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Apostila de psicopatologia 20161

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0 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
l 
 
PSICOLOGIA 
 
 
PSICOPATOLOGIA - (SDE 0167) 
(Textos Complementares) 
Professor Adelmo Senra Gomes 
E-mail: adelmoprofessor20161@gmail.com 
 
 
 
2016.1 
1 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
CALENDÁRIO ACADÊMICO 2016.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EMENTA DA DISCIPLINA 
Unidade I - Introdução ao estudo da Psicopatologia e o diagnóstico em Psiquiatria 
1.1 - Histórico e principais correntes em Psicopatologia; 
1.2 - O normal e patológico em Psicopatologia; 
1.3 - Conceituação de doença mental e transtorno psicopatológico; 
1.4 - Sistemas classificatórios: DSM IV e CID-10; 
1.5 - Entrevista [em psicopatológica] e exame da doença mental; anamnese [em psicopatológica]; 
diagnóstico pluridimensional. 
Unidade II - Processos psíquicos e suas alterações 
2.1 - Alterações da consciência (vigilância); 
2.2 - Alterações da atenção; 
2.3 - Alterações da orientação; 
2.4 - Alterações nas vivências de tempo e espaço; 
2.5 - Alterações da sensopercepção (alucinação); 
2.6 - Alterações do pensamento; 
2.7 - Alteração do juízo de realidade (delírio); 
2.8 - Alterações da afetividade; 
2.9 - Alterações da volição; 
2.10 - Alterações do comportamento motor; 
 TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA SEXTA-FEIRA 
 
FEV 
 12 
16 17 19 
23 24 26 
 
 
MAR 
01 02 04 
08 09 11 
15 16 18 
22 23 25 (Paixão) 
29 30 
 
 
ABR 
05 06 08 
12 13 15 (AV 1) 
19 (AV 1) 20 (AV 1) 22 
26 27 29 
 
 
MAI 
03 04 06 
10 11 13 
17 18 20 
24 25 27 
31 
 
 
JUN 
 01 03 
07 08 (AV 2) 10 (AV 2) 
14 (AV 2) 15 17 
21 22 (AV 3) 24 (AV 3) 
28 (AV 3) 29 
2 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
2.11 – Alterações da linguagem; 
2.12 – Alterações da memória. 
Unidade III - Transtornos de Ansiedade: A ansiedade normal e patológica 
3.1 – Agorafobia; 
3.2 - Transtorno do Pânico; 
3.3 - Fobia Específica; 
3.4 - Fobia Social; 
3.5 - Transtorno de Ansiedade Generalizada; 
3.6 - Transtorno de Estresse Pós-Traumático; 
3.7 - Transtorno Obsessivo-Compulsivo; 
Unidade IV - Transtornos Somatoformes; 
4.1 - Transtorno de Somatização; 
4.2 - Transtorno Conversivo; 
4.3 - Transtorno de Dor Psicogênica; 
4.4 - Transtorno Factício; 
Unidade V - Transtornos de Personalidade e Transtornos de Ajustamento 
5.1 - Transtornos de personalidade e psicopatias; 
5.2 - Transtornos de ajustamento; 
Unidade VI - Transtornos do Humor 
6.1 – Distimia; 
6.2 – Ciclotimia; 
6.3 - Transtorno Bipolar; 
6.4 - Transtorno Depressivo Maior; 
Unidade VII - Transtornos Psicóticos 
7.1 – Esquizofrenia; 
7.2 - Outros transtornos psicóticos; 
Unidade VIII - Transtornos relacionados ao uso de substâncias 
8.1 - Conceitos gerais (uso social, abuso, dependência, síndrome de abstinência); 
8.2 - Transtornos relacionados ao álcool; 
8.2 - Transtornos relacionados à anfetamina e cocaína; 
8.3 - Transtornos relacionados à cannabis e alucinógenos; 
8.4 - Transtornos relacionados à cafeína e nicotina; 
8.5 - Transtornos relacionados aos inalantes. 
*** 
3 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Considerações preliminares 
A expressão psicopatologia origina-se de três afixos gregos: “pshiché” – 
psiquismo, psiquê, psíquico; “pathos” – paixão, sofrimento e, “logos” – 
discurso, conhecimento. 
[...] A psicopatologia pode ser definida como o conjunto de conhecimentos 
referentes ao adoecimento mental do ser humano. É um conhecimento que 
se esforça por ser sistemático, elucidativo e desmistificante. Como conhecimento que visa ser 
científico, não inclui critérios de valor, nem aceita dogmas ou verdades a priori. O psicopatólogo não 
julga moralmente o seu objeto, busca apenas observar, identificar e compreender os diversos 
elementos da doença mental. 
A psicopatologia estuda especialmente os transtornos, não as suas causas ou tratamentos. 
Procura, portanto, estudar as manifestações clínicas das doenças mentais. 
É um estudo descritivo dos transtornos, então não é explicativo. 
 
Nesse sentido, a psicopatologia possui uma natureza semiológica, ou seja, a de um estudo dos sinais 
e sintomas dos transtornos mentais (ou patognomonia). 
 
O que são doenças mentais? 
São transtornos caracterizados por [signos] psicológicos, comportamentos 
anormais, funcionamento prejudicado ou qualquer combinação destes. Tais 
transtornos podem causar sofrimento clinicamente significativo [tanto para o 
indivíduo quanto para a sua sociedade, ou a ambos] e prejuízo em uma variedade de 
esferas de funcionamento, e podem ser devidos a fatores orgânicos, sociais, 
genéticos, químicos ou psicológicos. (adaptado da APA, 2010, p. 984-5) 
Como dito anteriormente, as doenças mentais podem ter uma base orgânica 
(genética/neurológica/cerebral) conhecida (por exemplo, nas demências, na doença de Alzheimer e 
de Parkinson), presumida (por exemplo, a Esquizofrenia e o Transtorno Afetivo Bipolar) ou 
desconhecida/inexistente (por exemplo, nos transtornos de personalidade e nas neuroses). No 
entanto, no estudo das causas das doenças mentais a influência do ambiente (relações familiares, 
traumas emocionais, condições socioeconômicas e culturais etc.) deverá sempre ser levada em 
consideração. 
Ou seja, ao se avaliar uma doença, a partir de uma perspectiva multidimensional, três fatores 
precisam ser considerados. São eles: (1) as possíveis predisposições genéticas (heranças genéticas, 
temperamento e etc.), (2) as influências ambientais (relações familiares, de afeto, educação, 
socialização, eventos ocorridos etc.) e, (3) as estruturas psicológicas constituídas e desenvolvidas 
(padrões de pensamento mal adaptativos e dificuldades no enfrentamento do estresse etc.). 
 
4 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Sinais e sintomas 
Os sinais e os sintomas1 representam os signos da psicopatologia [...]. Os 
sintomas são subjetivos (vivências, sensações e impressões) e aparecem nas 
queixas do paciente. Dor, o sentimento de tristeza e a escuta alucinatória, por 
exemplo, são sintomas. Já os sinais são objetivos, ou seja, são verificáveis 
pela observação direta. Eles podem ser detectados [observados] por outra 
pessoa, às vezes pelo próprio paciente. [...] uma fácies de tristeza e o solilóquio (falar sozinho) são 
sinais. (adaptado de CHENIAUX, 2013, p. 4). Síndrome, portanto, é um agrupamento de sintomas 
e sinais que ocorrem juntos e que constituem uma condição reconhecível com etiologias e 
mecanismos diversos.2 
 
Sintomas positivos e negativos 
Sintomas Positivos – [...] estão relacionados diretamente ao surto psicótico3. 
Entende-se por surto psicótico um estado mental agudo caracterizado por grave 
desorganização psíquica e fenômenos delirantes e/ou alucinatórios, com perda do 
juízo crítico da realidade. A capacidade de perder a noção do que é real e do que é 
fantasia, criação da mente da própria pessoa, é um aspecto muito presente nos quadros agudos da 
esquizofrenia. [...] 
 
Sintomas Negativos – [...] estão mais relacionados à fase crônica da esquizofrenia. 
Embora possam ocorrer na fase aguda, eles se estendem por mais tempo e 
predominam a longo prazo. Esses sintomas são chamados também de deficitários, 
como referência à deficiência de algumas funções mentais, como a vontade e a 
afetividade (p.ex., diminuição dos impulsos e da vontade, embotamento afetivo, perda da capacidade 
de entrar em ressonância com o ambiente, de sentir alegria ou tristeza condizentes com a situação 
externa etc.). 
(Adaptado de http://entendendoaesquizofrenia.com.br/website/?page_id=144) 
 
Transfundos das Vivências Psicopatológicas e Sintomas Emergentes4 
Desenvolvendo o modelo sugerido porautores como Jaspers, Schineider e Weitbrecht, propõe-se aqui 
situar as vivências psicopatológicas em duas perspectivas fundamentais: têm-se de um lado, os 
transfundos das vivências psicopatológicas, espécie de palco, de contexto mais geral, em que 
emergem os sintomas. De outro, reconhecem-se os sintomas específicos vivenciados, denominados 
sintomas emergentes5. Eles são, portanto, vivências pontuais, que ocorrem sempre sobre 
determinado transfundo. Esse transfundo, por sua vez, influencia basicamente o sentido, a 
direção, a qualidade específica do sintoma emergente. Há uma relação dialética entre o sintoma 
emergente e o transfundo, entre a figura e o fundo, a parte e o todo, o pontual e o contextual. 
 
1 Do grego símptoma, significando acontecimento, o que ocorre. 
2 Adaptado de Lowenkron, T. 2007. 
Com relação aos signos psicopatológicos (sinais e sintomas), caberia a menção dos conceitos de simulação (forjar, 
teatralizar, fingir algum sinal ou sintoma psicopatológico) e de dissimulação (encobrir, disfarçar, esconder algum sinal 
ou sintoma psicopatológico). Vide página 45. 
3 Vide item na página 8. 
4 Adaptado de DALGALARRONDO, 2008, p. 293-9. (Negritos e acréscimos foram feitos pelo professor da matéria) 
5 Observe que no caso das psicoses, os sintomas emergentes são classificados como positivos e negativos, conforme visto 
anteriormente. 
5 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Nesse modelo, discriminam-se dois tipos básicos de transfundo: os estáveis e duradouros e os 
mutáveis e momentâneos: 
1. Os transfundos estáveis, pouco mutáveis, são a personalidade e a inteligência. Qualquer 
vivência ganha conotação diferente a partir da personalidade específica do indivíduo. 
Pacientes passivos, dependentes, astênicos e ‘largados’ tendem a vivenciar os sintomas de 
modo também passivo; já indivíduos explosivos [temperamentais], hipersensíveis e muito 
reativos a diferentes estímulos tendem a responder aos sintomas de forma mais viva e ampla, 
e assim por diante. A inteligência determina essencialmente os contornos, a diferenciação, a 
profundidade e a riqueza de todos os sintomas. Pacientes muito inteligentes produzem, por 
exemplo, delírios ricos e complexos, interpretam constantemente as suas vivências e 
desenvolvem as dimensões conceituais das vivências de forma mais acabada. Sujeitos com 
inteligência reduzida criam quadros psicopatológicos indiscriminados, sem detalhes, 
superficiais e pueris. 
2. Os transfundos mutáveis e momentâneos também atuam decisivamente na determinação da 
qualidade e no sentido do conjunto das vivências psicopatológicas. O nível de consciência 
estabelece a clareza e a precisão dos sintomas. Sob o estado de turvação, uma alucinação 
auditiva ou visual, uma recordação, um sentimento específico, são experimentados em uma 
atmosfera mais onírica [semelhante a sonhos] e confusa. O humor e o estado afetivo-volitivo 
momentâneo influem decisivamente não apenas no desencadeamento de sintomas (os 
chamados sintomas catatímicos6), mas também no colorido específico de sintomas não 
diretamente deriváveis do estado afetivo. Uma ideia prevalente, em um contexto ansioso 
intenso, pode ganhar dimensões muito próprias. Em um estado depressivo, qualquer 
dificuldade cognitiva passa a ter uma importância enorme para o paciente. 
 
Sintomas emergentes são todas aquelas vivências psicopatológicas mais destacadas, 
individualizáveis, que o paciente experimenta. Incluem as esferas que não fazem parte dos 
transfundos, como uma alucinação (sensopercepção), um sentimento (afetividade), um delírio 
(pensamento/juízo), uma paramnésia (memória), uma logorréia (da linguagem) e etc.7 
 
Transfundos e Sintomas Emergentes 
 
 
6 Catatimia - 1. Entidade psiquiátrica que se manifesta paroxisticamente como crises passageiras, ditas catatímicas, e que 
se caracteriza por intensa alteração do humor, seja no sentido da depressão, da expansão ou da passividade, não levando, 
contudo, à melancolia, à mania ou à esquizofrenia. 2. Influência que exerce o estado afetivo sobre as demais funções 
psíquicas. (Aurélio) 
7 Adaptado de DALGALARRONDO, p., 2008, p. 293-4) 
6 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Componentes do surgimento, da constituição e da manifestação dos sintomas e transtornos 
 
Evolução Temporal dos Transtornos Mentais 
 
CURSOS CRÔNICOS DOS TRANSTORNOS MENTAIS8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo 
Processo refere-se a uma transformação lenta e insidiosa da personalidade, decorrente de 
alterações psicologicamente incompreensíveis, [ou seja] de natureza endógena. O processo 
irreversível, supostamente de natureza corporal (neurobiológica), rompe a continuidade do sentido 
normal do desenvolvimento biográfico de uma pessoa. Utiliza-se o termo processo, por exemplo, para 
caracterizar a natureza de uma esquizofrenia de evolução insidiosa [doentia, maléfica], que lenta e 
radicalmente transforma a personalidade do sujeito acometido. 
 
Desenvolvimento (ou, Evolução) 
Desenvolvimento refere-se à evolução psicologicamente compreensível de uma personalidade. 
Essa evolução pode ser normal, configurando os distintos traços de caráter do indivíduo, ou anormal, 
 
8 Adaptado de DALGALARRONDO, 2008, p. 296-9. (Negritos e acréscimos foram feitos pelo professor da matéria) 
PROCESSO DESENVOLVIMENTO (ou, EVOLUÇÃO) 
Crises (ou, Ataques) 
Episódios 
Reação Vivencial Anormal 
Fase 
Surto 
Fenômenos Agudos ou 
Subagudos 
- Personalidade pré-mórbida; 
- Sinais prodrômicos; 
- Remissão; 
- Recuperação; 
- Recaída ou Recidiva; 
- Recorrência. 
7 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
determinando os transtornos da personalidade e as neuroses. Nesse caso, há uma conexão de sentido, 
uma trajetória compreensível ao longo da vida do sujeito. Fala-se, então, em ‘desenvolvimento 
paranoide’, ‘desenvolvimento histriônico’, ‘desenvolvimento hipocondríaco’, etc. 
 
Crise (ou, Ataque) 
A crise, ou ataque, caracteriza-se, em geral, por surgimento e término abruptos, durando segundos 
ou minutos, raramente horas. Utilizam-se os termos crise ou ataque para fenômenos como: crises 
epilépticas, crises ou ataques de pânico, crises histéricas, crises de agitação psicomotora, etc. 
 
Episódio 
O episódio tem geralmente a duração de dias até semanas. Tanto o termo crise como o termo 
episódio nada especificam sobre a natureza do fenômeno mórbido. Os termos episódio e crise são 
denominações referentes apenas ao aspecto temporal do fenômeno. Na pratica, é comum utilizar-
se o termo episódio de forma inespecífica, quando não há condições de precisar a natureza do 
fenômeno mórbido. Assim, pode-se falar em episódio maniatimorfo, episódio paranoide, episódio 
depressivo, etc. 
 
Personalidade pré-mórbida e sinais pré-mórbidos 
A personalidade pré-mórbida e os sinais pré-mórbidos saõ aqueles elementos identificados em 
períodos da vida do paciente claramente anteriores ao surgimento da doença 
propriamente dita, em geral na infância. Já pertencendo ao inı́cio do transtorno, fala-se em 
sinais e sintomas prodrômicos9, que representam de fato a fase precoce, inicial do 
adoecimento. 
A literatura psiquiátrica, principalmente a de lı́ngua inglesa, utiliza os seguintes termos em 
relaçaõ ao curso dos episódios de transtornos mentais: 
 
Remissão (remission). É o retorno ao estado normal taõ logo acaba o episódio agudo. Fala-se 
em remissão espontânea quando o paciente se recupera sem o auxı́lio de intervençaõ 
terapêutica. 
 
Recuperação (recovery). É o retorno e a manutenção do estado normal, já tendo passadoum 
bom período de tempo (geralmente se considera um ano) sem que o paciente apresente recaı́da 
do quadro. 
 
Recaída ou recidiva (relapse). É o retorno dos sintomas logo após haver ocorrido uma melhora 
parcial do quadro clínico [...] (não tendo passado um ano do episódio agudo). 
 
Recorrência (recurrence). É o surgimento de um novo episódio, tendo o indivíduo estado 
assintomático por um bom período (pelo menos por cerca de um ano). Pode-se dizer que a 
recorrência é um novo episódio da doença. 
 
 
 
9 Pródromo - Fenômeno clínico que revela o início de uma doença; propatia. 
8 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Reação Vivencial Anormal10 
A reação vivencial anormal caracteriza-se por ser um fenômeno psicologicamente 
compreensível, desencadeado por eventos vitais significativos para o indivíduo que os 
experimenta. É designada reação anormal pela intensidade muito marcante e duração 
prolongada dos sintomas. Ocorre geralmente em personalidades vulneráveis, predispostas a 
reagir de forma anormal a certas ocorrências da vida. Após a morte de uma pessoa próxima, da 
perda do emprego ou do divórcio, o indivíduo reage, por exemplo, apresentando um conjunto 
de sintomas depressivos ou ansiosos, sintomas fóbicos ou mesmo paranoides. A reação 
vivencial pode durar semanas ou meses, eventualmente alguns anos. Passada a reação vivencial, 
o indivíduo retorna ao que era antes, sua personalidade não sofre ruptura; pode empobrecer-se 
ou enriquecer-se, mas não se modifica radicalmente. 
 
Fase 
Já a fase refere-se particularmente aos períodos de depressão e de mania dos transtornos 
afetivos. Passada a fase, o indivíduo retorna ao que era antes dela, sem alterações duradouras na 
personalidade, ou seja, não há sequelas na personalidade. A fase é, em sua gênese, incompreensível 
psicologicamente, tendo um caráter endógeno. Uma fase pode durar semanas ou meses, menos 
frequentemente, anos, havendo sempre (ou quase sempre) restitutio ad integrum11. Fala-se, então, em 
fase depressiva, fase maníaca e período interfásico assintomático. 
 
Surto 
O surto, segundo a noção da patologia geral (mas assumida pela psicopatologia), é 
uma ocorrência aguda, que se instala de forma repentina, fazendo eclodir uma 
doença de base endógena, não compreensível psicologicamente. O característico 
do surto é que ele produz sequelas irreversíveis, danos à personalidade e/ou à 
esfera cognitiva do indivíduo. Assim como, após o primeiro surto de esclerose 
múltipla, o paciente ‘sai’ com alguma sequela sensitiva ou motora, após o primeiro 
surto de esquizofrenia (com alucinações, delírios, percepção delirante, etc.), que pode durar de 3 a 4 
meses, por exemplo, o indivíduo ‘sai diferente’, seu contato com os amigos torna-se mais distanciado, 
o afeto modula menos, e ele tem dificuldades na vida social, as quais não consegue explicar ou 
entender. É o ‘déficit pós-esquizofrênico’, devido àquilo que Bleuler afirmava: ‘A esquizofrenia, de 
modo geral, não permite restitutio ad integrum’. Tem-se, portanto, como possibilidades, um surto 
esquizofrênico agudo, um surto hebefrênico, um surto catatônico, etc. 
Após vários anos de doença, nos quais vários surtos foram se sucedendo (ou um processo insidioso 
foi se implantando de forma lenta), em geral o paciente encontra-se no chamado estado residual da 
doença, apresentando apenas sinais e sintomas que são sequelas desta, ou seja, sintomas 
predominantemente negativos. 
Dessa forma, é incorreto falar em surto maníaco [pois o “surto”, no exemplo dado, é bipolar – 
correto seria fase maníaca]; fase esquizofrênica [pois fase refere-se a períodos dos transtornos 
afetivos, conforme visto anteriormente. Correto seria surto esquizofrênico], crise maníaca [pois a 
crise, ou ataque, refere-se a períodos de tempo. Correto seria fase maníaca]. Tal uso equivocado 
revela o desconhecimento da terminologia e dos conceitos psicopatológicos básicos. 
 
10 Vide e compare com o Transtorno de Ajustamento ou Adaptação à página 140. 
11 Restitutio ad integrum - Regresso ou retorno completo à normalidade ou à integridade. 
9 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Forma e conteúdo dos signos psicopatológicos 
Em geral, quando se estudam os sintomas psicopatológicos, dois aspectos básicos costumam ser 
enfocados: a forma dos sintomas, isto é, sua estrutura básica, relativamente semelhante nos diversos 
pacientes (alucinação, delírio, ideia obsessiva, labilidade afetiva etc.), e seu conteúdo, ou seja, aquilo 
que preenche a alteração estrutural (conteúdo de culpa, religioso, de perseguição, etc.). Este último é 
geralmente mais pessoal, dependendo da história de vida do paciente, de seu universo cultural e da 
personalidade prévia do adoecimento (vide Transfundos Estáveis novamente). 
De um modo geral, os conteúdos dos sintomas estão relacionados aos temas centrais da existência 
humana, tais como sobrevivência e segurança, sexualidade, temores básicos (morte, doença, miséria, 
etc.), religiosidade, entre outros. Esses temas representam uma espécie de substrato, que entra como 
ingrediente fundamental na constituição da experiência psicopatológica. (DALGALARRONDO, 
2008, p. 28) 
Analise a gravura abaixo: 
 
 
 
Sistemas classificatórios: DSM 5 e CID-1012 
São dois os principais sistemas classificatórios: 
1º) A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas 
Relacionados à Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente 
em sua 10ª revisão – CID – 10 e, 
2ª) A Diagnostic and Statiscal Manual of Mental Disorders, da American 
Psychiatric Association atualmente em sua 5ª edição – DSM – V. 
 
 
12 Toda classificação não é o resultado de um trabalho exclusivamente científico ou apenas um instrumento político; ela 
é o conjunto, de modo geral, desses fatores. Cabe aos que produzem as classificações e aos que se utilizam delas que 
estejam cientes desses propósitos, de suas finalidades e de seus limites. (LOWENKRON, 2007) 
10 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Classificação Geral das Doenças Mentais 
 
DOENÇAS MENTAIS
Oligofrenias (ou,
Retardos Mentais)
Demências
PSICOSES
TRANSTORNO
BIPOLAR
NEUROSES
TRANSTORNOS
DE
PERSONALIDADE
 
Conceituação 
a. Oligofrenias (ou, Retardos Mentais) 
Oligofrenia é sinônimo de Deficiência ou Retardo Mental. A característica essencial do Retardo 
Mental é um funcionamento intelectual significativamente inferior à média, acompanhado de 
limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de 
habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades sociais/interpessoais, uso de 
recursos comunitários, autossuficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança. 
O início deve ocorrer antes dos 18 anos. O Retardo Mental possui muitas causas diferentes que afetam 
o funcionamento do sistema nervoso central. 
O funcionamento intelectual geral é definido pelo quociente de inteligência (QI ou equivalente) 
obtido mediante avaliação com um ou mais testes de inteligência padronizados de administração 
individual (por ex., Escalas Wechsler de Inteligência para Crianças — Revisada, Stanford-Binet, 
Bateria Kaufman de Avaliação para Crianças). Um funcionamento intelectual significativamente 
abaixo da média é definido como um QI de cerca de 70 ou menos (aproximadamente 2 desvios-padrão 
abaixo da média). 
Cabe notar que existe um erro de medição de aproximadamente 5 pontos na avaliação do QI, embora 
este possa variar de instrumento para instrumento (por ex., um QI de 70 na escala Wechsler é 
considerado comorepresentando uma faixa de 65-75). Portanto, é possível diagnosticar o Retardo 
Mental em indivíduos com QIs entre 70 e 75, que exibem déficits significativos no comportamento 
adaptativo. Inversamente, o Retardo Mental não deve ser diagnosticado em um indivíduo com um QI 
inferior a 70, se não existirem déficits ou prejuízos significativos no funcionamento adaptativo. 
(http://www.psiqweb.med.br) 
Níveis de Gravidade (CID 10) 
 
 
F70.9 - 317 Retardo Mental Leve Nível de QI 50-55 a aproximadamente 70 
F71.9 - 318.0 Retardo Mental Moderado Nível de QI 35-40 a 50-55 
F72.9 - 318.1 Retardo Mental Severo Nível de QI 20-25 a 35-40 
F73.9 - 318.2 Retardo Mental Profundo Nível de QI abaixo de 20 ou 25 
11 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
b. Demências 
A demência não é apenas um tipo de doença, ela é considerada uma 
síndrome, ou seja, é um grupo de sinais físicos e sintomas que a 
pessoa apresenta, estando presente em várias doenças diferentes. 
Assim, como uma síndrome a Demência apresenta três 
características principais. 
Prejuízo da memória. Os problemas de memória podem ser desde um simples 
esquecimento leve até um prejuízo severo a ponto de não se recordar da própria 
identidade. 
Problemas de comportamento. Normalmente se caracteriza por agitação, insônia, choro fácil, 
comportamentos inadequados, perda da inibição social normal, alterações de personalidade. 
Perda das habilidades. São as habilidades adquiridas durante a vida, tais como, organizar os 
compromissos, dirigir, vestir a roupa, cuidar da vida financeira, cozinhar, etc. 
Os sintomas iniciais de Demência variam, mas a perda de memória em curto prazo costuma ser a 
característica principal ou única a ser trazida à atenção do médico na primeira consulta. Ainda 
assim, nem todos os problemas cognitivos nos idosos são devidos a Demência. Perguntas cuidadosas 
aos pacientes e aos familiares podem ajudar a determinar a natureza do comprometimento cognitivo 
e a estreitar o diagnóstico. 
Os sintomas mais comuns que aparecem nas Demências são: 
1- déficit de memória; 
2- dificuldades de executar tarefas domésticas; 
3- problema com o vocabulário; 
4- desorientação no tempo e espaço; 
5- incapacidade de julgar situações; 
6- problemas com o raciocínio abstrato; 
7- colocar objetos em lugares equivocados; 
8- alterações de humor de comportamento; 
9- alterações de personalidade; 
10- perda da iniciativa – passividade. 
Existem muitas doenças ou alterações orgânicas capazes de levar a um quadro demencial. Muitas 
dessas causas relacionadas à Demência são reversíveis, principalmente o uso prolongado de alguns 
medicamentos, como por exemplo, drogas usadas para hipertensão arterial, diuréticos, alguns 
hipnóticos. A depressão também pode estar associada à Demência. Muitas vezes, diferenciar a 
Demência da depressão é uma tarefa difícil e que apresenta muitos obstáculos. Outras doenças 
relacionadas com a Demência são: 
doenças vasculares do sistema nervoso central – SNC, 
doenças infecciosas, 
hipotireoidismo, 
deficiência de vitamina B12, 
Síndrome de Wernic-Korsacoff, 
sífilis e HIV no SNC, 
doenças degenerativas do SNC (doenças inflamatórias, atrofias etc.) 
(adaptado de http://www.psiqweb.med.br/) 
 
12 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Demência na doença de Alzheimer – “A doença de Alzheimer é uma doença cerebral degenerativa 
primária de etiologia desconhecida, com aspectos neuropatológicos e neuroquímicos característicos. 
O transtorno é usualmente insidioso no início e se desenvolve lenta, mas continuamente durante um 
período de vários anos. ” (CID 10) 
 
c. Psicoses 
Psicoses são distúrbios psicopatológicos graves onde o paciente perde 
contato com a realidade, emite juízos falsos (delírios), podendo também 
apresentar alucinações (ter percepções irreais quanto a audição, visão, tato, 
paladar e olfato), distúrbios de conduta levando à impossibilidade de 
convívio social, além de outras formas bizarras de comportamento. 
O termo Psicose (e sintomas psicóticos) é empregado para se referir à perda do juízo da realidade e 
um comprometimento do funcionamento mental, social e pessoal, normalmente levando a um 
prejuízo no desempenho das tarefas e papéis habituais. Analise o esquema a seguir: 
 
P S I C O S E S
COGNITIVOS
(Sinais e Sintomas)
Da Percepção - ALUCINAÇÕES
Do Pensamento/Juízo - DELÍRIOS
AFETIVOS/VOLITIVOS - (Sintomas Negativos) - Afetos superficiais, inapropriados;
expressão emocional diminuída ou avolia.
COMPORTAMENTAIS - (Sintomas Positivos) - Comportamentos grosseiramente desorganizado ou catatônico
 
As Psicoses podem ter várias origens: por lesões cerebrais, tumores cerebrais, esquizofrenia, tóxicos, 
álcool, infecções, traumas emocionais etc. Algumas Psicose são incuráveis, outras apresentam cura 
completa. Quase sempre requer tratamento à base de psicotrópicos13. Nem sempre é necessária a 
internação. Nas psicoses agudas, as psicoterapias são pouco indicadas. 
 
A perspectiva psicanalítica em relação às psicoses propõe existir um terrível conflito entre o EU e 
o mundo externo. Incapaz de mediar satisfatoriamente tais circunstâncias o EU criaria 
uma nova realidade, uma realidade delirante e alucinadamente de acordo com os 
impulsos do ISSO. 
“O efeito patogênico depende do EU, numa tensão conflitual desse tipo, permanecer 
fiel à sua dependência do mundo externo e tentar silenciar o ISSO, ou se ele se deixar 
derrotar pelo ISSO e, portanto, ser arrancado da realidade. ” Inicialmente, Freud 
propõe que na neurose existe uma luta vitoriosa contra a perda da realidade, enquanto na 
psicose a perda é irremediável. Posteriormente, através da observação clínica, ele conclui no texto 
“A Perda da Realidade na Neurose e na Psicose” que tanto na neurose quanto na psicose existe 
uma perturbação da relação do sujeito com a realidade. “Na neurose, um fragmento da 
realidade é evitado por uma espécie de fuga, ao passo que na psicose ele é remodelado... a 
 
13 Psicotrópicos - Drogas psicotrópicas são aquelas que atuam sobre o nosso cérebro, alterando de alguma maneira o 
nosso psiquismo. 
13 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
neurose não repudia a realidade, apenas a ignora: a psicose a repudia e tenta substituí-la”. 
(FREUD, 1924, p. 231) [...] 
Para Freud, o ponto central de sua observação é que em ambas as estruturas o mais importante 
não é a questão relativa à perda da realidade, mas sim os substitutos encontrados. Na neurose, 
o substituto encontrado ocorre via mundo da FANTASIA; já na psicose, os substitutos são 
DELÍRIOS e ALUCINAÇÕES.14 
 
 
Analise o Quadro Comparativo a seguir. 
 
 
14 Adaptado de OLIVEIRA, M.S.B., O conceito das estruturas clínicas neurose e psicose para a psicanálise. [s.d.], p. 
120. 
14 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Quadro Comparativo: Codificação dos Transtornos Psicóticos (CID-10 e DSM-5) 
CID-10 
F20 Esquizofrenia 
F20.0 Esquizofrenia paranóide 
F20.1 Esquizofrenia hebefrênica 
F20.2 Esquizofrenia catatônica 
F20.3 Esquizofrenia indiferenciada 
F20.4 Depressão pós-esquizofrênica 
F20.5 Esquizofrenia residual 
F20.6 Esquizofrenia simples 
F20.8 Outras esquizofrenias 
 
F20.9 Esquizofrenia não especificada 
F21 Transtorno esquizotípico 
F22 Transtornos delirantes persistentes 
F22.0 Transtorno delirante 
F22.8 Outros transtornos delirantes persistentes 
F22.9 Transtorno delirante persistente não especificado 
F23 Transtornos psicóticos agudos e transitórios 
 
F23.0 Transtorno psicótico agudo polimorfo, sem sintomas esquizofrênicos 
F23.1 Transtorno psicótico agudo polimorfo, com sintomas esquizofrênicosF23.2 Transtorno psicótico agudo de tipo esquizofrênico (schizophrenia-like) 
F23.3 Outros transtornos psicóticos agudos, essencialmente delirantes 
F23.8 Outros transtornos psicóticos agudos e transitórios 
F23.9 Transtorno psicótico agudo e transitório não especificado 
F24 - Transtorno Delirante Induzido 
F25 Transtornos esquizoafetivos 
F25.0 Transtorno esquizoafetivo do tipo maníaco 
F25.1 Transtorno esquizoafetivo do tipo depressivo 
F25.2 Transtorno esquizoafetivo do tipo misto 
F25.8 Outros transtornos esquizoafetivos 
F25.9 Transtorno esquizoafetivo não especificado 
F28 Outros transtornos psicóticos não-orgânicos 
 
F29 Psicose Não-orgânica Não Especificada 
 
DSM-5 
 
 
 
 
 
 
 
 
295.40 Transtorno Esquizofreniforme (Especificar se: Com características de bom 
prognóstico. Sem característica de bom prognóstico.) 
295.90 Esquizofrenia 
301.22 Transtorno (da Personalidade) Esquizotípica 
297.1 Transtorno Delirante 
 
 
 
298.8 Transtorno Psicótico Breve (Especificar se: Com estressor(es) evidente(s), 
Sem estressor(es) evidente(s), Com início no pós-parto.) 
 
 
 
 
 
 
 
Transtorno Esquizoafetivo 
295.70 Tipo Bipolar 
295.70 Tipo Depressivo 
 
 
 
298.8 Outro Transtorno do Espectro da Esquizofrenia e Outro Transtorno Psicótico 
Especificado 
298.9 Transtorno do Espectro da Esquizofrenia e Outro Transtorno Psicótico Não 
Especificado. 
 
 
15 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
d. Transtorno Bipolar 
O Transtorno Bipolar (TB) é caracterizado por alterações de humor 
que se manifestam como episódios depressivos alternando-se com 
episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos 
graus de intensidade. É uma condição médica frequente. O TB tipo I, que 
se caracteriza pela presença de episódios de depressão e de mania, 
ocorre em cerca de 1% da população geral. Considerando-se os quadros 
mais brandos do que hoje se denomina “espectro bipolar”, como o Transtorno Bipolar tipo II 
(caracterizado pela alternância de depressão e episódios mais leves de euforia - hipomania), a 
prevalência pode chegar a até 8% da população. Assim, estima-se que cerca de 1,8 a 15 milhões de 
brasileiros sejam portadores do TB, nas suas diferentes formas de apresentação. 
A base genética do TB é bem estabelecida: 50% dos portadores apresentam pelo menos um familiar 
afetado, e filhos de portadores apresentam risco aumentado de apresentar a doença, quando 
comparados com a população geral. 
O TB acarreta incapacitação e grave sofrimento para os portadores e suas famílias. Dados da 
Organização Mundial de Saúde, ainda na década de 1990, evidenciaram que o TB foi a sexta maior 
causa de incapacitação no mundo. Estimativas indicam que um portador que desenvolve os sintomas 
da doença aos 20 anos de idade, por exemplo, pode perder 9 anos de vida e 14 anos de produtividade 
profissional, se não tratado adequadamente. 
A mortalidade dos portadores de TB é elevada, e o suicídio é a causa mais freqüente de morte, 
principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos portadores tentem o suicídio ao menos 
uma vez em suas vidas e 15% efetivamente o cometem. Também doenças clínicas como obesidade, 
diabetes, e problemas cardiovasculares são mais frequentes entre portadores de Transtorno Bipolar 
do que na população geral. A associação com a dependência de álcool e drogas não apenas é comum 
(41% de dependência de álcool e 12% de dependência de alguma droga ilícita), como agrava o curso 
e o prognóstico do TB, piora a adesão ao tratamento e aumenta em duas vezes o risco de suicídio. 
O início dos sintomas na infância e na adolescência é cada vez mais descrito e, em função de 
peculiaridades na apresentação clínica, o diagnóstico é difícil. Não raramente as crianças recebem 
outros diagnósticos, o que retarda a instalação de um tratamento adequado. Isso tem conseqüências 
devastadoras, pois o comportamento suicida pode ocorrer em 25% dos adolescentes portadores de 
TB. 
O tratamento adequado do TB reduz a incapacitação e a mortalidade dos portadores. Em linhas gerais, 
inclui necessariamente a prescrição de um ou mais estabilizadores do humor em associação 
(carbonato de lítio, ácido valpróico/valproato de sódio/divalproato de sódio, lamotrigina, 
carbamazepina, oxcarbazepina). A associação de antidepressivos (de diferentes classes) e de 
antipsicóticos (em especial os de segunda geração como risperidona, olanzapina, quetiapina, 
ziprasidona, aripiprazol) pode ser necessária para o controle de episódios de depressão e de mania. 
(http://www.abtb.org.br/transtorno.php)15 
 
 
15 Analise a descrição dos principais sinais e sintomas do TB na página 192. 
16 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
e. Neuroses 
[...] A neurose é uma reação exagerada do sistema emocional em relação a uma 
experiência vivida (Reação Vivencial). Essa maneira neurótica significa que a 
pessoa reage à vida através vivencias anormais; seja no sentido dessas vivencias 
serem desproporcionais, seja pelo fato de serem muito duradouras, seja pelo fato 
delas existirem mesmo sem que exista uma causa real aparente. 
Essa maneira exagerada de reagir leva a pessoa neurótica a adotar uma serie de 
comportamentos compatíveis com o que está sentindo. Cada tipo de transtorno 
neurótico tem seus sintomas, suas atitudes e sentimentos; o quadro das neuroses é muito variável.16 
 
“Os pacientes portadores de estruturas neuróticas caracterizam-se pelo fato de apresentarem algum 
grau de sofrimento e de desadaptaçaõ em alguma, ou mais de uma, área importante de sua vida: 
sexual, familiar, profissional ou social, incluı́da, também, é evidente, o seu particular e 
permanentemente predominante estado mental de bem ou mal-estar consigo próprio. No entanto, 
apesar de que o sofrimento e prejuı́zo, em alguns casos, possa alcançar nı́veis de gravidade, os 
indivı́duos neuróticos sempre conservam uma razoável integraçaõ do self, além de uma boa 
capacidade de juı́zo crı́tico e de adaptaçaõ à realidade. Outra caracterı́stica dos estados neuróticos é a 
de que os mecanismos defensivos utilizados pelo ego naõ saõ taõ primitivos como, por exemplo, 
aqueles presentes nos estados psicóticos.” (ZIMERMAN, 2010, p.197-8) 
 
“Fosse permitido construir uma analogia didática para compreender a Reação Neurótica Aguda e 
diferenciá-la da Personalidade Neurótica citaria, por exemplo, o caso da alergia. Há indivíduos que, 
em contato com um determinado alérgeno, como por exemplo o mofo, reagem alergicamente 
espirrando, com coriza e lacrimejando. Depois de algum tempo e distante do alérgeno, tudo volta ao 
normal. Isto é o que acontece com quase todas as pessoas, mas, por outro lado, há indivíduos que 
vivem cronicamente com alergia e de maneira inespecífica. Estão sempre com coriza, espirrando ou 
lacrimejando, nas mais variadas situações e diante dos mais insuspeitados alérgenos. No primeiro 
caso temos um exemplo da Reação Aguda e no segundo de uma configuração da Personalidade. 
No primeiro caso da analogia descrita acima, podemos dizer que o indivíduo teve uma alergia e, no 
segundo, que ele é alérgico. Pois bem. Tendo em vista a conceituação tradicional de Neurose, [...], a 
qual fala em doenças da personalidade como um estado permanente e duradouro, será fácil deduzir 
que apenas a Personalidade Neurótica representa, realmente, aquilo que queremos dizer como 
Neurose. Já a denominação de Reação Neurótica Aguda poderia ser entendida como, digamos, um 
tropeço emocional na vida do indivíduo. ”17 
 
Sob o ponto de vista psicanalítico, as neuroses, em sua maioria, 
corresponderiam, a uma “afecção psicogênica em que os sintomas são a 
expressão simbólica de um conflito psíquico que tem as suas raízes na história 
infantil do indivíduo e constitui compromissosentre o desejo e a defesa”,18 
“numa divisão entre o afeto e a ideia. O afeto permanece na esfera psíquica, 
 
16 Adaptado de http://www.psiqweb.med.br/. 
17 Adaptado de http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=148. 
18 Idem, p. 377. 
17 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
enquanto a ideia passa a ser enfraquecida e permanece [recalcada no inconsciente], separada de 
qualquer associação. Para Freud, o afeto apresenta um destino diferenciado.19 
‘Mas seu afeto, tornado livre, liga-se a outras ideias que não lhe sejam incompatíveis; e, graças a essa 
‘falsa conexão’, tais ideias desenvolvem-se como obsessivas. Essa é, em poucas palavras, a teoria 
psicológica das obsessões e fobias...’ (FREUD,1894, p. 64) 
Nesse texto encontra-se a afirmativa de que a histeria, as fobias e obsessões acham-se diretamente 
relacionadas a ideias sexuais reprimidas. 
No artigo “hereditariedade e a etiologia das Neuroses”, de 1896, Freud reafirma que a origem das 
neuroses está vinculada à vida sexual: 
‘Baseado em uma laboriosa observação dos fatos, devo sustentar que essa última suposição concorda 
e muito com a realidade, pois cada uma das neuroses maiores que enumerei têm como sua causa 
imediata um distúrbio particular da economia do sistema nervoso, e que essas modificações 
patológicas funcionais têm como fonte comum a vida sexual do sujeito, sejam apoiadas em uma 
perturbação de sua vida sexual contemporânea ou em fatos importantes do passado. ’ (FREUD,1896, 
p. 171/172)20 
 
Formação de Sintomas21 
É [...] um modo de ressurgimento do recalcado. Quer seja de um modo físico, psíquico ou misto, o 
sintoma não é causado jamais pelo recalcamento em si mesmo. Ele assinala apenas um fracasso do 
recalcamento; não constitui senão o resultado desse fracasso. 
O sintoma resulta ao mesmo tempo dos três mecanismos precedentes: formação reativa22, formação 
substitutiva23 e formação de compromisso24. Ele não pode, pois, ser situado no mesmo pleno que 
eles, e sua natureza mostra-se de saída mais complexa que a de cada um deles, considerados 
isoladamente. 
Além disso, o sintoma assume, de saída, graças ao jogo do compromisso e da substituição, um sentido 
particular em cada entidade psicopatológica; ele está implicado estreitamente no modo de relação de 
objeto próprio a cada organização mórbida. A defesa constituída pelo sintoma vai no sentido da luta 
contra a angústia específica: evitar a castração, na neurose, evitar a fragmentação, na psicose, evitar 
a perda do objeto, no estado-limítrofe. Os modos de formação de sintoma nunca são facilmente 
 
19 Estas ideias correspondem ao que se conceitua em psicanálise de “Solução de Compromisso” nas neuroses. 
20 OLIVEIRA, M.S.B., O conceito das estruturas clínicas neurose e psicose para a psicanálise. [s.d.], p. 120. As 
chaves são do professor. 
21 Adaptado de BERGERET, 2006, p. 98. 
22 Formação reativa – “Trata-se de um contra-investimento, em uma atitude autorizada, da energia pulsional retirada das 
representações proibidas; por exemplo, a solicitude pode ser uma formação reativa contra representações violentas ou 
agressivas, do mesmo modo que as exigências de limpesa do obsessivo constituem uma formação reativa contra seu 
desejo de sujar.” (BERGERET, 2006, p. 96) 
23 Formação substitutiva – “A representação do desejo inaceitável é recalcada no inconsciente. Existe, no plano do 
princípio do prazer, uma falta que o Ego vai procurar preencher, em uma dupla operação sutil e compensatória: trazer, 
por um lado, uma satisfação de substituição e, por outro, arranjar-se para que essa representação consciente de substituição 
se encontre mesmo capaz de evocar o prazer proibido, sem que isso apareça claramente, graças ao jogo das associações 
de ideias. Por exemplo, o transe místico pode muito bem constituir somente um substituto do orgasmo sexual: 
aparentemente, não há nada de sexual, na realidade, porém, o laço com o êxtase amoroso e físico se acha conservado, o 
afeto permance idêntico.” (BERGERET, 2006, p. 97) 
24 Formação de compromisso – “É também um modo de retorno do recalcado, utilizado aqui sob uma forma em que ele 
não poderá ser reconhecido, não por substituição, mas por deformação. Esse processo vai procurar aliar, assim, em um 
compromisso, os desejos inconscientes proibidos e as exigências dos proibidores, o que encontramos no sonho, em 
particular, mas também em certos sitomas (necessidade de um objeto contrafóbico, por exemplo) ou em uitas realizações 
artísticas, ou em certas escolhas no quadro da vida social.” (BERGERET, 2006, p. 97) 
18 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
intercambiáveis, tanto que a economia intrapsíquica permanece estável. Uma variação clara da 
sintomatologia necessita de uma mudança de economia interna, o que é primordial investigar em toda 
relação terapêutica, mesmo que, em aparência, essencialmente orgânica. 
 
Analise os esquemas a seguir: 
 
 
Solução (ou, Formação) de Compromisso, nas Neuroses 
 
Algumas Neuroses (Referencial Psicanalítico) 
Neurose de Abandono; 
Neurose de Transferência; 
Neurose de Angústia; 
Neurose Histérica de Angústia (ou, Fobia); 
Neurose Histérica de Conversão; 
Neurose Histérica Traumática; 
Neurose Obsessivo-Compulsiva 
Neurose Traumática; 
Depressão Neurótica ou Neurose Depressiva. 
 
Semiologia Psicanalítica 
a) (F43.0) Reação Aguda a Estresse (ou, Transtorno de Estresse Agudo) 
b) (F43.1) Transtorno de Estresse Pós-Traumático - Vide página 134. 
c) (F43.2) Transtorno de Adaptação (ou, Ajustamento) – Vide página 140. 
d) Neurose de Abandono – “ [...] quadro clínico em que predominam a angústia do abandono e 
a necessidade de segurança. Trata-se de uma neurose cuja etiologia seria pré-edipiana. [...] 
Caracteriza uma “insegurança afetiva fundamental”. A necessidade ilimitada de amor, 
manifestada de uma maneira polimorfa que a torna irreconhecível, significaria uma procura 
da segurança perdida, cujo protótipo seria uma fusão primitiva da criança com a mãe. Não 
19 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
corresponderia necessariamente a um abandono real pela mãe, [...], mas, quanto ao essencial, 
a uma atitude afetiva da mãe, sentida como recusa de amor (falsa presença da mãe, por 
exemplo). ”25 
e) Neurose de Transferência – “[...] caracterizam-se pelo fato de a libido ser sempre deslocada 
para objetos reais ou imaginários em lugar de se retrair sobre o ego. ”26 
f) Neurose de Angústica – “[...] consiste em um transtorno clı́nico que se manifesta por meio 
de uma angústia livre, quer sob uma forma permanente, quer pelo surgimento em momentos 
de crise. Em outras palavras, a ansiedade do paciente expressa-se tanto por equivalentes 
somáticos (como uma opressaõ pré-cordial, taquicardia, dispnéia suspirosa, sensaçaõ de uma 
“bola no peito”, etc.), como por uma indefinida e angustiante sensaçaõ do medo de que possa 
vir a morrer, enlouquecer, ou da iminência de alguma tragédia.”27 
g) Neurose Histérica de Angústia (Fobia) – Reação de extrema angústia e/ou medo diante de 
alguma percepção externa (p.ex., locais fechados, altos, animais etc.), que, normalmente, não 
deveria causar tal reação. Vide o tópico Solução (ou, Formação) de Compromisso, nas 
Neuroses (p.17).28 
h) Neurose Histérica de Conversão – “Forma de histeria que se caracteriza pela predominância 
de sintomas de conversão (Consiste numa transposição de um conflito psíquico e numa 
tentativa de resolução deste em sintomas somáticos, motores [paralisias, por exemplo] ou 
sensitivos [anestesias ou dores localizadas, por exemplo]). ” Vide nota de rodapé nº 24, 
Solução (ou, Formação) de Compromisso, nas Neuroses, à página17. 
i) Neurose Histérica Traumática – Tipo de histeria descrita por Charcot: os sintomas 
somáticos, designadamente as paralisias, aparece aqui, muitas vezes após um tempo de 
latência, consecutivamente a um traumatismo físico, mas sem que que este possa explicar 
mecanicamente os sintomas em questão. 
j) Neurose Obsessivo-Compulsiva – “Na forma mais típica, o conflito psíquico exprime-se por 
sintomas chamados compulsivos (ideias obsidiantes, compulsão a realizar atos indesejáveis, 
luta contra estes pensamentos e estas tendências, ritos esconjuratórios, etc.) e por um modo 
de pensar caracterizado nomeadamente pela ruminação mental, a dúvida, os escrúpulos, e que 
leva à inibição do pensamento e da ação. [...]”29 
 
 
25 LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J-B. Vocabulário de Psicanálise. 9ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1986. 
26 Idem. 
27 ZIMERMAN, D.E. Fundamentos psicanalíticos: Teoria, técnica e clínica. Uma abordagem didática. Porto Alegre 
(RS): Artmed, 2010 (Reimpressão). P. 198. 
28 Ibidem. 
29 LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J-B. Vocabulário de Psicanálise. 9ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1986. 
20 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Analise o quadro a seguir: 
PENSAMENTO
OBSESSIVO
COMPORTAMENTO
COMPULSIVO
Pensamento, ideia, imagem ou impulso persistente que é
experimentado como intrusivo e inadequado e resulta em
ansiedade, sofrimento ou desconforto. São frequentemente
ego-distônica na medida em que são experimentadas como
estranhas ou inconsistentes como o self ("Eu") e fora do
controle das pessoas. P.ex., pensamentos de contaminação,
de colocar as coisas em ordem, dúvidas repetidas etc. (APA)
Tipo de comportamento (p.ex., lavar as mãos, verificar) ou
um ato mental (p.ex., contar, rezar) executado pela pessoa
para reduzir a ansiedade ou a angústia
.
Tipicamente, o indi
-
víduo se sente impulsionado ou compelido a efetuar uma
compulsão para reduzir o sofrimento associado a uma
obsessão ou para evitar um evento ou situação temidos.
P.ex., o indivíduo com uma obsessão relativa à contaminação
pode lavar as mãos até a pele ficar ferida e sangrando.
As compulsões não dão prazer nem gratificações e são des-
proporcionais ou irrelevantes para a situação temida que se
pretende neutralizar. (APA)
 
k) Neurose Traumática – Tipo de neurose em que o aparecimento dos sintomas é consecutivo 
a um choque emotivo geralmente ligado a uma situação em que o indivíduo sentiu a sua vida 
ameaçada. Manifesta-se, no momento do choque, por uma crise ansiosa paroxística que pode 
provocar estados de agitação, de entorpecimento ou de confusão mental. A sua evolução 
ulterior, surgindo a maior parte das vezes após um intervalo livre, permitiria que se 
distinguissem esquematicamente dois casos: 
a) O traumatismo age como elemento desencadeante, revelador de uma estrutura neurótica 
preexistente. 
b) O traumatismo toma parte determinante no próprio conteúdo do sintoma (ruminação do 
acontecimento traumatizante, pesadelo repetitivo, perturbações do sono, etc.), que aparece 
como uma tentativa repetida de ‘ligar’ e ab-reagir30 o trauma; tal ‘fixação no trauma’ é 
acompanhada de uma inibição mais ou menos generalizada da atividade do indivíduo. ”31 
l) Depressão neurótica, ou em termos psicopatológicos, transtorno depressivo persistente 
(no DSM-5 também chamado de distimia). Vide página 189. 
 
Obs.: “Uma primeira observaçaõ é que, diante do largo espectro clı́nico dos estados 
depressivos, torna-se indispensável que se reconheça a distinçaõ que há entre melancolia, 
luto, tristeza, posição depressiva e depressão, a qual está sempre subjacente às diversas 
organizações neuróticas e psicóticas da personalidade. [...] 
Assim, tristeza indica um estado de humor afetivo que pode estar presente ou naõ nos estados 
depressivos. Luto corresponde a um perı́odo necessário para a elaboração da perda de um 
objeto amado que foi introjetado no ego, sem maiores conflitos. Melancolia designa que a 
introjeçaõ do objeto perdido (por morte, abandono, etc.) processou-se de forma muito 
ambivalente e conflitada. Essa ‘sombra do objeto recaı́do sobre o ego’ (Freud, 1917, p. 281) 
pode estar absorvida no próprio núcleo do ego e aı́ permanecer por toda a vida, assim se 
constituindo em um luto patológico crônico. Posição depressiva é um termo de M. Klein 
(1934, p. 262) que expressa uma constelaçaõ de relações objetais e ansiedades que constituem 
 
30 Ab-reação – “Descarga emocional (catarse) pela qual um indivíduo se liberta do afeto ligado à recordação de um 
acontecimento traumático, permitindo-lhe assim não se tornar ou não continuar patogênico. A ab-reação, que pode ser 
provocada no decorrer da psicoterapia, nomeadamente sob hipnose, e produzir então um efeito de catarse, pode também 
surgir de modo espontâneo, seperada do traumatismo inicial por um intervalo mais ou menos longo. ” (LAPLANCHE; 
PONTALIS, 1986, p. 21). 
31 LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J-B. Vocabulário de Psicanálise. 9ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1986. 
21 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
um estado psı́quico no qual prevalece a trı́ade: objeto total (integração das suas partes 
dissociadas) – assunção da responsabilidade e de eventuais culpas – presença de 
sentimentos de consideraçaõ e de intentos de reparaçaõ frente aos objetos. Depressão 
subjacente às neuroses e psicoses refere-se ao fato de que todo indivı́duo, em grau maior ou 
menor, é portador de núcleos melancólicos da personalidade. 
Por sua vez, a depressão melancólica [...] também apresenta uma ampla gama clı́nica de 
variações tanto quantitativas como qualitativas. Assim, é comum que tenhamos pacientes 
portadores de uma depressaõ crônica cujos sinais clı́nicos possam ser taõ insidiosos e pouco 
aparentes que, muitas vezes, iludem o nosso conhecimento e, daı́, que nem sempre merecem 
a devida valorizaçaõ por parte dos psicanalistas. Em outro extremo, é sabido o quanto 
podemos confrontar-nos com bruscas e inesperadas irrupções de surtos melancólicos agudos, 
com sério risco de suicı́dio. E assim por diante... 
Apesar dessa variaçaõ de forma e de grau das depressões, alguns de seus sintomas e sinais 
clı́nicos saõ de presença constante, como, por exemplo: baixa auto-estima, sentimento culposo 
sem causa definida, exacerbada intolerância a perdas e frustrações; alto nıv́el de exigência 
consigo próprio, extrema submissaõ ao julgamento dos outros, sentimento de perda do amor 
e permanente estado de que há algum desejo inalcançável.” (ZIMERMAN, 2010, p. 216) 
 
“Piadinha pedagógica...” 
 
 
Analise o Quadro Comparativo a seguir: 
 
22 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Quadro Comparativo: Codificação dos Transtornos Neuróticos (CID-10 e DSM-5) 
CID-10 
F40 Transtornos fóbico-ansiosos 
F40.0 Agorafobia 
F40.1 Fobias sociais 
F40.2 Fobias específicas (isoladas) 
F40.8 Outros transtornos fóbico-ansiosos 
F40.9 Transtorno fóbico-ansioso não especificado 
F41 Outros transtornos ansiosos 
F41.0 Transtorno de pânico (ansiedade paroxística episódica) 
F41.1 Ansiedade generalizada 
F41.2 Transtorno misto ansioso e depressivo 
F41.3 Outros transtornos ansiosos mistos 
F41.8 Outros transtornos ansiosos especificados 
F41.9 Transtorno ansioso não especificado 
F42 Transtorno Obsessivo-Compulsivo 
F42.0 Transtorno obsessivo-compulsivo com predominância de ideias ou de 
ruminações obsessivas 
F42.1 Transtorno obsessivo-compulsivo com predominância de comportamentos 
compulsivos (rituais obsessivos) 
F42.2 Transtorno obsessivo-compulsivo, forma mista, com ideias obsessivas e 
comportamentos compulsivos 
F42.8 Outros transtornosobsessivo-compulsivos 
F42.9 Transtorno obsessivo-compulsivo não especificado 
F43 "Reações ao "stress" grave e transtornos de adaptação" 
F43.0 "Reação aguda ao "stress" 
F43.1 "Estado de "stress "pós-traumático" 
F43.2 Transtornos de adaptação 
 
 
F43.8 "Outras reações ao "stress" grave 
F43.9 "Reação não especificada a um "stress" grave 
F44 Transtornos Dissociativos (de Conversão) 
F44.0 Amnésia dissociativa 
F44.1 Fuga dissociativa 
F44.2 Estupor dissociativo 
F44.3 Estados de transe e de possessão 
DSM-5 
Transtornos de Ansiedade 
300.22 Agorafobia 
300.23 Ansiedade Social (Fobia Social) 
300.29 Fobia Específica 
 
 
 
300.01 Transtorno de Pânico 
300.02 Transtorno de Ansiedade Generalizada 
 
 
300.09 Outro Transtorno de Ansiedade Especificado 
300.00 Transtorno de Ansiedade Não Especificado 
300.3 Transtorno Obsessivo-Compulsivo (Especificar se: Relacionado a tique; com 
aquisição excessiva; Outro TOC e Transtorno Relacionado Especificado; TOC e 
Transtorno Relacionado Não Especificado)32 
 
 
 
 
 
 
 
308.3 Transtorno de Estresse Agudo 
309.10 Transtorno de Estresse Pós-Traumático 
309 Transtorno de Adaptação (com humor deprimido; com ansiedade; com misto de 
ansiedade de depressão; com perturbação da conduta; com perturbação mista das 
emoções e da conduta; não especificado) 
309.89 Outro Transtorno Relacionado a Trauma e a Estressores Especificado 
 
 
300.12 Amnésia Dissociativa [Espectro Histérico] 
300.13 Fuga Dissociativa [Espectro Histérico] 
300.14 Transtorno Dissociativo de Identidade [Espectro Histérico] 
300.14 Transtorno Dissociativo de Identidade [Espectro Histérico] 
 
32 Vide Observação à página 140. 
23 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
F44.4 Transtornos dissociativos do movimento 
 
F44.5 Convulsões dissociativas 
F44.6 Anestesia e perda sensorial dissociativas 
F44.7 Transtorno dissociativo misto (de conversão) 
F44.8 Outros transtornos dissociativos (de conversão) 
F44.9 Transtorno dissociativo (de conversão) não especificado 
F45 Transtornos Somatoformes 
F45.0 Transtorno de somatização 
F45.1 Transtorno somatoforme indiferenciado 
F45.2 Transtorno hipocondríaco (F45.22 Dismorfofobia – corporal – não-delirante) 
F45.3 Transtorno neurovegetativo somatoforme 
F45.4 Transtorno doloroso somatoforme persistente 
F45.8 Outros transtornos somatoformes 
 
F45.9 Transtorno somatoforme não especificado 
 
F48 Outros transtornos neuróticos 
F48.0 Neurastenia 
F48.1 Síndrome de despersonalização-desrealização 
F48.8 Outros transtornos neuróticos especificados 
F48.9 Transtorno neurótico não especificado 
300.11 Transtorno Conversivo com fraqueza ou paralisia; com movimento anormal; 
com sintomas de deglutição; com sintoma de fala. [Espectro Histérico] 
Com ataques ou convulsões 
Com anestesia ou perda sensorial; com sintoma sensorial especial 
Com sintomas mistos 
 
300.15 Transtorno Dissociativa Não Especificado [Espectro Histérico] 
 
300.82 Transtorno de Sintomas Somáticos [Espectro Histérico] 
300.7 Transtorno de Ansiedade de Doença (Transtorno Dismórfico Corporal) 
 
300.89 Outro Transtorno de Sintomas Somáticos e Transtorno Relacionado 
Especificado 
300.82 Transtorno de Sintomas Somáticos e Transtornos Relacionados Não 
Especificado 
 
 
 
300.6 Transtorno de Despersonalização/Desrealização 
 
 
24 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
f. Transtornos de personalidade 
Pessoas explosivas, teatrais, sistemáticas, meticulosas, obsessivas, 
cismadas, muito emotivas e outros tipos difíceis de conviver sugerem, 
intuitivamente para todos nós, tratar-se de uma maneira de SER assim e não 
de ESTAR assim. Ao longo da vida essas pessoas podem melhorar, através 
de muito empenho e vontade de morrer melhor do que nasceram. Outras 
estacionam, petrificadas para sempre, sofrendo e fazendo sofrer. 
Henri Ey considera algumas pessoas portadoras de um Ego Patológico, caracterizando não apenas 
uma maneira de ESTAR no mundo, mas sobretudo, uma maneira de SER no mundo. Karl Jaspers 
afirma serem anormais as personalidades que fazem sofrer, tanto a pessoa quanto quem a rodeia. Para 
Jaspers, as personalidades anormais representam variações não-normais da natureza humana, as quais 
podem perfeitamente ser entendidas como Transtornos de Personalidade (TP). 
Diz a CID.10 que os transtornos de personalidade são estados e tipos de comportamentos 
característicos que expressam maneiras de a pessoa viver e de estabelecer relações consigo 
mesma e com os outros. São distúrbios da constituição e das tendências comportamentais – 
continua dizendo a CID.10 – não diretamente relacionados a alguma doença, lesão, afecção 
cerebral ou a outro transtorno [psicopatológico]. Isso tudo quer dizer que a pessoa 
simplesmente é desse jeito e será sempre assim.33 
Habitualmente os transtornos da personalidade se acompanham de sofrimento e de comprometimento 
no desempenho global da pessoa. Aparecem precocemente durante o desenvolvimento individual sob 
a influência de múltiplos fatores, sejam constitucionais, sociais ou existenciais.34 Depois de 
solidificado este conjunto de traços pessoais, tal como uma personalidade normal, persistirá 
indefinidamente. 
Entretanto, dependendo da cognição, juízo crítico, conhecimento e disposição ao entendimento, tais 
estados supostamente pétreos podem seguir por caminhos mais favoráveis e de menor sofrimento, 
tanto para a pessoa deles portadora, quanto dos demais à sua volta. Sabendo lidar com essa questão a 
pessoa poderá se adaptar perfeitamente a sua maneira de ser, poderá disciplinar pulsões, esquemas de 
pensamentos, impulsos específicos desses transtornos, e tal manejo poderá ser de tal forma eficiente 
que a qualidade da vida emocional será muito melhorada. 
De fato, o que denomina, classifica ou dá o nome ao transtorno da personalidade é a 
predominância de determinados traços, os quais todos nós os temos em dose diminuta. Todos 
temos algo de histéricos, uma pitada de paranoia, traços de ansiedade, e assim por diante. Entretanto, 
no transtorno da personalidade tais traços são predominantes e dominam tiranamente a maneira 
de ração dessas pessoas de forma a causar sofrimento (na pessoa e/ou naqueles próximos) e 
comprometer o desempenho. 
[...] A Organização Mundial de Saúde (OMS) trata do assunto sob o título de Transtornos da 
Personalidade e de Comportamento, especificando-os nos códigos F60 até F69 na CID-10. A OMS 
descreve tais transtornos da seguinte maneira: 
‘Estes tipos de condição abrangem padrões de comportamento permanentes e profundamente 
arraigados no ser que se manifestam como respostas inflexíveis a uma ampla série de situações 
pessoais e sociais. Elas representam desvios extremos ou significativos do modo como o 
 
33 Este trecho nos sugere uma causa genética/orgânica para os diversos Transtornos de Personalidade. 
34 Observe que neste trecho, diferentemente dos demais, cogitam-se causas sociais e existenciais para os TP. Isto nos 
sugere uma possível falta de consenso entre os autores psiquiátricos. Note-se, no entanto, que a tendência predominante 
em psiquiatria, em relação às causas dos TP, é a de atribuir às causas genéticas/orgânicas. 
25 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
indivíduo médio, em uma dada cultura, percebe, pensa, sente e, particularmente, se relaciona 
com os outros’. 
Quando a OMS diz ‘...permanentes e profundamente arraigados no ser...’ ela quer dizer que se trata 
de uma característica definitiva. Uma pessoa obsessiva, meticulosa, perfeccionista e rígida com 
problemas de adaptação, por exemplo, pode mudar sua maneira de ser para melhor refazendo algumas 
crenças pessoais e atitudes comportamentaisno sentido de construir melhor relação consigo mesma, 
com os outros e com a vida, embora continue sendo menos obsessiva, menos meticulosa, menos 
perfeccionista e menos rígida. Acontecendo assim a pessoa deixará de ter um transtorno de 
personalidade para ter apenas traços obsessivos, traços perfeccionistas e assim por diante. 
As características de personalidade por si só não caracterizam um Transtorno de Personalidade, elas 
são os traços, ou seja, padrões duradouros de percepção, relação e pensamento acerca do ambiente e 
de si mesmo, e são exibidos numa ampla faixa de contextos sociais e pessoais importantes. É somente 
quando as características de personalidade são inflexíveis e desadaptadas, causando um 
comprometimento significativo no desempenho da pessoa é que elas podem constituir-se em 
Transtornos da Personalidade. 
Os Transtornos de Personalidade, ainda segundo a CID-10, são condições do desenvolvimento da 
personalidade que aparecem na infância ou adolescência e continuam pela vida adulta. Esta condição 
constitucional e biológica de desenvolvimento diferencia o Transtorno da Alteração da 
Personalidade. A Alteração da Personalidade ocorre durante a vida em consequência de algum 
outro transtorno emocional, dependência química, traumatismo craniano, tumores, infecções 
cerebrais, etc. 
Enfatizando, os Transtornos de Personalidades são perturbações graves da constituição do caráter 
e das tendências comportamentais [atitudes], portanto, não são adquiridas no meio tal como as 
Alterações da Personalidade35. A CID-10 apresenta entre os títulos F60 e F69 uma grande variedade 
de subtipos de Transtornos de Personalidade. [...] 
A Associação Norte-americana de Psiquiatria, através de seus critérios de classificação e diagnóstico 
de transtornos mentais, o DSM-5, fala sobre os Transtornos da Personalidade da seguinte forma: 
Os traços de personalidade constituem transtornos da personalidade somente quando são 
inflexíveis e mal-adaptativos e causam prejuízo funcional ou sofrimento subjetivo significativos. 
O aspecto essencial de um transtorno da personalidade é um padrão persistente de experiência 
interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do 
indivíduo e que se manifesta em pelo menos duas das seguintes áreas: cognição, afetividade, 
funcionamento interpessoal ou controle de impulsos (Critério A). Esse padrão persistente é 
inflexível e abrange uma ampla faixa de situações pessoais e sociais (Critério B), provocando 
sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em 
outras áreas importantes da vida do indivíduo (Critério C). O padrão é estável e de longa 
duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a partir da adolescência ou do início da fase adulta 
(Critério D). O padrão não é mais bem explicado como uma manifestação ou consequência de 
outro transtorno mental (Critério E) e não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância 
(p. ex., droga de abuso, medicamento, exposição a uma toxina) ou a outra condição médica (p. 
ex., traumatismo craniencefálico) (Critério F). 
 
35 Este trecho nos sugere uma possível origem genética para tais transtornos. Tal posição da psiquiatria não é a definitiva 
nas ciências que estudam a mente humana (por exemplo, a própria psicologia). 
26 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
E qual seria a diferença entre o Transtorno da Personalidade e a Doença Mental franca? As 
doenças mentais ocorrem e se desenvolvem a partir de um momento definido da vida, tal como são 
as crises, reações, processos, episódios e surtos, enquanto os Transtornos da Personalidade, por sua 
vez, são maneiras problemáticas de ser, constantes e perenes. As doenças mentais surgem e os 
Transtornos da Personalidade são.36 
Na Esquizofrenia, por exemplo, assim como nos Transtornos do Humor e outros, a partir de um 
determinado momento na vida a personalidade, que já era chamada pré-mórbida, envereda por uma 
trajetória que se afasta mais e mais do normal resultando em um episódio agudo. Nos Transtornos 
da Personalidade o rumo da personalidade está e sempre esteve algo distante do normal, 
embora não tenha obrigatoriamente que piorar cada vez mais, como nos outros processos 
psicopatológicos. 
Os Transtornos de Personalidade afetam todas as áreas da personalidade, o modo como o indivíduo 
vê o mundo, a maneira como expressa as emoções, o comportamento social. Caracteriza um estilo 
pessoal de vida mal adaptado, inflexível e prejudicial a si próprio e/ou aos que com ele convivem. 
Essas características, no entanto, apesar de necessárias não são suficientes para identificação dos 
Transtornos de Personalidade, pelo fato de serem muito vagas. A maneira mais clara como a 
classificação deste problema vem sendo tratada é através da subdivisão em tipos de transtornos de 
personalidade, com critérios de diagnóstico próprios e bem definidos, tanto pela CID.10, quanto pelo 
DSM-5. 
 
Analise o Quadro Comparativo a seguir: 
 
 
36 Este parágrafo nos sugere, portanto, que os TP não deveriam ser classificados, stricto-sensu, como “doenças mentais”. 
27 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
Quadro Comparativo: Codificação dos Transtornos de Personalidade (CID-10 e DSM-5) 
CID-10 
F60 Transtornos específicos da personalidade 
F60.0 Personalidade paranóica 
F60.1 Personalidade esquizoide 
F21 Transtorno esquizotípico (Obs.: Catalogado no espectro da Esquizofrenia) 
F60.2 Personalidade dissocial 
F60.3 Transtorno de personalidade com instabilidade emocional 
F60.4 Personalidade histriônica 
F60.5 Personalidade anancástica 
F60.6 Personalidade ansiosa (esquiva) 
F60.7 Personalidade dependente 
F60.8 Outros transtornos específicos da personalidade 
F60.9 Transtorno não especificado da personalidade 
F61 Transtornos mistos da personalidade e outros transtornos da personalidade 
F62 Modificações duradouras da personalidade não atribuíveis a lesão ou 
doença cerebral 
F62.0 Modificação duradoura da personalidade após uma experiência catastrófica 
F62.1 Modificação duradoura da personalidade após doença psiquiátrica 
F62.8 Outras modificações duradouras da personalidade 
F62.9 Modificação duradoura da personalidade, não especificada 
F63 Transtornos dos hábitos e dos impulsos 
F63.0 Jogo patológico 
F63.1 Piromania 
F63.2 Roubo patológico (cleptomania) 
F63.3 Tricotilomania 
F63.8 Outros transtornos dos hábitos e dos impulsos 
F63.9 Transtorno dos hábitos e impulsos, não especificado 
F64 Transtornos da identidade sexual 
F64.0 Transexualismo 
F64.1 Travestismo bivalente 
F64.2 Transtorno de identidade sexual na infância 
F64.8 Outros transtornos da identidade sexual 
F64.9 Transtorno não especificado da identidade sexual 
F65 Transtornos da preferência sexual 
F65.0 Fetichismo 
F65.1 Travestismo fetichista 
F65.2 Exibicionismo 
F65.3 Voyeurismo 
DSM-5 
 
301.0 Transtorno da Personalidade Paranoide 
301.20 Transtorno da Personalidade Esquizoide 
301.22 Transtorno da Personalidade Esquizotípica 
301.7 Transtorno da Personalidade Antissocial 
301.83 Transtorno Borderline 
301.50 Transtorno da Personalidade Histriônica 
301.4 Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsivo 
301.82 Transtorno da Personalidade Evitativa 
301.6 Transtorno da Personalidade Dependente 
301.81 Transtorno da Personalidade Narcisista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
312.31 Transtorno do Jogo (Transtorno Não Relacionado a Substância) 
312.33 Piromania (Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta) 
312.32 Cleptomania (idem) 
312.39 Tricotilomania (Transtorno de Arrancar o Cabelo) (Espectro do TOC) 
312.34 Transtorno Explosivo Intermitente (Transtornos Disruptivos, do Controle dos 
Impulsose da Conduta) 
 
 
(Especto dos Transtorno Parafı́lico Especificado) 
 
 
 
 
 
302.81 Transtorno Fetichista (Transtorno Parafílico) 
302.3 Transtorno Transvéstico (Transtorno Parafílico) 
302.4 Transtorno Exibicionista (Transtorno Parafílico) 
28 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
F65.4 Pedofilia 
F65.5 Sadomasoquismo 
 
F65.6 Transtornos múltiplos da preferência sexual 
F65.8 Outros transtornos da preferência sexual 
F65.9 Transtorno da preferência sexual, não especificado 
F66 Transtornos psicológicos e comportamentais associados ao desenvolvimento 
sexual e à sua orientação 
F66.0 Transtorno da maturação sexual 
F66.1 Orientação sexual egodistônica 
F66.2 Transtorno do relacionamento sexual 
F66.8 Outros transtornos do desenvolvimento psicossexual 
F66.9 Transtorno do desenvolvimento sexual, não especificado 
F68 Outros transtornos da personalidade e do comportamento do adulto 
F68.0 Sintomas físicos aumentados por fatores psicológicos 
F68.1 Produção deliberada ou simulação de sintomas ou de incapacidades, físicas ou 
psicológicas (transtorno fictício) 
F68.8 Outros transtornos especificados da personalidade e do comportamento do 
adulto 
F69 Transtorno da personalidade e do comportamento do adulto, não especificado 
 
302.82 Transtorno Voyeurista (Transtorno Parafílico) 
302.2 Transtorno Pedofílico (Transtorno Parafílico) 
302.8 Transtorno do Masoquismo Sexual; do Sadismo Sexual (Transtorno Parafílico) 
 
302.89 Transtorno Frotteurista (Transtorno Parafílico) 
302.9 Transtorno Parafílico Não Especificado 
 
 
 
 
 
302.89 Outro Transtorno Parafílico Especificado 
302.9 Transtorno Parafílico Não Especificado 
 
 
300.19 Transtorno Factício 
 
 
29 
 
 
Introdução ao estudo da Psicopatologia e o diagnóstico em Psiquiatria 
Histórico e principais correntes em Psicopatologia 
 
CORRENTE DA PSICOPATOLOGIA37 
 
DESCRITIVA – “interessa-se 
fundamentalmente pela forma das alterações 
psíquicas, a estrutura dos sintomas, aquilo que 
caracteriza a vivência patológica como 
sintoma mais ou menos típico. ” 
Possui, portanto, características diagnósticas 
e objetivas. 
 DINÂMICA – “interessa-se pelo conteúdo da 
vivência, os movimentos internos de afetos, 
desejos e temores do indivíduo, sua 
experiência particular, pessoal, não 
necessariamente classificável em sintomas 
previamente descritos. 
Possui, portanto, características pessoais e 
subjetivas. 
 
MÉDICO-NATURALISTA – “Trabalha 
com uma noção de homem centrada no corpo, 
no ser biológico como espécie natural e 
universal. Assim, o adoecimento mental é visto 
como um mau funcionamento do cérebro, uma 
desregulação, uma disfunção de alguma parte 
do “aparelho biológico”. 
 EXISTENCIAL – “O doente é visto 
principalmente como “existência singular”, 
como ser lançado a um mundo que é apenas 
natural e biológico na sua dimensão elementar, 
mas que é fundamentalmente histórico e 
humano. O ser é construído por meio da 
experiência particular de cada sujeito, na sua 
relação com outros sujeitos, na abertura para a 
construção de cada destino pessoal. A doença 
mental, nessa perspectiva, não é vista tanto 
como disfunção biológica ou psicológica, mas, 
sobretudo, como um modo particular de 
existência, uma forma trágica de ser no mundo, 
de construir um destino, um modo 
particularmente doloroso de ser com os 
outros.” 
 
COMPORTAMENTAL-COGNITIVISTA 
– “o homem é visto como um conjunto de 
comportamentos observáveis, verificáveis, que 
são regulados por estímulos específicos e 
gerais, e por certas leis e determinantes do 
aprendizado. Associada a essa visão, a 
perspectiva cognitivista centra atenção sobre 
as representações cognitivas conscientes de 
cada indivíduo. As representações conscientes 
seriam vistas como essenciais ao 
funcionamento mental, normal e patológico. 
Os sintomas resultam de comportamentos e 
representações cognitivas disfuncionais, 
aprendidas e reforçadas pela experiência 
sociofamiliar. ” 
 PSICANALÍTICA – “o homem é visto como 
ser “determinado”, dominado por forças, 
desejos e conflitos inconscientes. A psicanálise 
dá grande importância aos afetos, que, segundo 
ela, dominam o psiquismo; o homem racional, 
autocontrolado, senhor de si e de seus desejos, 
é, para ela, uma enorme ilusão. Na visão 
psicanalítica, [as] síndromes mentais são 
consideradas formas de expressão de conflitos, 
predominantemente inconscientes, de desejos 
que não podem ser realizados, de temores aos 
quais o indivíduo não tem acesso. O sintoma é 
encarado, nesse caso, como uma “formação 
de compromisso”, um certo arranjo entre o 
desejo inconsciente, as normas e as permissões 
culturais e as possibilidades reais de satisfação 
desse desejo. A resultante desse emaranhado 
de forças, dessa “trama conflitiva” 
 
37 Quadro montado a partir de DALGALARRONDO, 2008, p. 35-8) 
30 
 
“[...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jesus Cristo) 
inconsciente, é o que se identifica como 
sintoma psicopatológico. ” 
 
CATEGORIAL – “As entidades 
nosológicas38 ou transtornos mentais 
específicos podem ser compreendidos como 
entidades completamente individualizadas, 
com contornos e fronteiras bem demarcados. 
As categorias diagnósticas seriam “espécies 
únicas”, tal qual espécies biológicas, cuja 
identificação precisa constituiria uma das 
tarefas da psicopatologia. Assim, entre a 
esquizofrenia e os transtornos afetivos 
bipolares e os delirantes, haveria, por exemplo, 
uma fronteira nítida, configurando-os como 
entidades ou categorias diagnósticas diferentes 
e discerníveis na sua natureza básica. ” [é o 
modelo adotado pelo CID-10 e pelo DSM-5]. 
 DIMENSIONAL – “Haveria, então, 
dimensões como, por exemplo, o espectro 
esquizofrênico, que incluiria desde formais 
muito graves, tipo ‘demência precoce’ (com 
grave deterioração da personalidade, 
embotamento afetivo, muitos sintomas 
residuais), formas menos deteriorantes de 
esquizofrenia, formas com sintomas afetivos, 
chegando até um outro polo, de transtornos 
afetivos, incluindo formas com sintomas 
psicóticos até formas puras de depressão39 e 
mania40 (hipótese esta que se relaciona à 
antiga noção de psicose41 unitária). 
Algumas polaridades dimensionais em 
psicopatologia seriam, por exemplo: 
Esquizofrenia deficitária / Esquizofrenia 
benigna / Psicoses esquizoafetivas / 
Transtornos afetivos com sintomas psicóticos / 
Transtornos afetivos menores 
Ou 
Depressões graves (estupor42, psicótica) / 
Depressão bipolar / Depressões moderadas / 
Distimia / Personalidade depressiva / 
Depressão subclínica. ” 
 
38 Nosologia – é o estudo das doenças. 
39 Distimia – [...] em psicopatologia geral, é o termo que designa a alteração básica do humor, tanto no sentido da inibição 
como no sentido da exaltação. Não se deve confundir o sintoma distímico com o transtorno depressivo persistente (no 
DSM-5 também chamado de distimia), que, segundo as classificações da CID-10 e do DSM-5, é um transtorno 
depressivo leve e crônico. (DALGALARRONDO, 2008, p. 164). Como transtorno, a distimia caracteriza-se por ser um 
rebaixamento crônico do humor, persistindo ao menos por vários anos, mas cuja gravidade não é suficiente ou na qual os 
episódios individuais são muito curtos para responder aos critérios de transtorno depressivo recorrente grave, moderado 
ou leve. 
40 Mania sem sintomas psicóticos - Presença de uma elevação do humor fora de proporção com a situação do sujeito, 
podendo variar de uma jovialidade descuidada a uma agitação praticamente incontrolável. Esta elação se acompanha de 
um aumento da energia, levando à hiperatividade, um desejo de falar e uma redução da necessidade de sono. A atenção 
não

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