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apostila Comunicação e expressão empresarial Agronegocio 2016

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Apostila da disciplina de 
Comunicação e Expressão Empresarial 
CEEN1 
 
 
TECNOLOGIA EM AGRONEGÓCIO 
 
 
1º Semestre/2016 
2 aulas semanais 
 
 
Dra. Elaine Ap. Campideli Hoyos 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1. Apresentação da Disciplina ....................................................................................................................03 
1.1. Objetivos gerais da disciplina ........................................................................................................03 
1.2. Conteúdo programático .................................................................................................................03 
1.3. Bibliografia básica .........................................................................................................................03 
1.4. Regras para uma boa convivência em sala de aula ......................................................................04 
2. Comunicação e sociedade ......................................................................................................................04 
2.1. Conceito de comunicação ............................................................................................................06 
2.1.1. A Comunicação Empresarial ...................................................................................................07 
2.2. Comunicação, Língua e Linguagem .............................................................................................08 
3. A diversidade cultural e linguística brasileira .......................................................................................09 
3.1. As variedades linguísticas e os níveis de linguagem ....................................................................12 
4. Competências necessárias à leitura e à produção de textos ..............................................................14 
4.1. Conceito de texto .......................................................................................................................... 14 
4.2. Fatores de textualidade .................................................................................................................17 
4.3. As informações implícitas:pressupostos e subentendidos ............................................................20 
4.4. A articulação entre os parágrafos: coerência e coesão ................................................................22 
4.4.1. Coerência ............................................................................................................................... 22 
4.4.2. Coesão ................................................................................................................................... 24 
4.4.3. Algumas observações ortográficas ........................................................................................ 26 
5. Os gêneros textuais e os vários tipos de textos .................................................................................. 28 
5.1. Os tipos textuais ........................................................................................................................... 29 
5.2. Gêneros técnicos, científicos e acadêmicos .................................................................................30 
5.2.1. O artigo científico ................................................................................................................... 30 
5.2.2. O resumo ................................................................................................................................ 32 
5.2.3. A síntese .................................................................................................................................33 
5.2.4. A resenha crítica .....................................................................................................................33 
5.2.5. O relatório ............................................................................................................................... 35 
5.3. Os tipos textuais ........................................................................................................................... 35 
5.4. A linguagem técnica e científica ................................................................................................... 35 
5.4.1. A impessoalização como fonte de objetividade ..................................................................... 36 
6. Gêneros orais .......................................................................................................................................... 37 
6.1. Textos orais e textos escritos ....................................................................................................... 37 
6.2. O seminário: um gênero oral ........................................................................................................ 39 
6.3. A expressão oral .......................................................................................................................... 40 
7. Complemento gramatical ....................................................................................................................... 41 
7.1. Pontuação ....................................................................................................................................41 
7.2. Regência nominal e verbal ........................................................................................................... 44 
7.3. Acentuação gráfica ....................................................................................................................... 49 
7.4. Crase ............................................................................................................................................ 49 
 
8. A redação empresarial ...............................................................................................................51 
8.1. A correspondência ................................................................................................................51 
8.2. O memorando .......................................................................................................................53 
8.3. O e-mail ................................................................................................................................53 
Atividades Complementares ........................................................................................................................ 55 
Leituras complementares ..............................................................................................................................66 
1. Os dois lados dos “erros de português” – Marcos Bagno .............................................................66 
2. De onde vem a Língua Portuguesa .............................................................................................. 67 
3. Resumo X Resenha ..................................................................................................................... 68 
4. Comunicação interna e externa ....................................................................................................69 
Referências Bibliográficas .....................................................................................................................733 
 
1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
Caro aluno 
A disciplina de Comunicação e Expressão Empresarial aborda o uso da língua materna de 
maneira coerente e precisa, explorando os recursos expressivos da linguagem, para ler, interpretar 
e escrever diversos gêneros textuais, contextualizando-os à área do Agronegócio, na medida do 
possível. Assim, visa ampliar seu universo cultural e expressivo e seus conhecimentos e vivências 
de comunicação e de novas leituras do mundo, abordando conteúdos que promovam a 
compreensão da diversidade cultural, a valorização das linguagens utilizadas nas sociedades 
atuais, bem como da diversidade étnica e linguística brasileiras. 
O componente curricular trabalha através do exercício e aprimoramento da comunicação e da 
expressão oral, bem como o desenvolvimento da textualidade, com ênfase em aspectos 
organizacionais do texto escrito de natureza técnica e científica, acadêmica e profissional. Tudo 
isso proporcionará a você a capacidade de melhorar o seu desempenho na produção de textos 
diversos, tanto na linguagem oral como na escrita, e de desenvolver recursos para a utilização da 
língua não apenas como veículo de comunicação, mas como espaço constitutivo da sua 
identidade. 
Quando falamos em comunicação, a abrangência é ilimitada. Na interação humana, a 
comunicação pode ser realizada por meio de um simples gesto, ou até por meio da complexidade 
de um texto científico escrito. Dois conhecidos se encontram na rua, cada um de um lado dela, e o 
meio mais fácil de cumprimento acaba se tornando o gestual: ambas as pessoas, então, levantam 
a mão e a gesticulam de forma típica. Uma mãe, preocupada com o atraso da filha, liga e elas 
conversam, ou seja, comunicam-se por meio da língua portuguesa. 
 
1.1. OBJETIVOS GERAIS DA DISCIPLINA 
 Desenvolver consciência sobre gêneros e modalidades textuais. 
 Desenvolver conhecimentos sobre a produção de textos em que se apliquem as 
normas linguísticas adequadas, tanto ao registro linguístico quanto ao gênero textual. 
 Desenvolver a capacidade de reconhecimento e aplicação de recursos de coesão e 
coerência. 
 Pesquisar e analisar informações da área de agronegócios em diversas fontes 
impressas e eletrônicas. 
 Conhecer os procedimentos linguísticos que levem à qualidade nas atividades 
relacionadas com o hóspede. 
 
1.2. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: 
• Compreensão da diversidade cultural: leitura e interpretação de textos, bem como a 
promoção de debates acerca da diversidade étnica e linguística brasileira 
• Indicadores linguísticos: vocabulário; morfologia; sintaxe; semântica; grafia; pontuação; 
acentuação; indicadores extralinguísticos: efeito de sentido e contextos socioculturais; modelos 
preestabelecidos de produção de texto; 
• Redação de ofícios; memorandos; comunicados; cartas; avisos; declarações; recibos; carta-
currículo; curriculum vitae; relatório técnico; contrato; técnicas de redação; 
• Parâmetros de níveis de formalidade e adequação de textos a diversas circunstâncias de 
comunicação verbal; 
• Tipologias acadêmicas: fichamento, resumo, resenha descritiva, resenha critica; 
• Noções de coerência e coesão; recursos de coerência e procedimentos relacionados à 
coesão. 
 
1.3. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
CÂMARA JUNIOR, Joaquim M. Manual de expressão oral e escrita. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 
2002. 
MEDEIROS, João Bosco. Redação empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010 
4 
 
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto. São Paulo: Ática, 2003. 
FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 11. ed. São Paulo: Ática, 2009. 
MARTINS, D. S. Português instrumental. São Paulo: Atlas, 2010. 
FÁVERO, L. L.; KOCH, Ingedore Villaça. Linguística Textual: Introdução. 4. ed. São 
Paulo: Cortez, 2005. 
OLIVEIRA, J. P. M. de. Como escrever textos técnicos. São Paulo: Pioneira Thomson 
Learning, 2005. 
LUFT, C. P. Novo manual de português: redação, gramática, literatura, ortografia oficial, 
textos e testes. 17. ed. São Paulo: Globo, 1991. 
 
1.4. REGRAS PARA UMA BOA CONVIVÊNCIA EM SALA DE AULA 
 Respeito mútuo. 
 Diálogo oportuno e ordenado (permissão/concessão para falar); não serão toleradas 
“conversas” intempestivas durante as aulas, bem como linguajar “chulo” e “deselegante”; 
 Pontualidade. Por favor, respeitem tanto o horário de entrada como o de saída. A aula se 
iniciará sempre no horário previsto. Se houver a necessidade de sair antes do término da 
aula ou a entrada ocorrer após a da professora, que seja feito de modo silencioso. Evitem 
o “entra e sai” desnecessário. 
 Não usar ou manusear telefones celulares dentro da sala de aula. Mantenham-no, 
preferivelmente, desligado. 
 Atenção ao número de faltas que não pode ultrapassar 25% sobre o número de aulas 
dadas. Faltas reprovam. 
________________________ **** ________________________ 
 
2.COMUNICAÇÃO E SOCIEDADE 
“Se não somos inteligíveis 
é porque não somos inteligentes.” 
Rousseau 
 
COMUNICAÇÃO 
Luís Fernando Veríssimo 
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. 
Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome? 
— Posso ajudá-lo, cavalheiro? 
— Pode. Eu quero um daqueles, daqueles... 
— Pois não? 
— Um... como é mesmo o nome?- Sim? 
— Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa 
simples, conhecidíssima. 
— Sim senhor. 
— O senhor vai dar risada quando souber. 
— Sim senhor. 
— Olha, é pontuda, certo? 
— O quê, cavalheiro? 
— Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma 
volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta 
tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se 
diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, 
entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende? 
— Infelizmente, cavalheiro... 
— Ora, você sabe do que eu estou falando. 
5 
 
— Estou me esforçando, mas... 
— Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo? 
— Se o senhor diz, cavalheiro. 
— Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não 
saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero. 
— Sim senhor. Pontudo numa ponta. 
— Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem? 
— Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem 
sabe o senhor desenha para nós? 
— Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação 
em desenho. 
— Sinto muito. 
— Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um 
débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. 
Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum 
problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um 
rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está pensando. 
— Eu não estou pensando nada, cavalheiro. 
— Chame o gerente. 
— Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa 
que o senhor quer, é feito do quê? 
— É de, sei lá. De metal. 
— Muito bem. De metal. Ela se move? 
— Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra 
aqui e encaixa na ponta, assim. 
— Tem mais de uma peça? Já vem montado? 
— É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço. 
— Francamente... 
— Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem 
vindo, outra volta e clique, encaixa. 
— Ah, tem clique. É elétrico. 
— Não! Clique, que eu digo,é o barulho de encaixar. 
— Já sei! 
— Ótimo! 
— O senhor quer uma antena externa de televisão. 
— Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo... 
— Tentemos por outro lado. Para o que serve? 
— Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta 
pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa. 
— Certo. Esse instrumentos que o senhor procura funciona mais ou menos como um 
gigantesco alfinete de segurança e... 
— Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança! 
— Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro! 
— É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome? 
 
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2.1. CONCEITO DE COMUNICAÇÃO 
 
A palavra “comunicação” pode ser desmembrada em: “comum” + “ação”, ou melhor, 
“ação em comum”. Deriva do latim “communicare” cujo significado é “tornar/pôr em comum”, 
“compartilhar”, “partilhar”, “trocar opiniões”. E é isso que nós, seres humanos, fazemos no 
nosso dia a dia: partilharmos ideias, informações, trocamos mensagens, modos de vida, etc. 
Você já parou para pensar na importância da comunicação na nossa vida? 
 
“(...)Não basta ser inteligente, ter uma boa formação 
universitária, falar várias línguas, para ser bem sucedido. 
(...) o verdadeiro sucesso depende da habilidade de 
relacionamento interpessoal, da capacidade de 
compreender e comunicar ideias e emoções” (Abreu, 2001) 
 
A comunicação consiste no processo de transmissão de uma mensagem entre um 
emissor e um receptor, o qual decodifica, interpreta a mensagem. Portanto, comunicação 
implica participação, interação entre dois ou mais elementos, um emitindo informações, outro 
recebendo e reagindo. Para que a comunicação se efetive, há oito etapas, sendo três da parte 
do emissor e cinco que envolvem o receptor. O emissor tem que elaborar uma ideia, codificar 
e transmitir a mensagem. Já o receptor recebe a mensagem, decodifica, aceita, usa a 
informação recebida e dá uma resposta. 
Comunicar implica também a consciência e 
responsabilidade de seus usuários. Saber comunicar-
se, iniciar e encerrar uma conversação, fazer e 
responder perguntas, elogiar, dar e receber 
conselhos, são algumas habilidades de comunicação 
que são muito valorizadas no âmbito profissional e 
afetivo. Muitas dessas habilidades envolvem outras 
como um uso adequado da entonação, do volume de 
voz, a expressão facial, os gestos, etc. Ao dar um 
conselho, esse pode ser compreendido de forma 
construtiva ou não. No primeiro caso, traz 
consequências positivas, enquanto no segundo faz o 
contrário, causando dor, tristeza e sofrimento a quem o recebe. Assim, torna-se fundamental 
planejar adequadamente a nossa forma de comunicação, de modo ético e responsável. 
Para que a comunicação seja eficiente, é necessário que haja um código comum aos 
interlocutores, ou seja, que os envolvidos compartilhem ou tenham domínio parcial ou total dos 
códigos utilizados. O desconhecimento do mesmo pode gerar falhas ou ruídos na 
comunicação. O código pode envolver gestos, sons, uma língua natural, cores, imagens, etc. A 
mensagem é codificada e então transmitida por meio de um canal de comunicação (telefone, 
celular, televisão, jornal, rádio, etc.). 
 
 
Transcrição da tirinha: “Acho que ele quer se comunicar com a gente!” 
7 
 
 
1 
 
 
2.1.1. A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL2 
 
A comunicação empresarial (organizacional, corporativa ou institucional) é uma ferramenta 
estratégica que abrange um amplo conjunto de funções, atividades, estratégias, ações e 
processos. Todos esses elementos visam melhorar e manter a imagem e os resultados obtidos de 
uma empresa ou entidade, junto a seus públicos de interesse ou à opinião pública. 
Em algumas empresas, os principais responsáveis por esse tipo de comunicação são os 
diretores ou gestores, pois todos os conhecimentos estão interligados e são fundamentais para 
uma boa prática comunicativa dentro da empresa. 
A qualidade na comunicação é um quesito muito importante pois gera o desenvolvimento do 
negócio administrado pela organização. De modo geral, o profissional que se propõe a estabelecer 
uma comunicação precisa e clara, deve ter visão, ação integral, rápidas decisões, iniciativa e 
manter-se atualizado e informado plenamente do negócio proposto pela empresa, além dos 
conhecimentos linguísticos necessários para atingir seu objetivo. Muitas vezes, os problemas, 
internos ou externos, surgem de falhas na comunicação. Portanto, uma comunicação eficaz, clara 
e coerente só vem a proporciona resultados positivos dentro de uma administração. 
O principal objetivo, ao se estabelecer uma comunicação, é levar uma mensagem ao seu 
destino certo. Os objetivos de uma mensagem podem variar de acordo os elementos envolvidos no 
processo comunicativo. São 6 (seis) os elementos básicos da comunicação: 
 
 
Fonte: http://eadgrad.unigran.br/webaulas/grad_12014/farmacia/linguagem_argumentacao 
 
 
1
 Fonte: http://lauroportugues.blogspot.com.br/2013_09_01_archive.html 
2
 Fonte: http://www.okconcursos.com.br/apostilas/apostila-gratis/111-administracao-geral/155-comunicacao-
empresarial#.VrtyVlmT4-0 
8 
 
Emissor ou enunciador: aquele que emite a mensagem; 
Receptor ou destinatário: aquele que recebe a mensagem; não precisa, 
necessariamente, ser um decodificador da mensagem; 
Mensagem: objeto da comunicação; aquilo que o emissor transmite ao receptor. 
Canal da comunicação: meio pelo qual a mensagem é transmitida; 
Código: conjunto de signos e suas regras de comunicação; podem ser verbais ou não 
verbais. 
Referente: assunto abordado na comunicação; conteúdo da mensagem. 
 
 
 
2.2. COMUNICAÇÃO, LÍNGUA E LINGUAGEM 
 
A linguagem permite relacionarmos com outras pessoas, trocar informações, expressar 
afetos e emoções, influenciar outras pessoas em suas decisões e ações, etc. É tida como um lugar 
de interação humana, com a consequente produção de efeitos de sentido entre os interlocutores 
em uma dada situação de comunicação e num determinado contexto sócio histórico. 
O termo linguagem deve ser entendido como faculdade mental que distingue os humanos de 
outras espécies e possibilita nossos modos específicos de pensamento, conhecimento e interação 
entre os semelhantes. 
Chamamos de linguagem a todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar 
atos de comunicação. Assim, na vida em sociedade, o homem – possuidor de uma capacidade 
criativa e cumulativa – cria uma série de códigos para atender às suas necessidades de 
sobrevivência, de afeto, de intercâmbio. 
Todo e qualquer processo humano capaz de expressar 
e compartilhar significado constitui linguagens: tirar foto, pintar 
quadros, compor músicas, dançar, etc. Assim, o ser humano 
utiliza as mais diferentes linguagens: a da música, a da dança, 
a da pintura, a dos surdos-mudos, a dos sinais de trânsito, a 
da língua que se fala, entre outras. A linguagem é produto de 
práticas sociais de uma determinada cultura que a representa 
e a modifica, numa atividade predominantemente social. 
Quando a comunicação ocorre por meio de uma 
linguagem falada ou escrita, denomina-se linguagem verbal. Trata-se de uma forma de 
comunicação exclusiva dos seres humanos e a mais importante. 
As formas de comunicação que recorrem a sistemas de sinais como gestos, expressões 
faciais, imagens, etc., são chamadas de linguagem não verbal. Os sinais utilizados pelos surdos-
mudos, por exemplo, pinturas, músicas orquestradas, a dança, os olhares, até o silêncio, são 
todos considerados linguagem não verbal. 
 
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As duas formas de linguagem, verbal e não verbal, podem 
aparecer juntas em um mesmo texto, construindo a significação. 
Pode-se afirmar que a linguagem é múltipla pois permiteque o 
ser humano se expresse e interaja com os demais a partir da 
combinação dos mais variados códigos. 
A língua é o instrumento mais utilizado para que se dê a 
interação entre os seres humanos. Segundo o linguista Saussure, 
a língua é um “sistema de signos convencionais usados pelos 
membros de uma mesma comunidade”. Em outras palavras, é 
um tipo de código formado por palavras e leis combinatórias 
por meio do qual as pessoas, de uma mesma comunidade, se comunicam e interagem entre 
si. Quanto maior o domínio que temos da língua, maior é a possibilidade de um desempenho 
linguístico eficiente. 
A língua, entretanto, não é estática e imutável. Pelo contrário, está sempre submetida a 
mudanças, que são de diferentes origens. 
 
 
A interação pela linguagem se materializa por meio de textos, sejam eles orais (falados) ou 
escritos. Tais planos se referem aos suportes físicos (meios pelos quais o enunciado é transmitido): 
o oral se transmite por ondas sonoras, enquanto o gráfico ocorre por signos em suportes sólidos. 
Fala e escrita são duas modalidades de uso (muitas vezes, individual) da língua, que, embora 
utilizem o mesmo sistema linguístico, possuem características próprias. Cada uma tem sua forma, 
sua gramática e seus recursos expressivos. 
 
3. A DIVERSIDADE CULTURAL E LINGUÍSTICA BRASILEIRA 
Todos nós usamos uma determinada língua para falar, da qual conhecemos as estruturas 
gerais básicas de funcionamento. Contudo, é bastante comum que dentro de um mesmo idioma 
ocorram algumas variações dentro dessas estruturas básicas devido à influência de inúmeros 
fatores. A essas variações, menos ou mais evidentes, damos o nome de variedades ou variações 
linguísticas. 
Todas as línguas apresentam uma imensa possibilidade de variedades ou variações 
linguísticas, isto é, não são faladas da mesma maneira nos diversos lugares, nos distintos grupos 
sociais, nas diferentes épocas, nas diversas situações do dia a dia, por todas as pessoas 
10 
 
pertencentes à mesma comunidade. Além disso, não se pode falar de regras fixas e imutáveis com 
relação ao uso de uma língua. Essa pode sofrer transformações ao longo do tempo. 
Compare, ainda, os seguintes textos3: 
 
 
 
Ao compararmos textos antigos com os atuais, podemos perceber diferenças no estilo e em 
expressões. A Língua é um conjunto de variedades, pois engloba diferentes manifestações. Não é 
homogênea nem uniforme. As variações podem ser decorrentes do uso individual da língua ou de 
outros fatores como época, região geográfica, ambiente e status cultural e social dos falantes. As 
diferenças podem se manifestar no vocabulário, na pronúncia e até mesmo na organização 
sintática da frase. 
Assim, as variações podem ser classificadas em: 
 
- variação sociocultural ou diastrática: diferenças decorrentes do grau de instrução do indivíduo. 
Algumas classes sociais dominam uma forma de língua que goza prestígio, enquanto outras são 
vítimas de preconceito. Também há variedades condicionadas a certos grupos sociais restritos que 
desenvolvem um vocabulário que não é compreendido por aqueles que não fazem parte do grupo 
(línguas técnicas, gírias). Pode ser por idade ou sexo também. 
FRASE 1: “Ta na cara que eles não teve peito de encará os ladrão” 
FRASE 2: “Obviamente faltou-lhes coragem para enfrentar os ladrões” 
É comum associarmos a primeira frase a falantes pertencentes a grupos sociais economicamente 
mais pobres, que não frequentaram ou concluíram, muitas vezes, a educação escolar. Por outro 
lado, a segunda frase é associada a falantes com melhores condições socioeconômicas e que 
tiveram mais oportunidades de educação escolar. Essa diferenciação, contudo, está bastante 
simplificada pois a utilização da língua (a escolha das palavras, por exemplo) está relacionada a 
outros fatores que interferem no momento da comunicação. Um advogado, por exemplo, não 
usaria a expressão “ta na cara” em um tribunal, mas poderia utilizá-la em uma situação informal, 
entre amigos. 
- variação geográfica ou diatópica: a língua assume formas variadas nas diferentes regiões em 
que é falada. No Brasil, é uma variação bastante grande e notável. Essa variação se caracteriza 
pelo acento linguístico (qualidades do som que se notam na pronúncia, principalmente) e que 
 
3
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constitui os falares, os sotaques e os dialetos. Sotaque 
pode ser definido como as característica da pronúncia 
de uma determinada região (sotaque mineiro, 
nordestino, gaúcho, etc.). Importante: nenhuma dessas 
formas é superior ou inferior às outras. 
A variação geográfica também é bastante percebida no 
vocabulário, em certas estruturas frásicas e no sentido 
diferente que algumas palavras assumem em diferentes regiões do país. 
 
“- Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado Mangolô] 
 - Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não faço, porque não paga a 
pena... De primeiro, quando eu era moço, isso sim!... Já fui gente! Gente. Para ganhar 
aposta, já fui, de noite, fora d’hora, em cemitério... (...) Quando a gente é novo, gosta 
de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não: estou percurando é sossego...” 
(“São Marcos”, conto de Guimarães Rosa) 
 
- variação histórica ou diacrônica: as línguas não são estáticas, fixas. Elas mudam ao longo do 
tempo e com o uso. Mudam a forma de falar, as palavras e o sentido delas, a grafia, etc. 
 
ANTIGAMENTE 
Carlos Drummond de Andrade4 
Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se esquecia de arear os 
dentes antes de cair nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se 
esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de 
debicar os mais velhos, pois levava a tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo 
voltava aos penates. Não ficava mangando na rua nem escapulia do mestre, mesmo que não 
entendesse patavina da instrução moral e cívica. (...) 
A pronúncia e o vocabulário são os dois componentes da linguagem em que se manifesta 
com mais evidência o fenômeno da variação. Porém, ele ocorre em diferentes níveis: fônico (as 
diferentes pronúncias do “r”, por exemplo), morfológico (usos por analogia: se eu ler; *se eu ver por 
se eu vir); sintático (usos de tu e você); lexical (macaxeira, mandioca, aipim). 
 
Quem não se comunica...5 
J.J. Veiga 
Havia no Rio de Janeiro nos anos 1920 um gramático famoso, professor do Pedro II, inimigo 
dos galicismos, dos pronomes malcolocados e da linguagem descuidada. Falava empolado6 e 
exigia correção de linguagem até em casa com a família. Uma vez, esse gramático foi passar 
férias em um hotel-fazenda de Teresópolis. Lá, um dia, decidiu dar um passeio a cavalo pelos 
terrenos da fazenda. Por segurança, ia acompanhado de um cavalariço montado em um 
burrinho. Pelas tantas, o cavalo do gramático disparou. O cavalariço foi atrás em seu 
burrinho, gritando: “Doutor, puxe a rédea! Doutor, puxe a rédea!” 
 Nada aconteceu, até que o cavalo saltou um valado7 e jogou o gramático numamoita de urtiga. Finalmente o cavalariço o alcançou, levantou-o e ajudou-o a se livrar de 
uns espinhos que se grudaram nele. “Doutor, por que o senhor não puxou a rédea? Eu 
vinha gritando atrás, doutor, puxe a rédea, doutor, puxe a rédea!” 
 
4
 Trecho extraído de Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983, p. 1320 
5
 Fonte: VEIGA, J. J. O Almanach de Piumhy. RJ: Record, 1998, In. Português Língua e Literatura – pág. 154. 
6
 Empolado: pomposo. 
7
 Valado: elevação de terra que limita e rodeia uma propriedade rústica. 
12 
 
 O gramático, já senhor de si, perguntou: “E o que é puxar a rédea?” 
 “É fazer isso, ó”, e fez o gesto explicativo. 
 “Ah! Dissesses sofreia o corcel, eu teria entendido.” 
 
3.1. AS VARIEDADES LINGUÍSTICAS E OS NÍVEIS DE LINGUAGEM 
 
O nosso modo de falar faz parte de nossa identidade, revelando características individuais 
como a idade, sexo, profissão, grau de escolaridade, região de nascimento, etc. Tudo isso deve ser 
respeitado. Entretanto, é fundamental aprendermos a utilizar a linguagem adequada de acordo com 
a situação interacional em que nos encontramos (conversa entre amigos, entrevista de emprego, 
meio acadêmico, etc.). 
Convencionalmente, determina-se como “correta” a língua utilizada pelo grupo de maior 
prestígio na sociedade e de maior instrução, sendo chamada de língua culta. 
Existem, basicamente, duas divisões funcionais da língua: 
 
- Modalidade Formal, Culta ou Língua Padrão = compreende a língua gramaticalmente correta, 
ou seja, que segue as normas cultas. É a linguagem literária, a forma linguística utilizada pelo 
segmento mais culto e influente da sociedade. Por isso, é usada pelos veículos de comunicação de 
massa e aparece em textos técnicos, científicos, jornalísticos; sempre em situações que exigem 
formalidade. 
 
- Modalidade Informal, popular, cotidiana ou Língua Coloquial = apresenta diversas gradações, 
admitindo (alguns) deslizes na norma culta, uso de abreviaturas, de expressões como a gente (em 
lugar de nós), pra (em lugar de para), de gírias, de frases feitas, entre outras. É usada em contexto 
de informalidade, como bate-papo pela internet e diálogos, pois é mais espontânea, dinâmica e 
criativa. 
 
Nas relações sociais, podemos observar que nem todos falam da mesma forma. Uma mesma 
pessoa, dependendo do meio em que se encontra, da situação sociocultural dos interlocutores, 
usará diferentes níveis da linguagem: 
Estou preocupado. (norma culta) 
Tô preocupado. (língua popular) 
Tô percupado. (língua popular) 
Tô grilado. (língua popular – gíria) 
 
USO COLOQUIAL USO CULTO 
pronúncia descuidada de certas palavras: nóis, num 
vô, num qué, cê tá bem? 
maior cuidado com a pronúncia: nós, não vou, não 
quer, você está bem? 
falta de concordância: Os menino vai bem. Utilização de concordância: Os meninos vão bem 
uso constante de “a gente” no lugar de “nós” Uso regular da forma “nós” 
Emprego de expressões do tipo: né, então, aí, pois é, 
tipo assim. 
Raro uso dessas expressões. 
Mistura de pessoas gramaticais: Você sabe que te 
enganam. Eu se perdi. 
Uniformidade no uso das pessoas gramaticais: Você 
sabe que o/ enganam. Tu sabes que te enganam. Eu 
me perdi. 
Uso livre da flexão de verbos: Se ele fazer, se ele 
por... 
Uso da flexão verbal conforme as normas gramaticais: 
Se ele fizer, se ele puser... 
Uso de gírias Sem gírias 
 
13 
 
Ao uso individual da língua, damos o nome de fala: é o modo particular, personalizado, 
como cada pessoa utiliza a língua da sua comunidade. Reflete a preferência do indivíduo por 
certas palavras ou construções, seja por hábito ou opção consciente, de expressões ou palavras já 
existentes dentro de uma língua, no nosso caso, a língua portuguesa. 
A fala é a atividade linguística concreta. Inclui todas as variações aceitas socialmente e 
representa sempre um ato individual. O importante é saber usar a melhor forma (oral, escrita, 
padrão ou coloquial) de acordo com a situação de comunicação, a fim de ser o mais bem sucedido 
nas interações cotidianas. O grau de formalidade, a entonação, as escolhas lexicais, dentre outros 
aspectos, na fala, vão depender dos interlocutores envolvidos e da situação de comunicação. 
Algumas situações comunicativas, como é o caso do âmbito acadêmico e profissional, entrevistas 
de emprego, etc., pedem a linguagem padrão e formal, por exemplo, além de uma postura 
adequada. No caso de uma conversa familiar cotidiana, esses aspectos são indiferentes. 
 
 
14 
 
4. COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS À LEITURA E À PRODUÇÃO DE TEXTOS8 
 
CASO DE SECRETÁRIA 
Carlos Drummond de Andrade 
Foi trombudo para o escritório. 
 Era dia de seu aniversário, e a esposa nem sequer o abraçara, não fizera a 
mínima alusão à data. As crianças também tinham se esquecido. Então era 
assim que a família o tratava? Ele que vivia para os seus, que se arrebentava de trabalhar, não 
merecer um beijo, uma palavra ao menos! 
Mas, no escritório, havia flores à sua espera, sobre a mesa. Havia o sorriso e o abraço da 
secretária, que poderia muito bem ter ignorado o aniversário, e entretanto o lembrara. 
 Era mais do que uma auxiliar, atenta, experimentada e eficiente, pé-de-boi da firma, como até 
então a considerara; era um coração amigo. 
Passada a surpresa, sentiu-se ainda mais borocochô: o carinho da secretária não curava, abria 
mais a ferida. Pois então uma estranha se lembrava dele com tais requintes, e a mulher e os filhos, 
nada? Baixou a cabeça, ficou rodando o lápis entre os dedos, sem gosto para viver. 
Durante o dia, a secretária redobrou de atenções. Parecia querer consolá-lo, como se medisse 
toda sua solidão moral, o seu abandono. Sorria, tinha palavras amáveis, e o ditado da 
correspondência foi entremeado de suaves brincadeiras da parte dela. 
— O senhor vai comemorar em casa ou numa boate? 
Engasgado, confessou-lhe que em parte nenhuma. Fazer anos é uma droga, ninguém gostava 
dele neste mundo, iria rodar por aí à noite, solitário, como o lobo da estepe. 
— Se o senhor quisesse, podíamos jantar juntos – insinuou ela, discretamente. 
E não é que podiam mesmo? Em vez de passar uma noite besta, ressentida — o pessoal lá em 
casa pouco está me ligando —, teria horas amenas, em companhia de uma mulher que — 
reparava agora — era bem bonita. 
Daí por diante o trabalho foi nervoso, nunca mais que se fechava o escritório. Teve vontade de 
mandar todos embora, para que todos comemorassem o seu aniversário, ele principalmente. 
Conteve-se, no prazer ansioso da espera. 
— Onde você prefere ir? – perguntou, ao saírem. 
— Se não se importa, vamos passar primeiro em meu apartamento. Preciso trocar de roupa. 
Ótimo, pensou ele; – faz-se a inspeção prévia do terreno, e, quem sabe? 
— Mas antes quero um drinque, para animar — ela retificou. Foram ao drinque, ele recuperou 
não só a alegria de viver e fazer anos, como começou a fazê-los pelo avesso, remoçando. Saiu 
bem mais jovem do bar, e pegou-lhe do braço. 
No apartamento, ela apontou-lhe o banheiro e disse-lhe que o usasse sem cerimônia. Dentro de 
quinze minutos ele poderia entrar no quarto, não precisava bater — e o sorriso dela, dizendo isto, 
era uma promessa de felicidade. 
Ele nem percebeu ao certo se estava se arrumando ou se desarrumando, de tal modo os quinze 
minutos se atropelaram, querendo virar quinze segundos, no calor escaldante do banheiro e da 
situação. Liberto da roupa incômoda, abriu a porta do quarto. 
 Lá dentro, sua mulher e seus filhinhos, em coro com a secretária, esperavam-no cantando 
"Parabéns para você." 
 
4.1. Conceito de texto 
 
Para transmitir ideias, informações, opiniões, entre outras coisas, em uma situação de 
interaçãocomunicativa, os usuários se utilizam do texto. Tradicionalmente, o texto é uma 
combinação de frases inter-relacionadas (essas compostas por palavras) que formam um todo 
 
8
 Texto: Pêndulo - E. M. DE MELO E CASTRO. 
15 
 
significativo, sendo necessárias a coerência, a coesão e a adequação às circunstâncias de uso 
(textos adquirem sentido na situação comunicativa na qual são produzidos ou estão inseridos). 
Não se pode isolar frase alguma de um texto e tentar conferir-lhe o significado que se 
deseja. Uma mesma frase pode adquirir significados distintos dependendo do contexto no qual 
ela está inserida. Portanto, para se realizar uma boa leitura, deve-se considerar o contexto em 
que a passagem lida está inserida. 
Contexto é uma unidade linguística maior na qual se encaixa uma unidade linguística 
menor: a palavra se encaixa em uma frase; a frase no parágrafo; o parágrafo no capítulo; o 
capítulo no contexto de um livro. 
Há ainda aquele contexto que, muitas vezes, não vem explicitado linguisticamente. O texto 
mais amplo dentro do qual se encaixa uma passagem menos pode vir implícito ou pressuposto. 
Observe: 
A nossa cozinheira está sem paladar. - Que significados podemos produzir? 
 
Outra consideração importante é que todo texto é instituído de intenção, uma vez que 
recorremos a ele com um objetivo específico. Produzimos – fala, escrita – com a intenção de 
fazer algo e o sucesso da comunicação está na identificação dessa intenção por parte do 
interlocutor (o outro, com quem falamos ou para quem escrevemos). O texto é, portanto, um 
pronunciamento. De uma forma ou de outra, constrói-se um texto para marcar uma posição ou 
participar de um debate. Até mesmo uma simples notícia, por mais objetivo e neutro que pareça, 
tem sempre alguma intenção por trás. 
 
“O absolutamente evidente é que falamos sempre em um lugar, onde 
acontece determinado evento social, e com a finalidade de, intervindo na 
condução desse evento, executar qualquer ato de linguagem: expor, defender ou 
refutar um ponto de vista, fazer um comentário, dar uma justificativa, uma ordem, 
fazer o relato de um fato, convencer, expressar um sentimento, apresentar um 
plano, uma pessoa, um lugar, fazer uma proposta, ressaltar as qualidades de um 
produto, pedir ou oferecer ajuda, fazer um desabafo, defender-se, protestar, 
reivindicar, dar um parecer, sintetizar uma ideia, expor uma teoria; enfim, fazemos 
o dia todo e todos os dias, inúmeras ações de linguagem, cada uma, parte 
constitutiva de uma situação social qualquer” 
 (ANTUNES, 2010: 34-5) 
 
Não importa se o texto se constitui de uma letra, uma frase ou conjunto de período, se é 
grande ou pequeno. O importante é ser um todo unificado e que cumpra uma função comunicativa 
dentro de um contexto. Segundo Koch (2003), todo texto é uma atividade verbal, a serviço de fins 
sociais e inseridos em contextos mais complexos. Requer o uso de uma linguagem (verbal ou não-
verbal), uma unidade e uma intenção. É, portanto, uma atividade consciente, criativa e 
intencional. 
O leitor/ouvinte, por sua vez, espera sempre um texto dotado de sentido e procura, a partir da 
informação dada no contexto, construir uma representação coerente, por meio da ativação de seu 
conhecimento de mundo e/ou de deduções que o levam a estabelecer o entendimento do texto. A 
compreensão de um texto (escrito ou falado) demanda de nós, leitores, atenção, percepção, 
memória e pensamento. 
 
“(...) o sentido de um texto é construído na interação texto-sujeitos 
e não algo que preexista a essa interação. A leitura é, pois, uma 
atividade interativa complexa de produção de sentidos que se realiza 
evidentemente com base nos elementos linguísticos presentes na 
superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a 
16 
 
mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior do 
evento comunicativo” (KOCH) 
 
Fazemos o uso da língua portuguesa o tempo todo, 
isto é, falamos, ouvimos, lemos e escrevemos, e, quando 
praticamos essas ações, estamos interpretando e 
produzindo textos. Todos, inconscientemente, temos 
experiência leitora; lemos o tempo todo, no trabalho, em 
casa, na rua, etc. 
O sentido das coisas, portanto, vem até nós por meio 
da leitura, um ato individual de construção de significado 
num contexto que se configura mediante a interação autor/texto/leitor. O sentido de todas as coisas 
chega até nós, principalmente, por meio do olhar, da compreensão e da interpretação dos múltiplos 
signos que enxergamos. 
A leitura relaciona-se à memória. Durante a leitura, a nossa 
memória é ativada. O leitor ativa seus conhecimentos guardados e 
organizados na memória quando lê e essa ativação o ajuda a 
entender o texto. Quanto maior o repertório do leitor, mais condições 
ele tem para identificar vários níveis de leitura. A leitura sensorial é um 
dos níveis de leitura e tem como base os cinco sentidos: tato, paladar, 
audição, olfato e visão. 
Portanto, quando estamos em um ato de processamento textual, 
fazemos uso de estratégias de ordem sociocognitiva, ou seja, usamos 
os vários tipos de conhecimento que temos armazenado na memória. 
São, basicamente, três diferentes tipos de conhecimento: o 
linguístico, o enciclopédico e o interacional. 
 
* O conhecimento linguístico compreende o conhecimento gramatical e lexical, sendo o 
responsável pela articulação som-sentido. É ele o responsável, por exemplo, pela organização 
do material linguístico na superfície textual, pelo uso dos elementos de coesão disponíveis na 
língua, pela seleção lexical adequada ao tema e aos modelos cognitivos ativados. 
 
Assim, requer do leitor os seguintes aspectos: 
Gramatical, Lexical, Seleção de termos e Organização do texto e coesão. 
 
* O conhecimento enciclopédico (conhecimento de mundo) é aquele que se encontra 
armazenado na memória de longo tempo, também denominada semântica ou social. Refere-
se a conhecimentos gerais sobre o mundo – uma espécie de thesaurus mental. 
 
Requer do leitor os seguintes aspectos: o que está armazenado na memória, 
conhecimentos adquiridos por informações dadas e pela experiência. 
 
* O conhecimento interacional é o conhecimento sobre as ações verbais, isto é, sobre as 
formas de "interação" por meio da linguagem. Engloba o conhecimento do tipo ilocucional, 
comunicacional, metacomunicativo e superestrutural: 
Ilocucional: Permite-nos reconhecer os objetivos ou propósitos pretendidos pelo produtor do 
texto, em uma dada situação interacional. 
Comunicacional: Diz respeito à: 
 
• quantidade de informação necessária, numa situação comunicativa concreta, para que o 
parceiro seja capaz de reconstruir o objetivo da produção do texto; 
• seleção da variante linguística adequada a cada situação de interação; 
• adequação do gênero textual à situação comunicativa. 
17 
 
Metacomunicativo: É aquele que permite ao locutor assegurar a compreensão do texto e 
conseguir a aceitação pelo parceiro dos objetivos com que é produzido. Para tanto, utiliza-se 
de vários tipos de ações linguísticas configuradas no texto por meio da introdução de sinais de 
articulação ou apoios textuais, atividades de formulação ou construção textual. 
Superestrutural: Permite a identificação de textos como exemplares adequados aos diversos 
eventos da vida social. Envolve também conhecimentos sobre as macro categorias ou 
unidades globais que distinguem vários tipos de textos, bem como sobre a ordenação ou 
sequenciação textual em conexão com os objetivos pretendidos. 
 
Mitos ou Verdade sobre (d)a Leitura? 
 - Ato passivo; 
- Decodificar palavra por palavra; 
- Ler só uma vez é suficiente; 
- Lembrar de tudo que leu no texto; 
- Saber o significado de todas as palavras do texto para poder fazer uma leitura; 
- O importante é o queo texto traz para o leitor e não o que este leva para o texto. 
(KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. (2006). Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto.) 
 
 
No processo da leitura, fazemos uso do raciocínio dedutivo (que nos permite fazer 
inferências, possibilita a leitura das “entrelinhas”) e o raciocínio indutivo (que nos permite 
predizer a partir do nosso conhecimento de mundo, de outros textos, do nome do autor, das 
nossas condições sociais, etc.). O texto surge, então, da colaboração entre o autor e o leitor. O 
sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele. 
 
A figura ao lado é a capa de um livro, cujo título é “Raízes do 
Brasil”. 
O que você pode deduzir a partir da capa e do título? 
 Você conhece o autor? 
Na sua opinião, do que se trata o livro? 
Compreendendo que um texto não é uma mera soma de frases, o que o 
diferencia de um não texto é a sua textualidade, que se manifesta em 
diferentes graus. Não é o tamanho físico que faz um texto, mas sua 
discursividade e inteligibilidade. 
 
 
4.2. Fatores de textualidade 
 
São 7 os fatores de textualidade 
Coesão Coerência Informatividade Aceitabilidade 
Situacionalidade Intertextualidade Intencionalidade 
18 
 
 
Os dois primeiros fatores de textualização são de ordem linguística, enquanto os demais são 
do campo da pragmática. Vamos rever, brevemente, o que cada um desses fatores implica: 
NÍVEL LINGUÍSTICO: A organização interna do texto envolve dois fatores: a COERÊNCIA no 
aspecto semântico e a COESÃO no aspecto formal (da expressão) 
 
Coesão: ocorre na estrutura superficial; refere-se ao processo de encadeamento das ideias no 
texto, por meio de elementos gramaticais (conectivos) que estabelecem um nexo entre as 
ideias. Todas as palavras de um texto estão relacionadas entre si, por isso que um texto não é 
um simples amontoado de palavras. Observe o enunciado a seguir: 
Ex.: É consolador para os telespectadores, as más notícias são trazidas por uma bela repórter. 
Percebe-se que no exemplo citado, o pensamento está fragmentado e nota-se a falta de um 
elemento que faça um elo entre as orações. Veja agora o mesmo enunciado com o acréscimo 
de uma conjunção que dá uma relação de temporalidade entre os dois enunciados: 
Ex.: É consolador para o telespectador quando as más notícias são trazidas por uma bela 
repórter. 
 
O uso adequado dos conectivos confere unidade ao texto e contribui consideravelmente para 
a clara expressão das ideias. 
 
Coerência: Relaciona-se ao sentido do texto e se manifesta na construção de sentido da 
unidade do mesmo, implicando uma continuidade nas ideias presentes no texto. O texto segue 
um determinado tema, sendo necessário o encadeamento das ideias a partir desse tema para 
que não ocorram contradições. Está relacionada à interpretação do texto, pois uma ideia ajuda 
a compreender outra dentro do texto. A coerência é construída pelo leitor à medida que o texto 
faz sentido para ele. 
 
NÍVEL PRAGMÁTICO (externos ao texto) 
 
Intencionalidade: empenho do produtor em construir um texto coerente e coeso que satisfaça 
os seus objetivos numa determinada situação comunicativa: informar, impressionar, 
alarmar, convencer, persuadir, defender, etc. 
 
1. Aceitabilidade: diz respeito à expectativa do receptor; ele espera um texto coerente, 
coeso útil, relevante, que o leve a adquirir conhecimentos e a cooperar com o produtor. 
 
2. Situacionalidade: o lugar e o momento da comunicação. Adequação do texto à situação 
sociocomunicativa. 
 
3. Intertextualidade: diálogo entre textos com distintas finalidades. 
 
19 
 
4. Informatividade: informação presente no texto: saber com que conhecimentos do 
receptor se podem contar para equilibrar a quantidade de informações explícitas e implícitas. 
 
 
VAMOS TRABALHAR UM POUCO MAIS COM OS FATORES DE TEXTUALIDADE? 
 
As janelas da casa foram pintadas de azul, mas os pedreiros estão almoçando. A água 
da piscina parece limpa, entretanto foi tratada com cloro. A vista que tenho da casa é muito 
agradável. 
João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Também os 
mísseis são caríssimos. Os mísseis são lançados no espaço. Segundo a teoria da relatividade, o 
espaço é curvo. A teoria rimaniana dá conta desse fenômeno. (Marcuschi, 1983, 31) 
 
 
Um pouco mais sobre a Intertextualidade: Um escritor, ao fazer uso da palavra, muitas vezes, 
recorre a textos alheios específicos (diálogo entre textos) para fundamentar sua fala, discordar da 
fala alheia, citar um conceito, aludir a um conhecimento coletivo ou ilustrar o que pretender dizer etc. 
 
Um texto cita outro com, basicamente, duas finalidades distintas9: 
* Para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado; 
* Para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do texto citado; para polemizar com ele. 
 
A percepção das relações intertextuais, das referências de um texto a outro, depende do 
repertório do leitor. Quanto mais se lê, mais se amplia a competência para apreender o diálogo que 
os textos travam entre si por meio de referências, citações e alusões. Diz-se que todo texto remete a 
outros textos no passado e aponta para outros no futuro. Quanto mais elementos reconhecemos em 
um texto, mais fácil será a leitura e mais enriquecida será a nossa interpretação, ou seja, a 
intertextualidade é um fenômeno cumulativo: quanto mais se lê, mais se detectam vestígios de 
outros textos naquele que se está lendo. 
 
 
9
 Para ajudar na interpretação do anúncio: “No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho 
tinha uma pedra / no meio do caminho tinha uma pedra. 
Nunca me esquecerei desse acontecimento / na vida de minhas retinas tão fatigadas. 
Nunca me esquecerei que no meio do caminho / tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho / no meio do caminho tinha uma pedra” (Carlos Drummond de Andrade) 
20 
 
 
 
Você conhece o texto que se encontra na base dessa tirinha? 
 
4.3. As informações implícitas: pressupostos e subentendidos 
 
“Um leitor perspicaz é aquele capaz de ler nas entrelinhas. Se não tiver essa habilidade 
passará por cima de significados importantes”. (Platão & Fiorin) 
 
 
 
 
 
Como já foi mencionado, o texto nem sempre fornece todas as informações possíveis. Um 
dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas 
que parece não estar dizendo, pois algumas informações são transmitidas explicitamente, 
enquanto outras o são implicitamente. 
A partir de elementos presentes no texto, estabelecemos relações com as 
informações implícitas. Em outras palavras, além das informações explicitamente enunciadas 
no texto, existem aquelas outras que ficam implícitas. 
*Implícito: é algo que está envolvido naquele contexto, mas não é revelado, é deixado 
subentendido, é apenas sugerido. É quando lidamos com uma informação que não foi dita, mas 
tudo que é dito, nos leva a identificá-la. 
* A compreensão de implícitos é essencial para se garantir um bom nível de leitura. 
Por isso, o leitor/ouvinte precisa estabelecer relações dos mais diversos tipos entre os 
elementos do texto e o contexto, de forma a interpretá-lo adequadamente. Logo, além das 
informações explicitamente enunciadas, existem aquelas outras que ficam implícitas, 
como pressupostas ou subentendidas. 
21 
 
4.3.1. Pressupostos 
São aquelas ideias não expressas de modo explícito, mas que o leitor pode perceber a partir 
de certas palavras ou expressões contidas no enunciado. 
Ex.: Pedro passou a trabalhar à noite. 
O que pressupõe essa frase? (Que antes ele trabalhava de dia, ou que ele nãotrabalhava 
antes, dependendo da ênfase colocada em passar a ou em à noite) 
 Na pressuposição, a informação implícita é marcada linguisticamente pela presença de certas 
palavras ou expressões, como, no exemplo, o verbo passar a. A pressuposição refere-se a uma 
circunstância ou fato considerado antecedente natural de outro, ou seja, uma informação que 
integra o enunciado e denuncia determinada situação. Não é possível negá-la. 
Ex.: Parei de fumar há dois anos. (Pressuposto: Eu fumava). 
 
Logo, trata-se de pressuposto: 
 Conteúdo implícito marcado linguisticamente pela presença de certas palavras ou 
expressões; 
 Recurso argumentativo que tem como objetivo levar o receptor a aceitar determinadas 
ideias; 
 Uma informação estabelecida como verdade, indiscutível, tanto para o emissor quanto 
para o receptor. 
 
Marcas de pressuposto 
 
Certos advérbios como ainda, já, agora. 
Ex.: Os resultados da pesquisa ainda não chegaram. (Pressupõe-se que os resultados já 
deveriam ter chegado ou que os resultados vão chegar mais tarde) 
 
Verbos que indicam mudança ou permanência de estado, como ficar, começar a, passar a, 
deixar de, continuar, permanecer, tornar-se etc. 
Ex.: Maria continua triste. (Pressupõe-se que Maria estava triste antes do momento da 
enunciação). 
Certos conectores circunstanciais, especialmente quando a oração por eles introduzida vem 
anteposta, como desde que, antes que, depois que, visto que etc. 
Ex.: Desde que Ricardo casou, não cumprimenta mais as amigas. (Pressupõe-se que Ricardo 
cumprimentava as amigas antes de se casar). 
Adjetivos - Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil. (Pressuposto - Existem 
partidos radicais no Brasil.) 
 
 
4.3.2. Subentendidos 
São informações implícitas, insinuações, inferências, não marcadas linguisticamente 
no texto e escondidas por trás de uma afirmação. O subentendido difere do pressuposto num 
aspecto importante: ele é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender, 
esconde-se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o 
que o ouvinte depreendeu. 
Ex.: Uma pessoa está visitando a casa de outra num dia de muito frio e uma janela, por onde 
entra muito vento, está aberta. O visitante diz “Que frio terrível faz hoje”. 
 
Nesse caso, ele poderia estar insinuando “feche a janela”. Depende do dono da casa, o 
ouvinte, depreender a informação implícita. O subentendido SUGERE, mas não diz 
explicitamente. 
22 
 
 
 
4.4. A ARTICULAÇÃO ENTRE OS PARÁGRAFOS: COESÃO E COERÊNCIA 
 
A articulação entre os parágrafos depende de dois fatores: a coesão e a coerência. Pode haver 
entendimento textual sem um deles, contudo, para se escrever um texto de tal forma é preciso 
muita habilidade e domínio da língua. Cada gênero textual tem suas características próprias e, na 
maioria deles, para se obter um bom texto, são necessários também concisão, clareza, correção, 
adequação de linguagem, expressividade. 
 
 
4.4.1. Coerência 
 
 
 
A coerência deve ser entendida como unidade do texto. Não basta o texto ter frases, orações 
e períodos. É preciso que ele tenha um sentido que possa ser interpretado pelo leitor. Escrever 
bem é sempre pensar em quem está lendo, em sua capacidade de entender a mensagem. 
Um texto coerente deve ser um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de 
maneira complementar sem que haja algo destoante, ilógico, contraditório. A coerência de um texto 
é construída pela interação de fatores, entre o que está escrito no texto, ou seja, a língua 
manifestada e os conhecimentos prévios do leitor. É, portanto, o resultado da articulação das ideias 
de um texto. Diz que um texto é coerente se fizer sentido. 
Há diferentes níveis de coerência (Platão e Fiorin, 2001): 
 Coerência Narrativa: diz respeito às implicações lógicas existentes entre as partes 
da narrativa. De modo geral, em uma narrativa, uma fase posterior depende da anterior. Por 
exemplo, para que uma personagem realize uma ação, é preciso que ela tenha capacidade, 
ou seja, saiba e possa fazê-la. 
 Coerência argumentativa: diz respeito às relações de implicação e adequação que 
se estabelecem entre os pressupostos e afirmações explícitas de um texto e as conclusões 
 Logo, trata-se de Subentendidos: 
 
 Algum fato ou juízo envolvido em determinado contexto que é apenas sugerido, mas não 
revelado por ele. Trata-se da maneira como se entende o enunciado, mas é possível negá-la. 
 Conteúdo implícito não marcado linguisticamente no texto; 
 Inferência, dedução; 
 Insinuação escondida por trás de uma afirmação; 
 Está presente na enunciação e é de responsabilidade do receptor. O sujeito não se 
compromete com o que disse; 
 Abre-se a possibilidade de o emissor negar que tenha sido comunicado aquilo que o 
receptor disse ter entendido. (diferentemente do pressuposto); 
 Sugere, mas não diz. 
23 
 
que se tira deles. Se os pressupostos ou dados de base não permitem tirar as conclusões 
adequadas, comete-se a incoerência de nível argumentativo. A manutenção deste tipo de 
coerência é fundamental ao texto dissertativo. 
 Coerência figurativa: refere-se à combinatória de figuras para manifestar um dado 
tema. As várias figuras que ocorrem dentro de um texto devem articular-se de maneira 
coerente para construir um único bloco temático. A ruptura dessa coerência pode produzir 
efeitos desconcertantes. Todas as figuras devem pertencer ao mesmo universo de 
significado. 
Há coerência nos enunciados abaixo? 
Após alguns minutos de espera, o promotor deu a sentença. 
Os números da educação do Censo 200 são animadores. Os dados mostram que mais da 
metade (59%) da população brasileira com mais de 10 anos não conseguiu concluir o ensino 
fundamental. 
Durante o inverno, a população do Rio de Janeiro aguarda a neve que rotineiramente cobre as 
ruas da cidade. 
 
 
COMO SE CONJUGA UM EMPRESÁRIO 
Mino 
Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-se. 
Lanchou. Escovou. Abraçou. Saiu. Entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. 
Desceu. Subiu. Entrou. Cumprimentou. Assentou-se. Preparou-se. Examinou. Leu. Convocou. Leu. 
Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Vendeu. Vendeu. Ganhou. Ganhou. Ganhou. Lucrou. 
Lucrou. Lucrou. Lesou. Explorou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. 
Depositou. Depositou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou. 
Repreendeu. Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou. Telefonou. 
Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu. Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. 
Estimulou. Beijou. Convidou. Saiu. Chegou. (...) Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. 
Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se. Temeu. Suou. 
Despertou. Insistiu. Irritou-se. Temeu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Dormiu. 
Dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se... 
24 
 
4.4.2. Coesão 
 
Como foi visto anteriormente, a coesão refere-se à relação entre as palavras, as orações, os 
períodos, os parágrafos, ou seja, entre todas as partes que compõem um texto. Segundo Koch 
(1998), “(...) o conceito de coesão textual diz respeito a todos os processos de sequencialização 
que asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação linguística significativa entre os elementos 
que ocorrem na superfície textual”. 
 
 
 Um texto é tecido em dois eixos: (1) a recorrência ou retomada das palavras e ideias-chave, que 
garante a manutenção de dessas palavras ou ideias ao longo do texto, chamada coesão referencial; 
e (2) o acréscimo de novas informações, articuladas pelo uso de elementos gramaticais, o que 
garante a progressão textual, chamada coesão sequencial. 
 
COMEÇARDE NOVO 
Ricardo Freire10 
Aconteceu mais de uma vez: ele me abandonou. Como todos os outros. O quinto. A gente já 
estava junto há mais de um ano. Parecia que dessa vez seria para sempre. Mas não: ele 
desapareceu de repente, sem deixar rastro. Quando me dei conta, fiquei horas ligando sem parar – 
mas só chamava, chamava, e ninguém atendia. E então fiz o que precisava ser feito: bloqueei a 
linha. 
A verdade é que nenhum telefone celular me suporta. Já tentei de todas as marcas e operadoras, 
apenas para descobrir que eles são todos iguais: na primeira oportunidade, dão no pé. Esse último 
aproveitou que eu estava distraído e não desceu do táxi junto comigo. Ou será que ele já tinha 
pulado do meu bolso no momento em que eu embarcava no táxi? Tomara que sim. Depois de fazer 
o que me fez, quero mais é que ele tenha ido parar na sarjeta. 
Não que eu não tenha a minha parcela de culpa. Eu tento não demonstrar, mas no fundo todo 
celular sabe que eu não vou nem um pouco com a cara dele. Se soubesse falar alguma coisa além 
de “você tem... uma.. nova mensagem; duas... mensagens antigas”, qualquer um dos meus ex-
celulares diria que eu só lembrava deles na hora em que precisava. No resto do tempo, não dava a 
mínima. Quantas vezes eu já me recusei a atender aos seus chamados? Reconheço: eu tenho sido 
cruel, e mereci cada uma das vezes em que fui abandonado. 
Fazendo um exame de consciência, vejo que eu nunca tentei entender nenhum dos meus ex-
celulares. Hoje em dia os celulares escrevem, batem foto, cantam, servem de porta-retratos – mas 
eu nunca nem quis saber. Celular meu até hoje só serviu para carregar voz pra cima e pra baixo. 
Não admira que eles tentem ser felizes ao lado de alguém que realize tudo o que é capaz. 
Mas veja bem: eu não sou assim tão mau e desprezível. Tem quem me queira. Minha carteira, 
por exemplo, nunca me deixou. Minhas chaves claramente gostam da minha companhia; não 
escapuliram nem quando furou o bolso do meu jeans de estimação. Meus guarda-chuvas 
tampouco fogem com o primeiro taxista que aparece. Só os celulares me odeiam. 
Se ainda fossem embora do jeito que chegaram, tudo bem. Mas não: quando se separam de mim, 
meus ex-celulares levam com eles todos os telefones armazenados na memória. Mas já sei o que 
vou fazer. No caminho da loja de celulares, vou passar numa papelaria. Pensando bem, nenhuma 
das minhas agendinhas de papel jamais me abandonou. 
 
Coesão referencial: 
A) por retomada ou antecipação 
 O mecanismo de retomada confere ao texto um desenvolvimento homogêneo, capaz de 
recuperar a cada passo aquilo que já foi dito. 
 
10
 Fonte: O Estado de S. Paulo, 11/2006 
25 
 
 Há classes gramaticais (artigos, pronomes, numerais, advérbios, verbos) que funcionam, no 
texto, como elementos de retomada (anafóricos) ou de antecipação (catafóricos) de outros 
termos enunciados no texto. 
 
Exemplos: 
 Estamos reunidos para examinar o caso. Ele deve ser bem analisado. ( ELE- elemento 
anafórico, retoma “o caso”) 
Meu desejo é este: viver bem. (ESTE- elemento catafórico, antecipa “viver bem”) 
“Na tradição atual, o coelho esconde ovos coloridos em ninhos para que as crianças 
possam procurá-los como presente de Páscoa.” (Você sabia? – www.terra.com.br – acesso em 
12/04/2012) 
 
Observações: O artigo definido e artigo indefinido: No uso de artigo, o definido tem a função de 
retomar um termo já enunciado, enquanto o indefinido geralmente introduz um 
termo novo. 
 
Exemplos: Encontrei a carta sobre a mesa (pressupõe-se que se trata de uma carta já referida 
anteriormente.) 
Uma carta foi deixada sobre a mesa (“uma” introduz o termo carta, ou seja, o termo está sendo 
apresentado no texto). 
B) por palavra lexical: substituição por sinônimos, hiperônimos e hipônimos. A relação de 
hipônimo/hiperônimo corresponde à relação de “contém”/ “está contido”. O primeiro está contido no 
segundo e vice versa (p.e., o cachorro é hipônimo de mamífero, e mamífero é hiperônimo de 
cachorro). 
 
Exemplos: “A porta se abriu e apareceu uma menina. A garotinha tinha olhos azuis e longos 
cabelos dourados”. 
“O enorme sucesso conquistado pelo Facebook gerou na internet um frenesi. Essa rede 
social levou à saturação as opções do usuário para compartilhar conteúdos e entrar em contato 
com outras pessoas no ciberespaço.” (11/04/2012 – tecnologia.terra.com.br) 
 
Coesão sequencial: recursos utilizados para permitir o avanço do texto, além de contribuir com a 
significação do mesmo. 
a) por conexão: Estabelecida por conectores (ou operadores discursivos) que fazem a relação 
entre segmentos do texto. Esses conectores, além de estabelecer relação lógico-semântica 
entre as partes do texto (de causa, de finalidade, de conclusão etc.), têm função 
argumentativa, que, segundo Fiorin e Savioli (1999), podem ser de diferentes tipos. 
Vejamos algumas palavras que ajudam a dar coesão (e coerência) ao texto11: 
 
RELAÇÃO LÓGICA PALAVRAS E EXPRESSÕES 
Adição, sequência de informações, progressão 
discursiva 
E; não só...mas (como) também; bem como; não 
só... mas ainda 
alternativas, escolhas ou; ou...ou; ora...ora; quer...quer..., seja...seja 
oposição entre significados explícitos ou 
implícitos de duas partes do texto 
mas; porém; contudo; entretanto; todavia; no 
entanto 
conclusão logo; pois; portanto; por conseguinte; por isso; 
assim; para concluir; finalmente; em resumo; 
então 
justificativa ou explicação de um fato que, porque, pois, porquanto, como, pois que, 
 
11
 Fonte: Leitura e Produção de textos I – Material teórico organizado pelos professores de LPT para o curso de Saúde 
da UNINOVE. 
26 
 
uma vez que, visto que, já que 
contradição e concessão (admissão de um 
argumento como válido para, em seguida, negar 
seu valor argumentativo) 
embora; ainda que; mesmo que; se bem que; 
posto que; por mais que 
condição ou hipótese necessária para que se 
realize o fato 
se; contanto que; salvo se; desde que que; a 
menos que; a não se que; caso 
explicitar, confirmar ou ilustrar o que se disse 
anteriormente 
assim; desse modo 
introdução de argumento ou inclusão de um 
elemento a mais dentro de um conjunto 
ainda, ademais, igualmente importante; 
adicionalmente; também 
conformidade de um pensamento com outro conforme; de acordo com; como; segundo 
introdução de um argumento decisivo além do mais; além de tudo; além disso 
finalidade de argumento decisivo para que; a fim de que; porque; que 
finalidade ou objetivo do fato quando; enquanto; assim que; logo que; todas 
as vezes que; desde que; mal; sempre que; 
assim que; antes; após; previamente; 
subsequentemente; simultaneamente; 
recentemente; imediatamente; atualmente 
comparação como; assim como; tal como; como se; tão... 
como; tanto... como; tanto quanto; tal; qual; tal 
qual; que (combinado com menos ou mais) 
consequência de sorte que; de modo que; de forma que; sem 
que; tal... que; tamanho... que; tanto... que 
similaridade igualmente; da mesma forma; assim como 
causalidade em decorrência de; devido a; por causa de 
esclarecimentos ou retificações isto é; quer dizer; ou seja; em outras palavras 
versossimilhança na verdade; de fato 
proporcionalidades à medida que, à proporção que; ao passo que; 
quanto mais... menos; quanto mais... mais; 
quanto menos... mais (menos) 
 
Lembre-se que as preposições também são importantes elementos de coesão: a, ante, até, após, 
com, contra, de, desde, em, entre, para, por, perante, sem, sobre, sob, trás. 
 
Cada um dos elementos de coesão tem um valor típico, estabelecendo entre as partes do 
discurso um certo tipo de relação semântica (de sentido): causa, finalidade, conclusão, contradição, 
condição,etc. Ao escrever, deve-se ter o cuidado de usar o elemento apropriado para exprimir o 
tipo de relação que se quer. A escolha do conectivo adequado é importante, já que é ele que 
determina a direção que se pretende dar ao texto. 
 
4.4.3. Algumas observações ortográficas: 
 
A FIM DE/ AFIM (DE) 
A fim de locução de de “finalidade, objetivo pretendido” (equivale a “para”). Ex: A fim de evitar 
maiores contratempos, ele resolveu afastar-se de sua amiga. / Voltou para casa mais cedo a fim de 
estudar. 
Também é usada na expressão “a fim de algo/alguém” que tem o sentido de “estar interessado”, 
“estar com vontade de”: Ele está a fim de você. / Não estou a fim de comer pizza hoje. 
 
Afim (de) classifica-se como um adjetivo invariável, com o significado de “semelhante, que tem 
afinidade”. Ex: Como na antiga grade havia matérias afins, pude adiantar bastante o meu curso. / A 
física é uma disciplina afim da química. 
 
27 
 
PORQUE, POR QUE , POR QUÊ e PORQUÊ 
 
1. POR QUE (separado) quando se tratar de uma pergunta direta (significado de “por qual razão, 
por qual motivo”). 
Ex: Por que você faltou ontem à aula? 
 
2. POR QUE (separado) quando a expressão for substituída pela expressão “pelo qual” e flexões 
(pela qual, pelos quais, pelas quais) no meio da frase. 
Ex: Não me esqueci do vexame por que passei. 
 
3. POR QUE (separado) em perguntas indiretas, podendo ser substituído por “por qual motivo” ou 
“razão”. 
EX: O aluno queria saber por que recebeu nota baixa. 
 
4. PORQUE (junto e sem acento circunflexo) é usado nas respostas e pode ser substituído por 
“pois”. 
Ex: Não fui à escola ontem porque estava resfriado. 
 
 
 
5. PORQUÊ (junto e com acento circunflexo) tem função de substantivo, podendo ser antecedido 
pelo artigo “o” ou “um”. 
Ex: Ninguém entendeu o porquê de sua atitude. / Se ele fez isso, teve um porquê. 
 
6. POR QUÊ (separado e com acento circunflexo) ocorre no final de frases interrogativas. 
Ex.: Você não vai à aula hoje, por quê? 
 
 
MAS / MÁS / MAIS 
1. MÁS é plural de MÁ, que é um adjetivo e significa “ruim”: Aquelas governantas realmente eram 
más para as crianças. 
 
2. MAS é uma conjunção que indica contradição, assim como “porém, entretanto”, etc.: Tentei 
encontrar o caminho de volta, mas não consegui. 
 
3. MAIS é um advérbio que indica acréscimo ou aumento de intensidade: Ele levou para o sítio um 
violão e mais outros objetos. 
 
28 
 
 
 
TRÁS / TRAZ 
1. TRÁS é uma preposição que, modernamente, só se usa em locuções adverbiais, assumindo 
uma função de advérbio de lugar (mesma ideia de “detrás”). Vem sempre acompanhada de 
uma preposição: Ela saiu sem olhar para trás. / Sempre há algo escondido por trás de suas 
palavras. 
2. TRAZ é a forma conjugada de terceira pessoa do singular no indicativo ou na segunda 
pessoa do singular do imperativo do verbo “trazer” e tem o significado de conduzir, 
ocasionar, causar, transportar: Só dinheiro não traz a felicidade. / Traz um copo de água 
para mim, por favor. 
 
5. OS GÊNEROS TEXTUAIS E OS VÁRIOS TIPOS DE TEXTOS 
 
TEXTO I 
Bolo de arroz 
3 xícaras de arroz 
1 colher (sopa) de manteiga 
1 gema 
1 frango 
1 cebola picada 
1 colher (sopa) de molho inglês 
1 colher (sopa) de farinha de trigo 
1 xícara de creme de leite salsa picadinha 
 
Prepare o arroz branco, bem solto. 
Ao mesmo tempo, faça o frango ao molho, bem 
temperado e saboroso. Quando pronto, retire os 
pedaços, desosse e desfie. Reserve. 
Quando o arroz estiver pronto, junte a gema, a 
manteiga, coloque numa forma de buraco e leve 
ao forno. 
No caldo que sobrou do frango, junte a cebola, o 
molho inglês, a farinha de trigo e leve ao fogo 
para engrossar. Retire do fogo e junte o creme 
de leite. 
Vire o arroz, já assado, num prato. Coloque o 
frango no meio e despeje por cima o molho. 
Sirva quente. 
 
(Terezinha Terra) 
TEXTO II 
Receita 
Ingredientes 
2 conflitos de gerações 
4 esperanças perdidas 
3 litros de sangue fervido 
5 sonhos eróticos 
2 canções dos Beatles 
 
Modo de preparar 
Dissolva os sonhos eróticos nos dois litros de 
sangue fervido e deixe gelar seu coração. Leve 
a mistura ao fogo, adicionando dois conflitos de 
gerações às esperanças perdidas. 
Corte tudo em pedacinhos e repita com as 
canções dos Beatles o mesmo processo usado 
com os sonhos eróticos, mas desta vez deixe 
ferver um pouco mais e mexa até dissolver. 
Parte do sangue pode ser substituído por suco 
de groselha, mas os resultados não serão os 
mesmos. 
Sirva o poema simples ou com ilusões. 
 
(Nicolas Behr) 
 
 Todos os dias nos deparamos com diferentes textos durante as mais diversas situações 
comunicativas das quais participamos socialmente. Em todas as situações, utilizamos textos 
em diferentes gêneros, isto é, para situações e/ou finalidades diversas (formais ou informais), 
29 
 
lançamos mão de um repertório diverso de gêneros textuais que circulam socialmente e se 
adaptam às diferentes situações de comunicação: anúncios, relatórios, notícias, palestras, 
piadas, receitas etc. 
 Cada um desses gêneros exige, para sua compreensão ou produção, diferentes 
conhecimentos e capacidades. 
 De modo geral, todos os gêneros textuais têm em comum, basicamente, três 
características: 
 
* o assunto: o que pode ser dito através daquele gênero; 
*o estilo: as palavras, expressões, frases selecionadas e o modo de organizá-las; 
*o formato: a estrutura em que cada agrupamento textual é apresentado. 
 
 Os gêneros são vinculados à vida cultural e social e contribuem para ordenar e estabilizar 
as atividades comunicativas do seu dia-a-dia. 
 Assim, são exemplos de gêneros textuais: telefonema, carta, romance, bilhete, reportagem, 
lista de compras, piadas, receita culinária, contos de fadas etc. 
 Todo texto tem um tipo e um gênero. Ele tem uma base, uma estrutura de sustentação, 
que é o tipo, e tem variedade, que é o gênero. 
 Os gêneros textuais podem ser orais ou escritos, podem ser formais ou informais. 
 Existem gêneros textuais do cotidiano jornalístico, cuja finalidade é a informação. É o caso 
da notícia, da entrevista, do artigo de opinião, do editorial, entre outros. Há também os 
chamados gêneros instrucionais como o manual de instrução, a bula de um remédio, etc; os 
gêneros científicos ou acadêmicos, os quais se originam de pesquisas e estudos, como a 
monografia, a tese de doutorado, a dissertação de mestrado, etc. No “mundo virtual” 
encontramos e-mails, salas de bate-papo ou chats, blogs, salas de discussão, posts em 
redes sociais, etc. 
 Quando lemos ou escrevemos, recorremos a um suporte de gênero textual. Pense na 
seguinte situação: 
 
“Oi, Paulo, sou a Ana Lúcia. Me ligue o mais rápido possível, por favor.” 
 
O texto pode ser um recado gravado e o suporte, no caso, pode ser uma secretária eletrônica, 
caixa postal do celular, ou ainda podemos considerar que o texto seja uma mensagem escrita 
e enviada pelo celular. De que suportes falamos aqui? 
 
 Suporte de um gênero textual é um lugar físico ou virtual, com um formato específico, que 
fixa e mostra um texto. São suportes: jornal, revista, gibi, computador, telefone, caderno, 
outdoor, etc. Lemos e produzimos textos nos mais diversos suportes. 
 
5.1. O tipos textuais 
 
Tipo NARRATIVO - É aquele que serve de estrutura para narrar, contar uma história seja ela real 
ou ficcional. A narrativa contém elementos fundamentais: personagens, narrador, enredo, tempo 
e espaço., e sua estrutura tradicional apresenta: situação inicial, complicação ou conflito, 
desenvolvimento, clímax, desfecho. Pode envolver ficção e criação. 
Gêneros: contos, lendas, fábulas, romances, crônicas, histórias em quadrinhos, texto teatral. 
_____________________ ***** ____________________ 
Tipo DESCRITIVO – tem por base

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