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MEDRESUMOS • GUIA DO PLANTONISTA 2013 Arlindo Ugulino Netto OBSTETRÍCIA 1 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO Sinais e sintomas de presunção Atraso menstrual (principalmente em mulheres com ciclos menstruais regulares); Náuseas ou vômitos (supostamente pelo aumento do HCG); Manifestações neurovegetativas; Polaciúria (devido à compressão vesical pela anteflexão acentuada do útero); Abdome: cólicas em hipogástrio; Alterações mamárias (mastalgia, aumento das mamas, aumento da circulação venosa). Sinais de certeza o Aferição dos batimentos cardíacos fetais: Ultrassonografia transvaginal: embrião com CNN ≥ 5mm (7 a 8 semanas); Sonar: 12 semanas; Pinard: 18 a 20 semanas. o Movimentação fetal: 16 a 20 semanas de gestação. Exames complementares o Gonadotrofina Coriônica Humana (β- HCG): produzido pelo sinciciotrofoblasto, tendo a função de sustentar o corpo lúteo (o qual produz progesterona até o início da produção placentária, o que ocorre por volta do 100º dia de gestação). No plasma, o β-HCG pode ser detectado em até 10 dias após a fecundação, ou seja, precedendo em quase 4 dias a amenorreia (que é o principal sinal de presunção). Na urina, o B-HCG somente é percebido a partir de 12 dias de falha menstrual. o Ultrassonografia no início da gestação: cronologicamente, tem-se: Saco gestacional: pode ser observado a partir da 4ª semana (USG transvaginal) a 5ª semana (USG pélvico) ou com valores de β- HCG entre 1000 – 2000 Ul/ml. Vesícula vitelínica: quando o diâmetro médio do saco gestacional for maior que 10mm, pode ser observado a partir da 5ª ou 6ª semana de gestação. Embrião: quando o saco gestacional tiver mais que 17mm de diâmetro (maior diâmetro) ou diâmetro médio maior que 20mm (se o saco gestacional já possuir diâmetro compatível para aparecimento do embrião mas este não for visualizado, deve-se suspeitar de gestação anembrionária). Batimentos cardíacos fetais (BCF): possíveis de serem auscultados (6ª e 7ª semanas) quando o comprimento cabeça-nádega (CCN) ≥ 5mm. ASSISTÊNCIA AO PARTO Período Premonitório ou pré-parto Início: 30 a 36 semanas; Descida do fundo uterino; Formação do segmento uterino inferior; Percepção das contrações uterinas irregulares e arrítmicas pela gestante (cólicas que podem ser confundidas com trabalho de parto); Aumento das secreções cervicais, com muco e, por vezes, sangue; Amolecimento, apagamento e centralização do colo. Período de dilatação (1º período clínico do parto) Começa no início do trabalho de parto e termina no final da dilatação; Diagnóstico: contrações uterinas rítmicas, coordenadas e dolorosas, com frequência de 2 a 5 eventos em 10 minutos e com duração de 45 a 60 segundos. Dividido em duas fases: o Fase latente: 14 a 20 horas. Caracterizada pelo início das contrações regulares e pelo começo da dilatação. o Fase ativa: 6 a 8 horas. Inicia-se com o progresso franco da dilatação, com dilatação média de 1,2cm (primíparas) a 1,5cm (multíparas). Aspectos Maternos que devem ser analisados: toque vaginal, altura da apresentação; bolsa das águas (íntegra ou rota); vitalidade do concepto (BCF). OBS: A presença de queixa de perda abundante de líquido (que escorre pelas pernas) também indica internação. o Intensidade da Contração: Fraca / moderada / forte o Duração da contração: Curta (abaixo de 20 segundos): nesses casos MEDRESUMOS • GUIA DO PLANTONISTA 2013 Arlindo Ugulino Netto OBSTETRÍCIA 2 está indicada a administração de ocitocina. Apropriada (entre 20 e 60 segundos) Alongada (acima de 60 segundos): pode determinar sofrimento fetal. o Frequência da contração; Polissistolia: mais de 05 contrações em 10 minutos. Adequada: entre 02 e 05 contrações em 10 minutos Hipossistolia: menos de 02 contrações em 10 minutos. Sendo este o momento adequado para a administração de ocitocina. o Dilatação colo uterino: 00 a 10 cm. o Esvaecimento: ocorre após a dilatação nas primíparas e simultâneo à dilatação nas multíparas. Grosso: mais de 03 cm de espessura (10 – 30%); Médio: 01 a 03 cm de espessura (20 – 70%); Fino: menos de 01 cm de espessura (70 – 100%). Conduta: o Medidas gerais: estimular alimentação, deambulação (influência gravitacional); cateterismo vesical, analgesia do parto. o Nas pacientes que estão em trabalho de parto durante várias horas, em jejum, é pertinente a realização de uma hidratação venosa (soro glicosado), administração de adenosina trifosfato, glicose e em alguns casos O2 para prevenir fadiga importante muscular e diminuir a necessidade de ocitocina. o Ocitocina x Misoprostol. Misoprostol: utilizada nas interrupções terapêuticas da gestação, indução de parto em morte fetal intrauterina, tratamento farmacológico de aborto espontâneo ou indução de parto (na presença de indicações específicas). É administrado na forma de comprimido via transvaginal, a ser implantado na região do fundo de saco vaginal, para pacientes que apresentam índice de Bishop < 5. Ocitocina: é utilizada para induzir o parto nas mulheres com mais de 41 semanas de gestação. Deve ser administrada por via intravenosa (1 ampola = 5 UI), em uma velocidade de 7 a 8 gotas/min, em pacientes com índice de Bishop > 5. Índice de Bishop: Misoprostol x Ocitocina Pontuação 0 1 2 3 Dilatação (cm) 0 1-2 3-4 5 Apagamento 100% 0-30 40-50 60-70 80 Altura de Apresentação -3 -2 -1/0 +1/+2 Consistência do colo Endurecido Médico Amolecido Posição do colo Posterior Médio Anterior Índice de Bishop < 5: Misoprostol Índice de Bishop > 5: Ocitocina. Período expulsivo (2º período clínico do parto) Inicia-se com a dilatação total do colo uterino (10cm) e termina com a expulsão total do concepto; Duração média: 50 minutos (primíparas) a 20 minutos (multíparas). Esse tempo pode ser dobrado em caso de analgesia. É considerado prolongado se durar mais de 2 horas. Diagnóstico do período expulsivo: o Inspeção genital: apresentação comprime o períneo, principalmente durante as contrações uterinas. o Dilatação cervical total (10cm na gestação a termo). o Contrações uterinas (dinâmica): 5 contrações em 10 minutos, durando de 60 a 70 segundos. o Características gerais: vontade de defecar, agitação, esforços expulsivos maternos. Tempos e mecanismo do parto nas apresentações cefálicas fletidas (que corresponde a 95,5% dos casos): MEDRESUMOS • GUIA DO PLANTONISTA 2013 Arlindo Ugulino Netto OBSTETRÍCIA 3 Insinuação - Consiste na passagem do diâmetro biparietal por meio do estreito superior da bacia. A sutura sagital é a linha de orientação. - Apresentação cefálica: diz-se que a cabeça está insinuada quando ela passa no plano zero de DeLee (espinhas isquiáticas). Descida - Consiste na passagem do polo cefálico ao estreito inferior da pelve materna. OBS: Determinação do grau de apresentação (planos de DeLee): - Alto: (-5, -4, -3, -2 e -1 de DeLee) - Médio: (0 de DeLee – espinhas ciáticas) - Baixo: (+1, +2, +3, +4 e +5, que corresponde à vulva) Rotação interna - Tem como finalidade colocar a linha de orientação(sutura sagital) no diâmetro anteroposterior do estreito inferior da bacia materna. - Sequência normal: occipitossacro, posteriormente occipito-transverso e occipito-púbico. Desprendiment o cefálico - A cabeça fetal se desprende após a rotação interna com o auxílio da retropulsão do cóccix. Rotação externa - Volta do occipício à orientação inicial. Desprendiment o das espáduas - Trata-se do desprendimento da cintura escapular e do polo pélvico. - Manobras: (1) realiza-se uma tração inferiormente, com intuito de desprender o ombro anterior; (2) após o descolamento dele, realiza-se o mesmo movimento para cima para que ocorra o desprendimento do ombro posterior. Conduta: o Posição de Laborie-Duncan. o Anestesia loco regional + Episiotomia, se necessário (principalmente em primíparas). o Manobra de Kristeller: compressão bimanual no fundo do útero para facilitar o trabalho de parto, intensificar e estimular as contrações uterinas. o Fórcipe de alívio: em caso de indicação. o Revisão da vagina e colo e episiorrafia. Secundamento ou dequitação (3º período) Corresponde ao descolamento e à expulsão da placenta e das membranas ovulares. Ocorre entre 5 e 30 minutos após o período expulsivo. Mecanismos de descolamento da placenta: o Mecanismo de Baudelocque- Schultze: ocorre em 75% dos casos. A placenta se encontra localizada posteriormente no fundo do útero e, no momento do descolamento, ocorre primeiro a exteriorização da placenta (face fetal, mais brilhosa) para só depois ocorrer a eliminação do coágulo. o Mecanismo de Baudelocque-Duncan: ocorre nos casos em que a placenta está lateralizada, de modo que, no momento do descolamento, ocorre primeiro o sangramento (liberação do coágulo) e, logo em seguida, a exteriorização da placenta (face materna). Conduta: a Manobra de Jacob-Dublin consiste na retirada da placenta no sentido horário. Dessa forma foi comprovada que tem a menor possibilidade de permanecer membranas retidas no interior do útero. 4º Período de Greenberg Corresponde ao período que vai do secundamento até 1 hora após o parto e representa o período que demanda expectação atenta, pelo risco de hemorragias. É um período caracterizado pela hemostasia natural que ocorre por dois processos: miotamponagem (contração uterina, conhecida como Fenômeno de Pinard) e trombotamponagem (coagulação do sangue). Sangramento genital considerado anormal: > 500mL/24 horas Em caso de persistência do sangramento e ausência dos processos de miotamponagem (indiferença uterina), considerar o uso de drogas uterotônicas: Ocitocina, Metilergometrina ou Misoprostol. MEDRESUMOS • GUIA DO PLANTONISTA 2013 Arlindo Ugulino Netto OBSTETRÍCIA 4 Droga uterotônica Via/dose Frequência Comentários Ocitocina (Syntocinon®) EV: 10 a 40UI em 1.000mL de SF ou RL. Contínua Evitar infusão rápida sem diluição, pelo risco de hipotensão. Metilergometrina (Methergin®) IM: 0,2mg A cada 2 a 4h Contraindicada para pacientes hipertensas. Misoprostol (Prostokos®) Via retal: 800 a 1.000µg A cada 2h Pode haver febre. TRABALHO DE PARTO PREMATURO Estágio I – Presença de fatores de risco o Orientação nutricional, psicológica; o Interromper uso de drogas ilícitas e fumo; o Diagnóstico e tratamento das intercorrências clínicas; o Avaliação ultrassonográfica endovaginal; o Progesterona Natural, VO, 100 a 200mg 3x/dia. Estágio II – contrações uterinas sem repercussão cervical é denominada útero irritável. o Diazepam, 5mg/dia, VO, 12/12 horas ou 10mg à noite. o Progesterona Natural 200mg, intravaginal, 3x/dia. Estágio III – Contração rítmica e eficaz, com modificação do colo uterino, trabalho de parto reversível. o Vitalidade fetal, USG, Exame bacterioscópico e culturas do conteúdo vaginal. o Acesso venoso e exames laboratoriais: hemograma, urina tipo I e cultura de urina. o Tocólise: as principais indicações da tocólise são: período de latência longo do trabalho de parto (dilatação cervical < 3cm); esvaecimento não pronunciado; IG entre 22 e 34 semanas e 6 dias; ausência de contraindicações. Beta-adrenérgicos: Terbutalina (Bricanyl®): diluir 5 ampolas (1amp = 0,5 mg) em SG 5% (500mL), fazer 2,5μg/min (10 gotas/min). Aumentar 2,5μg/min (10 gotas/min) a cada 20 minutos se a contração não parar até um máximo de 80 gotas/min (20μg/min). Antagonista da ocitocina: Atosiban: dose de ataque de 0,9mL (6,75mg) injetada diretamente na veia durante um minuto (bolus). Manutenção: infundem-se duas ampolas de 5mL em 90mL de SG 5% (solução de 100mL), EV, durante três horas, na velocidade de 24mL/hora (300mg/min) em bomba de infusão; posteriormente, infundem-se os 28mL restantes da solução anterior em 3 horas e meia, na velocidade de 8mL/hora, totalizando 6 horas e meia; antes de continuar com a administração do fármaco, deve- se monitorar as contrações uterinas. Bloqueadores dos canais de cálcio: Nifedipino: 10mg via oral/20 minutos/4 doses. Manutenção: 20mg via oral/4 doses/24 horas (4 cápsulas) Sulfato de Magnésio: o sulfato de magnésio compete com o cálcio, impedindo a sua entrada pela membrana da célula miometrial. Ataque: 4 doses de 10 mg via oral (40mg). Manutenção: 1º Dia: 4 doses de 20 mg via oral 6/6 horas (80 mg); 2º Dia: 3 doses de 20 mg via oral 8/8 horas (60 mg); 3º Dia (alta): 3 doses 10 mg via oral 8/8 horas (30 mg). o Corticoterapia entre 28 a 34 semanas com Betametasona 12mg/dia, IM, dose única diária, por dois dias (realizar o parto no dia seguinte após a última dose), no intuito de promover uma boa maturação pulmonar. Como alternativa, pode- se usar Dexametasona 6mg, IM de 12/12h, também durante 2 dias. Estágio IV – trabalho de parto irreversível. Realizar profilaxia para estreptococos do Grupo B (Streptococcus agalactiae), que coloniza a vagina e o reto de 10 a 40% de todas as mulheres grávidas. Essa colonização pode ser transitória, crônica ou intermitente. A transmissão vertical (TV) ocorre, na maioria das vezes, no canal de parto, constituindo-se MEDRESUMOS • GUIA DO PLANTONISTA 2013 Arlindo Ugulino Netto OBSTETRÍCIA 5 no principal agente responsável pela septicemia neonatal precoce (infecção neonatal), principalmente no prematuro. o Penicilina G cristalina: ataque com 5 milhões EV e manutenção de 2,5 milhões IV, 4/4h; ou Ampicilina: ataque com 2g EV e manutenção 1g, IV, 4/4h. o Em caso de alergia a penicilina Cefazolina 1 milhão IV; manutenção 1 milhão IV 8/8h. Clindamicina 900mg IV; manutenção 900mg IV 8/8h. Vancomicina 1 milhão IV; manutenção 1 milhão IV, 12/12h. SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GESTAÇÃO Doença Hipertensiva Específica da Gestação – DHEG (CID-10: O15.9): a DHEG ou pré- eclâmpsia corresponde ao desenvolvimento de hipertensão, proteinúria e/ou edema generalizado após a 20ª semana de gravidez ou anteriormente a este período, em caso de doença trofoblástica gestacional. o Diagnóstico: Hipertensão arterial: PA > 140 x 90 mmHg (2 medidas); Proteinúria > 300mg/dia ou 1 g/litro ou 1+ em duas medidas de amostra isolada de urina. o Conduta DHEG leve: Dieta normosódica e hiperprotéica. Repouso em decúbito lateral esquerdo (pelo menos 2h/dia). Consulta semanal em ambulatórioespecializado. Sedação com Levomepromazina 3mg VO 3x/dia (3 gotas). Aferição diária da PA na USF mais próxima. Avaliar idade gestacional. Nos casos de hipertensão arterial crônica (PAD>100): Alfametildopa (Aldomet®) 750mg a 2g/dia (em 3 a 4 tomadas). Retorno imediato ao hospital se: PA ≥ 150/100mmHg; Proteinúria de fita 2+ ou mais; Aumento exagerado de peso; Sangramento vaginal; Contrações uterinas regulares; Sinais de eclampsia. o Conduta DHEG grave: caracterizada por: PA > 160 x 110 mmHg (2 medidas – 4 horas); Proteinúria ≥ 2g/24h ou 2+ em fita urinária; Oligúria (< 500ml/dia ou 25ml/h); Creatinina > 1,2mg/dL; Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais); Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito; Evidência clínica e/ou laboratorial coagulopatia; Plaquetopenia (<100.000/mm 3 ); Aumento de TGO, TGP, DHL e de bilirrubina. Internação, observação clínica da PA, pulso, diurese e avaliação laboratorial. Dieta hipossódica e hiperprotéica. Repouso no leito em decúbito lateral esquerdo. Sedação com Levo-promazina: 3mg VO 3x/dia. Controle da pressão arterial de horário: Alfametildopa 500mg VO 12/12h ou 250mg de 8/8h. Para controle da pressão na urgência ou no pico durante a internação: 1ª escolha: Hidralazina: 20mg/1mL + SG 19mL - fazer 5ml da solução EV, a cada 20 minutos, até seis doses se necessário. 2ª escolha: Nifedipina (Adalat®) 5mg VO a cada 30min ou diluir 1 cápsula em 10ml de água e dar 5 gotas sublingual a cada 5 minutos, até PAD alcançar 90-100mmHg. Eclâmpsia iminente ou eclampsia: Sulfato de Magnésio (pelo esquema de Zuspan) a 50% (1 ampola = 10mL = 5g) ou a 10% (1 ampola = 10 mL = 1g). Dose de ataque: - MgSO4.7H2O a 50% 8mL (4g) + SF 0,9% 12mL – EV durante 10 a 20 minutos (30 gotas/min); ou - MgSO4.7H2O a 10% 40mL (4g) EV durante 10 a 20 minutos (40 a 50 gotas/min). Dose manutenção: - MgSO4.7H2O a 50% 10mL (5g) + SF 0,9% 490mL – EV em bomba de infusão (100mL/hora – MEDRESUMOS • GUIA DO PLANTONISTA 2013 Arlindo Ugulino Netto OBSTETRÍCIA 6 1g/hora) ou 40 a 50 gotas/min; ou - MgSO4.7H2O a 10% 50ml (5g) + SF 0,9% 450mL – EV em bomba de infusão (100mL/hora – 1g/hora) ou 40 a 50 gotas/min. Controle: se FR < 16 irpm ou reflexo patelar ausente ou a droga a administrar Gluconato de Cálcio a 10% (10ml EV lentamente), como antídoto. Considerar interrupção da gestação depois de 35 semanas se a vitalidade fetal estiver normal ou imediatamente, se estiver comprometida ou a paciente estiver instável. A via de parto deve ser definida pelo médico obstetra. A resolução da gravidez é a forma mais efetiva de tratamento da pré-eclâmpsia e da eclampsia. Eclâmpsia o Quadro clínico: Presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em mulher com qualquer quadro hipertensivo; Iminência de eclampsia (deve ser tratado como a eclampsia): Cefaleia, epigastralgia e alterações visuais; Reflexos patelares exaltados, com aumento da área reflexógera; Confusão mental. o Conduta: Deve ser realizado o mesmo tratamento da DHEG grave, inclusive o Sulfato de Magnésio, acrescido de: Cânula de Guedel; Aspiração orotraqueal; Contenção no leito; Vigilância constante. OBS: Na ausência do Sulfato de Magnésio, pode-se utilizar outros anticonvulsivantes, tais como: Fenitoína; Diazepam. OUTRAS INTERCORRÊNCIAS NA GESTAÇÃO Anemia: o Dieta rica em ferro como fígado, rins e vegetais verdes (espinafre e brócolis). o Suplementação, após a 12a semana de gestação, com 60 a 180 mg de ferro elementar diários. Dose de 300 mg de sulfato ferroso, duas a três vezes ao dia, nos casos de anemias leve e moderada, que devem ser administrados em jejum ou até uma hora antes das refeições: Opção: Combiron® - tomar 1 compromido VO, de 12/12h. o As transfusões de sangue estão indicadas após perdas sanguíneas agudas ou em casos de anemia grave (< 6 g/dL). Doença hemorroidária: o Orientar dieta rica em fibras, ameixa, mamão, etc. o Adotar medidas gerais, como banho de assento (sentar em uma bacia de água morna com sal). o Medicações tópicas: Proctyl® pomada (1 a 2x ao dia). o Medicações orais: Diosmina (Venovaz®, Venalot®): tomar 1 a 2 comprimidos VO, de 12/12h. o Fibras solúveis Tamarin®: 10ml VO, à noite. Lactulose líquida (Lacmax®) 667mg/ml: 1 colher de sopa (15ml), 1 a 2x ao dia. Metamucil®: 1 colher com água, 2 a 3x/dia, a critério. Cólica na gestação o Na urgência: Buscopan composto 1 ampola + A.D. EV. o Ambulatorial: Buscopan Duo - tomar 1 comprimido VO, de 8/8h. Êmese gravídica o Metoclopramida 10 mg, 1 comprimido VO, 8/8h. Fissura mamária o Orientações gerais: descansar a mama por 2 mamadas, mas ordenhar isso e oferecer o leito ao bebê; aplicar o próprio leite materno (medida recomendada pelo SUS). o Bepantol® pomada: aplicar na região do mamilo e sempre lavá-lo antes de amamentar. Hipertensão da gestação o Controle ambulatorial: Alfametildopa 500mg VO 12/12h ou 250mg de 8/8h. o Para controle da pressão na urgência ou no pico durante a internação: - Hidralazina: 20mg (1mL) + AD 9mL, fazer 2,5ml da solução EV, a cada 20 minutos, até seis doses se necessário. - Nifedipina (Adalat®): 5mg VI a cada 30min ou diluir 1 cápsula em 10ml de água e dar 5 gotas sublingual a cada 5 minutos. o Eclâmpsia iminente ou eclampsia: Sulfato de Magnésio (pelo esquema de Zuspan) a MEDRESUMOS • GUIA DO PLANTONISTA 2013 Arlindo Ugulino Netto OBSTETRÍCIA 7 50% (1 ampola = 10mL = 5g) ou a 10% (1 ampola = 10 mL = 1g). Dose de ataque: - MgSO4.7H2O a 50% 8mL (4g) + SF 0,9% 12mL – EV durante 10 a 20 minutos (30 gotas/min); ou - MgSO4.7H2O a 10% 40mL (4g) EV durante 10 a 20 minutos (40 a 50 gotas/min). Dose manutenção: - MgSO4.7H2O a 50% 10mL (5g) + SF 0,9% 490mL – EV em bomba de infusão (100mL/hora – 1g/hora) ou 40 a 50 gotas/min; ou - MgSO4.7H2O a 10% 50ml (5g) + SF 0,9% 450mL – EV em bomba de infusão (100mL/hora – 1g/hora) ou 40 a 50 gotas/min. Controle: se FR < 16 irpm ou reflexo suspender a droga a administrar Gluconato de Cálcio 10% (10ml EV lentamente), como antídoto. Hiperêmese gravídica o Internação hospitalar obrigatória. o Jejum por 24-48 horas. o Hidratação associada à reposição de vitaminas do complexo B e ácido ascórbico. o Suspender hidratação quando a avaliação clínica mostrar paciente normalmente hidratada ou na vigência diurese clara. o Terapêutica Medicamentosa: Metoclopramida 10 mg (ampola de 2mL) IV, de 8/8h. Diazepam 10mg (ampola de 2mL) IV, de 8/8h. Casos refratários: Metilprednisolona 16 mg (ampola de 1 mL) IV 8/8h. Infecção urinária o Solicitar exames laboratoriais: urina tipo 1 e urocultura. o Antibioticoterapia: Cefalexina: um comprimido (500mg) em intervalos de 6 ou 8 horas, durante três dias; ou Cefadroxil: um comprimido (500mg) em intervalos de 8 ou 12 horas, durante três dias; ou Amoxicilina: um comprimido (500mg) em intervalos de 8 horas, durante três dias. Nitrofurantoína: um comprimido (100mg) em intervalos de 6 horas, durante sete dias. o Critérios de internação: em casos de pielonefrite (dor lombar, febre > 38º, calafrios, Sinal de Giordano positivo). o Medicações para internação: Cefalotina 1g/dia, IV, 6/6h até amelhora do quadro clínico (ausência febre e negativação da cultura), em seguida, utilizar Cefalexina VO, 6/6h, até completar 14 dias de tratamento. Ingurgitamento mamário o Compressas geladas. o Esvaziar a mama através da ordenha. o Paracetamol 750mg, 1 comprimido VO, 8/8h. Lactação após aborto: o Cabergolina (Dostinex®) 0,5mg: tomar 2 comprimidos VO, em dose única. Mastite Puerperal o Quadro clínico: Dificuldade de esvaziar a mama, ingurgitamento, hiperemia, calor, dor, mal-estar geral e cefaléia. Evoluí com febre, intensificação do processo inflamatório, invasão bacteriana, podendo haver formação de abscesso. o Esvaziar a mama através da ordenha, compressas geladas e Paracetamol 750mg, 1 comprimido VO, 8/8h, para alívio da dor. o Infecção: Cefalexina 500mg, 6/6h, por 7 dias. o Abcesso: Drenagem. ANEXOS Drogas contraindicadas na gestação Ergotamina Prostaglandina E1 Ribavirina Drogas que devem ser evitadas ou utilizadas com cautela na gestação Abacavir Aciclovir Ácido Aminocaproico Ácido Valpróico ACTH Adenosina Adrenalina Albumina Humana Alopurinol Amantadina Hidrato de Cloral Hidroclorotiazida Hidrocorisona Hidróxido de Alumínio Hidróxido de Alumínio + Magnésio Hidroxizine Escopolamina Hormônio Antidiurético Ibuprofeno MEDRESUMOS • GUIA DO PLANTONISTA 2013 Arlindo Ugulino Netto OBSTETRÍCIA 8 Amicacina Aminofilina Amiodarona Amitriptilina Anrinona Anlodipina Aspirina Astemizol Atenolol Atropina Azatioprina Azelastina Azul de Metileno Baclofeno Beclometasona Bretílio Bromofeniramina + Fenilpropanolol Budesonida Cálcio Captopril Carbamazepina Cetoconazol Ciscloporina Ciprofloxacin Cisaprida Claritromicina Clonazepam Clonidina Clorafenicol Clorpromazina Cloroquina Codeína Dantroleno Dapsiona Desferoxamina Dexametasona Diazepam Diazóxido Digoxina Diltiazen Dimeticona Disopiramina Dobutamina Dopamina Doxicilina Droperidona Edrofonio Efavirenz Enalapril Eritropoetina Esmolol Espironolactona Estavudina Estreptoquinase Etosuximida Fenobarbital Imipenem Indinavir Indometacina Isoniazida Isoproterenol Itraconazol Kanamicina Labetalol Lamivudine Lamotrigina Lidocaína Lítio Lorazepam Manitol Mebendazol Mefloquina Meperidina Metaproterenol Metadona Metimazol Metildopa Metilfenidato Metilprednisolona Miconazol Midazolam Milrinona Óleo Mineral Minociclína Minoxidil Morfina Naproxeno Nevirapina Nicardipina Nifedipina Nitroprussiato Norfloxacin Nortriptilina Ofloxacin Omeprazol Oximetazolina Pancurônio Penicilamina Pentamidina Pralidoxima Prazosin Primidona Procainamida Prometazina Propanolol Propiltiuracil Propiltiouracil Protamina Pirantel Pirazinamida Primetamina Quinidina Rifampicina Fentanil Flecainide Fluconazol Flucitosina Fludrocorisona Flumazenil Flunisolida Fluticasona Fluvoxamina Foscarnet Furosemida Gabapentin Ganciclovir Gentamicina Griseofulvina Haloperidol Hidantoína Hidralazina Rimantadina Sertralina Succinilcolina Sulfasalazina Sulfisoxasol Sumatriptana Tetraciclina Teofilina Tiabendazol Tionembutal Tioridazina Tobramicina Trazodona Valaciclovir Vancomicina Vecurônio Verapami Zidovudine Drogas contraindicadas na amamentação Ciclosporina Ergotamina Lítio Drogas que devem ser evitadas ou utilizadas com cautela na amamentação Abacavir Amiodarona Amitriptilina Aspirina Atenolol Ciprofloxacin Claritromicina Clesmastina Clonazepam Cloranfenicol Clorpromazina Desmopressina Diazepam Didanosina Doxicilina Efavirenz Estavudina Fenobarbital Flucitosina Fluoxetina Fluvoxamina Foscarnet Haloperidol Indinavir Itraconazol Ketamina Lamivudine Lorazepam Metoclopramida Metronidazol Midazolam Minociclína Morfina Nelfinavir Nevirapina Nicardipina Norfloxacin Nortriptilina Ofloxacin Omeprazol Paroxetina Piperazina Primidona Ritonavir Saquinavir Sertralina Sulfadiazina Sulfasalazina Sulfixosaxazol Tetraciclina Trazodona Zidovudine
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