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Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ipatinga Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico Ada Magaly Matias Brasileiro Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico Professora D.ra Ada Magaly Matias Brasileiro Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ipatinga Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ipatinga Diretor Executivo Walter Teixeira dos Santos Jr. Direção Acadêmica Júlio Cesar Alvim Gerente do NEO Elizângela de Jesus Oliveira BrASilEirO, Ada Magaly Matias. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico. 1ª ed. Ipatinga; Unipac – Cursos de graduação. 144p. Bibliografia 1. Português 2. Metodologia 3.Título Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à Unipac. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático são reservados ao autor. Todos os direitos de Copyright deste material didático são reservados à Unipac. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ipatinga 5 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena Sumário Ementa ...........................................................................................................................7 Currículo Resumido do Professor ..................................................................................9 Bibliografia Utilizada ......................................................................................................11 Unidade 1 Os Vários Tipos de Conhecimento e o Conhecimento Científico .................................13 Módulo 01 Os vários tipos de conhecimento ..................................................................................15 Módulo 02 O conhecimento científico e suas características ..........................................................23 Módulo 03 As ações processuais da construção científica ...............................................................30 Módulo 04 Fichamento: o que é e como se faz? .............................................................................35 Resumo: o que é e como se faz? ..................................................................................40 Resumo da Unidade ............................................................................................... 45 Unidade 2 Módulo 01 A leitura de textos técnicos ...........................................................................................49 Terminologias definidas pela ABNT ...............................................................................54 Módulo 02 Primeira fase do trabalho: planejamento .......................................................................58 Módulo 03 Segunda fase do trabalho: a pesquisa ...........................................................................64 Módulo 04 A abordagem adequada à pesquisa ..............................................................................68 Identificando o universo, a amostra e os sujeitos da pesquisa ......................................71 Resumo da Unidade ............................................................................................... 73 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 6 Unidade 3 Confeccionando o Trabalho Científico ...........................................................................75 Módulo 01 .....................................................................................................................77 Terceira fase do trabalho: o relato .................................................................................77 Elementos pré-textuais ..................................................................................................79 Elementos pós-textuais ..................................................................................................84 Módulo 02 A apresentação gráfica do texto segundo a ABNT .......................................................86 Módulo 03 Paginação .......................................................................................................................90 Módulo 04 Numeração progressiva .................................................................................................95 Resumo da Unidade ............................................................................................... 99 Unidade 4 Módulo 01 Organização estrutural do texto ....................................................................................103 Módulo 02 Revisões bibliográficas rigorosas ...................................................................................107 Um artigo científico – leitura e análise ...........................................................................112 A importância da disciplina de metodologia científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior ...................................................................112 Módulo 03 As normas da ABNT associadas ao diálogo teórico: .....................................................123 Módulo 04 A formalização das citações ...........................................................................................126 Leitura e análise de um paper ........................................................................................133 A pseudociência nas universidades brasileiras ..............................................................133 Resumo da Unidade ............................................................................................... 143 Sumário 7 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena Ementa A construção do conhecimento e o conhecimento científico. O método científico. As ações processuais da construção científica. As fases de construção do conhecimento científico: o planejamento e suas configurações; a pesquisa – tipos e procedimentos; a redação da pesquisa científica e as normas da ABNT; a submissão da pesquisa à comunidade acadêmica. 9 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena Currículo Resumido do Professor Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela PUC Minas e mestra em Língua Portuguesa pela mesma instituição; especialista em Língua Portuguesa, Didática e Tecnologia do Ensino Superior e Linguística; graduada em Letras (Português, Inglês e Literaturas). Atualmente é professora assistente da Faculdade Pitágoras e atua nas pós-graduações do UNIBH e da Faculdade Milton Campos. Dedica-se às áreas de Metodologia Científica e Linguagem, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de produção de texto, linguística textual, discurso docente, interacionismo, metodologia e pesquisa científica. Produz material didático, no âmbito desses temas, para o Ensino a Distância. 11 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena Bibliografia Básica: BARBOSA, Derly. Manual de pesquisa: metodologia de estudos e elaboração de monografia. 2. ed. São Paulo (SP): Expressão e arte, 2012. 103 p. DEMO, Pedro. Metodologia para quem quer aprender. São Paulo, SP: Atlas, 2008. 131 p. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia cientifica. 7.ed. São Paulo: Altas, 2010. Bibliografia Complementar: AZEVEDO, Claudia Rosa; NOHARA, Jouliana Jordan. Como fazer monografias: TCC, dissertações e teses. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2013. DE SORDI, José Osvaldo. Elaboração de pesquisa científica. São Paulo: Saraiva, 2013. FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7.Ed. São Paulo: Atlas, 2010. MALHEIROS, Bruno Taranto. Metodologia da pesquisa em Educação. Rio de Janeiro: Grupo GEM, 2011. BibliografiaUtilizada Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 13UNIDADE 1 UNiDADE 1 Os Vários Tipos de Conhecimento e o Conhecimento Científico Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 15UNIDADE 1 leituras que realiza, pela fé que alimenta, pela cultura do grupo social do qual faz parte, pelas variadas buscas. Como resultados desses esforços, cons- tituem-se inúmeros conhecimentos dos quais exploraremos quatro tipos mais recorrentes: o conhecimento empírico, o religioso, o filosófico e o científico. O conhecimento empírico O conhecimento empírico é aquele que se constitui por acaso, em sua vida cotidiana, na relação do homem com o mundo que o cerca, por meio das expe- riências vividas, das práticas baseadas no senso comum, das culturas constitutivas de sua comunidade. Afirmamos, então, que o folclore e tudo o que conhecemos sobre ele (lendas, cren- dices, festas...), os ditados populares, os remédios caseiros, as comidas da vovó e tantas outras coisas que fazem parte do nosso fazer cotidiano representam os inúmeros conhecimentos que temos do mundo, os quais, para serem construídos, não precisaram de estudos acadêmicos. Os vários tipos de conhecimento Iniciaremos o tema, considerando dois pressupostos: o primeiro é que a igno- rância impede o avanço das pessoas e as mantém prisioneiras das circunstâncias nas quais se encontram, assim, o conheci- mento existe para libertar tais indivíduos e permitir que eles atuem, modificando a sua realidade em benefício individual e social; o segundo pressuposto é que tais conhecimentos advêm de inúmeras fontes e formas de aquisição, sendo que cada uma delas têm seu lugar e importância. A Construção do Conhecimento Logo na primeira infância, inicia-se a construção do conhecimento, quando a criança imita gestos, expressões e pala- vras dos adultos, começando a tomar consciência do mundo que a cerca. Na medida em que vai se desenvolvendo, ela entra em contato com os mais diversos espaços, deparando-se com desafios e possibilidades de aprendizagem, aguçados pelos questionamentos que faz, pelos programas a que assiste na TV, pelas observações rotineiras, pela interação cotidiana com o outro, pelas MóDUlO 01 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 16 UNIDADE 1 Segundo o pesquisador, sociólogo e pedagogo Ander-Egg (1978, p. 13-14), esse conhecimento é: • assistemático – por ocorrer espon- taneamente, a qualquer momento, de qualquer modo; • valorativo – pois perpassa o juízo de valor daquele que concebe (ou não) o conhecimento; • reflexivo – já que provoca o sujeito aprendiz a refletir sobre sua eficácia ou não, como nos casos de uma receita de remédio caseiro ou de um ditado popular; • verificável – por ser um conhe- cimento cujo principal pilar é a experiência, é possível fazer os testes práticos e verificar o que funciona e o que não funciona; • falível – pois não se prende a leis universais. Assim, um chá de boldo pode curar as queixas de uma pessoa e não surtir efeito em outra; • inexato – por não ser sistemático e nem metodológico, os resultados de um conhecimento empírico não se comprometem com a exatidão, a precisão. Uma lenda folclórica, por exemplo, pode ser passada por gerações e gerações e modificada a cada vez que for relatada. As características apontadas por Ander-Egg (1978), entretanto, não fazem deste um conhecimento dispensável, pois ele exerce, com muita propriedade, o seu papel na vida humana. Por exemplo, ao dirigir meu carro, mesmo não entendendo de mecânica, sou capaz de perceber quando algo vai errado, seja pelo barulho, pelo cheiro, pelo desempenho etc. O mesmo acontece com o trabalho de uma parteira que, baseada em sua prática, é capaz de realizar um parto complicado, ou com as lendas e causos de assombração, funcionando como elemento de coerção para uma comunidade. Fique atento! É importante destacar que, muitas vezes, o conhecimento empírico alimenta o conhecimento científico, provocando-o a pesquisar os fundamentos de crendices, mitos e ações culturais. É o que ocorre, por exemplo, com os conhecimentos da cultura indígena. Assim, o homem, ciente de suas ações e do seu contexto, apropria-se de experiências próprias e alheias, acumuladas no decorrer do tempo, para explicar o porquê das coisas e solucionar seus problemas. Por suas características próprias, tal perspectiva Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 17UNIDADE 1 de conhecimento é altamente marcada pelo imaginário social, pelas superstições e, às vezes, pelo preconceito. O conhecimento religioso Trata-se de um tipo de conhecimento adquirido a partir da aceitação de dogmas da fé teológica, sendo resultado da revelação da divindade, por meio de indivíduos inspirados que apresentam respostas aos mistérios da mente humana. A fé pode ser entendida como o fundamento dos fatos que não se esperam e a prova dos acontecimentos que não se veem e nem se explicam. Apoia-se em doutrinas que contenham proposições sagradas, manifestação divina e é transmitida por alguém, ao longo da história, ou por meio de escritos sagrados. Nos dias de hoje, diferentemente do passado histórico, a ciência não se permite ser subjugada a influências de doutrinas da fé: e é a própria Teologia que está procurando rever seus dogmas e reformulá-los para não se opor à mentalidade científica do homem contemporâneo. Suas características principais são: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 18 UNIDADE 1 • valoração – cada sujeito atribui um valor particular aos fundamentos da sua fé; • inspiração – os dogmas e os mistérios de cada religião são objetos e motivos que inspiram e fortalecem seus seguidores; • infalibilidade – sendo a fé o sustentáculo do conhecimento religioso, todo fato ocorre em virtude da onipotência, onipresença e onisciência de um ser espiritual superior. Assim posto, pode o ocorrido estar em desacordo com os interesses do sujeito comum, mas nem por isso significa uma falha, antes, o desconhecimento dos planos divinos para os seres humanos; • indiscutibilidade – esta caracte- rística se justifica pelo fato de que fé não é assunto para discussão, uma vez que se trata de uma escolha da ordem espiritual que não carece de provas e, consequentemente, dispensa argu- mentações contrárias e verificações; • sistematização – a sistematização do conhecimento religioso é atribuída aos dogmas de cada religião. A missa é um evento ritualizado que exemplifica tal característica. O conhecimento filosófico É o conhecimento que busca a origem dos problemas, relacionando-os a outros aspectos da vida humana. Baseia-se unicamente na razão para questionar os problemas humanos, buscando a resposta em sua origem e no discernimento entre o certo e errado, utilizando todo o rigor da lógica e do raciocínio. O questionamento, pilar do conhecimento filosófico, funciona como o instrumento para decifrar elementos imperceptíveis aos sentidos, sendo uma busca que parte do material para o universal. Seu objeto de análise são ideias, relações conceituais, exigências lógicas passíveis de observação. Algumas das principais questões que hoje ocupam o trabalho dos filósofos estão relacionadas à relação máquina X homem; à clonagem humana; ao mundo da tecnologia; aos problemasambientais; à miséria etc. Esse tipo de conhecimento se caracteriza por ser: • racional – é a razão, não os fatores emocionais, que orienta o conhecimento filosófico; • valorativo – mesmo sendo racional, as escolhas das premissas que orientarão o raciocínio na busca das respostas passam pelo juízo de valor do sujeito; • sistemático – o conhecimento Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 19UNIDADE 1 filosófico centra-se em raciocínios lógico-formais, os quais possuem estruturas estabelecidas; • não verificável – por estar vinculado ao pensamento, o conhecimento filosófico não se aplica na prática; • infalível – exatamente pelo fato de não poder ser testado, as respostas que passam por um raciocínio lógico- formal perfeito têm, como resultado, uma verdade; • exato – o resultado de um raciocínio lógico deve ser objetivo, exato. O conhecimento científico O conhecimento científico ultrapassa a visão empírica, preocupando-se não só com os efeitos, mas, principalmente, com as causas e as leis que os motivaram. Tal modalidade de conhecimento evolui de forma lenta e gradual, de um sistema de proposições rigorosamente demonstradas e imutáveis da visão tradicionalista de ciência, para um processo contínuo de construção, em que não existe o pronto e o definitivo, que é a perspectiva da pesquisa científica atual. Foram pesquisadores como Copérnico, Bacon, Galileu e Descartes que, no século XVI, deram força ao conceito de ciência, o qual foi ficando menos positivista ao longo dos tempos. Várias concepções e uma só ciência? Ciência é uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. Um conjunto de atitudes e atividades racionais dirigidas ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação. Fonte: Trujillo-Ferrari (1974) Ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza. Fonte: Ender-Egg (1978) O conhecimento científico resulta de investigação metódica e sistemática da realidade. Ele transcende os fatos e os fenômenos em si mesmos, analisa-os para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem. Fonte: Galliano (1986) Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 20 UNIDADE 1 Ciência é um conjunto de descrições, interpretações, teorias, leis, modelos etc., visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e renovação, que resulta da aplicação deliberada de uma metodologia especial (metodologia científica). Fonte: Newton Freire-Maia (1990) Analisando os conceitos, é possível perceber a metodologia de pesquisa como um ponto de acordo entre os autores. Por outro lado, percebe-se a evolução do conceito de uma perspectiva de verificação lógica, racional e universal, para uma ótica da interpretação de uma realidade tomada como amostra. Nota-se, também, que ciência não é um conceito fácil de ser construído. A esse respeito, Marconi e Lakatos (2000) dizem que não há um consenso na apresentação da classificação das ciências. O que é ciência para alguns estudiosos, ainda permanece como ramo de estudo para outros e vice-versa. Para as autoras, a ciência é classificada em dois grupos: as formais e as factuais. As ciências formais dizem respeito ao estudo das ideias, dividindo-se em lógica e matemática, não tendo relação com algo encontrado na realidade, e não podendo, por isso, valer-se dos contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas. Assim, utiliza a lógica para demonstrar rigorosamente seus teoremas. Já as ciências factuais investem seus estudos nos fatos, dividindo-se em naturais e sociais. Referem-se a fatos que supostamente ocorrem no mundo e, em consequência, recorrem às observações Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 21UNIDADE 1 e às experimentações para comprovar ou refutar suas hipóteses (LAKATOS; MARCONI, 2000). Longe de pretender buscar esse consenso, o fato é que o papel do conhecimento científico é entender a natureza e o universo em que vivemos por meio de elementos conhecidos, concretos e objetivos. Eis algumas de suas características: • finalidade – procura descobrir as características comuns dos fenômenos da mesma espécie e as condições e regularidades da sua ocorrência (causalidade); • sistematização – adota um sistema de referências, teorias, hipó- teses explicativas e define as fontes de informação; • verificação – procura testar a consistência empírica de uma teoria, hipótese ou afirmação; • explicação – apresenta os “porquês” das relações entre os fenô- menos estudados; • acumulação – enriquecimento contínuo por meio de novos conhe- cimentos. Tal acumulação é feita de forma seletiva; • falibilidade – o conhecimento científico é assumido como falível, mas também como progressivo; • objetividade – em ciência, a objetividade se refere a três acepções: à pessoa do discurso, ao objeto da pesquisa e ao foco textual. A despeito de todas essas características, uma epistemológica vem sendo lançada como polêmica: como distinguir o que é do que não é ciência? Atualmente, cursos de Astrologia, Terapias Naturais, Florais de Bach, entre outros, têm sido ofertados em graduações e pós-graduações, deixando o questionamento tanto sobre a consistência do objeto em estudo, quanto sobre as características de verificação e de explicação dos ditos fenômenos1. De todo modo, o conhecimento científico pode ser considerado uma atividade intelectual e intencional, cuja finalidade é suprir as necessidades humanas. Mesmo estudando separadamente os quatro tipos de conhecimento, não podemos dizer que eles ocorrem de modo isolado. Ao contrário, na ação do pesquisador, ele percorre as diversas áreas do conhecimento, até chegar às respostas que se buscam. 1 Leia, a esse respeito, o artigo “As pseudociências nas universidades brasileiras”, nos anexos deste. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 22 UNIDADE 1 Assista ao filme “Luz, trevas e o método científico”, produzido pelo Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ. Disponível em: http://goo.gl/KEJVbq O filme, dividido em 7 partes, trata da história da ciência desde o começo do universo. História que anda paralela à dinâmica do mundo, influenciando e sendo influenciada pelas vontades do homem. O filme tem abordagem humanista, com narração do professor Leopoldo de Meis sobre benesses e tragédias que a ciência pode trazer. Caso não queira assistir a todas as partes, a primeira já traz muitas informações importantes! Para saber mais: Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 23UNIDADE 1 O conhecimento científico e suas características Como foi abordado na discussão conceitual sobre ciência, uma das principais características do conhecimento científico é o fato de ele ser sistematizado, o que, necessariamente, carece de um sistema, um método que auxilie e sustente o trabalho de pesquisa. Vejamos, então, a relação que há entre método e conhecimento científico. Etimologicamente, “meta” significa ao longo de; e “odos” significa caminho, via. Desses dois radicais, resulta que método é “caminho ao longo do qual...”. Aprofundemosum pouco mais nesse conceito. Método Científico Para que um conhecimento possa ser considerado científico, faz-se necessário identificar as operações mentais e as técnicas que permitam a sua verificação, ou seja, determinar o caminho que possibilite chegar ao conhecimento com status de fato científico. Assim, Gil (1999) define método científico como um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento. Lakatos e Marconi (2000) relatam que a preocupação em descobrir e explicar a natureza existe desde os primórdios da humanidade. Método científico é o modo como o pesquisador faz a trajetória de pesquisa, traçando um caminho que dê consistência e credibilidade a seu estudo. Cada ramo de conhecimento científico tem conceitos e regras que o sustentam e que devem ser considerados pelo estudante na fase das definições metodológicas. Curiosidade: Portanto, em se tratando de ciência, não deveríamos falar de método, mas sim de métodos, pois cada pesquisa demanda um caminho diferente, que vai sendo delineado em função das exigências do objeto de pesquisa. Os caminhos foram, anteriormente, construídos em outros estudos e se transformaram em um conjunto de teorias, das quais se selecionarão as mais adequadas a cada estudo. Tais teorias devem MóDUlO 02 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 24 UNIDADE 1 possibilitar as melhores condições para que o pesquisador possa, em situações idênticas, repetir os resultados esperados. É, por fim, o método que define e diferencia o conhecimento da ciência de outros tipos de conhecimentos. Metodologia Científica Com origem no pensamento de Descartes (1596-1659), em “O discurso do método”, a metodologia científica refere-se ao estudo dos métodos empregados em cada área científica específica e a essência dos passos comuns a todos estes métodos, ou seja, do método da ciência, em sua forma geral, que se supõe universal. Embora os procedimentos variem de uma área da ciência para outra, consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos encontrados em áreas não científicas. Trata-se, portanto, do conjunto de normas e procedimentos padronizados para levar uma investigação ao seu objetivo: um resultado confiável e convincente. A explicação anterior justifica a necessi- dade do estudo de metodologia cientí- fica, uma vez que o pesquisador precisa conhecer as diversas possibilidades metodológicas, ou seja, os diversos cami- nhos existentes em seu campo científico, para saber traçar o da sua pesquisa. Assim, para se definir os aspectos metodológicos gerais de uma pesquisa, é necessário caracterizá-la, essencialmente, quanto aos fins, aos meios, à abordagem, bem como definir o universo, a amostra representada e os sujeitos envolvidos, se for o caso. Ainda faz parte da metodologia científica, a escolha dos instrumentos de pesquisa, as estratégias de organização e análise dos dados e os esclarecimentos sobre a conduta ética com o estudo, os quais garantirão a cientificidade do trabalho. Além disso, é esse estudo que vai orientar o estudante sobre a estrutura do texto a ser desenvolvido, o que pode e o que não pode ser feito, as normas de formatação, dentre outros aspectos que fortalecem o pesquisador, possibilitando-lhe mais segurança para o desenvolvimento das pesquisas que desenvolverá ao longo do curso de graduação e os de formação posterior. Todos esses fatores serão explicitados nos capítulos 2 e 3 da unidade 2 desta apostila. Características do texto científico O domínio discursivo acadêmico- científico visa à construção e à divulgação do conhecimento. Para isso, ele é constituído por uma linguagem técnico-científica apropriada, diferindo Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 25UNIDADE 1 da utilizada em outros tipos de discurso, como o literário, o jornalístico ou o publicitário, nos quais se pode repetir, exagerar ou subnarrar fatos. Na linguagem científica, nada deve ficar implícito ou deixado à imaginação do leitor, pois o autor deverá persuadi-lo à custa de fatos e dados, lançando mão das tipologias descritivas, narrativas e dissertativas. O texto acadêmico-científico deve ser comprometido com a objetividade, a eficácia e a exatidão. Muitas vezes, contudo, essas qualidades são prejudicadas pela necessidade de uso de termos técnicos, por uma característica específica do objeto de pesquisa, pelo uso de coloquialismos ou, até mesmo, pelo estilo de quem escreve. É importante, então, que o estudante se desafie, desde cedo, ao desenvolvimento da expressão acadêmica, a fim de alcançar o seu objetivo, sem ser enfadonho. Para isso, ele deve evitar algumas armadilhas discursivas e buscar as características próprias do domínio acadêmico-científico. Qualidades do texto acadêmico- científico Para atender aos pressupostos da etimologia, o texto acadêmico-científico deve se adequar à norma culta da língua, em uma variante técnica própria do campo científico específico, além de apresentar algumas qualidades. Dentre elas: a) Objetividade Em ciência, a objetividade se refere a três acepções: à pessoa do discurso, ao objeto da pesquisa e ao foco textual. Objetividade associada à pessoa do discurso – esse é um ponto que tem provocado divergências no mundo acadêmico. Alguns defendem o uso da terceira pessoa como recurso de neutralidade, deixando o foco para o objeto da pesquisa. Outra ala, cada vez maior de pesquisadores, considera que a inclusão do pesquisador no texto, com o uso da primeira pessoa, confere maior credibilidade à pesquisa, especialmente, no caso das pesquisas qualitativas. O objeto da pesquisa – o escopo de toda pesquisa traz o objeto o qual será investigado, ou seja, é o tema, o assunto ou o fenômeno que será estudado. Ao mencioná-lo, o autor deve buscar a imparcialidade, evitando expressar opiniões ou juízos particulares. A objetividade no foco textual – essa característica diz respeito à concisão e visa ao tratamento do tema de maneira simples, direta e enfática, obedecendo Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 26 UNIDADE 1 a uma sequência lógica e evitando o desvio do assunto para considerações irrelevantes. (BRASILEIRO, 2013). b) Uso da variante culta da língua Trata-se da correta utilização das normas gramaticais. O texto científico é formal e se vale da linguagem culta, não sendo permitido o uso de gírias, termos vulgares, clichês, expressões coloquiais e estrangeirismos, a menos que sejam realmente necessários. Nesses casos, as aspas devem ser usadas. O uso desses recursos é considerado indevido, pois além de revelar posicionamento discursivo, em certas ocasiões, apresentam os vícios de linguagem do autor, afetando sua credibilidade. c) Precisão e clareza Características relacionadas ao foco textual. Para alcançá-las, o autor deve: • apresentar as ideias de modo claro, coerente e objetivo, conferindo-lhes a devida ênfase; • usar um vocabulário preciso, evitando as linguagens rebuscadas e prolixas; • buscar a unidade do texto, construindo uma organização lógica; • evitar comentários irrelevantes, acúmulo de ideias e redundâncias, perseguindo a síntese; • usar a nomenclatura técnica aceita no meio científico, buscando a simplicidade; • evitarperíodos breves demais, pois prejudicam a exposição do assunto, assim como os longos demais, pois tornam o texto pouco claro e cansativo; • evitar ambiguidades, buscar a exatidão sem correr o risco de gerar dúvidas, formulando proposições inequívocas; • evitar termos e expressões que não indiquem claramente proporções e quantidades (médio, grande, bastante, muito, pouco, mais, menos, nenhum, alguns, vários, quase todos, nem todos, muitos deles, a maioria, metade e outros termos ou expressões similares), procurando substituí-los pela indicação precisa em números ou porcentagem, ou optando por associá-las a esses dados. O texto científico sofre críticas relacionadas à dificuldade de leitura. • Para evitá-las, releia o seu texto com senso crítico. Verifique se a linguagem não está empolada demais, com muitos termos técnicos, ou, Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 27UNIDADE 1 talvez, empobrecida demais. Persiga a simplicidade, a clareza e a síntese! d) Imparcialidade O autor não deve fazer prevalecer seu ponto de vista, sua opinião e seus preconceitos. Ao mesmo tempo, deve evitar ideias preconcebidas, não subestimando e nem superestimando a importância das ideias em debate. Atenção para os termos que marcam posicionamentos: Adjetivos, advérbios, locuções e pronomes que indiquem tempo, modo ou lugar de forma imprecisa, tais como: aproximadamente, antigamente, em breve, em algum lugar, em outro lugar, adequado, inadequado, nunca, sempre, raramente, às vezes, melhor, provavelmente, possivelmente, talvez, algum, pouco, vários, tudo, nada e outros termos similares. Ex.: Em lugar de: Esse dado é importantíssimo para a origem da história alemã. Prefira: Esse dado indica fatores sobre a origem da história alemã. e) Coesão e coerência A coesão se refere à boa articulação entre as partes do texto, estando relacionada à sua organização tópica. A coerência refere-se à lógica, à consistência e à não contradição do dito. Está, portanto, vinculada à progressão na exposição das ideias, de modo a facilitar a interpretação de texto. O objetivo inicial deve ser mantido ao longo de seu desenvolvimento, sendo que a explanação deve se apoiar em dados e provas, e não em opiniões que não possam ser confirmadas. Expressões latinas usadas no texto acadêmico-científico Em textos técnicos e científicos, é comum o uso de expressões latinas, cuja função é imprimir maior exatidão informacional. No entanto, havendo o termo correspondente em português, pode-se optar por um ou pelo outro: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 28 UNIDADE 1 Expressão Significado e uso Apud Significa citado por, conforme, segundo. Na citação de citação, é utilizada para informar que o que foi transcrito de uma obra de um determinado autor, na verdade, pertence a outro. Cf. Significa confira, confronte: usa-se na citação indireta, síntese retirado de fonte consultada sem alteração das ideias do autor. A indicação da página é opcional. Ex.: (Cf. GIL, 1997) Cf. supra; infra = confira-se acima; confira-se abaixo. Usado quando se quer remeter o leitor a outras partes do texto – antes ou depois. O termo vem seguido do número da página. Ex.: Cf. infra, p. 16. Corpus Significa conjunto de dados – quando se tem mais de um conjunto de dados, usa-se o plural corpora. Et alii (et al.) Significa “e outros”. Utilizado quando a obra foi produzida por mais de três autores. Menciona-se o nome do primeiro, seguido da expressão et alii ou et al. Ex.: França et al. Et seq. (et sequentia) Significa “e seguintes”. Usado para indicar a primeira página de uma sequência maior utilizada para citar. Ex.: (SOUZA, 2012, p. 23 et seq.) Ibidem ou Ibid. Usado quando repete o autor e a obra, mas as páginas são diferentes. Ex.: Se na nota anterior, você citou (SOUZA, 2012, p.45), na próxima citação, você usa (Ibid, p. 50). Idem (id.) Significa mesmo autor, mesma obra, mesma página. In Significa “em”, “dentro de”. Ipsis litteris Significa “pelas mesmas palavras”, “textualmente”. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou sic. Ipsis verbis Significa “pelas mesmas palavras”, “textualmente”. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou sic. Loc.cit. Significa “loco citato”, no lugar citado. Opus citatum ou op. cit. Significa obra citada. Usado quando a obra já foi mencionada no texto, mas não é exatamente a anterior. Ex.: SOUZA (op.cit. p. 70). Tabela 1: Expressões latinas a serviço do discurso acadêmico Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 29UNIDADE 1 Expressão Significado e uso Passim Significa “aqui e ali” = Usado quando uma citação livre é retirada de diversas páginas determinadas. Ex.: SOUZA (2012, p. 85-89, passim). Ex.: RIBEIRO, 1997, passim. Sic Significa “assim”. Emprega-se em citações cuja expressão cause estranheza ao leitor. É um modo de confirmar o que estava escrito no texto original. Ex.: Todos os homens da face da terra sabe muito disso (sic). Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou ipsis verbis. Supra Significa “acima”, referindo-se a nota imediatamente anterior. Como você viu, nesta seção, focalizamo-nos nos tipos de conhecimento existentes, dando ênfase ao conhecimento científico e na relação entre este e a Metodologia Científica. No próximo capítulo, abordaremos a pesquisa bibliográfica e alguns aspectos relacionados à qualidade e à organização dos estudos no âmbito acadêmico. Leia: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2001. Cap. 3. Para saber mais: Assista à videoaula com este conteúdo. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 30 UNIDADE 1 As ações processuais da construção científica Um investimento inicial a ser feito pelos alunos no Ensino Superior é o de conhecer o funcionamento desse mundo de contratos e protocolos próprios, sendo, no caso acadêmico, bastante formais. Entender quais são e como são facilita a vida do estudante, podendo tornar suas ações mais efetivas, menos conflituosas, mais estratégicas, além de reduzir a ansiedade. Algumas informações convencionais próprias do mundo acadêmico giram em torno da linguagem como forma de ação e processo social. É por meio da linguagem que entendemos o mundo, que construímos e revelamos papéis e identidades sociais. Assim, a tradição universitária também é revelada por meio dos textos, trabalhos, pesquisas etc. produzidos pelos alunos. A elaboração da pesquisa acadêmica e a pesquisa eletrônica Os dois principais compromissos do Ensino Superior são com a pesquisa e com a formação profissional. Para cumprir essas tarefas, o estudante precisa aprender a estudar, selecionando fontes confiáveis, promovendo o diálogo com os teóricos, buscando aplicar e questionar suas teorias, o que é algo desafiador. Minayo, vendo por um prisma mais filosófico, considera a pesquisa como: ...atividade básica da ciência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação. (MINAYO, 2010, p.23) A pesquisa é uma atividade cotidiana, uma atitude, um questionamento sistemático crítico e criativo, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático. Para Gil (1999), a pesquisa tem um caráter pragmático, sendo um processo formal e sistemáticode desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas, tanto os apontados pelos professores quanto os levantados pelos próprios alunos. A princípio, é necessário abandonar MóDUlO 03 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 31UNIDADE 1 certas práticas de pesquisas escolares baseadas em plágio, ou seja, a cópia (de longos trechos ou de textos completos) sem referência à autoria, bem como na busca de fontes sem critérios de seleção. Para sanar o primeiro problema, o plágio, é fundamental que o estudante tenha um objetivo ao pesquisar, exercite a redação própria e pratique o recurso das citações para inserir fragmentos textuais de terceiros. Isso trará a voz do pesquisador para o texto, num diálogo honesto com os autores pesquisados. Para sanar o segundo problema, relativo aos critérios de seleção das fontes de pesquisa, o graduando deve: a. escolher textos cujos autores tenham vínculo com alguma instituição de pesquisa ou de Ensino Superior, presumindo-se que eles tenham passado por avaliação e validação; b. ler os resumos relativos aos textos escolhidos, para selecionar os que, de fato, interessam; c. evitar consultas em enciclopédias eletrônicas livres, já que qualquer usuário pode inserir informações, sem critérios avaliativos; d. evitar fontes não comprometidas com o conhecimento científico. Informações de revistas de cunho jornalístico, por exemplo, podem servir de argumento ou dado, mas não têm força como ciência; e. privilegiar os periódicos impressos ou eletrônicos e procurar saber sobre sua credibilidade. (BRASILEIRO, 2013) Ciente desses fatores, o estudante estará preparado para elaborar uma pesquisa mais criteriosa e nela imprimir credibilidade e consistência. A pesquisa eletrônica Normalmente, o primeiro impulso de pesquisa de um estudante, ao receber uma proposta de trabalho acadêmico, é a busca nas fontes eletrônicas. Para que a pesquisa tenha a qualidade esperada, é preciso prezar pelos critérios de seleção: a. autoridade – diz respeito à repu- tação dos autores pesquisados e das instituições às quais se vinculam; b. atualidade – o pesquisador deve avaliar a obsolescência ou não da informação; c. cobertura/conteúdo – verificar se o tema foi tratado com a profundidade necessária ao Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 32 UNIDADE 1 documento consultado; d. objetividade – verificar se todos os lados do assunto são apresentados de maneira justa, sem favoritismos, preconceitos ou julgamentos tendenciosos; e. precisão – analisar se a informação disponível é verdadeira, oficial, autorizada, reconhecida e validada institucionalmente; f. acesso – verificar se a página da internet é estável ou está frequentemente ocupada para acesso ou fora do ar, se é paga ou gratuita; g. aparência – avaliar se o texto foi revisado e se é bem estruturado. Além desses critérios, é possível apontar alguns sites de busca acadêmica confiáveis. São eles: os sites de instituições de pesquisa e de Ensino Superior e os de divulgação científica, como: Google Acadêmico, Scielo, Anped, Medline, Embase, Lilacs, Cochrane Controlled Trials Database, SciSearch e outros. Aqui ficam algumas formas/dicas para realizar suas pesquisas eletrônicas: a. inicie a busca com uma palavra- chave. Ex.: “Ensino”; b. insira mais palavras-chave, caso obtenha muitos resultados. Ex.: Metodologia AND Ensino AND Matemática; c. coloque uma frase entre aspas para procurar a frase completa em um texto. Ex.: “metodologia do ensino da Matemática”; d. utilize opções de pesquisa para filtrar resultados por país ou língua. Por exemplo, Brasil ou Portugal, ou então escolher artigos em português, independentemente da sua origem física; e. use o operador “+” para adicionar uma palavra na busca e o “-” para excluir palavras; f. pelo domínio dos sites devolvidos, consegue-se saber de que país é que o artigo é originário. Se for um site que acabe em “.pt”, significa que é um domínio de Portugal, se for do tipo ‘.com.br’ é um domínio brasileiro. No entanto, exclua domínios genéricos que não identificam o país de origem. Ex.: os ‘.com’ ou ‘.info’; g. use operadores ‘booleanos’ como o ‘e’ e ‘ou’ para forçar pesquisas de certas palavras. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 33UNIDADE 1 Fonte: <http://www2.assis.unesp.br/egalhard/PesqInt1.htm> EXPRESSÃO USO AND Para pesquisas avançadas, digite-o na caixa booleana de forma livre. Aula AND Português encontra documentos tanto com a palavra aula quanto com a palavra Português. OR Encontra documentos contendo pelo menos uma das palavras ou frases especificadas. Aula OR Português encontra os documentos contendo ou aula ou português. Os documentos encontrados podem conter ambos os termos, mas não necessariamente. AND NOT Exclui documentos contendo a palavra ou frase especificada. Aula AND NOT Português encontra documentos com aula, mas não contendo português. NOT precisa ser usado com um outro operador, como E. O AltaVista não aceita ‘aula NOT Português’; no lugar, especifique aula AND NOT Português. NEAR Localize documentos contendo tanto as palavras quanto as frases especificadas com 10 palavras entre uma e outra. Aula NEAR Português encontraria documentos com aula português, mas provavelmente nenhum outro tipo de português. * O asterisco é um curinga; quaisquer letras podem tomar o lugar do asterisco Bass* Bass encontraria os documentos com bass, basset e bassinet. Você precisa digitar pelo menos três letras antes. ( ) Use parênteses para agrupar frases booleanas complexas. Por exemplo, (aula AND português) AND (leitura OR produção) localiza documentos com as quatro palavras cruzadas. image:filename Localiza páginas com imagens tendo um nome de arquivo específico. Use image:praias para localizar páginas com imagens chamadas praias. link:URLtext Localiza páginas com um link para uma página com um texto do URL especificado. Use link:www.myway.com para localizar todas as páginas que fazem link com myway.com. text:text Localiza páginas que contêm o texto especificado em qualquer parte da página, com exceção de uma tag de imagem, link ou URL. A pesquisa text:graduação localizaria todas as páginas com o termo graduação nelas. title:text Localiza páginas que contêm a palavra ou frase especificadas no título da página (que aparece na barra do título da maioria dos navegadores). A pesquisa title:crepúsculo localizaria páginas com crepúsculo no título. url:text Localiza páginas com uma palavra ou frase específicas no URL. Use url:jardim para localizar todas as páginas em todos os servidores que têm a palavra jardim em algum lugar no nome do host, na via ou no nome do arquivo. Tabela 2: Expressões booleanas para busca na internet Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 34 UNIDADE 1 Feita a pesquisa bibliográfica, é hora de organizar o material. Você pode fazer essa tarefa utilizando, por exemplo, o fichamento, que é um modo bastante eficaz para organizar as informações lidas. Vamos a ele, então. Leia: BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Manual de produção de textos acadêmicos e científicos. São Paulo, Atlas, 2013. Cap. 4.6; 4.20. Para saber mais: Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 35UNIDADE 1 Fichamento: o que é e como se faz? No processo de construção de um trabalho acadêmico, seja ele simples ou complexo,o pesquisador realiza inúmeras leituras que, se não forem organizadas sistematicamente, podem se perder e acabar por não cumprirem o objetivo a elas referente, que é o de contribuir para a resposta colocada para a pesquisa. Em virtude disso, é necessário buscar estratégias de organização do material, que podem ser, por exemplo, por meio de fichamentos e resumos. É uma das formas de documentação do pesquisador. Os registros fichados permitem consulta posterior do autor, sempre que ele precisar escrever sobre o tema. Pode ser considerado como fonte para o fichamento tudo aquilo que o autor julgar importante: seminários, grupos de discussão, conferências, artigos, livros e até anotações de aula. Para alcançar o seu objetivo de acesso rápido aos dados fichados, o autor deve ser criterioso ao seccionar as informações, para que elas não se percam. Antes, tais registros eram feitos em fichas pautadas de papel cartão, hoje, contudo, elas podem ser feitas em qualquer programa de dados de um computador. Quanto à função, elas podem ser classificadas como catalográficas ou de leitura. • Ficha catalográfica: utilizada em catalogações de bibliotecas e serve para identificar autor e localizar assunto e título. Normalmente, é feita por um bibliotecário. • Ficha de leitura: resulta da leitura de um livro ou texto, facilitando a execução de trabalhos acadêmicos e a assimilação de conteúdos estudados. O fichamento de leitura é o que nos interessa para efeito da documentação a que nos referimos. Tipos de fichamento de leitura Dependendo do objetivo, o pesquisador pode fichar as suas leituras de três modos diferentes: registrando citações, resu- mindo as informações ou analisando-as. MóDUlO 04 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 36 UNIDADE 1 • Fichamento de citação – é a transcrição textual, a reprodução fiel das frases que se pretende usar na redação do trabalho. Registram-se as passagens que poderão ser utilizadas, posteriormente, como citações diretas. É importante registrar o número das páginas de cada fragmento selecionado, para facilitar o trabalho da redação. • Fichamento de conteúdo ou de resumo – é a síntese das ideias do texto lido. É o registro de um resumo informativo de uma obra ou parte dela, em que o aluno escreve com suas palavras aquilo que leu. Esse tipo de fichamento alimentará as citações indiretas na redação final do trabalho. • Ficha analítica ou de comentário – é a descrição com comentários dos tópicos abordados em uma obra ou parte dela, cuja elaboração demanda do autor maior domínio do assunto. Pelo fato de o autor descrever e analisar as informações encontradas na leitura, esse tipo de fichamento facilita e enriquece a redação final de um trabalho acadêmico, pois já traz a voz do pesquisador em diálogo com os autores citados. Estrutura de um fichamento Parte pré-textual: a. no alto da página, registre o cabeçalho, composto de “tema geral”, “tema específico”. Esses temas podem estar vinculados, por exemplo, ao sumário do seu trabalho. Se isso ocorrer, a respectiva numeração do tópico do sumário deve ser informada; b. abaixo, registre o tipo de fichamento que está fazendo (de citação, de resumo ou analítico); c. em seguida, informe a referência bibliográfica da obra fichada. Parte textual: a. o corpo do fichamento dependerá do objetivo do trabalho que será feito pelo pesquisador. Caso o pesquisador opte pelo fichamento de citação, ele deve transcrever o trecho, colocar entre aspas e registrar o número da página no final da citação. No fichamento de resumo, o autor sintetiza a(s) passagem(ns) que lhe interessa(m) e registra tal síntese. Por fim, no fichamento analítico, ele faz comentários sobre o que leu, posicionando-se em relação ao dito e tentando dialogar com o autor, concordando, discordando, acrescentando etc. Parte pós-textual: caso o fichamento seja Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 37UNIDADE 1 feito por solicitação de um professor, como atividade avaliativa, registre o seu nome e suas credenciais no rodapé da ficha. Exemplos de fichamentos interacionismo A interação em sala de aula 2.4 Fichamento de citação CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. “Ao examinar a linguagem nessas duas perspectivas, o pesquisador examina como as demandas e expectativas, papéis e relacionamentos, direitos e obrigações em relação à participação nas atividades da sala de aula são reconstruídos e renegociados à medida que professor e alunos interagem ao longo do tempo.” (p. 48) “À medida que participantes de uma turma interagem, ao longo do tempo, eles passam a agir como uma cultura, no sentido de que criam princípios para a ação, estruturas culturais e conhecimento comum que orientam a participação no grupo.” (p. 52) Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano. Exemplo 1 – Fichamento de citação Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 38 UNIDADE 1 interacionismo A interação em sala de aula Aprendizagem contextualizada 2.4.2 Fichamento de conteúdo (ou resumo) CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. O livro Aprendizagem Contextualizada, de Castanheiro (2010), é fruto de uma pesquisa desenvolvida em uma turma de 5ª série bilíngue de uma escola pública da cidade de Santa Bárbara, na Califórnia (EUA). Nos seis capítulos do livro, a autora compartilha com seu leitor uma visão da sala de aula como cultura, em uma investigação cujo objetivo é verificar como um professor age para possibilitar o acesso a práticas científicas e de letramento que costumam ser privilégio de alunos oriundos de grupos social e economicamente favorecidos. A autora esclarece e divulga exemplos favorecedores da aprendizagem e da inclusão de alunos com perfis diferentes. Para dissecar tal exemplo, ela lançou mão de teorias complementares (Antropologia Cognitiva, Sociolinguística Interacional e Análise Crítica do Discurso) e examinou as consequências epistemológicas da adoção de diferentes ângulos analíticos, definidos a partir de uma abordagem teórico-metodológica particular. Especificamente, ela descreveu como a vida em sala de aula é discursivamente construída pelos membros por meio de suas interações. No primeiro capítulo, [...] Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano. Exemplo 2 – Fichamento de conteúdo (ou de resumo) Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 39UNIDADE 1 interacionismo Unidade de Sequência interacional 2.5 Fichamento analítico CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Aprendizagem contextualizada: discurso e inclusão na sala de aula. 2. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2010. 191 p. Não sendo linguista, nem socióloga, a educadora transitou por teorias dessas áreas com leveza e simplicidade, revelando a sala de aula como um (con)texto discursivamente construído pelos participantes da interação e tomando as pessoas como ambientes umas para as outras. Desse modo, entendeu o contexto como algo que sempre muda, e a linguagem como elemento constitutivo da interação, cujos participantes são sócio historicamente construídos. Tecnicamente, utilizou a unidade de sequência interacional (GREEN, 1983), para analisar os tópicos conversacionais e mapear os eventos interacionais observados. Acontribuição da pesquisa de Castanheira é inegável, especialmente, por mostrar a aprendizagem a partir de uma perspectiva contextual, construída por meio da linguagem e de práticas discursivas Elaborado por: Nome do aluno. Disciplina: Nome da disciplina/curso/instituição. Ano. Exemplo 3 – Fichamento analítico (ou de comentário) Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 40 UNIDADE 1 No caso de o aluno fazer o fichamento no computador, para ser entregue como atividade avaliativa, ele deve usar papel branco A4, espaçamento 1,5, fonte: Arial ou Verdana 12, paginação: superior à direita – a partir da página 2, margens superior e esquerda: 3cm e inferior e direita: 2cm. Impressão em face única. Deve, também, usar um cabeçalho com as seguintes informações: Instituição: Curso: Disciplina: Professor: Aluno: Tema Geral: Tema específico: Tipo de Fichamento: Referência: Esse é um dos gêneros textuais acadêmicos mais antigos, cujos modos de elaboração têm sido alterados em função dos recursos tecnológicos, mas cuja utilização tem sido cada vez mais demandada pelos pesquisadores. Seja em ficha, em cadernos ou em programas de computador, o fichamento é uma forma de registro de inegável utilidade. Resumo: o que é e como se faz? “É a apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto” (NBR 6028, 2003, p. 1). Com essa atividade, o aluno desenvolve as habilidades de leitura e produção objetivas, seleção de informações, síntese e respeito à propriedade intelectual, uma vez que a ideia original deve ser preservada e referenciada. As orientações da norma da ABNT estão restritas ao resumo de textos científicos, não abordando, por exemplo, a síntese de romances, obras técnicas ou capítulos de livro. Entretanto, todas essas modalidades de resumo são muito solicitadas no meio escolar, sendo também efetivos modos de se construir uma documentação pessoal para fins de estudos. Para alcançar o objetivo de sintetizar, o leitor deve fazer uma leitura analítica, destacando as ideias principais e voltando ao texto quantas vezes forem necessárias. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 41UNIDADE 1 Tipos de resumo São três os tipos de resumo: descritivo, informativo e crítico. Além disso, há o resumo homotópico, utilizado na parte pré-textual dos textos científicos. • resumo descritivo ou indicativo: é a descrição da estrutura de uma obra por meio de tópicos. Apresenta-se em forma de um sumário com títulos, subtítulos; tópicos e subtópicos de um artigo, capítulo, livro etc. Tem o objetivo de proporcionar uma visão geral da organização do texto a ser resumido. Pode, também, informar brevemente o conteúdo de cada tópico, sem dispensar o leitor do resumo de consultar o texto fonte. • resumo informativo ou analítico: é a informação do conteúdo da obra, por meio de parágrafos dissertativo- expositivos ou narrativos, escritos em terceira pessoa do singular e verbos na voz ativa. Se o texto for técnico ou científico, apresente o tema, os objetivos, a justificativa, os métodos, os resultados e as conclusões a que se chegou com a pesquisa. Caso seja um texto narrativo, situe o leitor com relação aos elementos do texto, identificando: o fato, os personagens principais, o lugar e o tempo. Para sintetizar o enredo, mencione os seguintes pontos estruturais: a apresentação, o fato complicador, a complicação, o ápice da narrativa, o desfecho e a coda2 . No caso de textos dissertativo-argumentativos, reconstrua a ideia central ou tese defendida pelo autor do texto, apresente os principais argumentos utilizados e as ideias conclusivas. • resumo crítico: é o tipo de resumo que, além de expor o conteúdo da obra, inclui uma avaliação dela, utilizando-se, também, da dissertação argumentativa. O autor do resumo avalia, portanto, a estrutura, a metodologia utilizada, a relevância do assunto, a linguagem utilizada, o alcance ou não dos objetivos. Estrutura do resumo Parte pré-textual: a. o cabeçalho: no alto da página, registra-se a referência completa da obra resumida, seguindo as normas da ABNT; b. o título: centralizado, em caixa alta, fonte 14 e em negrito, escreve-se a palavra RESUMO seguida do tipo de resumo que será feito. Ex.: Resumo Informativo; 2 Coda é a mensagem que pode ser extraída da narrativa. Nas fábulas, ela é conhecida como moral da história. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 42 UNIDADE 1 c. o nome do autor do resumo: é escrito em itálico com fonte 10 na margem direita da folha e com remissiva ao rodapé, a fim de esclarecer as credenciais do autor do resumo (formação e vínculo institucional). Parte textual: a. se o resumo for descritivo, organiza-se o texto em tópicos, descrevendo, caso solicitado, os itens e partes que compõem a obra, podendo corresponder a uma espécie de sumário; b. se o resumo for informativo, faz-se uma abertura, apresentando ao leitor o texto que será lido, especialmente, o título, a autoria e os objetivos. A partir daí, registram-se as ideias essenciais da obra. É essencial a fidelidade às ideias do autor, cabendo, inclusive, citações livres ou textuais; c. no resumo crítico também é feita uma introdução, a fim de contextualizar o leitor sobre a obra que será resumida (título, autoria, objetivos...). Na sequência, avaliam-se os aspectos acima mencionados, destacando-se a importância da obra, o estilo do autor, a estrutura, a linguagem e a organização do texto. Parte pós-textual: Normalmente, não existe. Mas, no caso do resumo crítico, se o autor do resumo fizer alguma consulta para realizar a análise, ela deve ser registrada como citação no corpo do texto e na lista de referências. Dicas para elaboração de um resumo a. Leia todo o texto-fonte, a fim de identificar a sua estrutura geral, ou seja, a forma como ele foi orga- nizado e suas partes ordenadas. Observe bem, pois há textos mal estruturados que dificultam a organização de um resumo; b. sublinhe as palavras-chave, para construir a ideia central e o objetivo do autor com aquela produção; c. identifique as partes principais que compõem o desenvolvimento do texto; d. procure registrar as ideias que sustentam o texto, com a maior fidelidade e objetividade possível; e. procure lembrar o leitor da propriedade intelectual das ideias ali constantes. Ex.: Tal fenômeno, segundo o autor, é recorrente na Língua Portuguesa; Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 43UNIDADE 1 f. registre uma ideia por parágrafo, colocando, no início dele, a informação mais importante; g. percorra os índices dos capítulos, seções ou obras a serem resumidas. Os títulos e subtítulos fornecem a organização tópica do texto e, portanto, indiciam as suas proposições elementares. Assista à videoaula com este conteúdo. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 45UNIDADE 1 Esta unidade está dividida em quatro capítulos. No primeiro, tratamos dos tipos de conhecimento mais comuns em nosso cotidiano. São eles: o empírico (ou de senso comum), o filosófico, o religioso e o conhecimento científico. No segundo capítulo, conceituamos método científico, explicando o que é metodologia científica e a necessidade dessa concepção ao se pretender produzir ciência. Discutimos, ainda, o que é e o que não é conhecimentocientífico, bem como as características de um texto científico: objetividade, clareza, precisão, coesão, coerência e imparcialidade. Trouxemos, também, alguns termos técnicos recorrentes no texto científico. No Capítulo 3 desta Unidade 1, abordamos as ações processuais da construção científica, tais como a qualidade da pesquisa bibliográfica, a realização de uma pesquisa eletrônica. Além disso, apresentamos, no capítulo 4, os dois principais modos de organização de documentos de pesquisa: os fichamentos de leitura e o resumo. Vamos ao estudo, então! RESUMO DA UNiDADE 47 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 47UNIDADE 2 UNiDADE 2 As Fases de Construção do Conhecimento Científico 49 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 49UNIDADE 2 A leitura de textos técnicos Nos ambientes acadêmico e profissional, são muitos os textos que chegam até nós, para que deles possamos extrair informações essenciais, úteis para nossa produtividade intelectual e procedimentos operacionais. Tais textos, que possuem teor extremamente denotativo, diferem daqueles de outras ordens do discurso, como os literários, os pessoais, os religiosos ou os publicitários. Refiro-me, aqui, aos textos do mundo acadêmico como artigos, monografias, ensaios, teses; bem como aos textos do mundo profissional como instruções normativas, ofícios, contratos e outros, os quais demandam do sujeito uma leitura considerada técnica. Essa leitura tem como principal objetivo destacar os pontos considerados mais importantes para serem, posteriormente, utilizados pelo leitor. Trata-se, portanto, de uma leitura produtiva. Para facilitar a busca de material sobre um tema, utilize o recurso de localizar palavras, dentro de um artigo selecionado. Use “ctrl + l” ou “ctrl + f” e, depois, registre o termo desejado. Curiosidade: São considerados textos técnicos aqueles que circulam nos meios profissionais, acadêmicos, científicos e jurídicos. Trata-se de uma leitura mais lenta, que exige maior concentração, principalmente, no que se refere aos termos técnicos. Por se tratar de leituras com objetivos definidos, para lê-los, é necessário ter alguns parâmetros. Um deles é perseguir as respostas para algumas perguntinhas básicas. No texto acadêmico, que é o nosso foco nesta disciplina, as perguntas são: MóDUlO 01 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 5050 UNIDADE 2 O quê? (Que texto é esse? De quem é? Qual é o assunto?) Por quê? (Quais motivos justificam a sua leitura e a própria existência do texto?) Para quê? (Quais são os objetivos a serem alcançados pelo autor do texto e por você?) Como? (Que métodos foram utilizados pelo autor para alcançar o objetivo? De que forma ele organizou o texto? (Que referenciais teóricos foram usados?) Quais são os resultados? (A que resultado o autor do texto chegou? E você concluiu o quê?) Passos para a realização de uma leitura técnica Antes de começar a leitura, propriamente dita, faça uma pré-leitura, que é uma exploração geral da estrutura do texto a ser lido: observe o seu tamanho, sua estrutura tópica, os recursos gráficos utilizados, os referenciais teóricos e se há alguma informação sobre o autor. Isso lhe fornecerá pistas sobre o posicionamento de quem está falando no texto. Em seguida: viii. leia o título e concentre-se na construção do seu sentido; ix. leia o resumo, identificando, prin- cipalmente, o objetivo proposto pelo autor; x. rastreie, na introdução, os demais objetivos (para quê), a justificativa do autor (por quê?), a menção ao método utilizado (como?); xi. atente-se aos destaques dados pelo autor (negritos, sublinhados, itálicos), pois eles têm razão de ser; xii. procure os principais conceitos utilizados pelo autor e destaque-os; xiii. explore os dados apresentados pelo autor e destaque aqueles que forem do seu interesse; xiv. busque, na conclusão, se o autor cumpriu com o objetivo proposto e se ele conseguiu confirmar a proposta do título do texto; xv. avalie se as referências estão fiéis às fontes citadas no texto; xvi. verifique se as palavras-chave utilizadas pelo autor foram correspondentes ao teor do texto. Regras para sublinhar No decorrer de toda a leitura, vá 51 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 51UNIDADE 2 sublinhando aquilo que for do seu interesse, aquilo que estiver condizente com o seu objetivo de leitor. A habilidade de sublinhar, embora seja cansativa no início, servirá de ferramenta para o estudante durante toda a sua vida acadêmica e profissional. Por isso, vale a pena investir um pouco de esforço nessa tarefa, seguindo as recomendações: i. sublinhe apenas as ideias principais e os detalhes importantes; ii. não sublinhe por ocasião da primeira leitura, caso seja leitor técnico iniciante; iii. reconstitua o parágrafo a partir das palavras sublinhadas; iv. sublinhe com dois traços as palavras-chave e com um único traço os pormenores importantes; v. assinale com um traço vertical, à margem do texto, as passagens mais significativas; vi. assinale com um ponto de interrogação ideias não compreendidas ou de discordância em relação ao texto; vii. marque o texto, preferencialmente, com o lápis, mas podem também ser utilizadas canetas marca-texto ou canetas coloridas. Regras para resumir Tendo o texto sublinhado, será muito mais fácil construir o resumo para posteriores utilizações das informações contidas nele. Para isso, você deve: i. ler o texto mais de uma vez, sublinhando-o e fazendo breves anotações à margem; ii. ser breve e compreensível; iii. percorrer, especialmente, as pala- vras sublinhadas e as anotações à margem do texto; iv. usar aspas e fazer referência completa à fonte, no caso de transcrição textual, sobretudo, quando as passagens enriquecem o seu objetivo; v. dar um caráter personalizado ao resumo, na forma de associar as ideias e até se inserir no texto com ponderações pessoais (se for permitido um resumo crítico!). DICA: Para uma leitura técnica produtiva, utilize as estratégias de sublinhar, definir a ideia central do texto, resumir e elaborar esquemas! Bom trabalho! Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 5252 UNIDADE 2 Complemento à seção: uma comparação entre o bom e o mau leitor No livro denominado “Aprendendo a aprender”, Bastos e Keller (2004) dedicam uma seção para identificar características de um bom leitor e de um mau leitor. Tais características, apresentadas em um quadro comparativo, são úteis para o leitor fazer uma autoavaliação do nível de leitura em que se encontra e buscar aperfeiçoar essa habilidade essencial para seu êxito acadêmico e profissional. Analise as observações dos autores e faça, agora, sua autoavaliação! O bom leitor O bom leitor lê rapidamente e entende bem o que lê. Tem os seguintes hábitos: Lê com objetivo determinado. Ex.: aprender certo assunto, repassar detalhes, responder a questões. Lê unidades de pensamento. Abarca, num relance, o sentido de um grupo de palavras. Relata rapidamente as ideias encontradas numa frase ou num parágrafo. Tem vários padrões de velocidade. Ajusta a velocidade da leitura com o assunto que lê. Se lê uma novela, é rápido; se livro científico para guardar detalhes, lê mais devagar. Avalia o que lê. Pergunta-sefrequentemente: que sentido tem isso para mim? Está o autor qualificado para escrever sobre tal assunto? Está ele apresentando apenas um ponto de vista do problema? Qual é a ideia principal deste trecho? Quais seus fundamentos? Possui bom vocabulário. Sabe o que muitas palavras significam. É capaz de perceber o sentido das palavras novas pelo contexto. Sabe usar dicionários e o faz frequentemente para esclarecer certos termos, no momento oportuno. 53 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 53UNIDADE 2 Tem habilidades para conhecer o valor do livro. Sabe que a primeira coisa a fazer quando se toma um livro é indagar de que trata, através do título, dos subtítulos encontrados na página de rosto e não apenas na capa. Em seguida lê os títulos do autor. Edição do livro. Índice. “Orelha do livro”. Prefácio. Bibliografia citada. Só depois é que se vê em condições de decidir pela conveniência ou não da leitura. Sabe selecionar o que lê. Sabe quando consultar e quando ler. Sabe quando deve ler um livro até o fim, quando interromper a leitura definitivamente ou periodicamente. Sabe quando e como retomar a leitura, sem perda de tempo e da continuidade. Discute frequentemente o que lê com os colegas. Sabe distinguir entre impressões subjetivas e valor objetivo durante as discussões. Adquire livros com frequência e cuida de ter sua biblioteca particular. Quando é estudante, procura os livros de texto indispensáveis e se esforça em possuir os chamados clássicos e fundamentais. Tem interesse em fazer assinaturas de periódicos científicos. Formado, continua alimentando sua biblioteca e não se restringe à aquisição dos chamados “compêndios”. Tem o hábito de ir direto às fontes; de ir além dos livros de texto. O mal leitor O mau leitor lê vagarosamente e entende mal o que lê. Tem os seguintes hábitos: Lê sem finalidade. Raramente sabe por que lê. Lê palavra por palavra. Pega o sentido da palavra isoladamente. Esforça-se para juntar os termos para poder entender a frase. Frequentemente tem de reler as palavras. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 5454 UNIDADE 2 Só tem um ritmo de leitura. Seja qual for o assunto, lê sempre vagarosamentente. Acredita em tudo o que lê. Para ele tudo o que é impresso é verda- deiro. Raramente confronta o que lê com suas próprias experiências ou com outras fontes. Nunca julga criticamente o escritor ou seu ponto de vista. Possui vocabulário limitado. Sabe o sentido de poucas palavras. Nunca relê uma frase para pegar o sentido de uma palavra difícil ou nova. Raramente consulta o dicionário. Quando o faz, atrapalha-se em achar a palavra. Tem dificuldades em entender a definição. Não possui nenhum critério técnico para conhecer o valor do livro. Nunca ou raramente lê a página de rosto do livro, o índice, o prefácio, a bibliografia etc. antes de iniciar a leitura. Começa a ler a partir do primeiro capítulo. É comum até ignorar o autor, mesmo depois de terminada a leitura. Jamais seria capaz de decidir entre leitura e simples consulta. Não consegue selecionar o que vai ler. Deixa-se sugestionar pelo aspecto material do livro. Não sabe decidir se é conveniente ou não interromper uma leitura. Ou lê todo o livro ou o interrompe sem critério objetivo, apenas por questões subjetivas. Raramente discute com colegas o que lê. Quando o faz, deixa-se levar por impressões subjetivas e emocionais para defender um ponto de vista. Seus argumentos, geralmente, derivam da autoridade do autor, da moda, dos lugares-comuns, das tiradas eloquentes, dos preconceitos. Não possui biblioteca particular. Às vezes, é capaz de adquirir “metros de livro” para decorar a casa. É frequentemente levado a adquirir livros secundários em vez dos fundamentais. Quando estudante, só lê e adquire compêndios de aula. Formado, não sabe o que representa o hábito das “boas aquisições” de livro. Terminologias definidas pela ABNT Para preservar a unidade de sentidos, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece as definições de termos recorrentes no mundo acadêmico. Como você, cedo ou tarde, precisará de 55 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 55UNIDADE 2 uma delas, eis a relação de algumas mais recorrentes, em ordem alfabética: a) abreviatura: representação de uma palavra por meio de alguma(s) de suas sílabas ou letras; b) anexo: texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração; c) apêndice: texto ou documento elaborado pelo autor, que serve de funda- mentação, comprovação e ilustração; d) autor(es): pessoa(s) físi- ca(s) responsável(eis) pela criação do conteúdo intelectual ou artístico de um documento; e) autor(es) entidade(s): insti- tuição, organização, empresas, comitê, comissão, entre outros, responsável por publicação em que não se distingue autoria pessoal; f) capa: proteção externa do trabalho e sobre a qual se imprimem as informações indispensáveis à sua identificação; g) capítulo, seção ou parte: divisão de um documento. Pode ser numerado ou não; h) citação: menção de uma informação extraída de outra fonte; i) citação de citação: citação direta ou indireta de um texto a cujo original não se teve acesso; j) citação direta: transcrição textual de parte da obra do autor consultado; k) citação indireta: texto baseado na obra do autor consultado; l) documento: qualquer suporte que contenha informação registrada que possa servir de consulta para estudo ou prova. Podem ser impressos, manus- critos, audiovisuais, sonoros, imagens e outros; m) edição: todos os exemplares reproduzidos a partir de um original ou matriz; n) editora: casa publicadora responsável pela produção editorial; o) elementos pós-textuais: elementos que complementam o trabalho; p) elementos pré-textuais: elementos que antecedem o texto com informações que ajudam na identificação e utilização do trabalho; q) elementos textuais: parte do Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 5656 UNIDADE 2 trabalho em que é exposta a matéria; r) escopo: refere-se à delimitação do tema; s) índice: lista de palavras ou frases, ordenadas segundo determinado critério, que localiza e remete para as informações contidas no texto; t) informante: pessoa ou insti- tuição utilizada como fonte dos dados colhidos; u) lista: enumeração de elementos selecionados do texto, tais como datas, ilustrações ou exemplos, na ordem de sua ocorrência; v) monografia: documento constituído de uma só parte ou de um número preestabelecido de partes que se complementam; w) notas de referência: notas que indicam fontes consultadas ou remetem a outras partes da obra em que o assunto foi abordado; x) notas de rodapé: indicações, observações ou aditamentos ao texto feitos pelo autor, tradutor ou editor, podendo também aparecer na margem esquerda ou direita da mancha gráfica; y) notas explicativas: notas usadas para comentários, esclarecimentos ou explanações, que possam ser incluídos no texto; z) palavra-chave: palavra repre- sentativa do conteúdo do documento, escolhida, preferencialmente, em voca- bulário controlado; aa) publicação periódica: publi- cação em qualquer tipo de suporte editada em unidades físicas sucessivas, com designaçõesnuméricas e/ou crono- lógicas e destinada a ser continuada indefinidamente. bb) referência: conjunto padroni- zado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual; cc) resumo: apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento; dd) resumo crítico: resumo redigido por especialistas com análise crítica de um documento. Também chamado de resenha. Quando analisa apenas uma determinada edição entre várias, denomina-se recensão; ee) resumo indicativo: indica apenas os pontos principais do docu- mento, não apresentando dados quali- tativos ou quantitativos. De modo geral, não dispensa a consulta ao original; ff) resumo informativo: informa 57 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 57UNIDADE 2 ao leitor finalidades, metodologia, resultados e conclusões do documento, de tal forma que esse possa, inclusive, dispensar a consulta ao original; gg) título: palavra, expressão ou frase que designa o assunto ou o conteúdo de um documento; hh) subtítulo: informações apre- sentadas em seguida ao título, visando esclarecê-lo ou comentá-lo de acordo com o conteúdo do documento; ii) sumário: enumeração das divisões, seções e outras partes de uma publicação, na mesma ordem e grafia em que a matéria nele se sucede; jj) suplemento: documento que se adiciona a outro para ampliá-lo ou aperfeiçoá-lo de acordo com o conteúdo do documento. Leia: BASTOS, C., KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. 18. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.Caps. II – “Facilitando o estudo” e III – “Formando o hábito de estudo”. Para saber mais: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 5858 UNIDADE 2 Primeira fase do trabalho: planejamento O Projeto de Pesquisa O planejamento é essencial para qualquer atividade. Quando essa atividade é a pesquisa acadêmico-científica, essa tarefa se torna imprescindível. O planejamento é concebido como “o processo sistematizado mediante o qual se pode conferir maior eficiência à investigação para em determinado prazo alcançar o conjunto de metas estabelecidas.” (GIL, 2010, p. 3). O projeto de pesquisa é o documento que esclarece as ações futuras do pesquisador e deve fornecer ao leitor as orientações básicas sobre o que será pesquisado, como, por quê, para quê, em que tempo, quanto custará, em quais conceitos se baseará. Visa, portanto, à descrição do caminho, bem como os passos que serão percorridos pelo pesquisador na fase construtiva do trabalho científico. Resguardadas as orientações gerais da ABNT, cada instituição tem sua padronização para se elaborar o projeto de MóDUlO 02 pesquisa, mas uma estrutura básica deve conter os seguintes itens: introdução ao tema, delimitação, justificativa, objetivos, hipótese, metodologia, base teórica, recursos, cronograma e referências. introdução ao tema Normalmente, trata-se de um texto dissertativo-expositivo sobre o assunto a ser desenvolvido. Seu objetivo é esclarecer o tema e contextualizar o leitor nos âmbitos científico e social. O texto deve ter uma estrutura afunilada, partindo do tema mais amplo para o mais específico, até advir à delimitação da pesquisa. Delimitação do tema É o foco do trabalho, também chamado de problema ou escopo da pesquisa. É o recorte do assunto, especificando exatamente qual é a proposta de estudo do pesquisador. Uma boa maneira para delimitar a pesquisa é situá-la em um ramo específico da ciência, no tempo e/ ou no espaço. Para delimitar o seu tema, pense em: • uma situação que precisa ser 59 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 59UNIDADE 2 mudada ou melhor compreendida; • uma não resolvida; • condições que precisam ser melhoradas; • dificuldades que precisam ser eliminadas; • uma abordagem teórica a ser enfocada. Uma boa delimitação deve ser claramente expressa, ser objetiva e observar a viabilidade no tempo, no espaço e no contexto. Alguns exemplos de delimitações ou perguntas científicas: a. De que modo os recursos tecnológicos podem ser usados como ferramenta didático- pedagógica no cotidiano acadêmico de instituições de Educação Infantil? b. As ferramentas oferecidas em marketing de serviços podem ser utilizadas na captação de alunos para a Instituição de Ensino Superior X? c. Um estudo sobre fatores considerados na formação do preço das mensalidades escolares. d. Uma abordagem sobre a teoria sistêmica aplicada à Administração no final no século XX. Fique atento! Lembre-se de que é a delimitação que direcionará suas decisões, portanto invista nela! Elabore uma frase interrogativa, quando o seu foco for um problema original (exemplos A e B); e uma frase afirmativa, quando se tratar de uma pesquisa de revisão bibliográfica (exemplos C e D). Justificativa É um texto dissertativo-argumentativo que responde à pergunta “Por quê?”. Nele, o pesquisador deve convencer a comunidade acadêmico-científica da relevância da sua proposta. Os argumentos a serem apresentados deverão estar relacionados a motivos pessoais, profissionais, científicos, sociais e/ou acadêmicos. Objetivos Este tópico responde à pergunta “Para quê?”, isto é, para que servirá a sua Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 6060 UNIDADE 2 pesquisa? Onde você pretende chegar? O que deseja mostrar, demonstrar? Utilize frases curtas iniciadas com verbos no infinitivo. O objetivo geral deve estar diretamente relacionado à pergunta, explicitando, por meio do verbo, o que se deseja alcançar. Exemplo: • Verificar se a característica empreendedora de um gestor reflete em projetos bem sucedidos do ponto de vista empresarial; • averiguar o tipo de formação, as habilidades e as competências inerentes a um administrador empreendedor. Hipótese Nos casos em que a delimitação da pesquisa aponta para um problema, o pesquisador deve construir uma hipótese, ou seja, uma suposta resposta para sua pergunta. É uma proposição baseada no conhecimento empírico e que será aceita ou rejeitada somente depois de ser devidamente testada. Na proposição, utilizamos expressões indicativas de conjectura. Exemplo: Para a pergunta: O gestor de projetos com tendência empreendedora consegue alcançar melhores resultados em seus empreendimentos? Poderíamos lançar como hipótese: Julga-se que o gestor de projetos com tendência empreendedora consegue alcançar resultados mais positivos, em virtude da sua coragem e criatividade. Metodologia É o momento de o pesquisador traçar o caminho que irá percorrer e tomar algumas decisões sobre procedimentos, técnicas a serem desenvolvidas na pesquisa. Neste texto, ele deve responder às seguintes perguntas: a. Que tipo de raciocínio lógico utilizará? b. Quais os fins e os meios da pesquisa? c. Que abordagem utilizará – quantitativa ou qualitativa? d. Quais serão seu universo, amostra e sujeitos? e. Serão necessários quais instrumentos de pesquisa (questionário; entrevista; estudo de caso...)? 61 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 61UNIDADE 2 f. Como será feita a coleta de dados? g. Como o pesquisador procederá para certificar-se do aspecto ético da pesquisa? Atenção: dedique-se ao esclarecimento dos fundamentos metodológicos, pois essas informações são essenciais paraa credibilidade científica da sua pesquisa. Sem elas, o seu trabalho é caracterizado apenas como técnico! Cronograma É o planejamento da pesquisa. Deve ser feito na forma de quadro. Lembre-se de que a pesquisa bibliográfica deve ocorrer durante todo o processo. Exemplo: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 6262 UNIDADE 2 X Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Elaboração do projeto Definição do professor orientador Envio do projeto ao orientador Levantamento bibliográfico, leituras e fichamentos Recebimento do projeto corrigido pelo orientador Envio da 1ª versão do artigo (referencial teórico e metodologia) Recebimento da 1ª versão corrigida pelo orientador Pesquisa de campo Análise dos dados Envio da segunda versão do artigo, incluindo a análise de dados, introdução e considerações finais Recebimento da 2ª versão corrigida pelo orientador Envio da 3ª versão do artigo Recebimento da 3ª versão corrigida pelo orientador Revisão geral Entrega do TCC para avaliação final Apresentação 63 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 63UNIDADE 2 Referências É a relação, em ordem alfabética, dos principais autores que já trataram do assunto e que fundamentam o estudo em questão. Serve para demonstrar que o aluno teve contato com os conceitos e teorias básicas sobre o tema e está preparado para discuti-lo. Devem ser apresentadas segundo as normas da ABNT. Leia: BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Manual de produção de textos acadêmicos e científicos. São Paulo: Atlas, 2013. p. 130-137. Para saber mais: Assista à videoaula com este conteúdo. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 6464 UNIDADE 2 Definindo o Raciocínio Lógico Basicamente, o raciocínio em um trabalho de pesquisa pode ser indutivo ou dedutivo. A indução ocorre quando o pesquisador parte de estudos específicos, individuais, parciais, a fim de chegar a uma generalização. A dedução é o raciocínio oposto: ele parte de uma generalização para verificar um caso, um aspecto ou um problema particular. Exemplo de indução: quando deter- minada empresa deseja sistematizar um processo que é realizado por várias pessoas e segmentos. O procedimento, então, é verificar os diferentes modos como esse processo é realizado dentro da organização e fora dela, testar situa- ções, até chegar a uma sistematização que atenda a todos. Exemplo de dedução: é o caso de um auditor quando vai vistoriar uma empresa. Ele já possui as regras, portanto, o seu procedimento é verificar se o caso específico daquela empresa segue as tais regras estabelecidas. Identificando os fins da pesquisa Podemos identificar uma pesquisa como: exploratória, descritiva, Segunda fase do trabalho: a pesquisa Tipos e Procedimentos Este é o momento do trabalho em que o pesquisador deve deixar claro aos leitores qual o caminho percorrido para o desenvolvimento da sua pesquisa. Para realizar a pesquisa, que, de fato, envolve tipos e procedimentos diferentes, é necessário caracterizá-la quanto aos fins, aos meios, à abordagem, baseando-se em alguns critérios fundamentais que irão conduzir todo o processo de investigação científica, bem como definir o universo, a amostra e os sujeitos da pesquisa. Tais fundamentos são descritos por Gil (2006), Marconi e Lakatos (2002), Vergara (2005) e Brasileiro (2013), os quais também alertam para os aspectos éticos que envolvem os procedimentos metodológicos. São essas informações que estão destacadas neste capítulo. MóDUlO 03 65 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 65UNIDADE 2 explicativa, metodológica, aplicada e intervencionista. Pesquisa exploratória – realizada onde há pouco conhecimento acumulado do assunto proposto, tanto pela comunidade científica quanto pelo próprio pesquisador. Pesquisa descritiva – é considerada uma pesquisa de exposição de um fenômeno ou uma determinada população. Não tem a pretensão de explicar, mas sim de descrever os acontecimentos. Pesquisa explicativa – tem como objetivo explicar a ocorrência de um fenômeno, esclarecer e justificar os fatores que interferem em seu resultado. Pesquisa metodológica – estuda os caminhos, formas de captação e manipulação da realidade para a construção de uma espécie de manual de procedimentos. Pesquisa aplicada – tem como finalidade prática a proposta de resolução de um problema concreto já existente. Pesquisa intervencionista – tem como objetivo interpor e interferir na realidade estudada com intuito de modificá-la. Caracteriza-se pelo compromisso em resolver um problema identificado. Estabelecendo os meios de investigação da pesquisa Podemos identificar uma pesquisa como: bibliográfica, pesquisa de campo, de laboratório, documental, experimental, pesquisa-ação, estudo de caso e outros. Pesquisa bibliográfica – estudo desenvolvido com base no levantamento de todo material publicado de um determinado assunto em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas. Seu objetivo é servir de instrumento para outras pesquisas, mas também pode esgotar-se em si mesma. Além de ser o primeiro passo de toda e qualquer pesquisa ela também pode representar a própria pesquisa. Pesquisa de campo – é uma investigação realizada in loco. Através de aplicação de questionários, entrevistas, testes, observações na tentativa de explicar um fenômeno ocorrido. Objetivo: coleta de dados. Pesquisa de laboratório – são simulações, testes, experimentos para se chegar a possíveis respostas para um problema em questão. Pesquisa documental – é um estudo realizado em documentos armazenados em órgãos públicos com informações, fotos, registros, anais, circulares, balancetes etc., de cunho histórico. Tem como objetivo um levantamento Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 6666 UNIDADE 2 histórico de um dado assunto, de uma pessoa importante etc. Pesquisa experimental – são simulações, testes, experimentos em que se manipulam e testam possíveis respostas para uma questão já referenciada em pesquisa de laboratório. Estudo de caso – É um estudo profundo e detalhado de um determinado caso que exemplifique o assunto abordado. Pode ser ou não realizado no campo; Levantamento (survey) – é um tipo de pesquisa de campo baseado em pesquisas quantitativas (BABBIE, 1999). Nela, o pesquisador interroga diretamente os sujeitos identificados na pesquisa e, a partir dos dados coletados estatisticamente, procede à análise quantitativa, para chegar a generalizações; Pesquisa ex-post facto – significa “a partir do fato passado”. É o tipo de pesquisa proposta quando o fenômeno em estudo já ocorreu sem a interferência do pesquisador, cabendo a ele verificar o processo ocorrido, sem, contudo, ter controle sobre as variáveis (GIL, 2006). Um exemplo dessa pesquisa seria a observação do processo de desertificação ocorrido em uma região, após um desastre ambiental; Pesquisa-ação – é uma pesquisa que demanda a intervenção do pesquisador em uma realidade social, buscando a resolução de um problema coletivo. Nela, os pesquisadores e os sujeitos da pesquisa estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Implica no contato direto com o campo de estudo, envolvendo o reconhecimento físico do local, a consulta a documentos diversos e a discussão com representantes das categorias sociais envolvidasna pesquisa. Assim, delimita-se universo da pesquisa e recomenda-se a seleção de uma amostra mais qualitativa do que quantitativa (GIL, 2006). Esse meio de pesquisa conjuga com a finalidade da pesquisa intervencionista; Pesquisa participante – pesquisa que ocorre quando há integração do investigador com a situação investigada, fazendo, de algum modo, parte do grupo. A intenção é adquirir conhecimentos geográficos, sociais, culturais, demográficos, econômicos, educacionais, linguísticos, interacionais etc. do universo estudado. A vantagem desse tipo de pesquisa é que ele permite a observação das ações em profundidade, no próprio momento em que ocorrem (DENCKER, 2000). E uma barreira é a dificuldade de o pesquisador trabalhar com neutralidade, devido a seu alto grau de envolvimento com o objeto e os sujeitos da pesquisa; 67 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 67UNIDADE 2 Pesquisa etnográfica – originada das pesquisas em ciências sociais, a pesquisa etnográfica baseia-se na inserção do pesquisador no ambiente pesquisado, permanecendo nele o tempo suficiente para conhecer os sujeitos com profundidade, seus costumes, problemas, cultura etc. Conhecendo-o, tem melhor condição de entender o dado observado. Minayo e Gomes (2010) destacam cinco características de uma pesquisa etnográfica: é histórica, possui consciência histórica por parte dos sujeitos; existe uma identidade entre sujeito e objeto; é intrínseca e extrinsecamente ideológica; é essencialmente qualitativa. Leia: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2001. Para saber mais: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 6868 UNIDADE 2 A abordagem adequada à pesquisa Definir a abordagem da pesquisa é dizer se o olhar do pesquisador sobre os dados será de ordem quantitativa, qualitativa ou qualiquantitativa. A Pesquisa Qualitativa É o tipo de pesquisa que trabalha com dois tipos de dados: verbais – coletados em entrevistas, narrativas ou documentos; visuais – colhidos através da observação. instrumentos de pesquisa utilizados na abordagem qualitativa Observação participante – é obtida por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado. Procura compreender o sentido que os atores atri- buem aos fatos. É quando, por exemplo, um enfermeiro passa a ser pesquisador da sua própria prática cotidiana. Entrevista não dirigida – é feita com perguntas abertas e parte do princípio de que o informante é capaz de se exprimir com clareza. O entrevistador deve se manter apenas escutando, anotando e interagindo com breves perguntas. Análise de conteúdo – tem como obje- tivo analisar o documento. Pode ser feita uma classificação do texto, uma análise semiótica ou uma análise informacional. Ex.: análise de um software educacional. Estudo de caso – parte de uma lógica dedutiva em que o caso é tomado como unidade significativa do todo. É usado como ferramenta de pesquisas descri- tivas, para a compreensão de determi- nada situação, para a interpretação de fatos etc. Esse instrumento consiste em verificar uma situação real sobre um indivíduo, grupo, empresa, comunidade, no intuito de se realizar uma análise ou propostas de alternativas de solução para o problema em foco. Grupo de foco (ou focus group) – trata-se de um conjunto restrito de pessoas que possuem conhecimentos e papéis inerentes ao tema a ser pesquisado e que se propõem a participar de uma discussão sobre tal assunto. O pesquisador conduz a reunião, tendo como guia um roteiro de questões. Normalmente, o encontro é gravado. MóDUlO 04 69 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 69UNIDADE 2 A Pesquisa Quantitativa Os dados são expressos através de medidas numéricas. Para Marconi e Lakatos (2002), as descobertas devem ser analisadas cuidadosamente, não cabendo juízo de valor, mas deixando que os números levem à solução de respostas reais. Os instrumentos de pesquisa utilizados na abordagem quantitativa Observação sistemática – nessa técnica, o observador, munido de uma listagem de comportamentos, registra a ocorrência dos mesmos durante um período de tempo. É aconselhável que o observador mantenha-se imperceptível. Para evitar interferências, é comum se utilizar câmeras na observação sistemática. Questionário estruturado ou entrevista dirigida – é um método diferente do questionário, em que o informante apenas escolhe uma entre várias possibilidades de respostas. Obs.: um trabalho acadêmico pode comportar mais de um tipo de pesquisa, basta o pesquisador identificar e destacar o tipo de pesquisa que irá direcionar seu trabalho científico. A Pesquisa Qualiquantitativa Ocorre quando o pesquisador utiliza tanto dados qualitativos quanto quantitativos. Para isso, ele pode usar de questionários, relatórios etc. instrumentos de pesquisa utilizados na abordagem qualiquantitativa Questionário semiestruturado – diferencia-se do questionário estrutu- rado por apresentar questões fechadas mescladas com abertas. O uso de questionário requer algumas condições: o pesquisador deve saber exatamente o que procura, o objetivo de cada questão; o informante deve compreender perfei- tamente as questões, portanto, cuidado com o repertório do informante; o ques- tionário deve seguir uma estrutura lógica, deve ser progressivo (do mais simples ao mais complexo), conter uma questão por vez e ter linguagem clara. Antes de aplicar um instrumento de pesquisa, especialmente, um questio- nário, é sempre aconselhável testá-lo para verificar se não é necessário fazer alterações nas questões. É o chamado pré-teste. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 7070 UNIDADE 2 PROCEDIMENTO TIPOs DE PEsquIsA Raciocínio lógico Indutivo e dedutivo Finalidades Exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada e intervencionista. Meios de investigação Bibliográfico, campo, laboratório, documental, experimental, ação, estudo de caso, participante, ex-post facto, levantamento e etnográfica. Abordagem Qualitativa, quantitativa e qualiquantitativa. Instrumentos de pesquisa Qualitativos: roteiro de observação participante, entrevista não-dirigida e semiestruturada, análise de conteúdo, estudo de caso, grupo de foco, análise do discurso e formulário. Quantitativos: observação sistemática, questionário estruturado, entrevista dirigida. Qualiquantitativo: entrevista semiestruturada. Amostras Probabilísticas: aleatória simples, estratificada e por conglomerados. Não-probabilística: acessibilidade e tipicidade. Tabela 3: Síntese de procedimentos metodológicos 71 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 71UNIDADE 2 identificando o universo, a amostra e os sujeitos da pesquisa Além dos já apresentados, outros procedimentos metodológicos devem ser esclarecidos pelo pesquisador. Dentre eles, destacamos o universo, a amostra e os sujeitos da pesquisa. O universo é a definição do conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, público etc.) que serão objeto de estudo. É a população sujeita à investigação. A amostra de estudo é a parte que representa o universo (todo o conjunto a ser evidenciado). Segundo Vergara (2005), há dois tipos de amostras: a probabilística e a não-probabilística. a) Amostra probabilística: baseada em procedimentos estatísticos. Destacam-se:Aleatória simples: atribui-se a cada elemento da população um número e depois faz-se a seleção aleatoriamente, casualmente. Estratificada: seleciona uma amostra de cada grupo da população, por exemplo, em termos de sexo, idade, profissão e outras variáveis. Por conglomerados: seleciona conglo- merados, entendidos esses como empresas, edifícios, famílias, quarteirões, universidades e outros elementos. b) Amostra não-probabilística: baseada em procedimentos subjetivos, qualita- tivos. É escolhida por: Acessibilidade: longe de qualquer procedimento estatístico, seleciona elementos pela facilidade de acesso a eles; Tipicidade: constituída pela seleção de elementos que o pesquisador considere representativos da população-alvo, o que requer profundo conhecimento dessa população. Os sujeitos são as pessoas que fornecerão os dados, as informações de que se necessita. Às vezes, confundem-se com “universo e amostra”, quando estes também são pessoas. Leia: GIL, A. C. Como elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2009. Para saber mais: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 7272 UNIDADE 2 Outro aspecto a se considerar seriamente é o tratamento ético destinado à pesquisa, aos sujeitos e aos dados. O pesquisador não pode fugir ao compromisso ético com o leitor e com a comunidade científica, disso depende a confiança na integridade da pesquisa. Quando se fala em ética, está se referindo às atitudes de bom senso do pesquisador, as quais devem: • trazer um mínimo de contribuição à comunidade; • resguardar os seres (humanos ou não) e a instituição; • prezar pelos direitos autorais; • apresentar informações fidedignas; • analisar os riscos e benefícios; • submeter-se ao comitê de ética e pesquisa; • providenciar documentação legal (termos de consentimento), quando necessário. Concluímos, aqui, a segunda fase do trabalho de pesquisa acadêmico- científica. A seguir, passaremos à terceira fase do processo, destinada a esclarecer os procedimentos de redação do texto: o artigo científico. Assista à videoaula com este conteúdo. 73 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 73UNIDADE 2 Na busca pela produção de uma pesquisa de qualidade, o estudante deve passar por quatro fases. São elas: planejamento (fase de elaboração do projeto), execução (fase da elaboração das pesquisas propriamente ditas), relato (fase da redação do processo e do resul- tado) e submissão (fase da avaliação do trabalho pela comunidade acadêmico- científica). Vamos nos dedicar a explicitar cada uma delas. RESUMO DA UNiDADE CONsTRuçãO DO TRABALHO CIENTíFICO PLANEJAMENTO RELATO ExECuçãO SUBMiSSÃO Figura 1: Fases do trabalho científico 75 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 75UNIDADE 3 UNiDADE 3 Confeccionando o Trabalho Científico 77 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 77UNIDADE 3 Terceira fase do trabalho: o relato A composição estrutural dos trabalhos acadêmicos A estrutura de trabalhos acadêmicos compreende: parte externa e parte interna. Tabela 4: Esquema de um trabalho acadêmico PARTE ELEMENTOs USO Externa Capa Obrigatório Lombada Opcional Interna Pré-Textuais Folha de rosto Obrigatório Errata Opcional Folha de aprovação Obrigatório Dedicatória Opcional Agradecimentos Opcional Epígrafe Opcional Resumo na língua vernácula Obrigatório Resumo em língua estrangeira Obrigatório Lista de ilustrações Obrigatório, se houver ilustrações Lista de tabelas Obrigatório, se houver tabelas Lista de abreviaturas e siglas Obrigatório, se houver abreviaturas e siglas Lista de símbolos Obrigatório, se houver símbolos Sumário Obrigatório Textuais Introdução Obrigatório Desenvolvimento Obrigatório Considerações finais Obrigatório Pós-Textuais Referências Obrigatório Glossário Opcional Apêndice Opcional Anexo Opcional Índice Opcional Fonte: ABNT/NBR 14724, 2011 MóDUlO 01 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 7878 UNIDADE 3 A parte externa É composta pela capa (elemento obrigatório) e pela lombada (elemento opcional) e registrados conforme abaixo. Capa As informações são apresentadas em fonte 12, na seguinte ordem: a. nome da instituição (opcional); b. nome do autor; c. título: deve ser claro e preciso, identificando o seu conteúdo e possibilitando a indexação e recuperação da informação; d. subtítulo: se houver, deve ser precedido de dois pontos, evidenciando a sua subordinação ao título; e. número do volume: se houver mais de um, deve constar em cada capa a especificação do respectivo volume; f. local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado; g. ano de depósito (da entrega). NOME DA INSTITUIÇÃO NOME DO AUTOR TÍTULO: SUBTÍTULO (SE HOUVER) Local Ano Figura 2: Modelo de capa NOTA - no caso de cidades homônimas, recomenda-se o acréscimo da sigla da unidade da federação. lombada Apresentada conforme a ABNT NBR 12225, de 2004. O nome do autor é impresso no mesmo sentido da lombada. Se houver mais de um autor, os nomes devem ser impressos um abaixo do outro nas lombadas horizontais e separados por sinais de pontuação, espaços ou sinais gráficos nas lombadas descendentes, abreviando-se ou omitindo-se o(s) prenome(s), quando necessário, no caso de autores pessoais. 79 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 79UNIDADE 3 O título deve ser impresso no mesmo sentido do(s) nome(s) do(s) autor(es), abreviado, quando necessário. Título de lombada impresso horizontalmente quando o documento está em posição vertical. Título de lombada impresso longitudinalmente e legível do alto para o pé da lombada, o que possibilita a leitura, quando o documento está com a face dianteira voltada para cima. Parte interna É composta pelas partes pré-textuais, textuais e pós-textuais, apresentadas conforme a ordem na figura 3. Elementos pré- textuais a. Folha de rosto (anverso ou frente) Os elementos devem ser apresentados na seguinte ordem: • nome do autor; • título; • subtítulo, se houver; • número do volume. Se houver mais de um, deve constar em cada folha de rosto a especificação do respectivo volume; • natureza: tipo do trabalho (tese, dissertação, trabalho de conclusão de curso e outros) e objetivo para aprovação em disciplina, grau pretendido e outros; nome da instituição a que é submetido; área de concentração; • nome do orientador e, se houver, do coorientador; NOME DO AUTOR TÍTULO: SUBTÍTULO (SE HOUVER) Todas as fontes: tamanho Natureza do trabalho: espaço Monografia apresentada como requisito de conclusão de Curso de XXXXX da faculdade XXXXXX, de nome da cidade (XX) para obtenção do título de XXX Orientador: Prof. Dr. XXXX Local Ano Figura 3: Modelo do anverso da folha de rosto Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 8080 UNIDADE 3 • local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado; • ano de depósito (da entrega). Folha de rosto (verso) Deve conter os dados de catalogação na publicação, conforme o Código de Catalogação Anglo-Americano vigente. Errata Deve ser inserida logo após a folha de rosto, constituída pela referência do trabalho e pelo texto da errata. Apresentada em papel avulso ou encartado, acrescida ao trabalho depois de impresso. Exemplo: ERRATABRASILEIRO, A. M. M. A emoção na sala de aula: impactos na interação professor/ aluno/objeto de ensino. Ada Magaly Matias Brasileiro. Belo Horizonte, 2012. 277f. Folha Linha Onde se lê Leia-se 53 22 Dispositivo Disposição Folha de aprovação Deve ser inserida após a folha de rosto, constituída pelo nome do autor do trabalho, título do trabalho e subtítulo (se houver), natureza (tipo do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é submetido, área de concentração), data Figura 4: Exemplo de Ficha catalográfica 81 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 81UNIDADE 3 de aprovação, nome, titulação e assinatura dos componentes da banca examinadora e instituições a que pertencem. A data de aprovação e as assinaturas dos membros componentes da banca examinadora devem ser colocadas após a aprovação do trabalho. Figura 5: Exemplo de folha de aprovação NOME DO ALUNO TÍTULO DO TRABALHO Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Xxxxxxx Xxxxxx do Programa de Pós-Graduação em Xxxxxxxx Xxxxxx da Nome da Instituição, na Li- nha de Pesquisa Xxxxxxxx Xxxxxx, que foi avaliada e aprovada pela banca examinadora constituída pe- los seguintes professores, em: ___/___/___. __________________________________ Prof. Dr. Fulano de Tal - Orientador __________________________________ Prof. Dr. Fulano de Tal – Instituição __________________________________ Prof.ª Dr.ª Fulana de Tal – Instituição __________________________________ Prof.ª Dr.ª Fulana de Tal – Instituição __________________________________ Prof.ª Dr.ª Fulana de Tal – Instituição Podem também constar epígrafes nas folhas ou páginas de abertura das seções primárias. Resumo na língua vernácula Elaborado conforme a ABNT NBR 6028. Deve informar o tema, os objetivos, as justificativas, o método, os resultados e a conclusão. A extensão deve ser de 100 a 250 palavras para artigos e monografias e de 150 a 500 palavras para dissertações e teses. Após o resumo, segue-se a lista de até cinco palavras-chave, separadas e finalizadas por ponto e iniciadas por letras maiúsculas. Resumo em língua estrangeira Segue as mesmas regras do resumo na língua vernácula. Normalmente, escolhe-se a língua que mais difunde o tema em estudo. lista de ilustrações Elaborada de acordo com a ordem apresentada no texto, com cada item designado por seu nome específico, travessão, título e respectivo número da folha ou página. Quando necessário, recomenda-se a elaboração de lista própria para cada tipo de ilustração (desenhos, esquemas, fluxogramas, fotografias, gráficos, mapas, organogramas, plantas, quadros, retratos e outras). Dedicatória Deve ser inserida após a folha de aprovação. Aceita-se layout do autor. Agradecimentos Devem ser inseridos após a dedicatória. Epígrafe Elaborada conforme as regras de citação. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 8282 UNIDADE 3 Exemplo: LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Inventário de emoções 46 lista de tabelas Elaborada de acordo com a ordem apresentada na obra, com cada item designado por seu nome específico, acompanhado do respectivo número da página ou folha. Exemplo: Tabela 1 – Intervenções didático- discursivas incentivadoras da Turma 613 128 Tabela 2 – Intervenções didático- discursivas disciplinadoras da Turma 613 131 lista de abreviaturas e siglas Consiste na relação alfabética das abreviaturas e siglas utilizadas no relatório, seguidas das palavras ou expressões correspondentes grafadas por extenso. Recomenda-se a elaboração de lista própria para cada tipo. Exemplo: Lista de Abreviaturas Fil. - Filosofia IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas lista de símbolos Elaborada de acordo com a ordem apresentada no texto, com o devido significado. Exemplo: Lista de Símbolos § - Parágrafo ® - Marca registrada ∞ - Infinito sumário Elaborado conforme a ABNT NBR 6027. A palavra sumário deve ser centralizada e com a mesma tipologia da fonte utilizada 83 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 83UNIDADE 3 para as seções primárias. A subordinação dos itens do sumário deve ser destacada pela apresentação tipográfica utilizada no texto. Os elementos pré-textuais não devem constar no sumário. A ordem dos elementos do sumário deve ser conforme os indicativos das seções que compõem o sumário e devem ser alinhados à esquerda. Os títulos e os subtítulos, se houver, sucedem os indicativos das seções. Recomenda-se que sejam alinhados pela margem do título do indicativo mais extenso. O(s) nome(s) do(s) autor(es), se houver, sucede(m) os títulos e os subtítulos. A paginação deve ser apresentada sob uma das formas: número da primeira página (exemplo: 27); números das páginas inicial e final, separadas por hífen (exemplo: 91-143); ou números das páginas em que se distribui o texto (exemplo: 27, 35, 64 ou 27-30, 35-38, 64-70). Exemplo: SUMÁRIO 1 Introdução 12 2 Referencial teórico 14 2.1 A educação para todos 15 Elementos textuais A NBR 14724, de 2011, orienta que o texto é composto de uma parte introdutória, o desenvolvimento e uma parte conclusiva, sendo que a nomenclatura dos títulos fica a critério do autor. Fique atento! A introdução deve apresentar: o tema de modo contextualizado; os objetivos do trabalho; as razões/justificativas de sua elaboração; a hipótese da pesquisa, se houver; uma menção ao método utilizado. Em trabalhos maiores, cabe o anúncio do modo de organização textual. O conteúdo da introdução A introdução de um trabalho acadêmico- científico serve para situar o leitor quanto ao que está sendo pesquisado, por quê, para quê e como. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 8484 UNIDADE 3 O conteúdo do desenvolvimento Tem o objetivo de detalhar a pesquisa ou estudo realizado. Normalmente, é constituído por mais de um capítulo ou parte que se ocupa de: apresentar o referencial teórico que sustentará o debate posterior; detalhar a metodologia da pesquisa, conferindo-lhe cientificidade; apresentar os dados coletados, quando for o caso, realizando as devidas análises. O conteúdo da conclusão Na conclusão, o pesquisador tem o compromisso de apresentar os resultados do estudo, avaliando os objetivos propostos, a hipótese levantada, as justificativas e o método utilizado. É o espaço, também, para as recomendações cabíveis ao encaminhamento da questão. Elementos pós- textuais A ordem dos elementos pós-textuais deve ser apresentada conforme a sequência abaixo. Referências Elaboradas conforme a ABNT NBR 6023. Glossário Elaborado em ordem alfabética. Exemplo: Deslocamento: peso da água deslocada por um navio flutuando em águas tranquilas. Sustentabilidade: um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Apêndice Deve ser precedido da palavra APÊNDICE, identificado por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelo respectivo título. Utilizam-se letras maiúsculas dobradas, na identificação dos apêndices, quando esgotadas as letras do alfabeto. Exemplo: APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Anexo Deve ser precedido da palavra ANEXO, identificado por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelo respectivo título. Utilizam-se letrasmaiúsculas dobradas na identificação dos anexos quando esgotadas as letras do alfabeto. 85 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 85UNIDADE 3 Exemplo: ANEXO A – NORMAS INTERNAS DA ESCOLA INVESTIGADA índice Elaborado conforme a ABNT NBR 6034. Leia: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724 - Informação e documentação: princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011. Para saber mais: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 8686 UNIDADE 3 A apresentação gráfica do texto segundo a ABNT A apresentação de trabalhos acadêmicos deve ser elaborada conforme as orientações seguintes. Apresentação gráfica do texto a. Papel e impressão: os textos devem ser digitados em cor preta, no papel branco ou reciclado, no formato A4 (21 cm × 29,7 cm), podendo utilizar outras cores somente para as ilustrações. b. Fonte: tamanho 12 para todo o trabalho, inclusive capa. As citações com mais de três linhas, notas de rodapé, paginação, dados internacionais de catalogação na publicação, legendas e fontes das ilustrações e das tabelas, devem ser em tamanho menor e uniforme. c. Os elementos pré-textuais: devem iniciar no anverso da folha, com exceção dos dados internacionais de catalogação na publicação que devem vir no verso da folha de rosto. Recomenda-se que os elementos textuais e pós-textuais sejam digitados ou datilografados no anverso e verso das folhas. d. As margens: devem ser para o anverso, esquerda e superior de 3 cm e direita e inferior de 2 cm; para o verso, direita e superior de 3 cm e esquerda e inferior de 2 cm. MóDUlO 02 87 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 87UNIDADE 3 Margens páginas ímpares: Superior e esquerda: 3 cm Inferior e direita: 2 cm Nº página: canto sup. direito Margens páginas pares: Superior e direita: 3 cm Inferior e esquerda: 2 cm Nº página: canto sup. esquerdo Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 8888 UNIDADE 3 Espaçamentos a. O texto: deve ser digitado com espaçamento 1,5 entre as linhas, com exceção das citações de mais de três linhas, notas de rodapé, referências, legendas das ilustrações e das tabelas, natureza (tipo do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é submetido e área de concentração), que devem ser digitadas ou datilografadas em espaço simples (1,0). b. O parágrafo: a nova norma não especifica o recuo do parágrafo. Sugere-se 1,25 cm, sem espaço entre os parágrafos. c. As referências: ao final do trabalho, devem ser apresentadas em ordem alfabética e separadas entre si por um espaço simples em branco. d. Na folha de rosto e na folha de aprovação: o tipo do trabalho, o objetivo, o nome da instituição e a área de concentração devem ser alinhados do meio da mancha gráfica para a margem direita (um recuo entre 7 e 8 cm). e. As notas de rodapé: devem ser digitadas ou datilografadas dentro das margens, ficando separadas do texto por um espaço simples entre as linhas e por filete de 5cm, a partir da margem esquerda. Devem ser alinhadas, a partir da segunda linha da mesma nota, abaixo da primeira letra da primeira palavra, de forma a destacar o expoente, sem espaço entre elas e com fonte menor. f. O indicativo numérico: o algarismo arábico precede o título de uma seção. É alinhado à esquerda e separado por um espaço de caractere. g. Os títulos das seções primárias: devem começar em página ímpar (anverso), na parte superior da mancha gráfica, e serem separados do texto que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5. h. Os títulos das subseções: devem ser separados do texto que os precede e que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5. i. Os títulos que ocupam mais de uma linha: devem ser, a partir da segunda linha, alinhados abaixo da primeira letra da primeira palavra do título. 89 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 89UNIDADE 3 Veja abaixo como fica a apresentação de títulos que ocupam mais de uma linha: 3.2.2 Os tipos de pesquisa e seus instrumentos plurimetododológicos: a geração de dados sob vários ângulos Curiosidade: j. Os títulos sem indicativo numérico: agradecimentos, errata, lista de ilustrações, lista de abreviaturas e siglas, lista de símbolos, resumos, sumário, referências, glossário, apêndice(s), anexo(s) e índice(s) devem ser centralizados. Assista à videoaula com este conteúdo. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 9090 UNIDADE 3 f. Apêndice e anexo: as suas folhas ou páginas devem ser numeradas de maneira contínua e sua paginação deve dar seguimento à do texto principal. Destaques do texto a. Citações3 longas: devem ser recuadas em 4 cm da margem esquerda, espaço simples, texto justificado, sem parágrafo, sem aspas e um espaço de simples antes e depois da citação. b. Siglas: quando mencionadas pela primeira vez no texto, devem ser indicadas entre parênteses, precedidas do nome completo. Exemplo: Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 3 Ver orientações sobre citação na Seção 3.4 deste livro. MóDUlO 03 Paginação a. Folhas ou páginas pré-textuais: devem ser contadas, mas não numeradas. b. Trabalhos digitados somente no anverso: todas as folhas, a partir da folha de rosto, devem ser contadas sequencialmente, considerando somente o anverso. c. Numeração: deve figurar, a partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior, ficando o último algarismo a 2 cm da borda direita da folha. d. Trabalho digitado em anverso e verso: a numeração das páginas deve ser colocada no anverso da folha, no canto superior direito; e no verso, no canto superior esquerdo. e. Trabalho constituído de mais de um volume: deve ser mantida uma única sequência de numeração das folhas ou páginas, do primeiro ao último volume. 91 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 91UNIDADE 3 Apêndice 15 Sumário Lista de Símbolos Lista de Ilustrações Abstract Resumo Epígrafe Agradecimentos Dedicatória Errata Folha de rosto Capa Anexos 14 Referências 13 3 Conclusão 12 2 Desenvolvimento 11 1 Introdução 10 Contadas e numeradas Contadas mas não enumerada Não contada na enumeração Figura 6: Sistema de enumeração do trabalho acadêmico Fonte: NBR 14724, 2011. c. Equações e fórmulas: para facilitar a leitura, devem ser destacadas no texto e, se necessário, numeradas com algarismos arábicos entre parênteses, alinhados à direita. Na sequência normal do texto, é permitido o uso de uma entrelinha maior que comporte seus elementos (expoentes, índices, entre outros). Exemplo: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 9292 UNIDADE 3 d. Ilustrações: qualquer que seja o tipo de ilustração, sua identificação aparece na parte superior, precedida da palavra designativa (desenho, esquema, fluxograma, fotografia, gráfico, mapa, organograma, planta, quadro, retrato, figura, imagem, entre outros), seguida de seu número de ordem de ocorrência no texto, em algarismos arábicos, travessão e do respectivo título. Após a ilustração, na parte inferior, indicam-se a fonte consultada (elemento obrigatório, mesmo que seja produção do próprio autor), legenda, notas e outras informações necessáriasà sua compreensão (se houver). A ilustração deve ser citada no texto e inserida o mais próximo possível do trecho a que se refere. Exemplo: VOZ ARRASTADA, COM RITMO E TOM UNÍSSONOS, AÇÕES REPETIDAS e TÉDIO DESÂNIMO SONO DESINTERESSE Figura 7: Tópica do desânimo desencadeado pelo tédio e. Tabelas: as tabelas apresentam, principalmente, informações numéricas, tratadas estatistica- mente e devem ser citadas no texto, inseridas o mais próximo possível do trecho a que se referem e padronizadas conforme as Normas de Apresentação Tabular do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1993): • sua identificação sempre é no topo, em letra tamanho 10 ou 114; o título é precedido pela palavra “Tabela”, sem negrito, seguido do seu número de ordem, em algarismos arábicos; • a fonte deve situar-se logo abaixo da tabela e indicar a obra consultada (elemento obrigatório, mesmo que elaborado do próprio autor), em letra tamanho 10 ou 11; • quando a tabela ficar dividida em mais de uma página, devem-se usar os termos: continua, para a primeira página; continuação, para as demais páginas; e conclusão, para a última página, na sequência da tabela, sendo que o cabeçalho deve constar em todas as páginas, sempre no topo. Exemplo: 4 Trata-se de uma padronização de cada instituição. 93 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 93UNIDADE 3 INTERVENçãO PROFESSOR AlUNO Aproximar dos alunos com afetividade 85% 15% Ser bem-humorado 71% 11% Elogiar 57% 94% Valorizar perguntas interessantes 57% 0 Trabalhar atividades lúdicas 57% 67% Pedir para o aluno resolver questões no quadro 57% 25% Falar sobre assuntos do cotidiano/aplicação prática do assunto 43% 40% Cumprimentar e despedir com alegria e vitalidade 43% 11% Fazer aula em ambiente diferente 43% 50% Dar ponto extra 43% 70% Justificar o estudo 28% 40% Estimular com questões desafiadoras 28% 25% Dinamizar a aula/fazer grupos de estudo 28% 55% Fazer esquemas e resumos 14% 4% Contar piadas 0% 0% Tabela 5: Intervenções didático-discursivas incentivadoras da Turma X. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 9494 UNIDADE 3 f. Resumo: digitar em espaço simples e parágrafo único. Em teses, dissertações, TCCs e relatórios, deve conter entre 150 e 500 palavras, nos demais trabalhos, de 100 a 250. Deve ser inserido antes do sumário, deixando um espaço entrelinhas de 1,5 entre o resumo e as palavras-chave. g. Palavras-chave: devem aparecer logo abaixo do resumo, separadas entre si, por ponto e finalizadas, também, por ponto. Sugerem-se entre três e cinco palavras-chave. h. Falas de entrevistas/relatos: sugere-se recuo de parágrafo de 2 cm da margem esquerda; devem ser digitadas em itálico e com 1 espaço entrelinhas simples; antes e depois das falas; devem aparecer entre “aspas”. Leia: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724 - Informação e documentação: princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011. Para saber mais: 95 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 95UNIDADE 3 Numeração progressiva Elaborada conforme a ABNT NBR 6024. Estabelece as seções/capítulos e subdivisões/subcapítulos do trabalho, a fim de expor, com clareza, a sequência e a importância do tema e permitir a rápida localização de cada parte. A numeração progressiva deve ser utilizada para evidenciar a sistematização do conteúdo do trabalho em seções. Destacam-se gradativamente os títulos das seções, utilizando-se os recursos de negrito, itálico ou sublinhado e outros, no sumário e, de forma idêntica, no texto. Conforme ABNT (2012, p. 1-2), define-se por: a. alínea: cada uma das subdivisões de uma seção do documento; b. subalínea: subdivisão de uma alínea; c. indicativo de seção: número ou grupo numérico que antecede cada seção do documento; d. seção: parte em que se divide o texto de um documento, que contém as matérias consideradas afins na exposição ordenada de assunto; e. seção primária: principal divisão do texto de um documento; f. seção secundária, terciária, quaternária, quinária: divisão do texto de uma seção primária, secundária, terciária, quaternária, respectivamente. Quanto às seções e subdivisões do trabalho, devem ser elaboradas conforme a ABNT NBR 6024/2012. A formatação diferente colabora para a exposição clara da sequência e para a rápida localização de cada parte. Destacam-se gradativamente os títulos das seções, utilizando-se os recursos de negrito, itálico ou sublinhado e outros, no sumário e, de forma idêntica, no texto. Como a seguir: Além disso, fica definido na norma que: MóDUlO 04 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 9696 UNIDADE 3 a. todas as seções devem conter um texto relacionado a elas; b. errata, agradecimentos, listas de ilustrações, lista de tabelas, lista de abreviaturas e siglas, lista de símbolos, resumo, sumário, referências, glossário, apêndice, anexo e índice devem ser centralizados e NÃO numerados; c. títulos que ocupem mais de uma linha, devem ser, a partir da segunda linha, alinhados abaixo da primeira letra da primeira palavra do título; d. as alíneas devem ser ordenadas por letras minúsculas seguidas de parênteses; a frase começa com letra minúscula e termina com ponto e vírgula, exceto a última, que termina com ponto; a frase que anuncia as alíneas termina com dois pontos; as letras indicativas são reentradas em relação à margem esquerda. Exemplo: 1 SEÇÃO PRIMÁRIA – principal divisão do texto. Todo título com letra maiúscula e negrito. 1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA – divisão secundária do texto. Todo o subtítulo com letra maiúscula e sem negrito. 1.1.1 Seção terciária – divisão terciária de um texto. Apenas a inicial da primeira palavra com letra maiúscula e em itálico. 1.1.1.1 Seção quaternária – divisão quaternária de um texto. Apenas a inicial da primeira palavra em maiúsculo e sublinhado. 1.1.1.1.1 Seção quinária – a divisão quinária de um texto deve ser evitada, mas caso seja necessária, apenas a inicial da primeira palavra com letra maiúscula. 97 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 97UNIDADE 3 De acordo com Lima (2010), a gramática é dividida em: a) fonologia; b) morfologia; c) sintaxe; d) semântica; e) estilística. e. as subalíneas são introduzidas por travessão, seguido de espaço, letra minúscula e devem terminar em ponto e vírgula, exceto a última subalínea, que termina em ponto final; deve apresentar recuo em relação à alínea; a segunda e as seguintes linhas do texto da subalínea começam sob a primeira letra do texto da própria subalínea. Exemplo: De acordo com Lima (2010), a gramática é dividida em: a) fonologia; b) morfologia: - processos de formação de palavras; - classes de palavras. c) sintaxe; d) semântica; e) estilística. Formatação de ilustrações Figuras, quadros, gráficos e tabelas devem ser identificados com a fonte 10, o mais próximo possível da ilustração. Na parte superior, informa-se o tipo da ilustração, número e nome. Na parte inferior, informa-se a fonte de pesquisa. A ilustração deve ser citada no corpo do texto, conforme Figura 7. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 9898 UNIDADE 3 A Tabela 5 apresenta o formato indicado para as tabelas. É importante lembrar que as tabelas devemestar separadas do corpo do texto por uma linha em branco, conforme exemplificado a seguir. Além disso, as margens laterais são abertas. Figura 8: Exemplo de figura No artigo, os títulos são sequenciais na própria página e possuem, em média, 15 páginas. Assista à videoaula com este conteúdo. Fonte: Adaptado de Mays apud Greenhalg (1997) Tabela 6: Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa ITEM quANTIDADE PERCENTuAL Teoria social 22 7,9% Método 34 12,3% Questão 54 19,5% Raciocínio 124 44,8% Método de amostragem 33 11,9% Força 10 3,6% 99 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 99UNIDADE 3 Nesta unidade, vimos a normalização estabelecida pela ABNT para a elaboração de trabalhos acadêmicos, no que diz respeito a seus elementos estruturais, apresentação e formatação. Para essa tarefa, toda esta unidade foi baseada diretamente, na NBR 14724, de 2011 – princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos – e em todas as demais referendadas nessa norma. RESUMO DA UNiDADE Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 101UNIDADE 4 UNiDADE 4 Regras do Trabalho Científico Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 103UNIDADE 4 Organização estrutural do texto Chega-se, então, à terceira fase do trabalho científico, a sua redação. Como trabalho de conclusão de um curso, são vários os gêneros textuais que servem para esse fim. Nas graduações, são elaborados, mais frequentemente, monografias e relatórios; nas pós-graduações, artigos e papers; no Mestrado, dissertações; e no Doutorado, teses. Seja ele qual for, embora altere em tamanho e profundidade, a organização textual não representa muita diferença entre um e outro. A organização textual de uma pesquisa acadêmica A organização textual de uma pesquisa é estruturada em: introdução, desenvolvimento e conclusão. Contudo, essas três partes podem ser seccionadas de acordo com a natureza do trabalho. Um dos aspectos mais definidores da estrutura textual da pesquisa é o fato de ela ser de revisão ou original, sendo que a primeira se restringe às pesquisas de publicações diversas (livros, artigos convencionais eletrônicos etc.); e a segunda, além da pesquisa bibliográfica, o autor faz pesquisas com dados. Essas diferenças de conteúdo levam a estruturas também diferentes. Organização textual de uma pesquisa original Essa modalidade de texto, cuja finalidade é responder a uma questão que demanda dados originais, coletados por meio de entrevistas, documentos etc., é assim organizada: MóDUlO 01 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 104 UNIDADE 4 PARTE TExTuAL CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO Nesta parte do texto, o autor apresenta o tema de modo contextualizado, a delimitação em forma de pergunta, os objetivos, a justificativa e faz uma menção ao método científico. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Momento em que o autor apresenta as pesquisas anteriores sobre o tema, por meio de monografias, artigos, dissertações, teses, livros etc. É a busca da cientificidade da pesquisa, embasando-a em fatos e dados verídicos e/ou já comprovados cientificamente, por meio do diálogo teórico. É o principal momento das citações. 3 METODOLOGIA DA PESQUISA Nessa seção, o pesquisador prova à comunidade científica que a pesquisa zela pelas características básicas da ciência, descrevendo, detalhadamente, os passos que foram seguidos e o tratamento destinado aos dados. Especificamente, deve falar sobre os fins e os meios da pesquisa, a abordagem e as ferramentas de coletas, o universo e a amostra do objeto de pesquisa, os sujeitos, o tratamento dado às informações etc. 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS (obs.: se o trabalho for um estudo de caso, esta seção poderá receber esse título: ESTUDO DE CASO) Nessa parte do artigo, o autor apresenta e analisa as informações colhidas no campo, atentando-se para perceber o significado dos dados qualitativos e quantitativos. É o momento das relações e das buscas de significados. Na apresentação visual dos dados, podem ser usados gráficos, tabelas etc., como recursos de leitura. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS É a última parte textual do artigo em que se apresentam as principais descobertas e conclusões, sugestões, recomendações para encaminhamento do problema estudado. Deve-se ter em mente o problema levantado, a hipótese que foi testada com a pesquisa e os objetivos previstos. Deverá, sobretudo, sintetizar e avaliar a importância dos dados obtidos ou dos estudos feitos, as consequências desses dados ou estudos para a área da ciência ou para os estudos acadêmicos, fazendo uma apreciação crítica e até pessoal. Estrutura textual proposta para uma Pesquisa Original: Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 105UNIDADE 4 Organização textual de uma pesquisa de revisão Antes de apresentarmos uma proposta de organização estrutural de uma pesquisa de revisão, é necessário lembrar que há várias formas de se realizar tal pesquisa. Há as revisões de narrativas convencionais e as de métodos mais rigorosos. Devido a isso, pode-se trabalhar com mais de um esquema de estrutura textual. Conheçamos, inicialmente, algumas dessas mencionadas revisões: REVIsÕEs DE NARRATIVAs CONVENCIONAIs MODAliDADE CARACTERísTICA Determinação do “estado da arte” Procura mostrar através da literatura já publicada o que já se sabe sobre o tema, quais as lacunas e os principais entraves teóricos ou metodológicos. Revisão teórica O problema de pesquisa é inserido em um quadro de referência teórica para explicá-lo. Geralmente, acontece quando o problema em estudo é gerado ou explicado por uma ou várias teorias. Revisão empírica Procura explicar como o problema vem sendo pesquisado do ponto de vista metodológico, procurando responder: quais os procedimentos normalmente empregados no estudo desse problema? Que fatores vêm afetando os resultados? Que propostas têm sido feitas para explicá-los ou controlá-los? Que procedimentos vêm sendo empregados para analisar os resultados? Há relatos de manutenção e generalização dos resultados obtidos? Do que elas dependem? Revisão histórica Busca recuperar a evolução de um conceito, tema, abordagem ou outros aspectos, fazendo a inserção dessa evolução dentro de um quadro teórico de referência que explique os fatores determinantes e as implicações das mudanças. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 106 UNIDADE 4 Fique atento! Como se trata de várias modalidades, dificultando uma estrutura fixa, o pesquisador deve organizar o texto de acordo com os propósitos da pesquisa, mas uma sugestão pode ser: Estrutura Textual Proposta para uma Pesquisa De Revisão Convencional: PARTE TExTuAL CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO Nesta parte do texto, o autor apresenta o tema de modo contextualizado, a delimitação, os objetivos, a justificativa e as especificações metodológicas. 2 DESENVOLVIMENTO Essa parte do texto é dividida em seções definidas pelo autor com títulos e subtítulos de acordo com as abordagens do assunto. 3 DISCUSSÃO, SÍNTESE OU COMPARAÇÃO DAS PESQUISAS REALIZADAS Nessa parte do artigo, o autor apresenta e analisa as informações colhidas nas pesquisas bibliográficas. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa última parte, apresentam-se as principais conclusões e recomendações para encaminhamento do problema estudado. Deve-se ter em mente a delimitação e os objetivos previstos. Deverá sintetizar e avaliar a importância dos dados obtidos ou dos estudos feitos e a consequência delespara a ciência ou para os estudos acadêmicos, fazendo uma apreciação crítica e até pessoal. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 107UNIDADE 4 MÓDULO 02 Revisões bibliográficas rigorosas No desenvolvimento de uma revisão convencional, o autor organiza os tópicos respeitando o tipo de revisão que escolher. Uma revisão convencional histórica, por exemplo, pode ser organizada de maneira cronológica. Uma revisão teórica pode ser organizada, considerando cada uma das teorias em voga. Curiosidade: Passemos, agora, às revisões mais rigorosas. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 108 UNIDADE 4 REViSÕES BiBliOGRÁFiCAS RiGOROSAS MODAliDADE CARACTERísTICA 1 A meta-análise • análise quantitativa extraída de dados primários; • combina as evidências de múltiplos estudos primários a partir do emprego de instrumentos estatísticos, a fim de aumentar a objetividade e a validade dos achados; • os objetivos e as hipóteses dos estudos devem ser muito similares, se não idênticos; • nessa abordagem, cada estudo é sintetizado, codificado e inserido em um banco de dados quantitativo. (LUIZ, 2002). 2 A revisão sistemática ou meta-análise qualitativa • É uma síntese rigorosa de todas as pesquisas relacionadas a uma específica, enfocando primordialmente estudos experimentais; • segue um método rigoroso de busca e seleção de pesquisas, avaliação de relevância e validade dos estudos encontrados, coleta, síntese e interpretação dos dados oriundos de pesquisa. (ROTHER, 2007). 3 A revisão integrativa • É a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, pois permite a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado; • pode combinar dados bibliográficos teóricos e empíricos, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular; • seu objetivo é gerar um panorama de conceitos complexos, teorias ou problemas de saúde relevantes para a enfermagem (MENDES; CAMPOS; GALVÃO, 2008). Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 109UNIDADE 4 Diante também da diversidade de tipos de revisão bibliográfica com métodos mais rigorosos, apresentamos, a seguir, uma sugestão de organização textual. Estrutura Textual Proposta para um Artigo Original: PARTE TExTuAL CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO Nesta parte do texto, o autor apresenta o tema de modo contextualizado, a delimitação em forma de pergunta, os objetivos, a justificativa e o modo como o artigo foi textualmente organizado. 2 METODOLOGIA DA PESQUISA Apresenta todos os procedimentos metodológicos da pesquisa, especialmente, os critérios de localização, seleção e análise do material de pesquisa, informando sobre os instrumentos de exploração utilizados. 3 REVISÃO QUANTITATIVA, QUALITATIVA OU SISTEMÁTICA (dependendo da revisão que estiver sendo feita) Tópico dividido em seções definidas pelo autor com títulos e subtítulos de acordo com as categorias analisadas. Na apresentação visual dos dados, pode usar gráficos, tabelas etc., como recurso de leitura. 4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nessa parte do artigo, o autor apresenta e analisa as informações colhidas com os dados secundários, atentando-se para perceber o significado dos dados qualitativos e quantitativos. É o momento das relações e das buscas de significados. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS É a última parte textual do artigo, em que se apresentam as principais deduções e recomendações para encaminhamento do tema estudado. Deverá, sobretudo, sintetizar e avaliar a importância dos dados obtidos ou dos estudos feitos, as consequências desses dados ou estudos para a área da ciência ou para os estudos acadêmicos, fazendo uma apreciação crítica e até pessoal. Ciente de que uma das dificuldades maiores dos pesquisadores é com a estruturação do texto, esperamos que essas sugestões possam auxiliá-los nessa tarefa. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 110 UNIDADE 4 Elementos Estruturais e Formatação de um Artigo: PARTE DO TExTO: EsPECIFICAçÕEs: Título do trabalho Centralizado, negrito, caixa alta, fonte 12. Fonte utilizada no artigo: Times New Roman. Nome(s) do(s) autor(es) Iniciais maiúsculas, alinhado à direita, fonte 10. Saltar um espaço simples. Aqui, é incluído o nome do orientador. Resumo na língua vernácula e na estrangeira Título: caixa alta, centralizado, negrito, fonte 12. Saltar um espaço simples. Texto: margens justificadas, fonte 12, entrelinha simples. Saltar um espaço simples. Palavras-chave: iniciais maiúsculas, fonte 12, separadas e finalizadas por ponto. Títulos Fonte 12, negrito, caixa alta. Saltar um espaço simples entre os títulos e o texto. Subtítulos Altera-se o formato, em cada nível de título, conforme orientação abaixo. Citações Direta curta: entre aspas, mesma fonte do texto, informar fonte completa (AUTOR, ano, p.). Direta longa: separado do texto por um espaço simples (antes e depois), recuo de 4 cm, fonte 10, entrelinha 1. Informar fonte completa (AUTOR, ano, p.) Indireta: no corpo do texto, normalmente. Informar fonte antes ou depois da citação (AUTOR, ano). Ilustrações Identificar, parte superior, com o tipo de ilustração, o número e o nome. Na parte inferior, informar a fonte (AUTOR, ano, p.) O corpo do texto Fonte 12, entrelinha 1.5, margens justificadas. Saltar um espaço simples entre os parágrafos ou dar um recuo de 2 cm. Margens Margens Superior (3cm), esquerda (3cm), inferior (2cm) e direita (2cm). Referências Título: caixa alta, centralizado, negrito, fonte 12. Saltar um espaço simples. Referências: entrelinha 1, fonte 12, conforme a NBR 6023/2002. Caixa alta, centralizado, negrito, fonte 12. Saltar um espaço simples entre cada referência. Nota de rodapé Fonte 10, entrelinha 1, da 2ª linha em diante alinhar à 1ª linha. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 111UNIDADE 4 Assista à videoaula com este conteúdo. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10719: Informação e documentação: relatório técnico e/ou científico. Rio de Janeiro, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação e documentação: princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011. LUIZ, A. J. B. Meta-análise: definição, aplicações e sinergia com dados espaciais. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v. 19, nº 3, p. 407-428, 2002. MENDES, Karina; CAMPOS, Renata Silveira; GALVÃO, Cristina Maria. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. Florianópolis: 17(4): 758-64, out./dez. 2008. Para saber mais: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 112 UNIDADE 4 um artigo científico – leitura e análise A importância da disciplina de metodologia científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior THE IMPORTANCE OF THE DISCIPLINE SCIENTIFIC METHODOLOGY IN THE DEVELOPMENT OF ACADEMIC QUALITY PRODUCTS IN HIGHER EDUCATION Rosane Tolentino Maia1 1 Especialista em Docência do Ensino Superior, graduada em Processamento de dados pela Universidade Federal do Pará e docente das Faculdades Integradas do Tapajós. Resumo: Este trabalho aborda a importância da disciplina de Metodologia Científica como ferramenta fundamental na iniciação científica e no desenvolvimento de produções científicas pelos alunos que ingressam nas universidades e ao longo do curso são estimulados a desenvolver trabalhoscientíficos como parte dos requisitos de avaliação. O Estudo de Caso teve como objeto de pesquisa os alunos do segundo e sexto semestres do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Tapajós. Palavras-chave: Metodologia Científica. Iniciação Científica. Produções Acadêmicas. Abstract: This paper discusses the importance of the discipline of scientific methodology as a fundamental tool in undergraduate research and development of scientific productions by students entering universities and throughout the course are encouraged to develop scientific papers as part of the assessment requirements. The case study has as object of research students in the second and sixth semesters of the Faculdades Integradas dos Tapajós. Key-words: Scientific Methodology. Scientific Initiation. Academic Productions. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 113UNIDADE 4 1 INTRODuçãO Nos últimos anos, tem se evidenciado um consenso na comunidade acadêmica brasileira de que instituições de ensino universitário devem aliar às práticas de ensino tradicional, elementos que promovam o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo dos alunos, permitindo, através de uma visão real do mundo, detectar os problemas que o assolam e, ao mesmo tempo, dotá-los de ferramentas capazes de promover medidas que ajudem solucioná-los. Este trabalho aborda a importância da Metodologia Científica como ferramenta fundamental no desenvolvimento de produções científicas pelos alunos que ingressam nas universidades as quais, ao longo do curso são estimulados a desenvolver trabalhos científicos como parte dos requisitos de avaliação. Verifica-se que os alunos se veem diante de muitas dificuldades para cumprir essas exigências, provavelmente, em decorrência de uma formação deficiente na formação básica. Por vezes, verifica-se que alunos cursando o último ano dos cursos de graduação, desconhecem as mais elementares normas envolvidas na elaboração de textos científicos, tais como: desenvolvimento e estrutura do trabalho, padrões de redação, procedimentos para elaborarem pesquisas bibliográficas, seleção e organização da leitura das obras, construção de citações diretas e indiretas, bem como sobre o propósito de incluí-las no corpo do próprio texto. Essas dificuldades podem justificar a causa de uma grande ansiedade nos alunos de graduação, na medida em que as exigências mudam em profundidade, a forma usual da escrita, incorporando diversos elementos, até então desconhecidos, podendo, no limite, levar ao desânimo e, até mesmo, a desistência do curso. Diante do exposto é de suma importância questionar: de que forma a disciplina de Metodologia Científica pode ajudar os alunos de nível superior a superar as suas dificuldades na hora de elaborar uma produção científica? A preparação, a redação e a apresentação de trabalhos científicos envolvem um grande número de questões de natureza técnica e estética, dentre as quais, pode-se destacar a disciplina, a criatividade na seleção da bibliografia, a leitura de forma organizada, a ousadia e o rigor na abordagem do assunto, além da obediência a certas normas de redação e apresentação do texto final. A Metodologia Científica aborda as principais regras da produção científica para alunos dos cursos de graduação, fornecendo uma melhor compreensão sobre a sua natureza e objetivos, podendo auxiliar para melhorar a produtividade dos alunos e a qualidade das suas produções. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 114 UNIDADE 4 A relevância desta pesquisa se justifica, tendo em vista a pouca importância que é dada pela maioria dos pesquisadores em formação aos detalhes da confecção de um documento metodologicamente adequado. A necessidade do estudo em pode ser considerada, na medida em que ele irá abordar a importância da disciplina de Metodologia Científica, como desenvolvimento técnico, ideológico e científico do aluno de nível superior melhorando a sua produtividade e a qualidade das suas produções. Objetiva-se com este estudo, comprovar que a disciplina Metodologia Científica é prática e apresenta instrumentos necessários para a realização de trabalho de pesquisa, buscando a construção do conhecimento dos acadêmicos de forma a lhes favorecer com uma leitura e escrita mais eficientes, através da pesquisa e redação com embasamento científico elaborados segundo normas científicas vigentes. Através da análise dos principais conceitos que compõem a disciplina de Metodologia Científica e posterior relação dos mesmos na produção e apresentação de trabalhos científicos, buscou-se traçar uma analogia entre o saber científico e sua influência no desenvolvimento da reflexão, da compreensão, da capacidade de interpretação e argumentação dos acadêmicos dos cursos de graduação. 2 Referencial teórico A evolução da ciência se deu com a evolução da inteligência humana, que passou do medo do desconhecido ao misticismo, numa tentativa de explicar os fenômenos através do pensamento mágico, das crenças e das superstições. Finalmente, evoluiu para a busca de respostas através de caminhos que pudessem ser comprovados. Desta forma, nasceu a ciência metódica, que procurou sempre a aproximação com a lógica. O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de pensar. Esta característica permite aos seres humanos a capacidade de refletir sobre o significado de suas próprias experiências. Assim sendo, é capaz de promover novas descobertas e de transmiti-las a seus descendentes. O desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente ligado à sua característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a outro, que, por sua vez, aproveita-se deste saber para somar outro. Assim evolui a ciência. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 115UNIDADE 4 2.1 Método e ciência Segundo Oliveira (1999), a Ciência num determinado período da história acabou sendo mitificada, principalmente a partir do séc. XVIII, e hoje ela é entendida como sendo qualquer assunto que possa ser estudado pelo homem, pela utilização do Método Científico e de outras regras especiais de pensamento. O autor destaca ainda que a Metodologia estuda os meios ou métodos de investigação do pensamento concreto e do pensamento verdadeiro, e procura estabelecer a diferença entre o que é verdadeiro e o que não é, entre o que é real e o que é ficção. Assim, o aprofundamento em um conjunto de processos de estudos, de pesquisa e de reflexão, passa a exigir do estudante uma nova postura de atividade didática mais crítica e rigorosa. Para Gil (2002, p.17), o desenvolvimento de produções científicas só se dá de maneira efetiva “mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos”. O método científico visa descobrir a realidade dos fatos que, uma vez descobertos, devem guiar o uso do método. Os autores Cervo e Bervian (1983, p.125) destacam que “o método não é apenas um meio de acesso: só a inteligência e a reflexão descobrem o que os fatos realmente são.” O método científico percorre os caminhos da dúvida sistemática, que não pode ser confundida com a dúvida universal dos céticos. Mesmo no caso das ciências sociais, o método deve ser positivo e nãonormativo. Em outras palavras, a pesquisa positiva deve se preocupar com o que é e não com o que se pensa que deve ser. Severino (2000) define Metodologia como: um instrumental extremamente útil e seguro para a gestação de uma postura amadurecida frente aos problemas científicos, políticos e filosóficos que nossa educação universitária enfrenta. [...] São instrumentos operacionais, sejam eles técnicos ou lógicos, mediante os quais os estudantes podem conseguir maior aprofundamento na ciência, nas artes ou na filosofia, o que, afinal, é o objetivo intrínseco do ensino e da aprendizagem universitária (SEVERINO, 2000, p.18). No mundo acadêmico, fazer ciência é importante para todos porque é por meio dela que se descobre e se inventa, e o método representa, portanto, uma forma de pensar para se chegar à natureza de um determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para explicá-lo. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 116 UNIDADE 4 2.2 Iniciação científica: dificuldades de implementação da pesquisa nas universidades A iniciação científica caracteriza-se como instrumento de apoio teórico e metodológico à realização de um projeto de pesquisa e constitui um canal adequado de auxílio para a formação de uma nova mentalidade no aluno, que de simples repetidores, passam a criadores de novas atitudes e comportamento, através da construção do próprio conhecimento. A situação atual do ensino médio encerra várias e complexas questões como: aspectos estruturais que ainda não foram resolvidos e a precariedade desse ensino público no Brasil. O cenário educacional, em que convivem velhos e novos problemas, aponta para a expansão do ensino médio com baixa qualidade, para a privatização da sua gestão e, simultaneamente, exibe um forte componente de exclusão. A reforma político-educacional do ensino médio, em curso, vem afetando sensivelmente, o trabalho do professor e a dinâmica institucional da escola e, em muito menor grau, a realidade educacional do aluno. Tal fato refletirá na sua atuação enquanto discente de uma instituição de nível superior. Em recente pesquisa do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), foi divulgado que apenas um por cento dos alunos brasileiros da terceira série do ensino médio (ou seja, os que se preparam para ingressar na universidade) tem domínio adequado do idioma Português. Observa-se no país uma perigosa desvalorização da cultura básica, da erudição e do conhecimento. A grande maioria dos cursos de ensino médio e os cursos preparatórios para os vestibulares preparam o aluno apenas para realizar a prova, mas não desenvolvem nele o raciocínio, o senso crítico e o conhecimento de base. Obras literárias importantes são resu- midas de forma pobre e descaracteri- zadas, em poucos parágrafos. As apostilas são confeccionadas sem estudos prévios, ao contrário do que ocorre com os livros, que demandam anos de pesquisa por profissionais, especialistas, intelec- tuais, escritores e cientistas, contendo ilustrações detalhadas e informações completas. Já sem cultura básica, nossos jovens também não são estimulados à leitura dos jornais e revistas, que também se constituem em fonte imprescindível de informação e formação. Os estudantes sabem manipular com habilidade os microcomputadores em Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 117UNIDADE 4 suas casas, e, de forma crescente, também nas escolas, públicas ou privadas, mas são incapazes de interpretar um texto de teor mais rebuscado. Não conseguem redigir um texto com princípio, meio e fim, estilo, forma e linguagem e, por conta dos modismos atentam contra o idioma, com seu pobre vocabulário. Apesar do acesso dos jovens a todos os canais da era da informação, eles, verdadeiramente, não têm informação. Segundo Balbachevsky (1999), [...] ainda que viável, a formação oferecida por estabelecimentos especializados no ensino, mesmo quando bem sucedida, vem sendo submetida a críticas importantes nos anos recentes. Boa parte dessas críticas centra-se no fato de que o ensino, dissociado da atividade de pesquisa, deixa uma lacuna na formação do aluno numa das dimensões mais fundamentais para o seu sucesso futuro: qual seja a sua preparação para solucionar criativamente problemas, isto é, sua capacidade de reunir, selecionar e analisar dados relevantes para a solução de uma situação não usual.[...] (BALBACHEVSKY, 1999). A iniciação científica é um dever da instituição e não deve representar uma atividade eventual ou esporádica. A atividade de pesquisa universitária, especialmente a pesquisa básica, sempre exigiu um conjunto de condições que estão fora do alcance da realidade da maior parte dos estabelecimentos de ensino superior privados no Brasil. No setor público, a pesquisa universitária só institucionalizou-se a partir do final da década de sessenta, em função da implementação da reforma de 1968. As várias propostas demandavam mudanças estruturais para o ensino superior brasileiro, objetivando modernizar e democratizar o sistema. Buarque (1994) destaca que a universidade tem um papel permanente: gerar saber de nível superior para viabilizar o funcionamento da sociedade. Esse papel manifesta-se de forma diferente, conforme o tipo de sociedade que se deseja. [...] no Brasil, a universidade não dispõe de um projeto, nem de prioridades definidas pela sociedade [...]. Conclui dizendo que quando o sistema funciona eficientemente, cada universidade faz parte de uma bem definida infraestrutura tecnológica e científica e que não há razões especiais para se preocupar com a autonomia de cada universidade que [...] em momentos de crise, deve descobrir qual a melhor maneira de se lançar na aventura de encontrar novos caminhos para si e, como instituição pensante, para o conjunto da sociedade. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 118 UNIDADE 4 3 Metodologia Utilizou-se o método indutivo como forma ordenada do raciocínio, uma vez que passamos da análise de dados particulares e caminhamos para noções gerais conforme descrito a seguir. Após a leitura textual, com o objetivo de formar uma visão geral da obra, uma segunda leitura foi feita com o objetivo de aprofundamento e codificação dos principais conteúdos. Os textos foram então codificados, resumidos, analisados e comentados de acordo com os diversos autores pesquisados, visando fundamentar as respostas fornecidas à de pesquisa. Após a redação da primeira versão do texto, foram feitas revisões em duas etapas para o aperfeiçoamento da abordagem e verificação da correta incorporação dos aspectos formais. Na segunda fase, foi realizado um estudo de campo onde foram feitas entrevistas estruturadas com perguntas direcionadas à temática proposta, a fim de se traçar um perfil do nível de conhecimento dos alunos antes e depois deles se familiarizarem com os métodos científicos. Os conteúdos foram analisados sob um enfoque empírico- analítico e uma abordagem quantitativa, uma vez que a pesquisa aponta para o conceito de causa ou para uma relação causal quando busca comprovar que a metodologia científica pode ajudar na superação das dificuldades na produção acadêmica no nível superior. Foram selecionados sessenta alunos do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Tapajós, subdivididos em quatro grupos de 15alunos compondo o segundo (duas turmas) e o sexto (duas turmas) semestres. A disciplina de Metodologia Científica é ministrada em duas horas semanais, no primeiro período do curso. Já no quinto período é ministrada a disciplina de Metodologia da Pesquisa, onde efetivamente, os alunos passam a implementar um Projeto de Pesquisa. Daí a preferência pelos semestres citados, uma vez que o os alunos do segundo semestre tiveram um contato recente com a disciplina e os alunos do sexto período já tiveram a oportunidade de colocar em prática as ferramentas metodológicas ao longo do curso. Foram utilizados sessenta questionários estruturados, com perguntas fechadas sobre o nível de conhecimento dos alunos sobre as principais produções acadêmicas exigidas nos cursos de graduação e sobre a qualidade da produção desses trabalhos antes e depois de conhecerem as regras metodológicas científicas. Optou-se por este tipo de instrumento porque através dele, minimizam-se as distorções das respostas registradas na medida em que o pesquisador está Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 119UNIDADE 4 ausente e não exerce influência direta sobre o respondente, além de permitir que os dados sejam disponibilizados para análise em um período relativamente curto. Os questionários foram distribuídos nas turmas e recolhidos após sete dias para a análise posterior. 4 Apresentação e discussão dos dados Dos sessenta instrumentos de pesquisa, foram devolvidos 48, a partir dos quais foram feitas as análises conforme se segue: Com relação ao nível de conhecimento em relação aos objetivos da disciplina de Metodologia Científica ao ingressar na graduação, 42 (87,5%) responderam que não tinham nenhum conhecimento e 6 (12,5%) responderam que tinham um nível regular de conhecimento. Com relação ao nível de conhecimento sobre os objetivos da disciplina de Metodologia Científica, 2 (4,2%) responderam que não tinham nenhum conhecimento, 14 (33,3%) responderam que tinham um nível regular de conhecimento, 30 (62,3%) responderam que tinham um nível bom de conhecimento e 2 (4,2%) responderam que tinham um nível excelente de conhecimento. Quanto ao nível de conhecimento das regras, ferramentas e métodos usados na produção de trabalhos científicos ao ingressar na graduação, 45 (93,7%) responderam que não tinham nenhum conhecimento e 3 (6,3%) responderam que tinham um nível regular de conhecimento. Como consequência desse desconhecimento, surge no acadêmico um sentimento de resistência em relação à maioria das atividades propostas na educação superior que exijam deles um nível maior de comprometimento, disciplina, esforço e organização, justificando as dificuldades enfrentadas pelo docente ao ministrar a disciplina. Quanto ao nível de conhecimento das regras, ferramentas e métodos usados na produção de trabalhos científicos, apenas 2 (4,2%) responderam que não tinham nenhum conhecimento, 38 (79,2%) responderam que têm um nível regular de conhecimento e 8 (16,6%) responderam que têm um nível bom de conhecimento. De acordo com os dados, fica evidente a necessidade de se repensar na inserção da disciplina de Metodologia Científica na matriz curricular do ensino médio, uma vez que, promovida a sua integração com as demais disciplinas, viabilizaria o que deveria ser o objetivo de todas as instituições de ensino: Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 120 UNIDADE 4 estimular a construção criativa de conhecimento pelo aluno. Lima (2004) deixa bem clara essa ideia ao declarar que: a pedagogia de ensino fundada na reprodução indefinida de conhecimentos acumulados, que prevalece no ensino fundamental e médio, frequentemente não capacita técnica, conceptual, teórica e metodologicamente jovens universitários para construir um pensamento crítico e reflexivo mais elaborado (LIMA, (2004). Com relação ao nível de conhecimento das principais produções científicas ao ingressar na graduação, foi obtido o seguinte resultado: 44 (91,6%) não tinham nenhum conhecimento e 4 (8,4%) tinham um conhecimento regular sobre como elaborar um fichamento; 34 (70,8%) não tinham nenhum conhecimento, 14 (29,2%) tinham um nível de conhecimento regular de como elaborar um resumo; 42 (87,5%) não tinham nenhum conhecimento e 6 (12,5%) tinham um nível de conhecimento regular sobre como elaborar uma resenha; 45 (93,7%) não tinham nenhum conhecimento e 3 (6,25%) tinham um nível de conhecimento regular sobre como elaborar um projeto de pesquisa; 46 (95,8%) não tinham nenhum conhecimento e 2 (4,2%) tinham um nível de conhecimento regular sobre como elaborar um artigo científico. Quanto ao nível atual de conhecimento das principais produções científicas foi obtido o seguinte resultado: 2 (4,2%) não tinham nenhum conhecimento, 31 (64,6%) tinham um conhecimento regular e 15 (31,2%) tinham um conhecimento bom de como elaborar um fichamento; 2 (4,2%) não tinham nenhum conhecimento, 31 (64,6%) tinham um nível de conhecimento regular e 15 (31,2%) tinham um nível bom de conhecimento sobre como elaborar um resumo; 2 (4,2%) não tinham nenhum conhecimento, 39 (81,2%) tinham um conhecimento regular e 7 (14,6%) tinham um conhecimento bom de como elaborar uma resenha; 2 (4,2%) não tinham nenhum conhecimento, 43 (89,6%) tinham um nível de conhecimento regular e 3 (6,2%) tinham um nível bom de conhecimento sobre como elaborar um projeto de pesquisa; 2 (4,2%) não tinham nenhum conhecimento e 46 (95,8%) tinham um nível de conhecimento regular sobre como elaborar um artigo científico. O número ainda elevado de nível regular de conhecimento pode ser justificado pela carga horária de duas horas semanais da disciplina, que, sem dúvida, não é suficiente para se trabalhar conceitos teóricos e se fazer uma jornada prática intensiva de produção. Quando questionados se a disciplina de Metodologia Científica ajudou a melhorar o nível de suas produções acadêmicas ao longo do semestre foram obtidas as seguintes respostas: 2 (4,2%) responderam que não, 38 (79,2%) responderam que sim e 8 (16,6%) responderam que em alguns casos a Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 121UNIDADE 4 disciplina os ajudou a melhorar o nível de suas produções. Considerando as dificuldades enfren- tadas pelo jovem que ingressa no nível superior, a metodologia científica surge como instrumento de apoio técnico, teórico e metodológico para as produ- ções que serão desenvolvidas ao longo do seu curso, pois dá ao aluno diretrizes e caminhos mais simplificados e seguros e fornece a eles os instrumentos e técnicas operacionais mais indicados para a produção do conhecimento. 5 Considerações finais A presença de tantas regras, detalhes, indicações rígidas para digitação e formatação do texto, que parecem cercear a liberdade do aluno em pensar e escrever sem nenhuma exigência metodológica, faz com que o estudo de Metodologia Científica nas instituições de ensino superior, raramente, seja bem aceito pelos alunos. A metodologia científica, objetiva mais do que levar o aluno, simplesmente, a elaborar projetos, a desenvolver um trabalho monográfico ou um artigo científico como requisito final e conclusivo de um curso acadêmico. Ela almeja levar o aluno a comunicar-se de forma correta, inteligível, demonstrando um pensamento estruturado,plausível e convincente, através de regras que facilitam e estimulam à prática da leitura, da análise e interpretação de textos e, consequentemente, a formação de juízo de valor, crítica ou apreciação com argumentação válida e coerente. O método, quando incorporado a uma forma de trabalho ou pensamento, leva o indivíduo a adquirir hábitos e posturas diante de si mesmo, do outro e do mundo, que só têm a beneficiar a sua vida tanto profissional quanto social, afetiva, econômica e cultural. Com base em métodos adequados e técnicas apropriadas, o estudante terá condições, a partir da conscientização de um problema, de buscar respostas ou soluções para o mesmo. A atividade científica é, acima de tudo, o resultado de uma atitude do ser humano diante do mundo que o cerca, do qual ele mesmo é parte integrante, para entendê-lo, reconstruí-lo e, consequentemente, torná-lo inteligível. As regras e passos metodológicos que são ensinados na universidade visam, portanto, a inserção do estudante no mundo acadêmico-científico desenvolvendo nele hábitos que o acompanharão por toda a sua vida, como o gosto pela leitura e o espírito crítico maduro e responsável. A disciplina de Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 122 UNIDADE 4 Metodologia Científica ajuda os alunos na experiência de sentirem-se cidadãos, livres e responsáveis e os auxilia a administrar suas emoções, a exercitar o bom senso e a enfrentar desafios na conquista de suas metas. REFERÊNCiAS BALBACHEVSKY, E. A profissão acadêmica no Brasil: as múltiplas facetas de nosso sistema de ensino superior. São Paulo: Editora Funadesp, 1999. BUARQUE, C. A aventura da universidade. São Paulo: Editora da UNESP; Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. CERVO, A.; BREVIAN, P.A. A metodologia científica. São Paulo: McGraw-Hill, 1983. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. LIMA, L. C. Cidadania e educação: adaptação ao mercado competitivo ou participação na democratização. São Paulo: Porto, 2004. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica. São Paulo: Pioneira, 1997. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 123UNIDADE 4 As normas da ABNT associadas ao diálogo teórico: As Citações Além das regras de apresentação e formatação, a ABNT padroniza alguns recursos relacionados ao diálogo com os teóricos, como a citação, a nota de rodapé e as referências. Citação: um Recurso de Diálogo com os Teóricos A citação consiste em um recurso técnico de construção de diálogo com outros estudiosos, no qual o pesquisador faz menção, no corpo do texto, de uma informação extraída de outra fonte (ABNT/NBR 10520, 2002). As citações podem ser indicadas pelo sistema numérico (com inserção de numeração única e consecutiva para todo o documento) ou pelo sistema autor-data (com a inserção do sobrenome do autor ou instituição responsável, seguido da data de publicação do documento). As citações devem fluir normalmente no texto, tecidas à voz do autor do texto com naturalidade e técnica. O nome do autor do texto consultado pode aparecer antes ou depois da citação, dentro do parêntese (em caixa alta) ou fora dele (sem caixa alta). Em todos os casos, a ideia deve ganhar relevância argumentativa para a qual foi utilizada. Existem três tipos de citação: a direta, a indireta e a citação de citação. As citações diretas ou textuais Consistem na transcrição literal das palavras do texto consultado. Devem informar o sobrenome do autor, data de publicação entre parênteses e o número da página. Essa citação remete para referência completa, que figura no final do trabalho. As citações diretas podem ser curtas ou longas. Citação direta curta É a transcrição literal de um trecho com até três linhas de extensão. Nesse caso, a citação deve aparecer entre aspas duplas, com indicação do(s) autor(es), da(s) página(s) e referência à obra consultada. MóDUlO 03 Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 124 UNIDADE 4 Exemplo: Sobre esse assunto, França (2007, p. 107) lembra que “A fonte de onde foi extraída a informação deve ser citada obrigatoriamente, respeitando-se dessa forma os direitos autorais” Ou: Sobre esse assunto, França lembra que “A fonte de onde foi extraída a informação deve ser citada obrigatoriamente, respeitando-se dessa forma os direitos autorais.” (2005, p. 107). Ou ainda: Sobre esse assunto, França lembra que “A fonte de onde foi extraída a informação deve ser citada obrigatoriamente, respeitando-se dessa forma os direitos autorais.” (FRANÇA, 2007, p. 107). Citação direta longa É a transcrição literal de um trecho com extensão superior a três linhas. Nesse caso, a citação aparece com um recuo de 4 cm, espaçamento entrelinha simples, fonte da letra tamanho 10, separado do texto principal com um espaço simples antes e depois. Exemplo: Uma transcrição literal de todos os outros autores. É reproduzida entre aspas ou destacada tipograficamente, exatamente como consta do original, acompanhada de informações sobre a fonte (em respeito à Lei 5.988 de 14 de dez. 1973 que regulamenta os direitos autorais). (FRANÇA, 2007, p.108 - grifos do autor) As citações indiretas ou livres Quando o pesquisador se fundamenta na ideia do texto original e dela faz uma paráfrase, ou seja, registra a ideia com suas palavras. Nesse caso, não são usadas as aspas para indicar a citação, mas, obrigatoriamente, devem ser informados o nome do autor e a data, separados por vírgula. Observação! Em citação indireta, não é obrigatório informar o número da página, mas por de padrão, caso o acadêmico opte pelo uso, deve fazê-lo em todas as citações. A citação de citação Expressão usada para estruturar citações diretas ou indiretas que estão sendo usadas pelo autor da fonte consultada diretamente. Essas expressões são apresentadas no texto, pelo sobrenome Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 125UNIDADE 4 do autor, seguido de apud (citado por) e o sobrenome do autor consultado diretamente. Exemplo: Marinho5 (apud MARCONI e LAKATOS, 2002) apresenta a formulação do problema como uma fase de pesquisa que, sendo bem delimitado, simplifica e facilita a maneira de conduzir a investigação, tendo em vista que o objetivo da pesquisa é esclarecer os caminhos e as etapas por meio dos quais essa realidade se construiu. (5) MARINHO, Pedro. A pesquisa em ciências humanas. Petrópolis: Vozes, 1980. (Esta nota de rodapé explica que o leitor não leu o Marinho diretamente, mas por meio de Marconi e Lakatos. Essa referência não precisa constar da lista ao final do trabalho.) Leia: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação: citações em documentos. Rio de Janeiro, 2002. Para saber mais: 5 MARINHO, Pedro. A pesquisa em ciências humanas. Petrópolis: Vozes, 1980. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 126 UNIDADE 4 A formalização das citações As citações devem fluir normalmente no texto, tecidas à voz do autor do texto com naturalidade e técnica. Como se viu nos exemplos anteriores, o nome do autor do texto pode aparecer antes ou depois da citação, dentro dos parênteses (em caixa alta) ou fora dele (sem caixa alta).Em todos os casos, a ideia deve ganhar relevância argumentativa para a qual foi utilizada. Em função disso, seguem algumas orientações para ajudá-lo na construção desse diálogo. Sinais utilizados nas citações Os sinais gráficos de maior recorrência no texto acadêmico-científico são: a. [sic] – palavra latina que significa “assim”, “deste modo”, chama atenção, em geral com ironia, para uma incorreção; b. ‘Aspas simples’ – parte do texto já estava entre aspas, daí porque foram substituídas por aspas simples; c. [?] – indica dúvida com relação à redação do texto original; d. [...] – significa que houve omissão de uma parte de citação, suspensão; e. [!] – espanto e destaque em citação, logo após o que se pretende enfatizar; f. [pois] – indicar acréscimo da palavra ou comentário no interior dos colchetes; g. [sem grifo no original] –para destacar alguma coisa, quando o grifo não estava presente no texto original; h. (grifo nosso) – para indicar que o pesquisador alterou o texto original com o grifo; Além dos sinais, são usados outros recursos para a formalização das citações, os quais, muitas vezes, são fontes de dúvidas: i. citações de depoimento ou entrevista – as falas são apresentadas no texto seguindo-se as orientações para “Citação direta ou textual” e obedecendo-se a MóDUlO 04 Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 127UNIDADE 4 regra para transcrições com mais de três linhas. j. citação com dois ou três autores – pode-se entrar com os nomes no interior do parágrafo ou fora dele, dentro dos parênteses. Exemplos6 : De acordo com as orientações de Silva e Souza (2012), o sujeito se constitui na linguagem. (citação indireta) Ou: O sujeito se constitui na linguagem (SILVA; SOUZA, 2012). (citação indireta) Silva e Souza defendem que “é na linguagem que o sujeito se constitui” (2012, p. 53). (citação direta) Ou: “É na linguagem que o sujeito se constitui” (SILVA; SOUZA, 2012, p. 53). (citação direta) k. citação com mais de três autores – indica apenas o primeiro nome seguido da expressão et al. Exemplo: Pereira et al conceituam linguagem como uma forma de interação 6 A partir deste ponto, os exemplos desta seção são fictícios. (2011, p. 28). a) citação de vários autores à mesma ideia – mencione os autores, obedecendo à ordem alfabética dos sobrenomes dos autores. Exemplo: Essa mesma ideia acerca da linguagem é compartilhada por Pereira (2011), Silva (2012) e Souza (2010). l. citação de autores com mesmo sobrenome – acrescentam-se as iniciais do nome do autor: Souza, M. L. (2009) e Souza, M. S. (2012); m. citação de um mesmo autor com datas de publicações diferentes – informam-se as datas em ordem cronológica: Os estudos por Leite (1993, 1995 e 2005) são popularmente interpretados, baseando-se em símbolos; n. citação de um mesmo autor com mesmas datas de publicação – acrescenta-se uma letra minúscula após o ano – Leite(2012a, 2012b); o. citação cujo autor é uma entidade coletiva – faz-se a entrada pelo nome da entidade – para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) “qualquer que Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 128 UNIDADE 4 seja o método adotado, deve ser seguido consistentemente ao longo de todo o trabalho, permitindo sua correlação na lista de referências ou em nota de rodapé” (2002, p. 3); p. citação de obras sem indicação de autoria ou responsabilidade – faz-se a entrada pelaprimeira palavra do título seguida de reticências, seguida da data de publicação; Exemplo: “Várias donas de casa têm se dedicado a cursos de economia doméstica” (A ECONOMIA..., 2003, p. 32); q. citação de canais informais (aula, conferência, palestras etc.) – indicar, entre parênteses, a expressão “informação verbal”, mencionando-se os dados disponíveis, em nota de rodapé; Exemplo: Existe uma versão atualizada das normas para apresentação de citações no texto e notas de rodapé (Informação verbal) que poderá auxiliar o autor na redação de documentos técnicos científicos. No rodapé da página, explica-se a fonte; s) citação de obras antigas e reeditadas – cita-se primeiro a data original, separada por barra da data da edição consultada. Exemplo: Freud (1898/1976); r. citação de trabalhos em vias de publicação – informa-se, dentro dos parênteses, a expressão (em fase de elaboração). Com isso, faz-se justiça ao autor e confere credibilidade ao autor do texto; s. citações de jurisprudência - deverão ser feitas com a mesma formatação das citações diretas, com mais de três linhas. Ao final, deverá ser indicado, entre parênteses, três elementos: sigla do tribunal, ano da publicação do acórdão e página do Diário da Justiça. Os demais elementos constarão apenas na lista das referências, no final do trabalho. Exemplo: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. CABIMENTO. É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública. Recurso Especial provido (STJ, 2003, p. 221). Se tiver vários precedentes do mesmo órgão judiciário, publicados no mesmo Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 129UNIDADE 4 ano, deve-se acrescentar uma letrinha após o ano de publicação. Exemplos: (STJ, 2003a, p.245) (STJ, 2003b, p.132). t. citações de normas jurídicas – poderão ser feitas na modalidade direta (preferencialmente) ou indireta. Quando se tratar da citação literal, deverão ser precedidas da expressão in verbis. O art. 5º da Constituição da República dispõe, in verbis: Art. 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à propriedade, nos termos seguintes: (BRASIL, 1988). As Normas da ABNT Associadas ao Diálogo Teórico: As Notas de Rodapé e a Formalização das Referências Nota de Rodapé São algumas informações complemen- tares, cujo teor não deve ser inserido no interior do texto, sob o risco de perder a sequência lógica da leitura. Existem dois tipos de notas de rodapé: as explicativas e as de referência. Notas explicativas – trazem esclareci- mento, tradução ou informações comple- mentares sobre algum termo trabalhado no texto principal. Notas de referência – usadas no caso de citação de citação. Nessa circunstância, o autor deve consultar, nas referências do texto lido, a informação de que precisa e inseri-la apenas na nota de rodapé. As notas são digitadas no final da página, com fonte da letra 10 e entrelinha simples, sendo separadas do texto por um filete de 5 cm. A partir da segunda linha, a nota deve ser alinhada à primeira. Recomenda-se o bom senso no uso das notas de rodapé, tanto no que se refere à quantidade, quanto ao tamanho das notas. Isso evitará que o texto fique com muitas quebras, o que dificulta a leitura. Referências Bibliográficas e de Documentos Eletrônicos – Apresentação Formal – Nbr 6023/2002 Ao longo dos seus estudos, o pesquisador faz inúmeras leituras para a realização do seu trabalho. Essas leituras devem figurar em algum lugar, demonstrando para o futuro leitor quais foram as fontes e os fundamentos teóricos, legais e metodológicos que fundamentaram o pensamento daquele autor. Para facilitar o seu trabalho, segue uma lista de Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico130 UNIDADE 4 modelos de referências bibliográficas e eletrônicas. Alguns modelos de referências bibliográficas e eletrônicas - Livros considerados em um todo (formato convencional) SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título em itálico: subtítulo se houver. Edição. Local (cidade): Editora, data. Número de páginas do livro. ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 20. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. Livros considerados no todo (formato eletrônico) SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título em itálico: subtítulo. Edição. Local (cidade). Descrição física do meio eletrônico (disquete, CD-ROM etc.) ou disponível em: <endereço eletrônico>. Acesso em: dia, mês e ano. ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 20. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. Disponível em: <www.docente.ifrn.edu.br/ albinonunes/...da-ciencia/livro-filosofia- da-ciencia/>. Acesso em: 7 set. 2013. Capítulos de livros (com autoria diferente) SOBRENOME DO AUTOR DO CAPÍTULO, Prenome. Título do capítulo. In: SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título: subtítulo. Edição. Local: Editora, data. Capítulo, páginas inicial-final. BATISTA JUNIOR, João. Direitos e deveres do consumidor. In: PASSOS, Antônio (Coord.). Curso de direito do consumidor. 11 .ed. São Paulo: Nobel, 1995. cap. 4 , p. 242-278. Monografias, dissertações e teses (formato convencional) SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título em itálico: subtítulo. Ano de apresentação. Número de páginas. Tipo do documento (monografia, dissertação, tese), o grau, a vinculação acadêmica, local e a data da defesa. FONTANA, Sergio. Guia de obras de metodologia científica. 1999. 135 f. Monografia (Graduação) – Curso de Biblioteconomia e Documentação – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 131UNIDADE 4 Monografias, dissertações e teses (formato eletrônico) FONTANA, Sergio. Guia de obras de metodologia científica. 2004. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Faculdade de Biblioteconomia e Documentação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. CD-ROM. Legislação (formato convencional) JURISDIÇÃO (Nome do país, estado ou município) ou NOME DA ENTIDADE (no caso de normas). Título, numeração e data (dia, mês e ano). Elementos comple- mentares para melhor identificação dos documentos (se necessário). Dados da publicação que transcreveu o documento. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. 292 p. Legislação (formato eletrônico) JURISDIÇÃO (Nome do país, estado ou município) ou NOME DA ENTIDADE (no caso de normas). Título, numeração e data (dia, mês e ano). Dados da publicação que transcreveu o documento. Descrição física do meio eletrônico (CD-ROM, disquete, etc.) ou disponível em:<endereço eletrônico>. Acesso em: dia, mês e ano (para documentos online) BRASIL. Congresso Nacional. Lei n. 10.121 de 23 de agosto de 2001. Cria processo de compras de...Diário Oficial da União. Brasília, DF, 24 de agosto de 2001. Seção 1. Disponível em: <http:www.in.gov.br>. Acesso em: 27 dez. 2012. Jurisprudência (formato convencional) JURISDIÇÃO (Nome do país, estado ou município) e Órgão judiciário competente. Título (natureza da decisão ou ementa) e número. Partes envolvidas (se houver). Relator. Local, data (dia, mês e ano). Dados da publicação que transcreveu o documento. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. 292 p. Jurisprudência (formato eletrônico) JURISDIÇÃO (Nome do país, estado ou município) e Órgão judiciário competente. Título (natureza da decisão ou ementa) e número. Partes envolvidas (se houver). Relator. Local, data (dia, mês e ano). Dados da publicação que transcreveu o documento. Descrição física do meio eletrônico (CD-ROM, disquete, etc.) ou Disponível em:<endereço eletrônico>. Acesso em: dia mês e ano (para os documentos online). Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 132 UNIDADE 4 SÃO PAULO (Estado). Tribunal de Alçada Civil. Nula é a ação de cobrança dirigida contra quem, como mandatário, emitiu cheque. Ação rescisória n. 186.609. Marcos Pires Alvim. São Paulo, v.463, p. 158-159, maio 1974. Disponível em: <http:/www.rt.com.br/júris/júris/.htm>. Acesso em 23 dez. 2012. Vários outros documentos têm a estrutura normalizada pela ABNT/NBR 6023/2002. Caso seja necessário informá-los em sua pesquisa, é recomendável consultar a norma. Assista à videoaula com este conteúdo. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:Informação e documentação: referências. Rio de Janeiro, 2002. Para saber mais: Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 133UNIDADE 4 Leitura e análise de um paper A pseudociência nas universidades brasileiras Widson Porto Reis1 1 Widson Porto Reis é Engenheiro Metalúrgico, mestre em Ciências dos Materiais e ex-professor do Instituto Militar de Engenharia 1 introdução A pseudociência chegou à última fronteira do pensamento crítico. Depois que os mapas astrológicos se espalharam pelas revistas femininas e o feng-shui e a radiestesia fincaram pé nas revistas de decoração; depois que a homeopatia tornou-se prática médica reconhecida e a memória da água virou citação comum nas revistas de ciência; depois que as correntes de e-mail convenceram os legisladores de um estado brasileiro que o uso de celulares deveria ser proibido nos postos de gasolina e enquanto o criacionismo se avizinha das aulas de ciência das escolas públicas de outro estado... agora a pseudociência e o pensamento mágico travestido de ciência chegaram à universidade. 2 O problema O fato não é realmente novo, mas nunca antes se viu tantas atividades vindas de dentro da universidade destinadas a difundir e legitimar a pseudociência. A cada dia surgem na imprensa notícias de novos cursos de extensão, pós-graduação e até mesmo graduação, pesquisas científicas, palestras e seminários promovendo as pseudociências. A universidade privada já é terra arrasada há tempos. Com um estrito compromisso com o lucro, a universidade particular oferece ao cliente o que ele quiser. Assim, podem-se encontrar cursos de pós-graduação e de extensão em praticamente qualquer pseudociência que se imagine: “Astrologia Clínica” na respeitada Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e “Astrologia Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 134 UNIDADE 4 Aplicada na Gestão de Pessoas” na UBC; “Terapias Naturais e Holísticas” na Universidade Castelo Branco; “Feng-Shui” na Universidade Veiga de Almeida; “I-Ching” na Faculdade Cândido Mendes; “Florais de Bach” na Faculdade Helio Afonso (FACHA) e na Estácio de Sá (UNESA); Reflexologia na UNISUL... só para citar uma minúscula fração dos cursos oferecidos. Mas é quando a pseudociência passa a ser difundida com o dinheiro público que a situação se agrava. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por exemplo, ministra regularmente cursos de extensão em Reiki – técnica oriental de cura com as mãos – Aromaterapia e Mandalas. Os cursos são oferecidos pelo CCSA, Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Já a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), certamente uma dasmais conceituadas universidades do país, é a instituição pública brasileira com a maior oferta de cursos de extensão para a formação de profissionais esotéricos: “Terapia Floral”, “Fisiologia Chinesa e Práticas Energéticas”, “Astrologia, Corpo e Saúde”, “Cromoterapia” e especialmente o “Ecologia da Mente”, guarda-chuva místico sob o qual se abrigam Radiestesia, I-Ching, Feng-Shui e Tarô. Para ser honesto, nenhum dos cursos citados causaria estranheza no triste cenário atual não fosse o fato de estarem catalogados na área de “Ciências da Saúde” e serem oferecidos pela Divisão de Ensino, Pesquisa e Extensão do Hospital Escola São Francisco de Assis. De fato, um dos projetos em andamento neste hospital universitário é a implantação destas técnicas no tratamento dos pacientes, buscando a “redução de custos hospitalares e melhoria da qualidade de vida e saúde (...) aprofundando e construindo o conhecimento das terapias naturais numa perspectiva multidisciplinar”. Depois de ganhar os cursos de extensão, a pseudociência chegou à graduação. Já se espalham pelo país os cursos superiores em naturologia. A princípio a proposta parece inatacável. Afinal, seria muito bem vindo um profissional que pudesse reescrever tratamentos naturais reconhecidamente eficazes, separando-os de inócuos, e às vezes perigosos, curandeirismos. Mas como todo cético escaldado sabe, o rótulo de Terapias naturais geralmente é uma fachada para as velhas esotéricas técnicas “milenares”. Realmente, uma análise mais cuidadosa do programa desses cursos revela o que se espera: radiestesia, florais de Bach, cromoterapia e reflexoterapia são algumas das disciplinas que um bom naturólogo terá em seu currículo. Além das terapias naturais e artes divinatórias, também a religião vem ganhando espaço na universidade, o que não Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 135UNIDADE 4 seria problema nenhum desde que a ocupação não se desse no território das ciências. Uma destas iniciativas está na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, que criou em 2001 o NIETE - Núcleo Interdisciplinar de Estudos Transdisciplinares Sobre Espiritualidade, atualmente coordenado pela a professora Malvina do Amaral Dorneles. Uma das atividades recentes do NIETE foi estabelecer uma parceria com a Sociedade Brasileira de Apometria para a formação de um grupo de estudos em apometria (GEPEA), a fim de “contribuir para a promoção da saúde da população de nossa comunidade (...) inserindo-se nas discussões contemporâneas da Organização Mundial da Saúde”. Bem, para quem não conhece, a apometria é uma técnica espírita, controversa mesmo entre os adeptos desta religião, que consiste em aplicar “pulsos magnéticos concentrados e progressivos no corpo astral do paciente”. Cursos de apometria incluem técnicas de desobssessão (exorcismo) e defesa contra vampirismo e espíritos parasitas. Outro filhote do NIETE é o Grupo Psi-Alfa-Ômega, coordenado pelo professor da UFGRS, Cícero Marcos Teixeira. Um das principais linhas de pesquisa do grupo é a Transcomunicação Instrumental (TI), a arte de receber mensagens do além através de ondas de rádio ou televisão. Quem pratica, jura que pode captar mensagens dos mortos nos ruídos de velhos rádios valvulados ou ver espíritos em difusas imagens de televisão; um update do velho mito das mensagens subliminares em discos de rock. “Queremos contribuir em termos acadêmicos para a compreensão do ser humano, uma vez que ele não vive somente no plano físico”, diz Cícero, que também é autor do livro “Internautas do Além”. Já na UNIFESP, o biólogo Ricardo Monezzi defendeu sua dissertação de mestrado: “Avaliação de efeitos da prática do Reiki sobre o sistema imunológico de camundongos machos”. No estudo, um terço do grupo de ratos recebia tratamento por impostação de mãos, outro terço tinha uma luva colocada sobre as gaiolas (para simular a impostação) e o restante não recebia nenhum tipo de tratamento. Ao final do experimento, Monezzi detectou um aumento do número de linfócitos e monócitos dos ratos submetidos ao tratamento. O trabalho já seria controverso o bastante sem a afirmação non sense com que foi divulgado por Monezzi na imprensa: “O corpo humano é um emissor de energias que ainda não foram qualificadas, mas exames como o eletrocardiograma e eletroencefalograma mostram que existem”. O estudo de Monezzi, mesmo sem ter sido replicado por nenhum outro pesquisador, é utilizado pelo Gente Com Saúde, Grupo de Meditação e Técnicas Complementares em Saúde, da UNIFESP, na promoção do curso de extensão do Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 136 UNIDADE 4 Centro de Aperfeiçoamento em Saúde: “Gerenciamento das doenças através do REIKI/impostação das mãos”, do qual, aliás, Monezzi é professor. 3 O caso UNB Neste quadro, a Universidade de Brasília certamente representa o caso mais grave. Esta prestigiada instituição, sediada na capital do País, criou em 1989 o Núcleo de Estudos de Fenômenos Paranormais (NEFP), ligado ao CEAM - Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares. O que parecia uma interessante iniciativa acabou se revelando um verdadeiro cavalo de troia, com o qual astrólogos, radiestesistas, ufólogos, médiuns, entortadores de colheres e outros tantos vêm invadindo a academia, utilizando-a para difundir suas crenças pessoais. O coordenador do NEFP é o engenheiro civil e astrólogo, Paulo Celso dos Reis Gomes. Paulo Celso é autor do trabalho “Verificação dos efeitos das posições dos astros na eclíptica com respeito à formação do homem e seu cotidiano”. Na pesquisa, os astrólogos (os próprios autores) confeccionaram o mapa astral de 100 voluntários conhecendo apenas as datas e locais de nascimento de cada um. Depois de receber seu perfil astrológico, os voluntários preencheram um questionário onde pontuaram, numa escala de 1 a 5, o grau de acerto ou relevância de cada uma das características levantadas. Somente 40 dos 100questionários foram analisados; destes, os pesquisadores verificaram o impressionante índice de 95% de acertos. É evidente que a única coisa que o estudo de Paulo Celso mediu foi a capacidade que as pessoas têm de se identificar com perfis vagos, especialmente os positivos e lisonjeiros, sobre si mesmas – o velho conhecido Efeito Forer. Esta falha grosseira de metodologia, contudo, não ficou no caminho do NEFP, que assim mesmo divulgou o trabalho nos maiores meios de comunicação do país. O astrólogo Francisco Seabra, também membro do NEFP, chegou a declarar à revista ISTOÉ, segunda maior revista de notícias do país: “A universidade faz uma revolução ao reconhecer que a astrologia é uma ciência”. A bisonha afirmação só revela o desconhecimento de Seabra sobre o que é ciência. Um dos objetivos confessos do NEFP é trabalhar para a “sistematização da Astrologia e sua inclusão no rol das ciências oficiais”. Neste esforço já se encontra em sua quarta edição o Curso de Astrologia para Pesquisadores, promovido pela UnB e coordenado por Hiroshi Masuda, outro membro do NEFP. O curso tem uma missão bem definida: “formar astrólogos pesquisadores que Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 137UNIDADE 4 venham a comprovar, de forma racional, os fundamentos da astrologia”. Firme em sua missão, recentemente, o NEFP conseguiu aprovara realização do “1º Encontro Nacional de Astrologia”, ocorrido em agosto deste ano. O tema central do encontro foi a capciosa pergunta “Até que ponto a astrologia deve ser entendida como ciência?”. Francisco Seabra declarou a imprensa meses antes: “Vamos debater pesquisas que têm contribuído para aproximar o conceito astrológico do conceito científico”. Como se vê, a rigor não teria sido um debate muito amplo... O vice coordenador do NEFP é físico PhD Álvaro Luis Tronconi. Pródigo em alegações que desafiam o bom senso, Tronconi já entregou à imprensa pérolas como: “Queremos saber por que a força do pensamento desorganiza a configuração dos átomos dos metais e se ela pode ser identificada e calculada como se faz com a energia elétrica, que não conhecemos por inteiro, mas todos acreditam que existe e a usam”, e “Se podemos melhorar nossa oratória, também podemos dominar a bioenergia e usá-la para nos teletransportar ou curar doenças”. O objeto de estudo de Tronconi é o famoso paranormal brasileiro Luiz Carlos Amorim que, assim como o paranormal ícone dos anos 70, Uri Geller, exercita seus poderes em talheres e ganha a vida como oráculo de políticos, atores e qualquer um que possa pagar seus gordos cachês. Na verdade, Tronconi e os demais pesquisadores do NEFP parecem considerar as habilidades paranormais de Amorim suficientemente demonstradas, já que o convidaram em2003 a apresentar seus poderes durante uma palestra na UnB. Segundo a assessoria de imprensa da UnB, a demonstração foi um fiasco. A plateia, constituída em sua maioria pelos estudantes da universidade, compareceu decidida a desmascarar o paranormal e conseguiram fazê-lo perder a compostura (e aparentemente os poderes) em mais de uma ocasião - um interessante caso em que os alunos demonstraram mais senso crítico que seus professores. Como seria de se esperar, também este pequeno obstáculo de credibilidade não ficou no caminho do NEFP, que manteve agendado o curso “Despertando o Eu Paranormal” que Amorim ministraria na universidade. (O valor de aproximadamente 100 dólares que o interessado deveria desembolsar pelo curso pode ser visto como um grande investimento, já que aumentar a sorte em bingos e loterias é uma das artes que Amorim ensina em seus cursos.) A relação de Luiz Carlos Amorim com o NEFP vem de longa data. O ex-coordenador do Núcleo, o psicólogo Joston Miguel Silva, estudou durante oito anos 13 pessoas que diziam possuir alguma habilidade paranormal, entre eles Amorim e Thomas Green Morton, outro paranormal Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 138 UNIDADE 4 brasileiro badalado entre os famosos. Dos 13, o pesquisador da UnB confirmou as habilidades de cinco. Outros cinco tiveram seus poderes parcialmente comprovados esobre os três restantes não houve nenhuma conclusão. A técnica de Joston para validar os paranormais? A kirliangrafia, em que se usa uma Máquina Kirlian para fotografar a aura do sujeito. O interesse do vice-coordenador do NEFP, pelo estudo da paranormalidade nasceu de uma marcante experiência pessoal. Tronconi atribui a cura de uma hérnia- de-disco ao poder mental da enfermeira que o tratou utilizando passes de mão. Arrebatado pela experiência, Tronconi hoje é coordenador e professor do curso de extensão “Ensaios Parapsíquicos”, promovido pela UnB. O programa do curso é um pout pouri esotérico envolvendo viagem astral, regressão a vidas passadas, kirliangrafia, chacras, interpretação de sonhos, retrocognição e outros assuntos que nos fazem imaginar como são as aulas de física que Tronconi leciona na universidade. 4 Onde está o limite? Criticar qualquer tipo de pesquisa na universidade é caminhar em uma linha muito tênue.Uma escorregadela e se atravessa para o lado do preconceito e do patrulhamento da liberdade acadêmica. Por isso é importante responder muito claramente: por que a presença da pseudociência na universidade é tão nociva? Como ponto de partida é preciso deixar claro que nenhum tema jamais deve ser considerado tabu na universidade. Muito pelo contrário. As pesquisas acadêmicas sobre as pseudociências são o necessário ferramental para o cético que promove a razão e o pensamento crítico. Afinal não se deve esperar que as alegações da astrologia e outras artes divinatórias, de diversas terapias alternativas e de inúmeros fenômenos paranormais sejam descartadas somente por desafiar o senso comum. Pesquisar é preciso. O que torna o quadro atual preocupante é que o que se está fazendo em grande parte dentro da universidade não é Somente pseudociência, é ciência ruim; ciência ruim em nome da legitimização da pseudociência. Os astrólogos, ufólogos, terapeutas alternativos e religiosos que vêm utilizando o nome da universidade em suas pesquisas não estão em busca da verdade, mas apenas da validação, custe o que custar, de suas crenças pessoais. Estes pesquisadores invertem o caminho que devem trilhar as novas ideias e levam suas controversas pesquisas aos meios de comunicação leigos antes de fazê-las chegar aos periódicos científicos, onde poderiam ser avaliados por seus pares. Na verdade, bem poucos destes trabalhos Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 139UNIDADE 4 chegam a ver a luz de uma revista peer-review. Trabalhos com resultados extraordinários, que se verdadeiros fossem obrigariam a ciência a rever seus conceitos mais básicos e introduzir novas entidades, forças e “energias”, são divulgados entusiasticamente sem a devida análise crítica dos resultados e sem que as potenciais fontes de erros sejam apontadas. Citações bibliográficas são seletivas e simplesmente ignoram toda a massa de dados, geralmente abundante nestes casos, que se opõem à visão dos autores. Acima de tudo não há replicação dos trabalhos; um único resultado favorável é considerado suficiente para confirmar as hipóteses do ansioso autor – muito pouco para quem está dirigindo na contramão do conhecimento estabelecido. O que estes pesquisadores estão fazendo é o que Richard Feynman chamava de “ciência de culto a carga”: algo que usa a linguagem científica, que segue os preceitos básicos do método científico e que até mesmo parece ciência – pelo menos tanto quanto um boneco parece um homem – mas no qual falta um elemento fundamental: integridade científica. Mas a universidade também contribui para a legitimação do pensamento mágico quando serve de fórum para debate com a pseudociência. Tome-se como exemplo a recente palestra sobre “criacionismo científico” (uma contradição a partir do título) ocorrida na Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP) sob (tímidos) protestos da comunidade científica. Sabe-se que para o criacionismo não interessa o resultado do debate, mas apenas ser debatido; o simples fato de ocupar o palanque em uma grande universidade e ser ouvido pela elite intelectual do país já empresta ao movimento criacionista a imagem de cientificismo que ele tanto busca para se colocar como alternativa ao ensino da evolução. Novamente, não se trata de impor nenhum tipo de censura ou de “inquisição sem fogueiras”- como rapidamente protestam os que se consideram censurados ou perseguidos. Mas permitir que tudo seja dito em nome da ciência e esperar que as evidências falem por si mesmas, decididamente não funciona em um paísonde grassa a ignorância científica e onde a mídia, vilã e vítima, notícia apenas a parte sensacional da notícia. Além disso, mesmo o mais ferrenho defensor da liberdade irrestrita de expressão concordará com o cético mais radical que há uma linha em algum lugar entre, por exemplo, a quiromancia e a acupuntura. Onde está a linha descobre-se checando-se as evidências e não emprestando o púlpito à primeira cigana interessada. E evidentemente ninguém está mais apto a investigar evidências do que a universidade. Por fim, é preciso lembrar que a crença Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 140 UNIDADE 4 em certas pseudociências traz um ônus para a sociedade. Este ônus pode não ser óbvio enquanto a astrologia fica restrita aos inocentes horóscopos das páginas dos jornais e o feng-shui às revistas de decoração. Mas e quando mapas astrológicos estiverem sendo usados em entrevistas de emprego ou nas salas dos tribunais? Alguém gostaria de perder um emprego ou uma causa judicial por causa da hora em que foi retirado da barriga de sua mãe? E quando pêndulos estiverem auxiliando os diagnósticos médicos e a imposição de mãos for prática comum nos hospitais públicos, no lugar dos tratamentos convencionais? E quando tudo isso estiver acontecendo porque a universidade deu a astrólogos e radiestesistas a mesma credibilidade profissional de engenheiros e médicos? Quanto tempo ainda temos até que cirurgias espirituais, devidamente abalizadas pelas pesquisas “científicas” da academia, sejam cobertas pelos planos de saúde? É bom lembrar que no Brasil, a homeopatia já chegou lá. 5 A causa O Brasil tem um quadro desanimador no que diz respeito ao combate à pseudociência. O movimento cético no país é um fenômeno relativamente recente, 100% amador e que não surgiu dentro da universidade e sim na internet em torno de grupos de discussão e uns poucos sites. Sendo um grupo formado em sua maioria por jovens ainda sem credenciais científicas, o Movimento Cético Brasileiro, se podemos chamá-lo assim, sofre por falta de credibilidade, o que até agora tem lhe permitido atingir apenas de raspão a mídia. Já a comunidade científica nacional está muito mais ocupada em concorrer pelos minguados recursos oficiais e lutar contra as dificuldades diárias de infraestrutura, sucateamento de laboratórios, cargas horárias excessivas e toda a sorte de problemas, do que em combater voluntariamente a penetração da pseudociência em seu quintal. Mas não faltam apenas as pessoas para combater o pensamento mágico, faltam os meios de divulgação. Dizer que as revistas de ciência no Brasil são tolerantes com as pseudociências é dizer pouco. Dizer muito seria chamar de “revistas de ciência”, revistas que já produziram suplementos especiais sobre astrologia e feng-shui. Sobre este tema Allan Novaes em seu artigo “Ciência em crise, jornalismo em queda?” mostra que, de 2000 a 2004, 75% das capas da revista Superinteressante, maior revista de seu gênero no Brasil, foram sobre ciências sociais ou humanas e 42% foram de temas religiosos, místicos ou pseudocientíficos. Aqui, a crise do jornalismo científico se confunde a tal ponto com a da infiltração Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 141UNIDADE 4 da pseudociência nas universidades que fica difícil distinguir causa e efeito. Há outros motivos por que pseudociências e misticismos encontraram um terreno fértil nas universidades. O Brasil é um país que respira religiosidade, e onde existe uma mistura, talvez única no mundo, de religiões, cultos e seitas. Projetos de pesquisa e extensão como os que a UnB, UFRJ e UFRGS vêm realizando são populares porque mostram uma aproximação entre ciência e espiritualidade que muitos acreditam ser saudável. A ideia de que a ciência deveria dar as mãos à religião em uma espécie de “retorno às origens”, e que deste casamento forçado entre o materialismo e o espiritualismo nasceria o melhor dos dois mundos é muito promovida pelas ciências humanas e bastante apreciada pelo público leigo. Condenar esta promiscuidade científico-místico- religiosa, modernamente camuflada por palavras como “interdisciplinaridade” e “multidisciplinaridade”, tem soado cada vez mais politicamente incorreto, e os cientistas não raro o evitam. Some-se a este quadro a natureza do povo brasileiro, hábil em conciliar o inconciliável – por exemplo, no sincretismo religioso que mescla os cultos africanos com o cristianismo – e sua aversão a qualquer tipo de confronto que possa ser levemente confundido com intolerância religiosa. O que nos leva a maior de todas as causas para disseminação da pseudociência nas universidades: o Relativismo. O Relativismo é a ideia de que todos os saberes são apenas de opinião, fruto do seu contexto histórico e social. O relativista acredita que todos os pontos de vista são igualmente válidos e vê a ciência apenas como mais uma maneira e representar o mundo, em pé de igualdade com a não ciência. A verdade científica, nesta onda relativista, é vista apenas como um produto social, uma democrática, de consenso da maioria. Desta maneira as teorias mais exóticas tornam-se irrepreensíveis e passam a ser escudadas por bordões como: “Você tem a sua opinião, eu tenho a minha” ou “tudo é relativo”. Novamente torna-se uma imperdoável intolerância criticar qualquer saber, por mais primitivo e desligado da realidade que seja. Francamente impulsionado pelas ciências humanas e sociais, esse relativismo paralisante não reconhece como final nenhum conhecimento científico (o que rigorosamente falando não é mesmo), mas tampouco descarta nenhuma alegação extraordinária; tudo pode ser, como pode não ser. Se a ciência ainda não comprovou a eficácia daquela “técnica milenar”, o problema é da ciência; dê-lhe mais alguns milênios e ela chegará lá. Métodos para normalização de trabalhos acadêmico-científico 142 UNIDADE 4 5 Conclusão (temporária) Não se propõe com este trabalho nenhum tipo de censura à produção universitária, mesmo em se tratando de fenômenos supostamente paranormais, místicos ou esotéricos; pelo contrário este trabalho propõe o acirramento da discussão sobre estes fenômenos, mas definindo o escopo e o valor da Ciência, que parece ter se esmaecido em algum lugar do passado. Acima de tudo este trabalho propõe o estabelecimento de políticas vindas de dentro dos comitês universitários, que restrinjam o impacto de pesquisas levianas, sejam elas naquilo que hoje se considera pseudociência ou não. Este trabalho propõe que núcleos de pesquisa de borda, como o NEFP e o NIETE, sejam julgados periodicamente por sua produção científica, publicada em revistas indexadas e que isso determine seu subsidiamento pela universidade pública; isto sempre foi sinônimo de pesquisa de qualidade em qualquer área e a pesquisa em fenômenos paranormais não deve ser exceção. E, finalmente, este trabalho sugere que cursos de extensão e pós graduação em terapias médicas alternativas promovidas pelas ciências da saúde, sejam julgados e aprovados por comitês multidisciplinares (similares aos comitês de ética, normalmente requeridos para aprovar estudos que trabalham com populações) que possam atestar a cientificidade e segurança das técnicas ensinadas. No mínimo, isso servirá para mover estas terapias alternativaspara fora do escopo da ciência. Fonte: REIS, Widson Porto. A Pseudociência nas Universidades Brasileiras. In: Primeira Conferência Iberoamericana sobre Pensamento Crítico da revista Pensar, 2005. Argentina. Disponível em: <http:// www.scr ibd.com/doc/2345567/A- pseudociencia-nas-universidades>. Acesso em: 06 set. 2013. Faculdade Presidente Antônio Carlos de Barbacena 143UNIDADE 4 Nesta unidade discutimos primeiramente como deve ser a organização estrutural do texto, na sequência a necessidade de se efetuar revisões bibliográficas de forma rigorosa. Em continuidade apresentamos as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas e sua padronização ao diálogo teórico. E por fim e não menos importante vimos que a citações devem fluir de forma harmoniosa, para isto verificamos como é feita a formalização das citações. RESUMO DA UNiDADE http://www.fupac.edu.br Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ipatinga _GoBack Ementa Currículo Resumido do Professor Bibliografia Utilizada Unidade 1 Os Vários Tipos de Conhecimento e o Conhecimento Científico Módulo 01 Os vários tipos de conhecimento Módulo 02 O conhecimento científico e suas características Módulo 03 As ações processuais da construção científica Módulo 04 Fichamento: o que é e como se faz? Resumo: o que é e como se faz? Resumo da Unidade Unidade 2 Módulo 01 A leitura de textos técnicos Terminologias definidas pela ABNT Módulo 02 Primeira fase do trabalho: planejamento Módulo 03 Segunda fase do trabalho: a pesquisa Módulo 04 A abordagem adequada à pesquisa Identificando o universo, a amostra e os sujeitos da pesquisa Resumo da Unidade Unidade 3 Confeccionando o Trabalho Científico Módulo 01 Terceira fase do trabalho: o relato Elementos pré-textuais Elementos pós-textuais Módulo 02 A apresentação gráfica do texto segundo a ABNT Módulo 03 Paginação Módulo 04 Numeração progressiva Resumo da Unidade Unidade 4 Módulo 01 Organização estrutural do texto Módulo 02 Revisões bibliográficas rigorosas Um artigo científico – leitura e análise A importância da disciplina de metodologia científica no desenvolvimento de produções acadêmicas de qualidade no nível superior Módulo 03 As normas da ABNT associadas ao diálogo teórico: Módulo 04 A formalização das citações Leitura e análise de um paper A pseudociência nas universidades brasileiras Resumo da Unidade