidade do juiz relaxar a prisão e decretar a prisão preventiva, deve-se deixar claro ao 
julgador que não existe motivo para a custódia cautelar. 
4. Pedido 
Ante o exposto, postula-se a Vossa Excelência o relaxamento da prisão em flagrante imposta ao requerente, a fim 
de que possa permanecer em liberdade durante o processo. 
Termos em que, ouvido o ilustre representante do Ministério Público e, expedindo-se o alvará de soltura, pede 
deferimento. (Pedido de oitiva do representante do Ministério Público não obrigatório, já que a prisão demonstra-se 
flagrantemente ilegal. Todavia, a realização do pedido pode ser feita, sem nenhum encargo ao candidato). 
 
Comarca, data. 
Advogado, OAB 
 
2.6. CASOS PRÁTICOS 
CASO PRÁTICO RESOLVIDO 
No dia 25 de outubro de 2013, Luiz Fernando, 18 anos, morador da cidade de Nova Iorque, 
Maranhão, durante um festival de reggae da cidade, subtraiu, mediante emprego de violência, a 
bicicleta de Jorge Antônio. Um senhor, que estava sentado no banco da praça, próximo ao local 
do fato, presenciou todo o ocorrido e alertou um policial, que estava fazendo a segurança do 
festival. 
O policial, imediatamente, saiu em perseguição atrás do ciclista meliante. Neste momento, o 
policial comunicou via rádio sobre o ocorrido e tempos depois, já em um bairro vizinho, os 
policias cercaram Luiz Fernando, momento em que o mesmo foi preso em flagrante e levado 
para 1ª Delegacia de Polícia Civil de Nova Iorque-MA. Chegando à DP, Luiz Fernando restou 
autuado em flagrante delito por violação ao artigo 157 do Código Penal. 
Cumpridas todas as formalidades imediatas de praxe, o delegado somente remeteu os autos do 
flagrante ao juízo competente, bem como a cópia dos referidos autos à Defensoria Pública, 48 
horas após a captura de Luiz Fernando, sendo certo que o mesmo encontra-se preso na 
carceragem daquela 1ª Delegacia de Polícia Civil. 
Na qualidade de advogado contratado pela família de Luiz Fernando, com base nas informações 
acima expostas, elabore a peça cabível. 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE RECIFE CAPITAL DO 
ESTADO DE PERNAMBUCO 
 
LUIZ FERNANDO, brasileiro, solteiro, portador da Cédula de Identidade número ________, expedida pela 
___________, inscrito no Cadastro de Pessoa Física do Ministério da Fazenda sob o número _______, residente e 
domiciliado na ______________, Nova Iorque,Maranhão, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração 
anexa a este instrumento, vem muito respeitosamente à presença de Vossa Excelência, requerer o 
RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
com fundamento no artigo 5º, LXV da Constituição Federal, e art. 310, I, do Código de Processo Penal, pelos motivos de 
fato e direito a seguir expostos: 
1. Dos Fatos 
 
 
 
 
 
 
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Conforme consta do auto de prisão em flagrante, o requerente foi preso em flagrante em razão da suposta 
prática do crime de roubo de uma bicicleta pertencente a Jorge Antônio, o qual, segundo consta do respectivo auto de 
prisão em flagrante, teria ocorrido durante um festival da cidade, em 25 de outubro de 2013. 
O crime teria sido cometido no dia durante o festival de reggae, quando um senhor que estava sentado no 
banco da praça, e que a tudo teria presenciado, alertou um policial, que teria saído, supostamente, em perseguição do 
ora requerente, que foi capturado e levado para a 1ª Delegacia de Polícia Civil de Nova Iorque-MA. 
Entretanto, após a lavratura do auto de prisão em flagrante e demais formalidades, a autoridade policial 
somente remeteu os autos do flagrante ao juízo competente e a cópia dos autos à Defensoria Pública 48 (quarenta e 
oito) horas após a captura do requerente, sendo certo que o mesmo encontra-se preso na carceragem daquela 1ª 
Delegacia de Polícia Civil. 
2. Das ilegalidades da prisão em flagrante. 
Muito embora as exigências para a lavratura do auto de prisão em flagrante tenham sido aparentemente 
satisfeitas, não foi obedecido um requisito formal na lavratura do auto de prisão em flagrante, qual seja, a comunicação 
do flagrante ao Juízo, bem como a remessa da cópia à Defensoria Pública, conforme preceitua o art. 5o, LXII, da 
Constituição Federal, e o art. 306, § 1o., do Código de Processo Penal. 
Patente, portanto, a ilegalidade formal da prisão em flagrante. 
3. Da impossibilidade de decretação de prisão preventiva. 
Por fim, em caráter subsidiário e apenas por cautela, vale ressaltar que no caso concreto, após o relaxamento da 
prisão em flagrante em face dos patentes vícios formais, não existe a possibilidade de ser decretada a prisão preventiva 
do requerente. 
No caso em comento não existe quaisquer dos motivos que autorizariam a prisão preventiva, configurando-se 
evidente a impossibilidade de manutenção do indiciado, ora requerente, no cárcere, a qualquer título. 
4. Pedido. 
Ante o exposto, postula-se a Vossa Excelência, com base no artigo 5º, LXV da Constituição Federal, e art. 310, I, 
do Código de Processo Penal, diante da flagrante ilegalidade de sua prisão, o imediato relaxamento da prisão em 
flagrante imposta ao requerente. 
Termos em que, ouvido o ilustre representante do Ministério Público e expedindo-se o alvará de soltura, pede 
deferimento. (Pedido de oitiva do representante do Ministério Público não obrigatório, já que como a prisão é ilegal, 
não há que se realizar a oitiva do parquet. Todavia, a realização do pedido pode ser feita, sem nenhum encargo ao 
candidato). 
Recife, Data. 
Advogado, OAB 
 
Caso prático proposto 
Roberval, brasileiro, solteiro, com 17 anos de idade, residente e domiciliado em Cabo Frio-RJ, 
na Rua Boa Esperança, bairro Bom Sucesso, desferiu contra Joel, brasileiro, solteiro, com animus 
necandi, três tiros, em decorrência de uma discussão sobre futebol. 
Após o cometimento do crime, Roberval foi perseguido pelas autoridades policiais que 
tomaram conhecimento da ocorrência do crime, sendo preso 25 horas após a ocorrência do 
crime em uma perseguição ininterrupta. 
A autoridade policial da cidade de Cabo Frio-RJ lavrou o auto de prisão em flagrante 
atribuindo ao acusado o cometimento do crime de homicídio qualificado por motivo fútil, art. 
121, § 2°, II, do CP, notificou dentro do prazo legal as autoridades constantes do art. 306 do CPP e 
somente após 4 dias da lavratura do auto de prisão em flagrante, em decorrência de um 
esquecimento em virtude do grande volume de inquéritos policiais existentes na delegacia, 
expediu a nota de culpa do acusado. 
Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado (a) contratado (a) por Roberval, 
redija a peça processual que atenda aos interesses de seu cliente. 
 
 
 
 
 
 
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Peça: Relaxamento de prisão em flagrante, com fundamento nos arts. 5º, LXV da Constituição 
Federal em combinação com o art. 310, I do Código de Processo Penal. 
Endereçamento – Vara Criminal da Comarca de Cabo Frio – RJ (Regra Geral já que a questão 
não informou se na localidade existe vara específica de Criança e Adolescente) 
Tese – Ilegalidade material – menor de idade não pode ser preso em flagrante e sim 
apreendido nos termos do art. 172 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Ilegalidade formal – 
falta de expedição da nota de culpa do acusado dentro de 24 horas e a prestação do recibo, 
conforme preceitua o art. 306 do CPP. 
Pedido – relaxamento da prisão em flagrante e expedição do alvará de soltura. É possível 
ainda pedido de oitiva do representante do Ministério Público, não sendo um pedido obrigatório. 
 
3. QUADROS SINÓTICOS PARA MEDIDAS DE LIBERDADE 
 
MEDIDAS DE CONTRACAUTELA 
(PEDIDO DE LIBERDADE) 
CAUSA OU CAUTELA 
(TIPO DE PRISÃO) 
EFEITOS 
Relaxamento de Prisão Prisão ILEGAL Liberdade plena. 
Liberdade Provisória 
Prisão em flagrante 
LEGAL 
Vinculação ao juízo e ao processo, 
podendo ainda o juiz impor uma das 
cautelares não prisionais previstas nos 
arts. 319 e 320 do CPP 
Revogação da Preventiva Prisão preventiva LEGAL 
Acarretaria liberdade plena, mas o juiz 
pode cumular com as cautelares não 
prisionais previstas nos arts. 319 e 320 do 
CPP 
 
HIPÓTESES FÁTICAS 
 
HIPÓTESE 
AUTORIDADE 
COATORA 
MEDIDA CABÍVEL 
Prisão em flagrante ilegal da qual o juiz ainda não 
tomou ciência. 
Delegado de Polícia 
Relaxamento de prisão endereçado 
ao juiz. 
Juiz toma ciência da prisão em flagrante legal e 
ainda não se manifestou acerca da concessão da 
liberdade provisória, não decretou a preventiva, 
nem relaxou a prisão, mas ainda estamos dentro de 
um prazo razoável. 
 Liberdade Provisória ao juiz. 
Juiz toma ciência da prisão em flagrante e não se 
manifesta acerca da concessão da liberdade 
provisória, nem decreta a preventiva, nem relaxa a 
prisão. Ou seja, mantém o preso em flagrante além 
do que autoriza a lei art. (310 do CPP). 
Juiz Habeas corpus no tribunal. 
Prisão temporária decretada ilegalmente. Juiz Habeas corpus no tribunal. 
 
 
 
 
 
 
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Prisão preventiva decretada ilegalmente. Juiz Habeas corpus no tribunal. 
Prisão preventiva legal cujos pressupostos 
desapareceram. 
 
Revogação da preventiva ao juiz. 
Caso ele negue, habeas corpus no 
tribunal. 
Prisão em flagrante legal. Liberdade provisória ao juiz. 
Prisão temporária legal cujos motivos cessaram. 
Revogação da temporária ao juiz. 
Caso ele negue, habeas corpus no 
tribunal. 
Inquérito policial instaurado em conduta 
flagrantemente atípica ou quando for evidente a 
falta de justa causa. 
Delegado de Polícia. 
Habeas corpus ao juiz para 
“trancamento” do inquérito policial. 
 
4. LIBERDADE PROVISÓRIA 
4.1. Cabimento 
A liberdade provisória é a medida cabível nas hipóteses de flagrante lícito, tanto na 
materialidade quanto na formalidade, devendo-se demonstrar que não existe a necessidade de se 
manter o agente encarcerado.

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