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Vícios do Negócio Jurídico

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A declaração de vontade é elemento estrutural ou requisito de existência do negócio jurídico. Para que este seja válido, todavia, é necessário que a vontade seja manifestada livre e espontaneamente. Pode acontecer, no entanto, que ocorra algum defeito na sua formação ou na sua declaração em prejuízo do próprio declarante, de terceiro ou da ordem pública.
Trata-se dos defeitos do negócio jurídico, que se classificam em vícios de consentimento – aqueles em que a vontade não expressada de maneira absolutamente livre – e vícios sociais – em que a vontade manifestada não tem, na realidade, a intenção pira e de boa-fé que anuncia.
Defeitos do negócio jurídico são, pois, as imperfeições que nele podem surgir, decorrentes de anomalias na formação da vontade ou na sua declaração.
ERRO OU IGNORÂNCIA
O erro consiste em uma falsa representação da realidade. Nesse tipo de vício de consentimento o agente engana-se sozinho. Diferente do dolo, que é o vício em que o erro é induzido por contratante ou por terceiro.
Por que poucas ações anulatórias são ajuizadas com base o “erro”?
Torna-se difícil penetrar no intimo do autor para descobrir o que se passou em mente no momento da celebração do negócio. 
O erro apresenta-se sob várias modalidades. Algumas são importantes para o direito, porque invalidam Átis e negócios jurídicos. Outras mostram-se irrelevantes, acidentais, não o contaminando. A mais importante classificação é a que o divide em substancial e acidental.
ERRO SUBSTANCIAL E ERRO ACIDENTAL
Apenas erros substanciais, escusáveis e reais tornam anuláveis os negócios jurídicos. 
Erro substancial ou essencial é o que recai sobre circunstancias e aspectos relevantes do negocio. Há de ser a causa determinante, ou seja, se conhecida a realidade o negócio não seria celebrado. 
Erro acidental é o erro que se opõe ao substancial, porque se refede a circunstancias que somenos importância e que não acarretam efetivo prejuízo, ou seja, a qualidades secundárias do objeto ou da pessoa. Se conhecida a realidade, mesmo assim o negócio seria realizado.
CARACTERISTICAS DO ERRO SUBSTANCIAL
Segundo o art. 139 do Código Civil
“Art. 139. O erro é substancial quando:
1- interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
2- concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
3- sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico”.
Deste modo, o erro substancial pode ser:
a) erro sobre a natureza do negócio (error in negotio): é o erro que incide sobre a natureza do negócio que se leva a efeito, como ocorre quando se troca uma causa jurídica por outra;
b)erro sobre o objeto principal da declaração (error in corpore): aquele que versa sobre a identidade do objeto, é o que ocorre quando, por exemplo, declara-se querer comprar o animal que está diante de si, mas acaba-se levando outro, trocado;
c)erro sobre alguma das qualidades essenciais do objeto principal (error in substantia ou error in qualitate): é o que versa sobre a essência da coisa ou das propriedades essenciais de determinado objeto. É o erro sobre a qualidade do objeto. É o caso do sujeito que compra um anel, imaginando de ser outro, não sabendo que se trata de cobre.
d) erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa a quem se refede a declaração de vontade ( error in persona): é o que versa sobre a identidade ou as qualidades de determinada pessoa. É o caso de o sujeito doar uma quantia a Caio, imaginando-o ser o salvador de seu filho, quando, em verdade, o herói foi Tício. A importância desta modalidade de erro avulta no campo do Direito de Família, uma vê que o erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge é causa de anulação do casamento.
e)erro de direito (error juris): é o falso conhecimento, ignorância ou interpretação errônea da norma jurídica aplicável à situação concreta.
O vício redibitório é o erro objetivo sobre a coisa, que contém um defeito oculto. O seu fundamento é a obrigação que a lei impõe a todos os alienantes, nos contratos comutativos, de garantir ao adquirente o uso da coisa.
ERRO ESCUSÁVEL
Erro escusável é o erro justificável, desculpável, exatamente o contrário do erro grosseiro ou inescusável, de erro decorrente do não emprego da diligência ordinária. 
ERRO REAL
O erro, para invalidar o negócio, deve ser também real, isto é, efetivo, causador de prejuízo concreto para o interessado.
ERRO OBSTATIVO OU IMPROPRIO
Erro obstativo ou impróprio é o de relevância exacerbada, que apresenta profunda divergência entre as partes, impedindo que o negócio jurídico venha a se formar. 
O FALSO MOTIVO
Segundo o art. 140 do Código Civil que cuida do chamado “erro sobre os motivos”, prescreve:
“Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
Motivos são as ideias, as razões subjetivas, interiores, consideradas acidentais e sem relevância para a apreciação da validade do negócio. Em uma compra e venda, por exemplo, os motivos podem ser diversos: a necessidade de alienação, investimentos, edificações de moradia etc. São estranhos ao direito e não precisam ser mencionados
Se uma pessoa faz uma doação a outra, porque é informada de que o donatário é seu filho, a quem não conhecia, ou é a pessoa que lhe salvou a vida, e posteriormente descobre que tais fatos não são verdadeiros, a doação poderá ser anulada somente na hipótese de os referidos motivos terem sido expressamente declarados no instrumento como razão determinante.
TRANSMISSÃO ERRÔNEA DA VONTADE
Segundo o art. 141 do Código Civil:
“Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta”.
Se o declarante não se encontra na presença do declaratário e se vale da interposta pessoa ou de um meio de comunicação e a transmissão da vontade, nesses casos, não se faz com finalidade, estabelecendo-se uma divergência entre o querido e o que foi transmitido erroneamente, caracteriza-se o vício que propicia a anulação do negócio.
Segundo Silvio Rodrigues, se a vontade foi mal transmitida pelo mensageiro, há que se apurar se houve culpa em escolher, ou mesmo in vigilando do emitente da declaração. Se afirmativa a resposta, não pode tal erro infirmar o ato, por ser inescusável.
CONVALESCIMENTO DO ERRO.
O art. 144 do Código Civi, dispõe:
“Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico, quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante”.
Tal oferta afasta o prejuízo do que se enganou, deixando o erro de ser real e, portanto, anulável. Objetiva o referido diploma dar a máxima efetividade à consecução do negócio jurídico, concedendo às partes a oportunidadede executá-lo.
DOLO
O dolo é o erro provocado por terceiro, e não pelo próprio sujeito enganado. Seria, portanto todo artifício malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro com o propósito de prejudicar outrem, quando da celebração do negócio jurídico.
O dolo difere do erro porque este é espontâneo, no sentido de que a vítima se engana sozinha, enquanto o dolo é provocado intencionalmente pela outra parte ou por terceiro, fazendo com que aquela também se equivoque.
ESPÉCIES DE DOLO
Existem várias espécies de dolo, destacando-se as seguintes:
a) Dolo principal (dolus causam dans contractui) e dolo acidental (dolus incidens)- É a classificação mais importante. O art. 145 do Código Civil trata do primeiro, nestes termos:
“Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa”.
Somente o dolo principal, como causa determinante da declaração de vontade, vicia o negócio jurídico. Configura-se quando o negócio é realizado somente se houvesse induzimento malicioso de uma das partes. Não fosse o convencimento astucioso e a manobra insidiosa, a avençanão se teria concretizado.
É acidental o dolo, diz o art. 146, segunda parte, do Código Civil, “quando, a seu respeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo”. Diz respeito, pois, às condições do negócio. Este seria realizado independentemente da malícia empregada pela outra parte ou por terceiro, porém em condições favoráveis ao agente. Por essa razão o dolo acidental não vicia o negócio e “só obriga à satisfação das perdas e danos” (art. 146, primeira parte)
Assim, quando uma pessoa realiza um negócio por interesse próprio, e não em razão de induzimento feito por outrem, mas o comportamento malicioso da outra parte ou do terceiro acabada influindo nas condições estipuladas, em detrimento da primeira que adquire.
b) Dolus bonus e dolus malus
Dolo bônus é o dolo tolerável, destituído de gravidade suficiente para viciar a manifestação de vontade. É comum no comércio em geral, onde é considerado normal, e até esperado, o fato de os comerciantes exagerarem as qualidades das mercadorias que estão vendendo. Não torna anulável o negócio jurídico, porque de certa maneira as pessoas já contam com ele e não se deixam envolver, a menos que não tenham a diligência que se espera do homem médio.
Dolus malus é o revestido de gravidade, exercido com o propósito de ludibriar e de prejudicar. É essa modalidade que se divide em dolo principal e acidental.
Só o dolus malus, isto é, o grave, vicia o consentimento, acarretando a anulabilidade no negócio jurídico ou a obrigação de satisfazer as pernas e danos conforme a intensidade da gravidade.
c) Dolo positivo ou comissivo e dolo negativo ou omissivo – O procedimento doloso pode revelar-se em manobras ou ações maliciosas e em comportamentos omissivos. Daí a classificação em dolo comissivo (positivo) e omissivo (negativo).
Dispõe, com efeito, o art. 147 do Código Civil que, “nos negócios jurídicos bilaterais, o silencio intencional de uma das partes a respeito do fato ou qualidade a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
d) Dolo de terceiro- O dolo pode ser proveniente de outro contratante ou de terceiro, estranho ao negócio. Dispõe o art. 148 do Código Civil:
“Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem lubibriou”.
Esse tipo de dolo, desse modo, somente ensejará a anulação do negócio se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento.
e) Dolo do representante – O representante de uma das partes não pode ser considerado terceiro, pois age como se fosse o próprio representado. Quando atua no limite de seus poderes, considera-se o ato praticado pelo próprio representante. Se o representante induz em erro a outra parte, constituindo-se o dolo por ele exercido na causa do negócio subsistirá, ensejando a satisfação das perdas e danos
Segundo o art. 149 do Código Civil:
“O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo dor do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos”.
f) Dolo bilateral – O dolo de ambas as partes é disciplinado no art. 150 do Código Civil, que proclama:
“Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-la para anular o negócio, ou reclamar indenização”.
No caso acima, se ambas as partes têm culpa, uma vez que cada qual quis obter vantagem em prejuízo da outra, nenhuma delas pode invocar o dolo para anular o negócio, ou reclamar indenização. Há uma compensação, ou desprezo do Judiciário, porque ninguém pode valer-se da própria torpeza.
g) Dolo de aproveitamento – Essa espécie de dolo constitui o elemento subjetivo de outro defeito do negócio jurídico, que é a lesão. Configura-se quando alguém se aproveita da situação de premente necessidade ou da inexperiência do outro contratante para obter lucro exagerado, manifestamente desproporcional à natureza do negócio.
COAÇÃO
Enquanto o dolo manifesta-se pelo ardil, a coação traduz violência.
Entende-se como coação capaz de viciar o consentimento toda violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que a sua vontade interna não deseja efetuar.
São dois os tipos de coação:
a)física (vis absoluta)
A coação física é aquela que age diretamente sobre o corpo da vítima. A doutrina entende que este tipo de coação neutraliza completamente a manifestação de vontade, tornando o negócio jurídico inexistente, e não simplesmente anulável. 
b)moral (vis compulsiva)
A coação moral, por sua vez, é aquela que incute na vítima um temos constante e capaz de perturbar seu espírito, fazendo com que ela manifeste seu consentimento de maneira viciada.
Segundo dispõe o art. 151 do Código Civil, a coação vicia o ato nas seguintes circunstancias:
“Art. 151. A coação, para viciar a declaração de vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temos de dano eminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens”.
LESÃO
Pode-ser conceituar a lesão como sendo o prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações de um determinado negócio jurídico, em face do abuso da inexperiência, necessidade econômica ou leviandade de um dos declarantes.
Tradicionalmente, tem-se entendido que a lesão se compõe de dois requisitos básicos:
a) objetivo ou material- desproporção das prestações avençadas;
b) subjetivo, imaterial ou anímico- a premente necessidade, a inexperiência ou a leviandade e o dolo de aproveitamento.
ESTADO DE PERIGO
Configura-se quando o agente, diante de situação de perigo conhecido pela outra parte, emite declaração de vontade para salvaguardar direito seu, ou de pessoa próxima, assumindo obrigação excessivamente onerosa.
No estado de perigo, diferentemente do que ocorre na coação, o beneficiário não empregou violência psicológica ou ameaça para que o declarante assumisse obrigação excessivamente onerosa. O perigo de não salvar-se, não causado pelo favorecido, embora de seu conhecimento, é que determinou a celebração do negócio prejudicial.
SIMULAÇÃO
Segundo CLÓVIS BEVILÁGUA, a simulação “é uma declaração enganosa de vontade, visando produzir diverso do ostensivamente indicado”.
Na simulação celebra-se um negócio jurídico que tem aparência normal, mas que, na verdade, não pretende atingir o efeito que juridicamente devia produzir.
É um defeito que não vicia a vontade do declarante, uma vez que este mancumuna-se de livre vontade com o declaratório para atingir fins espúrios, em detrimento da lei ou da própria sociedade.
A simulação poderá ser:
a)absoluta- neste caso, o negócio forma-se a partir de uma declaração de vontade ou de uma confissão de dívida emitida para não gerar efeito jurídico algum.
b) relativa (dissimulação)- neste caso, emite-se uma declaração de vontade ou confissão falsa com o propósito de encobrir ato de natureza diversa, cujos efeitos, queridos pelo agente, são proibidos por lei. Denominamos esta hipótese de simulação relativa objetiva.
Em caso de simulação absoluta, fulmina-se de invalidade todo o ato; caso se trate de simulação relativa, declara-se a nulidade absoluta do negócio jurídico simulado, subsistindo o que se dissimulou, se for válido na substancia e na forma.
FRAUDE CONTRA CREDORES
A fraude contra credores, consiste no ato de alienação ou oneração de bens, assim como de remissão de divida, praticado pelo devedor insolvente, ou à beira da insolvência, com o propósito de prejudicar credor pré-existente, em virtude da diminuição experimentada pelo seu patrimônio
Na fraude contra credores, não há um necessário disfarce, como na simulação. O ato praticado, por si só, já é lesivo ao direito do credor, e deve ter a sua ineficácia judicialmente declarada.
Dois elementos compõem a fraude, o primeiro denatureza subjetiva e o segundo, objetiva:
a) consilium fraudis (o conluio fraudulento);
b) eventus damni (o prejuízo causado ao credor).

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