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Interdisciplinaridade na Pós-Modernidade

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Oficina de projetos interdisciplinar 
Profª. Drª. Ana Maria Ribeiro de Jesus 
 
1 
 
AULA 2 
Revisitando a interdisciplinaridade – Parte II 
A reflexão sobre a interdisciplinaridade na pós-modernidade vê o processo de ensino-
aprendizagem não como transmissão, recepção e reprodução de conhecimentos, mas 
como uma troca mútua em que há a produção, a construção cooperativa e a 
socialização do conhecimento. Nesse processo, é fundamental o papel do “outro”, sem 
o qual não pode haver uma troca conjunta da evolução do pensamento e da 
linguagem. Dessa forma, a fragmentação das ciências não é o modelo por excelência: 
reconhecem-se as potencialidades, os limites, as diferenças e o processo criativo de 
cada ciência, respeitando-se, assim, a relatividade entre elas (AZEVEDO; ANDRADE, 
2007). 
A interdisciplinaridade leva em consideração o mundo em rede, a realidade como um 
todo que se inter-relaciona e, justamente por isso, requer um pensamento capaz de 
abranger a complexidade do real. O pensamento positivista e linear dá lugar a um 
pensamento abrangente, aberto ao diálogo, em que os saberes estão constantemente 
construindo relações entre si. 
De acordo com Azevedo e Andrade (idem), a prática da pesquisa, o debate, a formação 
constante dos professores e alunos são fatores essenciais para a efetivação de um 
processo interdisciplinar. Para as autoras, esse processo busca uma nova estruturação 
do pensamento e requer: 
• as contradições dos fenômenos; 
• as relações múltiplas dos saberes; 
• a problematização da rivalidade; 
• a busca pela integração do pensar + fazer e/ou fazer + pensar; 
• o processo contínuo de ação – reflexão – ação; 
• a superação da dependência, da passividade e da rivalidade; 
• a autonomia, a ação reflexiva e a cooperação. 
 
Mas o que é, afinal, interdisciplinaridade? Vários pesquisadores que analisam e 
vivenciam o processo de ensino-aprendizagem estudam a necessidade da 
Oficina de projetos interdisciplinar 
Profª. Drª. Ana Maria Ribeiro de Jesus 
 
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interdisciplinaridade na construção dos saberes na pós-modernidade e propõem 
reflexões a respeito do processo. Acompanhe, então, alguns desses pontos de vista. 
Peleias et al. (2011) relatam que, dentre tantas tentativas de conceituação, há ao menos 
uma posição de consenso sobre o sentido e a finalidade da interdisciplinaridade: ela 
busca responder à necessidade de superação da visão fragmentada nos processos de 
produção e socialização do conhecimento. Ela visa, desse modo, novas formas de 
organização e socialização do conhecimento em todas as esferas sociais. Os autores 
afirmam ainda que a definição da interdisciplinaridade “parece estar em construção”. 
Dessa forma, a busca por uma definição unívoca e definitiva para interdisciplinaridade 
deve ser, segundo os autores, “rejeitada, por ser [uma] proposta construída a partir das 
culturas disciplinares existentes; ademais, encontrar o limite objetivo de sua 
abrangência conceitual significa concebê-la em uma óptica disciplinar” (idem). 
Na visão de Haas (2007) “não podemos falar em uma teoria interdisciplinar, mas em 
práticas do trabalho interdisciplinar”, já que a interdisciplinaridade é definida por 
“ações realizadas, experiências vividas”. 
Japiassu (apud PELEIAS et al., 2011) busca o sentido epistemológico da 
interdisciplinaridade, seu papel e suas implicações sobre o processo do saber. O autor 
enfatiza, então, a intensa troca entre especialistas e a integração real das disciplinas 
em um mesmo projeto. Para ele, a interdisciplinaridade visa a recuperar a unidade 
humana, pela passagem da subjetividade para a intersubjetividade. Além disso, 
recupera a ideia primeira de cultura (formação do homem total), o papel da escola 
(formação do homem inserido em sua realidade) e o do homem (agente das mudanças 
do mundo). 
A atitude dos protagonistas do processo de ensino-aprendizagem é destacada na 
conceituação de Azevedo e Andrade (2007), para quem a interdisciplinaridade é o “elo 
entre os profissionais do ensino, como forma de reciprocidade, de reflexão mútua, em 
substituição à concepção fragmentária do conhecimento, fazendo com que estes 
agentes do ensino tenham uma atitude diferenciada perante os obstáculos 
educacionais”. Para as autoras, a proposta principal é a interação entre sujeitos-
sociedade na relação professor-aluno, professor-professor e aluno-aluno e, nessa nova 
forma de trabalhar o conhecimento, o ambiente escolar deve ser dinâmico e vivo e os 
conteúdos e/ou temas geradores devem ser problematizados e vislumbrados 
interativamente. 
Oficina de projetos interdisciplinar 
Profª. Drª. Ana Maria Ribeiro de Jesus 
 
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O objetivo da interdisciplinaridade, segundo Luck (apud PELEIAS et al., 2011), é a 
formação integral dos alunos para o exercício da cidadania e a capacitação para 
enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade. Dessa forma, a 
interdisciplinaridade é vista como o “processo de integração e engajamento de 
educadores, num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar 
entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino” (idem). 
De acordo com Lima (2007), a interdisciplinaridade levou em conta algumas 
prioridades para a obtenção de um aval epistemológico, dentre elas: 
• Re-explorar as fronteiras das disciplinas científicas e as zonas intermediárias 
existentes entre elas, cuidando de organizar os saberes científicos e as parcelas 
de contribuição de cada uma das disciplinas. 
• Integrar os saberes disciplinares e colocá-los de forma a contribuir nos 
processos de apreensão do real em constante mutação, enfrentando os 
problemas do mundo contemporâneo, caracterizado por uma extrema 
complexidade. 
• Cuidar da atividade profissional cotidiana, o que fez da interdisciplinaridade 
uma categoria de ação, e não uma nova ciência. 
• Promover a integração social do saber aplicável, com a formulação de 
programas que articulariam o seu exercício. 
A partir de todas essas interpretações, podemos depreender que a 
interdisciplinaridade reflete uma nova forma de pensamento, uma nova consciência da 
realidade que, ao mesmo tempo, é produtora e geradora de uma troca mútua entre os 
sujeitos. É inerente a reciprocidade e a integração entre áreas distintas de 
conhecimento. Ela envolve um pensamento complexo e abrangente para a solução de 
problemas e para a produção de novos conhecimentos. Nas palavras de Peleias et al. 
(2011), “no campo conceitual, a interdisciplinaridade é uma reação alternativa à 
abordagem disciplinar normalizadora (no ensino ou na pesquisa) dos vários objetos de 
estudo. Independentemente das definições de autores, a interdisciplinaridade sempre 
se situa no campo do pensar a possibilidade de superar a fragmentação das ciências e 
dos conhecimentos produzidos por elas, em que, simultaneamente, exprime-se a 
resistência sobre um saber parcelado”.

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