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PSICOLOGIA ESCOLAR/EDUCACIONAL: ORIENTAÇÃO SEXUAL NO CONTEXTO ESCOLAR

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1
PSICOLOGIA ESCOLAR/EDUCACIONAL: ORIENTAÇÃO SEXUAL NO CONTEXTO ESCOLAR
Bruno Marlon Pedroso¹
Ana Caroline Toffanelli ²
PEDROSO, Bruno Marlon. Psicologia Escolar/Educacional: Orientação Sexual no Contexto Escolar. 2016. Artigo (Graduação em Psicologia) – Faculdade Integrado de Campo Mourão, 5º período de Psicologia, 2016.
RESUMO
Tendo acolhido a proposta feita pela coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Integrado de Campo Mourão, Aline Cardoso, juntamente com a professora Juliane Ribas (atuante na disciplina de Projeto Integrador no mesmo curso e instituição de ensino) e entendendo a fundamental importância que a atuação do psicólogo escolar tem nos presentes dias, principalmente no que diz respeito ao trabalho de prevenção, assim como de orientação sexual no contexto escolar, esse trabalho foi realizado com o objetivo de expor sobre o conceito de Psicologia Escolar e Psicologia Educacional, apresentando suas particulares, sendo uma, área de pesquisa e a outra, campo de prática, respectivamente. Além de evidenciar o fato da Psicologia Escolar/Educacional não ser mais aquela área de caráter psicométrico e clínico, vinculada a medicina, como era antes no início de sua prática no Brasil. Sendo assim é imprescindível e de suma importância esclarecer as confusões sobre a verdadeira função do psicólogo escolar que no presente artigo faz-se singular na forma de atuar sobre a Orientação Sexual no contexto escolar.
Palavras – chave: Psicologia Escolar; Psicologia Educacional; Psicologia Escolar/Educacional no Brasil; Atuação do Psicólogo no contexto escolar; Orientação Sexual.
1. INTRODUÇÃO
	
	O objetivo do presente artigo é fazer um apanhado de contribuições de diversos autores sobre a diferença entre Psicologia Escolar e Educacional a procedência dessas mesmas áreas no Brasil, explanar a prática do psicólogo no contexto escolar assim como sua importância na Orientação Sexual nesse mesmo contexto. Clareando dessa forma os assuntos citados, dos quais alguns são motivos de muita discussão no meio acadêmico e na sociedade. 
	Para melhor compreender o conteúdo exposto no presente artigo, faz-se necessários nos inteirarmos sobre alguns pontos.
Tendo como precursores, William James, Stanley Hall, J. Mckeen Cattel, John Dewey, Charles H. Hudd, Eduar Claparéde, Alfred Binet, a Psicologia da Educação tem sua origem na crença de que a educação e o ensino podem melhorar sensivelmente com a utilização adequada dos conhecimentos psicológicos. Enraizada nas teorias filosóficas que antecedem o surgimento da psicologia como ciência.
A partir disso a Psicologia Escolar/Educacional vieram se desenvolvendo e conquistando seu espaço no meio social, passando a ser hoje de fundamental importância para a resolução de problemas acometidos por fracasso escolar e na prevenção do mesmo, assim como para a prevenção de problemas sociais como por exemplo: o uso de drogas, bebida alcóolica, DST´s, e orientação sexual.
Para a realização do presente artigo, foram realizadas pesquisas bibliográficas entre livros e artigos científicos.
1. PSICOLOGIA ESCOLAR/EDUCACIONAL – CONCEITOS.
	Antes de aprofundar o tema central deste artigo, se faz necessário o esclarecimento das duas dimensões dessa área da Psicologia, são elas: 
A psicologia educacional como um dos fundamentos científicos da educação e da prática pedagógica e a psicologia escolar como modalidade de atuação profissional que tem no processo de escolarização seu campo de ação, com foco na escola e nas relações que aí se estabelecem. (ANTUNES, 2008, p.469)
	Ainda sobre essas dimensões, é possível dizer que a Psicologia Educacional enquanto ciência, tem por objetivo oferecer conhecimentos de pesquisa que possa de forma eficiente ser aplicado no contexto de ensino. (SANTROCK, 2010).
	Antunes (2008), sobre o mesmo assunto diz que essa é uma área de conhecimento, a grosso modo, tendo por finalidade produzir saberes sobre o fenômeno psicológico no processo educativo.
	A Psicologia Escolar, por outro lado, faz referência ao campo de ação, ou seja, o processo de escolarização, tendo por objetivo as escolas e as relações estabelecidas nesse contexto, fundamentada pela psicologia da educação e por outras áreas de conhecimento. Constitui-se como campo de atuação profissional, realizando intervenções no espaço escolar, tendo como foco os fenômenos psicológicos. (ANTUNES, 2008)
2. PSICOLOGIA ESCOLAR/EDUCACIONAL NO BRASIL
	 Olhando de volta no tempo, ainda nos tempos coloniais já era possível identificar a história da Psicologia Escolar e Educacional do Brasil, pois já nessa época as preocupações com a educação e a pedagogia traziam consigo elaborações sobre o fenômeno psicológico. E é através de Massimi (1986; 1990 apud Antunes, 2008) que é possível ter essa percepção, quando ele estuda obras do período colonial e identifica temas como: aprendizagem, desenvolvimento, função da família, motivação, papel de jogos, controle e manipulação do comportamento, formação da personalidade, educação dos indígenas e da mulher entre outros temas.
	Cruces (2006, p.20, apud Barbosa e Araújo, 2010), destaca que o desenvolvimento da psicologia no Brasil se deu principalmente para atender problemas da educação, sobretudo a formação dos professores, mas como área específica de atuação em psicologia escolar. Com isso foram criados em vários estados brasileiros, laboratórios de psicologia ligados as escolas de ensino normal, nos quais desenvolvia-se pesquisas junto de alunos com dificuldades de aprendizagem e necessidades especiais. (BARBOSA & ARAÚJO, 2010)
	Segundo Pfromm Netto (2001), no advento da psicologia escolar no Brasil, evidenciava-se o caráter clínico e terapêutico nas intervenções realizadas nesse contexto. Era notável também o uso do instrumento de medição da inteligência desenvolvido por Binet e Simon no início do século XX. (GOMES, 2004 apud BARBOSA & ARAÚJO, 2010).
	Ainda nos meados do mesmo século, o caráter clínico com o qual eram abordados os problemas de aprendizagem permaneciam. Tudo isso devido à forte influência da medicina e à edificação da atuação clínica no trabalho do psicólogo no contexto educacional, onde era evidente o enfoque psicométrico por meio da avaliação da prontidão escolar, da organização de classes para alunos tidos como especiais, dos diagnósticos e dos encaminhamentos para serviços especializados. Tais características, clínica e psicométrica, foram responsáveis pelas explicações sobre o fracasso escolar, baseados em instrumentos de mediação da inteligência, atributos afetivos, motores e outros que por vez relacionava a problemática ao indivíduo ou às condições socioeconômicas e/ou ambiente familiar. 
	A respeito disso, Lima (2005) afirma que tal postura é segregadora, partindo do pressuposto de que, na medida em que categorizavam, as crianças e jovens nas escolas, excluía-se as possibilidades de vivenciar o processo educacional regular, podendo dessa forma aprisionar a diferença num sistema negativo de comparação.
	No final dos anos de 1980 e início da década de 1990, foi criado a Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), acontecimento de importância considerável para a delimitação da área da psicologia escolar, pois essa desde então, vem divulgando reflexões acerca da identidade do psicólogo escolar, dos conhecimentos psicológicos aplicáveis a área e das disponibilidades de atuação em outros espaços. (ABRAPEE, 1996).
3. PRÁTICA DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO ESCOLAR
	É muito comum ainda nos dias de hoje ouvir questionamentos sobre a postura e o papel do psicólogo escolar. Para Martins (2003), o psicólogo se faz clínico no contexto escolar quando baseia sua intervenção no modelo médico, tendo seu foco na saúde mental do aluno, assim como na importância do diagnóstico e cura de problemas de comportamento. A esse respeito Andaló (1984), acrescenta que enquanto o psicólogo atua na escola com caráter clínico, o papel do psicólogo adquire caráter onipotente, pois os problemas são equacionadosem termos de saúde x doença, dessa forma, esse seria portador de soluções mágicas e prontas para as dificuldades enfrentadas. Por tal, a postura mais indicada ao psicólogo que atua no contexto escolar é de fato assumir o papel de educador, pois assim seu objetivo seria o de ajudar a aumentar a qualidade e a eficiência do processo educacional através da aplicação dos conhecimentos psicológicos, ajudando dessa forma no planeamento de programas educacionais para os alunos. (MARTINS, 2003). Por fim Meira e Tanamachi (2003 p.11) afirmam que “o que define um psicólogo escolar não é o seu local de trabalho, mas o seu compromisso teórico e prático com as questões da escola”.
	Sobre o assunto, Patias & Gabriel (2011), afirmam que os psicólogos escolares enfatizam hoje, fatores objetivos e subjetivos do processo de ensino-aprendizagem, levando em consideração o contexto histórico cultural em que a comunidade escolar está inserida, faz-se imprescindível também, analisar as relações professor-aluno e família-escola para uma fundamental formação dos sujeitos nesse contexto inseridos. As autoras complementam ainda com o fato de o psicólogo escolar abordar questões pertinentes ao contexto escolar, como: “dificuldades de aprendizagem ou problemas comportamentais e de relacionamento apresentado por alunos, professores, especialistas em educação pais e a comunidade onde estão inseridos” (PATIAS & Gabriel, 2011, p.5). Dessa forma o psicólogo escolar deve aplicar técnicas e conhecimentos psicológicos aos problemas apresentados na escola, preocupando-se com o clima da instituição e com a relação pedagógica através da interação. De forma resumida, enquanto for titulada de psicologia escolar, essa deve estar inserida na escola, atuando nela, estudando-a para maior compreensão e considerando o cotidiano de vida dos indivíduos que a constitui. Sobre isso Andaló (1984) reforça que o psicólogo escolar não deve excluir as contribuições da psicologia clínica e acadêmica, o profissional tem que assumir o papel de agente de mudança dentro da instituição, atuando de forma a não responsabilizar somente o aluno, mas também voltar seu olhar sobre as relações considerando o meio social e o tipo de publico atendido. 
	Para melhores condições de trabalho, Andrada (2005), afirma que o psicólogo necessita de um espaço no qual ele possa acolher as demandas da escolar e assim elaborar formas de lida com as situações cotidianas. Entretanto, é necessário que o psicólogo esteja atento a todos os espaços no contexto escolar, pois nem sempre a demanda chegará a sua, não devendo dessa forma, se apegar ao espaço físico.
	Por fim o Conselho Federal de Psicologia (CPF), em sua resolução de nº 013/07, aponta como especialidades do psicólogo escolar/educacional no âmbito administrativo, a contribuição na análise e intervenção no clima educacional, afim de realizar os objetivos educacionais. A participação em programas de orientação profissional contribuindo no processo de escolha de uma profissão. Análise de características de indivíduos portadores de necessidades especiais para orientar a aplicação de programas especiais de ensino. Realização de trabalho interdisciplinar integrando seus conhecimentos ao conhecimento dos demais profissionais da educação. Para esse último, o psicólogo realiza tarefas como: 
a) aplicar conhecimentos psicológicos na escola, concernentes ao processo ensino-aprendizagem, em análises e intervenções psicopedagógicas; referentes ao desenvolvimento humano, às relações interpessoais e à integração família-comunidade-escola, para promover o desenvolvimento integral do ser; 
b) analisar as relações entre os diversos segmentos do sistema de ensino e sua repercussão no processo de ensino para auxiliar na elaboração de procedimentos educacionais capazes de atender às necessidades individuais;
c) prestar serviços diretos e indiretos aos agentes educacionais, como profissional autônomo, orientando programas de apoio administrativo e educacional; 
d) desenvolver estudos e analisar as relações homem-ambiente físico, material, social e cultural quanto ao processo ensino-aprendizagem e produtividade educacional; 
e) desenvolver programas visando a qualidade de vida e cuidados indispensáveis às atividades acadêmicas; 
f) implementar programas para desenvolver habilidades básicas para aquisição de conhecimento e o desenvolvimento humano; 
g) validar e utilizar instrumentos e testes psicológicos adequados e fidedignos para fornecer subsídios para o replanejamento e formulação do plano escolar, ajustes e orientações à equipe escolar e avaliação da eficiência dos programas educacionais; 
h) pesquisar dados sobre a realidade da escola em seus múltiplos aspectos, visando desenvolver o conhecimento científico. (CFP, RESOLUÇÃO Nº 02/01, p.9)
Como última análise, Andaló (1984), aponta como uma outra abordagem da psicologia escolar, a prevenção, no sentido de antecipar-se, evitar e livrar-se de algo, resumindo, impedindo que algo suceda. Nesse sentido na atualidade o foco se divide entre o a prevenção do fracasso escolar e na prevenção de problemas sociais que acometem o grupo dos alunos no contexto escolar, como exemplo: drogas, bebidas alcóolicas, doenças sexualmente transmissíveis, etc. Com esse foco adentraremos agora ao tema principal deste artigo que é a Orientação Sexual no contexto escolar.
4. ORIENTAÇÃO SEXUAL NO CONTEXTO ESCOLAR
	Antes de aprofundar o assunto é necessário apontar a distinção entre sexualidade e sexo, na qual a sexualidade é vivida no âmbito individual, onde são as normas e valores sociais que promovem sua constituição no sujeito. Com relação ao sexo, este diz respeito a um papel importante e básico nas vidas das pessoas. Ele não é apenas a anatomia genital, um mecanismo de reprodução ou fonte de prazer, na espécie humana o sexo é muito mais que isso, inclui características físicas, aspectos psicológicos, éticos, culturais e morais. Pode ser considerado também como a forma de distinguir os gêneros. No que diz respeito ao ato sexual, este é a manifestação da sexualidade, que pode ser através de toques, falas, imagens, comportamentos ou, propriamente dito, através do coito. Vale ressaltar ainda a diferença entre Educação Sexual e Orientação Sexual, onde a segunda diz respeito a um processo sistemático e continuado de intervenção instrumental desenvolvido pelo Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual (GTPOS), pela Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), e pelo Centro de Estudos e Comunicação em Sexualidade e Reprodução Humana (ECOS). Abrangendo dessa forma o sentido de “desenvolvimento sexual compreendido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais, efetividade, imagem corporal, auto-estima e relações de gênero, enfocando dimensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e espirituais da sexualidade, desenvolvendo a área cognitiva, afetiva e comportamental. (MEIRA,QUEIROZ, et al, 2006) 
	Yara Sayão em seu livro “Sexualidade na Escola” afirma que a questão da sexualidade na escola não é novidade. Tal conclusão se deve ao fato de na França na metade do século XVIII, a orientação sexual surgir no sentido de combater a masturbação. No século XIX houve uma retomada na abordagem da sexualidade nas escolas, devido à preocupação com as doenças venéreas e o aumento do aborto clandestino. E no século XX onde a finalidade da orientação sexual nas escolas é ensinar aos jovens a transmitirem a vida, dada a ligação entre instinto sexual e reprodução humana. Com isso é possível notar que a orientação sexual em sua origem se caracteriza pelo aspecto informativo, biologizante e repressivo às manifestações de sexualidade. Em determinados períodos teve como objetivo o controle da natalidade e recentemente tem visado até associar a ideia do prazer à sexualidade. É sabido também o fato da orientação sexual acontecer desde cedo, pois é no contexto familiar que são transmitidas à criança os primeiros valores e noção associados a sexualidade, em geral. Tais valores se dão pelo comportamento dospais entre si, na relação com os filhos, nas recomendações, nas expressões, gestos, proibições estabelecidas, transmitindo valores que a criança incorpora. O tipo de família também influencia a educação da criança, seja essa família conservadora, liberal ou que professe ou não alguma crença religiosa. Há também influências do círculo extrafamiliar que aludem à sexualidade. O que gera excitação e instiga a curiosidade e fantasias sexuais nas crianças. (SAYÃO, 1997). 
	Sayão (1997) diz ainda que a escola transpira sexualidade, pois essa se faz um forte agente nesse campo quando se diz respeito as atitudes dos alunos no convívio escolar, seus comportamentos mútuos, as brincadeiras e paródias inventadas e repetidas por eles. Nesse sentido a escola exerce importante papel na construção dos aspectos concernentes â cidadania, à sociedade, assim como aspectos concernentes à sexualidade, na qual se fundamenta a proposta de que a escola realize a orientação sexual.
	De acordo com o exposto acima, para a Secretaria de Educação Fundamental, a orientação sexual na escola não substitui a função familiar 	e sim a complementa, pois essa faz uso de um processo sistematizado e formal que propõe uma intervenção por parte dos profissionais da educação. O trabalho realizado na escola tem cunho de problematizar, levantar questionamentos e ampliar o leque de conhecimento a fim de encaminhar os próprios alunos a uma tomada de decisão e escolha dos seus caminhos. As temáticas da sexualidade devem ser trabalhadas dentro do limite de ação pedagógico, abordando os alunos sempre em grupos, cuidando para não ser invasivo com relação a intimidade e do comportamento de cada aluno. Sendo assim, os alunos devem entender através da postura do orientador o que pode e deve ser compartilhado e o que deve ser mantido como vivência pessoal. Quando houver demanda, aí sim cabe à escola encaminhar o aluno para um profissional especializado. É função da escola informar e discutir. É necessário que o professor adquiria um distanciamento pessoal do tema abordado, trabalhando aspectos como opiniões gerais sobre o tema, seu significado para meninos e para meninas, sua implicação em distintas culturas, sua conotação em diferentes momentos históricos e o valor atribuído por diferentes grupos sociais contemporâneos. É preciso que a orientação sexual no contexto escolar aborde também as repercussões midiáticas, familiares e sociais sobre o assunto com as crianças e jovens, pois muitas vezes as informações vêm de forma vaga e por esse motivo é compreendida de forma equivocada. O trabalho realizado dessa forma possibilita ao aluno desenvolver atitudes coerentes com valores que ele próprio elegeu como seus. Nas escolas onde o trabalho de orientação sexual é efetivo os resultados são importantes e apresentam: aumento do rendimento escolar, pois as tensões e preocupação com questões da sexualidade são aliviados; aumento da solidariedade e do respeito entre os alunos. A respeito das crianças menores, os orientadores afirmam que as informações corretas colaboram para a diminuição da angústia e da agitação em sala de aula. (CARTILHA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL, p. 83-84).
	Por tudo isso o objetivo do trabalho de orientação sexual é contribuir para que os alunos desenvolvam e exerçam a sexualidade de com prazer e responsabilidade. Assim o tema é organizado de forma que ao fim do ensino fundamental os alunos sejam capazes de:
Respeitar a diversidade de valores, crenças e comportamentos existentes e relativos à sexualidade, desde que seja garantida a dignidade do ser humano;
Compreender a busca de prazer como uma dimensão saudável da sexualidade humana;
Conhecer seu corpo, valorizar e cuidar de sua saúde como condição necessária para usufruir de prazer sexual;
Reconhecer como determinações culturais as características socialmente atribuídas ao masculino e ao feminino, posicionando-se contra discriminações a eles associadas;
Identificar e expressar seus sentimentos e desejos, respeitando os sentimentos e desejos do outro;
Proteger-se de relacionamentos sexuais coercitivos ou exploradores;
Reconhecer o consentimento mútuo como necessário para usufruir de prazer numa relação a dois;
Agir de modo solidário em relação aos portadores do HIV e de modo propositivo na implementação de políticas públicas voltadas para prevenção e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis/AIDS;
Conhecer e adotar práticas de sexo protegido, ao iniciar relacionamento sexual.
Evitar contrair ou transmitir doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o vírus da AIDS;
Desenvolver consciência crítica e tomar decisões responsáveis a respeito de sua sexualidade;
Procurar orientação para a adoção de métodos contraceptivos. (CARTILHA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL, p. 91).
5. ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA ORIENTAÇÃO SEXUAL
	Moura e Pacheco et al. (2011), afirmam que a Psicologia está bem próxima com o tema sexualidade, principalmente após o surgimento da psicanálise. Mesmo o tema não sendo uma área psicológica e mesmo os currículos do curso de psicologia não apresentando o tema, esse é um assunto muito abordado e discutido no contexto da psicologia. E essa relação psicologia-sexualidade é reforçada na medida em que a OMS aponta que a sexualidade tem relações diretas com personalidade, pensamentos, sentimentos e especialmente coma saúde. O diferencial do profissional em psicologia ao intervir em assuntos de sexualidade se dá por exemplo pela escuta qualificada, de forma a não impor juízos morais. Essa atitude é ditada pelo próprio código de ética do psicólogo. O psicólogo apresenta também a “atenção para a dimensão afetiva inexoravelmente amalgamada ao tema na sua forma de abordagem”. (MOURA E PACHECO et al. 2011, p 441).
	Sobre o assunto, Souza (1997) afirma que a psicanálise fez da sexualidade um conceito fundamental dentro de sua teoria, por esse motivo os educares acreditam que os psicanalistas tenham algo a dizer quando se fala sobre sexualidade e escola. 
	A prática saudável da sexualidade supõe a conjunção de vários fatores: o funcionamento do corpo, os valores sociais, éticos e morais do meio social em que vive a pessoa, as leis culturais e a estrutura psíquica. Por isso o psicólogo carrega consigo uma maneira distinta de orientar sexualmente, pois esse traz conhecimentos aprofundados sobre os fatores acima citados, e o mesmo irá considerar sempre o contexto histórico-cultural compreendendo todos os fatores que circundam o indivíduo.
	Entretanto, abordar um tema como as questões de gêneros durante o trabalho sobre sexualidade por exemplo, pode gerar conflitos, com os quais o psicólogo deve colaborar através de esclarecimentos para que esses se resolvam. Nesse sentido Barros (2012), afirma que gênero e sexo são considerados como conceitos diferentes na visão de alguns teóricos e que o conceito de gênero foi construído a partir da necessidade de distinguir o que é biológico do que é construído socialmente, pois identidade de gênero se constrói a partir de uma determinada cultura, havendo dessa forma a reprodução das desigualdades, onde algumas características atribuídas socialmente aos gêneros feminino e masculino representam a hierarquização do poder.	
	Nesse sentido, a educação é fundamental para o desenvolvimento desses conceitos, pois esse contexto, assim como o familiar, as mídias sociais, através da mediação do psicólogo com seus métodos e técnicas, apresenta-se como um espaço propício para que tais construções acerca de gênero e sexualidade possam ser desconstruídas e também modificadas. Por tal, é necessário que tanto os educadores quanto o psicólogo escolar estejam a tentos a reprodução de comportamentos preconceituosos, os quais podem gerar atos de discriminação. Caso aconteça de o preconceito ser posto em prática, cabe a esquipe pedagógica e ao psicólogo tomar medidas para identificar e combater tal prática, não permitindo a perpetuação dessas relações.
	Ainda sobre o assunto Figueiró (2009),diz que “educar sexualmente é muito mais que ensinar os conteúdos de biologia e fisiologia da sexualidade” (p. 150). Afirma ainda que para educar sexualmente é preciso saber ouvir, um ponto no qual o psicólogo se destaca nessa prática. Além disso todos os alunos devem ser vistos como sujeitos ativos no processo de ensino aprendizagem tendo muito espaço para falar e ouvir os colegas enquanto falam. Estimulando sempre os alunos a espontaneidade, antes do iniciar a discussão, sugerindo atividades que já despertem algo nos alunos sobre o determinado tema. Por exemplo ao se tratar de métodos contraceptivos, pedir para que façam uma relação dos métodos que eles já conhecem, os que acreditam ser mais seguros, quais usariam ou não, e buscando sempre problematizar a questão, pois nada que vem totalmente pronto é muito aproveitado, os alunos devem ser estimulados a criar consciência sobre sexualidade a partir de tudo que está sendo exposto com uma visão crítica e autentica de si mesmo, gerando seu próprio caminho a ser trilhado. 
	Usando um pouco do Psicodrama, é possível que o psicólogo sugira aos alunos a dramatização de um diálogo entre duas amigas onde uma delas está com dúvidas se deve ou não transar com o namorado, ou simular a situação de uma garota que tem que contar para a mãe e para o namorado que está gravida e indo mais além, contar aos pais que contraiu HIV. (Podendo nesses casos, também ser os meninos a realizarem a dramatização). E a funcionalidade disso se dá pelo fato de no sentido psicológico, o drama trazer a conscientização de si mesmo que muitas vezes não vêm tão carregadas de emoção no caso das conversas em grupo. Após a encenação é válido a sugestão por parte do dirigente, seja o psicólogo ou o professor, de criar laboratórios onde os alunos, enquanto sujeitos sexuais, criem soluções para cada obstáculo apresentado nas encenações. (FIGUEIRÓ, 2009)
	Em última análise, para o bom êxito da orientação sexual nas escolas, é imprescindível que o psicólogo ou educador ao assumir o papel de transmissor e formador, se despida dos valores, preconceitos e tabus, agregados a si, para que possa realizar um trabalho mais efetivo. Isso porque atualmente a orientação sexual deve apoiar-se na pluralidade, na diversidade de concepções, comportamentos e valores associados a sexualidade.
	
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
	
	Fica evidente a importância do psicólogo no contexto escolar, principalmente no que diz respeito a sua atuação, assumindo também papel de educador, ampliando sua visão para identificar os diversos fatores que colaboram para o fracasso escolar e buscando junto da comunidade escolar a solução para os problemas, assim como, no trabalho preventivo que pode ser realizado através da díade escola-comunidade. Trabalhando também com a interação interpessoal dos indivíduos que compõe aquele contexto escolar, assim como atuando na orientação sexual de forma mais apurada, conscientizando e ajudando os alunos na escolha de seus próprios caminhos.
Sendo o presente artigo alcança seu objetivo, tendo em vista que as informações contidas nele são todas de fontes confiáveis e que apresentam conteúdo com embasamento cientifico.	
Que o presente artigo venha a ter serventia para uma futura geração de psicólogos ou a pessoas que procuram se inteirar sobre a atuação do psicólogo no contexto escolar, assim como sua atuação na orientação sexual nesse contexto. Que as pessoas de fato entendam que não se trata de apologia ao sexo, mas sim de um trabalho árduo no sentido de conscientização.
7. REFERÊNCIAS
ABRAPEE, Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE). Volume 7 Número 1 Janeiro/Junho 2003. Disponível em: < http://www.abrapee.psc.br/7-1.pdf>. Acessado em 29 de maio de 2016.
ANDALÓ, Carmem Silvia de Arruda. O papel do psicólogo escolar. Psicologia, Ciência e Profissão, 1984. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pcp/v4n1/09.pdf>. Acessado em: 29 de maio de 2016.
ANDRADA, Edla Grisard Caldeira de. Focos de intervenção em psicologia escolar. Psicol. Esc. Educ. (Impr.),  Campinas ,  v. 9, n. 1, p. 163-165,  Junho  2005 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572005000100019&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 29 de maio de 2016.
ANTUNES, Mitsuko Aparecida Makino. Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e perspectivas. Psicol. Esc. Educ. (Impr.),  Campinas ,  v. 12, n. 2, p. 469-475,  Dec.  2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141385572008000200020&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 29 de maio de 2016.
BARBOSA, Rejane Maria & ARAÚJO, Clasy Maria Marinho. Psicologia Escolar no Brasil: considerações e reflexões históricas. Estudos de Psicologia Campinas 27(3) 393-402 julho – setembro 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v27n3/11.pdf>. Acessado em 29 de maio de 2016.
BARROS, Wanessa Muniz Silva. O Preconceito e Suas Implicações Práticas na Escola e a Atuação do Psicólogo Neste Contexto. Centro Universitário de Brasília, 2012.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. RESOLUÇÃO CFP Nº 02/01. 2001. Disponível em: <http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2006/01/resolucao2001_2.pdf>. Acessado em: 29 de maio de 2016.
CRUCES, A. V. V. 2006, apud Barbosa e Araújo, 2010. Psicologia e educação: nossa história e nossa realidade. In S. F. C. Almeida (Org.), Psicologia escolar: ética e competências na formação e atuação do profissional (pp.17-36). Campinas: Alínea. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v27n3/11.pdf>. Acessado em 29 de maio de 2016.
FIGUEIRÓ, Mary Neide Damico (Org.). Educação Sexual: Múltiplos Temas, Compromissos Comuns. Universidade Estadual de Londrina, 2009.
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Acadêmico do curso de Psicologia da Faculdade Integrado de Campo Mourão.
Psicóloga, docente na Faculdade Integrado de Campo Mourão, atuante na disciplina de Projeto Integrador e orientadora do presente artigo.

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