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2º Exercício de Sociologia 2 2012.2 1º CELSO FURTADO: êxito das colonias de exploração; obstáculos para o desenvolvimento do Brasil; A formação de uma produção agroexportadora que enriqueceu a Metrópole, mas não desenvolveu a economia interna, além de usar mão de obra privada de liberdade concentrando poder, prestígio e renda na classe dominante (senhores de engenho) são algumas características do Brasil no período da colonização. O histórico de mercado consumidor interno limitado e concentração de renda fez surgir uma economia capitalista periférica, dependente de investimento externo e com a convivência do setor moderno dinâmico com o setor tradicional imóvel, característica do subdesenvolvimento descrito por Furtado. As economias subdesenvolvidas, para Furtado, não são um estágio inicial do desenvolvimento, mas uma condição de dependência que se perpetua, pois a formação de uma capitalismo periférico dependente mina a capacidade de se ter uma burguesia forte e autônoma que pudesse estender de forma plena as relações produtivas modernas sobre o setor arcaico que reproduzia as relações précapitalistas. 2º JOSÉ MURILO DE CARVALHO: impactos negativos da escravidão na cidadania; A dominação portuguesa no Brasil foi extremamente violenta e exclusiva, baseada estruturalmente na escravidão que lavou da sociedade as condições mínimas para a construção da igualdade cidadã e do nacionalismo. A situação que se apresentava tinha em lados opostos dominadores (senhores) e dominados (escravos) e institucionalizou a desigualdade social, em que os participantes da sociedade não se viam como iguais, ou pior, viam somente a conduta social do dominador como a conduta a ser seguida. Diante disso, formouse uma sociedade escravocrata, com a maior parte dos que viviam no Brasil privados de direitos básicos como a vida, a liberdade e a integridade, num cenário pouco favorável a se considerar a cidadania. De forma geral, José Murilo de Carvalho ainda argumenta que a maior herança negativa da sociedade escravocrata foi o analfabetismo, por que atingia todos os estamentos. Para os negros resultou na marginalização e dificultou a assimilação do direitos, mas também atingiu os pobreslivres e senhores, que por isso não foram capaz de se comportar como cidadão, ao ver os outros participantes da sociedade com igualdade. O descaso com a educação privou a sociedade como um todo de formar consciência de direitos e percepção de igualdade e dignidade para todos perante a lei. Sobressai o poder do estamento civil mais forte, os senhores, suprimindo até mesmo o poder real do Estado. 3º FLORESTAN FERNANDES: dupla articulação; impacto no desenvolvimento; A “dupla articulação” é a condição que permitiu o desenvolvimento de uma economia capitalista diferenciada no Brasil e que possui duas relações principais: o desenvolvimento interno de um setor moderno ainda articulado com o setor arcaico e o desenvolvimento das relações externas com a podução econômica vinculada às economias capitalistas centrais. Isso foi possível pela forma em que se deu a formação da classe burguesa no Brasil, que não exerceu seu papel de mudança socioestrutural, com formação de uma sociedade competitiva ligada a eficiência como foi com as revoluções burguesas na Europa. A burguesia brasileira, pelo contrário, tratou de apoderarse de posições políticas que perpetuassem ou reforçassem sua situação de conforto econômico e prestígio social. Com isso foi mantida a relação de dependência econômica externa, mesmo depois da emancipação política, passada da Metrópole para as economias centrais, em especial a Inglaterra. Como consequência dessas articulações se formou no Brasil uma economia sem autonomia, dependente do capital e das decisões estrangeiras, e com forte desigualdade interna, pela convivência de dois setores que produziam em ritmos diferentes e exigiam estruturas econômicas diferentes, por exemplo, no tocante ao tipo de mão de obra usada nos setor arcaico (mão de obra escrava) e no setor moderno (mão de obra assalariada). 5º JESSÉ DE SOUZA: gigantesca ralé estrutural; habitus precário; Quando o Abolicionismo perdeu força após a libertação dos escravos, estes forma deixados à margem da sociedade tanto pelo Estado quanto pelos agentes econômicos, constituindo, juntamente com a população branca pobre, uma grande massa de gente despreparada para atuar na vida moderna e na nascente economia competitiva que se instalava no Brasil. Jessé de Souza aponta esse abandono da população ex escrava e pobrelivre como o ambiente ideal para a disseminação de valores distorcidos que prejudicaram a formação da cidadania brasileira, sendo aqui desenvolvida uma subcidadania, baseada no habitus precário. O negro foi privado, ainda escravo, de direitos básicos e após liberto ansioso pela liberdade e para não se submeter a humilhações novamente apresentou comportamento “reativo e ressentivo”. Esse ressentimento atrapalhou o liberto de se adaptar as novas condições que a modernidade impunha, como Souza afirma, por atos de insubordinação, indisciplina e inconstância no trabalho. É esse grupo de inaptos que constitui a “ralé estrutural” que não conseguiu participar ativamente das novas forças de trabalho e reproduzia o habitus precário. Habitus são os valores intrísecos a formação do caráter da pessoas, Souza traz de Bourdieu a definição de habitus como o conjunto de valores e crenças préreflexivos adquiridos no ambiente familiar. Aqui está a pedra que fundamenta o habitus precário, a “ralé” é expressamente caracterizada pelo abandono, pela pobreza e pelo ambiente familiar desestruturado, e por vezes, inexistente, tão importante na formação da personalidade e do espírito de coletividade. É no seio de ausência que a “ralé” desenvolve um um conjunto de valores egoístas, de marginalização, de violência e da naturalização das desigualdades. 6º JOSÉ MURILO DE CARVALHO: a cidadania em negativo A cidadania em negativo desmistifica a ideia de passividade política e falta de compromisso com os direitos civis que se tinha, ou tem, da sociedade brasileira. A história do Brasil revela que no país não houve a expansão da aptidão civil por toda a sociedade, e esta se formou desorganizada politicamente e sem eleitorado esclarecido. José Murilo de Carvalho avalia que a cidadania não poderiaser pesada somente pelo uso do voto, e sim pelas manifestações populares, coletivas. Manifestações estas que permearam o Império pelo anseio da República, depois derrubaram a ditadura e conquistaram o voto direto nos anos 80. É no contexto das revoltas populares que o povo fez “seu batismo de fogo” no plano político. Sempre que percebiam seus valores ameaçados, ou quando o governo atentava contra vida privada, os cidadãos viam a oportunidade de reagir com violência as medidas impostas. O “cidadão em negativo” de José Murilo é este que reinvindica a não interferência do Estado sempre que este rompe com o contrato tácito de não interferir no cotidiano do povo. Esta ação, ainda que uma reação e não uma proposição, revela a não apatia política da sociedade brasileira.
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