
Alisson Santos Santos fez um comentário
por gentileza, alguém pode me enviar por e-mail. Desde já, grato... alisson36353194@gmail.com
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COLEÇÃO CLÍNICA PSICANALÍTICA Dirigida por Flávio Carvalho Ferraz PSICOTERAPIA BREVE Mauro Hegenberg © 2010 Casapsi Livraria, Editora e Gráfica Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, para qualquer finalidade, sem autorização por escrito dos editores. 1ª edição 2004 2ª edição 2005 3ª edição 2010 Editores Ingo Bernd Güntert e Jerome Vonk Assistente Editorial Aparecida Ferraz da Silva Editoração Eletrônica Carla Vogel Produção Gráfica Fabio Alves Melo Revisão Final Vinicius Marques Pastorelli Projeto Gráfico da Capa Yvoty Macambira ISBN 978-85-8040-003-8 Reservados todos os direitos de publicação em língua portuguesa à Casapsi Livraria, Editora e Gráfica Ltda. www.casadopsicologo.com.br 2 Aos meus filhos Ivan e Eduardo 3 AGRADECIMENTOS Ao Gilberto Safra, que tem sido, nos últimos anos, uma pessoa especial, tanto na minha vida profissional quanto pessoal. Aos meus alunos, que me acompanham sempre em minha trajetória com a Psicoterapia Breve. Ao grupo do NAPC - “Núcleo de atendimento e pesquisa da conjugalidade”, do Instituto Sedes Sapientiae. A Gislaine Mayo de Dominicis e Martha Seródio Dantas, do Curso de Psicoterapia Breve do Sedes Sapientiae. Ao Dr. Edmond Gilliéron, que abriu possibilidades na intersecção entre a Psicoterapia Breve e a psicanálise. Às psicólogas do Serviço de Atendimento Psicológico, da Faculdade de Medicina da UNICAMP, e a Andrea Stuttman, do Chile, pelo apoio e exemplos clínicos. Ao grupo das quartas-feiras, da Oficina Literária do Carlos Felipe Moisés, que me ajudou na árdua e interminável tarefa da escrita. Escrevemos juntos “Quarta-feira: antologia de prosa e verso”, São Paulo, Escrituras, 2003. Ao pessoal do futebol, que me ensina a apreciar a simplicidade das coisas. A Maria Trevisan, minha tia-avó. Se não sou mais louco do que sou, devo a ela. Ao meu pai e à minha mãe, que me ensinaram a curiosidade e o desejo de saber. A Marcia Porto Ferreira, mais que amiga, possibilitadora de confiança. Ao meu trabalho, sentido maior das horas dos meus dias. Aos meus filhos, Ivan e Eduardo. 4 PREFÁCIO O ser humano, a fim de que possa acontecer e emergir como si mesmo, precisa iniciar seu processo de constituição a partir de uma posição, de um lugar. Esse lugar não é um lugar físico, é um lugar na subjetividade de um outro. Não é verdade que o fato de uma criança ter nascido garanta que ela tenha tido um início como um ser participante do mundo humano. É muito grande o número pessoas que vivem no mundo sem pertencer a ele, que vivem nele sem que tenham tido início como um ser diante de um outro. Há necessidade, para o acontecer humano, que a criança seja recebida e encontrada por um outro humano, que lhe dê esse lugar, que lhe proporcione o início de si mesma. Não é possível se falar de alguém sem que se fale de um outro. Adentramos no mundo ao nascer e o deixamos para trás ao morrer. O mundo transcende a duração de nossa vida, tanto no passado como no futuro. Ele preexistia à nossa chegada e sobreviverá à nossa breve permanência. O nascimento humano e a morte de seres humanos não são ocorrências simples e naturais, mas se referem a um mundo ao qual vêm e do qual partem como indivíduos únicos, entidades singulares, impermutáveis e irrepetíveis. Sem dúvida, pode-se afirmar que é preciso entrar no mundo para que o indivíduo sinta-se vivo e existente, mas tem de ser de uma maneira singular e pessoal. Não basta, para o acontecer do self do bebê, que o mundo esteja pronto com suas estéticas, com seus códigos, com seus mitos. A criança precisa, pelo gesto, transformar esse mundo em si mesma. É preciso que o mundo, inicialmente, seja ela mesma, para que ela possa apropriar-se dele e compartilhá- lo com outro. A realidade compartilhada é construção de muitos, é campo em que existe a construção de todos. Com a evolução do self, à medida que a pessoa caminha rumo ao campo social, há a necessidade de que o indivíduo possa articular, ao mesmo tempo, a vida privada e a vida social, para encontrar, no campo social, inserções que preservem o seu estilo de ser e a sua história. É o momento da participação na sociedade por meio do trabalho, do discurso, da obra, da ação política, ou seja, da capacidade criativa acontecendo no mundo com os outros. Pela ação criativa no mundo, o homem colabora com a durabilidade do mundo e com o processo histórico da sociedade. 5 Nossa cultura manifesta-se, na atualidade, de uma maneira que já não mais reflete a medida humana. Recriar o mundo e o campo social torna-se mais complicado, pois, pela invasão da técnica como fator hegemônico da organização social, o ser humano só muito raramente encontra a medida do seu ser, que permita o estabelecimento do objeto subjetivo a cada um dos níveis de realidade para a constituição e o devir de seu self. Na atualidade testemunhamos, em nossa clínica, inúmeras formas de sofrimento psíquico decorrentes de fraturas da cidadania, estilhaçamentos da ética, fenômenos que se encontram na literatura psicológica e social debaixo da categoria de exclusão social. O fenômeno da exclusão social acontece de inúmeras maneiras: econômica, social, cultural. Testemunhamos em nosso meio, como parte desse processo, inúmeras pessoas, vivendo em situações de grande sofrimento sem dispor de possibilidades para encontrar a ajuda necessária ao seu tipo de padecimento. É urgente que possamos contar com práticas clínicas de qualidade e que tenham sido desenvolvidas em meio ao rigor demandado pela comunidade científica, para que possam ser inseridas em políticas públicas de saúde mental. A Psicoterapia Breve encontra-se entre as modalidades terapêuticas que melhor podem contemplar os sofrimentos psíquicos que surgem na atualidade. Trata-se de uma prática que tem sido utilizada há muitos anos e é um campo de intervenção clínica com grande quantidade de trabalhos originados de pesquisas que procuraram investigar as suas possibilidades e limites. Mauro Hegenberg vem estudando e praticando a Psicoterapia Breve há muitos anos. Ele tem sido um dos profissionais responsáveis pelo seu uso em instituições públicas, além de ter ensinado essa modalidade de trabalho clínico para muitos profissionais no campo da saúde mental. Mauro é detentor de um saber respeitável nessa área e vem agora nos ofertar esse livro, que é resultado de suas reflexões e pesquisas com a prática da Psicoterapia Breve. Esse trabalho é muito bem-vindo, para auxiliar aqueles que se deparam com a necessidade de adentrar-se no campo da Psicoterapia Breve e que veem nela uma possibilidade legítima de intervenção clínica. Uma grande qualidade desse livro é o fato de Mauro abordar o tema com sua peculiar didática, tornando o texto mais palatável, mesmo abordando conceitos complexos que norteiam essa modalidade de atendimento clínico. 6 O texto de Mauro possibilita que compreendamos a Psicoterapia Breve não só como uma prática que auxilia no tratamento dos sofrimentos psíquicos do paciente, mas também como um modo de se estar eticamente posicionado diante dele. O atendimento clínico adequado ao paciente, ao mesmo tempo em que lhe ajuda a superação de sofrimentos paralisadores, lhe dá, também, a oportunidade de encontrar ou reencontrar o olhar que lhe devolva a dignidade necessária ao seu percurso pela existência. Convido o leitor à percorrer o texto, certo de que encontrará reflexões fecundas para o exercício da psicoterapia em instituição ou consultório particular. Gilberto Safra 7 APRESENTAÇÃO Esse livro é fruto de mais de 15 anos de experiência ministrando cursos, palestras e supervisões sobre Psicoterapia Breve. O primeiro curso de Psicoterapia Breve que ministrei teve início 1988 e foi até 1994, graças a um Convênio entre o Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e a Secretaria de Estado da Saúde.