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Biofísica da respiração Simone Garcia Macambira Biofísica UFBA 2014 Atmosfera terrestre 21% O2 0,03% CO2 71% N2 8% Argônio Xenônio Criptônio Atmosfera terrestre - heterogênena Alterações & Adaptações Altitude, Pressão atmosférica e Pressão parcial dos gases Mas o que é esta pressão? • É força. • A força que esse gás exerce sobre a parede por unidade de área de parede. Que força? O que causa essa força? A força resulta do somatório dos choques das moléculas do gás contra a parede e uma com as outras. > no de choques → > pressão Os gases exercem pressão no local onde presentes Pressão parcial dos gases - PP Pressão exercida por cada gás que compõe a mistura. PT = 5mmHg A pressão parcial exercida por um gás sobre uma superfície é proporcional a [gás] Qual a importância de estudarmos pressão parcial dos gases? Para compreender a fisiologia das gases no organismo. Melhorou, mas dá um exemplo! Pressão Parcial de O2 ↑↑ altitudes →↓↓ PO2 (quantidade de moléculas deste gás num determinado volume de ar) ↑↑altitudes → < volume de ar por cima de nós ▼ ↓"peso" desse ar por unidade de superfície (mm2) ▼ ↓↓pressão atmosférica → expansão das moléculas de ar O2 (21%) - composição da atmosfera constante volume de ar inspirado ▼ ↓↓moléculas de O2 Nível do mar Pico da montanha Alterações fisiológicas devido a variação da pressão parcial de oxigênio • Alterações visuais – diplopia e redução da visão em ambientes escuros – hipóxia da retina e dos centros nervosos a ela associados. • Alterações cardíacas – aumento da freqüência da cardíaca. Angina em pacientes com coronariopatia. • Alterações neurológicas – confusão mental; incoordenação motora, distúrbios do comportamento. • Alterações respiratórias – aumento da frequência respiratória levando a alcalose respiratória. Maior taxa de vapor de água perdida pelos pulmões a ↑altitudes ►desidratação • Sintomas gerais – náuseas e dor de cabeça. • Perda da consciência. Morte por edema pulmonar e cerebral. Só a altitude influencia? E no nosso corpo? Pressão de outros gases? Pressão? Volume? Temperatura? Para responder a estas perguntas precisamos discorrer sobre as aplicações biológicas das leis dos gases. Leis dos gases e suas aplicações biológicas A pressão total de uma mistura de gases é igual a soma da pressão de cada gás da mistura. Gás A 60% Pressão parcial: 60mmHg Gás B 40% Pressão 40mmHg Pressão total contra a parede 100mmHg Patm = 760mmHg PN2 = 760 x 71 /100 = 593mmHg PO2 = 760 x 21 / 100 = 159,6 mmHg Lei de Dalton No sistema biológico • Em uma mistura somente de gases, existe pressão parcial de gases, mas esta não determina a separação dos componentes da mistura. SOLUÇÃO Estado do gás Lei de Boylle-Mariotte • Volume X Pressão - temperatura constante. >P → <V Mudança de pressão que o ar sofre ao entrar e sair dos pulmões Lei de Boylle-Mariotte Inspiração Expansão da caixa torácica ▼ ↓5mmHg pressão intrapulmonar Pressão externa = 700mmHg Var inspirado = 0,5l (V1) P1V1=P2V2 700 x 0,5 = 695x V2 V2 = 0,504l Sistema respiratório Mudanças no volume da cavidade peitoral na ventilação Portanto, Gradientes de pressão Fluxo de ar Expiração ↓ volume da cavidade peitoral ↑Pressão Efluxo de ar ▼ ▼ ▼ Lei Gay-Lussac-Charles • Volume x Temperatura –Pressão constante Mudança de volume que o ar sofre ao entrar e sair dos pulmões >T → >V Ar inspirado 20ºC Var inspirado = 0,5l (V1) 37ºC V1T2=V2T1 0,5l x 310 = V2 x 293 V2 = 0,53l 2º ponto • Líquido e gás – a pressão parcial do gás no líquido será proporcional à [gás] que escapa do líquido Moléculas de gás projetam-se sobre o líquido < Coeficiente de Solubilidade ▼ > pressão parcial do gás na superfície do líquido 3º ponto • Líquido e gás: gases ≠ em mesma concentração em um líquido, exercem pressões parciais diferentes. Por que? PPCO2<PPN2<PPO2 Pressão Parcial ↑ [gás] →↑ PP ↑PP →↓CS A probabilidade de um gás escapar da mistura é diretamente proporcional à sua concentração e inversamente proporcional ao coeficiente de solubilidade (facilidade com a qual o gás se dilui). A pressão parcial de um gás é diretamente proporcional à sua concentração e inversamente proporcional ao seu coeficiente de solubilidade. Coeficiente de solubilidade • Determina o grau de afinidade ou repulsão que um gás apresenta em relação ao líquido. • ↓Coeficiente de solubilidade • Choques das moléculas de gás contra superfície do líquido - ↑↑fortes. • ↓afinidade gás-líquido • ↑ tendência do gás escapar ▼ ▼ Gases atmosféricos envolvidos na respiração Oxigênio – menos solúvel – transporte pela hemoglobina – PP = 100mmHg Gás carbônico – dissolvido no plasma – PP= 40mmHg > Coeficiente de difusão - > dinâmica Lei de Henry “ O volume de um gás dissolvido em um líquido é proporcional à pressão parcial do gás sobre o líquido, a um fator de solubilidade e ao volume do líquido.” Vd = P x f x V1 Volume dissolvido Pressão Fator de solubilidade Volume de líquido Gases em solução Resume A quantidade de gás que se dissolve em uma solução depende de sua solubilidade e da pressão parcial do gás se assumirmos uma temperatura constante. ∆P Coef. solubilidade Temperatura cte ↓Solubilidade – 0,024 ≠[ O2] ↑Solubilidade – 0,570 ↓≠[ CO2] ↑ [gás] →↑ PP ↑PP →↓CS Lei de Graham A difusão de um gás é inversamente proporcional a raiz quadrada de sua massa molecular Sistemas biológicos Sistema respiratório ESTRUTURA E FUNÇÃO Vias aéreas superiores: Boca, nariz, seios paranasais, faringe e laringe. SEIOS PARANASAIS seios frontais - seios maxilares - seio esfenoide - seio etmoide Funções: deixam o crânio mais leve - facilita a postura ereta - dão ressonância a voz - protege o cérebro do trauma frontal. ESTRUTURA E FUNÇÃO • Vias aéreas inferiores: árvore traqueobronquial e pulmões Traqueia Brônquios principais ( D e E) Brônquios lobares (3D e 2E) Brônquios segmentares Bronquíolos terminais Bronquíolos respiratórios Ductos alveolares Sacos alveolares Ar contido em cada pulmão em um adulto – 2.500 a 3.000 ml. Suprimento Sanguíneo • Circulação pulmonar: Transporta o sangue venoso até os capilares pulmonares, onde o CO2 é expelido para dentro dos alvéolos para ser eliminado na expiração e o O2 é absorvido para dentro dos capilares para seguir na circulação sistêmica. • Circulação brônquica: Origina-se na aorta e provê nutrição para o parênquima pulmonar. Aproximadamente 1/3 do sangue retorna ao átrio direito pelas veias brônquicas, enquanto o restante drena para o átrio esquerdo pelas veias pulmonares Músculos da respiração Mecânica Respiratória • Pulmões expandidos pressão - espaço interpleural. ∆Ppleural = -4 a -8 cmH2O ↓Ppleural -4 a -8cmH2O ↑Ppleural -2 a -4cmH2O Componente pulmonar elástico ∆P na respiração ↑↑Volume da caixa torácica ↑Fluxo de ar Neurônios motores somáticos Componente elástico ↑↑Pulmões distendidos ↑Força para retração Pressão atmosférica Pleura • Espaço pleural – água e sais ↑Força de adesão /coesãomoléculas de H2O – superfície pleural Difícil separar 2 camadas unidas por uma película de água é difícil ↑Resistência às forças aplicadas perpendicularmente Fluidez 2 superfícies unidas pela película líquida deslizam com facilidade quando submetidas a esforços longitudinais. Pleura Componente pulmonar elástico - distensão Componente pulmonar elástico - retração - = Pipleural -3mmHg ↑Vcaixa torácica ↓Vcaixa torácica Pneunotórax Pneumotórax • Trauma mecânico • Defeito congênito • Infecção Correção do pneumotórax • Retirada do ar – sucção • Fechamento da cavidade Componente elástico da respiração • Contração dos músculos inspiratórios – energia para acelerar o ar no interior das vias aéreas e vencer a resistência ao fluxo gasoso, resistência dos elementos elásticos do pulmão e a tensão superficial do líquido intra-alveolar. • Equação de Hooke – dependência força elástica e estiramento. • A deformação é proporcional ao esforço. Complacência pulmonar É a propriedade que um corpo oco tem de aumentar de volume quando submetidos a pressão. A mudança do volume pulmonar que resulta de mudança de 1cmH2O na pressão de distensão do pulmão - 0,2 L/ cm H2O. Fibrose cística - ↓complacência – doença restritiva DPOC No enfisema, a DPOC de fumantes e associada à destruição dos septos alveolares e do leito capilar sanguíneo, o pulmão está mais complacente, Isto é, para cada 1 cm H2O de aumento da pressão o aumento do volume é maior do que em pulmões normais. Cp = ΔV / P Trocas gasosas Efeito Bohr Transporte de H+ Tecido Pulmão Tamponamento ↓pH → ↓afinidade Hb-O2 Efeito Haldane Transporte de CO2 Hb + O2 → ↓ afinidade CO2 Hb – O2 → ↑afinidade CO2 > P CO2 → ↓ afinidade O2 < P CO2 → ↑afinidade O2 O fenômeno “tensão superficial da água”é derivado das pontes de hidrogênio da superfície da água. Tensão superficial Moléculas de água formam pontes de hidrogênio em todas as direções. A que isto se aplica? Tensão superficial Em nosso corpo temos a interface/mistura gás- líquido no sangue sistêmico e nos pulmões a nível de capilares e alvéolos pulmonares. A biofísica aplicada à tensão superficial dos alvéolos pulmonares nos permite compreender a difusão dos gases entre estes compartimentos diferentes. • Fenômeno derivado das pontes de hidrogênio da superfície da água Tensão superficial No meio da massa de água, as forças produzidas pelas pontes de hidrogênio se anulam As pontes de hidrogênio da superfície da água dão origem a tensão superficial da água. Tensão superficial Resistência à distensão pulmonar • Força que existe na superfície de líquidos em repouso, determinada pela coesão entre as moléculas do líquido. • A tensão superficial só existe na interface entre 2 meio diferentes: líquido-gás Como reduzir esta tensão superficial? • Detergente: sal composto por longa cadeia apolar de dezenas de carbonos (cauda) e uma extremidade polar que se liga à água • Molécula anfipática • Detergente age como competidor dos sítios polares das moléculas de água – ↓ Tensão superficial Tensão superficial na solução detergente O que o detergente tem para enfraquecer as pontes de hidrogênio da água? Qual a aplicação clínica disso? Molécula anfifílica ou Molécula anfipática Moléculas tensoativas Reduzir a tensão superficial Dipalmitoilfosfatilcolina Surfactante Tensão superficial alveolar e surfactante Tensão superficial – força de atração entre as moléculas de líquido ao alvéolo Tensão superficial ►Pressão de colapso Surfactante ► ↓ tensão superficial Aplicação clínica Fina camada de água em sua superfície interna. Tensão superficial suficiente para causar colabamento. Inspiração Surfactante – substância tensoativa ↓tensão superfcial da água Inspiração Presente em todas as espécies que respiram através de pulmões Composição: ◦ Fosfolipídios ◦ Lipídios neutros ◦ Ácidos graxos ◦ Proteínas Produção: o surfactante pulmonar é sintetizado na célula epitelial pulmonar do tipo II Armazenamento: como unidades pré-formadas, nos corpúsculos laminares do citoplasma Surfactante pulmonar • Principal causa de morbidade e mortalidade no período neonatal • Progressiva atelectasia e insuficiência respiratória em prematuros • Principal causa de deficiência de surfactante nesta população é a falta de fosfatilglicerol (PG). • ↓Complacência • Ventilação artificial • Aerosol de surfactante Doença da Membrana Hialina (DMH) ou Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) Obrigada!
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