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Erianne Farias e Maria Dayanne | UFPE 2012.2 Abolicionismo Joaquim Nabuco Nabuco inicia o texto afirmando que a escravidão é um regime que afeta todas as classes, direta ou indiretamente. E que é ilusório esperar que a escravidão se dissolva de forma natural e gradual como acreditam seus contemporâneos. Além disso, esse regime traz uma série de atrasos ao país econômicos, sociais e políticos e só reafirma a nossa identidade como um país inferior, "um país de escravos", "o pelourinho do mundo". Sabido isso, Nabuco afirma que é urgente a necessidade da abolição da escravidão por que ela fazendo parte da nossa essência, não deixaria de atuar mesmo quando os escravos fossem emancipados. O rompimento do regime iria por fim ao vínculo senhorescravo, mas não os colocaria no mesmo nível de cidadania. Além disso, a permanência desse regime acontecia em defesa de uma parcela mínima da população os proprietários e que seria melhor para o país a abolição, em vez da criação de uma série de leis que só trariam aborrecimentos aos proprietários e que não seriam cumpridas. A lei do ventre livre traz à tona essa realidade de insuficiência, já que os escravos libertos (ingênuos) permaneciam sob a tutela do senhor até os vinte e um anos. Era necessário que o país colocasse fim nessa situção que impedia a imigração de estrangeiros, adiava a criação de um sentimento de nação na população brasileira, e atrasava o progresso. Se isso não acontecesse, o governo falharia no seu papel de manter a ordem e prover o direito à liberdade e à vida, em prol de uma maioria e em detrimento do interesses do restante da população e do sofrimento de um milhão e meio de pessoas (escravos + ingênuos). Mais vinte anos de regime como meio de adaptação a uma nova realidade (como defendiam alguns) só traria mais despesa e era uma medida que desconhecia a tradição de procrastinação que possuem os brasileiros. Existia no país uma força tamanha capaz de acabar com a escravidão: o governo. Este tendo como definição pura o poder, era o único realmente apto a destruir o regime da forma que bem entendesse. No entanto, este preferia defender os interesses dos proprietários. É nesse contexto que surge a função dos abolicionistas: fomentar a opinião pública em favor da causa. Esta seria capaz de influenciar o governo a favor dos seus interesses e que deveria servir de apoio para disseminar em todas as classes não só o prejuízo humano da escravidão, mas também seu prejuízo material. Um dos maiores argumentos contra a abolição era a necessidade da mão de obra escrava para a manutenção da lavoura. O que não é verdadeiro, já que em regiões onde se pensava que o trabalho escravo era muito necessário como no Norte ele praticamente já não existia. E já em São Paulo, mesmo com o aumento do preço por escravo, crescia o uso do trabalho escravocrata. E, em comparação ao que ocorreu aos Estados do Sul nos Estados Unidos, que mesmo afundados em Erianne Farias e Maria Dayanne | UFPE 2012.2 dívidas após a abolição, descobriram um novo modelo de desenvolvimento econômico que era dinâmico e não monocultural e que afirmavam o trabalho livre como modelo de progresso: era mais eficiente, mais econômico, capaz de gerar indústrias e elevar o nível social do povo. Se a agricultura brasileira se encontrava em ruínas, a responsabilidade era dos donos de terra, que continuavam a seguir o regime escravocrata. Estes por sua vez, cobravam uma indenização em favor da libertação dos escravos. Nabuco se opunha alegando ser essa cobrança indevida, já que boa parte dos escravos foram adquiridos de forma ilegal e que o Brasil já demonstrara através das leis seu descontento com o regime. Ainda assim, supondo o investimento feito na aquisição de um escravo, esse capital seria amortizado quando se contabilizassem os descendentes do escravo original e a quantia paga através dos anos de trabalho. Para finalizar, retomase a ideia da escravidão como sinal de atraso. O país que carregava o estigma de atrasado em relação até mesmo de outros países americanos, que ao contrário de nós, recebia milhares de imigrantes brancos, que por sua vez traziam o progresso consigo. O atraso moral, já que esse sistema se sustentava pelo sofrimento e morte de milhares de pessoas (a quantidade de negros que morriam era muito superior a quantidade dos que eram alforriados) e que sobrepujava os que continuavam escravos a viver sem nenhuma sorte de direitos e forçava os que eram criados com os senhores a pensar e viver sem nenhuma referência de igualdade e cidadania. E só retardava o sentimento de nação brasileira que nós deveríamos possuir.
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