Buscar

Aula 5 - Avaliação da Composição Corporal

Prévia do material em texto

04/07/2013 
1 
 A massa tecidual humana pode ser quimicamente 
separada em dois grupos: 
◦ massa gorda (gordura corporal); 
◦ massa magra (massa livre de gordura). 
PESO TOTAL – GORDURA CORPORAL = MASSA MAGRA (proteínas, 
água intra e extracelular e conteúdo mineral ósseo). 
 O acompanhamento de massa magra e 
gordura corporal - possibilita a identificação 
precoce dos riscos à saúde associados a 
níveis excessivamente altos ou baixos de 
gordura corporal e perda de massa muscular. 
 Dividida em: 
 Gordura essencial – gordura acumulada na medula 
dos ossos, no coração, nos pulmões, no fígado, no 
baço, nos rins, nos intestinos, nos músculos e tecidos 
ricos em lipídios espalhados pelo SNC. 
 Necessária ao funcionamento fisiológico normal. 
◦ 9% do corpo da mulher (tb gordura característica do sexo, 
por ex: mamas = 4,4%) 
◦ 3% do corpo do homem 
 
 Dividida em: 
 Gordura de reserva – gordura acumulada no 
tecido adiposo 
 Inclui tecido adiposo que protege os órgãos de 
traumatismos e também gordura subcutânea. 
◦ 15% do corpo da mulher 
◦ 12% do corpo do homem 
 
 
A concentração de gordura visceral, 
independente da gordura corporal total, é 
um fator de risco para doenças 
cardiovasculares e diabetes mellitus. 
04/07/2013 
2 
Gordura Corporal (%) 
Homens Mulheres 
Risco de doenças e desordens associados 
à desnutrição 
≤ 5 ≤ 8 
Abaixo da média 6 - 14 9 - 22 
Média 15 23 
Acima da média 16 - 24 24 - 31 
Risco de doenças associadas à obesidade ≥ 25 ≥ 32 
Lohman et al, 1991 
HOMENS 20-29 30-39 40-49 50-59 + 60 anos 
Essencial < 11 <12 <14 <15 <16 
Mínima 11-13 12-14 14-16 15-17 16-18 
Média 14-20 15-21 17-23 18-24 19-25 
Regular 21-23 22-24 14-26 25-27 26-28 
Alto >23 >24 >26 >27 >28 
MULHERES 20-29 30-39 40-49 50-59 + 60 anos 
Essencial <16 <17 <18 <19 <20 
Mínima 16-19 17-20 18-21 19-22 20-23 
Média 20-28 20-29 22-30 23-31 24-32 
Regular 29-31 30-32 31-33 32-34 33-35 
Alto >31 >32 >33 >34 >35 
Adaptado de Robergs e Roberts; Jackson e Pollock; Jackson et al. 
Idade 
(anos) 
Baixa % Intervalo de 
normalidade 
(%) 
Sobrepeso 
(%) 
Obesidade 
(%) 
20 a 40 < 21 21 - 33 33 - 39 > 39 
41 a 60 < 23 23 - 35 35 - 40 > 40 
61 a 79 < 24 24 - 36 36 - 42 > 42 
Idade Baixa % Intervalo de 
normalidade 
(%) 
Sobrepeso 
(%) 
Obesidade 
(%) 
20 a 40 < 8 8 - 19 19 - 25 > 25 
41 a 60 < 11 11 - 22 22 - 27 > 27 
61 a 79 < 13 13 - 25 25 - 30 > 30 
MULHERES 
HOMENS 
Fonte: Gallagher et al. Am J Clin Nut 2000; 72:694-701 
 
 Classificação do nível de obesidade por meio 
de porcentagem de gordura corporal, de 
acordo com o gênero 
 
Obesidade Mulheres (%) Homens (%) 
Leve 25-30 15-20 
Moderada 30-35 20-25 
Elevada 35-40 25-30 
Mórbida > 40 > 30 
 Pregas cutâneas 
 Bioimpedância elétrica 
 Infra-vermelho próximo 
 
 Avalia composição corporal - massa magra, 
massa adiposa e água corporal total 
 Baseia-se no princípio da condutividade 
elétrica - tecidos magros ↑ condutores de 
corrente elétrica pela grande quantidade de 
água e eletrólitos e a gordura e o osso são ↓ 
condutores. 
04/07/2013 
3 
 Corrente gerada – passa preferencialmente 
pelo meio que oferece < resistência = fluidos 
extracelulares, sangue, músculos (massa livre 
de gordura). 
 Impedância (Z) = é a oposição de um 
condutor. Composta por 2 vetores, a 
resistência (R) e a reactância (Xc). 
 
 Resistência = materiais orgânicos e não 
orgânicos oferecem determinada resistência 
ao fluxo da corrente elétrica. Resistência é 
inversamentre proporcional ao nível de 
hidratação e eletrólitos. 
◦ Água – boa condutora elétrica = baixa impedância e 
resistência 
 Reactância = é a fonte oposição ao fluxo 
elétrico, formadas por 2 camadas condutoras 
que limitam um meio não condutor. 
◦ as membranas citoplasmáticas 
 
 Gordura, músculos, água corporal total – 
oferecem resistência à corrente elétrica. 
 Membranas celulares – oferecem reactância. 
 Uma corrente elétrica de baixa intensidade passa pelo 
corpo e a impedância (ou oposição ao fluxo da corrente) é 
medida com o analisador de bioimpedância. 
 Não mede % gordura diretamente e sim estima a água 
corporal total e os músculos e a partir daí a massa isenta 
de gordura. Diminuindo este valor (massa isenta de 
gordura) da massa corporal (peso), obtém o peso (ou 
percentual) de gordura. 
 
 Quando o volume de água corporal é grande - o 
fluxo da corrente é maior. 
 Indivíduos com maior quantidade de gordura 
corporal, uma vez que o tecido adiposo é pobre 
condutor de corrente elétrica em razão do 
pequeno conteúdo de água – fluxo da corrente é 
menor. 
04/07/2013 
4 
 Aparelhos podem trabalhar com freqüência única 
(50kHz) ou com múltiplas freqüências (0,1,50,50, 
100, 200 a 500kHz). 
 Freqüências muitos altas (≥100kHz) – corrente 
atravessa tanto o meio extra como o intra-celular, 
permitindo uma estimativa do volume total de água 
corporal. 
 Freqüências muito baixas (≤ 10kHz) - corrente 
passa apenas pelo meio extracelular – estimativa do 
volume de água extracelular. 
 
Volume de água total 
_ 
Volume de água extracelular 
Volume de 
água 
intracelular 
 Valores de resistência e reatância obtidos - utilizados para o cálculo dos 
percentuais de água corporal, massa magra e gordura corporal por meio 
de um software fornecido pelo fabricante. Existem ainda disponíveis 
aparelhos de bioimpedância que imprimem de imediato os valores da 
composição corporal. 
 Método não invasivo, seguro, rápido, relativamente preciso. 
 Resultados podem ser afetados por fatores como a alimentação, a 
ingestão de líquidos, a desidratação ou retenção hídrica, a utilização de 
diuréticos e o ciclo menstrual. 
 
 Aparelho deve estar devidamente calibrado – 
garantir fidedignidade das medidas; 
 Bateria (autonomia aprox 20 testes) deve estar 
carregada – evitar alterações na corrente; 
 O cabo deve medir até 2 m de comprimento; 
 Eletrodos devem estar armazenados em 
embalagem fechada e protegidos do calor para 
assegurar aderência; 
 
 A superfície da maca deve ser não condutiva e suficientemente 
larga, para que o examinado se deite em decúbio dorsal, com os 
braços abertos em ângulo de 30° em relação ao seu corpo, sem 
encostar na parede. As pernas não devem se tocar; 
 Não fazer exercícios físicos ou sauna, 8 horas antes do exame e 
nem realizar atividades físicas extenuantes nas 24 horas 
anteriores ao teste; 
 O examinado deve se abster do uso de bebidas alcoólicas 48 
horas antes do exame e também de ingerir grandes refeições e 
café, 4 horas antes da avaliação; 
 
 Aguardar 5 a 10 minutos deitado em decúbito dorsal antes 
do teste; 
 O peso e altura devem ser aferidos anteriormente ao teste; 
 Não se deve fazer movimentos durante o teste; 
 Não fazer uso de diuréticos nos 7 dias que antecedem o 
teste; 
 Não deve ser realizado em gestantes; 
 Urinar pelo menos 30 minutos antes do teste; 
 Não tem limite de idade, podendo ser feito com criança; 
 Pode ser usado em obesos, desportistas e atletas; 
 
04/07/2013 
5 
 Uma boa hidratação é fundamental para um bom teste - ingerir pelo 
menos 2 litros de líquido no dia anterior ao teste. 
 Evitar realizar o teste com mulheres durante a menstruação, uma vez que 
pode haver alterações na hidratação corporal; 
 Deve-se realizar o exame no MESMO estágio do ciclo menstrual. 
◦ Fase Folicular: começa com o início do sangramento menstrual e leva, em média, 15 
dias (variando de 9 a 23 dias); 
◦ FaseOvulatória: dura 1 a 3 dias e culmina na ovulação; 
◦ Fase Lútea: dura aproximadamente 13 dias e termina com o início do sangramento 
menstrual. 
 Caso a pele esteja com alguma lesão no local 
especificado para colocação do eletrodo – colocar 
o mais próximo possível; 
 O ambiente onde é realizado o teste não deve ser 
próximo de fontes elétricas ou magnéticas 
importantes; 
 A sala deve apresentar temperatura ambiente de 
aproximadamente de 22°C; 
 Na reavaliação, o período do dia deverá ser o mesmo, 
para garantir melhor precisão dos resultados; 
 Sugere-se, ainda, realizar as medidas nas primeiras 
horas da manhã. 
 É padronizado o lado direito para se efetuar o exame, o 
examinado deverá retirar sapato e meia do pé escolhido, 
sendo que exames subseqüentes devem ser feitos sempre 
desse lado. 
 As jóias e quaisquer objetos metálicos devem ser retirados. 
 Os cabos pretos serão conectados nos eletrodos do pé e os 
vermelhos, nos da mão. Já em outros o vermelho é usado 
mais próximo ao coração. 
 
 Colocação e posicionamento dos eletrodos: 
 Limpar o local com álcool nos pontos de 
colocação dos eletrodos; 
 Eletrodos sensores (proximais) – superfície 
dorsal da articulação do punho/tornozelo. 
 
Assegure que há pelo menos 5cm 
entre os eletrodos proximal e 
distal. 
 Eletrodos fontes (distais) – na base da 2 ou 3 
articulação metocarpofalangiana da mão e 
metatarsofalangiana do pé. 
 Assegure que há pelo menos 5cm entre os 
eletrodos proximal e distal. 
 
04/07/2013 
6 
 
  Omron - subestimou a porcentagem de gordura corporal 
de mulheres de 20 a 40 anos 
 Tanita - superestimou significativamente a porcentagem 
de gordura de homens e mulheres de 18 a 30 anos de 
idade. 
 A utilização da impedância bioelétrica não se resume à 
avaliação da gordura – podendo ter aplicações clínicas 
importantes no que diz respeito à monitoração da 
quantidade de água corporal. Ex: monitorar as mudanças 
no estado de hidratação após cirurgia cardíaca em 
adultos. 
 
 Aparelhos diferem entre si – usar o mesmo 
aparelho para monitoramento das alterações na 
composição corporal do paciente. 
 Para se ter > confiança – obter informações junto 
ao fabricante a cerca das equações que estão no 
software do aparelho e se essas equações são 
generalizáveis e aplicáveis a todos os indivíduos 
que serão analisados. 
 Vantagens: 
◦ Não requer um alto grau de habilidade do avaliador; 
◦ É confortável e não-invasiva; 
◦ Pode ser utilizada na avaliação da composição 
corporal de indivíduos obesos; 
◦ Possui equações específicas a diferentes grupos 
populacionais. 
 
04/07/2013 
7 
 Desvantagens: 
◦ Depende de grande colaboração por parte do avaliado; 
◦ Apresenta custo mais elevado que a outras técnicas; 
◦ É altamente influenciado pelo estado de hidratação do avaliado; 
 Não deve ser usado em pacientes com alterações hídricas como doentes 
hepáticos crônicos, nefropatas e cardiopatas. 
◦ É influenciado pela temperatura cutânea: 
 Ambiente quente – induz baixa gordura corporal 
 Ambiente frio - induz alta gordura corporal 
◦ Nem sempre os equipamentos dispõem das equações adequadas 
aos indivíduos que pretendemos avaliar. 
 
 Fuller et al. (1994): 
◦ Mulheres afro-americanas - subestimação da MLG em 1,2kg 
◦ Mulheres obesas a BIA superestimou a MLG em 2,60 
±10,40Kg 
 Deurenberg (1996): 
◦ Subestimação da gordura corporal quando utiliza-se fórmulas 
para adultos normais em obesos 
 Erro da técnica – aprox. 2,5% na população selecionada, 
em outras populações 3 a 9%. 
 
 Baseia-se nos princípios de absorção e reflexão dos 
raios infravermelhos. 
 Sonda de fibra óptica é posicionada no bíceps e um 
feixe de luz infravermelho é emitido. 
 A energia refletida é monitorada à medida que o feixe 
de luz penetra na gordura subcutânea e no músculo. 
 A energia é refletida pelo osso e conduzida para o 
detector óptico da sonda. 
 
 Limitações: 
◦ Dependência da distribuição regional do tecido 
adiposo. 
 O analisador usualmente utilizado é o Futrex® 
portátil - minicomputador, um protetor de luz 
e um sensor em forma de microfone por onde 
ocorre a emissão da luz. 
 Os dados do paciente como gênero, idade, 
peso, estatura e compleição física - incluídos 
no computador. 
 
 Localiza-se o ponto médio do bíceps do braço 
direito. 
 Utilizando-se o protetor de luz para evitar a 
interferência de luz externa, o sensor é apoiado 
sob o bíceps e rapidamente o computador 
imprime os valores dos compartimentos de 
gordura corporal, massa magra e água corporal 
total. 
 Recomenda-se adotar o valor médio de três 
medidas.. 
 
04/07/2013 
8 
 
 Lohman, T.G.; Roche, A.F. Martorelli, R. 
Anthropometric Standardization Reference Manual. 
Champaigne: Human Kinetics, 1991. 
 Tirapegui, J. Ribeiro, S.M.L. Avaliação Nutricional – 
Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 
2009. 
 Rossi, L.; Caruso, L.; Galante, A.P. Avaliação 
Nutricional – Novas Perspectivas. São Paulo: 
Roca/Centro Universitário São Camilo, 2008. 
 
 Duarte, A.C.G. Avaliação Nutricional. São 
Paulo: Atheneu, 2007. 
 Rosa, G. Avaliação Nutricional do Paciente 
Hospitalizado. Rio de Janeiro: Guanabara-
Koogan, 2008.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes