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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
Relações Étnico-raciais, História e Cultura Afro-brasileira e
Indígena
Professor(a): Janaína F. Fernandes
Curso: Análise e Desenvolvimento de Sistemas
Cotas Raciais nas Universidades
Brasileiras: Visão crítico-reflexivo.
Juliana Alves Vieira
30 de junho de 2016
O Brasil é um país de grande dimensão geográfica, de muitas culturas e pos-
sui uma herança histórica rica em detalhes marcada pela miscigenação de raças:
europeus, negros e índios foram se encontrando e se agregando dando origem ao
Brasil multicultural dos tempos atuais de muitos tons e muitas cores, pois somos
caboclos, mamelucos, cafuzos, negros, pardos, brancos e índios.
Sim. Somos, pois todo cidadão brasileiro é um pouco índio, um pouco negro,
um pouco europeu. Se assim não fosse não seríamos pardos, nem brancos, nem
mulatos, nem amarelos. Não teríamos as folias, o candomblé, o samba, a tapioca,
a esteira, a capoeira, etc.
1
De acordo com SEGATO (2005, p.12) �ser negro não significa necessariamente
participar em uma cultura ou uma tradição diferenciada, distinta nas terras de
Quilombo, negros e brancos coparticipam em tradições de ambas as origens.�
E ainda com toda essa diversidade se percebe na sociedade brasileira uma re-
sistência e por que não falar muito preconceito em relação à cor da pele de uma
pessoa ou de sua origem indígena o que chega ser absurda a falta de consciência
e de valor humanitário entre boa parte da população onde podemos identificar o
domínio de classe sobre classe.
Os ricos são prestigiados porque são ricos e os pobres marginalizados porque são
pobres e os negros e índios discriminados porque são considerados inferiores em
função de sua herança cultural: o negro veio da África para ser escravo e o índio
é um selvagem domesticado pelo homem branco. Pura inconsistência de valores
histórico cultural, ético e moral.
É comum as pessoas ao ingressarem a um espaço público serem observadas ou
mesmo classificadas pela cor se é parda ou negra é afrodescendente, se é branca não
tem descendência africana o que é um grande equívoco ao considerarmos toda nossa
herança histórica marcada pela mistura das raças, ou seja, mesmo uma pessoa loura
de olhos claros pode ser descendente do negro marginalizado por décadas no nosso
sistema social.
A população negra desde a época da colonização foi abandonada, mesmo depois
da Lei Áurea assinada pela princesa Isabel em 1888 se manteve sem direito à
educação, moradia, saúde, trabalho e outros direitos humanos importantes.
Praticamente foram deixados de lado à mercê da própria sorte sendo obrigados a
se instalarem em cortiços em condições sub-humanas lutando por sua sobrevivência.
E ainda no momento atual buscam ser reconhecidos e valorizados como pessoas
capazes independente da cor da pele.
Em Maio de 2012, 180 instituições públicas de ensino superior brasileiras (in-
cluindo universidades, faculdades e institutos federais ou estaduais) ofereciam al-
gum tipo de ação afirmativa a pobres, negros ou indígenas. Sendo que das 59
universidades federais, 32 ofereciam cotas para estudantes vindos de escolas públi-
cas, 21 ofereciam cotas para negros e pardos, 19 ofereciam cotas para indígenas e
7 ofereciam cotas para portadores de deficiência.
2
O sistema de cotas para negros, pardos e indígenas ingressarem em universidades
públicas ou privadas é tema de muitas discussões sendo que de um lado há os
que defendem o sistema como garantia de igualdade de condições entre mestiços e
brancos às universidades e de outro há os que manifestam contra com duras críticas
afirmando que o sistema de cotas aumenta o preconceito e alimenta a diferença de
classes.
Embora as duas posições não estejam necessariamente sem contexto o que se
tem a discutir é que o sistema de cotas raciais dá condições positivas de acesso
qualificado dessas pessoas ao ensino superior ampliando seus conhecimentos para
uma participação social democrática e seu acesso ao mercado de trabalho.
As cotas raciais visam à inclusão de negros e indígenas ao ensino superior.
A história remonta o negro escravizado pelo branco. Essa herança social é alvo
de muitas críticas, pois apesar de que o branco de hoje não dever nada historica-
mente ao negro de hoje há nesse contexto a necessidade de reparação no presente
dessa dívida do passado. O sistema de cotas abre espaço para a inclusão social
e possibilita reflexões quanto à questão racial no país. O sentimento de equidade
precisa ser presente nas ações do cidadão para que ele possa aprender a lidar e a
conviver com as diferenças com tolerância e respeito.
Se o pardo e o índio tem direito a cota em uma determinada instituição de
ensino não significa que ele seja menos capaz intelectualmente, mas sim que suas
oportunidades são mais resumidas. Também não significa que a qualidade do ensino
vai cair, pois o ensino é o mesmo para todos negros e brancos. A diferença está no
preconceito mascarado persistente em nossa sociedade.
Todos os estudantes independente de serem ricos ou pobres, da grande massa
populacional (parda), oriundos de comunidades quilombolas ou indígenas precisam
prestar vestibulares e concursos públicos para ascensão social e esses processos
seletivos não garantem que os aprovados são os mais inteligentes ou aptos para as
vagas que pretendem ocupar.
Estudos realizados pela UFG e pela USP demonstram o bom desempenho de
alunos cotista em faculdades pelo país o que prova que a cor da pele não determina
se o indivíduo é ou não capaz, mas sim sua capacidade cognitiva e desempenho
estudantil.
3
�Os estudos brasileiros têm apontado que o desempenho dos alunos cotistas é
semelhante ou até mesmo superior ao dos não cotistas.� VILELA ( 2009; IPEA,
2008).
Mas ainda há os que mesmo com toda essa constatação de direito e valor em
favor das cotas raciais e sociais nas universidades insistem em defender sua ilegi-
timidade contestando seu efeito social atribuindo à interpretação de fatos que �as
cotas ofendem o direito dos brancos de serem julgados por seus méritos.�
Analisando essa postura se pode considerar que o branco não disputa uma vaga
apenas com outros brancos, pois, muitos mestiços não se declaram pardos ou mu-
latos e disputam as mesmas vagas que o branco, outro detalhe está na competição
em si, o negro para ser aprovado ele precisa estar entre os melhores de seu grupo o
que deixa claro que não ocorre uma relação de privilégio, mas de esforço, dedicação
e preparo adequado daquele que deseja cursar o ensino superior.
Portanto, podemos dizer que as cotas no Brasil, surgiram como uma forma de
tentar superar as desigualdades socioeconômicas, quebrando aquele tabu de que
universidade era feita predominantemente pela raça branca e de pessoas com classes
econômicas favorecidas.
�À medida que o signo do negro, o rosto negro, se fizer presente na vida uni-
versitária, assim como em posições sociais e profissões de prestígio essa presença
tornar-se-á habitual e modificará as expectativas da sociedade.� (SEGATO, 2005,
p.10)
No que diz respeito ser justo ou injusto sobre o sistema de cotas é preciso con-
siderar que um país como o Brasil marcado por tantas diferenças sociais antes de
qualquer coisa precisa buscar um sistema jurídico que prestigie a igualdade social
eliminando a pobreza, o preconceito, a perseguição política e religiosa e a corrupção
para certamente ter uma sociedade onde as vantagens e desvantagens sejam para
todos na mesma proporção. E essa herança de desvantagens percorre os longos
séculos de existência do povo brasileiro, pois a grande massa de mestiços vem em
desvantagem desde a colonização e o branco vem em vantagem desde esse tempo,
portanto querendo ou não admitir é um povo marcado por essecontexto histórico
social de diferenças onde branco e negros estiveram em classes sociais distintas,
portanto nada mais justo que toda essa marginalização em torno do negro seja
compensada com cotas nas universidades.
Quanto à relação de equidade e o direito cidadão de igualdade de oportunida-
des entre todos como afirma a constituição de 1988, NOZICK (1974) diz que: �a
4
principal crítica à igualdade equitativa de oportunidades é de que a redistribuição
de bens sociais que ela faz por meio de ações afirmativas, ofende os direitos dos
indivíduos que serão prejudicados por essas políticas no futuro.�
Porém percebendo seu ponto de vista se pode entender uma plena defesa dos
direitos dos cidadãos pertencentes à classe dominante, ou seja, igualdade de opor-
tunidade gera mais ascensão social, maior competitividade no mercado de trabalho
colocando em igualdade a disputa pelo sucesso entre ricos, pobres, negros, índios e
brancos afetando em função dessa política os direitos privilegiados dos indivíduos
com maior poder aquisitivo.
Construindo um pensamento sócio - construtivista à medida que negros e índios
forem ocupando lugares na sociedade por seu mérito, sua formação pessoal e aca-
dêmica e sua participação forem prestigiadas produtivamente o preconceito a cor e
as origens deixarão de mistificar a qualidade de seu potencial individual.
O sistema de cotas entra nesse processo numa dimensão qualitativa modificando
o modo de ser e de agir das pessoas na sociedade brasileira, portanto não trazendo
prejuízos à qualidade do ensino nem tão pouco à sociedade brasileira.
1 Referências
NOZICK, Robert. Anarchy, state and utopia. Oxford: Blackwell, 1974.
In:http://direitoestadosociedade.jur.pucrio.br/media/7artigo41.pdf
SEGATO, L, R. SÉRIE ANTROPOLOGIA - 372. RAÇA É SIGNO. Rita
Laura Segato. Dept. de Antropologia Universidade de Brasília. Brasília. 2005.
VILELA, Thaís et al Análise do Diferencial de Renda do trabalho em
2008 entre Diferentes Gerações de Trabalhadores no Brasil. Revista Eco-
nomiA, 2012.
5

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