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Apostila 1 Introdução e Classificação das Obrigações 1

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INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
 
Ao elaborar o CC/2002, o legislador baseou-se em três princípios 
basilares, quais sejam: 
 
- Operabilidade – o código é operável, de fácil manuseio; voltado para o indivíduo, que 
deve ser capaz de entender o que consta na lei. Exemplo: separação dos prazos 
prescricionais e decadenciais (no código de 1916 havia apenas um artigo para todos 
os prazos – prescricionais e decadenciais). 
 
- Eticidade: as relações devem ser éticas; as pessoas devem agir de boa-fé, de 
maneira ética entre si, especialmente no âmbito contratual. Este princípio aproxima-se 
bastante do princípio da boa-fé objetiva. 
 
- Socialidade: o CC/2002 está profundamente preocupado com a função social. Todo 
contrato gera obrigações e direitos recíprocos, que devem ser exercidos sob a ótica da 
função social do contrato e da boa-fé objetiva. Enfim, em atenção ao princípio da 
socialidade, se o contrato não atender sua função social ele não precisa ser cumprido. 
 
De acordo com a boa-fé objetiva, as partes devem cumprir os deveres 
anexos do contrato, ou seja, aqueles que não estão expressamente escritos, mas que 
são acessórios ao contrato. Por exemplo: contrato de prestação de serviços 
advocatícios – o dever principal do devedor é pagar o valor acordado e do credor é 
prestar o serviço contratado, o dever anexo é o dever de sigilo. 
 
De acordo com a função social do contrato, o contrato deve ser 
bom/razoável para as partes contratantes e para a sociedade, sob pena de ser 
resolvido/extinto ou adequado a uma realidade mais justa. É a mitigação do pacta sunt 
servanda ("os pactos devem ser respeitados"; "os acordos devem ser cumpridos"; é a 
observância do que foi estritamente pactuado). Mais importante que a contratação é 
que o contrato seja justo. Exemplo: art. 473, parágrafo único do CC – um cidadão 
aluga um imóvel comercial por um ano, mas faz uma reforma que dura dez meses e 
após dois meses de funcionamento do estabelecimento o locatário notifica para que o 
locatário se retire do imóvel – é um direito dele, pois o contrato vencia em 12 meses, 
mas não é justo, devendo aguardar um prazo para que a outra parte tenha tempo de 
se recuperar dos investimentos realizados no imóvel. Ver art. 187 do CC 
(razoabilidade no exercício de direito). 
 
Nas palavras de Pablo Stolze, o Direito das Obrigações trata-se de um 
“conjunto de normas e princípios jurídicos reguladores das relações patrimoniais entre 
um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de 
cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer”. 
 
Portanto, a obrigação é uma relação jurídica transitória existente entre um 
sujeito ativo (credor) e um sujeito passivo (devedor) e cujo conteúdo é uma prestação. 
E, no caso de inadimplemento, poderá o credor satisfazer-se no patrimônio do 
devedor, cobrando, inclusive multas, juros e correção monetária. 
 
Este ramo do direito trata da relação jurídica entre credor e devedor e não 
entre pessoas e bens. A finalidade da obrigação é o cumprimento da prestação, ou 
seja, a satisfação do credor. Enfim, o objeto imediato da obrigação é o cumprimento 
da prestação (atividade do devedor) e não a coisa em si (o dinheiro, o imóvel, etc). 
 
Por exemplo, quando duas pessoas firmam um contrato de prestação de 
serviços, o sujeito realiza a atividade contratada, tornando-se credor da quantia de R$ 
100,00 (valor contratado), esse direito não traduz poder sobre a quantia (R$ 100,00), 
mas sim a pretensão do cumprimento da prestação devida pelo devedor. 
 
Nesta linha de raciocínio, é correto dizer que enquanto os direitos reais 
(afeta a coisa diretamente) são tratados pelo Direito das Coisas/Reais (posse, 
propriedade, etc), os direitos de crédito (exigir o cumprimento de determinada pessoa) 
integram o estudo do Direito das Obrigações. 
 
Os Direitos Reais e Obrigacionais possuem nítidas distinções e passamos 
a apontar algumas destas diferenças: 
 
a) Em relação ao sujeito de direito: no direito de crédito (pessoal) sempre existirá 
a dualidade de sujeitos (credor e devedor), enquanto no direito real há apenas um 
sujeito e sua relação com a coisa. 
b) Quanto à ação: quando violado um direito pessoal, a pessoa poderá direcionar 
sua ação apenas contra o indivíduo que figura na relação como sujeito passivo 
(devedor), enquanto quando um direito real for violado, o titular da ação real poderá 
ingressar contra quem detiver a coisa. 
c) Relativamente ao objeto: o objeto do direito pessoal é sempre a prestação do 
devedor (cumprimento de uma obrigação), enquanto no direito real o objeto pode ser 
coisa corpórea ou incorpórea. 
d) Em relação ao limite: o direito pessoal é ilimitado, ou seja, permite-se a criação 
de figuras contratuais não previstos na lei (contratos inominados e contratos 
nominados), enquanto o direito real não pode ser objeto de livre convenção, estando 
limitado e regulado na lei, não havendo a possibilidade de as partes estipularem 
direitos reais não previstos na lei (imposição de tipos). 
e) Quanto ao modo de gozar os direitos: o direito pessoal exige a figura de um 
intermediário, que é aquele que está obrigado à prestação, enquanto no direito real há 
o exercício direto pelo titular do direito sobre a coisa. 
f) Em relação à extinção: os direitos de crédito (pessoais) extinguem-se pela 
inércia do sujeito, enquanto os direitos reais conservam-se até que se constitua uma 
situação contrária em proveito de outro titular. 
Fica claro que interessa ao Direito das Obrigações apenas o estudo das 
relações jurídicas obrigacionais existentes entre um devedor e um credor, enquanto no 
Direito das Coisas, interessa a relação e direito de natureza real (do bem em si). 
 
1 – Fontes das Obrigações: 
 
Fonte da obrigação é a causa geradora desta, é o fato jurídico que 
desencadeou o dever de prestar. 
 
A fonte imediata de qualquer obrigação é a lei, mas sempre haverá 
situação fática (fonte mediata) entre o comando legal e os efeitos obrigacionais 
deflagrados. Por exemplo: o dever do pai de prestar alimentos ao filho: a fonte 
imediata (a previsão legal) e o parentesco entre o pai e o filho é a fonte mediata da 
obrigação (causa determinante da prestação). 
 
As fontes mediatas podem ser classificadas em: 
 
a) Atos jurídicos negociais: contratos, testamentos, declarações unilaterais de 
vontade. O contrato é a maior fonte das obrigações, pois está presente em nossa vida 
a todo tempo, seja contratos verbais ou escritos. Nasce um contrato, nasce uma 
obrigação entre devedor e credor. 
 
b) Atos jurídicos não negociais: são os atos jurídicos em sentido estrito (os efeitos 
independem das partes, pois estão previstos na lei – ex: reconhecimento de 
paternidade), ou seja, o simples comportamento humano produz efeitos na esfera 
jurídica. 
 
c) Atos ilícitos, inclusive o abuso de direito e o enriquecimento ilícito. O ato ilícito é 
o comportamento humano voluntário contrário ao direito que causa prejuízo material 
ou moral a alguém. Ver art. 948, II do CC. 
 
2 – Elementos Constitutivos das Relações Obrigacionais: 
 
A relação obrigacional é composta por três elementos fundamentais: 
 
a) Elemento subjetivo ou pessoal: o sujeito ativo (credor) e o passivo (devedor). 
Ambos podem ser pessoa física ou jurídica, admitindo-se, inclusive a representação 
legal ou convencional. Entretanto, é imprescindível que as partes sejam determinadas 
ou determináveis. 
 
O credor é o titular do direito de crédito, portanto, pode exigir o 
cumprimento da prestação inadimplida, judicialmente. D´outro lado, o devedor é 
aquele a quem incumbe o dever de cumprir a prestação (de dar, fazer ou não fazer). 
 
Portanto, nas relações obrigacionaissimplificadas, o sujeito passivo 
(devedor) se obriga a cumprir determinada prestação patrimonial (de dar, fazer ou não 
fazer) em benefício do sujeito ativo (credor). 
 
Entretanto, há relações obrigacionais mais complexas, nas quais ambas as 
partes assumem obrigações recíprocas, tornando-se credor e devedor uma da outra. 
Exemplo: contrato de compra e venda. 
 
b) Elemento Objetivo ou material: a prestação. O objeto da relação obrigacional 
pode ser direto/imediato ou indireto/mediato. 
 
O objeto imediato ou direto é a prestação em si, a atividade positiva (ação 
– dar ou fazer determinada coisa) ou negativa (omissão – não fazer) do devedor, que 
irá satisfazer o interesse do credor (dar, fazer ou não fazer). Exemplos: a obrigação 
de entregar um veículo vendido; obrigação de pintar um quadro contratado; obrigação 
de não realizar determinada obra que desvalorize o imóvel do vizinho. 
 
Já o objeto mediato ou indireto trata-se do objeto da própria prestação de 
dar, fazer ou não fazer, ou seja, o bem de interesse do credor (o que se dá, o que se 
faz ou o que não se faz). Exemplo: o caminhão em si. 
 
c) Vínculo Jurídico: O vínculo jurídico é o nexo ideal que liga os poderes do credor 
aos deveres do obrigado. Divide-se em débito e responsabilidade. 
O débito é a ligação entre o credor e o devedor, enquanto a 
responsabilidade é o direito subjetivo do credor exigir certo e determinado 
comportamento do devedor. 
 
Em regra, o patrimônio do devedor responderá pelo inadimplemento das 
obrigações por ele assumidas, mas há uma exceção na legislação brasileira, em que 
no caso de inadimplemento o devedor responderá com seu próprio corpo: a obrigação 
de alimentar (prisão civil de devedor de alimentos). 
 
Normalmente, as figuras dívida e responsabilidade caminham juntas, ou 
seja, o devedor sempre será responsável pelo pagamento de seus débitos. Entretanto, 
há situações em que o débito e a responsabilidade não caminham juntos: 
 
- o devedor não estará obrigado a pagar o débito (há débito, mas não há 
responsabilidade), por exemplo: dívida prescrita; dívida de jogo (art. 814, CC). 
 
- terceiro (não devedor) responder pela dívida alheia (não há débito, mas há 
responsabilidade), por exemplo: fiador; avalista; empregador responde por prejuízos 
causados por seus empregados (art. 932, III do CC); pai por dívida de filho (art. 932, I, 
CC). 
 
 
3 – Objeto da Obrigação – A Prestação. 
 
A prestação é o objeto imediato da obrigação e trata-se da atividade do 
devedor, direcionada à satisfação do crédito, perante o credor. A prestação pode ser 
positiva (de dar ou fazer) ou negativa (de não fazer). 
 
A prestação, obrigatoriamente, deve ter valor patrimonial, pois, como 
leciona Maria Helena Diniz, “é imprescindível que seja suscetível de estimação 
econômica, sob pena de não constituir uma obrigação jurídica, uma vez que se for 
despida de valor pecuniário, inexiste possibilidade de avaliação dos danos”. 
 
Portanto, os direitos da personalidade em geral (honra, imagem, vida 
privada, liberdade, etc), não podem ser objeto de relação obrigacional, pois não 
possuem cunho patrimonial. 
 
3.1 – Características Fundamentais da Prestação: 
 
Para ser considerada válida, a prestação deverá ser lícita, possível e 
determinável. 
 
a) A licitude da prestação implica a observância dos limites impostos pela lei e 
pela moral. Por exemplo, não terá valide um contrato de prestação de serviços que 
tenha como objeto imediato o assassinato de uma pessoa. 
 
b) A prestação deve ser física e juridicamente possível. A prestação é fisicamente 
impossível quando for irrealizável segundo a lei das naturezas (ex: contrato para 
pavimentar o solo da lua). Será juridicamente impossível quando contraria a lei 
(exemplo: alienação de uma praça pública). A impossibilidade jurídica confunde-se 
com a ilicitude da prestação, sendo institutos intimamente ligados. 
 
c) Quanto à determinabilidade, quer dizer que para a prestação ser válida, deverá 
conter elementos mínimos de identificação e individualização. 
 
A prestação determinada é aquela já individualizada, por exemplo, a 
obrigação de transferir a propriedade de determinado imóvel situado no endereço tal, 
com área total de 100 metros quadrados, etc. Vislumbramos aqui a obrigação de dar 
coisa certa, pois o objeto mediato foi individualizado. 
 
Já a prestação determinável é aquela que ainda não foi individualizada, 
mas que contém elementos mínimos de individualização. Para que seja possível 
cumprir a prestação, o credor ou o devedor deverão especificar o objeto da obrigação, 
convertendo a obrigação genérica em obrigação de dar coisa certa e determinada. 
Exemplo: obrigação de entregar 100 sacas de feijão, sem especificar a qualidade 
deste (coisa incerta); no momento de cumprir a obrigação, as partes deverão 
especificar a prestação, individualizando o objeto. 
 
Vê-se que a indeterminabilidade do objeto é relativa, pois no momento do 
cumprimento da obrigação, o objeto sempre será individualizado para possibilitar o 
cumprimento da prestação. 
 
4 – Classificação das Obrigações: 
 
 
4.1 – Classificação Quanto à Prestação: 
 
As obrigações podem ser divididas em positivas (de dar coisa certa ou 
incerta ou de fazer) e negativas (de não fazer). Esta é a classificação básica das 
obrigações. 
 
4.1.1 – Obrigação de Dar: 
 
Tem por objeto a prestação de coisas; consiste na atividade de dar 
(transferir propriedade), entregar (transferir posse ou detenção) ou restituir (quando o 
credor recupera a posse ou detenção da coisa entregue ao devedor). 
 
Subdivide-se em obrigação de dar coisa certa (obrigação específica - arts. 
233 a 242 do CC) e de dar coisa incerta (obrigação genérica - arts. 243 a 246 do CC). 
 
a) Obrigação de Dar Coisa Certa 
Na obrigação de dar coisa certa, o devedor obriga-se a dar, entregar ou 
restituir coisa específica, determinada, certa! O objeto já está definido, não havendo 
qualquer possibilidade de escolha. 
 
Exemplos: o veículo Gol 1.0, chassi 123456789, placa ABC-1234; o 
reprodutor bovino da raça nelore, registro nº 123456, de propriedade de João de Deus; 
o imóvel situado na Rua 1, nº 12, registrado no Cartório de Registro de Imóveis de 
Unaí-MG, matrícula 123-4. 
 
Considerando-se a individualização da coisa, o credor não é obrigado a 
receber coisa diversa daquela pactuada, mesmo que mais valiosa, conforme previsão 
contida no art. 313 do CC. 
 
Além disso, no caso de obrigação de dar coisa certa, o acessório sempre 
seguirá o principal, ou seja, caso não haja previsão específica ao contrário, o devedor 
não poderá negar a dar ao credor aqueles bens que, sem integrar o bem principal, 
secundam-na por acessoriedade. É o que dispõe o art. 233 do CC. 
 
Se houver o inadimplemento da obrigação de dar coisa certa em 
decorrência da perda ou perecimento do objeto antes da tradição (entrega da coisa), 
pode ocorrer as seguintes hipóteses: 
 
 Se coisa se perder, SEM culpa do devedor, fica resolvida a obrigação para 
ambas as partes, suportando o prejuízo o proprietário da coisa que ainda não a havia 
alienado (art. 234, primeira parte, CC). Exemplo: boi é atingido por raio e morre – a 
obrigação fica resolvida, ou seja, é extinta e a única obrigação é de devolver eventual 
valor recebido. Não haverá dever de indenizar por perdas e danos. 
 
 Se a coisa se perder, POR culpa do devedor, este responderá pelo valor 
equivalente ao objeto, acrescido de perdas e danos. A perda será suportada pelo 
causador do dano, que terá que indenizar a outra parte (art. 234, parte final, CC). 
Exemplo: fico embriagada e atropelo o boi que estava vendido e deveria ser entregue 
no diaseguinte. 
 
 Se a coisa se deteriorar, SEM culpa do devedor, o credor poderá, a seu critério, 
resolver a obrigação ou aceitar a coisa, abatido o preço da deterioração (art. 235, CC). 
 
 Se a coisa se deteriorar, POR culpa do devedor, o credor poderá exigir o 
equivalente ou aceitar a coisa no estado em que se encontre. Em ambos os casos o 
credor terá direito de reclamar indenização por perdas e danos (art. 236, CC). 
Dentre das obrigações de dar coisa certa encontramos a obrigação de 
restituir coisa certa (devedor ter que restituir a coisa). Neste caso, se houver a perda 
do bem, devemos observar o preceito contido no art. 238 do CC. Segundo este 
dispositivo, se a coisa se perdeu sem culpa do devedor, não haverá nenhuma 
obrigação por sua parte (nem restituição, nem indenização) e o prejuízo será todo do 
credor. Por exemplo: empresto meu carro e a pessoa é assaltada. Já se a coisa a ser 
restituída se perder por culpa do devedor, o credor deverá receber o equivalente e ser 
indenizado por perdas e danos (art. 239, CC). 
 
Se a coisa a ser restituída sofreu deterioração sem culpa do devedor, o 
credor deverá recebê-la da forma que se encontre, sem direito a indenização por 
perdas e danos (art. 240, CC). Já se houver culpa do devedor na deterioração do bem, 
observa-se o disposto no art. 239, CC, ou seja, o devedor deverá ressarcir o credor 
pelo valor equivalente (valor do objeto) e, ainda, indenizá-lo por perdas e danos. 
Apesar de o CC não dispor expressamente, nada impede que o credor opte por 
receber a coisa deteriorada na forma que se encontre e pleitear judicialmente o valor 
decorrente da depreciação do objeto e indenização por perdas e danos. 
 
a.1 – Cômodos na obrigação de dar coisa certa. 
 
São as vantagens produzidas pela coisa (melhoramentos, acréscimos e 
frutos experimentados pela coisa), sem despesas do devedor. 
 
Nas obrigações de dar coisa certa, até o momento da tradição do bem, os 
melhoramentos (modificações que melhoram) e os acréscimos pertencem ao devedor, 
que poderá exigir aumento no preço ou a resolução da obrigação, se o credor não 
concordar (art. 237, CC). Exemplo: vendo uma égua e antes da tradição do animal, 
descubro que ela está prenha; não posso entregar o potro sem receber por ele, 
portanto, deverá haver um aumento no preço para justificar a valorização do objeto e 
se o comprador não concordar com o aumento no preço, eu (devedora) poderei 
resolver a obrigação. 
 
Quanto aos frutos (utilidades que a coisa periodicamente produz sem 
diminuir sua substância), os produzidos até a tradição são do devedor e aqueles 
pendentes à época da tradição serão do credor (parágrafo único do art. 237, CC) – o 
acessório segue o principal. 
 
 
b) Obrigação de Dar Coisa Incerta: o objeto da prestação não foi definido, 
individualizado; o objeto é especificado apenas pela espécie e quantidade. Exemplo: 
te darei um carro quando você se formar (objeto não foi determinado, apenas seu 
gênero e quantidade); entregar 100 sacas de café, sem determinar a qualidade deste. 
O objeto pode ser incerto/indeterminado, mas deve ser determinável, pois 
se a obrigação dispuser sobre objeto indeterminável, o negócio jurídico é nulo (art. 
166, III do CC). A fim de possibilitar a identificação do objeto indeterminado é o que o 
CC/2002 estabelece que a coisa deve ser indicada, no mínimo, pelo gênero e 
quantidade (art. 243 do CC). 
 
Vê-se que o estado de indeterminação é transitório, pois a 
indeterminabilidade da coisa é superada no momento do cumprimento da prestação, 
pois nesta oportunidade o objeto será individualizado pelas partes contratantes. Por 
exemplo: obrigação de dar 100 sacas de café (coisa incerta/não individualizada) → ao 
cumprir a obrigação, as partes optam pelo café tipo A (coisa 
certa/determinada/individualizada). 
 
Mas quem fará a escolha da coisa indeterminada, o credor ou o devedor? 
A questão encontra resposta no art. 244 do CC, que dispõe que a escolha será 
realizada pelo devedor, salvo quando as partes tiverem pactuado de forma diversa 
(pactuado que a escolha será feita pelo credor ou por um terceiro especificado). 
Entretanto, o devedor não terá total liberdade na escolha da coisa ofertada, pois está 
proibido de dar a coisa pior bem como não está obrigado a dar a coisa melhor. 
Portanto, o devedor deverá escolher a coisa intermediária entre as que possui. 
 
De acordo com o art. 246 do CC, a coisa incerta não perece, não 
desaparece. Portanto, o devedor não pode alegar o perecimento de coisa incerta para 
resolver a obrigação antes da tradição. Por exemplo: empresto R$ 10.000,00 para 
João (dinheiro é coisa incerta) e quando ele está indo me encontrar para pagar ele é 
assaltado e levam todo o dinheiro que ele utilizaria para me pagar; agricultor assume a 
obrigação de entregar 100 sacas de soja e perde toda a colheita – a dívida permanece 
a mesma, a obrigação não se resolve, pois a coisa incerta não perece. 
 
A partir do momento que a coisa indeterminada for individualizada, 
determinando-se a qualidade do objeto da prestação, a obrigação de dar coisa incerta 
se convola em obrigação de dar coisa certa, aplicando-se àquela as disposições 
contidas no CC/2002 para esta última. É o que dispõe o art. 245 do CC. 
 
Esta operação de especificação da coisa incerta, tornando-a certa e 
determinada é chamada de concentração do débito ou concentração da prestação 
devida. 
 
 
4.1.2 - Obrigação de Fazer: interessa ao credor a própria atividade do devedor e não 
um objeto em si (contrato de prestação de serviços; contrato de empreitada). 
 
A obrigação de fazer pode ser fungível (o serviço pode ser prestado por 
um terceiro – ex: contratação de pedreiro pra fazer a laje de uma casa) ou infungível 
(apenas uma pessoa pode cumprí-la de maneira razoável – ex: contrato um show da 
Ivete Sangalo). 
 
De acordo com o art. 249 do CC, quando a obrigação é fungível, havendo 
o inadimplemento, o credor pode contratar uma terceira pessoa para cumprir a 
prestação às custas do devedor (outro pedreiro faz a laje e depois eu pleiteio 
judicialmente a indenização do pedreiro inicialmente contratado e que não prestou o 
serviço). 
 
Já no caso da obrigação infungível, não há a possibilidade de se resolver 
através de um terceiro, portanto, a solução é a indenização por perdas e danos (art. 
247, CC). 
 
Ressalte-se que mesmo no caso de obrigações inicialmente fungíveis, se 
for convencionado entre as partes que o serviço só poderá ser prestado pelo devedor, 
a obrigação torna-se infungível, pois é uma obrigação personalíssima e, portanto, não 
poderá ser cumprida por um terceiro como disposto no art. 249 do CC, resolvendo-se 
apenas com perdas e danos (art. 247, CC). 
 
Se a prestação fungível tornar-se impossível sem culpa do devedor, 
resolver-se-á a obrigação, cabendo apenas a devolução de eventual adiantamento 
(exemplo: contrato um pintor para pintar um quadro e ele tem um AVC e fica com 
sequelas motoras que o impossibilitam de pintar). Entretanto, se a prestação não for 
realizada por culpa do devedor, caberá indenização por perdas e danos (ex: cantor 
contratado para o casamento se embriaga, envolve-se em acidente no caminho para a 
festa e não faz o show contratado). É o que dispõe o art. 248 do CC. 
Apesar de o CC/2002 dispor que a solução para o descumprimento 
culposo da obrigação de fazer é apenas a indenização por perdas e danos, a melhor 
doutrina tende a observar o art. 248 do CC em conjunto com o art. 461 do CPC, que 
dispõe que o juiz poderá determinar o cumprimento da obrigação, sob pena de multa 
diária a ser aplicada ao devedor, obrigando o adimplemento da prestação pactuada. 
Portanto, a indenização por perdas e danos somente seria devida no caso de 
impossibilidadedo cumprimento da obrigação ou quando o credor (autor) não tiver 
mais interesse na sua realização e assim o pretender na ação. Por óbvio, mesmo que 
a prestação seja executada após a determinação judicial, o credor ainda fará jus à 
indenização por perdas e danos. 
Portanto, se houver inadimplemento de obrigação fungível, com culpa do 
devedor o credor poderá exigir JUDICIALMENTE: 
 
1) Cumprimento forçado da obrigação por meio de tutela específica (art. 461 
CPC), com fixação, por exemplo, de astreintes; 
2) Pode exigir que terceiro cumpra a obrigação às custas do devedor. Esse é um 
mecanismo que está no CPC art. 633 e 634 do CPC; 
3) O credor pode exigir a resolução da obrigação, cumulando-a com perdas e 
danos. 
É possível uma forma de tutela extrajudicial para cumprimento da 
obrigação de fazer fungível, prevista no art. 249, parágrafo único do CC. É uma forma 
de autotutela civil extrajudicial para cumprimento da obrigação. Ex: empreiteiro não 
quis fazer o muro → contrato outro e cobro daquele. 
 
Já se houver inadimplemento de obrigação infungível, com culpa do 
devedor, o credor poderá exigir JUDICIALMENTE: 
 
1) Cumprimento forçado da obrigação, por meio de tutela específica, como 
determina o art. 461 do CPC, inclusive com aplicação de multa; 
2) Se não interessa mais a obrigação, dar-se-á a resolução cumulada com perdas 
e danos. 
No caso de obrigação infungível não há forma de autotutela (contratar 
terceiro às expensas do contratado). 
 
 
4.1.3 - Obrigação de Não Fazer: tem por objetivo uma prestação negativa; um 
comportamento omissivo do devedor; uma abstenção. Exemplo: vizinho se obriga a 
não construir acima de determinada altura; contrato de locação que prevê que não 
poderá instalar ponto comercial no imóvel alugado; contrato de 
sigilo/confidencialidade. 
 
Ressalte-se que não serão consideradas lícitas as obrigações que 
vulnerem as garantias fundamentais do devedor, por exemplo: não casar; não 
trabalhar; não transitar por determinada rua, etc. Todas atingem os direitos da 
personalidade e a obrigação será nula (art. 166, II do CC). 
 
Se inadimplida uma obrigação de não fazer, sem culpa do devedor, a 
obrigação será extinta, sem direito a perdas e danos (art. 250, CC). Ex: vizinho que se 
comprometeu a não construir acima de determinada altura e por determinação do 
Poder Público viu-se obrigação a realizar a obra que comprometeu de abster-se. 
Se houver inadimplemento, com culpa do devedor (ex: se obrigou com o 
vizinho a não construir acima de determinada altura, mas o fez), o credor poderá exigir 
JUDICIALMENTE (art. 251, CC): 
 
1) Se o desfazimento for possível (ex: muro), requerer que desfaça o ato, sob 
pena de multa diária (art. 461 do CPC). 
2) Indenização por perdas e danos, caso o autor não tenha mais interesse na 
obrigação de não fazer ou se o desfazimento for impossível (ex: sigilo quebrado). 
Aqui também há a previsão da autotutela (parágrafo único do art. 251 do 
CC). 
 
 
4.2 – Classificação Quanto aos Sujeitos (Partes): 
Considerando-se o elemento subjetivo da relação obrigacional (os 
sujeitos), a obrigação poderá ser: fracionária ou solidária (art. 264, CC). 
 
Nas obrigações fracionárias há a concorrência de uma pluralidade de 
credores ou devedores, sendo que cada um responde por uma proporcionalidade da 
dívida ou do crédito. Tais obrigações, por óbvio, pressupõem a divisibilidade da 
prestação. 
 
De acordo com o art. 257 do CC, se houver mais de um devedor ou credor 
e a obrigação for divisível, presume-se dividida a obrigação em tantas quantas forem 
as partes. O CC/2002 adota a fracionariedade e não a solidariedade nas obrigações, 
portanto, só se admitirá a responsabilização quando expressamente previsto na lei ou 
convencionado pelas partes (art. 265 do CC). Exemplo: a Lei 8.245/91 prevê a 
solidariedade entre os locatários. 
Como dito acima, a solidariedade não se presume, devendo ser expressa 
(por lei ou por convenção entre as partes - art. 265 do CC). Nas obrigações solidárias 
há uma pluralidade de credores ou devedores e cada tem o direito de receber 
(solidariedade ativa) ou a obrigação de pagar (solidariedade passiva) toda a dívida. 
Enfim, nas obrigações solidárias, um dos co-credores poderá receber integralmente 
o crédito como se fosse o único credor e, da mesma forma, um dos co-devedores 
tem a obrigação de pagar integralmente a dívida, como se fosse o único devedor. 
 
Nas obrigações solidárias, mesmo que o objeto seja divisível (ex: dinheiro), 
ele é visto como uma unidade e cada co-obrigado responderá pela dívida 
integralmente, cabendo-lhe apenas o direito de regresso face aos demais co-
obrigados. 
 
Por exemplo: se eu empresto R$ 10.000,00 para cinco pessoas, 
conjuntamente, e estes devedores não quitam a obrigação, poderei cobrar R$ 
2.000,00 de cada devedor, pois dinheiro é prestação divisível. Entretanto, se constar 
no contrato que os devedores são solidários (solidariedade passiva), poderei cobrar 
R$ 10.000,00 de qualquer um deles, que deverá cumprir a obrigação integralmente e, 
após, terá direito de regresso contra os demais devedores, proporcionalmente à 
responsabilidade de cada um (R$ 2.000,00 de cada). 
 
No caso da obrigação solidária, a interrupção do prazo prescricional (art. 
202, CC) contra um dos devedores solidários prejudica os demais; já se a obrigação 
for fracionária, a interrupção contra um dos devedores não prejudicará os demais. 
 
No caso da prestação ser indivisível, mesmo não sendo expresso na lei ou 
contrato, a responsabilidade será solidária, pois não é possível dividir o objeto da 
prestação (ex: um carro). Portanto, qualquer um dos co-devedores que for acionado 
deverá cumprir integralmente a obrigação. 
 
a) Solidariedade Ativa (arts. 267 a 274 do CC): qualquer um dos credores poderá 
exigir do devedor o cumprimento da obrigação, sendo que este exonera-se perante 
todos ao cumprí-la a qualquer um dos credores. Por óbvio, aquele que recebeu a 
prestação, fica responsável perante os co-credores – o devedor deixa de figurar na 
relação, que passa a existir apenas entre os co-credores. 
Se algum dos credores solidários falecer, cada herdeiro terá direito a 
reclamar apenas a parcela correspondente ao seu quinhão hereditário, exceto se a 
prestação for indivisível, oportunidade em que poderá reclamar a prestação por inteiro, 
ficando responsável perante todos os demais credores. 
 
De acordo com os arts. 273 e 274 do CC as exceções (defesas) pessoais 
oponíveis contra um dos credores solidários não atinge os demais. Exemplo: se um 
dos credores solidários, na época da formalização do negócio jurídico ameaçou o 
devedor para que este o celebrasse, estando os demais credores de boa-fé, o juiz 
poderá acolher a defesa do devedor, excluindo o coator da relação obrigacional que 
será declarada inválida com relação a este, mas a obrigação com relação aos demais 
credores permanece válida, pois a exceção pessoal não pode atingir os demais que 
agiram de boa-fé. 
 
Já se a exceção arguida pelo devedor não for pessoal, sendo acolhida pelo 
juiz, beneficiará todos os credores solidários. Exemplo: um dos credores solidários 
ingressa com ação de cobrança e o devedor argui que houve cobrança abusiva de 
juros, mas juiz não acolhe → decisão beneficiará todos os credores. 
 
Portanto, os credores que não participaram do processo nunca poderão 
ser prejudicados, mas apenas beneficiados. 
 
b) Solidariedade Passiva (arts. 275 a 285 do CC): ocorre quando há uma 
pluralidade de devedores e todos são responsáveis pelo pagamento da dívida, 
integralmente. Aqui sempre haverá o direito de regresso do devedor que quitou a 
obrigação com relação aos demais devedores solidários. 
Neste caso, o devedor que quitar integralmentea dívida terá direito de 
regresso contra os demais devedores, cada um respondendo por sua quota parte (art. 
283, CC). 
 
Também aqui há a possibilidade de o devedor opor exceções pessoais e 
comuns, sendo que somente aproveitará aos demais devedores solidários a exceção 
comum (art. 281, CC). 
 
No caso de falecimento de um dos devedores solidários, poderá ocorrer 
três situações (art. 276, CC): 
 
- dívida indivisível: qualquer dos herdeiros ou demais devedores poderá ser compelido 
a efetuar o pagamento integral da obrigação. 
- dívida divisível: cada herdeiro pagará sua quota parte na dívida, até o limite da sua 
parte na herança, pois seu patrimônio pessoal não pode ser afetado para pagar dívida 
que não assumiu. Aqui não há a possibilidade de o credor cobrar integralmente a 
dívida de apenas um herdeiro, pois a cobrança integral somente poderá ser realizada 
mediante acionamento coletivo dos herdeiros – cada herdeiro é responsável por sua 
quota parte, não há solidariedade entre os herdeiros, mas tão somente entre estes 
(herdeiros) e os demais devedores. 
 
Da mesma forma, o pagamento parcial feito por um dos devedores e a 
remissão (perdão) parcial da dívida por ele obtida não aproveita aos demais, que 
permanecerão solidariamente responsáveis pela obrigação remanescente (art. 277, 
CC). 
 
O art. 282, CC dispõe ainda que o credor poderá renunciar a solidariedade 
com relação a um dos devedores. Nesta situação, o credor somente poderá exigir do 
devedor exonerado da solidariedade a sua quota parte na obrigação, perdendo o 
direito de exigir-lhe o cumprimento integral da prestação; os demais devedores 
permanecerão solidariamente responsáveis pela prestação, abatendo-se o valor do 
devedor beneficiado pela renúncia. 
 
 
4.3 – Quanto ao Objeto: 
Quanto ao objeto a obrigação pode ser alternativa, facultativa, cumulativa, 
divisíveis e indivisíveis, líquidas e ilíquidas. 
 
a) Na obrigação alternativa (arts. 252 a 256 CC), há duas ou mais prestações e o 
devedor se desonera cumprindo apenas uma delas. A prestação é devida 
alternativamente (ou uma ou outra). Exemplo: A é devedor de B e pactuaram que a 
dívida poderá ser paga mediante a entrega de determinado touro ou cavalo. 
 
O direito de escolha quanto ao objeto caberá ao devedor, desde que não 
haja previsão expressa ao contrário (art. 252, CC). Entretanto, o credor não está 
obrigado a receber parte em uma prestação e parte em outra (§ 1º). 
 
Se a obrigação for de prestação periódica, o direito de escolha poderá ser 
exercido em cada período (§ 2º). 
 
A escolha caberá ao juiz caso haja pluralidade de optantes (devedores) e 
estes não chegarem a um consenso (§ 3º), da mesma forma que o será quando a 
escolha couber a um terceiro que não queira ou não possa exercitar a opção (§ 4º). 
 
Apesar de o CC/2002 não estabelecer um prazo para que o devedor 
realize a escolha, aplica-se a previsão contida no art. 571 do CPC → 10 dias. 
 
De acordo com o art. 256 do CC, se as prestações se tornarem 
impossíveis, sem culpa do devedor (exemplo: enchente matou o touro e o cavalo), 
extinguir-se-á a obrigação. 
Tornando-se impossível apenas uma das prestações e a escolha não seja 
do credor, a obrigação concentrar-se-á na prestação remanescente (art. 253, CC), 
independentemente de haver culpa do devedor. Se houver culpa do devedor e a 
escolha cabia ao credor, este poderá exigir a prestação remanescente ou o valor da 
que se impossibilitou, além de perdas e danos (art. 255, primeira parte, CC) 
 
D´outro lado, se a impossibilidade de ambas prestações decorrer de culpa 
do devedor e couber a ele a escolha, ficará obrigado a pagar ao credor o valor da 
última prestação que se tornou impossível e perdas e danos (art. 254, CC). 
 
Já se a impossibilidade decorrer de culpa do devedor e a escolha cabia ao 
credor, este poderá pleitear o valor de qualquer uma das prestações alternativas (à 
sua escolha), além das perdas e danos (art. 255, segunda parte, CC). 
 
b) Na obrigação facultativa: não há previsão expressa no CC/2002, mas é 
admitida com base na orientação doutrinária. Neste caso, há apenas um objeto na 
obrigação, mas ele pode ser substituído por outro de natureza diversa, a critério do 
devedor. 
 
Exemplo: contrato prevê o pagamento da quantia de R$ 10.000,00, mas 
dispõe que o pagamento em dinheiro poderá ser substituído pela entrega de um 
determinado veículo usado. 
 
Considerando-se que a substituição da prestação fica a critério do 
devedor, caso o objeto principal se perca sem culpa do devedor, a obrigação fica 
resolvida, não podendo o credor exigir o objeto facultativo, caso o devedor não queira 
entregá-lo. 
 
c) Na obrigação cumulativa há um credor, um devedor e dois objetos e a 
prestação somente será cumprida com a entrega de ambos objetos. Há uma 
pluralidade de prestações que devem ser cumpridas conjuntamente, como se fossem 
uma só. O devedor somente se desobriga após cumprir todas as prestações 
cumulativas. 
Exemplo: contrato prevê pagamento mediante entrega de determinado 
imóvel, determinado veículo e uma quantia em dinheiro → a obrigação do comprador 
(devedor) só restará cumprida após o cumprimento de todas as prestações (entrega 
do imóvel, do carro e do dinheiro). 
 
d) Obrigações Divisíveis e Indivisíveis (art. 257 a 263, CC): as obrigações 
divisíveis são aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou parcial da prestação 
(art. 257, CC – ex: entrega de dinheiro), enquanto as obrigações indivisíveis só podem 
ser cumpridas por inteiro (art. 258, CC – ex: entrega de um cavalo). 
 
Para entender a matéria, é importante lembrarmos de conceitos estudados 
na Parte Geral do CC: bens divisíveis (art. 87, CC) e bens indivisíveis (art. 88, CC). 
 
Importante ressaltar que a indivisibilidade ou divisibilidade da obrigação 
leva em consideração a prestação em si e não o objeto. Portanto, pode haver uma 
obrigação indivisível com objeto divisível (ex: art. 314, CC). 
 
A obrigação divisível é aquela cuja prestação é suscetível de cumprimento 
parcial, sem prejuízo de sua substância e de seu valor (divisibilidade econômica). A 
obrigação será dividida de forma igual entre os credores ou devedores (art. 257, CC). 
 
A obrigação indivisível é aquela cuja prestação só pode ser cumprida por 
inteiro, não comportando sua cisão em várias obrigações parceladas distintas, seja por 
sua natureza (ex: animal), por motivo de ordem econômica (ex: pedra preciosa) ou 
dada a razão determinante do negócio (ex: reforma de prédio por vários empreiteiros 
em que há disposição expressa de que o dono da obra pode exigir a obra por inteiro 
de qualquer um deles). 
 
A indivisibilidade da prestação pode ser: 
 
- física/material/natural: quando decorre da própria natureza da prestação (ex: entrega 
de um cavalo; entrega de um imóvel alugado); 
 
- legal/jurídica: quando decorre de previsão legal (ex: pequena propriedade agrícola – 
módulo rural não pode ser fracionado); 
 
- convencional/contratual: a indivisibilidade decorre da vontade das partes, que a 
estipula no título obrigacional. 
 
- judicial: quando a indivisibilidade é determinada pelos tribunais (ex: indenização – art. 
950, parágrafo único do CC). 
 
Se houver pluralidade de devedores na obrigação indivisível, todos os 
devedores são responsáveis pela dívida em sua integralidade (art. 259, CC), sendo 
que se um dos devedores cumprir a prestação integralmente, terá direito de regresso 
contra os demais devedores. 
 
D´outro lado, se houver pluralidade de credores, o devedor somente se 
desonera da obrigação pagando a todos, conjuntamente, ou a um deles, dando este 
caução de ratificação (documento no qual se inserea garantia de aprovação da 
quitação unilateral por parte dos outros credores - instrumento escrito, datado e 
assinado pelos demais credores) dos outros credores (art. 260, CC). 
 
O credor que recebeu a prestação deverá repassar aos demais credores a 
proporcionalidade devida a cada um destes (art. 261, CC), sendo que a doutrina 
leciona que acaso o objeto da prestação seja indivisível, o credor que recebeu o objeto 
poderá ficar com este e repassar a parcela devida aos demais credores que 
permaneceram inertes, em dinheiro. 
 
Se um dos credores remir (perdoar) a dívida, a remissão será proporcional 
à sua quota parte, podendo os demais credores exigir a prestação, descontada a 
quota parte do credor remitente (art. 262, CC). Sendo o objeto indivisível, far-se-á o 
desconto da quota parte na prestação com base na proporção em dinheiro. 
 
De acordo com o art. 263, CC, a obrigação deixa de ser indivisível se for 
resolvida em perdas e danos. Portanto, se o objeto perecer por culpa de todos os 
devedores, deverão indenizar o credor, em partes iguais. Se o objeto perecer por 
culpa de um dos devedores, apenas ele será civilmente responsável pela indenização. 
Entretanto, quanto ao valor da prestação, em todos os casos todos os devedores 
serão responsáveis, proporcionalmente à sua quota parte. 
 
Considerando-se a indivisibilidade da prestação, a suspensão ou 
interrupção do prazo prescricional que favorecer um dos devedores será extensiva aos 
demais. 
 
Por fim, importante ressaltarmos algumas diferenças entre a solidariedade 
e a indivisibilidade nas obrigações enumeradas por Caio Mário da Silva Pereira, a 
saber: 
 
- a causa da solidariedade é o título e a da indivisibilidade é a natureza da obrigação; 
- na solidariedade, cada devedor paga por inteiro, porque deve integralmente, 
enquanto na indivisibilidade paga a totalidade em razão da impossibilidade de repartir 
a prestação em quotas; 
- a solidariedade é uma relação subjetiva (visa facilitar a satisfação do crédito) e a 
indivisibilidade é objetiva (assegura a unidade da prestação); 
- a indivisibilidade justifica-se com a própria natureza da prestação, quando o objeto é, 
em si mesmo, insuscetível de fracionamento, enquanto a solidariedade é sempre de 
origem técnica, resultando da lei ou da vontade das partes; 
- a solidariedade cessa com a morte dos devedores, enquanto a indivisibilidade 
subsiste enquanto a prestação suportar; 
- a indivisibilidade termina quando a obrigação se converter em perdas e danos, 
enquanto a solidariedade conserva este atributo. 
 
e) Obrigações líquidas e ilíquidas: na obrigação líquida a prestação é certa e 
individualizada (ex: entregar R$ 10.000,00); na obrigação ilíquida a prestação carece 
de especificação do seu quantum para ser cumprida (ex: condenação trabalhista). 
 
4.4 – Obrigações quanto ao Elemento Acidental: a obrigação poderá ser 
condicional, modal ou a termo. 
 
a) Obrigação Condicional: são obrigações condicionadas a um evento futuro e 
incerto. Enquanto não implementada a condição, não poderá o credor exigir o 
cumprimento da obrigação. Ex: te darei um carro quando você se casar. 
 
b) Obrigação a termo: sua exigibilidade ou sua resolução está subordinada a 
evento futuro e certo. Ex: te darei o imóvel quando meu tio que lá reside falecer. 
 
c) Obrigação modal: são oneradas com um encargo/modo (ônus) imposto a uma 
das partes, que experimentará um benefício maior que a outra. Ex: doador impõe ao 
donatário a obrigação de construir um asilo no terreno doado. 
Se a obrigação não se enquadra dentre as classificações acima 
(condicional, a termo ou modal), diz-se que é uma obrigação pura. 
 
 
4.5 – Obrigações quanto ao Conteúdo: as obrigações podem ser de meio, de 
resultado ou de garantia. 
 
a) As obrigações de meio são aquelas em que o devedor se obriga a empreender 
sua atividade, sem garantir o resultado esperado. Ex: obrigação do médico, do 
advogado. 
 
b) Nas obrigações de resultado o devedor se obriga a produzir o resultado 
esperado pelo credor. Ex: contrato de transporte; cirurgião plástico. 
 
c) As obrigações de garantia têm por conteúdo a eliminação de um risco que pesa 
sobre o credor; visa reparar as conseqüências da realização do risco. Ex: contrato de 
seguro.

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