04 - Litisconsórcio

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06) Do litisconsórcio
- Generalidades
- Tratamento específico no art. 46 do CPC
- Litisconsórcio facultativo
- Litisconsórcio obrigatório
- Jurisprudência 
- Problema específico
- Generalidades
Observando o andamento do processo, oriundo da provocação do polo ativo, petição inicial, pedido, encontramos ali a figura do autor, podendo redundar ou não na contestação, polo passivo, que buscam a tutela jurisdicional, em dizer o direito, pela procedência ou improcedência do pedido, valendo a decisão entre as partes componentes dos dois pólos.
A regra simples é de que normalmente o processo tem um autor e um réu, havendo situações outras em que, deverão aparecer mais pessoas no polo ativo ou passivo, chamados litisconsortes, para que a decisão oriunda do processo a todos possa ser aplicada.
José Eduardo Carreira Alvim, Elementos de Teoria Geral do Processo, Forense, 1989, 1ª. Ed., pág. 253, esclarece:
"O processo é uma relação jurídica de, pelo menos, dois sujeitos parciais; de um lado, o autor e de outro, o réu. Aquele que pede (em juízo) e aquele do qual é pedida a atuação de uma vontade da lei. Em regra os sujeitos parciais são apenas dois: autor e réu.
Ocorre que às vezes a lide não envolve apenas duas pessoas, figurando na posição de autor ou de réu, mais de uma pessoa.
A esse fenômeno, de pluralidade de partes no processo, dá-se o nome de litisconsórcio que, para Gabriel de Rezende Filho, é o laço que prende dois ou mais litigantes, no processo, na qualidade de autores ou de réus".
Alcides de Mendonça Lima, Dicionário de Processo Civil Brasileiro, RT, 1986, 1986, assim o define:
"Normalmente as ações são composta de duas partes singulares: autor e réu. Assim ocorre na grande maioria dos casos. Mas, por circunstâncias especiais, a relação de direito material pode abranger mais de uma pessoa (física ou jurídica), em qualquer daquelas posições ou, até, em ambas. Forma-se assim, a figura do litisconsórcio, cujos integrantes são os litisconsortes".
De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, Vol. III e IV, pág. 100, diz:
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"Pelo sentido literal das palavras latinas, que compõem o vocábulo (litis, cum, sors), obtém-se o seu exato conceito: lis, litis - processo; pleito; cum, preposição que exprime a idéia de junção; sors, sortis, quinhão, resultado, sorte.
Litisconsórcio, pois, quer exprimir ou indicar a reunião de várias pessoas no processo, que outrem mesmo intentou, ou contra quem foi intentado, para defesa de interesses, que se mostram comuns, conexos ou afins.
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Assim o litisconsórcio não implica no concurso de ações nem significa a cumulação de ações. Há, nele. concurso e cumulação de autores ou de réus, segundo as circunstâncias".
 Na classificação do litisconsórcio, considerando-se a pluralidade de partes, encontraremos tres modalidades: ativo, passivo, misto ou recíproco.
(a) Litisconsórcio ativo: A, B, C (autores) > D (requerido)
(b) Litisconsórcio passivo: A (autor) > B, C, D (requeridos)
(c) Litisconsórcio misto: A, B, C (autores) > D, E, F (requeridos)
Quanto a sua formação pode ser ele inicial ou posterior, no primeiro caso origina com a inicial, no segundo, com a contestação.
O litisconsórcio, sendo diferentes os mandatários, admite o prazo em dobro para recorrer, para contestar e para falar nos autos (art. 191 do CPC), se for somente um mandatário o prazo será simples; a regra é a do prazo comum para contestar, art. 298 do CPC. 
Quando apenas um dos litisconsorte, polo passivo, apresentar contestação, esta aproveita aos demais, como também no caso de apelação(art. 509 do CPC).
Caso haja litisconsorte revel, impõe-se a nomeação de curador para defendê-lo.
Cada litisconsorte, funciona, autonomamente, de forma própria, de tal sorte que, ocorrendo a revelia de um, não implica na responsabilidade de todos, nem dele próprio(art. 48 do CPC).
Ocorrendo confissão, atinge ela somente o confitente, não prejudicando os litisconsortes (art. 350 do CPC).
A autonomia do condômino para propor ação demarcatória, art. 952 do CPC.
No art. 454, § 1º. iremos encontrar normas disciplinadoras dos debates orais em audiência, e, na hipótese de litisconsortes, adicionam-se os prazos, que, entre eles serão distribuídos, pela regra, seriam trinta minutos; o bom senso do julgador, deverá sopesar cada situação, sem causar prejuízos, uma vez que, sendo muitos os litisconsortes o prazo seria extremamente exíguo.
- Tratamento específico no art. 46 do CPC - - Litisconsórcio facultativo
Ainda que hajam algumas divergências de ordem doutrinária, sobretudo esteadas no conteúdo do inciso I, a abrangência do presente artigo é a do litisconsórcio facultativo, denominado no CPC de 1939, como recusável.
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Fica na posição em que, sendo uma faculdade das partes, poderá ou não estar integrando o polo ativo ou passivo, sem que advenha prejuízo a quem quer que seja.
Nessa hipótese o objeto do pedido exaure-se em sí mesmo entre as partes envolvidas, com aplicação eficaz entre elas.
Ex. Ação possessória
As hipóteses de comunhão de direitos ou obrigações, são aqueles que poderão atingir mais de uma pessoa, como no caso da sociedade em relação aos sócios; do condomínio em relação aos condôminos: do casamento em relação aos cônjuges; são situações que comunicam entre si direitos e responsabilidades.
Os direitos e fundamentos derivarem do mesmo fato ou de direito, não há como confundir aqui fatos iguais ou parecidos, mas, mesmo fato; dois acidentes iguais, não constituem de forma evidente, fatos iguais.
Em um acidente de avião, poderíamos ter como autor isoladamente cada um dos passageiros, ou, todos, em uma litisconsorte ativo facultativo.
Pelo mesmo fundamento de direito, exclui-se como ponto de partida o mesmo fundamento legal, buscando a fonte ou origem da obrigação, de onde se deriva o direito.
Um contrato de shoping center, é uma fonte que origina obrigações a diversos componentes, podendo aí ocorrer um litisconsorte.
Na hipótese de conexão ou mesma causa de pedir, , havendo de ser buscado supedâneos no art. 103 para determinação da plena coerência das normas processuais.
O tema do inciso IV é o mais polêmico, sobretudo pela abrangência não buscada pela legislação processual, que muitos querem dar ou dela se aproveitar; é preciso não perder de vista o polo ativo e passivo, com sua regra de requerente e requerido, e, não de requerentes e requeridos; algumas situações ocorrerão, que determinará essa afinidade de questões, devendo as partes e o julgador estarem atentos, de tal forma, que não permitam o abuso e a confusão.
Ex. Lopes da Costa, Dir. Processual Civil, Vol. I, dentre outros, enumera a situação de um proprietário rural, contra os vizinhos, cujos animais invadiram sua propriedade e causaram danos, sem que tenha havido, inicialmente, entre os vizinhos, qualquer acerto nesse sentido.
O Parágrafo único permite a limitação pelo juiz, do nº. de litisconsortes, sendo ele facultativo.
Não poderia ocorrer a limitação, se litisconsorte necessário, como por exemplo uma ação de petição de herança voltada contra os herdeiros, pouco importa o número de herdeiros, todos haveriam de compor o polo passivo.
- Tratamento específico no art. 47 do CPC - Litisconsórcio obrigatório 
Todas as situações que abrangerem o artigo 46, e, ocorrerem também no artigo 47, caracterizará o litisconsórcio obrigatório, e, nesta hipótese não fica ao talante das partes sua formação, sob pena de não ser obtida uma prestação jurisdicional satisfatória ou plena.
Nelson Palaia, Técnica da Contestação, Saraiva, 5ª. Ed., 1995, pág. 45, deixa claro:
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"Havendo litisconsórcio necessário, seja por disposição da lei, seja pela natureza da relação jurídica, o juiz deve decidir a lide de modo uniforme para todas as partes, e, nesse caso, a eficácia da decisão dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo.
Celso Agrícola Barbi, Comentários ao Código deProcesso Civil, Forense, 1983, 3ª. Ed.,Vol 1, pág. 261, elucida:
"Isto não quer dizer que nos casos dos itens de I a IV, o litisconsórcio seja sempre facultativo. Se houver a comunhão de direitos ou de obrigações e ocorrerem também as circunstâncias prevista no art. 47, o litisconsórcio será necessário.
Em síntese, o sistema do Código é de reunir no art. 46 os casos em que o litisconsórcio pode ser facultativo; e, no art. 47, especificar as condições para que seja necessário".
No dispositivo contido no art. 472 do CPC, encontramos o reflexo da sentença sobre os litisconsortes necessários.
Ex. Demanda sobre imóvel contra pessoa casada, versando sobre direitos reais, em que por disposição legal, os dois cônjuges devem ser citados, art. 10; ação reivindicatória.
Na ação de usucapião, art. 942 do CPC, citando-se aquele em cujo nome se encontra registrado o imóvel, os confinantes, terceiros interessados, com intimação das Fazendas Públicas.
Na ação de divisão para chamar o demais condôminos, art. 946, II do CPC.
- Jurisprudência
"Litisconsorte necessário. A falta de citação de um deles importa em nulidade do processo. É que a relação processual não se fez validamente, sendo ineficaz contra todo o processo enfermado de tal vício. Precedentes do STF".
RE 82438 - Rel. Min. Thompson Flores - RTJ 80/611
"O responsável pela indenização previdenciária não é litisconsorte do obrigado pela reparação civil".
TJGO - Rel. Des. José Roberto da Paixão, Adcoas, 1986, nº. 106.092
"Sendo dois litisconsortes, ainda que somente um conteste o pedido, não se pode falar em revelia, pois a contestação de um beneficia o outro, deixando de operar-se, assim, o efeito do art., 319 do CPC".
TJMG - Rel. Des. Leonídio Doehler - Jur.Min. Vol. 102/103 pág. 254
"Se a posição de um dos réus é muito diversa da dos demais, sendo conflitantes os interesses, este tem a faculdade de indicar perito assistente próprio".
TJSP - Re. Des. Freitas Camargo - RT vol. 580 pág. 98
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"A coisa julgada é a conclusão do raciocínio do juiz, expressa no dispositivo da sentença. Nas causas relativas ao estado da pessoa, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros, quando houverem sido citados, no processo em litisconsórcio necessários, todos os interessados".
STF - Rel. Min. Alfredo Buzaid - RTJ vol. 113 pág. 241
"No litisconsórcio, a incindibilidade de situações conduz à extensão subjetiva dos recursos interpostos por apenas um dos litisconsortes, aproveitando aos demais, conforme o art. 509 do CPC prevê".
TACSP - Rel. Juiz Cândido R. Dinamarco - RT Vol. 576 pág. 119
"No caso de pluralidade de partes em litisconsórcio passivo, sendo diversos os meios empregados para citá-las, o prazo para contestação terá início após completado o ciclo de todas as citações. As circunstâncias de haverem os citados por precatória contestado a ação, antes do início do seu prazo, renunciando, portanto, ao restante do mesmo, não implica mudar a data do início da contagem do prazo dos outros réus".
TJMG - Rel. Des. Rubens Eulálio - RT Vol. 563 pág. 208
"Em ação reivindicatória de domínio é indispensável a regular citação da mulher do réu. Sua falta acarreta a nulidade do processo".
TJBA - Rel. Des. João Azevedo Cavalcanti - CPC à Luz da Jurisprudência, Alexandre de Paula, Vol. IX pág. 72
"O sublocatário nenhuma relação contratual tem com a locadora, não podendo obrigá-la a com ele vir discutir em juízo. Quando muito, poderia pretender apenas a sua inclusão no feito como assistente, mas nunca como litisconsorte".
TARJ - Rel. Juiz Fonseca Costa - Obra Retro pág. 459
"Os litisconsortes são partes distintas na relação processual e não ficam atingidos por transação entre o réu e o autor".
TJRJ - Rel. Des. Pedro Américo - RT Vol. 571 pág. 188
- Problema específico
01. Numa sociedade comercial, sociedade anônima, constituída por vinte e um sócios, no polo ativo, para propor uma ação anulatória de ato da assembléia, qual o número de sócios necessários? Justifique
02. Citados para uma ação João, Joaquim e José, somente João contestou. A revelia se aplica aos demais? Justifique.
03. Diferenciar litisconsorte necessário e facultativo.
04. O que ocorre quando o autor não promove a citação do litisconsorte necessário?
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