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A CRIAÇÃO DA FILOSOFIA
A filosofia foi uma criação do gênio helênico;não deriva aos gregos a partir de estímulos precisos tomados das civilizações orientais. Por mais que o Oriente tenha contribuído com alguns conhecimentos científicos astronômicos e matemático-geométricos, que o grego soube repensar e recriar em dimensão teórica.
Outro exemplo é o dos egípcios,que desenvolveram e transmitiram a arte do cálculo, mas os gregos,particularmente a partir dos Pitagóricos, elaboraram uma teoria sistemática do mundo.
Mais um exemplo é o dos Babilônicos que fizeram uso prático de dimensões astronômicas para traçar as rotas para os navios, porém os gregos as transformaram numa teoria astronômica.
Existiu uma superioridade dos gregos em relação aos outros povos não somente no aspecto quantitativo, mas também qualitativo, pois o que os gregos criaram, se constituiu numa novidade absoluta.
Por causa de suas categorias racionais, foi a filosofia que possibilitou o nascimento da ciência e , em certo sentido a gerou. Isto foi uma contribuição verdadeiramente excepcional à história da civilização.
a.Nenhum dos filósofos gregos acena minimamente à à origem oriental da filosofia.
b. A sabedoria oriental era constituída de convicções religiosas , mitos teológicos e “cosmogônicos”, mas não uma ciência filosófica baseada na razão pura( no logos)
c.Não há conhecimento da utilização, por parte dos gregos, de textos orientais ou de traduções desses textos. Isso só foi ocorrer muito mais tarde com o domínio de Alexandre.
d.Mesmo admitindo que idéias dos filósofos gregos, possam ter antecedentes na sabedoria oriental, a filosofia, a partir do momento em que nasceu na Grécia representou uma nova forma de expressão espiritual,caracterizando-se por possuir uma forma lógica.
Os gregos purificaram e cultivaram as idéias orientais de caráter mais prático, dando a elas fins predominantemente cognoscitivos,por causa do seu espírito”teorético” que visava ao amor do conhecimento puro, esse mesmo espírito que iria criar a filosofia. 
ASPECTOS DA VIDA GREGA QUE PREPARARAM O NASCIMENTO DA FILOSOFIA.
As fontes das quais derivou a filosofia foram:
1.A poesia que antecipou o gosto pela harmonia, pela proporção e pela justa medida(Homero, os líricos) e um modo particular de fornecer explicações remontando-se às causas, mesmo que em nível fantástico poético(Teogonia de Hesíodo)
2.A religião grega se distinguiu em religião pública (inspirada em Homero e Hesíodo) e em religião dos mistérios, em particular a órfica. A religião pública considera os deuses como forças naturais ampliadas na dimensão do divino.
A religião órfica considera o homem de modo dualista: como alma imortal, a qual por uma culpa originária foi condenada a viver em um corpo, entendido com tumba e prisão.Do orfismo deriva a moral que põe limites precisos às tendências irracionais do homem.
Pelo fato de não haver dogmas fixos na religião grega, isso favoreceu para o pensamento filosófico, desde o início, uma ampla liberdade de expressão.
3.As condições sócio-econômicas da Grécia, também possibilitaram um certo bem estar econômico e uma notável liberdade política.
Antes do nascimento da filosofia, os poetas tinham importância extraordinária na educação e na formação espiritual do homem grego, muito mais do que tiveram entre outros povos.
As principais referências estavam nos poemas homéricos, na Ilíada e na Odisseia que exerceram sobre os gregos uma influência análoga à que a Bíblia exerceu para os judeus, pois não haviam textos sagrados gregos.
Outro autor importante foi Hesíodo com a sua Teogonia e também As obras e os dias.
O orfismo e os órficos derivam o seu nome do poeta trácio Orfeu, seu suposto fundador, cujos traços históricos são inteiramente cobertos pela névoa do mito.
Segundo os estudiosos o Orfismo é particularmente importante porque, introduz na civilização grega um novo esquema de crenças e uma nova interpretação da existência humana.
Isto porque na concepção grega tradicional, partindo de Homero, considerava o homem como mortal, pondo na morte o fim total de sua existência.
O Orfismo por outro lado, proclama a imortalidade da alma e concebe o homem conforme um esquema dualista que contrapõe o corpo à alma.
Em resumo:
a.No homem hospeda-se um princípio divino, um daimonium(Alma)que caiu em um corpo por causa de uma culpa originária.
b. Esse daimonium não apenas preexiste ao corpo, mas também não morre com o corpo, pois está destinado à reencarnar-se em corpos sucessivos, a fim de expiar a culpa originária.
c.Com os seus ritos e práticas, a “vida òrfica”é a única em grau de por fim ao ciclo das encarnações e de, assim libertar a alma do corpo.
d.Para quem se purificou (os iniciados nos mistérios órficos)há um prêmio no além(da mesma forma que há punições para os não iniciados)
As vezes encontrava-se nos sepulcros dos seguidores dessa religião frases do tipo:
“De homem nascerás Deus, pois derivas do divino.”
Com esse novo esquema de crenças , o homem via pela primeira vez a contraposição em si de dois princípios em contraste e luta: a alma(daimonium) e o corpo(como tumba ou lugar de expiação da alma).
Com isso rompe-se a visão naturalista; o homem compreende que algumas tendências ligadas ao corpo tem que ser reprimidas, ao passo que a purificação do elemento divino em relação ao ele,elemento corpóreo torna-se o objetivo do viver.
Sem o orfismo não se explicaria Pitágoras, nem Heráclito, nem Empédocles, e nem mesmo uma parte essencial do pensamento de Platão. Daí pode-se ver a dependência da filosofia para com o orfismo.
2.O CONCEITO DA FILOSOFIA ANTIGA.
A Filosofia(= amor pela sabedoria) tem por objeto a totalidade das coisas( toda a realidade, o”todo”) e nisso combina com a religião;usa um método racional, e nisto tem contactos com a ciência(com a qual por certo período se identifica); além disso , tem como escopo a “pura contemplação da verdade”, ou seja , o conhecimento da verdade enquanto tal, e nisso se diferencia das artes que têm intuito prevalentemente prático. 
A Contemplação da verdade- que é a aspiração natural dos homens – é vista como fundamento da moral e também da vida política no seu mais alto sentido e os filósofos consideram-na o momento supremo da vida do homem, fonte da verdadeira felicidade.
De acordo com a tradução, o criador do termo “filo-sofia”foi Pitágoras, o que , embora não sendo historicamente seguro, é no entanto verossímel.
O termo certamente foi cunhado por um espírito religioso, que pressupunha ser possível só aos deuses uma “Sofia”(sabedoria), ou seja, a posse certa e total do verdadeiro, enquanto reservava ao homem apenas um tendência à Sofia, uma contínua aproximação do verdadeiro, um amor ao saber nunca totalmente saciado – de onde o nome “filosofia”, ou seja amor pela sabedoria.
No que se refere ao conteúdo, a filosofia que explicar a totalidade das coisas, ou seja, toda a realidade, sem exclusão de partes ou momentos dela.
Distingue-se das ciências particulares, que assim se chamam por que se limitam a explicar partes ou setores da realidade.